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Universidade Federal de Juiz de Fora

Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental

Sistemas de abastecimento de
água: captação
NATHALIA ROLAND
Parte I
Estrutura
➢ Fontes de água e tipos de captação.

➢ Captação subterrânea.

➢ Outorga.
Fontes de água
Apenas 2 a 3% da água existente no planeta, constituem-se como água doce. Dessa parcela, um
volume ainda menor se encontra à disposição dos sistemas de abastecimento de água para
consumo humano.
Fontes de água
➢ Manancial superficial: manancial que escoa na superfície terrestre, compreendendo os rios,
córregos, ribeirões, lagos e reservatórios artificiais.

➢ Manancial subterrâneo: manancial que se encontra totalmente abaixo da superfície terrestre,


compreendendo os lençóis freáticos e confinados.

➢ Águas pluviais.

➢ Os oceanos também podem fornecer água para abastecimento a um custo de tratamento


normalmente mais elevado (dessalinização).
Fontes de água
➢ Captações superficiais e subterrâneas
Fontes de água
➢ Captação de águas pluviais.
Fontes de água
➢ Captação de água salgada.

Usina de dessalinização em Carlsbad, Califórnia (EUA).


Tipos de captação
Estrutura responsável pela extração de água do manancial, destinada a um sistema de
abastecimento.

➢ É a primeira unidade do sistema de abastecimento de água, condicionando o desempenho das


demais unidades ao seu.

➢ Não são admissíveis interrupções em seu funcionamento.

➢ Existem diversos tipos de captação, variando, sobretudo, em função do manancial e da


demanda requerida (quantidade e qualidade).

➢ A concepção de uma unidade de captação deve considerar a sua vulnerabilidade e


acessibilidade.
Tipos de captação
Estrutura responsável pela extração de água do manancial, destinada a um sistema de
abastecimento.

Critérios de água, condicionando o desempenho das


➢ É a primeira unidade do sistema de abastecimento
demais unidades➢aoRealização
seu. de análises de qualidade da água (aspectos
físicos, químicos e biológicos).
➢ Não são admissíveis interrupções em seu funcionamento.
➢ Vazão mínima necessária para atender a demanda por
➢ Existem diversos
umtipos de determinado
período captação, variando,
de anos.sobretudo, em função do manancial e da
demanda requerida (quantidade e qualidade).
➢ Tipo de tratamento necessário.
➢ A concepção de uma unidade de captação deve considerar a sua vulnerabilidade e
➢ Distância do manancial ao ponto de distribuição.
acessibilidade.
Tipos de captação

Qual a melhor alternativa para a captação de água?

➢ Atender, com quantidade suficiente, aos diferentes consumidores: doméstico, industrial e


público, tendo sempre em conta as perdas no sistema.

➢ Cumprir os requisitos de qualidade, contando com a aceitação da população.

➢ Possuir a maior proximidade com o local da distribuição.

➢ Promover o menor desnível geométrico em relação às demais unidades do sistema.


Captação subterrânea
A água está contida no subsolo, podendo aflorar naturalmente ou necessitando de algum
dispositivo especial para o seu bombeamento.

Funasa (2004).
Captação subterrânea
➢ Aquífero freático ou não confinado
É aquele em que a água se encontra livre, com sua
superfície sob ação da pressão atmosférica.

A recarga do aquífero freático ocorre geralmente


ao longo do próprio lençol.

Em um poço perfurado neste tipo de aquífero, a


água no seu interior terá o nível coincidente com
o nível do lençol.

Funasa (2004).
Captação subterrânea
➢ Aquífero freático ou não confinado

Por estar mais próximo à superfície do terreno apresenta, normalmente, qualidade insatisfatória
para consumo humano, necessitando de alguma tecnologia para adequação das suas
características aos padrões de potabilidade vigentes.

Apresenta menores vazões se comparado com o aquífero artesiano.

Dependendo da profundidade em que se encontra, o lençol freático pode ate mesmo surgir
naturalmente na superfície do terreno (nascente, mina, olho d’água).
Captação subterrânea
➢ Aquífero freático ou não confinado

• Nascente
Limpar o entorno, retirando materiais orgânicos.
Preencher a nascente com pedra de mão, tomando
cuidado pra não obstruir o afloramento de água
(dar estabilidade à estrutura da nascente e ajudar
na filtração da água).
Instalar as tubulações para o escoamento da água.
Realizar vedação com uma mistura de solo-
cimento.

