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Vilankulo
Março
2023
Piscicultura
Por:
Docente:
UEM
ESUDER
2023
Produção, Processamento & Comercialização de peixe carapau moçambicano no distrito de Vilankulo.
I. ÍNDICE
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Produção, Processamento & Comercialização de peixe carapau moçambicano no distrito de Vilankulo.
II. RESUMO
A pesca é uma das actividades mais antigas da civilização humana e ainda, possui papel
importante para muitas comunidades. Para as famílias que vivem dela é vital como
actividade de subsistência e paralelamente, também contribui para o desenvolvimento
local, sendo fonte geradora de alimento, proporcionando emprego e renda para as
populações que vivem da actividade (Gomes, 2018).
A actividade é realizada maioritariamente em regime familiar ou em cooperação com
grupos de vizinhança, sem vínculo salarial, utilizando o método de partilha da pesca e
meios de produção próprios (Diegues, 1983).
A pesca artesanal é normalmente efetuada com caráter local, com ou sem embarcação,
cujo comprimento não excede em regra dez metros, podendo ser propulsionada a remos,
à vela, motores fora de borda ou interiores de pequena potência, por períodos até 24
horas, utilizando raramente gelo para a conservação do pescado a bordo e fazendo o uso
de artes de pesca tradicionais (Lei de Pescas 22/2013, de 01 de Novembro).
As sociedades humanas utilizam os recursos naturais marinhos como fonte segura para
diversas finalidades, dentre elas, a aquisição de alimento, geração de renda para a
sobrevivência e reprodução social (Castro, 2013).
Globalmente, a produção pesqueira extrativa encontra-se em declínio, com grande parte
das principais pescarias sobre exploradas, não havendo espaço para aumento do esforço
de pesca. Com o atual crescimento populacional, a procura por este produto tem sofrido
incremento a nível global e a aquacultura surge como solução viável para este problema.
Há que considerar a aquacultura como uma resposta viável, pois, tem evoluído
exponencialmente nos últimos anos, estando atualmente a contribuir com cerca de 50%
da produção pesqueira global.
Em Moçambique, a pesca e aquacultura são ainda actividades maioritariamente
praticadas de forma artesanal, tendo como finalidade primordial a subsistência familiar.
O quotidiano desta actividade tem sido afetado por vários factores, que dentre eles se
destacam nitidamente, a falta de mecanização, escassez de mão-de-obra qualificada,
insuficiência e fraca qualidade de insumos aquícolas, e, cadeia produtiva incompleta
(ausência de entidades transformadoras deste recurso). Devido a falta de empresas
inteiramente transformadoras de recursos aquáticos de valor comercial acentuado, tendo
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CARACTERISTICAS DO LOCAL
Localização
O distrito de Vilankulo fica situado a Norte da província de Inhambane, tendo como
limites a Norte pelo distrito de Inhassoro, a Sul pelo distrito de Massinga, oeste com o
distrito de Mabote e Funhalouro e a Este com o Oceano indico (MAE, 2005).
Descrição da área
O distrito, incluí as ilhas de Benguerrua e Magaruque, a sede do distrito localiza se na
Autarquia da Vila de Vilankulo. Este distrito tem uma superfície de 5.867 Km2, uma
população estimada em 135.813 habitantes e densidade populacional de 23,6
habitantes/km2 (CENSO, 2007).
Tipo de Solo
A zona litoral é constituída por solos acidentados e permeáveis, favoráveis para a prática
de agricultura e pecuária apresentando temperaturas médias entre os 18O a 33O C. A zona
interior do distrito, apresenta solos franco-arenosos e arenoso-argilosos e uma
precipitação média anual de 1000 a 1200 mm com temperaturas elevadas que provocam
deficiências de água (MAE, 2005).
