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Sistemas de Esgoto - Segunda Parte

Materiais utilizados em tubulações

As tubulações de esgoto podem ser de diversos materiais, escolhidos conforme: características da água residuária,
presença de efluentes industriais, rugosidade, resistência (cargas externas, abrasão, ácidos etc.), facilidade de transporte e
de instalação, disponibilidade de dinheiro e de acordo com o custo do material, do transporte e do assentamento.

Os tipos de tubulação mais utilizados são de: cerâmica, concreto, cimento-amiando, ferro, aço e PVC.

Tubos cerâmicos: apresentam junta tipo ponta e bolsa e tem diâmetros entre 75 e 600 mm. Apresenta como características
a baixa rugosidade, impermeabilidade, resistência a ácidos, abrasão e cargas verticais de reaterro, são de fácil transporte e
assentamento e baixo custo.

Tubos de concreto: diâmetros maiores de 150mm, utilizados em substituição a manilhas cerâmicas à partir de 350mm.
Exigem cuidados especiais para evitar corrosão bacteriana. Tubos de concreto simples apresentam conexão tipo ponta e
bolsa com diâmetros entre 150 e 600mm (construídos de cimento Portland simples ou de alta resistência inicial).

Os tubos de concreto armado apresentam maiores diâmetros (entre 300 e 2000mm), são mais leves e mais baratos que os
primeiros para uma mesma resistência. Suas juntas podem ser de ponta e bolsa, luvas ou de encaixe a meia espessura.
Apresentam baixa rugosidade, são moldados de acordo com tensões atuantes e podem ser feitos in loco.

Tubos de cimento amianto: apresentam junta de ponta e bolsa, ponta e junta e outras. Os diâmetros são entre 25 e 500mm.
Apresentam baixa rugosidade, aceitam comprimento maior (4m), é mais leve e mais barato que o de concreto, apresentam
maior facilidade no transporte e assentamento e podem ser serrados. A resistência a solos agressivos é razoável, não sendo
sujeitos a tuberculização. As juntas estanques (aneis de borracha) permitem rapidez no assentamento.

Tubos de amianto apresentam menor proteção às cargas externas e são sujeitos a corrosão por esgotos ácidos e sépticos,
até mesmo pela acidez do solo.

Tubos de ferro fundido: apresentam diâmetros entre 50 e 600mm. São utilizados em ETE e linhas de recalque, para
transporte de lodo, em passagens sob rios, lagos e ferrovias, em locais onde há pequeno recobrimento (ou aparente) e
onde se deseja vencer grandes declividades.

As vantagens ficam por conta do comprimento (que pode ter até 6 m), a maior resistência a cargas externas e a corrosão.
Ainda assim, deve-se ter cuidado com esgotos sépticos e ácidos. Seu revestimento é feito com materiais vinículos, resinas
epóxi e ceras microcristalinas.

Tubos de aço: recomendados quando se há esforços elevados sobre a linha, se deseja travessia direta em grandes vãos -
subaquáticos ou não - e faz-se necessário o uso de tubos de baixo peso, absoluta estanqueidade e grande resistência às
pressões de ruptura. São bastante flexíveis, resistindo bem aos esforços de choques, deslocamentos e pressões externas.

Os tubos de aço podem ser rebitados (fora de uso), soldados, sem costura ou corrugados (maior resistência). Deve-se
cuidar para instalação de juntas de dilatação em trechos descobertos, verficando-se sempre cargas externas e reações de
apoio. O aço deve ser protegido contra corrosão. Estas juntas podem ser em flange, elásticas ou soldadas.

Tubos de PVC: São mais leves que manilhas cerâmicas (cerca de 10 vezes), completamente estanques, apresentam juntas
soldáveis, apresentam comprimento de 6 m, flexíveis, lisos, apresentam grande resistência química, não quebram e
permitem a ligação predial simples (com selim).

Quanto ao tipo de traçado de rede, existem classificações diferenciadas, definidas pelo traçado viário e características
geotopográficas locais dentre as quais:

Perpendicular: desenvolvimento ao longo do curso d'água fazendo com que os coletores atinjam o curso d'água em
diversos pontos. O tratamento é impossível;

Interceptor: similar ao perpendicular, com a existência de tubulação interceptora antes do curso d'água, permitindo

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seu tratamento.

