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ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL

DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO AGRÁRIA

Curso de Licenciatura em Produção Pesqueira

Unidade Curricular: Piscicultura

IVº Nível, 1º Semestre

Produção, processamento e venda de peixe carapau moçambicano (Decapterus


Russelli) no distrito de Vilankulo.

Vilankulo

Março

2023
Piscicultura

Produção, processamento e venda de peixe carapau moçambicano no distrito de


Vilankulo.

Por:

Vircinio do Rosário Lobo

Docente:

dr. Valdemiro Jafar (Lic)

UEM

ESUDER

2023
Produção, Processamento & Comercialização de peixe carapau moçambicano no distrito de Vilankulo.

I. ÍNDICE

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II. RESUMO
A pesca é uma das actividades mais antigas da civilização humana e ainda, possui papel
importante para muitas comunidades. Para as famílias que vivem dela é vital como
actividade de subsistência e paralelamente, também contribui para o desenvolvimento
local, sendo fonte geradora de alimento, proporcionando emprego e renda para as
populações que vivem da actividade (Gomes, 2018).
A actividade é realizada maioritariamente em regime familiar ou em cooperação com
grupos de vizinhança, sem vínculo salarial, utilizando o método de partilha da pesca e
meios de produção próprios (Diegues, 1983).
A pesca artesanal é normalmente efetuada com caráter local, com ou sem embarcação,
cujo comprimento não excede em regra dez metros, podendo ser propulsionada a remos,
à vela, motores fora de borda ou interiores de pequena potência, por períodos até 24
horas, utilizando raramente gelo para a conservação do pescado a bordo e fazendo o uso
de artes de pesca tradicionais (Lei de Pescas 22/2013, de 01 de Novembro).
As sociedades humanas utilizam os recursos naturais marinhos como fonte segura para
diversas finalidades, dentre elas, a aquisição de alimento, geração de renda para a
sobrevivência e reprodução social (Castro, 2013).
Globalmente, a produção pesqueira extrativa encontra-se em declínio, com grande parte
das principais pescarias sobre exploradas, não havendo espaço para aumento do esforço
de pesca. Com o atual crescimento populacional, a procura por este produto tem sofrido
incremento a nível global e a aquacultura surge como solução viável para este problema.
Há que considerar a aquacultura como uma resposta viável, pois, tem evoluído
exponencialmente nos últimos anos, estando atualmente a contribuir com cerca de 50%
da produção pesqueira global.
Em Moçambique, a pesca e aquacultura são ainda actividades maioritariamente
praticadas de forma artesanal, tendo como finalidade primordial a subsistência familiar.
O quotidiano desta actividade tem sido afetado por vários factores, que dentre eles se
destacam nitidamente, a falta de mecanização, escassez de mão-de-obra qualificada,
insuficiência e fraca qualidade de insumos aquícolas, e, cadeia produtiva incompleta
(ausência de entidades transformadoras deste recurso). Devido a falta de empresas
inteiramente transformadoras de recursos aquáticos de valor comercial acentuado, tendo

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enfoque no peixe, a indústria pesqueira não tem proporcionado uma contribuição


consideravelmente positiva na economia nacional. No distrito de Vilankulo, situações
como a captura de recursos ainda em crescimento, despejo, incineração, escassez e venda
a preço inadequado (“preço de banana”) de recursos aquáticos por falta de processamento
e condições mínimas de conservação (que em certo momento pode aumentar a vida na
prateleira do pescado), tem sido um dos mais notáveis problemas. É nessa linha filosófica
que surgiu o interesse de instalar uma empresa que produz, processa e comercializa o
peixe, tendo como objetivo em selecionar e empreender todos os esforços e custos de
produção a espécie mais consumidas no mercado local observando com rigor todos as
etapas envolvidas na cadeia de produção, processamento, conservação e venda deste bem
de consumo. A cadeia produtiva desta empresa tem início na retirada do ambiente natural
indivíduos sadios destinados a serem reprodutores, indução a processos reprodutivos,
alevinagem, engorda, despesca, processamento e comercialização do produto final.
Portanto, espera-se produzir, processar e comercializar uma quantidade equivalente a 20
mil toneladas de pescado por ano.

O empreendimento terá uma estrutura simples, isso porque pretende-se minimizar os


custos na construção de infraestruturas e investir mais na tecnologia de produção e gerar
mais postos de trabalho no meio rural. Primeiramente, os clientes em potencial será o
mercado nacional. Em busca de novos contactos e aceitação no mercado nacional e
internacional os clientes terão atendimento personalizado através de telefone, correio
eletrónico, redes sociais (WhatsApp, Facebook, Twitter e Instagram, onde serão
desenvolvidos mecanismos dinâmicos e diferenciados para atende-los.)

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III. ESTUDO DE VIABILIDADE

CARACTERISTICAS DO LOCAL
Localização
O distrito de Vilankulo fica situado a Norte da província de Inhambane, tendo como
limites a Norte pelo distrito de Inhassoro, a Sul pelo distrito de Massinga, oeste com o
distrito de Mabote e Funhalouro e a Este com o Oceano indico (MAE, 2005).
Descrição da área
O distrito, incluí as ilhas de Benguerrua e Magaruque, a sede do distrito localiza se na
Autarquia da Vila de Vilankulo. Este distrito tem uma superfície de 5.867 Km2, uma
população estimada em 135.813 habitantes e densidade populacional de 23,6
habitantes/km2 (CENSO, 2007).

VERIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO TERRENO


Condições climáticas
O clima é diversificado sendo a costa com o clima tropical húmido e o interior o clima
tropical seco com duas estacões: a quente ou chuvosa que vai de Outubro a Março e
fresca ou seca de Abril a Setembro (MAE, 2005). Durante o ano, a estacão quente é mais
longa ocupando os meses de Outubro a Março, sendo neste período que se destaca a
época chuvosa entre os meses de Dezembro a Março chegando a atingir as precipitações
mais elevadas nas zonas costeiras oscilando entre os 800 a l000 milímetros com maior
incidência nos meses de Fevereiro e Março em que chegam a ocorrer inundações (PEDD,
2005).

Tipo de Solo
A zona litoral é constituída por solos acidentados e permeáveis, favoráveis para a prática
de agricultura e pecuária apresentando temperaturas médias entre os 18O a 33O C. A zona
interior do distrito, apresenta solos franco-arenosos e arenoso-argilosos e uma
precipitação média anual de 1000 a 1200 mm com temperaturas elevadas que provocam
deficiências de água (MAE, 2005).

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Hidrologia
A rede hidrográfica é constituída por cursos de rios, riachos e formação lacustre de
origem permanente e periódica. Destaca-se o Govuro sendo o maior rio do distrito que
nasce no Distrito de Govuro. Ao longo deste rio afluem vários riachos a destacar o
Chicome e Mangalisse (PEDD, 2005).
Além deste curso de água há várias lagoas de regimes permanentes e periódicos ao longo
da faixa costeira, salienta-se a grande importância que este detém na produção de peixe,
além de que as suas margens são ricas para prática de agricultura (PEDD, 2005).

BASES ECONÓMICA
Base económica do distrito
As principais actividades económicas do distrito de Vilankulo são a pesca artesanal, o
turismo e a agricultura de subsistência. Na pesca, o arrasto é a principal arte, seguindo a
pesca com recurso a linha e anzol praticada por barcos semi-industriais e artesanais
(MAE, 2005).
Os dados preliminares do censo de pesca artesanal realizado em 2012 no distrito de
Vilankulo, mostram que, foram recenseados 2646 pescadores dos quais 420 com
embarcação 2226 sem embarcação (IDPPE, 2012).
Enquadramento Jurídico-legal
O projecto surge diante da Lei do Comercio (Lei 34/2013 de 2 de Agosto), que é
auxiliada pelo Artigo 1: É aprovado o Regulamento do Licenciamento da Actividade
Comercial, em anexo, que é parte do presente Decreto.

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IV. REVISÃO LITERÁRIA


A indústria pesqueira exerce grande importância socioeconómica e oferece grandes
oportunidades, sendo necessário, porém enfrentar alguns desafios. A empresa tem como
objetivo garantir o fornecimento ao mercado um alimento natural, seguro e
nutricionalmente equilibrado, para que tal ocorra, processos estão envolvidos para atingir
um produto de qualidade dentro da meta produtiva a melhor custo-benefício possível.
Em Moçambique, poucas são as empresas que estão ligadas diretamente a toda cadeia
produtiva em aquacultura uma das razões para a escolha do projecto.
A qualidade do pescado depende do seu valor nutricional, de seu potencial energético,
além de seus níveis de vitaminas e minerais raros.

O pescado como recurso alimentar


Em muitas regiões subdesenvolvidas do mundo, o pescado preparado de forma simples e
submetido à conservação artesanal representa importante fonte de proteína animal na
dieta humana. Por outro lado, muitos peixes, crustáceos e moluscos marinhos, são
apreciadas em virtude da sua elevada qualidade organolética e consumidos para satisfazer
os prazeres da boa mesa. Isso tem originado demanda cada vez maior de todos os
organismos marinhos de valor comercial. A oferta atual de pescado é resultante de um
sistema mais racional de exploração dos recursos marinhos que leva em consideração a
necessidade de repor os estoques de pescado nas diferentes áreas de pesca, e intensifica a
aquicultura como forma racional, eficiente e conveniente de produzir proteína animal de
boa qualidade.
Aproximadamente 14% da proteína animal consumida pelo homem provém da pesca
marinha. A qualidade das proteínas do pescado é comparável à das carnes vermelhas e de
aves. O teor de proteína da parte comestível do pescado cru se situa na faixa de 16 a 24%,
podendo aumentar substancialmente no alimento cozido.
Nos últimos anos, o consumo de pescado no mundo tem aumentado devido,
principalmente, ao reconhecimento desse alimento como fonte de importantes nutrientes,
do seu baixo nível de calorias, da fácil digestão de sua proteína e dos efeitos benéficos
dos óleos de pescado para a saúde do consumidor.

