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Terreno para construção de tanques e viveiros de piscicultura

Na escolha do terreno para construção de tanques e viveiros de piscicultura, levamos em


consideração suas características químicas, isto é, sua composição química, e físicas,
compreendendo sua natureza e forma.

a) Características químicas do terreno

Conforme referimos antes, é do solo que a água retira os minerais necessários a produtividade
primária, isto é, a alimentação do fitoplâncton, das macrófitas aquáticas e das bactérias
fotossintéticas. Portanto, a riqueza das águas dos viveiros depende dos minerais presentes nos
solos onde eles estão assentados.

As águas que escorrem em campos e savanas são melhores do que as de floresta. No entanto, as
primeiras podem ter bastante argila em suspensão, ou seja, serem turvas.

Na análise dos solos torna-se necessário conhecer: pH; dureza; alcalinidade e teores de
nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, sódio, magnésio, enxofre, ferro e alumínio. Estes dois
últimos quando em doses elevadas inviabilizam o uso de um solo para a construção de viveiros
de piscicultura.

b) Características físicas do terreno

Textura; profundidade e estrutura do solo

Um dos fatores importantes a considerar é a textura dos solos. Os argilosos são os mais
indicados, em virtude do elevado grau de impermeabilidade e de serem ricos em minerais, quase
sempre. Os arenosos não se prestam para viveiros, pois são pobres e não retêm água; neles
podem ser construídos tanques. Solos sílico - argilosos, isto é, formados por areias contendo
cerca de 25% de argila, podem ser utilizados, contudo necessitam receber camada (s)
compactada (s) de piçarra (terra argilosa), a fim de reterem água. Os pedregosos também não
podem ser utilizados para construção de viveiros.
Outro fator a considerar é a profundidade do solo, pois as vezes torna-se necessário escavar os
viveiros em terreno natural, alcançando-se profundidades de 2,00 m ou pouco mais.

A estrutura do solo também deve ser considerada, podendo acontecer que, além de ser raso, ele
apresente, próximo a superfície, rochas com fraturas. Isto provoca enormes perdas de água por
percolação, mesmo sendo os viveiros elevados sobre o terreno.

Para se estudar textura, profundidade e estrutura de um solo, escava-se uma trincheira (buraco)
no mesmo ou usa-se um trado pedológico, instrumento que funciona como saca - rolha, retirando
as diversas camadas do solo.

Forma, relevo ou topografia

A topografia do terreno é um dos principais fatores a considerar na escolha do local para


construção de tanques ou viveiros de piscicultura.

Ela indica:

(1°) Se é possível construir tanques e viveiros;

(2°) Tipo de viveiro (barragem ou derivação);

(3°) Superfície dos viveiros;

(4°) Forma dos viveiros;

(5°) Profundidade dos viveiros e

(6°) Número de viveiros a construir. Isto porque nos viveiros de derivação há que se levar água a
uma altura tal que eles possam ser abastecidos e esvaziados por gravidade, qualquer que seja o
nível da água no dreno natural. Nos de barragem não se deve construir diques muito compridos
nem muito altos.

Na prática observa-se os declives ao longo do curso de água, corre no fundo de um vale, e o


perfil tansversal deste.
Terrenos com forte declive ao longo do curso de água e forte declive transversal do vale não se
prestam para construção de viveiros. Os de derivação ficam impossibilitados de serem
construídos e os de barragem necessitariam de diques muito altos, para formar pequenas bacias
de acumulação. Quando, porém, o declive transversal do vale é fraco, torna o terreno ideal para
construção de viveiros de derivação, pois eles são facilmente abastecidos e esvaziados por
gravidade. Nestas condições os de barragem não podem ser construídos, pois necessitariam de
diques muito cumpridos, ficando os viveiros geralmente rasos.

Quando o terreno apresenta fraco declive ao longo do curso de água e forte declive transversal do
vale, desde que não muito pronunciado, poderão ser construídos viveiros de barragem, ficando
impossibilitados os de derivação. Contudo, quando o declive transversal do vale também é fraco,
não se pode construir viveiros de barragem e tão-somente os de derivação. No entanto, estes
ficam, quase sempre, caros, pois podem necessitar de longos canais de abastecimento, em virtude
da captação de água ser feita na parte mais alta do curso d'água. Quase sempre os canais
caminham sobre atorros. A não ser que se faça bombeamento d'água, o que envolve gastos com
bombas e energia elétrica ou combustíveis.

Para melhor se projetar tanques e viveiros, há que se fazer o levantamento plani-altimétrico do


terreno, em curvas de níveis de 0,50 em 0,50 m ou de 1,00 em 1,00 m, desenhando a respectiva
planta nas escalas de 1:500 ou de 1:1.000. Nela devem constar cercas, edificações, estradas,
linhas de transmissão de energia e, principalmente, as fontes fornecedoras de água para tanques e
viveiros (rios, riachos, açudes, represas, poços etc.), com cotas dos coroamentos das barragens,
soleiras de sangradouros, espelho d'água, fundo dos reservatórios, mananciais etc. Isto para que
se possa planejar os sistemas de captação de água e de esvaziamento dos tanques e viveiros.

De posse desse levantamento, projeta-se os viveiros, definindo-se o tipo deles (derivação ou


barragem), conforme a topografia do terreno; o número, forma, dimensões, profundidade e cotas
de chegada de água e do ponto de esvaziamento dos mesmos. Tanto quanto possível, deve-se
evitar bombeamentos de água.

8.1.2.2 Partes constituintes dos tanques e viveiros e suas construções


Características gerais de um tanque ou viveiro

Forma

Um tanque de piscicultura pode ter formato circular, como os de preparação para desova, que
apresentam movimentos circulatórios da água, fazendo com que os peixes se movimentem contra
a correnteza, imitando o que ocorre na natureza. Eles hoje são raros e tendem a ficar em desuso.
Comumente, os tanques são quadrados (os pequenos e médios) ou retangulares (os maiores).

