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Avaliação de água subterrânea

Msc. Geol. Larissa Ramage


HISTÓR
IA

1000 A.C – Khanats (ganats)


-Túneis construídos com a
finalidade de levar água – Persa
(70 km extensão - prof. até 100
metros)
476 DC -1492 DC- Idade média
Perfuração de poços já era
conhecida –grande diâmetro e
profundidade de até 100 m
Século XV - Da Vinci – Desenha
uma sonda a rotação
Conhecimento do Ciclo hidrológico
Século XVI- Palissy - Inventou o
trado Manual Antes de XVII:
1650 – Realiza-se medidas de 1)A precipitação era insuficiente quantitativamente
precipitação e descarga do Rio
Sena. Relaciona-se a existência de Não era a responsável pela existência da água
fontes com as estações do ano.
na Terra.
Século XIX – grande incremento na 2) Terra demasiadamente impermeável
pesquisa no campo da
hidrogeologia não poderia permitir a infiltração da água.
ÁGUA SUBTERRÂNEA
(parcela da hidrosfera que ocorre em subsuperfície)
3 origens principais:

•METEÓRICA

•CONATA

•JUVENIL

Podem aflorar por meio de nascentes, fontes ou poço.


Distribuição água no mundo

A água de rios tem um tempo de residência da ordem de duas semanas.


As águas subterrâneas movem-se lentamente e seu tempo de residência em décadas,
séculos e até mesmo milhares de anos.
Ciclo hidrológico
Recarga – fluxo da água subterrânea

Ág. superf. pode se transformar ág. sub.

• Percolação rios, canais e lagos.


• Água de recarga artificial.

• Descarga da base de rios


• Escoamento de fontes

Rio pode alimentar um aquífero e vice versa. Rio Influente – rio fornece água para o aquífero.
Rio Efluente – aquífero alimenta o rio.

Rio Influente – a cota do nível do rio > que a cota


piezométrica do aquífero
Rio Efluente – a cota do nível d’água do rio é < a
cota piezométrica do aquífero.
latim acqua = água, feros= levar
Tipos de Aquíferos São litotipos cujo o coeficiente de porosidade efetiva varia entre
1 e 15% e de condutividade hidráulica varia entre 10-2 e 10 -5 m/s.

Em função das principais características dos materiais geológicos e a


forma como as águas subterrâneas são armazenadas, os aquíferos
podem ser:
Aquífero Próximo a superfície, onde a zona
saturada tem contato direto com a zona
livre não saturada, estando submetido à
pressão atmosférica. Neste tipo de
sistema, a água que infiltra no solo
atravessa a zona não saturada e
recarrega diretamente o aquífero.

(NE) – distância entre a


superfície do terreno ao nível
de água ante de iniciar o
bombeamento.

Aquífero artesiano Limitado no topo e base por


camadas baixa permeabilidade
(argila, folhelho, rocha ígnea maciça,
denominados aquiclude ou
aquitardo. A pressão, a qual o
aquífero está submetido, é maior do
que a atmosférica. Essa pressão da
água é suficiente para que o nível da
água atinja uma altura superior a do
aquífero. Em aquíferos confinados, o
nível da água é chamado de
potenciométrico.
Variáveis envolvidas num
bombeamento
• Vazão de bombeamento (Q) – m3/h ou L/s (realizado com bomba submersa)
• Rebaixamento (s)
• Tempo (t)

Aquífero freático – linha


piezométrica coincide c/ NA.

Aquífero confinado – está sempre


saturado, a linha piezométrica está ND
acima do limite do aquífero.
Teste de bombeamento Rocha Cristalina

• Bombeamento contínuo – 12 a 24 hs
• Recuperação dos níveis. (~6 h)
• Vazão inicial do TB é avaliada no final da
perfuração do poço (não pode exceder a
potencialidade).
• Vazões baixas – até 3.6m3/h – balde de 20L
3.6 a 36 m3/h – galão de 200L
Rocha Sedimentar

• Bombeamento contínuo (24hs) / escalonado.


Medição de nível
Teste de bombeamento
em patamares
Aquíferos Fraturados

Embasamento Cristalino

Rochas Basálticas
Aquífero fraturado _Embasamento cristalino

Acidentes tectônicos
Fraturas, juntas, falhas ou mudança litológica.

Depende da interação água x


rochas

•Pouco mineralizadas
•Domina HCO3 e ou Na+ ou
Ca2+
•Dá origem a minerais
argilosos.
•Íon fluoreto

Acidente de captação natural. Ex. filão de


quartzo em rocha granitoide.
Locação poços

Imagem Google

Fotointerpretação imagens aéreas.