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Classificação do pescado como alimento


O termo pescado é usado para referir-se a grande variedade de organismos aquáticos,
utilizados na alimentação do homem, procedentes de oceanos, rios, lagos, reservatórios
naturais ou artificias e de aquaculturas comerciais. O grupo de pescado mais importante é
constituído pelos peixes de mar e de águas doces. Outros grupos são os crustáceos, os
moluscos, os quelónios, os mamíferos aquáticos e, eventualmente, vegetais aquáticos
como as algas.

Produção e consumo do pescado a nível nacional


O baixo consumo ou o pequeno hábito do moçambicano de consumir pescado está ligado
à comercialização mal feita que já́ vem de vários anos. O produtor, seja ele extrativista ou
aquacultor, de um lado, não tem incentivo para colocar no mercado um produto de
melhor qualidade que custará mais caro e que precisará de propaganda para ter boa saída,
uma vez que o hábito de consumo é pequeno. E o consumidor, que já́ perdeu a confiança
no produto, não se empenha em exigir o melhor ou boicotar o existente preferindo partir
para o consumo de outras carnes, deixando o peixe sempre como alternativa. A demanda
mundial de pescado e produtos pesqueiros aumentou em 2020 para 179 milhões de
toneladas anuais, o equivalente a 401 milhões de dólares. Para que a oferta projetada de
pescado possa satisfazer necessidades previstas para o próximo quinquénio é necessário
que a pesca extrativa seja conservada de forma efetiva, que seja desenvolvida uma
aquacultura sustentável, que os descartes e perdas possam ser reduzidos ao mínimo e que
se utilizem melhor as capturas incidentais, prestando a devida atenção à conservação do
meio aquático (FAO, 2020).

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Os peixes de importância alimentar


I. Agnatha, com subclasses Ciclostomata, Cephalaspidomorphi e Pteraspidomorphi, são
caracterizados pela ausência de mandíbulas e guelras em forma de sacos. O exemplo mais
comum desta classe são as lampreias. O nome genérico comum usado para esses
organismos é de peixes não mandibulados.
II. Chondrichthyes, com subclasses Elasmobranchii ou Holocephali, são caracterizados por
apresentar vértebras cartilaginosas e guelras internas. Os principais representantes deste
grupo são os Tubarões, Raias e Quimeras. Os nomes genéricos dos peixes deste grupo
são peixes cartilaginosos ou elasmobrânquios.
III. Osteichthyes, com subclasses Sarcopterygii e Actinopterygii, são caracterizados por
possuir esqueleto ósseo, pulmões e escamas. A este grupo pertencem a maior parte dos
peixes marinhos e os de água doce com escamas, de importância comercial. Os nomes
genéricos dos peixes deste grupo são peixes teleósteos ou peixes ósseos.

A tendência atual de classificar os peixes comerciais em cartilaginosos e ósseos se deve à


limitada importância económica dos da classe Agnatha e as características mais
destacadas das outras duas classes taxonómicas.

Estrutura da parte comestível do Pescado


Do ponto de vista físico, os peixes teleósteos e elasmobrânquios apresentam
características comuns em relação à parte muscular aproveitável.

Tecidos nutricionalmente aproveitáveis


Os tecidos que compõem a maior parte comestível dos peixes são constituídos pelos
músculos estriados, os quais são formados por células ou fibras musculares de forma
cilíndrica, aguçadas nas pontas, organizadas em pacotes conhecidos como miótomos ou
miómeros. Esses miómeros estão separados por tabiques de tecido conectivo chamados
de miocomatas ou mioseptas. As fibras musculares são células limitadas por uma
membrana, conhecida como sarcolema, cujo conteúdo fluido se denomina sarcoplasma.

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Dentro das fibras se encontram numerosos núcleos, mitocôndrias e grãos de glicogénio.


A principal inclusão sarcoplasmática é um conjunto de feixes de miofibrilas, que ocupa a
maior parte do espaço intracelular. A miofibrila é formada por um conjunto de filamentos
de proteína grossos (miosina) e finos (actina), que se dispõem longitudinalmente em
relação ao seu eixo. Em certas zonas, os filamentos se superpõem entre si (alta reflexão
da luz) e, em outras, se distinguem apenas os filamentos finos de actina (baixa reflexão
da luz). Essa ordenação define o sarcómero, a unidade estrutural da miofibrila e da
contração muscular e, faz com que as fibras musculares apresentem aspecto estriado
quando observadas ao microscópio.

Composição química da parte muscular do pescado


A composição química dos peixes pode variar consideravelmente entre diferentes
espécies e entre indivíduos de uma mesma espécie, dependendo da idade, sexo, meio
ambiente e estacão do ano. A alimentação influi bastante na composição da parte
comestível do pescado. Durante os períodos de intensa alimentação ocorre inicialmente
lento incremento nos níveis musculares de proteína e lipídeos e, posteriormente, rápido
incremento dos lipídeos. O inverso ocorre durante os períodos de inanição (desova ou
migração).
O conhecimento da composição química do pescado é importante para avaliar as
características de estabilidade do pescado fresco, os cuidados e formas de processamento
industrial e para apresentar ao consumidor informação nutricional nos rótulos dos
produtos derivados.

Água
A água é o componente principal da parte comestível do pescado e o seu nível pode
variar de 65 a 80%, dependendo da espécie, estado fisiológico e condição alimentar do
pescado. A umidade de alguns peixes se apresenta excessivamente elevada após a desova,
tornando a carne imprópria para congelamento devido a severas rachaduras musculares
que ocorrem durante a filetagem. O aumento da proporção de água no músculo do
pescado é acompanhado de redução milimétrica do nível de lipídeos. O músculo do
pescado fresco apresenta boa capacidade para reter água. Durante o congelamento,

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armazenamento e descongelamento, porém, quantidades variáveis de água e de nutrientes


solúveis podem ser perdidas através de gotejamento ou liberação de sucos dos tecidos do
pescado. Durante o cozimento do pescado podem ocorrer perdas de até um quarto da
água muscular, produzindo concentração dos demais componentes. A retenção de água
nos tecidos contribui para as boas características de maciez, suculência e sabor do
pescado.

Lipídeos
De acordo com o nível de lipídeos da parte comestível o pescado pode ser classificado
como magro (menos de 2% de gordura), médio (entre 2 e 5% de gordura) e gordo (acima
de 5% de gordura). Os fatores intrínsecos que mais influenciam sobre essa característica
são as espécies e a época do ano. A fração lipídica do músculo dos peixes apresenta
grandes variações. Na época da desova os lipídeos atingem os níveis mais baixos,
enquanto no verão das regiões temperadas, quando há mais alimento disponível, ocorre
aumento substancial nas reservas adiposas do pescado. As espécies magras tendem a
armazenar os lipídeos no fígado enquanto as espécies gordas apresentam outros depósitos
lipídicos, tais como o tecido subcutâneo, parede abdominal, tecido conectivo e cabeça.
Peixes magros, como pargo e peixes de fundo, apresentam, geralmente, músculo branco,
enquanto que os peixes gordos apresentam músculo cinza ou branco desbotado. Várias
espécies de peixes tendem a concentrar depósitos de óleo no fígado o que possibilita a
extração, industrialização e comercialização desses óleos, os quais apresentam alto teor
de vitaminas lipossolúveis (A e D) e de ácidos graxos com propriedades terapêuticas.
O conteúdo total de lipídeos do pescado é influenciado também pela temperatura do
ambiente aquático, de tal forma que os peixes de águas frias apresentam níveis de
lipídeos superiores aos de águas tropicais. A distribuição dos lipídeos no corpo dos peixes
não é uniforme. Maior concentração ocorre na musculatura perto da cabeça, decrescendo
em direção à cauda. A musculatura vermelha ou escura lateral apresenta maior
concentração de lipídeos que a musculatura clara.
Camarões, lagostas e caranguejos apresentam baixo conteúdo de lipídeos, menos de 1%
na parte muscular. Ostras podem atingir níveis de até 4% de lipídeos totais.