Um viveiro para a criação de peixes pode ter forma quadrática, normalmente quando sua área é
inferior a 2.500 m2, ou retangular, no caso em que sua área é maior do que 2.500 m2. Isto porque
viveiro muito largo exige redes maiores para a despesca e, consequentemene, maior número de
pessoas para arrastá-la durante esta operação.

Lembra-se que se deve escolher a forma de maneira a reduzir ao mínimo o perímetro do viveiro
e, consequentemente, os volumes e custos das escavações. O quadro a seguir mostra que os
perímetros dos viveiros aumentam a medida que crescem as diferenças entre largura e
comprimento deles:

Para um viveiro de 1 ha (10.000 m2)

Formas Dimensões (m) Perímetro dos


Largura Comprimento Viveiros
Circular Diametro 112.85 354,45
(circunferência)
Quadrada 100 100 400
Rectangular 80 125 410
Rectangular 60 167 454
Rectangular 40 250 580
Rectangular 20 500 1.040
O que se afirmou antes só é válido para os viveiros de derivação, pois os de barragem
apresentom formas impostas pela topografia do terreno da bacia de captação.

Dimensões

A área de um tanque ou viveiro é a superfície do espelho de água. A do primeiro dificilmente


ultrapassa a 100,00 m2, quando usado para alevinagem ou engorda; o de larva tem-na em torno
de 3,00 m2.

As áreas dos viveiros variam segundo suas finalidades: 200 a 5.000 m2 para os de alevinagem e
os de reprodutores; de 0,04 a 40 ha ou mais para os de engorda. Muito embora o mais comum é
estes últimos possuirem áreas entre 0,5 a 4,0 ha, pois quando muito grandes acarretam o
seguinte: (a) dificuldade na comercialização, em virtude da produção de elevada tonelagem de
pescado de uma só vez acarretando grande oferta de produto altamente perecível; (b) em caso de
depleção na taxa de oxigênio ou qualquer outro problema na água dos viveiros, fica
impossibilitada sua rápida renovação dado o grande volume; e (c) construção cara dos viveiros.

Lembra-se que quando a forma do tanque ou viveiro permanece constante, quadruplica-se sua
superfície quando se duplica seu perímetro. Por exemplo, um tanque quadrado de 100 m2 tem
perímetro de 40 m. Duplicando-se este, isto é, elevando-se para 80 m, a área do tanque passa a
ser de 400 m2 (20 × 20 m).

Do exposto antes, vê-se que, na prática, não é aconselhável construir-se tanques e viveiros
demasiados pequenos ou grandes.

Quase sempre os viveiros de barragem apresentam maiores áreas do que os de derivação.

Profundidade

A profundidade de um tanque ou viveiro de piscicultura refere-se a sua lâmina de água. No


primeiro a máxima dificilmente ultrapassa a 1,10 m e a mínima é superior a 0,60. A média fica
entre 0,80 a 1,00 m.
Quanto ao viveiro, profundidades acima de 3,00 m são inaceitáveis, pois dificilmente a luz
penetra além deste valor nas águas dos viveiros, o que acarreta diminuição ou cessação da
produção orgânica. Além disto, quanto mais profundos os viveiros, mais se tornam caros. Deste
modo, recomenda-se profundidades máximas variando de 1,20 a 1,80 m, dependendo da
superfície, de finalidade do viveiro e da topografia do terreno. Quanto a profundidade minima,
sugere-se, para nossa região, valores entre 0,80 a 1,10 m. Viveiros muito rasos facilitam a
invasão de vegetais neles, tais como gramíneas e ciperáceas. Normalmente, as profundidades
médias dos viveiros variam de 1,00 a 1,40 m. Os de barragem tendem a ser mais profundos do
que os de derivação.

Cotas do cano de abastecimento, do nível da água no viveiro e do cano de esvaziamento.

Para o viveiro de barragem estas cotas são determinadas pela topografia do terreno.

Conforme dito antes, o viveiro de derivação deve ser cheio e esvaziado no menor espaço de
tempo, e, se possível, por gravidade. Para isto, é necessário: (1o) que a cota do espelho máximo
de água no viveiro esteja 0,30 m, no mínimo, abaixo da cota do fundo do canal ou do ponto onde
sai o cano de abastecimento e(2o) que a cota do cano de esvaziamento, posicionado no ponto
mais profundo do viveiro, esteja acima da cota do nível máximo da água no dreno que pode ser
um riacho, rio, canal escavado etc., para que o mesmo se esgote por gravidade. O ideal é que a
diferença entre estas duas cotas seja de, no mínimo, 1,00 m, a fim de permitir o uso de caixas de
despesca.

Caso a profundidade máxima do viveiro seja de 1,60 m e ele apresente uma altura de 1,00 m
entre a saída do cano de esgotamento e o fundo do dreno, tem-se que a diferença de nível entre
este último ponto e o fundo do canal será de 2,90 m, considerando-se que a altura do espelho de
água do viveiro e o fundo do canal de abastecimento é de 0,30 m, necessária para que os peixes
não galguem este cano e saiam do viveiro através do canal.

8.1.2.2.2 Viveiro de barragem


Conforme referido antes, é formado pelo erguimento de pequena barragem ou dique no fundo de
um vale, interceptando pequeno curso de água. Suas partes constituintes com as respectivas
técnicas de construção vão a seguir descritas. A sequência apresentada deve ser obedecida.

8.1.2.2.2.1 Levantamento plani-altimétrico

Feito nos moldes anteriormente referidos, devendo abranger os locais pré-escolhidos para as
futuras barragens e bacia hidráulica.

8.1.2.2.2.2 Projeto do(s) viveiro(s)

Deve abranger estudos da barragem (localização, fundação, altura, inclinação dos taludes,
larguras da saia e do coroamento e volume do maciço); do sistema de esvaziamento e de
renovação de água do sangradouro (quando necessário); do piso (regularização e declividade); da
profundidade da água; da área da bacia hidráulica e do volume de acumulação. Devem ser
levados em conta, ainda, estradas de acesso, vedação da área, eletrificação e edificações, no caso
de grandes instalações.