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Hidrologia
A rede hidrográfica é constituída por cursos de rios, riachos e formação lacustre de
origem permanente e periódica. Destaca-se o Govuro sendo o maior rio do distrito que
nasce no Distrito de Govuro. Ao longo deste rio afluem vários riachos a destacar o
Chicome e Mangalisse (PEDD, 2005).
Além deste curso de água há várias lagoas de regimes permanentes e periódicos ao longo
da faixa costeira, salienta-se a grande importância que este detém na produção de peixe,
além de que as suas margens são ricas para prática de agricultura (PEDD, 2005).
BASES ECONÓMICA
Base económica do distrito
As principais actividades económicas do distrito de Vilankulo são a pesca artesanal, o
turismo e a agricultura de subsistência. Na pesca, o arrasto é a principal arte, seguindo a
pesca com recurso a linha e anzol praticada por barcos semi-industriais e artesanais
(MAE, 2005).
Os dados preliminares do censo de pesca artesanal realizado em 2012 no distrito de
Vilankulo, mostram que, foram recenseados 2646 pescadores dos quais 420 com
embarcação 2226 sem embarcação (IDPPE, 2012).
Enquadramento Jurídico-legal
O projecto surge diante da Lei do Comercio (Lei 34/2013 de 2 de Agosto), que é
auxiliada pelo Artigo 1: É aprovado o Regulamento do Licenciamento da Actividade
Comercial, em anexo, que é parte do presente Decreto.
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Água
A água é o componente principal da parte comestível do pescado e o seu nível pode
variar de 65 a 80%, dependendo da espécie, estado fisiológico e condição alimentar do
pescado. A umidade de alguns peixes se apresenta excessivamente elevada após a desova,
tornando a carne imprópria para congelamento devido a severas rachaduras musculares
que ocorrem durante a filetagem. O aumento da proporção de água no músculo do
pescado é acompanhado de redução milimétrica do nível de lipídeos. O músculo do
pescado fresco apresenta boa capacidade para reter água. Durante o congelamento,
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Lipídeos
De acordo com o nível de lipídeos da parte comestível o pescado pode ser classificado
como magro (menos de 2% de gordura), médio (entre 2 e 5% de gordura) e gordo (acima
de 5% de gordura). Os fatores intrínsecos que mais influenciam sobre essa característica
são as espécies e a época do ano. A fração lipídica do músculo dos peixes apresenta
grandes variações. Na época da desova os lipídeos atingem os níveis mais baixos,
enquanto no verão das regiões temperadas, quando há mais alimento disponível, ocorre
aumento substancial nas reservas adiposas do pescado. As espécies magras tendem a
armazenar os lipídeos no fígado enquanto as espécies gordas apresentam outros depósitos
lipídicos, tais como o tecido subcutâneo, parede abdominal, tecido conectivo e cabeça.
Peixes magros, como pargo e peixes de fundo, apresentam, geralmente, músculo branco,
enquanto que os peixes gordos apresentam músculo cinza ou branco desbotado. Várias
espécies de peixes tendem a concentrar depósitos de óleo no fígado o que possibilita a
extração, industrialização e comercialização desses óleos, os quais apresentam alto teor
de vitaminas lipossolúveis (A e D) e de ácidos graxos com propriedades terapêuticas.
O conteúdo total de lipídeos do pescado é influenciado também pela temperatura do
ambiente aquático, de tal forma que os peixes de águas frias apresentam níveis de
lipídeos superiores aos de águas tropicais. A distribuição dos lipídeos no corpo dos peixes
não é uniforme. Maior concentração ocorre na musculatura perto da cabeça, decrescendo
em direção à cauda. A musculatura vermelha ou escura lateral apresenta maior
concentração de lipídeos que a musculatura clara.
Camarões, lagostas e caranguejos apresentam baixo conteúdo de lipídeos, menos de 1%
na parte muscular. Ostras podem atingir níveis de até 4% de lipídeos totais.
