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I.1 DRAGAGEM
I.1.1 Introdução
Comportamento dos sedimentos ao serem dispostos em águas expostas por meio de diferentes
processos.
OBRAS HIDROVIÁRIAS
I.1.2.1 Caracterização
As dragas mecânicas são caracterizadas pelo uso de alguma espécie de caçamba para
escavar e elevar o material do fundo.
No caso dos equipamentos terrestres o transporte para a área de despejo é normalmente
efetuado por caminhões.
As dragas flutuantes têm maior produtividade pelo fato de seu peso ao flutuar permitir maior
versatilidade de operação.
No caso dos equipamentos flutuantes estacionários dispõe-se de embarcações auxiliares de
reboque e os dragados são transportados para a área de despejo normalmente a partir do depósito
numa barcaça (batelão), a qual transporta o material para o destino final. As dragas estacionárias
são operadas com pontaletes (charutos, ou spuds), ou âncoras em locais mais fundos, movimentados
com sistema de elevação e guinchos para posicionamento e deslocamento (normalmente sistemas à
ré e sistemas à vante).
A draga de caçamba de mandíbulas trata-se de equipamento operado por três cabos, que
movimentam verticalmente a lança, movimentam verticalmente a caçamba e abrem ou fecham as
mandíbulas. Para solos moles utiliza-se o clamshell e para blocos de material duro utiliza-se a
caçamba orange peel.
(a) e (b) Draga de caçamba de mandíbulas operando no Complexo Portuário de Ponta da Madeira
da CVRD em São Luís (MA).
(c) Dragagem junto ao cais no Porto de Tubarão com transporte por batelões.
(d) Enchimento de gabiões.
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De um modo geral, são equipamentos escavadores de custo médio, com baixa a moderada
capacidade em áreas de operação mais amplas, e bom desempenho na escavação argila rija, areia
grossa, pedregulhos e materiais duros maiores e desagregados. Suas desvantagens estão na
recomendação de não operar com condições de agitação (principalmente a ondulação), na limitação
de operação em maiores profundidades, não sendo eficiente na dragagem de material muito fluido.
A draga de alcatruzes utiliza uma cadeia sem fim móvel de caçambas (rosário), montada
numa lança, que escava o fundo próximo ao tombo inferior, roldana guia da lança movida pelo
rosário, e eleva o material para o tombo superior, de onde parte a geração do movimento do rosário,
aonde cada caçamba descarrega sua carga e retorna para outra. Abaixo do tombo superior situa-se a
caixa de lama que recebe a descarga das caçambas, estando dotada de dispositivo distribuidor que
descarrega os dragados para um bordo ou outro, conforme o posicionamento dos batelões que
transportam o material para o despejo.
A draga de alcatruzes estacionária opera posicionando-se com cabos presos em âncoras ou
em pontos nas margens.
De um modo geral, têm as vantagens de operarem continuamente, alta força de corte,
mínima diluição, aplicação em grandes projetos de implantação de canais e boa capacidade de
escavação (inclusive das partículas maiores) com maior rendimento para dragas de grande
capacidade dragando material homogêneo, sendo então indicadas para trechos fluviais de rios de
grande porte, flúvio-marítimos e estuarinos. Suas desvantagens consistem no alto custo de
mobilização e manutenção, na sua grande sensibilidade à ação de ondulação e na necessidade do
uso de batelões para o transporte, pois a operação destes é restrita para aterro em áreas rasas
marginais.
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I.1.3.1 Caracterização
(a), (b) e (c) Draga estacionária de sucção com sistema de carregamento de barcaças.
Boca de dragagem.
(a) (b)
(c)
(a) Operação de batelões ou barcaças de dragagem. (b) Operação no Rio Tietê em São Paulo. (c)
Batelão lameiro no Porto de Santos (SP)
•Medição no corte
Esta medição está sujeita a imprecisões oriundas de: assoreamentos, pelo retorno dos dragados
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ou pelo próprio transporte sólido natural, e empolamento de fundo, pelo alívio das pressões com
a retirada da camada dragada.
•Medição no despejo
A medição no despejo conduz normalmente a valores menores do que no corte por: perdas de
material em suspensão nas correntes, compactação do material diferente da natural e recalque do
leito.
•Medição na cisterna
A medição na cisterna é a forma mais direta de medição. Quando o transporte é feito em
batelões lameiros ou dragas autotransportadoras pode-se medir a espessura do material
decantado e a concentração de sedimentos em suspensão por amostragem na cisterna.
I.2 DERROCAMENTO
Cabos ligados a
guinchos de
estaiamento
Derrocador de 22 toneladas.
•Perfuratriz
O desmonte por perfuração utiliza-se de tubulões aonde é expulsa a água por instalação
pneumática de ar comprimido, permitindo operações a seco com perfuratrizes, marteletes, por ação
manual, somente em serviços de menor porte, ou mecânica. Os compressores de ar para os grandes
martelos pneumáticos são instalados em embarcações e permitem perfurações até mais de 20 m de
profundidade, com forças de choque de 3 a 10 toneladas em camadas de até cerca de 1,5 m de
espessura. Para camadas acima de 1,5 m de espessura é conveniente proceder à remoção do material
desagregado, por jato d’água ou ar injetados por orifícios existentes na própria broca, antes de
continuar a perfuração, evitando-se deste modo a redução da produtividade e o risco de ruptura da
haste da broca.