No estudo da fundação coloca-se piquetes (pequenos pedaços de madeira com uma extremidade
em ponta) no caminhamento do que poderá ser o futuro eixo da barragem, os quais são
espaçados, normalmente, de 10 em 10 m. Para que o piquete fique bem visível, finca-se junto ao
mesmo uma estaca (pedaço de madeira com cerca de 0,40 m de comprimento e com uma
extremidade em ponta). Cava-se, no local de cada piquete, um buraco até que se encontre a rocha
ou outro material impermeável (terra argilosa ou piçarra). Estabelece-se escalas vertical e
horizontal e marca-se em papel milimetrado o caminhamento supracitado e as profundidades
encontradas em cada furo. Deste modo, estabelece-se, no papel, duas linhas: a superior,
correspondente ao nível atual do terreno, e a inferior, correspondente as profundidades de
escavação da fundação da barragem. Assim, calcula-se os volumes de terra a cavar e para
enchimento da fundação.
8.1.2.2.2.3 Desmatamento e destocamento da área

Deve abranger os locais da barragem e do sangradouro e a bacia hidráulica, todas as raízes,


troncos e galhos serão removidos. As operações de desmatamento e de destocamento podem ser
manuais ou mecânicas.

8.1.2.2.2.4 Barragem ou dique

A barragem compõe-se de:

a. Fundação - a barragem não se sustenta sobre a lama, terra vegetal, areia (que permite a
infiltração de água) e outros materiais permeáveis. Daí surge a fundação, formada pela
escavação e retirada desses materiais, compreendendo toda extensão da barragem e na
largura de sua saia, até que se encontre material impermeável. Quando o terreno tem
certo grau de firmeza, a fundação pode se restringir a uma vala central ou no pé da saia,
parte de montante. A largura dela pode corresponder a 1/3 da da saia.

A fundação deve ser cheia com terra argilosa (piçarra), compactada em camadas de até
0,15 em 0,15 m, se a compactação for manual, e de até0,30 em 0,30 m, se mecânica.

b. Saia - A barragem tem forma trapezoidal e a saia corresponde a base maior (inferior) do
trapézio, cuja largura depende da altura, da largura do coroamento e da inclinação dos
taludes. Quanto maior os dois primeiros e mais inclinados os taludes mais large será a
saia e, consequentemente, mais caro o viveiro. A saia fica assente sobre a fundação, desta
cheia.
c. Altura - Normalmente a barragem do viveiro é baixa. Quando ele apresenta 1,80 m de
lámina máxima de água, aquela tem 2,50 m de altura, ficando uma revenche de 0,70 m
(diferença entre o espelho máximo de água e o coroamento). Rarissimamente o dique
alcanća 4,00 m de altura.
d. Inclinação dos taludes - Depende do material usado na construção da barragem e do grau
de compactação da mesma. Normalmente o de montante é menos inclinado (2:1 a 3:1), os
de jusantes apresentam inclinações variando de 1,5:1 a 2:1.
Largura e coroamento - se se pretende a passagem de veículos deve ser de 5,00 m, no mínimo,
caso contrário, poderá ser de 1,00 a 3,00 m

Após a marcação, limpeza do terreno e a escavação e enchimento da fundação, inicia-se o


erguimento da barragem propriamente dita. Utiliza-se terra argilos (piçarra) se possível de
primeira qualidade, isto é, que apre- sente bom grau de compactação. Isto pode ser verificado
num laboratório de solo. O local onde se retira a piçarra é chamado de jazida ou empréimo,
sendo aquela escavada, transportada para a barragem em construção, umedecide, espathada e
compactada. Antes de se colocar a primeira camada, o solo que a vai receber deve ser aguado, a
fim de permitir boa aderência entre os materiais. Deste modo, a medida em que se coloca
camadas sucessivas de piçarra compactada, nos moldes descritos para o enchimento da fundação,
elas vão se estreitando, no sentido do coroamento do dique, dando, assim, a inclinação dos
taludes. As larguras das camadas sucessivas podem ser marcadas com estacas ou acompanhadas
por um topógrafo.

Concluído o erguimento da barragem, faz-se o seu taludamento ou regularização dos taludes, de


modo que eles fiquem com as inclinações desejadas. Neste momento, to da terra solta que
repousa sobre eles é retirada.

Lembra-se que quando a barragem atingir a cota do fundo do viveiro, no ponto de esvaziamento,
coloca-se o cano de esgotamento, que pode ser manilhas de concreto ou de barro, cimento-
amianto, plástico (PVC) rigido ou de ferro. Os melhores são as manilhas, as quais devem ser
bem unidades com argamassa de cimento e areia, e os canos de cimento-amianto. Os tubos
plásticos podem sofrer danos com o peso da barragem e os de ferro são caros, além de ficarem
sujeitos a oxidação. Seja qual for o material utilizado, o cano precisa repousar sobre base de
concreto simples, com 5 a 10 cm de espessura, e ser bem fixado com bases ou anéis de alvenaria
ou de concreto, a fim de que não se desloguem e causem infiltrações de água através da
barragem. Esta éatravessada, em sua saia, pela tubulação de esgotamento do viveiro, que deverá
ter declividade de 1% no sentido de jusante. Para calcular seu diâmetro utiliza-se a fórmula

na qual:
Q = vazão (m3s),

r = raio da tubulação,

g = aceleração da gravidade (9,81 m/s2), e

h = altura (m) da lâmina de água na boca do tubo.

Conhecendo-se a vazão requerida (Q) e a altura da água (h), calcula-se r, cujo dobro é o diâmetro
buscado. Q é calculado dividindo-se o volume de água do viveiro em m3 pelo tempo em que se
pretende secá-lo, em segundo.