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Os óleos de pescado que representam os estoques de energia do animal, são constituídos


por lipídeos neutros (triglicerídeos). O tipo de lipídeos de reserva, tanto nos animais
terrestres como nos aquáticos, depende diretamente dos lipídeos contidos na alimentação.
Nos peixes cartilaginosos uma parte significativa dos lipídeos está representada pelo
hidrocarboneto esqualeno.
Os ácidos graxos dos óleos de pescado possuem cadeia longa (14 a 22 átomos de
carbono). Nos peixes marinhos os ácidos graxos com alto grau de insaturação (4, 5 e 6
ligações duplas) somam aproximadamente 88% do total. Já nos peixes de água doce o
grau de insaturação dos ácidos graxos é menor (70%). A concentração de ácidos graxos
essenciais (linoleico e linoleico) nos óleos de pescado é menor que na maioria dos óleos
vegetais. Os fosfolipídeos do pescado são lipídeos polares que se caracterizam por
possuir, ligados à molécula de glicerol, dois ácidos graxos com alto grau de insaturação e
uma base nitrogenada acompanhada de ácido fosfórico. São considerados lipídeos
estruturais dos sistemas membranosos das fibras musculares e tem a função de
proporcionar flexibilidade às membranas celulares, o que é muito importante em águas
frias.
Pesquisas desenvolvidas nos últimos 20 anos mostram que alguns componentes dos óleos
de pescado marinho se encontram entre os nutrientes mais importantes para a manutenção
da saúde do corpo humano. Esses componentes são ácidos graxos polinsaturados de
cadeia longa capazes de aliviar os efeitos de doenças cardiovasculares, alérgicas e/ou
degenerativas, cada vez mais frequentes nas sociedades. Os efeitos fisiológicos
produzidos no organismo humano por estes ácidos graxos parecem estar relacionados
com a posição das duplas ligações na cadeia carbónica da molécula. Por esse motivo, a
nomenclatura proposta por médicos e fisiologistas para esses compostos considera a
formação de "famílias" de ácidos graxos, sendo as mais conhecidas as (ômega três,
ômega seis e ômega nove) em que as duplas ligações aparecem a partir do terceiro, sexto
e nono carbono, respetivamente. O principal esterol do músculo dos peixes é o colesterol
que se encontra em concentrações inferiores a 100mg ou a 100g como na maioria dos
tecidos dos mamíferos. O colesterol encontrado nos tecidos animais é precursor de uma
série de hormônios das glândulas suprarrenais e de reprodução. Sua presença em altos
níveis no sangue está associada com aterosclerose e doenças cardiovasculares. A

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contribuição dos peixes, com baixo nível de lipídeos, à ingestão diária de colesterol é
considerada discreta. Algumas espécies de peixes como o cavalo marinho, porém, podem
apresentar quantidades comparáveis àquelas encontradas na carne bovina. O provável
efeito deletério do colesterol de pescado está compensado com o efeito benéfico dos
ácidos graxos ômega-3 presentes em seus lipídeos. Os moluscos, por outro lado, contêm
aproximadamente 50mg de colesterol por 100g de tecido muscular.
Proteína
O nível de proteína nos peixes crus se situa na faixa de 16 a 24%. A carne de tubarão é
relativamente pobre em proteína (13% aproximadamente) e a de truta e salmão
relativamente rica (20 a 21% aproximadamente). O nível de proteína nos crustáceos é
levemente superior e, nos moluscos levemente inferior, ao dos peixes. Uma Porcão de
pescado cozido, por outro lado, pode conter até 35% de proteína.
A qualidade das proteínas de pescado é considerada superior à de carnes bovinas e de
aves, em função de sua fácil digestibilidade e equilibrada proporção de aminoácidos
essenciais. Essa característica torna o pescado especialmente indicado para combinação
com outros alimentos, sobretudo grãos (cereais e leguminosas) já que pequena proporção
de pescado pode incrementar o valor da proteína da dieta.

As proteínas de pescado podem ser classificadas em três grupos:

Proteínas miofibrilares, também chamadas de proteínas estruturais ou contrácteis, que


compõem os filamentos finos e grossos das miofibrilas (actina, miosina, tropomiosina,
actomiosina). Representam 70 a 80% das proteínas totais de pescado, fração bem superior
à verificada nos mamíferos (40 a 50%);

Proteínas sarcoplasmáticas, também chamadas de miogênio. Encontram-se no


sarcoplasma, dissolvidas ou formando parte das estruturas das organelas celulares. Nesse
grupo, que constitui 25 a 30% das proteínas totais, se encontram a mioalbumina, as
enzimas da glicólise e a mioglobina;

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Proteínas do tecido conectivo, que constituem aproximadamente 3% das proteínas dos


teleósteos e 10% das proteínas dos elasmobrânquios. Nos tecidos musculares dos
mamíferos essa fração representa aproximadamente 17%.

Carboidratos
O nível de carboidratos nos peixes é bastante baixo, geralmente menor que 1%. Nos
crustáceos, o conteúdo de carboidratos pode alcançar 1% e, nos moluscos tais como
ostras, mexilhões, e caracóis, varia de 3 a 5%. Alguns carboidratos como ribose e lactato,
encontrados no pescado, livres ou combinados com nucleotídeos, são facilmente
utilizados por bactérias levando à formação de compostos escuros (Reação de Millard),
fato importante a ser considerado no processamento e estacagem do produto.

Minerais
O pescado é boa fonte de elementos minerais e, alguns produtos consumidos com ossos,
são excelentes fontes de cálcio e fósforo. O conteúdo de iodo e bromo do pescado
marinho supera o da maioria de outros alimentos. Já o conteúdo de sódio no músculo dos
peixes é considerado baixo e por este motivo o alimento é considerado apropriado para
regimes alimentares onde há necessidade de baixo consumo desse elemento.

PLANO DE PRODUÇÃO (organização parou porque N tem imagens)


Biológica da espécie alvo
Decapterus russelli pode ser distinguido de todos os peixes ósseos pela combinação de
escamas alargadas na porção posterior a linha lateral, duas papilas na cintura escapular e
apresentar barbatanas dorsal e anal com raios cinza-escuros transparentes.

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Decapterus Russelli
(Eduard Rupell, 1830)

Esta espécie estabeleceu uma população autossustentável no Mediterrâneo, mas


recentemente, torna-se notável a ocorrência de mananciais que formam pequenos
cardumes na zona costeira de Moçambique. Presume-se que esta espécie passou
despercebida em estudos anteriores nessa região devido a algumas semelhanças
anatómicas com espécies do género Caranx Trachurus

Caranx Trachurus (Carl


Von Lineaeus , 1758)

Decapterus Russelli
(Eduard Rupell, 1830)

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Anatomia do Peixe (Decapterus Russelli)

o A cor verde-azulada cinza a cinza-metálico situa-se na parte superior do peixe


(superfície dorsal) e destaca-se a coloração branco-prateado na barriga (Superfície
peitoral).
o Possui uma mancha preta na margem opercular superior.
o Nadadeiras dorsal e peitoral com espinhos e raios cinza-escuros quase transparentes.
o Espinhos, raios pélvicos e anais brancos com membrana transparente.
o Nadadeira caudal e a maior parte da porção reta da linha lateral amarelada.
o Corpo alongado e ligeiramente comprimido
o Comprimento da cabeça (HL) 26,7-28,5% e SL.
o Focinho pontiagudo (34,1-38,3% do HL),
o Olho moderado (23,8-27,9% do HL),
o Pálpebra transparente, cobrindo a maior parte do olho, exceto o centro da pupila
o Espaço interorbital amplo (25,0-29,8% do HL).
o Atinge o tamanho de 39 cm
o Duas barbatanas dorsais, a primeira triangular com 8 espinhos, a segunda com um
espinho e 31-32 raios e uma barbatana bem separada.
o Nadadeira anal com dois espinhos separados e um espinho seguido por 24-26 raios com
um filete separado.
o Nadadeira peitoral aguda com 20-22 raios, 77,2-85,9% do comprimento da cabeça,
atingindo a linha vertical entre o último espinho da primeira nadadeira dorsal e o
primeiro espinho da segunda nadadeira dorsal.
o Nadadeira pélvica com um espinho e 5 raios.
o A mandíbula superior alcança quase a vertical do olho, sua margem superior é reta
enquanto a borda posterior é ligeiramente côncava.
o Dentes pequenos em ambas as mandíbulas. A parte anterior da linha lateral com
pequenas 44-52 escamas curva-se ligeiramente para baixo sob o 9O-12O raio dorsal.

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o A linha lateral posterior com 34-36 escudos, sendo o mais alto 21,4-24,2% do
comprimento da cabeça.
o Sem escamas na frente da parte reta da linha lateral.
o Margem da cintura escapular localizada atrás dos filamentos branquiais, com duas
papilas, a inferior ligeiramente maior que a superior. A cor é verde-azulada a cinza
metálico na superfície dorsal, tornando-se branco-prateado na barriga.
o Uma mancha preta na margem opercular superior.

Habitat

Predominantemente marinhos, com hábitos migratórios.

Habitantes de zonas com águas calmas com forte incidência de luz e imigram para se
reproduzir.

Hábito alimentar

Omnívoros, Alimenta-se de pequenos invertebrados a deriva na coluna de água

Reprodução

o Dioicos
o Desenvolvimento direto (sem estágios larvais)
o Sexuada (produção de gametas sexuais no macho e na fêmea)
o Fecundação externa (depositam ovos e o macho fertiliza depositando o sémen por cima)

Predadores

Todos os organismos aquáticos carnívoros com capacidade de locomoção na coluna de


água e com uma forte preferência em emboscar cardumes.

Distribuição mundial da espécie alvo

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Decapterus Russelli é uma espécie costeira que possui o hábito de formar cardumes e
habita principalmente águas abertas com profundidade não superior a 100 m (Smith-
Vaniz, 1984). A Decapterus Russelli tem uma ampla distribuição no Indo-Pacífico
(desde o Mar Vermelho e leste da África até o Japão Austrália) e recentemente
estabeleceu uma população autossustentável no mediterrâneo (Smith-Vaniz, 1984).