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•Comprimento (L): corresponde à distância entre as verticais que passam pelos extremos de popa e
proa
•Boca (B): corresponde à distância entre as verticais tangentes aos extremos de bombordo e boreste
da seção mestra (maior transversal).
•Calado (T): corresponde à distância entre a quilha e a linha d’água da seção mestra.
•Pontal (P): corresponde à altura entre a quilha e o convés principal.
•Deslocamento total, correspondente ao peso do volume de água deslocado pela embarcação.
•Porte bruto ou capacidade de carga, corresponde à diferença entre o deslocamento total e o peso
do casco, motor e equipamentos. Costuma ser citado em tpb (tonelagem de porte bruto)
• II.1.2 Automotores
Automotor fluvial.
Embarcação automotora operando no Rio Taquari (RS) na Hidrovia Taquari-Jacuí-Lagoa dos Patos.
Embarcação automotora operando no Rio Jacuí (RS) na Hidrovia Taquari-Jacuí-Lagoa dos Patos.
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Embarcação automotora operando no Rio Jacuí (RS) na Hidrovia Taquari-Jacuí-Lagoa dos Patos.
• II.1.3 Empurradores
Empurrador com cabine retrátil para passagem sob travessias de pontes muito baixas projetado para
o Rio Tietê e empurrador projetado para o sistema Tocantins-Araguaia.
II.1.4 Chatas
Para as vias fluviais canalizadas (dotadas de eclusas), ou canais artificiais, a tendência para
estas embarcações consiste em L = 50 m, B = 8 m e T de 1,8 m a 3,0 m.
As chatas para comboios semi-integrados têm uma face carenada e outra vertical, visando a
redução do número de juntas com descontinuidade. As faces verticais são acopladas umas às outras.
As chatas para comboios integrados têm proa e popa retangulares verticais de forma
paralelepipédica (chatas tipo caixa ou alvarenga), minimizando a descontinuidade nas juntas das filas,
com chatas especiais semi-integradas idênticas na proa e popa.
O sistema de ligação das chatas entre si e com o empurrados deve garantir a rigidez do
conjunto, devendo também ser de rápido desmembramento e rearranjo no caso da necessidade
destas operações. Os sistemas mais avançados são constituídos de engates mecânicos, que são bem
mais aperfeiçoados que o tradicional com cabos de aço cruzados em cabeços e tracionados por
cabrestantes.
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16,0
0
8,00
16,0
0
Características básicas do comboio-tipo para a Hidrovia do Rio Paraguai entre Ladário e Assunção.
(a)
(b)
(a) (b) Comboio fluvial do Rio Madeira em Itacoatiara (AM) na Hidrovia do Rio Amazonas.
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Os comboios integrados constituem o melhor aproveitamento de volume (maior coeficiente
de bloco: relação entre a capacidade volumétrica e o volume do paralelepípedo equivalente à seção
mestra com o comprimento total), menor custo das chatas e maior rendimento propulsivo, sendo
mais empregados para o transporte especializado entre destinos determinados (minérios e grãos) ou
combustíveis líquidos (de rápido manuseio nos terminais hidroviários), situações em que os
comboios mantêm-se íntegros no percurso. Os comboios semi-integrados e não integrados são mais
utilizados com cargas diversas movimentadas entre vários terminais.
As hidrovias devem atender a certos requisitos visando garantir a navegação livre e segura
das embarcações tipo adotadas. A definição desta última está condicionada a estudos econômicos e
ambientais, uma vez que o custo de transporte é barateado quanto maior o porte da embarcação, o
que, em contrapartida, acarreta aumento no custo das obras de infra-estrutura da hidrovia.
Definidas as dimensões da embarcação tipo a hidrovia deve contemplar as diretrizes
dimensionais elencadas nos itens seguintes.
Para que não ocorra restrição de velocidade nas curvas, o raio mínimo de curvatura deverá
ser de 10 vezes o comprimento da embarcação (L).
Deve-se considerar em torno de 20º um ângulo de carregamento do leme máximo
recomendável, que em curvas e nas passagens exige os raios mínimos de curvatura acima
recomendados.
Em trecho retilíneo de canal as faces internas dos pilares devem ter distância mínima
correspondente à largura mínima do canal mais uma folga de 5 m.
Quanto à altura livre sobre o nível d’água recomenda-se 15 m como conveniente para a
passagem de grandes comboios de empurra. Pontes levadiças também podem ser adotadas nas
situações em que a altura mínima não possa ser obtida, havendo inconvenientes para os modais
terrestres e aquaviário. Outra alternativa é a cabine dos empurradores ser móvel, podendo ser
rebaixada ou rebatida por ocasião destas travessias.
Gabaritos propostos no Plano Nacional das Vias Navegáveis Interiores - PNVNI / 1989.
O gabarito de vão livre horizontal é mais apropriado para pontes situadas em canais,
mostrando-se subestimada para vãos de pontes localizadas em reservatórios ou lagos, situações em
que se torna conveniente considerar as recomendações para canais de acesso marítimos.
Nos canais hidroviários de via singela é necessário prever bacias de evolução ou espera ao
longo do canal, localizadas nas margens e espaçadas de 15 a 30 Km. Tais bacias tornam-se
necessárias, inclusive eventualmente em canais de mão dupla, nas situações de inversão de curso,
ou quando do cruzamento com outra embarcação.