Nascente protegida

Funasa (2019).
Captação subterrânea
➢ Aquífero freático ou não confinado

• Caixa de tomada

Solução utilizada em encostas.

Caixa de tomada em encosta

Funasa (2019).
Captação subterrânea
➢ Aquífero freático ou não confinado

• Galeria de infiltração

Instalação de drenos.

Funasa (2019).
Captação subterrânea
➢ Aquífero freático ou não confinado

• Poço escavado

Diâmetro mínimo usual de 90 cm.

A profundidade pode variar dependendo do tipo de material


escavado, das técnicas utilizadas, do nível do lençol freático e da
existência de revestimento. Normalmente, não ultrapassam 20
metros.

É recomendado o revestimento do poço para evitar o


desmoronamento das paredes e a presença de insetos, como
baratas. Poço escavado com bomba manual

Funasa (2019).
Captação subterrânea
➢ Aquífero freático ou não confinado

• Poço escavado

A escolha do local para construção do poço deverá


levar em conta os riscos de contaminação do lençol.

Dependendo do tipo de solo, respeitar a distância


mínima de 15 metros entre o poço e a fossa do tipo
seca e de 100 metros para demais focos de
contaminação.

Evitar a construção em áreas sujeitas à inundação.


Captação subterrânea
➢ Aquífero freático ou não confinado

• Poço tubular raso

Poço tubular perfurado (utilizando-se trados, brocas e


escavadeiras): recomendado para profundidades de até 20
metros.

Poço tubular cravado (cravação de tubos metálicos no terreno


por meio de percussão ou rotação): podem atingir
profundidade superior a 20 metros.

Fonte: Heller; Pádua (2010).


Captação subterrânea
➢ Aquífero freático ou não confinado

• Poço tubular raso

Poço tubular perfurado (utilizando-se trados, brocas e


escavadeiras): recomendado para profundidades de até 20
metros.

Poço tubular cravado (cravação de tubos metálicos no terreno


por meio de percussão ou rotação): podem atingir
profundidade superior a 20 metros.

Fonte: Heller; Pádua (2010).


Captação subterrânea
➢ Aquífero artesiano ou confinado
É aquele em que a água encontra-se confinada por
camadas impermeáveis e sujeita a uma pressão
maior que a atmosférica.

Em um poço profundo, que atinge este lençol, a


água subirá acima do nível do mesmo. Poderá, às
vezes, atingir a boca do poço e produzir uma
descarga contínua, jorrante.

Funasa (2019).
Captação subterrânea
➢ Aquífero artesiano ou confinado
A alimentação desse lençol acontece por infiltração na região de contato da formação geológica
com a superfície do terreno, fazendo com que as condições climáticas e de regime de chuvas da
região de locação do poço, normalmente não afetem a sua produção.

Em função das grandes profundidades e da filtração que naturalmente ocorre no subsolo, esse
lençol pode produzir água com boa qualidade para consumo, além de vazões que podem
atender a uma solução coletiva.
Captação subterrânea
➢ Aquífero artesiano ou confinado

• Poço tubular profundo


É uma obra de engenharia, projetada e construída de
acordo com normas técnicas específicas, exigindo mão
de obra e equipamentos especiais para sua execução.
É executado com perfuratrizes, apresentando
profundidades que variam de mais de 20 metros a cerca
de 4.500 metros.
Pode ser totalmente ou parcialmente revestido com
tubos, dependendo das condições da geologia local.

Fonte: Tsutiya (2006).


Captação subterrânea
➢ Aquífero artesiano ou confinado

• Poço tubular profundo


É uma obra de engenharia, projetada e construída de
acordo com normas técnicas específicas, exigindo mão
de obra e equipamentos especiais para sua execução.
É executado com perfuratrizes, apresentando
profundidades que variam de mais de 20 metros a cerca
de 4.500 metros.
Pode ser totalmente ou parcialmente revestido com
tubos, dependendo das condições da geologia local.

Fonte: Tsutiya (2006).


Captação subterrânea
➢ Aquífero artesiano ou confinado

• Poço tubular profundo


Para determinação da vazão de poços tubulares destinados a alimentar sistemas de
abastecimento de água é necessária a realização de testes específicos, denominados teste de
produção e teste de aquífero.

