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OH4 - Portos, Rios e Canais

MELHORAMENTOS DOS CURSOS D’ÁGUA NATURAIS PARA NAVEGAÇÃO

• São poucos os rios naturais navegáveis;


• Conceito de rio navegável é relativo: depende do tipo e dimensões da embarcação.

1. EMBARAÇOS (OU DEFICIÊNCIAS À NAVEGAÇÃO)


a) na Profundidade:
- obstáculos rochosos;
- alagamentos pronunciados;
- corredeiras;
- redução de vazão nos períodos de estiagem.
b) em Planta:
- largura inferior ao mínimo necessário;
- curvas muito pronunciadas;
c) Outras:
- velocidade elevada;
- direção inconveniente da corrente;
- canais divagantes;
- “más passagens, etc...

2. OBRAS DE MELHORAMENTO
a) Regularização de Vazões
São realizadas obras (barragens) a montante do trecho do rio considerado para
melhoramento ou nos seus afluentes, com a finalidade de evitar variações bruscas de
vazão que provocam condições desfavoráveis ao tráfego de embarcações; reduzem-se
as vazões de cheia e aumentam-se as vazões nas estiagens.
b) Melhoramentos no Leito
Obras realizadas no próprio leito do curso d’água.
- em corrente livre – não há barramento (derrocamentos, desassoreamentos,
destocamentos, etc...);
- regularização do leito – influi no regime do rio;
- canalização – elevação artificial do nível d’água periódica ou
permanentemente por meio de barragens no trecho. É a última etapa de
melhoramento.

3. CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS VIAS DE NAVEGAÇÃO


As vias devem permitir o tráfego seguro das “embarcações-tipo” adotadas. Com base
em considerações econômicas, essas características podem, eventualmente, ser atendidas
somente durante um certo período.
a) Profundidade Mínima – calado da embarcação-tipo mais folga mínima de 0,30 a 0,50
metros. Esse mínimo é admitido apenas em pontos isolados ou trechos muito restritos
do canal, pois profundidades menores que duas vezes o calado da embarcação reduzem o

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rendimento propulsivo, acarretando redução da velocidade e aumento de consumo de


combustível;
b) Largura Mínima – para permitir o cruzamento seguro e sem redução da velocidade de
duas embarcações, em trechos retos a largura mínima é estabelecida em 4,4 vezes a
boca da embarcação-tipo;
c) Área Mínima da Seção Molhada – para evitar queda no rendimento propulsivo, deverá
ser de 6 vezes a área da seção mestra da embarcação;
d) Raio de Curvatura – para que não haja restrição de velocidade nas curvas, deve ser de
10 vezes o comprimento da embarcação. Raios menores são aceitos desde que haja uma
sobrelargura da seção, dada pela expressão:
L2
s=
2R
onde L = comprimento da embarcação e
R = raio de curvatura.
e) Vão Livre nas Pontes – em trechos retos, a distância entre os pilares deve ser igual à
largura mínima do canal mais uma folga de 5 metros. Se não for previsto cruzamento, 2
vezes a boca da embarcação mais 5 metros de folga. Nos trechos em curva, a largura
entre pilares deve ser estudada para cada caso particular.
f) Luz (Altura Livre sobre o Nível D’Água) – para os comboios de empurra, é adotado 15
metros. Nas regiões densamente povoadas, onde é difícil estabelecer este gabarito,
adotam-se pontes levadiças (inconveniente para o tráfego terrestre e hidroviário) ou
cabine de comando móvel para os empurradores.
g) Velocidade Máxima – admite-se 2,0 m/s. A velocidade das embarcações depende,
naturalmente, da potência de seus motores. Contra a corrente, a velocidade máxima é
da ordem de 5 m/s (corresponde a 18 km/h em águas paradas). A favor da corrente,
velocidades grandes dificultam o controle da embarcação. Para tráfego seguro, admite-
se velocidade da ordem de grandeza da velocidade da água.

4. ETAPAS DE MELHORAMENTOS
- Melhoramentos Gerais;
- Regularização do Leito;
- Canalização.
Podem ser realizadas concomitantemente ou em etapas sucessivas, visando adaptar o
rio a embarcações de maior porte. As duas primeiras etapas mantém o rio em corrente livre
e, a terceira, corresponde à construção de barramentos.
Melhoramentos Gerais são obras localizadas, visando problemas específicos (ex:
trecho muito raso, curva muito brusca). Pouco influem no regime hidráulico ou morfológico
do rio.
A Regularização do Leito já objetiva o melhoramento de um longo trecho; introduz
novas conformações no curso d’água e novas orientações aos filetes líquidos, visando
melhores condições de navegação.
A Canalização melhora as condições de navegabilidade pela elevação do nível d’água
com a construção de barragens sucessivas.

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5. APROVEITAMENTOS MÚLTIPLOS
Considerando que os rios são recursos naturais muito valiosos, deve-se prever,
sempre que possível, seu aproveitamento visando múltiplas finalidades, sem perder de vista
o aspecto ecológico.
Entre os usos múltiplos podem-se enumerar, além do transporte fluvial, a geração de
energia, a irrigação de áreas agrícolas, o abastecimento urbano e industrial, o saneamento
público, a recreação, a produção pesqueira, etc...
Sob o aspecto econômico também é interessante, pois possibilita a diluição do custo
das obras, notadamente dos grandes barramentos.
A navegação adequa-se bem com os demais usos da água, não tendo potencial
poluente, desde que tomados cuidados muito simples.

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