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contribuição dos peixes, com baixo nível de lipídeos, à ingestão diária de colesterol é
considerada discreta. Algumas espécies de peixes como o cavalo marinho, porém, podem
apresentar quantidades comparáveis àquelas encontradas na carne bovina. O provável
efeito deletério do colesterol de pescado está compensado com o efeito benéfico dos
ácidos graxos ômega-3 presentes em seus lipídeos. Os moluscos, por outro lado, contêm
aproximadamente 50mg de colesterol por 100g de tecido muscular.
Proteína
O nível de proteína nos peixes crus se situa na faixa de 16 a 24%. A carne de tubarão é
relativamente pobre em proteína (13% aproximadamente) e a de truta e salmão
relativamente rica (20 a 21% aproximadamente). O nível de proteína nos crustáceos é
levemente superior e, nos moluscos levemente inferior, ao dos peixes. Uma Porcão de
pescado cozido, por outro lado, pode conter até 35% de proteína.
A qualidade das proteínas de pescado é considerada superior à de carnes bovinas e de
aves, em função de sua fácil digestibilidade e equilibrada proporção de aminoácidos
essenciais. Essa característica torna o pescado especialmente indicado para combinação
com outros alimentos, sobretudo grãos (cereais e leguminosas) já que pequena proporção
de pescado pode incrementar o valor da proteína da dieta.
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Carboidratos
O nível de carboidratos nos peixes é bastante baixo, geralmente menor que 1%. Nos
crustáceos, o conteúdo de carboidratos pode alcançar 1% e, nos moluscos tais como
ostras, mexilhões, e caracóis, varia de 3 a 5%. Alguns carboidratos como ribose e lactato,
encontrados no pescado, livres ou combinados com nucleotídeos, são facilmente
utilizados por bactérias levando à formação de compostos escuros (Reação de Millard),
fato importante a ser considerado no processamento e estacagem do produto.
Minerais
O pescado é boa fonte de elementos minerais e, alguns produtos consumidos com ossos,
são excelentes fontes de cálcio e fósforo. O conteúdo de iodo e bromo do pescado
marinho supera o da maioria de outros alimentos. Já o conteúdo de sódio no músculo dos
peixes é considerado baixo e por este motivo o alimento é considerado apropriado para
regimes alimentares onde há necessidade de baixo consumo desse elemento.
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Decapterus Russelli
(Eduard Rupell, 1830)
Decapterus Russelli
(Eduard Rupell, 1830)
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o A linha lateral posterior com 34-36 escudos, sendo o mais alto 21,4-24,2% do
comprimento da cabeça.
o Sem escamas na frente da parte reta da linha lateral.
o Margem da cintura escapular localizada atrás dos filamentos branquiais, com duas
papilas, a inferior ligeiramente maior que a superior. A cor é verde-azulada a cinza
metálico na superfície dorsal, tornando-se branco-prateado na barriga.
o Uma mancha preta na margem opercular superior.
Habitat
Habitantes de zonas com águas calmas com forte incidência de luz e imigram para se
reproduzir.
Hábito alimentar
Reprodução
o Dioicos
o Desenvolvimento direto (sem estágios larvais)
o Sexuada (produção de gametas sexuais no macho e na fêmea)
o Fecundação externa (depositam ovos e o macho fertiliza depositando o sémen por cima)
Predadores
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Decapterus Russelli é uma espécie costeira que possui o hábito de formar cardumes e
habita principalmente águas abertas com profundidade não superior a 100 m (Smith-
Vaniz, 1984). A Decapterus Russelli tem uma ampla distribuição no Indo-Pacífico
(desde o Mar Vermelho e leste da África até o Japão Austrália) e recentemente
estabeleceu uma população autossustentável no mediterrâneo (Smith-Vaniz, 1984).