A partir da interpretação dos resultados dos testes é determinada a vazão máxima a ser extraída
do poço ao longo de sua vida útil ou ao longo do alcance de projeto do sistema.

A vazão de produção do poço é chamada de vazão de explotação.


Captação subterrânea
➢ Aquífero artesiano ou confinado

• Poço tubular profundo


Problemas associados à superexplotação:
- Desaparecimento de nascentes e poços rasos;
- Ocorrência de subsidência (afundamento de terrenos);
- Possibilidade de intrusão da cunha salina;
- Aumento dos custos de captação de água.
Captação subterrânea
➢ Aquífero artesiano ou confinado

• Poço tubular profundo


Problemas associados à superexplotação:
- Desaparecimento de nascentes e poços rasos;
- Ocorrência de subsidência (afundamento de terrenos);
- Possibilidade de intrusão da cunha salina;
- Aumento dos custos de captação de água.
Captação subterrânea
➢ Aquífero artesiano ou confinado

• Poço tubular profundo Em Cajamar (SP), 1986,


ocorreu o afundamento do
Problemas associados à superexplotação: solo formando cavidades
de 32m de diâmetro e 13m
- Desaparecimento de nascentes e poços rasos; de profundidade.
- Ocorrência de subsidência (afundamento de terrenos);
- Possibilidade de intrusão da cunha salina; A cidade explorava cerca
de 130.000 L/h de água
- Aumento dos custos de captação de água.
subterrânea, sendo
40.000 L/h utilizados para
abastecimento da
população. O restante
abastecia o complexo
industrial do município.
Captação subterrânea
➢ Aquífero artesiano ou confinado

• Poço tubular profundo


Problemas associados à superexplotação:
- Desaparecimento de nascentes e poços rasos;
- Ocorrência de subsidência (afundamento de terrenos);
- Possibilidade de intrusão da cunha salina;
- Aumento dos custos de captação de água.
Captação subterrânea
➢Aquífero artesiano ou confinado

• Poço tubular profundo


I. Distâncias mínimas em planta:
- 5 m: prédios, estruturas em geral, escavações, galerias, canais;
- 15 m: fossas sépticas, canalizações de esgotos, unidades para tratamento de esgotos;
- 30 m: sumidouros, linhas de irrigação sub-superficial, lagoas de estabilização, entre
outros.
II. Distância mínima entre poços que captam água em um mesmo aquífero: ≈100 m.
III. Período de funcionamento diário: ≤ 16 horas/dia (recarga do aquífero).
Captação subterrânea
➢ Vantagens
• Menos sujeita à influência das condições climáticas anormais;
• Boa qualidade (físico-química e biológica) da água;
• Menor tempo para execução da obra;
• Menor custo relativo à adução e tratamento da água.

➢ Desvantagens
• Necessidade de bombeamento;
• Salinidade e dureza da água;
• Complexidade (investigação, monitoramento e gestão).
Normas para projetos
➢ NBR 12.211 (1992) – Estudos de concepção de sistemas públicos de abastecimento de água.
➢ NBR 12.212 (2017) – Projeto de poço para captação de água subterrânea.
➢ NBR 12.213 (1992) – Projeto de captação de água de superfície para abastecimento público.
➢ NBR 12.214 (2020) – Projeto de estação de bombeamento ou de estação elevatória de água.
➢ NBR12.215 (2017) – Projeto de adutora de água.
➢ NBR 12.216 (1992) – Projeto de estação de tratamento de água para abastecimento público.
➢ NBR 12.217 (1994) – Projeto de reservatório de distribuição de água para abastecimento
público.
➢ NBR 12.218 (2017) – Projeto de distribuição de água para abastecimento público.
➢ NBR 12.244 (2006) – Construção de poço para captação subterrânea.
➢ NBR12.586 (1992) – Cadastro de sistema de abastecimento de água.
Outorgas
➢ Instrumento legal que assegura ao usuário o direito de utilizar os recursos hídricos.

➢ Na esfera federal a outorga deve ser solicitada à Agência Nacional das Águas – ANA. Na esfera
estadual, ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM.