Como sugestão pode-se usar os seguintes diâmetros: 0,10 m para viveiros até 400 m2; 0,15 m
para viveiros entre 400 a 1.000 m2; 0,20 m para viveiros entre 1.000 a 2.500 m2; 0,25 m para
viveiros entre 2.500 a 5.00 m2; 0,30 para viveiros entre 5.000 e 10.000 m2 e 0,40 m para viveiros
com áreas acima de 10.000 m2.

8.1.2.2.2.5 Sistema de esvaziamento e de renovação da água

Os principais sistemas de esvaziamento utilizados são:

a. Cano vedado com rolha ou dotado de registro - Utilizado nos pequenos viveiors,
consistindo em se vedar, na parte de montante, o cano de esgotamento com rolha de
madeira ou de borracha. Quando se quer renovar a água do viveiro ou seu total
esvaziamento, retira-se a rolha e coloca-se tela na boca do cano, para que os peixes não
saiam. Nesta operação, o piscicultor tem que mergulhar, daí a precariedade deste sistema,
pois a cada chuva ou enchurrada no riacho pode ficar comprometida a segurança do
viveiro, se ele não tiver sangradouro. lsto torna este sistema de esvaziamento mais usado
nos pequenos viveiros de derivação. Melhores resultados são obtidos colocando-se um
registro na parte de jusante do cano de esgotamento e tela em sua extremidade de
montante. Caso se necessite renovar, secar o viveiro ou dar escoamento ao excesso de
água que chega no mesmo, abre-se o registro.
b. Cano/cotovelo - Este sistema consiste em se enroscar na extremidade de montante ou de
jusante do cano de esgotamento um cotovelo de mesmo diâmetro e material, e na sua
extremidade livre um cano móvel, também do mesmo material e diâmetro, cuja altura é
igual a profundidade máxima projetada para a água do viveiro. Quando o cano móvel está
na vertical, em relação ao piso do viveiro, este pode permanecer em seu nível máximo de
repleção; a medida que se inclina o cano, graças ao cotovelo, o viveiro vai esvaziando até
que quando aquele fica na horizontal, este último seca completamente. Na extremidade
livre do cano móvel coloca-se tela, a fim de evitar a saída dos peixes. Quando ele fica à
jusante da barragem, a tela fica na extremidade oposta do cano de esvaziamento. Este
sistema é utilizado nos pequenos e médios viveiros de barragem (volume até 5.000 m 3 de
água).
c. Monge - O monge é uma estrutura em forma de U, com abertura voltada para o interior
do viveiro, construída na extremidade de montante do cano de esgotamento. Ele pode ser
construído em concreto armado, alvenaria de tijolo ou de pedra ou em madeira. Em
qualquer caso, deve ficar assente sobre base de concreto simples, com 7 a 10 cm de
espessura, se o solo não for bastante sólido.

O monge apresenta o dorso, de onde sai o cano de esgotamento, parte voltada para fora
do viveiro, e duas asas laterais, cada uma da qual apresenta duas filas de ranhuras com
0,04 m de largura e 0,04 m de profundidade, espaçadas de 0,10 a 0,15 m uma da outra.
Nelas põem-se tábuas, com 0,15 m de largura e comprimento tal que se ajuste entre duas
ranhuras frontais, e entre as duas filas coloca-se serragem de madeira ou argila para
vedação. Sobre a última tábua, que fica 0,15 a 0,20 m abaixo do cimo do monge, coloca-
se a grade telada, para renovação da água e saída do excedente da mesma. A altura do
monge é igual a do coroamento do dique e o comprimento das asas e largura do dorso
dependem do volume de água do viveiro. BARD et al. (1974), recomendam o seguinte:

Monge para pequenos 1,50


- Altura
viveiros m

0,57
Largura
m

Comprimento das 0,44


asas m

0,12
Espessura
m

Monge para viveiros 2,00


- Altura
médios m

0,70
Largura
m

Comprimento das 0,54


asas m

0,15
Espessura
m

Quanto a espessura das paredes do monge, depende do material de que é confeccionado.


Os de tijolo têm-na com 0,15 m (parede simples) ou 0,30 m (parede dupla), dependendo
da altura dele; nos de concreto as paredes têm 0,07 a 0,10 m de espessura; os de pedra
0,15 a 0,30 m de espessura e os de madeira 0,025 m.

Nos grandes viveiros de barragem o monge por si só, as vezes, não dá escoamento ao
excedente de água que nele chega, havendo necessidade de um sangradouro.

Existe variações nos tipos de monges utilizados, no entanto, o que aqui descrevemos é o
modelo mais utilizado.

d. Comporta com ou sem galeria-Dispositivo pouco usado hoje, em virtude dos altos custos
e de estarem sujeitos a oxidação. A comporta pode ser instalada entre duas paredes de
alvenaria, geralmente de tijolo, posicionadas na parte mais profunda do viveiro, juntas da
barragem e tendo por trás o cano de esgotamento, ou na parede anterior de uma galeria.
As paredes contêm ranhuras onde se encaixa uma grade telada destinada a impedir a
saída dos peixes.
A galeria é uma pequena edificação vertical, construída em alvenaria de tijolo, rejuntada
com argamassa de cimento/areia, sobre terreno sólido ou base de concreto simples. De
sua parte dorsal sai o cano de esgotamento e na anterior posiciona-se a comporta ou
adulfa e a janela com grade telada em ranhuras, as quais permitem a saída da água de
renovação ou excedente e a permanência dos peixes no viveiro. A altura da galeria é a
mesma do coroamento da barragem, ficando ela coberta com placa de concreto, dotado
de janela com tampa removível, para inspeção. As vezes a placa de concreto comunica-se
com a crista da barragem através da passarela de madeira ou concreto.

A galeria somente é utilizada nos grandes viveiros de barragem, pois é uma estrutura muito cara.