Em leque: utilizado em cidades em vales;

Zonal: característico de cidades planas, são utilizadas inúmeras EEE. O tratamento é possível;

Radial: característico de cidades em colinas. Podem ser necessárias EEE. O tratamento é possível;

Distrital: característico de grandes cidades, onde se localizam diversas bacias de esgotamento. Existem algumas
EEE e o tratamento é possível.

Sistema de drenagem de águas pluviais

São o conjunto de obras de engenharia que visam o controle e o afastamento do excesso de águas pluviais.

As finalidades do sistema de drenagem de águas pluviais vai muito além que apenas garantir o conforto da população. O
sistema permite uma maior conservação de ruas, por controle erosivo em áreas urbanas, fornece resguardo de
propriedades contra inundações (finalidades estas ditas econômicas); prove condições de drenagem do terreno e reduz o
contato com as águas pluviais que possam estar contaminadas (finalidades higiênicas) e por fim, eleva a segurança no
tráfego de veículos e pedestres.

Indiretamente, a construção de um sistema de drenagem possibilita: redução no custo de manutenção de vias, melhora a
capacidade de tráfego em condições climáticas adversas, beneficia a saúde pública, valoriza os terrenos, permite
rebaixamento do lençol freático, reduzindo assim custo de implantação de áreas de lazer e de núcleos habitacionais.

Elementos de drenagem de águas pluviais

Guias: define os limites do passeio e do leito carroçável. Feitas de granito ou concreto simples (quando pré-
moldadas). São denominadas também por meio-fio.

Sarjetas: coletam e dirigem o escoamento superficial nas vias públicas. Apresenta capacidade que depende da
declividade e rugosidade. Apresentam declividade mínima de 0,4% paralela à direção do escoamento (para efeito
de comparação, a declividade transversal mínima da rua é de 1%). Sua configuração padrão apresenta-se com 15cm
de profundidade, 60cm de largura e com a parte mais profunda junto à guia.

Sarjetões: calhas localizadas em cruzamentos das vias públicas; destinam orientar o fluxo afluente.

Sarjetas (e sarjetões) são dimensionadas como conduto livre utilizando-se as relações de Izzard e Tapley; pode-se utilizar
as relações de Manning, desde que se despreze parte do perímetro molhado correspondente à face da guia.

Nomogramas de Izzard podem ser utilizados em canais triangulares e seções compostas, desde que a seção transversal da
sarjeta tenha declividade para a face da guia. (Caso haja variação de declividade, em curvas verticais ou apresente ponto
baixo no local da boca de lobo deve ser utilizar Manning)

Galeria: condutos livres (em canal ou não) que conduzem águas pluviais recolhidas da superfície ao local de
despejo.

Trecho: porção de galeria situada entre 2 PVs ou caixas de ligação.

Poço de visita: câmara visitável por meio de abertura em parte superior. Permite a reunião de duas ou mais
canalizações, mudanças de direção, declividade e diâmetro. Facilita a manutenção das galerias.

Caixa de Ligação: caixas de concreto e alvenaria sem tampão externo não visitáveis; destina ligar à galeria
canalizações de esgotamento de bocas de lobo intermediárias.

Boca de lobo: aberturas que recolhem a água de escoamento das sarjetas.

Canalizações de esgotamento das bocas de lobo: ou tubos de ligação. Tubulações que partem de uma boca de lobo
e descarregam em um PV ou caixa de ligação à jusante.

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Inundação máxima quanto ao tipo de rua

Secundária: não deve transbordar sobre a guia e o escoamento pode atingir até a crista da rua.

Principal: também não deve haver transbordamento sobre a guia. O escoamento deve preservar ao menos uma faixa
de trânsito livre.

Avenida: O escoamento deve preservar ao menos uma faixa de trânsito livre em cada direção.

Expressa: nenhuma inundação é permitida em qualquer faixa de tráfego.

Localização da primeira boca de lobo

Águas pluviais devem ter trajeto superficial na maior extensão possível, assim sendo, a primeira boca de lobo deve ser
instalada no ponto em que o escoamento superficial atingir o limite da capacidade de vazão da sarjeta para o valor
máximo de lâmina d'água (y0) .