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Os canais hidroviários devem ser providos de abrigos, seja pela falta de sinalização noturna,
seja por condições hidrológico-meteorológicas desfavoráveis, que permitam, em trechos alternados
de margem, a arrumação das embarcações em trechos ribeirinhos dotados de cabeços de amarração.
Nos canais hidroviários deverão prever-se amplos locais de atracação nas áreas de
previsíveis congestionamentos, como nas bifurcações para outras vias navegáveis, nas quais possam
reunir-se os comboios de chatas. Estes locais devem situar-se fora da zona de navegação do canal,
com seção transversal com sobre-largura de uma ou mais bocas das maiores embarcações, que se
atracam justapondo costados. Nestes locais os taludes devem ter grande inclinação do canal e
devem estar revestidos para evitar danos às embarcações, bem como margens dotadas de cabeços de
amarração. Locais de transbordo devem ser dotados de equipamentos e instalações portuárias.
Nas áreas de movimentação de cargas, aonde as embarcações necessitam efetuar manobras,
devem existir as bacias de evolução, que possuam características semelhantes às já citadas
anteriormente.
(b)
(a)
(c) (d)
(a) Aqueduto Digoin no canal lateral do Rio Loire (França). (b) e (c) Aqueduto Edstone no Canal
Stratford (Reino Unido) com 226 m de extensão e 9,0 m de altura sobre curso d’água, rodovia e
linha férrea dupla. (d) Túnel Harecastle no Canal entre o Rio Trent e o Rio Mersey (Reino Unido)
com 2800 m de extensão.
As obras de normalização tem como objetivo o melhoramento geral dos cursos d’água sendo
localizadas em trechos restritos e não alterando significativamente o regime fluvial, sendo por estes
motivos comumente utilizadas associadas a outros tipos de obras. Assim, destacam-se:
•Desobstrução e limpeza
•Limitação dos leitos de inundação
•Bifurcação fluvial e confluência de tributários
•Obras de proteção, ou defesa, de margens
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•Retificação de meandros
•Obras de proteção de pilares de pontes
•Dragagens e derrocamentos
As obras de dragagens e derrocamentos já foram tratadas no item I em função de suas
especificidades.
Com a finalidade de concentrar o escoamento num leito bem definido para facilitar a
navegação, são implantados diques longitudinais impermeáveis, comumente com núcleo de argila,
no leito maior, tendo-se o cuidado de drenar as áreas isoladas e de proteger da maior capacidade
erosiva das correntes concentradas o leito e margens endicadas.
A existência de braços secundários ou falsos braços em rios de grande porte não alteram
significativamente as condições de navegabilidade, entretanto em rios de porte médio e pequeno
pode constituir embaraço à navegação. Nos casos em que a bifurcação ocorre em braços de
dimensões diferentes, o mais largo deve ser adotado para desvio do curso principal. É possível que
o braço de maior capacidade de vazão, e consequentemente maior dimensão de área molhada,
permita a navegação em águas médias e baixas, mantendo-se o outro para aliviar as vazões maiores.
O fechamento de braços secundários em hidrovias é uma obra implantada para aprofundar o
curso d’água principal, por exemplo em torno de uma ilha. Este fechamento pode ser realizado por
meio de barramentos normalmente galgáveis para as maiores vazões, com altura até a cota mínima
de navegação, podendo ser construídos em enrocamento ou terra e sendo protegidos da erosão em
sua superfície por blocos mais pesados ou estaqueamento, de forma a induzir um gradativo processo
de colmatação por assoreamento acompanhado de progressivo alteamento do barramento situado a
jusante do braço secundário. Outra alternativa de obra é a implantação de obras fixas guias-
correntes, que deverão ser construídas nos extremos a montante e jusante do braço secundário,
tendo o de montante cota de coroamento acima do nível de águas altas, visando garantir suficiente
vazão para manter as profundidades exigidas para a navegação nos níveis médios e baixos.
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Nestas obras haverá incremento de tendência erosiva no canal principal, podendo vir a se
depositar material em trecho a jusante aonde o canal retorna a ser único.
(a) (b)
(a) e (b) Regularização da embocadura de um afluente.
As obras de proteção de margem podem também ser subdivididas quanto à sua adaptação às
condições de variabilidade morfológica do canal em:
•Obras rígidas, que provêm defesa sem produzir grandes modificações na dinâmica do
escoamento.
•Obras flexíveis, indicadas nas situações de maior variabilidade da dinâmica morfológica do leito e
margens, sendo indicadas obras que se adaptem a estas possíveis alterações em planta e perfil.
•Adequação de talude de sustentação, aplicando-se um taludamento mais abatido (até 1:3) com a
horizontal e compatível com o talude de equilíbrio de solos saturados. Esta obra é
frequentemente complementada nos trechos mais solicitados pela ação das correntes nos canais
pelos revestimentos de talude, sendo inviável em áreas com margens já ocupadas, ou de alto
preço dos terrenos.
•Revestimento simples por substituição com material mais resistente, como britas (1,5 Kgf/m2);
leivas constituídas de plantação de placas de vegetais (2,0 a 3,0 Kgf/m2); colchões de material
vegetal em faxinas (5,0 Kgf/m2); revestimento com pintura asfáltica para impermeabilização e
fixação dos grãos.
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Obras de proteção de margem para leitos fixos ou pouco variáveis e sujeitas a cheias de curta
permanência e pequeno transporte sólido.