8.1.2.2.2.6 Piso do viveiro

Deve ser regularizado, sem depressões ou morros, e todo com declive fraco em direção ao cano
de esgotamento. A regularização pode ser feita manualmente ou mecanicamente (auxílio de
patrol ou trator). É preciso, pois, que o viveiro seque completamente.

8.1.2.2.2.7 Sangradouro

O sangradouro ou vertedouro visa dar vazão ao excedente de água que chega ao viveiro de
barragem. Nor malmente ele é construído em uma das ombreiras do dique. Constitui-se numa
escavação do terreno até a cota desejada para o máximo espelho de água no viveiro. Suas
ombreiras são cortadas em taludes inclinados ou verticais, sendo neste caso protegidas por muros
de alvenaria de pedra ou de tijolo contra a erosão. Sua soleira também pode ser protegida com
revestimento de concreto ou alvenaria, caso contrário, deve ter pouca inclinação de montante
para jusante.

O sangradouro deve ser suficiente largo para que a lâmina máxima da água que nele passe seja
menor possível, dificultando ou impedindo, assim, a saída dos peixes. Com este objetivo, pode-
se, também, nele colocar telas de arame, náilon ou outro material. Contudo, nestas se concentram
ramos, folhas e detritos diversos que podem lhes causar vedação e subida da água na barragem,
comprometendo sua segurança. Para amenizar este problema, a tela pode formar um vértice para
o interior do viveiro, de modo que os detritos se concentrem em seus cantos, podendo serem
removidos daí facilmente.

Como medida de segurança, pode-se dar ao sangradouro a largura do riacho barrado, com
alguma folga. Contudo, melhor é dar-lhe uma vazão tal que escoe todo o excedente de água, a
qual é calculada com base no volume deste líquido que passa, num dado momento, no local da
barragem.

8.1.2.2.3 Viveiro de derivação

Conforme dito antes, é formado por escavações do terreno natural ou elevação parcial ou total de
diques sobre aquele, sendo dotado de sistemas de abastecimento e de esvaziamento, de maneira
que seja abastecido e esgotado no menor espaço de tempo possível.

A sequência e técnicas de construção de um viveiro de derivação, bem como suas partes


constituintes, são vistas a seguir.

8.1.2.2.3.1 Levantamento plani-altimétrico da área

Feito nos moldes anteriormente descritos, devendo o mesmo ficar circunscrito numa poligonal
no interior da qual fique toda a área destinada ao projeto do(s) viveiro(s) e das edificações, se
houverem.

8.1.2.2.3.2 Elaboração do projeto

Nele devem constar as seguintes plantas: levantamento plani-altimétrico da área; baixa (situação)
dos viveiros e de outras instalações, contendo contorno da área, estradas de circulação interna,
edificações, arborização etc; de detalhes dos viveiros e outras instalações, com cortes; dos
sistemas de abastecimento e de drenagem; além de outras que se fizerem necessárias.

Para elaboração do projeto dos viveiros ueve-se levar em conta as indicações de forma,
superfície, profundidade etc., sugeridas antes.
8.1.2.2.3.3 Desmatamento e destocamento da área

Deve ser realizado nos moldes descritos para os viveiros de barragem. Na área dos viveiros as
raízes das grandes árvores, devem ser arrancadas até a profundidade de pelo menos 1,00 m,a fim
de se evitar futuras infiltrações de água através delas.

8.1.2.2.3.4 Marcação dos viveiros

De posse das plantas baixa e dos viveiros, uma turma de topografia, munida de teodolito, balisas,
estacas, piquetes e trena, procede a marcação dos viveiros e de outras instalações.

Caso não se disponha de topógrafos com aqueles instrumentos, pode-se fazer a marcação
utilizando esquadro, linha náilon, balisas, piquetes, estacas e trena. Com o esquadro e a linha
mede-se ângulos retos. Com a trena as distâncias. As balisas são usadas nos alinhamentos, sendo
necessárias três para as visadas. Piquetes e estacas utilizam-se para marcar os bordos dos
viveiros e outros alinhamentos, como canais, drenos etc.

8.1.2.2.3.5 Escavação do viveiro

Pode ser manual, utilizando-se picaretas, chibancas, pás, enxadas, alavancas, carrinhos de mão
etc., ou mecânica, com o uso de trator de esteira, pá-mecânica, caçambas, “motor-scraper” etc.

No que se refere a escavação, lembra-se que os viveiros podem ser totalmente escavados ou
parcial ou totalmente elevados no terreno. No caso dos parcialmente elevados, parte da terra
escavada pode ser usada na construção dos diques.

Após marcado o viveiro, escava-se uma vala central, cuja largura e comprimento são iguais às do
piso dele e as profundidades iguais as determinadas para o viveiro. Toda a terra escavada é
retirada.

Pronta a vala, faz-se, então, o taludamento ou regularização dos taludes, operação realizada,
quase sempre, manualmente, usando-se picaretas, pás, enxadas e carrinhos de mão, consistindo
em se dar a inclinação desejada aos mesmos. Nos internos de 2:1 a 3:1 e nos externos, se
houverem, 1,5:1 a 2:1.
Quando se torna necessária a impermeabilização do viveiro com piçarra, escava-se a mais pisos e
taludes, numa profundidade correspondente a altura da camada compactada de piçarra que
aqueles vão receber.

8.1.2.2.3.6 Impermeabilização do viveiro

Quando o terreno escolhido para a construção do viveiro apresenta certo grau de permeabilidade,
há que se fazer a impermeabilização do piso e taludes do mesmo, usando-se, para isto, piçarra
compactada, manual ou mecanicamente, como descrito na construção das barragens.
Dependendo do solo ser mais ou menos permeável, a camada de piçarra compactada varia de
0,15 a 0,30 m.