Instalações

A produção será no regime semi-intensivo em tanques de terra. Sistema este que constitui
referencia de produção aquícola em vários países produtores, aplicando níveis de
intensificação variáveis e diferentes dimensões. No geral, este sistema é um sistema que
pode cobrir uma vasta área. Este sistema será adotado neste projecto onde as dimensões
dos viveiros serão de 1hectare (10000m2), e a densidade de estocagem programada para o
processo de engorda é de 4 alevinos/m2. A alimentação é feita à base de ração para peixe
onde na fase de engorda, considerando a utilização de um viveiro de 10000m 2 e a
densidade de 4 alevinos/ m2, durante um período de 4 meses, quando o peixe atinge 360g,
a taxa de conversão alimentar será de 1,2:1, isto e, 1,2kg de ração por cada quilograma de

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peso ganho pelos peixe. A alimentação será ainda complementada com o alimento natural
disponível que entra nos tanques com a renovação da água (Shepherd, 2000).

Ciclo completo de produção do projecto

REPRODUÇÃO

Gametogénese e Ovogênese

A primeira etapa na produção de peixes em cativeiro é a reprodução. Todo o processo


está dependente da manutenção de um viveiro de peixes (Decapterus Russelli) de grandes
dimensões e idade avançada, designados por reprodutores. Por não existir no pais uma
entidade que se dedica a produção desta espécie, estes serão capturados no ambiente
natural. As idades ideais para os reprodutores são as indicadas no esquema do ciclo de
produção (Blanquet, 1998). As condições ambientais nos tanques (temperatura e
luminosidade ou fotoperíodo) são controladas de modo a permitir a programação da

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produção. Os tanques dos reprodutores são cobertos e a iluminação é 100% artificial,


permitindo efetuar variações de luminosidade que simulam o crescimento ou
decrescimento dos dias. Estes tanques permitem também aquecer ou arrefecer a água
captada para o seu enchimento, variando a gama de temperaturas entre 24 a 28OC para
induzir a reprodução destes organismos. (Blaquet, 1998). As fases do ciclo sexual dos
peixes são controladas pelas variações temporais de temperatura e luminosidade e pela
injecção de hormonas, ou seja, para se obter uma postura de ovos numa determinada
altura é necessário simular as condições naturais para as quais as fases do ciclo sexual
dos peixes são completadas em condições óptimas. Esta manipulação ambiental é feita de
forma a obter ovos de acordo com a disponibilidade das restantes zonas da exploração,
para receber os peixes que estes irão originar. As posturas destes peixes darão origem a
muitos milhares de ovos, tornando necessário gerir a programação dos tanques de
reprodução, para que elas ocorram de forma a permitir o encaminhamento da totalidade
dos peixes para as restantes fases do seu crescimento.

Na fase de reprodução não se deve reutilizar a água que corre em continuo pelos tanques.
A inexistência de um sistema de tratamento de água adequado faz com que em caso de
reutilização, as substâncias libertadas pelos reprodutores na água afectem o
comportamento e maturação sexual uns dos outros. Como os animais não se encontram
todos na mesma fase de reprodução, esta ocorrência pode provocar problemas graves de
programação dos tanques. O rácio macho/fêmea ideal a utilizar nos tanques de
reprodução é de 2:1 (Blanquet, 1998; Santinha, 1998).

Incubação

A segunda fase deste processo é a incubação. Os ovos produzidos pelos individuos


reprodutores serao aspirados do tanques de reprodução e colocados nos tanques de
incubação, onde eles encontram as condições ideais para o seu desenvolvimento. Após se
ter a eclosão dos ovos, as larvas de peixe permanecerao neste local num intervalo de 72
horas. Apos estes dias se passarem, as larvas serao separadas em lotes e mantidas em
tanques diferentes de pequenas dimensões durante um período de 5 a 9 dias. Estes
tanques servem para proporcionar às larvas estágios diários de adaptação a uma nova

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temperatura e luminosidade, através de um aumento gradual da temperatura da água de


0,5 oC por dia (Aclimatacao). O objectivo é que ocorra uma adaptação ao ambiente
existente no bercario.

Bercario

Após a incubação, as larvas serao transferidas para o bercario. Este que é um sector
constituído por um conjunto de tanques mantidos à temperatura constante de 20 OC e onde
a renovação de água é feita em circuito fechado, ocorrendo apenas uma renovação diária
de 10% do volume total dos tanques. Devido à grande sensibilidade das larvas neste
estágio de produção, a água passa por um processo de tratamento Bioquimicos antes de
entrar no circuito de producao. Nestes tanques, a permanência dos peixes sera de 30 dias
e a cada tanque ou conjunto de tanques corresponde um lote com as mesmas
características de tamanho e grau de desenvolvimento.

Alevinagem

Segue-se o estágio de crescimento dos peixes chamado de alevinagem. Nesta fase, os


peixes provenientes da bercario serao sujeitos a sucessivas triagens de forma a
homogeneizar o tamanho dos peixes em cada tanque durante um período de 55-60 dias.
Esta fase destina-se a retirar os peixes com anormalidades e a melhorar a qualidade dos
stocks. Os peixes que sobrevivem até ao final desta fase (aproximadamente 15%) ficam
disponíveis para a fase de engorda.

Produção de Alimento

As técnicas de produção de juvenis são indissociáveis das técnicas de produção de


alimento vivo, o que torna importante esclarecer algumas destas técnicas.

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Micro-Algas
As micro-algas são um tipo de alimento usado para a alimentação dos rotíferos e da
artémia. São armazenadas sob a forma de culturas de inóculo, enriquecidas com os
nutrientes típicos para vegetais, tais como azoto, fósforo, sais minerais e vitaminas.

Rotíferos
Os rotíferos (Brachionus plicatillis) são organismos aquáticos microscópicos utilizados
como primeiro alimento para larvas de peixes, servindo de alimento para a maternidade.

Artémia
A artémia (Branchipus stagnalis) faz parte da cadeia alimentar dos peixes nas fases de
maternidade e alevinagem. É um crustáceo branquiópode, que vive em tanques de salinas
ou em lagos com elevada salinidade. A artémia encontra-se armazenada sob a forma de
quistos desidratados. Quando se pretende utilizar a artémia procede-se à hidratação dos
quistos. Os quistos hidratam-se ao fim de 1 a 2 horas ficando com a forma esférica e após
um determinado período de tempo, quando o embrião está completamente desenvolvido,
o córion rompe-se e eclode o náuplio. Após a eclosão dos náuplios, estes são fornecidos
directamente às larvas ou então são previamente enriquecidos. Os náuplios também
podem ser produzidos para obter alimento de maiores dimensões, que são utilizadas na
alimentação de estados mais desenvolvidos das larvas de peixes.

Alimentação dos Animais e Produtos Utilizados

Para se fazer a engorda dos animais está prevista uma alimentação que terá como base o
consumo de alimento composto comercial (Ração). O alimento será fornecido
diariamente aos animais, utilizando a técnica de lanço manual. Apesar de ser fornecido
granulado, pretende-se que os animais complementem esta alimentação artificial com o
abundante alimento natural proveniente da coluna de agua do mar, o que permitirá uma
maior valorização do peixe, obtendo-se carne de maior qualidade, com características
organolépticas que se assemelham mais ao pescado de captura em ambiente natural. A
elaboração de um plano de administração de alimento irá permitir fazer uma taxa de
administração de alimento composto de acordo com o aumento da biomassa dos tanques.

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A utilização de cargas animais baixas faz com que os animais estejam menos susceptíveis
a doenças, não estando prevista a utilização preventiva de produtos químicos para
tratamento dos animais, o que evita fontes adicionais de poluição da água. Em caso de
aparecimento de surtos de doença, far-se-á a administração de medicamentos
preferencialmente sob a forma de pré-mistura medicamentosa, sempre sob indicação de
um Médico Veterinário.

Crescimento e Taxa de Sobrevivência ao Processo de Engorda

A taxa de sobrevivência ao processo de engorda para juvenis de 20g, de espécies


tropicais e subtropicais é de 90% da biomassa inicial. O ciclo de produção anual do
projecto tem como objectivo produzir indivíduos com um peso final a partir de 350g.

Renovação da Água

O produtor deve garantir uma correcta oxigenação da água, de forma a compensar o


consumo de oxigénio pela biomassa e remover os produtos de excreção. Para garantir
uma boa qualidade da água nos viveiros de produção, está prevista uma renovação diária
média de 50% de água. O sistema de renovação utilizará uma bomba de água que permite
um caudal de 500m3/hora, complementando a utilização das marés para encher os
tanques. A oxigenação da água é feita pela entrada de nova água e recorrendo a areadores
mecanicos, aproximadamente dois por tanque. O uso deste equipamento é ideal para os
tanques de terra, estes aparelhos permitem a dissolução de oxigénio na água através da
injecção de ar atmosférico que contém aproximadamente 21% de oxigénio. Considerando
as cargas animais utilizadas, este sistema é suficiente manter o nível de oxigénio dentro
dos limites correctos, à volta dos 5mg/L de OD. É importante referir que os níveis de CO 2
na água devem ser mantidos abaixo dos 20mg/L, uma vez que o excesso de CO 2 irá
libertar H+, que consequentemente ira elevar a acidez do pH.