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(a) Gabião caixa, (b) Gabião caixa com diafragma e (c) Gabião manta com diafragma.
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(a), (b), (c) e (d) Defesa de margens com gabiões tipo caixa e colmatação natural com
incorporação a margem.
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(a) e (b) Revestimento de margens no Rio Tamanduateí em São Paulo (SP) com lajes de
concreto armado.
•Estabilidade do solo com o peso suplementar da obra de proteção, segundo métodos geotécnicos.
•Prover drenagem das subpressões nos revestimentos menos drenantes e impermeáveis.
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•O talude natural de enrocamentos submersos é mais suave do que nas condições emersas.
•No caso de enrocamentos lançados, a faixa granulométrica em torno ao peso médio definido para
resistir aos agentes hidrodinâmicos deve variar de dimensões equivalentes a pesos entre 0,75 e
1,25 do peso médio para diminuir o índice de vazios e aumentar o embricamento entre os blocos
(maior capacidade de absorção de energia dos agentes hidrodinâmicos), com pelo menos duas
camadas de enrocamento de espessura.
•Na alvenaria ciclópica de blocos naturais arrumados o dimensionamento é feito de maneira
análoga à de enrocamentos lançados, mas com menor rugosidade, dispondo-se no entanto apenas
uma camada de blocos e camada de transição menos espessa, pois o embricamento garante maior
coeficiente de segurança.
•A proteção do pé do talude é função da erosão esperada em relação ao leito pré-existente, com um
mínimo de 2 m de comprimento e três camadas de enrocamento.
•Os gabiões formam estruturas monolíticas, flexíveis e drenantes, podendo ser impermeabilizadas
com argamassa de cimento e areia ou mastique asfáltico. Na fundação e proteção do pé do
talude são indicados os gabiões saco. Após a implantação do revestimento passa a ocorrer a
colmatação dos vazios das pedras contidas nas malhas por sedimentos e matéria orgânica, o que
favorece a incorporação natural da estrutura à margem protegida.
Recomenda-se que os extremos do corte sejam alargados em cerca de 30% numa extensão
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de 15% do comprimento total do corte para concordar da melhor forma possível com as margens
originais.
A resposta morfológica à esta alteração do perfil consistirá num rebaixamento do leito por
erosão a montante e num assoreamento a jusante do corte. Para melhor fixar a retificação torna-se
necessário revestir o trecho do corte (ABC)) e a montante de A, bem como aterrar a alça
abandonada. Este procedimento de fixação no caso de retificação por canal piloto é fundamental
que se inicie previamente, de forma a garantir a posição e largura do canal projetado, a delimitação
das margens por meio de enrocamento depositado em valas escavadas até o lençol freático, ou
estacas prancha cravadas, que constituirão o embrião do revestimento final.
A aresta inferior de uma ponte deverá ficar num plano de cota mínima acima do nível
d’água, definindo o vão livre navegável vertical. Os vãos livres navegáveis horizontais entre as
fundações dos pilares das pontes não devem produzir estreitamento significativo da seção
hidráulica, devendo ser obedecidas as recomendações citadas, considerando a passagem de uma
embarcação por vez, devido ao alto grau de complexidade da manobra.
As obras contemplam basicamente o confinamento das seções por diques, que são obras
contínuas longitudinais (margens artificiais), ou espigões, que devem ser dimensionados quanto à
estabilidade em função das vazões e níveis máximos, considerando o gabarito mínimo de navegação
e as velocidades máximas.
Frequentemente o confinamento não é suficiente para eliminar totalmente o efeito de topos
de afloramentos duros, sendo então necessário um derrocamento complementar dos afloramentos
mais significativos. Não se tendo que recorrer a um derrocamento generalizado do leito, este não é
tão caro, pode fornecer material para diques e espigões e administra-se melhor a sobrelevação a
montante.
O confinamento alteia o nível d’água, enquanto o derrocamento o rebaixa, sendo importante
verificar em vazões mínimas a subida do nível a montante, que pode resultar em problemas de
assoreamento ou geração de energia.
Os canais de fundo móvel são normalmente muito largos e pouco profundos. Assim, na
regularização em fundo móvel a maioria das obras no curso d’água consiste em confinar o
escoamento para aprofundar o leito ou direcionar o fluxo, tendo-se o cuidado de que a sobrelevação
a montante não produza assoreamento, nem que a capacidade de transporte a jusante com déficit
sedimentar com relação à situação original ocasionem erosões.
Deve-se lembrar que para as vazões contidas no leito menor o perfil da linha d’água
acompanha as irregularidades dos fundos, situação mais importante para a navegação, uma vez que
para as vazões mais altas a declividade é mais próxima da média no trecho, tendendo a uniformizar-
se.
As obras de definição do traçado com auxílio das obras de diques e espigões direcionam o
escoamento para atingir-se a estabilização do álveo. Classicamente, a implantação destas obras é
governada pelo Princípio de Girardon, que recomenda o direcionamento suave do escoamento,
atendendo às leis qualitativas de Fargue em planta e agindo sobre os perfis transversal e
longitudinal, orientando o escoamento com obras sucessivas atendendo aos seguintes critérios:
•Eliminação dos braços secundários, visando concentrar o escoamento num leito unificado. Com o
aumento da declividade da linha de energia num primeiro momento após o fechamento, associada
à elevação do nível d’água, aumenta-se a tensão atuante sobre o álveo, que se alarga.