8.1.2.2.3.7 Construção dos diques ou barragens

A constituição e a construção dos diques dos viveiros de derivação são idênticas às descritas para
os viveiros de barragem. Contudo, a fundação se restringe a retirada da terra vegetal, lama e areia
solta, não necessitando de escavações até o material totalmente impermeável. Conforme dito
antes, parte da terra de escavação do viveiro pode ser usada no erguimento dos diques,
contribuindo para diminuir os custos daquele, pois, quando isto não ocorrer, há que se trazer terra
de fora, aumentando os gastos de transporte. Se o material local não for muito bom (contiver
muita areia, por exemplo), pode-se revestir os diques com piçarra, como referido no item
anterior.

Pode acontecer que os diques separem viveiros contíguos. Neste caso a inclinação de seus
taludes deve ser de 2:1 a 3:1, dependendo da qualidade do material usado e do seu grau de
compactação. Os taludes externos podem ter inclinação de 1,5 a 2:1.

A largura do coroamento do dique varia de 1,00 a 5,00 m conforme se deseje ou não a passagem
de veículos. As vezes, quando se projeta uma bateria de viveiros contíguos, a cada 3 a 5 deles,
dependendo de suas larguras, deixa-se o coroamento com largura maior (4,00 a 5,00 m), para
passagem de viaturas, ficando os demais com 1,00 a 2,00 m. Isto é necessário para transporte e
adubos, alimentos e dos próprios peixes. Também sobre os diques poderão passar canais e/ou
drenos.
8.1.2.2.3.8 Piso do viveiro

Deve ser bem regularizado, livre de depressões ou elevações, e todo com declividade entre 0,5 a
1,0%, para médios e grandes viveíros, e entre 1 a 2%, para os pquenos, em direção ao sistema de
esvaziamento (cano de esgotamento), onde se reúnem os peixes durante a secagem daqueles. Por
isto, é preciso que os viveiros sequem total e lentamente.

Nos locais onde foram arrancadas grandes árvores, o piso deve ser reconstruído com piçarra
compactada.

8.1.2.2.3.9 Caixa de coleta

Viveiros de reprodutores e alevinagem podem ter caixa de coleta. Esta se constitui num
rebaixamento de 0,30 a 0,40m do piso do viveiro, em sua parte anterior (mais profunda), de tal
modo que dela parta o cano de esgotamento daquele, para cuja extremidade todo o piso da caixa
deve a presentar declividade de 2%.

A caixa é construída em alvenaria simples de tijolo, revestida com argamassa de cimento e areia.
Sua largura é em torno de 2,00 m e seu comprimento pode alcançar ou não toda largura do
viveiro.

O sistema de esgotamento (cano, cano/cotovelo, monge etc.), posiciona-se dentro ou no bordo da


caixa de coleta. Nesta os peixes (alevinos ou reprodutores) são capturados na água limpa e sem
turbidez.

8.1.2.2.3.10 Sistema de abastecimento

Visa levar água da fonte (rio, riacho, açude, lago, nascente, canal, poço etc.) até o viveiro.
Compõe-se de três partes:

Tomada de água da fonte para o canal- Varia segundo a fonte fornecedora de água. No caso
de nascente ou riacho pode-se usar:
a. Cano de ferro, plástico (PVC) ou cimento-amianto, vedado com rolha, ligando o curso de
água ao canal. As vezes aquele precisa ter seu nível elevado. Usa-se, para isto, pequenos
anteparos feitos com estacas de madeira colocadas transversalmente ao riacho, amarradas
com arame, cordas ou cabos de náilon, ou pequena barragem de concreto ou alvenaria de
pedra. Lembra-se que o cano de ferro é caro e está sujeito a oxidação.
b. Comporta imersa - Consiste em duas paredes frontais de alvenaria de tijolo ou pedra,
revestidas com argamassa de cimento/areia, providas de ranhuras onde se encaixa uma
comporta de madeira que controla a saída da água. Por isto, é que as paredes são erguidas
na margem do curso de água.

Quando a fonte de água é um rio ou poço, emprega-se, normalmente, o bombeamento, usando-se


motorbomba ou eletrobomba, cuja vazão deve ser a requerida pelo(s) viveiro(s).

Na tomada de água de um canal utiliza-se, além dos dispositivos referidos para os riachos,
comporta, constituída de prancha de metal e varão, ou registro. Este é bastante caro.

No caso de açude pode-se empregar:

a. Cano vedado com rolha ou dotado de registro para controle da saída da água. Pode ser de
ferro (caro e sujeito a oxidação), cimento-amianto, plástico (PVC) rígido (que não
suporta grandes pesos) ou manilhas de barro ou de concreto armado e atravessa a
barragem do açude de montante à jusante.
b. Cano com galeria - Constitui-se no mesmo sistema descrito para esvaziamento do viveiro
de barragem.
c. Sifão - Constituído por canos plásticos (PVC) rígido, cimento-amianto ou ferro em forma
de três ramais, um horizontal que atravessa a barragem do açude, a uma profundidade
máxima de 2,00 m do coroamento, e dois descendentes, um no talude de montante, até
uma profundidade de 6,00 m na água, e um de jusante, que desemboca no canal. O sifão
apresenta, ainda a válvula, na extremidade do cano de montante, a escorva, na parte
superior do cano horizontal, e o registro, próximo a extremidade do cano de jusante.
A escorva é uma abertura, fechada com tampão, destinada a encher o sifão com água; a
válvula é usada para mentê-lo cheio de água, quando não estiver operando, e o registro
para controle de vazão da água.

O diâmetro dos canos depende da vazão desejada.

d. Bombeamento.

Canal de abastecimento - Visa conduzir a água da fonte até o(s) viveiro(s), chegando a mesma
a uma altura tal que aquele(s) seque(m) por gravidade, seja qual for o nível da água no dreno
natural (riacho, rio etc.).

O canal seguirá sempre uma curva de nível e caso seja necessária queda acentuada do mesmo,
ela deve se processar em trecho revestido com alvenaria de tijolo ou pedra ou em concreto,
devendo o mesmo constar no projeto dos viveiros.