Engorda
A opção é de fazer apenas a engorda de juvenis de 20g, prende-se com o facto da
mortalidade ser efectivamente mais reduzida e de permitir efectuar ciclos de cultura
anuais. Isto evita os custos de instalação de uma fase de pré-engorda e possibilita um

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retorno do investimento mais rápido e com menos riscos, o que compensa o facto de os
indivíduos de 20g serem mais ideias. Os juvenis com este tamanho são mais resistentes à
manipulação química e física da água e possuem um tamanho suficientemente grande
para se protegerem mais eficazmente dos predadores e não serem comidos por outros
peixes maiores que já se encontrem nos tanques (Martins, 2007).

O plano de produção da fase de engorda prevê que os peixes sejam primordialmente


adquiridos no ambiente natural, produzam ovos ferteis, de seguida passem pelo bercario e
colocados nos tanques de terra, onde lhes será fornecido o alimento. Está planeada a
instalação de um sistema automático de distribuição de alimento que permitirá uma boa
dispersão do alimento composto pela superfície aquática e, acima de tudo, economia de
tempo e de meios. Uma boa dispersão do alimento composto à superfície da água permite
uma flutuabilidade superior do alimento composto, dando ao peixe mais tempo para a
ingerir. Isto significa uma redução dos desperdícios em alimento não ingerido e da carga
de poluição. Deve, no entanto, realçar-se a importância de observar o peixe no período de
alimentação, pois permite detetar precocemente problemas no comportamento e saúde
destes animais.

Num ciclo de engorda típico, os juvenis serão introduzidos nos viveiros no início da
Primavera. Estes irão desenvolver-se nestes tanques até atingirem o tamanho adequado à
sua captura e posterior comercialização. A despesca dos peixes iniciar-se-á na após 6
meses e podendo decorrer duas campanhas de producao por ano, esta decisão dependerá
dos tamanhos comerciais pretendidos e da oferta de peixe de aquacultura no mercado.

Para se obterem tamanhos de 1Kg podem ser realizados ciclos de produção de dois anos.
Os inconvenientes deste ciclo tão prolongado são o alargamento do período de retorno
financeiro e o aumento do risco de perder a produção. De acordo com um estudo
realizado pela Universidade de Sterling, foi calculado que a realização de ciclos de dois
anos pode causar perdas económicas significativas, provocando nos peixes uma perda de
peso corporal de 15 a 20% depois da maturação e aumento do custo de produção em

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cerca de 0,65 USD/kg (42 mt/kg) devido a alimentação adicional e perdas de produção
(Universidade de Sterling, 2004). O principal risco de realizar culturas num período
superior a um ano está relacionado com a Síndrome da Doença de Inverno. Esta patologia
tem uma etiologia multifactorial que está relacionada com características próprias da
biologia desta espécie. Esta espécie atinge a maturidade após passar dois Invernos no
mar, surgindo esta doença geralmente no decorrer do segundo Inverno de produção, o
que pode estar correlacionado com a diminuição da temperatura da água. Apesar de não
existirem certezas relativamente à etiologia desta doença, os estudos indicam que a sua
etiologia é uma combinação de factores ambientais (água abaixo dos 18OC),
imunosupressão, desequilíbrios nutricionais e a presença de Pseudomonas
anguilliseptica. No período em que os peixes metabolizam as suas reservas para atingir a
maturidade, o uso de dietas com um nível baixo de proteínas, lípidos e vitaminas, em
animais que utilizam como principal fonte de energia as proteínas (ao contrario dos
mamíferos em que a principal fonte de energia são os carbo-hidratos) pode contribuir
para o aparecimento da doença.

Os peixes com 20g irão ser colocados nos tanques de terra numa proporção de 4/m2. A
taxa de mortalidade dos juvenis destas espécies à engorda é de 10%. A principal causa
destas perdas são os predadores, devendo ser destacado pela sua importância o corvo-
marinho (Phalocrocorax carbo) (Pousão-Ferreira, 1995).

Imagem de um predador de peixe carapau

Como já referido, devem ser tomadas medidas de dissuasão dos predadores como parte
do plano de biosegurança da exploração. Numa piscicultura de engorda, para além da
alimentação e da oxigenação da água, existe um conjunto de trabalhos de rotina que
devem ser realizados, orientados por técnicas próprias.

Monitorização da Qualidade da Água

A qualidade da água é um dos factores condicionantes do crescimento e da sobrevivência


dos animais aquáticos. Uma boa qualidade da água é essencial para a manutenção da
produtividade numa exploração de aquacultura. De modo a assegurar que não ocorram

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problemas com a produção, será realizado um controlo regular das características físico-
químicas da água. Serão executadas, rotineiramente, medições dos valores da
temperatura, salinidade, pH, e oxigénio dissolvido e também de nitritos, nitratos e
amónia, de modo a assegurar parâmetros favoráveis ao crescimento dos indivíduos
estabulados. Esta monitorização deve ser feita a montante e a jusante da piscicultura, os
pontos de amostragem (PA) serao assinalados por setas (Ramos, 2006).

Amostragem e biometria

A realização de amostragens ao longo do ciclo de produção é uma ferramenta eficaz para


controlar o crescimento dos organismos cultivados em cativeiro. Para este projecto está
programada a amostragem mensal dos tanques, o protocolo da amostragem é o seguinte:

(1) primeiro pesa-se um balde com um pouco de água e retira-se a tara da balança;

(2) utiliza-se um camaroeiro para apanhar um balde de peixes e mergulham-se os


indivíduos em anestésico;

(3) coloca-se o peixe no balde previamente pesado e pesa-se o balde com os peixes;

(4) aponta-se o resultado e libertam-se rapidamente os indivíduos um a um de modo a


efectuar a sua contagem;

(5) repetem-se três ou mais vezes os passos anteriores e faz-se a média e o desvio padrão
de todos os resultados.

A amostragem fornecer-nos-á informações sobre o crescimento dos juvenis. Este


procedimento deve ser feito o mais rapidamente possível e com o mínimo de
manipulação dos peixes, pois o stress que lhes é induzido pela captura e manuseamento
pode fazer com que deixem de se alimentar por um período de até 48 horas. Esta
operação também permite detectar o grau de dispersão de tamanhos dos peixes presentes
no tanque. Uma dispersão muito acentuada irá ter consequências para o crescimento dos

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peixes mais pequenos, uma vez que os peixes maiores irão interferir com a alimentação
dos mais pequenos. Quando este problema for detectado na exploração serão efectuadas
calibrações e proceder-se-á à transferência desses peixes para outros tanques de acordo
com o seu tamanho. Esta triagem também é útil para a detecção de peixes com
deformações (Christofilogiannis, 2000).

Qualidade do Peixe

Proceder-se-á à realização de análises ao peixe produzido, as quais permitem controlar a


qualidade do peixe produzido e cumprir as medidas de autocontrolo exigidas pelo
Decreto NO: 148/99, de 4 de Maio 2002, em que é exigido a pesquisa de resíduos de
certas substâncias nos animais e nas carnes frescas. Os parâmetros que devem ser
avaliados são o Arsénio (mg As/Kg mat. seca), o Cádmio (mg Cd/Kg mat. seca), o
Chumbo (mg Pb/Kg mat. seca), o Crómio (mg Cr/Kg mat. seca), o Estanho (mg Sn/Kg
mat. seca), o Mercúrio (mg Hg/Kg mat. seca) e o Zinco (mg Zn/Kg mat. seca) (Poxton,
2003). O esquema de autocontrolo que se pretende montar exige ainda a pesquisa de
bactérias, fungos e parasitas nos tecidos dos peixes. Estas análises serão realizadas
recorrendo a um laboratório externo (o volume de produção não justifica a instalação de
um laboratório na exploração). Os valores de referência destas análises estão contidos no
Regulamento 221/2002, de 6 de Fevereiro. Embora para estas duas espécies nunca
tenham sido detectadas, no nosso país, doenças de declaração obrigatória, prevê-se a
realização de análises periódicas para estas doenças, como parte de um plano de
monitorização.

Despesca e abate do Peixe

Antes de se proceder à despesca, os animais devem passar por um período de jejum de


pelo menos 24 horas, o que irá reduzir as fontes de contaminação do pescado após o
abate. Este trabalho será realizado por um mínimo de três pessoas através de redes de

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pesca tradicionais, e rapidamente, de forma a evitar a perda de qualidade do produto


final. O stress induzido nos animais antes do abate provoca uma diminuição das reservas
energéticas (ATP) e um aumento do ácido láctico no músculo do peixe, resultando numa
diminuição póst-mortem do pH dos tecidos. Assim, um animal que se debata antes de
morrer irá dar origem a um produto final com uma consistência mole (Giuffrida, Pennisi,
Ziino, Fortino, Valvo, Marino & Panebianco, 2007).

Os peixes são retirados de dentro de água com o auxílio de redes de pesca e são
rapidamente transportados para o interior de contentores com água e gelo. Neste método
de abate, o peixe irá morrer em água gelada. À semelhança do que acontece com animais
terrestres, a técnica de abate deve resultar numa perda de consciência rápida e
irreversível, reduzindo ao mínimo o sofrimento dos animais. Adicionalmente, deve
evitar-se sobrecarregar os contentores, uma vez que o peso do peixe acaba,
invariavelmente, por esmagar o peixe que está em baixo, provocando uma perda de
qualidade do produto final.