•O método de Girardon recomenda então a eliminação das más passagens nas inflexões do talvegue
do canal, atuando sobre as soleiras formadas pelos bancos ali localizados por meio da suavização
da transição do alinhamento do talvegue entre uma margem côncava e a sucessiva.
•Continuidade do talvegue:
Consiste na eliminação das más passagens por meio da implantação de obras de diques e
espigões. Visando obter a fixação das fossas e dos bancos de inflexão dentro dos parâmetros
planimétricos necessários para a navegação, preferencialmente diques longitudinais nas
margens côncavas (eventualmente complementados por serviços de dragagens) e espigões nas
margens convexas.
•Diques
Os diques são obras de desenvolvimento longitudinal ao curso d’água, constituindo
proteções de margem quando aderentes a estas. Quando o alinhamento do dique se afasta da
margem, constituindo margens artificiais, implantam-se muitas vezes estruturas complementares de
conexão (diques transversais ou espigões interiores) com o intuito de reforço e facilidade
construtiva. As extremidades do endicamento devem concordar com a margem segundo curvaturas
coerentes, ou devem ligar-se à margem por espigões reforçados seguindo-se campo de espigões
fornecendo a concordância.
Os diques podem ser construídos por seção plena ou mista. É muito usado o enrocamento,
ou os núcleos de terra com revestimento de pedras e faxinas. Também podem ser constituídos por
cortinas de concreto e estacas ou gabiões.
As vantagens deste tipo de obras consistem em: concluída a obra já definem o canal com
fixação da corrente na margem côncava, não obstrução ao escoamento e adaptação às curvaturas do
canal. As desvantagens deste tipo de obra são: por ser obra contínua tem custo elevado de
implantação e eventual correção de geometria, instabilidade dos taludes pela ação do escoamento,
que no caso de romperem pode trazer consequências desastrosas, e lenta incorporação das margens
artificiais à margem por assoreamento.
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•Espigões
Os espigões, como obras de proteção descontínua podem ser classificados em:
Todos os sedimentos acumulados nas áreas de sombra dos espigões originam-se das fossas
associadas à extremidade dos espigões.
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Os espigões podem ser classificados de acordo com a direção que formam com o
escoamento principal do curso d’água em: normais (normalmente utilizados nas curvas ou em
trechos flúvio marítimos sujeitos a correntes alternativas), inclinantes ou divergentes e declinantes
ou convergentes. A última disposição somente deve ser adotada em circunstâncias específicas, uma
vez que têm a tendência a convergir o escoamento com potencial erosivo para as margens, podendo
erodi-la, a menos que o espigão sucessivo esteja próximo. Os espigões inclinantes formam
normalmente ângulos de 10 a 30 com a normal da margem, guiando o escoamento para se
concentrar no centro do canal.
(a) e (b) Esquema de um conjunto de espigões em defesa de margem côncava. (SALLES, 1993)
Os espigões são normalmente mergulhantes da raiz para o canal, visando reduzir seu
impacto de interferência no escoamento principal. O cabeço deve estar submerso em cheias
ordinárias, sendo a sua cota correspondente ao nível médio, enquanto a sua raiz de ligação à
margem deve estar em cota igual à máxima enchente conhecida, correspondendo normalmente a
declividades de 1:20 a 1:200. A declividade do talude do cabeço deve variar entre 1:4 a 1:20 e a dos
taludes laterais do corpo do espigão entre 1:1,5 a 1:3,0 (mais suave a jusante).
A distância entre os cabeços de espigões opostos deve ser ajustada de modo que ambos
influam na mesma intensidade sobre o escoamento, caso contrário poderá ocorrer deflexão da
posição central, o que poderá vir a concentrar corrente erosiva sobre outros espigões ou a margem
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oposta.
Os espigões plenos podem ter seu núcleo de terra protegidos por enrocamento, gabiões ou
colchões ou rolos de faxinas com terra ou pedras, devendo ser mais robustos do que os permeáveis
pois estão sujeitos a fortes correntes.
Tanto o cabeço, como a raiz do espigão devem ser protegidos da erosão, visando evitar,
respectivamente, o flanqueamento nas cheias e o solapamento do pé da obra, sendo normalmente
executados revestimentos especiais em enrocamento da margem e tapete de fundo.
As vantagens deste tipo de obras comparativamente aos diques consistem em: custo mais
reduzido de implantação, embora requeiram trabalhos contínuos de manutenção, facilidade de
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correção da geometria de implantação, menores riscos à margem em caso de danos às estruturas e
maior flexibilidade de atuação em regularizações em andamento e/ou com insuficiente informação
do regime hidrossedimentológico. As desvantagens deste tipo de obra comparativamente aos diques
são: divagação do leito entre os espigões nas águas baixas, não apropriados para fixação da margem
côncava, obstrução ao escoamento no período em que a margem ainda não estiver sedimentada pela
lentidão deste processo e maior perigo para a navegação.
A eclusa de navegação consiste de uma câmara delimitada por duas portas (de montante e de
jusante) que dão acesso às embarcações e na qual, através de circuito hidráulico específico, o nível
d’água varia entre os níveis extremos de montante e jusante, vencendo o desnível necessário
(queda).
Dimensões recomendáveis para acessos e garagens das obras de transposição destinadas a passagem
de grandes comboios de empurra.