Instalações
A produção será no regime semi-intensivo em tanques de terra. Sistema este que constitui
referencia de produção aquícola em vários países produtores, aplicando níveis de
intensificação variáveis e diferentes dimensões. No geral, este sistema é um sistema que
pode cobrir uma vasta área. Este sistema será adotado neste projecto onde as dimensões
dos viveiros serão de 1hectare (10000m2), e a densidade de estocagem programada para o
processo de engorda é de 4 alevinos/m2. A alimentação é feita à base de ração para peixe
onde na fase de engorda, considerando a utilização de um viveiro de 10000m 2 e a
densidade de 4 alevinos/ m2, durante um período de 4 meses, quando o peixe atinge 360g,
a taxa de conversão alimentar será de 1,2:1, isto e, 1,2kg de ração por cada quilograma de
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peso ganho pelos peixe. A alimentação será ainda complementada com o alimento natural
disponível que entra nos tanques com a renovação da água (Shepherd, 2000).
REPRODUÇÃO
Gametogénese e Ovogênese
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Na fase de reprodução não se deve reutilizar a água que corre em continuo pelos tanques.
A inexistência de um sistema de tratamento de água adequado faz com que em caso de
reutilização, as substâncias libertadas pelos reprodutores na água afectem o
comportamento e maturação sexual uns dos outros. Como os animais não se encontram
todos na mesma fase de reprodução, esta ocorrência pode provocar problemas graves de
programação dos tanques. O rácio macho/fêmea ideal a utilizar nos tanques de
reprodução é de 2:1 (Blanquet, 1998; Santinha, 1998).
Incubação
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Bercario
Após a incubação, as larvas serao transferidas para o bercario. Este que é um sector
constituído por um conjunto de tanques mantidos à temperatura constante de 20 OC e onde
a renovação de água é feita em circuito fechado, ocorrendo apenas uma renovação diária
de 10% do volume total dos tanques. Devido à grande sensibilidade das larvas neste
estágio de produção, a água passa por um processo de tratamento Bioquimicos antes de
entrar no circuito de producao. Nestes tanques, a permanência dos peixes sera de 30 dias
e a cada tanque ou conjunto de tanques corresponde um lote com as mesmas
características de tamanho e grau de desenvolvimento.
Alevinagem
Produção de Alimento
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Micro-Algas
As micro-algas são um tipo de alimento usado para a alimentação dos rotíferos e da
artémia. São armazenadas sob a forma de culturas de inóculo, enriquecidas com os
nutrientes típicos para vegetais, tais como azoto, fósforo, sais minerais e vitaminas.
Rotíferos
Os rotíferos (Brachionus plicatillis) são organismos aquáticos microscópicos utilizados
como primeiro alimento para larvas de peixes, servindo de alimento para a maternidade.
Artémia
A artémia (Branchipus stagnalis) faz parte da cadeia alimentar dos peixes nas fases de
maternidade e alevinagem. É um crustáceo branquiópode, que vive em tanques de salinas
ou em lagos com elevada salinidade. A artémia encontra-se armazenada sob a forma de
quistos desidratados. Quando se pretende utilizar a artémia procede-se à hidratação dos
quistos. Os quistos hidratam-se ao fim de 1 a 2 horas ficando com a forma esférica e após
um determinado período de tempo, quando o embrião está completamente desenvolvido,
o córion rompe-se e eclode o náuplio. Após a eclosão dos náuplios, estes são fornecidos
directamente às larvas ou então são previamente enriquecidos. Os náuplios também
podem ser produzidos para obter alimento de maiores dimensões, que são utilizadas na
alimentação de estados mais desenvolvidos das larvas de peixes.
Para se fazer a engorda dos animais está prevista uma alimentação que terá como base o
consumo de alimento composto comercial (Ração). O alimento será fornecido
diariamente aos animais, utilizando a técnica de lanço manual. Apesar de ser fornecido
granulado, pretende-se que os animais complementem esta alimentação artificial com o
abundante alimento natural proveniente da coluna de agua do mar, o que permitirá uma
maior valorização do peixe, obtendo-se carne de maior qualidade, com características
organolépticas que se assemelham mais ao pescado de captura em ambiente natural. A
elaboração de um plano de administração de alimento irá permitir fazer uma taxa de
administração de alimento composto de acordo com o aumento da biomassa dos tanques.