A marcação do canal deve ser feita por topógrafo e auxiliares. No seu caminhamento são
necessárias sondagens, a fim de se verificar a ocorrência de rochas.

O canal pode ser:

a. De terra - É o mais barato, sendo, contudo, de pequena vida útil e de manutenção


cara, pois está sujeito a constantes desmoronamentos, assoreamentos e rompimentos.
Além do mais, podem causar turbidez na água que chega aos viveiros, em virtude da
erosão dos taludes e piso do canal. Por isto, a declividade de seu piso deve ser de 0 a
0,5% o (0,5 cm em 10 m) e a velocidade máxima da ável de 0,15 m/s.

O canal de terra tem formato trapezoidal, a presentando piso, taludes internos e externos e
passeio (parte superior). Após marcação no terreno, inicia-se sua construção cavando-se,
manual ou mecanicamente, uma vala cuja largura é igual a do piso e cuja profundidade é
a mesma do canal. Após isto, faz-se o taludamento, nos moldes descritos para a
construção do viveiro. Os taludes internos têm inclinações variando de 2:1 a 3:1,
conforme a qualidade do material local, ou se os taludes são revestidos. As vezes o canal
precisa atravessar áreas baixas (depressões), o que tem de ser feito sobre aterro. Neste
caso, é conveniente usar piçarra compactada, ficando os taludes externos com inclinação
de 1,5:1. No local de saída do canal, dependendo do sistema de tomada de água, pode ter
pequena caixa de alvenaria de tijolo, revestida com argamassa de cimento/areia,
destinada a amortecer a velocidade da água. Suas dimensões podem ser de
1,00×1,00×0,80 m.

Para dimensionar o canal usa-se a fórmula de MANNING

a. em que: Q = vazão em m3s; n=coeficiente de rugosidade (0,025 nos canais de terra); A =


área molhada (largura) do piso × altura máxima da água) em m 2; R = raio hidráulico (R =
A/P, em que A = área molhada, em m2, e P = perímetro molhado, em m); e i =
declividade do piso em m/m. O perímetro molhado é igual a 2 × altura máxima da água +
largura do piso. Cohecendo-se Q (vazão desejada), n e i, estipula-se a largura do piso e a
lâmina de água do canal, obtendo-se, assim, A e R.
b. De alvenaria - que pode ser de tijolo ou de pedra; em ambos os casos revestida com
argamassa de cimento/areia. Normalmente, as paredes são simples (0,15 m de epsessura).
Em virtude de ser revestido o canal de alvenaria tem piso com declividade de até 1%o (1
cm em 10 m) e água com velocidade de até 1 m/s. Ele pode ter forma trapezoidal (taludes
com inclinações de 1:1), contudo, normalmente apresenta forma retangular (paredes
verticais).

Na construção do canal de alvenaria escava-se uma vala no terreno, após sua marcação,
cuja largura é igual a que se deseja para o canal mais duas vezes a espessura da alvenaria
do piso. Isto quando as paredes são verticais. No caso em que elas são inclinadas, após a
escavação da vala faz-se o taludamento e, em seguida, o revestimento com a alvenaria.

Para o cálculo deste canal, emprega-se também a fórmula de MANNING, sendo que n
varia de 0,017 a 0,02, conforme as paredes apresentem menor ou maior rugosidade. Ele é
mais caro do que o de terra, contudo, tem vida útil muito maior e exige menores gastos
com manutenção.
c. De concreto armado - É o canal mais caro, porém o de maior duração e que apresenta
menores gastos com manutenção. Sua forma é retangular (paredes verticais), piso com
inclinação de até 1%o e velocidade da água máxima de 1 m/s.

O canal pode ser formado por peças de concreto pré-moldados ou ser concretado no
local, após escavação de uma vala cuja largura é a do piso + 2 vezes a espessura do
concreto, que varia de 0,05 a 0,10 m, e cuja profundidade é a do canal + espessura do
concreto no piso. Neste último caso, após colocação das formas de madeira, contendo a
armação de ferro, na vala enche-se a mesma com o concreto (cimento, brita e areia), traço
1:3:7, vibrando-o intensamente, para melhor distribuição do concreto em seu interior. Há
necessidade de se colocar juntas de dilatação, em intervalos regulares. As mais usadas
são as de borracha. Retiradas as formas de madeira, o canal está pronto.

A fórmula de MANNING é também empregada para cálculo deste canal, sendo n =


0,013.

d. Tubulado ou fechado - Formado por tubulações de plástico (PVC) rígido, cimento-


amianto ou por manilhas de barro ou de concreto. Sua declividade dificilmente ultrapassa
a 1%o e eles são normalmente enterrados, ao contrário dos demais que correm sobre o
terreno.

O cálculo do canal tubulado é feito usando-se a fórmula de Hafén-Willians, que é a seguinte:

em que: I = declividade do canal em m/m; Q = vazão em m3/s; D = diâmetro da tubulação em m


e K = constante, variando com a rugosidade do material do tubo (no concreto K = 0,00129).

Qualquer que seja o canal ele pode apresentar:

a. Queda de nível - quando se deseja passar de uma curva de nível superior para uma
inferior. O trecho em queda deve ser revestido em alvenaria, para que não haja erosão.
b. Caixas de decantação e de distribuição da água - São caixas de alvenaria de tijolo, com
profundidades e dimensões variáveis destinadas a decantação de materiais sólidos que
vêm na água do canal e/ou permitir a saída da água para os tanques e viveiros. Elas
apresentam paredes simples e seus lajões ficam abaixo do piso do canal. Delas partem,
portanto, as tubulações para abastecimento de tanques e viveiros. Na saída destas, podem
ser colocadas telas para impedir passagens de peixes. Normalmente isto é feito numa
pequena reentrância da caixa.
c. Sifão invertido - Quando o canal atravessa estrada não pode caminhar na superfície do
terreno e sim deve ser enterrado, usando-se, para isto, duas caixas de alvenaria de tijolo e
tubulações, ou seja, o sifão invertido, que funciona como sistema de vasos comunicantes.
d. Filtro - Pequena construção em alvenaria simples de tijolo, revestida com argamassa de
cimento/areia, dotada de dois ou três compartimentos, contendo seixos rolados ou brita
números 1 ou 2, nos quais passa a água para abastecimento de tanques e viveiros, ficando
retidos peixes alienígenos, nas diversas fases de desenvolvimento. As vezes o filtroé
formado por um simples alargamento do canal, tipo caixa, contendo em seu interior
compartimentos com 0,30 a 0,50 m de largura cheios com seixos rolados ou brita 1 ou 2.