Apesar dos progressos tecnológicos virem permitindo a construção de muros e portas cada
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vez mais altos, acima de uma certa queda torna-se necessário subdividir o desnível em degraus
sucessivos. Nas situações em que o desnível a ser transposto supera o máximo economicamente
viável, a eclusa simples descrita acima pode ser substituída pela subdivisão do desnível em degraus,
como no caso da escada de eclusas, em que entre duas eclusas simples implanta-se um canal de
conexão que permite o cruzamento das embarcações, como em Tucuruí na Hidrovia do Rio
Tocantins (PA).
Eclusa de Bom Retiro (RS) no Rio Taquari na Hidrovia do Rio Taquari-Jacuí e Lagoa dos Patos.
Dimensão da câmara: comprimento de 120 m, largura de 17,00 m e profundidade de 3,00m.
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Eclusa de Barra Bonita (SP) na Hidrovia do Rio Tietê. Dimensões da Câmara: comprimento de
147,25 m, largura de 11,76 m, desnível máximo de 24,00 e profundidade mínima normal de 2,50
m.
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Eclusa da Barragem Engenheiro Souza Lima (ex Barragem do Bariri) na Hidrovia do Rio Tietê
(SP).
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Eclusa de Ibitinga (SP) na Hidrovia do Rio Tietê. Dimensões da Câmara: comprimento de 142,45
m, largura de12,04 m, desnível máximo de 23,30 m e profundidade mínima normal de 3,00 m.
Eclusa de Promissão (SP) na Hidrovia do Rio Tietê. Dimensões da Câmara: comprimento de 142,00
m largura de 12,00 m, desnível de 27,50 m e profundidade mínima normal de 2,50 m.
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Eclusas de Nova Avanhandava (SP) na Hidrovia do Rio Tietê. Dimensões das Câmaras:
comprimento de 142,00 m, largura de 12,10 m, desnível máximo de 16,50 m e profundidade
mínima normal de 4,50 m.
Eclusa de Jupiá (SP) na Hidrovia do Rio Paraná. Dimensões da Câmara: comprimento de 210,0 m,
largura de 17,00 m, desnível máximo de 20,00 m e profundidade mínima normal de 5,00 m.
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O projeto de uma eclusa visa fundamentalmente que uma embarcação transponha com
segurança e no menor tempo possível um certo desnível. Assim, a agitação produzida no interior da
câmara deverá ser tolerável tanto para um comboio de grandes dimensões, quanto para pequenas
embarcações. O tempo de eclusagem corresponde ao critério econômico, que conflita geralmente
com as condições de segurança das embarcações, correspondente à agitação na câmara, e com
questões hidráulicas de cavitação a jusante das válvulas. A solução globalmente otimizada
normalmente exige um compromisso entre os critérios conflitantes. Dentre os aspectos de projeto
que são otimizados com menor prioridade hidráulica destacam-se:
• Localização
Neste caso os aspectos econômicos adquirem importância determinante. De fato, uma eclusa
de baixa queda minimiza os problemas hidráulicos oriundos das altas velocidades nos
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aquedutos, sendo no entanto necessárias um maior número de eclusas para a transposição de
um mesmo desnível. Esta última situação apresenta diversos inconvenientes, pois as eclusas
consomem tempo, são obras caras e de manutenção operacionalmente onerosa, podendo vir a
ser um fator limitante com relação à capacidade máxima de tráfego da hidrovia. Tendo em
vista as implicações de desenvolvimento econômico associados a uma hidrovia, as eclusas de
alta queda têm sido a opção mais frequente, embora seu projeto seja mais complexo.
A altura de queda condiciona o sistema hidráulico de enchimento mais conveniente, que
podem ser agrupados em dois sistemas fundamentais: o de alimentação através de aqueduto
longitudinal ao eixo da câmara, posicionado abaixo ou ao longo das laterais da mesma, que é
adequado para eclusas de até 20 m de queda; e o sistema hidraulicamente balanceado,
adequado para as eclusas de alta queda. Estes sistemas apresentam diferenciada distribuição
de vazões pelos orifícios de saída da câmara, e consequentemente esforços solicitantes nos
cabos de amarração das embarcações eclusadas.
• Válvulas
Escoamento nos poços das comportas e instalação típica da comporta segmento invertida.
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Em princípio, as válvulas funcionam no esquema todo aberto ou todo fechado, sendo fechadas
sempre sem carga. Normalmente usam-se válvulas iguais para montante e para jusante.
As válvulas de controle dos circuitos hidráulicos são o equipamento mais delicado das
eclusas, motivo pelo qual painéis de vedação são previstos para manutenção e reparo de cada
válvula.
• Os esforços nos cabos de amarração não deverão ultrapassar 1/600 do porte bruto da
embarcação eclusada, respeitando-se o limite superior de 5 Tf (critério PORTOBRÁS).
• Ausência de turbulências na câmara da eclusa que possam trazer riscos às embarcações.
Podem ocorrer ondas estacionárias na direção longitudinal e transversal ao eixo da câmara
e correntes recirculatórias transversais. O objetivo almejado é o de que o enchimento se
processe de modo simétrico e homogêneo em toda a câmara, principalmente nos instantes
de vazão máxima.
• O escoamento na aproximação da tomada d’água não acarretar problemas às menores
embarcações.