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A utilização de cargas animais baixas faz com que os animais estejam menos susceptíveis
a doenças, não estando prevista a utilização preventiva de produtos químicos para
tratamento dos animais, o que evita fontes adicionais de poluição da água. Em caso de
aparecimento de surtos de doença, far-se-á a administração de medicamentos
preferencialmente sob a forma de pré-mistura medicamentosa, sempre sob indicação de
um Médico Veterinário.
Renovação da Água
Engorda
A opção é de fazer apenas a engorda de juvenis de 20g, prende-se com o facto da
mortalidade ser efectivamente mais reduzida e de permitir efectuar ciclos de cultura
anuais. Isto evita os custos de instalação de uma fase de pré-engorda e possibilita um
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retorno do investimento mais rápido e com menos riscos, o que compensa o facto de os
indivíduos de 20g serem mais ideias. Os juvenis com este tamanho são mais resistentes à
manipulação química e física da água e possuem um tamanho suficientemente grande
para se protegerem mais eficazmente dos predadores e não serem comidos por outros
peixes maiores que já se encontrem nos tanques (Martins, 2007).
Num ciclo de engorda típico, os juvenis serão introduzidos nos viveiros no início da
Primavera. Estes irão desenvolver-se nestes tanques até atingirem o tamanho adequado à
sua captura e posterior comercialização. A despesca dos peixes iniciar-se-á na após 6
meses e podendo decorrer duas campanhas de producao por ano, esta decisão dependerá
dos tamanhos comerciais pretendidos e da oferta de peixe de aquacultura no mercado.
Para se obterem tamanhos de 1Kg podem ser realizados ciclos de produção de dois anos.
Os inconvenientes deste ciclo tão prolongado são o alargamento do período de retorno
financeiro e o aumento do risco de perder a produção. De acordo com um estudo
realizado pela Universidade de Sterling, foi calculado que a realização de ciclos de dois
anos pode causar perdas económicas significativas, provocando nos peixes uma perda de
peso corporal de 15 a 20% depois da maturação e aumento do custo de produção em
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cerca de 0,65 USD/kg (42 mt/kg) devido a alimentação adicional e perdas de produção
(Universidade de Sterling, 2004). O principal risco de realizar culturas num período
superior a um ano está relacionado com a Síndrome da Doença de Inverno. Esta patologia
tem uma etiologia multifactorial que está relacionada com características próprias da
biologia desta espécie. Esta espécie atinge a maturidade após passar dois Invernos no
mar, surgindo esta doença geralmente no decorrer do segundo Inverno de produção, o
que pode estar correlacionado com a diminuição da temperatura da água. Apesar de não
existirem certezas relativamente à etiologia desta doença, os estudos indicam que a sua
etiologia é uma combinação de factores ambientais (água abaixo dos 18OC),
imunosupressão, desequilíbrios nutricionais e a presença de Pseudomonas
anguilliseptica. No período em que os peixes metabolizam as suas reservas para atingir a
maturidade, o uso de dietas com um nível baixo de proteínas, lípidos e vitaminas, em
animais que utilizam como principal fonte de energia as proteínas (ao contrario dos
mamíferos em que a principal fonte de energia são os carbo-hidratos) pode contribuir
para o aparecimento da doença.
Os peixes com 20g irão ser colocados nos tanques de terra numa proporção de 4/m2. A
taxa de mortalidade dos juvenis destas espécies à engorda é de 10%. A principal causa
destas perdas são os predadores, devendo ser destacado pela sua importância o corvo-
marinho (Phalocrocorax carbo) (Pousão-Ferreira, 1995).