Aquífero Serra Geral (49%)

• Aquif. Fraturado (derrames


vulcânicos básicos e ácidos).
• Espessura de até 1200 m.
• Aquif. Livre a semiconfinado,
de extensão regional,
descontínuo, heterogêneo e
anisotrópico.
• Q – 5 a 40 m3/h.
• Localmente muito vulnerável,
com baixo risco à contaminação
nas áreas rurais, e médio risco nas
áreas urbanas.
• O perfil litológico dos poços
indica variação na espessura de
solo.
• Predomina rocha descrita como
basalto cinza e basalto
avermelhado.
• Ocorrem intercalações de zonas
de vesículas ao se interpretar os
dados descritos como exemplo,
ocorrência de quartzo, calcedônia,
zeolitas.
Sistema Aquifero Serra Geral

•A capacidade específica é inferior a 0,5 m³/h/m,


excepcionalmente em áreas mais fraturadas ou com
arenitos na base do sistema, podem ser encontrados
valores superiores a 2 m³/h/m.
•As salinidades apresentam valores baixos, geralmente
inferiores a 250 mg/l.
•Valores maiores de pH, salinidade e teores de sódio
podem ser encontrados nas áreas influenciadas por
descargas ascendentes do Sistema Aqüífero Guarani.
Aquífero Guarani (SAG)
Porção N
Parte superior: arenito eólico, avermelhado, homogêneo, muito fino, friável, quartzoso, de
espessura até 125 metros, alterando-se com ritmitos, siltitos avermelhados.

Parte inferior: arenitos esbranquiçados, lacustre ou fluvio-lacustre, com níveis argilosos.


Concentração mais elevada de STD. Espessura até 250 metros.

Porção Sul do aquífero (PR,SC e RS), espessuras menores, composto por


arenitos esbranquiçados, finos a muito finos, compartimentados, devido a
movimentação tectônica mais intensa, refletindo nas condições hidrodinâmicas do
aqüífero.
pH (5,5 a 10,5), e maior quantidade de sais, Ca e Na, e F (RS).
Q – 50 a 500 m3/h em prof. de 1200 m.

Recomendação:
•Como são perfuradas varias seções filtrantes recomenda-se que o poço seja todo
revestido.
•Todo poço deve ter um tubo de boca (isola a formação produtora de
contaminantes superficiais), uma câmara de bombeamento (onde se instala o
equipamento de produção).
Seção geológica N- S

Seção geológica Leste -Oeste


Tipos de poços
Poços escavados
mais rudimentar, cacimba, feitos sem técnicas. Podem atingir algumas dezenas de metros.
Poço Amazonas - SESP

Poços de Ponteiras
São poços construídos em zonas de aquíferos rasos, pequena espessura mas de abundante
produção de água.

Poços Cravados
São poços rasos, em zonas aluvionares onde predominam os sedimentos, diâmetro reduzidos (2”).

Poços Profundos
Demandam uma tecnologia para construção e suas profundidade variam de poucos a milhares de
metros (> 6”). Motobomba submersa.

Piezômetros ou poços de monitoramento


Poço de pequena polegada para monitoramento do aquífero.
Raio de influência
Elementos Construtivos
Porosidade x Permeabilidade

Porosidade= Volume vazio x100 > % de vazios > capacidade


Volume total da rocha de absorver água em seus
interstícios

Permeabilidade= > ou < facilidade


oferecida na circulação de água por meio
dos poros Depende granulometria,
forma e arranjo interno dos
grãos
MATERIAL POROSIDADE PERMEABILIDADE (%)
(%)

SOLO 50-60

ARGILA 45-50 10-7-10-2

SILTE 40-50

AREIA MÉDIA A GROSSA 35-40

AREIA UNIFORME 30-40

AREIA FINA A MÉDIA 30-35

CASCALHO 30-40 2-2000

CASCALHO + AREIA 20-35

ARENITO 10-20 0,3-3

FOLHELHO 1-10

CALCÁRIO 1-10 10-4-10-1

BASALTO <<1 10-3


Aquífero Fraturado x Poroso x porosidade

Unidade Condutividade
Sistema Aqüífero Tipo de porosidade
aqüífera hidráulica (cm/s)

Depósitos Permeável, porosidade


Granular ou poroso 10-7 a 10 -2
sedimentares primária; intergranular

Impermeável e
porosidade secundária,
Fraturado Rochas basálticas 10-7 a 10 -2
descontinuidades
(falhas, fraturas)
SIAGAS - CPRM
Qualidade das águas subterrâneas

• Tipo de rocha.
• Produtos de alteração da rocha atravessada.
• Tempo de residência.
• Temperatura e pH da água.
• Atividades humanas (contaminantes)

Águas captadas em rochas ígneas e Águas provenientes de formações


metamórficas são águas de boa sedimentares, em geral de boa
qualidade. qualidade, mas com uma
quantidade de sais dissolvidos
mais elevadas.

Baixa concentração de sais


Calcários
dissolvidos Arenito Argilitos
(Ca e Mg)
(Na) (Fe e SO4)
Execeções – embas. Cristalino (F)
R. vulcânicas (SG) - F Aquif. Costeiros – Al, Fe e Mn
Composição Química das águas

Indicam mesma origem!!