• As estruturas de restituição devem produzir reduzida turbulência, localizando-se
preferencialmente fora do percurso de navegação.
• Sistemas economizadores de água nas eclusas, em que pode-se recuperar até 60% da água
empregada em uma eclusagem, por meio de piscinas naturais, como nas novas eclusas do
Canal do Panamá.
• Os tempos de eclusagem devem ser reduzidos na proporção em que o aumento dos custos
gerados por esta condição sejam compatíveis com as vantagens oriundas de uma rápida
operação das válvulas.
Os muros de ala das câmaras das eclusas devem ser verticais, retilíneos e paralelos para
guiarem perfeitamente as embarcações na movimentação vertical da transposição de desnível,
mantendo-se as embarcações atracadas junto aos muros pelos cabos.
Os muros-guias são normalmente retilíneos e alinhados com os muros de ala, tendo
comprimento aproximadamente igual ao do comboio tipo, sendo que não deve ser mais curto do
que meio comboio.
Na região das cabeças da eclusa existe o espaço reservado à movimentação das portas, o
qual fica condicionado ao tipo destas.
O espaço útil para acomodar o comboio-tipo na câmara é um comprimento igual ao mesmo
mais 10 m de folga em eclusas de até 100 m de comprimento, podendo ser reduzido para 5 m em
eclusas mais compridas, e a folga mínima entre diferentes embarcações é de 5 m. Quanto à largura,
deve-se prever uma folga de 1,0 m com os muros de ala, e a folga mínima de 2,0 m na largura entre
embarcações lado a lado. A folga mínima no fundo da soleira da porta e câmara a ser considerada é
de 1,0 m em águas mínimas, para facilitar a entrada do comboio e reduzir o efeito de pistonamento
da água.
OBRAS HIDROVIÁRIAS
Planimetria do setor de montante da Eclusa de Barra Bonita na Hidrovia do Rio Tietê (SP).
OBRAS HIDROVIÁRIAS
Esquema da porta de montante da Eclusa de Barra Bonita na Hidrovia do Rio Tietê (SP).
As embarcações nas eclusagens não deverão estar sujeitas a riscos de acidentes maiores do
que os existentes em tráfego normal, não devendo produzir danos à própria obra. A segurança nas
eclusagens é uma questão diretamente vinculada à velocidade de transposição, que deve ser a maior
possível para propiciar maior capacidade de tráfego (menor perda de tempo) à hidrovia.
Nas entradas de montante e jusante, com o objetivo de evitar o avanço das embarcações em
direção às portas, são instalados os chamados freios de barcos. O dispositivo indicado consta de
dois cabrestantes situados nas laterais dos canais de acesso com grupos de motores redutores
alojados em poços. Próximo a cada cabrestante existe um cilindro fixo por onde o cabo de frenagem
deverá dar uma volta e atravessar o canal para ligar-se ao cabrestante da margem oposta, mantendo-
se o cabo a uma distância de 0,5 m do nível d’água por bóias que comandam os cabrestantes. A
frenagem é conseguida pelo atrito no cilindro e retenção do freio motor, liberando-se a passagem da
embarcação baixando-se o cabo abaixo do calado máximo com contrapesos que mantêm o cabo
esticado.
No interior da câmara o sistema de amarração impede que as embarcações se choquem
contra os muros ou portas, sendo este último maior risco, em função da agitação reinante na massa
líquida. Nas eclusas de pequena queda os cabos são fixos a cabeços de amarração engastados nos
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muros. Para maiores quedas os cabos são presos a cabeços flutuantes que acompanham a variação
do nível d’água, deslocando-se apoiados em guias colocadas em ranhuras especiais nos muros de
ala. No Brasil adota-se o critério PORTOBRÁS quanto ao esforço máximo admissível por cabo.
Externamente à câmara as embarcações atracadas estão sujeitas, além da agitação da água a
correntes e ventos, adotando-se o mesmo critério de segurança adotado no interior da câmara.
Para as embarcações em navegação admite-se que nos acessos a velocidade da corrente não
deva ultrapassar 0,9 m/s no sentido de movimentação e 0,3 m/s no sentido transversal.
O equipamento para funcionamento das eclusas é fundamentalmente composto de: portas (de
montante e jusante), válvulas (de montante e jusante), painéis de vedação das portas e seus sistemas
de movimentação e controle. Dos tempos de movimentação das portas e válvulas dependerá em
grande parte a capacidade de tráfego da eclusa.
Os equipamentos complementares são: cabeços de amarração (fixos ou móveis), escadas de
acesso às embarcações, freios de embarcação, sinalização luminosa e acústica, iluminação geral,
bombas para esgotamento total da câmara, elevadores de serviço para eclusas de alta queda, sistema
de gerador de emergência.
IV.4.2 Portas
Como regra geral, as portas somente são movimentadas com níveis d’água igualados nas
duas faces ou com carga mínima de alguns decímetros, o que garante grande simplificação no
sistema de movimentação e na sua estrutura.
As características que distinguem os tipos de portas residem nos movimentos de rotação em
torno de um eixo, sendo as mais comumente utilizadas as de busco, que são as mais utilizadas por
vantagens estruturais e de vedação em portas para grandes e pequenas dimensões, e as planas de
movimentação vertical.