Como já referido, devem ser tomadas medidas de dissuasão dos predadores como parte
do plano de biosegurança da exploração. Numa piscicultura de engorda, para além da
alimentação e da oxigenação da água, existe um conjunto de trabalhos de rotina que
devem ser realizados, orientados por técnicas próprias.
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problemas com a produção, será realizado um controlo regular das características físico-
químicas da água. Serão executadas, rotineiramente, medições dos valores da
temperatura, salinidade, pH, e oxigénio dissolvido e também de nitritos, nitratos e
amónia, de modo a assegurar parâmetros favoráveis ao crescimento dos indivíduos
estabulados. Esta monitorização deve ser feita a montante e a jusante da piscicultura, os
pontos de amostragem (PA) serao assinalados por setas (Ramos, 2006).
Amostragem e biometria
(1) primeiro pesa-se um balde com um pouco de água e retira-se a tara da balança;
(3) coloca-se o peixe no balde previamente pesado e pesa-se o balde com os peixes;
(5) repetem-se três ou mais vezes os passos anteriores e faz-se a média e o desvio padrão
de todos os resultados.
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peixes mais pequenos, uma vez que os peixes maiores irão interferir com a alimentação
dos mais pequenos. Quando este problema for detectado na exploração serão efectuadas
calibrações e proceder-se-á à transferência desses peixes para outros tanques de acordo
com o seu tamanho. Esta triagem também é útil para a detecção de peixes com
deformações (Christofilogiannis, 2000).
Qualidade do Peixe
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Os peixes são retirados de dentro de água com o auxílio de redes de pesca e são
rapidamente transportados para o interior de contentores com água e gelo. Neste método
de abate, o peixe irá morrer em água gelada. À semelhança do que acontece com animais
terrestres, a técnica de abate deve resultar numa perda de consciência rápida e
irreversível, reduzindo ao mínimo o sofrimento dos animais. Adicionalmente, deve
evitar-se sobrecarregar os contentores, uma vez que o peso do peixe acaba,
invariavelmente, por esmagar o peixe que está em baixo, provocando uma perda de
qualidade do produto final.
Processamento e Embalagem
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Entre cada ciclo de produção, os tanques de engorda serão esvaziados e o sedimento que
compõe o fundo, retirado e seco ao sol. Este procedimento tem como objectivo eliminar
os predadores que possam ter entrado nos tanques (caranguejos e tainhas) e quebrar o
ciclo de transmissão de possíveis parasitas e doenças, através da radiação solar e da
privação de água. Sera utilizada cal viva sobre o sedimento para garantir a eficácia deste
procedimento. No entanto, esta prática não é livre de consequências ambientais. Só se
deve proceder ao repovoamento dos tanques com juvenis depois deste sedimento estar
bem seco.
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Meios Humanos
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uma vez que é neste período que são atingidos os valores mais baixos de oxigénio
dissolvido, podendo tornar-se perigoso para a produção. A mão-de-obra também será
necessária para a amostragem, pesca, embalagem, entre outras actividades. Será dada aos
trabalhadores formação específica relacionada com a indústria de aquacultura e com a
higiene dos produtos alimentares. As questões relacionadas com os custos de produção
serão tratadas mais adiante, no capítulo referente à análise financeira.
PLANO DE EXPLORAÇÃO
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Tendo em conta que o elevado custo do terreno é um dos factores produtivos mais
onerosos, torna-se importante definir um layout da exploração, de modo a reduzir ao
mínimo possível as áreas não produtivas da exploração (Pousão, Cancela & Machado,
1995). O modelo mais correcto a aplicar numa piscicultura de engorda em sistema semi-
intensivo encontra-se apresentado na Figura abaixo.