Tomada de água do canal para o viveiro - Formada por tubulação de plástico (PVC) rígido,
cimento amianto ou manilha de barro. Esta última pouco usada. O tubo parte diretamente de uma
reentrância do canal ou, mais comumente, de uma caixa de distribuição, devendo regularizar a
entrada de água no viveiro e impedir a circulação dos peixes antre este e o canal. Por isto, sua
extremidade livre deve ficar 0,30 m acima do nível máximo da água no viveiro.

O cano é colocado a nível, ficando perpendicular ao canal, sendo sua vazão regulada com rolha
ou comporta de madeira (esta correndo em duas ranhuras) ou com registro (geralmente caro). As
vezes na saída dele na caixa ou da reentrância do canal existe duas filas de ranhuras, uma para a
comporta e outra para a grade de madeira telada, destinada a reter peixes alienígenos. Com este
objetivo pode-se colocar, também, na extremidade livre do cano de abastecimento tela
milimetrada de náilon ou arame ou, ainda, uma caixa de proteção (armação de madeira e fundo
de tela milimetrada), que se encaixa no cano. Tanto a tela quanto a caixa devem ser limpas pelos
menos umas duas vezes por dia. Nesta operação fecha-se a entrada da água no viveiro.
8.1.2.2.3.11 Sistema de esvaziamento ou drenagem e de renovação de água

Utiliza-se os mesmos descritos para o viveiro de barragem, com exceção da galeria. Os mais
usados são cano/cotovelo e o monge. Este sistema fica no interior ou na borda da caixa de coleta,
quando o viveiro a possui, e na extremidade de montante do cano de esgotamento, o qual se
posiciona na parte mais profunda do viveiro. A extremidade de jusante desse cano termina no
dreno, que pode ser natural (baixada, riacho, rio, lagoa, açude etc.) ou artificial (escavado no
terreno ou tubulado). É bom que ela termine 1,00 m acima do nível máximo da água no dreno a
fim de permitir o uso de uma caixa de despesca. Esta se constitui numa armação de madeira ou
de alvenaria simples de tijolo, conforme seja móvel ou fixa, contendo tela de naílon ou arame no
fundo e/ou nos lados, por onde sai a água, ficando os peixes em seu interior, de onde são
facilmente retirados com puçà.

O dreno artificial pode ser aberto ou fechado (tubulado). No primeiro caso ele pode ser
simplesmente escavado no terreno natural, com taludes 2:1 a 2,5:1, ou revestidos em alvenaria de
tijolo ou pedra ou, ainda, com lajotas de concreto. Há necessidade de juntas de dilatação, quase
sempre. A declividade do piso deve ter, no máximo, 1%. Nos de terra menor. A inclinação dos
taludes do dreno revestido deve ser de 1:1. Todos apresentam, pois, forma trapezoidal.

O dreno fechado é formado por tubos de plástico PVC, cimento-amianto ou manilhas de barro ou
de concreto armado. Seus diâmetros dependem da vazão da água a escoar e, por conseguinte, do
volume de água do(s) viveiro(s). A declividade dos tubos ou manilhas deve ser, no máximo, 1%.
Este dreno pode apresentar caixa de decantação ou de passagem e sifão invertido, nos moldes
descritos para os canais.

8.1.3 Escolha das espécies para os cultivos

As espécies de peixes para os cultivos intensivos e semi-intensivos, devem apresentar as


seguintes características:

a. Sejam adaptadas ao clima da região - para o Nordeste temos, como opção,


tambaqui, Colossoma macropomum pirapitinga, C. brachypomum; carpa
comum, Cyprinus carpio;macho da tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus; híbrido de
tilápias (Oreochromis hornorum × O. niloticus) e curimatã pacú, Prochilodus
marcggrawii. Esta última para policultivos, somente. Dependendo de maiores estudos,
poderemos contar com as carpas chinesas: capim, Ctenopharyngodon
idella; prateada, Hypophthalmichtys molitrix; e cabeça grande, Aristichthys nobilis;
b. Apresentem crescimento rápido - É necessário que atinja peso comercial antes de 1 ano
de cultivo. Isto acontece com todas as espécies citadas no item a;
c. Reproduzam-se naturalmente em cativeiro, de preferência, ou sejam passíveis de se obter
a propagação artificial (hipofisação). - No primeiro caso, estão as tilápias e a carpa
comum. As demais só se propagam em cativeiro através da hipofisação;
d. Aceitem alimentos artificiais com bom índice de conversão alimentar. Com exceção da
curimatã pacu, as demais espécies citadas no item a atendem a esta necessidade;
e. Suportem elevadas densidades de estocagem. - Sob este aspecto as tilápias são
imbatíveis, vindo em seguida tambaqui, pirapitinga e carpa comum. A curimatã pacu tem
seu crescimento bastante afetado pela elevação na densidade de estocagem;
f. Sejam resistentes ao manuseio e as enfermidades. - Sob este aspecto, as tilápias são
também imbatíveis, vindo em seguida tambaqui, pirapitinga, curimatã pacu e carpa
comum; e
g. Sejam de boa aceitação comercial - Isto acontece com todas as espécies citadas no item a.
Não temos informações ainda sobre o valor econômico das carpas chinesas no Nordeste
brasileiro.

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