Proximidade de tipos hidroquímicos

Teor de sais podem variar, embora as


águas tenham a mesma classificação

Teor de sais nas águas


Chuva < rios < aquíferos
Ex.: Estudo aquífero x rio x
chuva

Diagrama de Piper

SASG
SAG

SASG – Bicarbonatadas cálcicas e sódicas (as


vezes magnesianas)
SAG – Bicarbonatas cálcias e/ou sódicas

AQUIFERO
Tempo de residência em aquíferos

Datação através de isótopos de C14 , oxigênio, hidrogênio


ISÓTOPOS ESTÁVEIS DE OXIGÊNIO E HIDROGENIO

Origem comum para água de rios e aquíferos precipitação

Dispersão dos isótopos na Terra – ( GMWL )


Define a LINHA DE ÁGUA METEÓRICA GLOBAL

Indica processos
evaporativos
Slope – %
MITO:
ÁGUA SUBTERRÂNEA É PURA
Déc. 80 – ITAMARACÁ (NORTE
PARANÁ) POÇOS PERFURADOS
SEM  ANÁLISE DA QUALIDADE
DA ÁGUA.
O RESULTADO É QUE 68% DAS
CRIANÇAS MOSTRARAM
FLUOROSE DENTÁRIA A
PONTO DE SER NECESSÁRIA A
SUBSTITUIÇÃO DE DENTES
POR PRÓTESES, TAL O GRAU
DE SEVERIDADE DA MOLÉSTIA.
Devido a CÓLERA ENDÊMICA EM BANGLADESH, O GOVERNO E A ONU
PATROCINARAM A PERFURAÇÃO DE MILHARES DE POÇOS PARA QUE A
POPULAÇÃO EVITASSE O CONSUMO DA ÁGUA SUPERFICIAL CONTAMINADA.
A ÁGUA NÃO FOI ANALISADA COM O CUIDADO NECESSÁRIO E O RESULTADO É
QUE O ARSÊNIO PRESENTE NO AQUÍFERO EM ESTADO REDUZIDO DE VALÊNCIA,
OXIDOU-SE E OCASIONOU CENTENAS DE CASOS DE CÂNCER E MORTE (40 mil
pessoas/ano).
PROBLEMAS AQUíFEROS

• Superexploração – interferência de poços vizinhos


• Subsidência / colapso de terrenos
• Intrusão salina
• Contaminação
Adensamento de camadas subterrâneas – subsidência e colapso

Predisposição:
-Dissolução de rochas cálcarias,
dolomiticas e sais
(carstificação).
Intrusão Salina

Estado de equilíbrio entre a água doce x água salgada em aquífero costeiro

Cunha salina

Bombeamento do poço.
Contaminação em aquíferos
Existem substancias e gases
Apesar do solo e zona não saturada serem
que dificilmente deixaram a
excelentes filtros
água subterrânea.

Podem reter inúmeras partículas e Podendo ser responsável pela


bactérias patogênicas. sua contaminação.
Caracterização da contaminação

• Ciclo hidrológico.
Deve-se conhecer bem: • Contaminantes possíveis.
• Litologia e hidrogeologia da região.

Ex. aquíferos cársticos


Em alguns aquíferos, devido a lenta (formações carbonatadas), são
circulação das águas de infiltração aquíferos muito vulneráveis.
ao longo da formação geológica com
notável poder depurador, os
problemas de contaminação são
consideravelmente retardados.
Vulnerabilidade

Condição de risco suportar os efeitos de um ambiente/contaminante hostil.

• Depende das propriedades físicas do aquífero e sensibilidade a impactos naturais ou


causados pelo homem. (litologia, porosidade, uso solo, mobilidade, densidade do
contaminante).
• Cada aquífero se comporta diferente.
• Quantificação é relativa e subjetiva.

METODOLOGIA

1. DRASTIC (EPA) – mapas de vulnerabilidade com valores quantificados.


2. AVI (simplificado) – distancia entre a cota topográfica e nível freático
3. GOD (tipo de aquífero, litologia, profundidade do lençol).
APLICAÇÕES

Risco a poluição de um aquífero.


Tempo que um contaminante leva pra alcançar o aquífero conforme litologia.

Determinar áreas que merecem atenção


especial propondo perímetros de proteção de
poços aos mapas de vulnerabilidade.

Deve ser estudado caso a


caso.
A escolha do método é em
função das informações
que dispõe.

Metodologia GOD para vulnerabilidade de aquífero.


• Inorgânicos: Cl, SO4, NO3, Na, Ca, K (comum
fertilizantes agrícolas utilizados no país)
• Orgânicos degradáveis (fossas sépticas,
Contaminantes em águas excreções de animais).
subterrâneas • Orgânicos pouco ou nada degradáveis (pesticidas,
detergentes), derivados posto de gasolina.
• Biológicos (bactérias, vírus e algas).
• Rejeitos de mineração.

Contaminação de aterro sanitário mal projetado.


A utilização incorreta ou exagerada de
fertilizantes ou pesticidas em solos muito
permeáveis influencia a qualidade da água
subterrânea.

Monitoramento

Amostragem é realizada por um conjunto de PM ou PZ.


“Água é vida.
Onde não existe água, não existe vida.
Entre estes dois fatos situa-se toda a história da humanidade.”

Mohamed Aït-Kadi, GWP Technical Committee

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