Classificação de bocas de lobo

Simples: a mais comum. Utilizada em pontos baixos, apresenta abertura vertical (denominada guia-chapéu). A
utilização desta boca de lobo é recomendada pois apresenta menor incidência de obstruções. Em sarjetas de
declividade longitudinal acentuada, no entanto, a sua eficiência fica bastante comprometida.

Com grelha: apresenta grelhas longitudinais ou transversais na região da sarjeta, dispostas desta forma de modo a
aumentar a eficiência de interceptação. As grelhas longitudinais são mais eficientes que as transversais.

Combinada: combinação entre boca de lobo simples e com grelha. A grelha neste caso pode-se localizar defronte, a
montante ou a jusante da abertura na guia. A maior eficiência acontece quando a grelha localiza-se a jusante da
guia-chapéu.

Múltipla: duas ou mais bocas de lobo dos diferentes tipos instaladas em série.

Escolha do tipo de boca de lobo e espaçamento entre bocas de lobo - considerações

Em pontos intermediários das sarjetas, de modo geral, apresenta-se maior condição de esgotamento quanto maior a
declividade transversal. O espaçamento fica melhor definido quando se atinge a interceptação de 90 a 95% da vazão da
sarjeta (Q0). Para declividades longitudinais menores ou iguais a 5%, a boca de lobo simples é a que melhor se aplica.

Outros tipos de boca de lobo são escolhidos em função da vazão de projeto, possibilidade ou não de obstrução e
interferências com o tráfego de veículos.

Bocas de lobo em pontos baixos de sarjetas devem ser projetadas cuidadosamente, de modo geral prefere-se bocas de lobo
simples ou combinadas.

O espaçamento entre bocas de lobo é feito ao longo das sarjetas, próximo a intersecções de vias.

A situação menos conveniente para instalação de uma sarjeta fica ao longo do vértice do ângulo de intersecção das
sarjetas de duas ruas convergentes. Isto porque o rebaixamento da mesma iria localizar-se no ponto crítico de fluxo de
veículos e, também, as correntes convergentes resultariam em velocidade no sentido contrário ao da boca de lobo.

A melhor solução é um ponto a montante da faixa de pedestres, junto as esquinas, pontos baixos do perfil e em pontos
intermediários (segundo as necessidades de captação das águas de chuva).

Se a distância entre cruzamentos sucessivos resultar em lâmina d'água excessiva deve-se considerar a instalação de bocas
de lobo intermediárias. O espaçamento conveniente limita a largura da vazão na sarjeta. Cada par de bocas de lobo deve
captar contribuição de uma área determinada. Esta área terá comprimento correspondente à distância entre o par de bocas
de lobo (Lb) e largura entre divisores de água (b). Determinam-se trechos de 20 m de Lb, denominados estações.

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Os tubos de conexão, ou canalizações de esgotamento são geralmente superdimensionadas e consideram tabelas de


dimensionamento.

O dimensionamento de uma boca de lobo simples é realizado considerando duas condições de funcionamento:
escoamento a superfície livre (vertedor), escoamento afogado (orifício). O escoamento a superfície livre acontece para
valores de y menores que h. Para valores maiores que 2h o escoamento ocorre afogado. Para os valores intermediários o
escoamento apresenta-se indefinido.

Classificação da rua Descarga Inicial de Projeto Descarga Máxima de Projeto


Secundária 15cm de profundidade na crista ou sarjeta 45 cm de profundidade na sarjeta
Principal Onde for admissível não deverá exceder 15cm Idem anterior
Avenida Nenhum 15 cm ou menos, acima da crista
Expressa Idem anterior Idem anterior

Ainda assim, a obstrução por resíduos e irregularidades nos pavimentos das ruas faz com que as hipóteses de cálculo nem
sempre correspondam à realidade.

O dimensionamento de bocas de lobo simples com depressão leva em consideração a equação da energia e métodos
iterativos.

O dimensionamento de bocas de lobo combinadas e com grelhas leva por hipóteses a limpeza perfeita das grelhas e
operação à máxima eficiência. De acordo com valores limites, pode funcionar como vertedor de soleira livre e orifício.

Galerias de Águas Pluviais

Localizadas a 1/3 da largura da rua ou do eixo da mesma. Em perfil, localizam-se de forma a possibilitar a localização das
canalizações de esgotamento das bocas de lobo e de forma a apresentar recobrimento mínimo de 1 m, proporcionando
declividade condizente com as condições de escoamento e capacidade.