Processamento e Embalagem

A embalagem do pescado será feita num local da exploração denominado Sala de


Embalagem, para onde o peixe é transportado após a captura. Esta zona deve possuir um
código de boas práticas e respeitar todas as normas de higiene para a indústria alimentar.
Uma vez que não se pretende investir numa máquina de produção de gelo, este será
adquirido no exterior. O protocolo previsto para este projecto prevê a separação do peixe
em lotes de 300/400g, 400/500g, 800/1000g e 1000/1200g. Após a pesagem, o peixe é
colocado em caixas de esferovite de 15 unidades. Deve ser disposta uma pequena
quantidade de gelo directamente sobre o peixe para este não perder a humidade. Coloca-
se assim uma folha de papel vegetal e cobre-se toda a caixa com gelo, o que evita as
queimaduras de gelo no produto quando chega ao cliente. Em seguida, as caixas são
rapidamente carregadas na carrinha frigorífica e enviadas aos clientes

Vazio sanitário (desinfeção do viveiro e calagem)

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Entre cada ciclo de produção, os tanques de engorda serão esvaziados e o sedimento que
compõe o fundo, retirado e seco ao sol. Este procedimento tem como objectivo eliminar
os predadores que possam ter entrado nos tanques (caranguejos e tainhas) e quebrar o
ciclo de transmissão de possíveis parasitas e doenças, através da radiação solar e da
privação de água. Sera utilizada cal viva sobre o sedimento para garantir a eficácia deste
procedimento. No entanto, esta prática não é livre de consequências ambientais. Só se
deve proceder ao repovoamento dos tanques com juvenis depois deste sedimento estar
bem seco.

Tratamento dos Efluentes

Numa indústria dependente de boas condições ambientais, é essencial que os efluentes da


piscicultura não venham a constituir um problema ambiental. O processo de tratamento
primário dos efluentes baseia-se na construção de um tanque de decantação. A matéria
orgânica em suspensão na água, proveniente dos tanques de cultura, será aqui retida antes
da libertação dos efluentes no mar. Esta técnica, juntamente com a baixa carga de
produção prevista, garantirá que os níveis de poluição gerados por esta piscicultura serão
relativamente baixos. Para o assegurar, devem ser realizadas amostragens dos efluentes
da exploração tendo em vista a análise de parâmetros como: temperatura, oxigénio
dissolvido, pH, sólidos suspensos totais, fósforo total, nitritos, compostos fenólicos,
hidrocarbonetos, amoníaco não ionizado, azoto amoniacal, cloro residual disponível total,
zinco total, cobre solúvel. A periodicidade desta amostragem deverá estar de acordo com
o estipulado no Decreto No 45 de 31 de dezembro de 2015.

Matérias-primas e Recursos Necessários à Fase de Exploração

Uma fase muito importante na elaboração de um projecto de aquacultura é a listagem das


matérias-primas e dos recursos que irão ser utilizados na fase de exploração da
piscicultura. Para o presente projecto, os principais elementos desta listagem são os

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indivíduos reprodutores, o alimento composto, a água potável para as instalações, a água


para os tanques de cultura, a electricidade e a mão-de-obra que fará a exploração
funcionar.

O elemento inicial e mais importante do processo produtivo são os reprodutores. De


forma a peoduzirem óvos ferteis que possam chegar ao número de juvenis necessários
para atingir a produção prevista, realizaram-se os seguintes cálculos:

Producao total (kg)/Peso unitário (kg) X Taxa de sobrevivência (%) = número de


espécimes

200 000 (kg) / 0.35 (kg) X 90% = +/- 514 285 Juvenis

Para chegar a um número relativo à quantidade de alimento composto que é necessário


fornecer a estes juvenis durante um ciclo anual de produção, efectuaram-se os seguintes
cálculos:

Producao total (kg)/índice de conversão = racao necessária

Índice de conversão para peixes tropicais é de 1,8 kcal/kg/PB

200 000 kg/1,8 = 111 111 kg (racao)

Meios Humanos

O último recurso necessário à produção é a mão-de-obra. Esta unidade de piscicultura irá


exigir um número de trabalhadores compatível com a sua actividade. Quando estiver em
pleno funcionamento, a piscicultura deverá criar 9 postos de trabalho, que serão ocupados
por trabalhadores da região de Vilankulo, onde a unidade será instalada. Assim, o quadro
da empresa será composto por 9 trabalhadores, onde 8 serão operário e 1
administrador/promotor. Este número de funcionários permite que a piscicultura possa
funcionar durante 24 horas, como é exigido num estabelecimento deste género. Para além
da segurança das instalações, as funções exigidas aos trabalhadores serão o controlo dos
parâmetros físico-químicos, já atrás referidos, inclusivamente durante o período nocturno,

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uma vez que é neste período que são atingidos os valores mais baixos de oxigénio
dissolvido, podendo tornar-se perigoso para a produção. A mão-de-obra também será
necessária para a amostragem, pesca, embalagem, entre outras actividades. Será dada aos
trabalhadores formação específica relacionada com a indústria de aquacultura e com a
higiene dos produtos alimentares. As questões relacionadas com os custos de produção
serão tratadas mais adiante, no capítulo referente à análise financeira.

PLANO DE EXPLORAÇÃO

Infra-estruturas e Layout (planta) da Exploração

O primeiro aspecto a ser considerado em um plano de instalação de uma piscicultura são


as condicionantes legais. Já anteriormente havia sido mencionado que o empreendimento
sera instalado na zona de interligação com o mar que anteriormente eram represas
destinadas a producao de sal, o que condiciona a escolha do sistema de produção da
exploração. Em termos da construção de infra-estruturas, existem inúmeras limitações
impostas pelas entidades responsáveis pelo licenciamento da instalação. É condicionada a
construção de edifícios muito próximos da linha de água e também são limitadas
legalmente, por motivos de impacto paisagístico, as áreas dos edifícios de apoio das
pisciculturas e a instalação de algumas medidas de biosegurança, como é o caso das redes
de prevenção de predadores. Devido a este facto, foram reaproveitadas as estruturas já
existentes na propriedade, tais como um armazém de 90 m 2 e uma casa de apoio que
serão reconvertidas para as instalações da piscicultura. Esta reconversão tem a vantagem
de limitar os custos de instalação e de facilitar o licenciamento.

Assim sendo, prevê-se para a unidade de piscicultura de engorda as seguintes


infraestruturas:

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o Zona de acesso à exploração com estacionamento para viaturas, permitindo a aplicação


de medidas de desinfecção aos veículos que entram na exploração;
o Armazém de 90m2, que destinar-se-á a guardar os diferentes equipamentos, bem como o
alimento a utilizar na unidade de engorda, e onde, depois de dividido conforme a planta,
funcionará igualmente uma unidade de processamento e embalagem;
o Um reservatório de água, onde estará a comporta de admissão e que permite a
bombagem de água para os tanques de cultura em diferentes situações de maré, através
da instalação de uma bomba de água que permite um caudal de 500m 3/hora. Este
reservatório permite que a água, vinda directamente do estuário, passe por uma fase de
deposição dos sedimentos que possa trazer, antes de entrar nos tanques de cultura, e
tornando ao mesmo tempo possível uma melhor distribuição de água, funcionando como
reservatório de emergência;
o 25 tanques de terra para cultura do peixe, com uma área 1 hectare e com 1.5 metros de
profundidade maxima e 0,80 metros de profundidade minima;
o Um tanque de sedimentação, utilizado no tratamento de toda a água proveniente dos
tanques de cultura, antes desta ser libertada no meio ambiente;
o Conjunto de canais de distribuição de água;
o 54 pequenas comportas de água, permitindo regular o fluxo de água nos tanques de
cultura;
o Unidade com um gerador para situações de emergência;
o Edifício de apoio, no qual funcionarão simultaneamente os sanitários e os vestiários e
área de descontaminação para os empregados, um escritório e uma cozinha de serviço.

Tendo em conta que o elevado custo do terreno é um dos factores produtivos mais
onerosos, torna-se importante definir um layout da exploração, de modo a reduzir ao
mínimo possível as áreas não produtivas da exploração (Pousão, Cancela & Machado,
1995). O modelo mais correcto a aplicar numa piscicultura de engorda em sistema semi-
intensivo encontra-se apresentado na Figura abaixo.

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Neste modelo estão patentes algumas das características desejáveis na construção de


tanques de terra, tais como uma perda de área produtiva mínima, canais de distribuição de
água o mais curtos possível e o facto de a água que sai de um tanque não voltar a circular
noutros tanques. Esta última medida é essencial para evitar que eventuais doenças que
apareçam num tanque não se alastrem a outro. A opção por tanques de terra para este
projecto de aquacultura ficando-se a dever à disponibilidade de salinas e ao facto de, em
Moçambique, a linha costeira não ser a ideal para a instalação de jaulas marinhas. Se a
compartimentação for adequada como previsto, esta exploração de regime de produção
semi-intensivo terá tanques rectangulares providos de comportas nos lados menores e
com uma área de 1 hectare. Os tanques devem ser preferencialmente construídos com o
lado menor no sentido dos ventos dominantes, o que serve para evitar a formação de
correntes na coluna de água, dentro dos tanques de cultura (Pousão, Cancela & Machado,
1995).

Apesar da diminuição das áreas não produtivas serem uma prioridade, deve-se planear
uma zona de protecção à volta da exploração, a chamada buffer zone (Pillay & Kutty,
2005). Esta zona permitirá instalar medidas de protecção contra predadores, construir
valas que impeçam a água doce vinda das chuvas de entrar nos tanques de cultura e

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plantar árvores ou arbustos como medida de diminuição do impacto paisagístico da


exploração. Levando em conta todas estas informações, juntamente com as
condicionantes do local, foi desenvolvida a planta da exploração.