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As portas de busco são constituídas por um par de painéis que, ao girarem em torno de cada
um de seus eixos verticais junto aos muros de ala, encontram-se no eixo central da câmara
formando um ângulo com vértice voltado sempre para montante, apoiando-se no fundo num batente
(busco). Quando abertas as portas ficam encaixadas nos muros de ala. A vedação é conseguida pela
pressão hidrostática da água, lateralmente contra os muros, no fundo contra o busco e na junção
uma contra a outra. A movimentação nas obras maiores é mecanizada por guinchos, ou mais
usualmente por pistão hidráulico articulado na face interna da porta ou por sistema mecânico de
cremalheira-roda dentada motorizado por motor elétrico. O principal inconveniente deste tipo de
porta é o de exigir maior comprimento de muro de ala.
Planta de situação da porta levadiça de jusante da Eclusa de Barra Bonita na Hidrovia do Rio Tietê
(SP).
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As portas planas de movimentação vertical podem ser levadiças ou baixadiças. No primeiro
caso são movimentadas, em geral, por pórticos que devem ter grande altura para permitir a
passagem da embarcação. No caso de portas de jusante de eclusas de alta queda a movimentação
pode ser feita contra a máscara, pois somente este tipo de porta é bem adaptado ao uso da máscara
fixa. No segundo caso a porta desce contra o muro de queda, quando a eclusa é de queda
relativamente grande. As comportas planas são geralmente movimentadas por cabos, sendo quase
sempre possível dispor de sistemas de contra-peso, que reduzem a energia necessária para a
movimentação. Os maiores inconvenientes deste tipo de porta estão ligados à manutenção dos
cabos, que são solicitados por grandes esforços e devem ter grandes comprimentos, além do grande
peso comparativamente às portas de busco equivalentes.
IV.4.2 Válvulas
Atualmente são normalmente comportas segmento invertidas ou planas verticais (tipo gaveta),
havendo maior preferência pelas primeiras, por sua facilidade de acionamento (menor atrito e
vibrações), simplicidade, durabilidade e menor manutenção. As comportas segmento invertidas ,
isto é com a articulação a montante da face vedante, fecham a extremidade de jusante do poço de
comportas e, consequentemente, impedem a entrada de ar descontroladamente.
A capacidade de tráfego das hidrovias é definida pela tonelagem máxima anual que pode
transitar pela mesma em condições operacionais normais. Nos canais de navegação não eclusados
qualquer obra que limite a velocidade ou restrinja a passagem das embarcações reduz a capacidade
de tráfego: restrições de cruzamento, navegação somente diurna, pontes com vãos restritivos, fortes
correntezas, etc.. Nos rios canalizados a capacidade de tráfego está normalmente limitada pelas
obras de transposição de desnível. Assim, nas vias eclusadas a capacidade de tráfego é imposta pela
obra mais lenta, isto é a que obriga a um maior tempo de transposição (intervalo em que a obra deve
atender a um comboio ou embarcação), o que evidencia o interesse de projetar todas as obras de
transposição da mesma via otimizadas com a mesma capacidade de tráfego. A capacidade de
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tráfego é um importante parâmetro econômico que é utilizado para exame da viabilidade das novas
vias navegáveis e para a justificativa de reformas e ampliações das vias existentes.
(a) (b)
(c)
Eclusagens no Rio Moselle (França). Saída de automotor com L=110 m, B=10m, T=2217 t. Estas
embarcações navegam de 10 a 12 nós.
(a) (b)
Eclusa com comporta plana levadiça em Ijzer (Bélgica) para compatibilização de níveis d’água.
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(a) (b)
(a) Portas de busco a montante de eclusa no Canal entre o Rio Marne e o Rio Reno (França) com
desnível aproximado de 15 m e enchimento por aquedutos. (b) Porta plana levadiça a jusante.
Elevadores Mecânicos (ver fotos), que não existem no Brasil, mas que poderão existir em
futuros Canais de Partilha, os canais que atravessam os Divisores de Águas entre Bacias
Hidrográficas, como seria viável entre a Hidrovia do Rio Paraguai e a Hidrovia dos Rios Paraná e
Tietê. A Hidrovia do rio Paraguai é a principal em movimentação de carga no Brasil, atravessa 5
países sul-americanos e se estende de Cáceres (MT) a Nueva Palmira no Uruguai (já no Estuário do
Prata), com extensão de 3.442 km, dos quais 1.270 em território nacional. Existem vários tipos de
elevadores hidráulicos, mas o princípio básico é o de conter a embarcação em uma cuba com água
que vence o desnível por planos inclinados (longitudinais ou transversais), elevadores verticais, que
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chegam a mais de 60 m de desnível ou o da Barragem de Three Gorges no Rio Yang Tzé (China),
vencendo um desnível de 113 m de altura podendo receber embarcações de até 3.000 t. Tratam-se de
obras que concorrem com as eclusas nos canais de partilha, pois nos divisores entre Bacias
Hidrográficas a disponibilidade de água é reduzida e a perda d’água nas eclusagens somente pode ser
mitigada com sistemas economizadores de água, sendo uma sangria da água dos corpos d'água doce.
(a)
(b)
(c)
(d)
Seqüência de descida da cuba com embarcação do Plano Inclinado de Arzviller (França) no Canal
entre o Rio Marne e o Reno.
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(b)
(a)
(c) (d)
Pontes basculantes de acionamento hidráulico em travessias no Canal Nieuwpoort-Ghent (Bélgica).
Observa-se a sinalização luminosa.