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Apesar da diminuição das áreas não produtivas serem uma prioridade, deve-se planear
uma zona de protecção à volta da exploração, a chamada buffer zone (Pillay & Kutty,
2005). Esta zona permitirá instalar medidas de protecção contra predadores, construir
valas que impeçam a água doce vinda das chuvas de entrar nos tanques de cultura e
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O equipamento a ser adquirido para esta unidade pode ser dividido em equipamento
utilizado para a pesca, equipamento utilizado para a monitorização das condições de
cultura (Figura abaixo), equipamento utilizado para a alimentação dos animais,
equipamento de protecção pessoal dos trabalhadores e equipamento utilizado para o
abastecimento hídrico.
Planos de Construção
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O mercado nacional e a cidade de Vilankulo não apresenta nenhuma empresa que produz
e processa esta espécie de peixe, razão pela qual não há existência de concorrência a nivel
distrital, provincial e nacional, criando assim uma vantagem para o negócio, sendo este
uma grande iniciativa para a redução da actividade pesqueira no ambiente natural,
aumentando o desenvolvimento sustentável da cidade. O distrito apresenta pequenos
processadores de peixe que serão os prováveis compradores.
De acordo com informações recolhidas junto de entidades ligadas ao sector (INIP, 2003),
podem considerar-se como principais potencialidades ou oportunidades para o
desenvolvimento de projectos de aquacultura em Mocambique, as seguintes condições:
o Forte procura;
o Condições naturais que permitam boas taxas de crescimento das espécies produzidas;
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Plano de marketing
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Estratégia promocional
A empresa fará uso do marketing no e-commerce, que tornará mais fácil a venda dos bens
ou serviços.
A empresa investirá na criação do site onde contará com serviços oferecidos, valores,
perfil dos profissionais, telefone para contacto e endereço, e possibilidade de solicitar
orçamentos. Outros meios utilizados pela empresa serão:
Uso de panfletos e banners e poster: que serão colados em lugares específicos e
estratégicos e publicitados em meios de comunicação eletronicos;
Redes sociais: como meio de divulgação do produto produzido, contando com uma
página nas redes sociais como Facebook, Twitter, Instagram, e Whatsapp, sendo fontes
eficazes de comunicação, onde o consumidor final tem a oportunidade de conferir
postagens diariamente dos serviços oferecidos, fotos e pacotes promocionais para os
seguidores da Fan Page, interagindo por meio de opiniões e sugestões;
Entrevistas e anúncios na rádio e televisão.
Contractos
A empresa, realizará varias actividades de processamento de ração, portanto, para uma
boa gestão do projecto far-se-ão parcerias e assinaturas de contractos que irão sustentar
algumas das necessidades ao decorrer das actividades, como o caso da Ocean Source que
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fornecerá a farinha de ostra, a Higest que fornecera a racao e suplementos, a EDM que
por sua vez fornecerá energia eléctrica para a empresa e a TMcel, agência telefónica que
fornecerá telefones fixos e internet para a empresa.
Plano de investimento
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Infraestruturas
Arreia:
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Pedra:
Chapas:
IBR (6 mm) 150 m3 1 m3 650,00 Mzn 102 375,00 Mzn
Portas:
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Máquinas e equipamentos
Itens Quantidade Unidade Preço unitário Valor total + (5%)
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Plano de Exploração
Ano 1º 2º 3º 4º 5º
Descrição
1. Receita 40 880 000 40 880 000 44 968 000 49 464 800 54 411 280
2. Custo 13 764 000 13 764 000 14 990 400 16 339 440 17 823 384
total
2.1. Cu 1 500 000 1 500 000 1 500 000 1 500 000 1 500 000
sto fixo
2.2. Cu 12 264 000 12 264 000 13 490 400 14 839 440 16 323 384
sto
variável
3. RAIJAR 27 116 000 27 116 000 29 977 600 33 125 360 36 587 896
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CONCLUSÃO
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Referencias
Bianchi (eds.), Folhas de identificação de espécies para fins de pesca e aquacultura. Oceano
Índico Ocidental (área de pesca 51). FAO, Nações Unidas, Roma.
Sala de processamento
5000/hr
Quantidade x preço
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