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Equipamento e Materiais de Construção

O equipamento a ser adquirido para esta unidade pode ser dividido em equipamento
utilizado para a pesca, equipamento utilizado para a monitorização das condições de
cultura (Figura abaixo), equipamento utilizado para a alimentação dos animais,
equipamento de protecção pessoal dos trabalhadores e equipamento utilizado para o
abastecimento hídrico.

O equipamento a ser instalado na piscicultura encontra-se especificado no capítulo


relativo ao estudo de viabilidade económica. Essa listagem de equipamento foi feita após
a análise dos possíveis fornecedores e do custo de instalação desse equipamento.

Planos de Construção

Após a planificação de todos os aspectos relativos à instalação da piscicultura, serão


contactados os fornecedores do equipamento e um construtor civil e discutidos todos os
aspectos relativos à obra.

Para a instalação da unidade de piscicultura estará prevista a realização das seguintes


obras:

o Remodelação das estruturas de apoio à piscicultura (armazém e casa de apoio);

o Divisão das piscinas de salinicultura em vinte e cinco tanques de cultura, um


tanque de admissão de água e um tanque de sedimentação;

o Construção de uma comporta de admissão de água, de 54 comportas pequenas de


comunicação entre os tanques e de uma comporta de saída de água para o
estuário.

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A comporta de admissão de água à exploração será construída de modo a permitir a


entrada de água à medida que a maré sobe e a impedir a saída de água do tanque de
abastecimento quando a maré desce. A comporta de saída de água do tanque de
decantação para o ambiente é semelhante à primeira, mas, está construída de modo
inverso. Permite a saída de água para o estuário durante a maré baixa e impede a sua
entrada para o tanque de decantação na maré alta.

Análise do mercado (estudo dos concorrentes, fornecedores e entre outros)

O mercado nacional e a cidade de Vilankulo não apresenta nenhuma empresa que produz
e processa esta espécie de peixe, razão pela qual não há existência de concorrência a nivel
distrital, provincial e nacional, criando assim uma vantagem para o negócio, sendo este
uma grande iniciativa para a redução da actividade pesqueira no ambiente natural,
aumentando o desenvolvimento sustentável da cidade. O distrito apresenta pequenos
processadores de peixe que serão os prováveis compradores.

Quanto aos fornecedores de matéria-prima, a nivel da cidade e não muito longe da


localização da empresa, estão localizadas empresas como a Ocean source que será a
principal fornecedora de farinha de ostras para suplementação, também se encontra no
nosso alcance a empresa Higest que sera a fornecedora de ração para os diferentes
estágios de crescimento do pescado.

Oportunidades e Ameaças para a Indústria da Aquacultura

De acordo com informações recolhidas junto de entidades ligadas ao sector (INIP, 2003),
podem considerar-se como principais potencialidades ou oportunidades para o
desenvolvimento de projectos de aquacultura em Mocambique, as seguintes condições:

o Grande apetência da população para o consumo de peixe;

o Diminuição dos recursos de pesca;

o Forte procura;

o Condições naturais que permitam boas taxas de crescimento das espécies produzidas;

o Tecnologia de produção disponível;

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o Grande disponibilidade de juvenis para engorda;

o Apoio político nacional para o desenvolvimento da aquacultura;

o Existência de incentivos ao investimento (ajudas públicas);

o Existência de rações comerciais e desenvolvimento nutricional das mesmas;

o Possibilidade de certificação dos produtos aquícolas;

o Diversificação do produto por incorporação de valor acrescentado;

o Fraco aproveitamento das zonas com aptidão para a aquacultura;

o Grande disponibilidade de salinas desactivadas;

o Possibilidade de introduzir novas espécies com potencial comercial.

Estas conclusões foram obtidas após a análise das características demográficas,


económicas, legais, políticas, tecnológicas e culturais, com implicações no sector da
Aquacultura. Relativamente às principais dificuldades para o sucesso deste projecto,
devem ser considerados como dados relevantes os seguintes estrangulamentos/ameaças:

o Forte concorrência de outros países que partilham a costa do oceano índico;

o Necessidade de revisão da legislação ambiental e de licenciamento da aquacultura;

o Medidas insuficientes de controlo da qualidade da água a montante das pisciculturas;

o Ausência de certificação de zonas livres de doenças;

o Falta de informação de conhecimentos técnicos ;

o Articulação deficiente entre a oferta e a procura;

o Conflitos entre a política ambiental e as zonas com aptidão aquícola;

o Pouca divulgação dos conhecimentos desenvolvidos na investigação aplicada;

o Conflitos de interesses com outros utilizadores no uso de água e de espaço;

o Funcionamento deficiente das estações de tratamento de água e de esgotos urbanos;

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o Custos de produção elevados;

o Má imagem do peixe de aquacultura.

Plano de marketing

O sucesso das empresas no mercado reside no acompanhamento das mudanças


tecnológicas, políticas, sociais e demográficas, sendo que este acompanhamento deve
estar associado a uma adaptação contínua. No plano de marketing o profissional
estabelece um plano de acção onde serão mensurados e estabelecidos todos os objectivos
mercadológicos, para se alcancem os objectivos desejados. O objectivo deste plano é
definir os seguintes elementos:

o Quais os produtos a oferecer e quais as suas características;

o Estratégia de divulgação e promoção da empresa;

o Estratégias para lidar com as dificuldades do mercado;

o Qual o preço a que esses produtos irão ser comercializados;

o Meios de distribuição dos produtos.

Produtos Oferecidos e as suas Características


Através do estudo de mercado foram definidas as preferências dos consumidores no peixe
de aquacultura. Assim, procurar-se-à oferecer aos consumidores peixe com um elevado
grau de frescura e qualidade, livre de deformações e de lesões. Estas metas serão
atingidas através de boas práticas nas fases de embalagem e refrigeração do peixe e pela
triagem e amostragem regular ao longo de todo o ciclo produtivo. A prevenção do
aparecimento de lesões no produto final basear-se-à nos cuidados com a técnica de abate
e com uma manipulação correcta do pescado. Uma das características mais importantes
na apetência dos consumidores pelo peixe de aquacultura é a semelhança em coloração e
sabor ao peixe capturado no mar. Este objectivo será conseguido fazendo uso das baixas

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cargas animais, praticando boas condições de maneio e fornecendo uma alimentação


artificial que é complementada por alimento natural.
Quando se considerou as várias maneiras de apresentar o produto ao comprador,
exploraram-se, essencialmente, duas possibilidades. A primeira foi a embalagem
tradicional em paletes de esferovite de cerca de 10 kg com tamanhos variados semelhante
ao peixe importado da namibia e angola. A segunda hipótese considerada foi o
acondicionamento em embalagens similares a que se colocam as refeições em
lanchonetes (take-away). A prior, considerou-se vantagioso este último tipo de
embalagem, pois irá permitir uma melhor identificação do produtor, pelo consumidor,
permitindo ser usado como meio de divulgação da empresa. Este sistema permite um
melhor acondicionamento do peixe e fornece-lhe uma maior protecção. Além disso, hoje
em dia, é possível aplicar nesta embalagem uma atmosfera modificada (MAP),
permitindo alargar o tempo de vida do produto.
As desvantagens deste tipo de apresentação são o facto de os consumidores ainda não
estarem habituados a ver o peixe embalado deste modo, podendo olhar com desconfiança
para o produto, passando a ideia que o pescado é “menos natural”. Por outro lado, este
tipo de embalagem implica um investimento significativo no equipamento de embalagem
e um aumento nos custos de produção, o que não será rentável para os volumes de
produção considerados para este projecto.
Os principais alvos deste tipo de embalagens são as grandes cadeias de retalho (Talhos e
Supermercados)

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Definição dos Preços a Praticar


Entrar no mercado com um volume de produção correcto e definindo um preço certo é
um factor chave para o sucesso de um projecto comercial em aquacultura. Tendo em
conta os preços praticados pela concorrência e os custos de produção foram definidos os
preços base do peixe produzido do seguinte modo:
Principal produto:
Peixe carapau mocamicano (Decapterus russelli)
Preço no mercado informal:
o 200mt/kg
Custo de produção: 0000$/kg
Preço de venda:
o Antes do processamento: 250mt/kg
o Após o processamento: 300mt/kg
Nota: haverá um aumento gradual de 10% nos preços de venda a partir do 3º ano.

7.5.5 Meios de Distribuição do Produto


Uma empresa de aquacultura terá necessariamente de tomar decisões sobre o modo de
distribuir o seu produto ao consumidor.
Relativamente, para a distribuição da produção optou-se pelo seguinte:
O peixe será capturado de acordo com o volume de encomendas.
A pesca será realizada no dia da venda e assim que for capturado
O peixe será embalado e seguirá directamente para o comprador.
A distribuição será feita numa carrinha frigorífica, garantindo deste modo as melhores
condições de frescura no momento em que o peixe chega ao local de venda.

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A produção será essencialmente para venda na região, e os clientes alvo serão os


restaurantes, as peixarias locais, supermercadosee alguns particulares. Quando houver
oportunidade, o peixe será vendido para as grandes cidades. Procura-se assim, aproveitar
o potencial turístico da região de Vilankulo para a venda e marketing do pescado, como
tal o peixe será vendido como peixe de aquacultura proveniente de Vilankulo.
No mercado nacional, as margens de lucro da cadeia de distribuição variam entre 30% a
50% para os vendedores de retalho tradicionais (peixarias) e 15 a 20% para os
supermercados. Os intermediários e os vendedores finais do peixe estão geralmente numa
posição privilegiada para obterem a maior parte do lucro da venda do peixe (Mitha,
Omar; 2007). Como tal, para aumentar o lucro como produtor, serão evitados os agentes
intermediários e tentar vender directamente ao vendedor final ou directamente ao
consumidor final.