A seção geralmente adotada é circular e é realizada utilizando-se tubos pré-moldados (fácil execução, rápida e barata). O
material de modo geral é concreto - ou manilhas de grês cerâmico. Este tipo de seção é conveniente para diâmetros
menores que 1,20m.

Seções retangulares são escolhidas quando o dimensionamento resulta de diâmetros maiores. Neste caso, os lados
verticais devem ser menores que 3 m para evitar aprofundamento excessivo da rede. Podem apresentar seções múltiplas,
providas de janelas de comunicação para equilíbrio de lâmina d'água.

As seções circulares apresentam melhores características hidráulicas, forma mais simples, proporcionando economia de
material, menor escavação e, portanto, execução facilitada.

Os condutos devem apresentar no mínimo 0,30m de diâmetro, sendo os demais diâmetros: 0,30m, 0,40m, 0,50m, 0,60m,
1,00m, 1,20m e 1,50m.

O escoamento é preferencialmente livre, à seção plena para vazão de projeto em condutos circulares e a 99% da seção
plena para outros formatos. A velocidade mínima permitida é de 0,60m/s e a máxima até 5m/s (evitando erosão devido ao
ressalto hidráulico no concreto).

PVs devem ser colocados em cruzamentos de ruas, pontos de mudança de direção, declividade e seção. A profundidade
máxima deve ser de 4 m. E o espaçamento máximo entre eles é função do diâmetro (120m para 0,30m, 150m para 0,50 a
0,90m e 180m para diâmetros superiores).

O dimensionamento das galerias é realizado por diferentes métodos, dentre os quais o método racional. Este apresenta
algumas limitações, como considerar a duração da chuva igual ao tempo de concentração, não considera armazenamento
de água na rede e apresenta coeficiente de escoamento superficial bastante subjetivo.

As dimensões da galeria não decrescem a jusante, tentando, sempre que possível, manter a declividade da mesma igual à
da rua. A junção de galerias de diferentes dimensões deve ser realizada mantendo-se as geratrizes superiores à mesma

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cota, de modo a proteger a tubulação do remanso formado.

O projeto de galerias de águas pluviais depende de diversos dados, dentre os quais: planta cadastral planialtimétrica em
escala 1:500 ou 1:1000, mapa geral da bacia de drenagem em escala 1:5000 ou 1:10000, planta da área com indicação de
ruas, obras de utilidade pública, seções transversais típicas de vias, informações geotécnicas, dados do ponto final de
lançamento, informações hidrológicas locais etc.

A determinação dos limites da bacia é realizada de modo a classificar tipo de ocupação futura e determinação das vazões
para períodos de retorno considerados.

Se possível devem ser estudadas diversas possibilidades de modo a escolher as mais convenientes.

Apenas parte das águas pluviais serão removidas para as galerias e em pontos de cruzamento com ruas principais ou
avenidas o escoamento deve ser removido no todo. Esta situação implica em modificação das fronteiras das sub-bacias
sempre que se adota configurações diferentes de bocas de lobo.

Projetos preliminares são efetuados com o método racional, considerando a descarga superficial das sarjetas como a
capacidade de descarga de cada uma das vias. A descarga de projeto da galeria naquele trecho é a correspondente à
parcela de descarga removida pela primeira boca de lobo.

Pode-se considerar um coeficiente C superior ao de projeto, a geratriz superior contínua e a seção plena.

Deve-se encaminhar as descargas resultantes da chuva máxima pelo sistema e verificar se a capacidade conjunta das ruas
e galerias é suficiente para manter em limites aceitáveis. Caso afirmativo, preparam-se estimativas de custo de cada
alternativa proposta e analisa-se prós e contras de cada.

Revisam-se as hipóteses adotadas, bacia de drenagem, sub-bacias, classificação de ruas e outros elementos.

O projeto definitivo deve constar de relatório final (com memorial descritivo e justificativas), descrição dos elementos
básicos e perfis. O projeto do sistema de galerias deve ser recalculado com coeficiente de rugosidade real, a localização
de bocas de lobo deve ser entregue juntamente com o projeto das demais partes do sistema.

As características estruturais dos elementos devem ser definidas pois modificam algumas soluções adotadas. A elaboração
dos desenhos finais do projeto deve ser suficientemente esclarecedora e detalhada.

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