Estratégia promocional
A empresa fará uso do marketing no e-commerce, que tornará mais fácil a venda dos bens
ou serviços.
A empresa investirá na criação do site onde contará com serviços oferecidos, valores,
perfil dos profissionais, telefone para contacto e endereço, e possibilidade de solicitar
orçamentos. Outros meios utilizados pela empresa serão:
Uso de panfletos e banners e poster: que serão colados em lugares específicos e
estratégicos e publicitados em meios de comunicação eletronicos;
Redes sociais: como meio de divulgação do produto produzido, contando com uma
página nas redes sociais como Facebook, Twitter, Instagram, e Whatsapp, sendo fontes
eficazes de comunicação, onde o consumidor final tem a oportunidade de conferir
postagens diariamente dos serviços oferecidos, fotos e pacotes promocionais para os
seguidores da Fan Page, interagindo por meio de opiniões e sugestões;
Entrevistas e anúncios na rádio e televisão.
Contractos
A empresa, realizará varias actividades de processamento de ração, portanto, para uma
boa gestão do projecto far-se-ão parcerias e assinaturas de contractos que irão sustentar
algumas das necessidades ao decorrer das actividades, como o caso da Ocean Source que

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fornecerá a farinha de ostra, a Higest que fornecera a racao e suplementos, a EDM que
por sua vez fornecerá energia eléctrica para a empresa e a TMcel, agência telefónica que
fornecerá telefones fixos e internet para a empresa.

Plano de investimento

Itens Ano (0)


1. Conversão da salina 493.500,00 Mzn

2. Infraestruturas: água, energia, vias de acesso 688. 432.5 Mzn

3. Material de carga e de transporte 2 750 821,29 Mzn

4. Construção civil 8. 600 000,00 Mzn

5. Máquinas e equipamentos 1.333.424,42 Mzn

6. Equipamentos administrativos 606.916,3 Mzn

7. Matéria-prima de produção de ração 7 185 937,5 Mzn

8. Investimento em ativo fixo corpóreo 21. 659.032, 1 Mzn

9. Investimento em ativo incorpóreo 231.000,00 Mzn

10. Investimento em ativo fixo 21.890.032,1 Mzn

11. Investimento técnico 21.890.032,1 Mzn

12. Despesa total de investimento 21.890.032,1 Mzn

Total 21.890.032,1 Mzn

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Infraestruturas

Itens Quantidade Unidade Preço Valor total + (5%)


Água - - 100.000,00 Mzn 105.000,00 Mzn

Energia - - 480.000,00 Mzn 504.000,00 Mzn

Via de acesso - - 75.650,00 Mzn 79.432,05 Mzn

Total - - - 688. 432.05 Mzn

Material de carga e transporte


Itens Quantidade Unidade Preço unitário Valor total
+(5%)

Cimento 550 Sacos 50 kg 430,00 Mzn 248.325,00 Mzn

128 Varões 12 mm 412,00 Mzn 55 372,8 Mzn

279 10 mm 295,00 Mzn 86 420,25 Mzn


Varões: 379 8 mm 195,00 Mzn 77 600,25 Mzn

468 6 mm 110,00 Mzn 54 054,00 Mzn

26 Roscados de 6 300,00 Mzn 8 190,00 Mzn


mm

Arreia:

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Grossa 10 Carradas 1 m3 1000,00 Mzn 10 500,00 Mzn

Fina 9 Carradas 1 m3 1000,00 Mzn 9 450,00 Mzn

Vermelha 25 Carradas 1 m3 800,00 Mzn 21 000,00 Mzn

Blocos: 5500 Blocos 200 mm 38,00 Mzn 219 450,00 Mzn

1300 Blocos 100 mm 22,00 Mzn 30 030,00 Mzn

Pedra:

Fina 35 Carradas 1 m3 1 800,00 Mzn 66 150,00 Mzn

Grossa 25 Carradas 1 m3 2 450,00 Mzn 64 312,5 Mzn

Arrame 80 Kg 1 Kg 120,00 Mzn 10 080,00 Mzn

Chapas:
IBR (6 mm) 150 m3 1 m3 650,00 Mzn 102 375,00 Mzn

Pregos normais 80 Kg 1 Kg 120,00 Mzn 10 080,00 Mzn

Prego de chapa 20 Kg 1 Kg 150,00 Mzn 3 150,00 Mzn

Tabuas para 20 Tabuas 3m 1200,00 Mzn 25 200,00 Mzn


cofragem

Portas:

Normais 5 Portas 0,90x2,10 22 500,00 Mzn 118 125,00 Mzn

De garagem 1 Porta 7,00x4,00 m 47 300,00 Mz 49 665,00 Mzn

Janelas 10 Janelas 4,00x0,5 m 12 800,00 Mzn 134 400,00 Mzn


2 Janelas 1,80x1,10 m 16 500,00 Mzn 34 650,00 Mzn
Porcas 500 Porcas 12 mm 50,00 Mzn 26 250,00 Mzn
hexagonais
Camião 1 18000 Ton 840 000,00 Mzn 840 000,00 Mzn
Outros - - - 315 000,00 Mzn

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Total - - - 2 750 821,29 Mzn

Máquinas e equipamentos
Itens Quantidade Unidade Preço unitário Valor total + (5%)

Transportadores e 1 - 58.002,00 Mzn 60 902,1 Mzn


elevadores

Silos (arm. Ração) 1 - 89. 596,5 Mzn 94 076,325 Mzn

Contentor 1 100 pés 328.000,00 Mzn 344.400,00 Mzn

Areadores mecânicos 1 - 205.000,00 Mzn 215.250,00 Mzn


Máquina prod. de gelo 1 - 92.000,00 Mzn 96.600,00 Mzn
Gerador de força 1 - 348. 500,00 Mzn 365.925,00 Mzn
Balanças 1 - 4. 100,00 Mzn 4.305,00 Mzn
Bomba de água eletrónica 1 - 123.000,00 Mzn 129.150,00 Mzn
Oxímetro 1 - 21.730,00 Mzn 22.816,5 Mzn
Total 10 - 4.496.024,01 Mzn 1.333.424,425 Mzn

Matéria-prima para produção


Itens Unidade Preço unitário Valor total anual+ (5%)
Reprodutores 200 500,00 Mzn 1 341 375,00 Mzn
Carro alugado em Leasing 50kg 600,00 Mzn 2 069 550,00 Mzn
Tanque de O2 dissolvido 3 894 250,00 Mzn 2 682 750,00 Mzn
Óleo de cravo (anestesico) 20l 1100,00 Mzn 843 150,00 Mzn
Moringa (suplemento) - - -
Farinha de ostra 50kg 650,00 Mzn 249 112,5 Mzn
Total - - 7 185 937,5 Mt

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Plano de Exploração
Ano 1º 2º 3º 4º 5º

Descrição
1. Receita 40 880 000 40 880 000 44 968 000 49 464 800 54 411 280

2. Custo 13 764 000 13 764 000 14 990 400 16 339 440 17 823 384
total
2.1. Cu 1 500 000 1 500 000 1 500 000 1 500 000 1 500 000
sto fixo
2.2. Cu 12 264 000 12 264 000 13 490 400 14 839 440 16 323 384
sto
variável
3. RAIJAR 27 116 000 27 116 000 29 977 600 33 125 360 36 587 896

4. AR 1 350 855, 59 1 417 526, 82 1 279 985, 76 1 142 444, 69 1 009 102, 24

5. RAIJ 25 765 144, 41 25 698 473, 18 28 697 614, 24 31 982 915,31 35 578 793,76

6. J 2 570 100 2 056 080 1 542 060 1 028 040 514 020

7. RAI 23 195 044, 41 23 642 393, 18 27 155 554, 24 30 954 875, 31 35 064 773, 76

8. I 7 422 414, 21 7 565 565, 82 8 689 777, 36 9 905 560, 09 11 220 727, 6

9. RL 15 772 630, 2 16 076 827, 36 18 465 776, 88 21 049 315, 22 23 844 046, 16

10. CashFlow 19 693 585, 79 19 550 434, 18 21 287 822, 64 23 219 799, 91 25 367 168, 4

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CONCLUSÃO

Analisando os indicadores de viabilidade do projecto, constata-se que o projecto é viável,


pois, o Payback simples é de 1,11anos e o Payback descontado é de 1,49; o VAL
calculado é maior que zero (VAL 0) correspondente a (VAL=35 099 623, 38), o TIR é
maior que a taxa de actualização (VAL> 25%) , sendo TIR=89,2% e o IRP é maior que
um (IRP> 1) que corresponde a IRP =160,3%.

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Referencias

Bertin, L. e RP Dollfus. – 1948. Revisão das espécies do gênero Decapterus (Téleostéens


Scomeriformes). Mém. Mus. natn.

Bianchi (eds.), Folhas de identificação de espécies para fins de pesca e aquacultura. Oceano
Índico Ocidental (área de pesca 51). FAO, Nações Unidas, Roma.

Sala de processamento

5000/hr

Quantidade x preço

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