➢ Por meio da outorga é realizada a gestão quantitativa e qualitativa do uso da água, emitindo
autorização ou concessão para quaisquer intervenções que alterem a quantidade, a qualidade
ou o regime de um corpo hídrico.

➢ Cadastro de uso insignificante para captações de água não sujeitas à outorga (os critérios que
definem os usos considerados insignificantes em MG foram estabelecidos na Deliberação
Normativa CERH 09/04 e variam de acordo com as bacias hidrográficas onde o uso será
realizado).
Outorgas

Fonte: IGAM (2020).


Outorgas
Em MG a demanda dos usos de água superficial é aproximadamente 82,8% do total captado
enquanto os usos subterrâneos correspondem a 17,2%.

Fonte: IGAM (2016; 2020).


Parte II
Estrutura
➢ Captação de águas superficiais

• estudos necessários

• critérios para escolha do ponto de captação

• tipos de captação superficial

• componentes
Normas para projetos
➢ NBR 12.211 (1992) – Estudos de concepção de sistemas públicos de abastecimento de água.
➢ NBR 12.212 (2017) – Projeto de poço para captação de água subterrânea.
➢ NBR 12.213 (1992) – Projeto de captação de água de superfície para abastecimento público.
➢ NBR 12.214 (2020) – Projeto de estação de bombeamento ou de estação elevatória de água.
➢ NBR12.215 (2017) – Projeto de adutora de água.
➢ NBR 12.216 (1992) – Projeto de estação de tratamento de água para abastecimento público.
➢ NBR 12.217 (1994) – Projeto de reservatório de distribuição de água para abastecimento
público.
➢ NBR 12.218 (2017) – Projeto de distribuição de água para abastecimento público.
➢ NBR 12.244 (2006) – Construção de poço para captação subterrânea.
➢ NBR12.586 (1992) – Cadastro de sistema de abastecimento de água.
Captação superficial
➢ Os mananciais superficiais (rios, ribeirões, córregos, lagos naturais e artificiais) são os preferidos
para obtenção de água para atendimento dos sistemas, em função de normalmente apresentarem
vazões compatíveis com as demandas de projeto, além de necessitarem de tecnologias simples
para a retirada da água.

➢ Porém, os cursos d`água superficiais também são o principal destino de lançamento das águas
residuárias, muitas vezes sem nenhum tipo de tratamento.

➢ Assim, se a gestão dos serviços de saneamento básico não for colocada em prática, de forma
rápida e eficiente, os custos de obtenção de água para atendimento das populações poderão, em
curto ou médio prazo, tornarem-se proibitivos para grande parte dos municípios.
Captação superficial
Informações, levantamentos e estudos necessários para a escolha do manancial e do local de
implantação da captação:

➢ mapa geográfico da localidade a se abastecer e da região no seu entorno, preferencialmente do tipo


planialtimétrico;

➢ estimativa das vazões mínima, média e máxima dos mananciais em estudo, nos pontos mais
indicados para a sua captação, assim como o conhecimento das vazões disponíveis para captação
segundo o respectivo órgão responsável pela gestão de recursos hídricos;

➢ levantamento de dados, informações ou estimativas sobre os níveis de água máximo e mínimo nos
locais de captação em estudo, com a indicação dos prováveis períodos de recorrência;

➢ levantamento das características físicas, químicas e biológicas da água e avaliação do transporte de


sólidos, em épocas representativas do ano, nos pontos cogitados para a localização da captação;
Captação superficial
Informações, levantamentos e estudos necessários para a escolha do manancial e do local de
implantação da captação:

➢ levantamento sanitário da bacia hidrográfica a montante dos possíveis pontos de captação,


incluindo a caracterização dos principais usos da terra e da água, com atenção especial para as
atividades degradadoras da vegetação e poluidoras da água, do solo e do ar;

➢ conhecimento dos usos da água a jusante dos pontos de captação em estudo;

➢ levantamento de informações e de dados planialtimétricos, batimétricos e geotécnicos que


permitam a realização de estudos técnicos e econômicos comparativos dos locais aventados
para a localização da captação.
Escolha do ponto de captação
➢ O ponto de captação deve garantir as vazões demandada e residual, estando a montante de
focos de poluição e, preferencialmente, em cota superior à da comunidade a ser atendida.

➢ Caso a adução por gravidade seja inviável, o ponto de captação deve situar-se em local com
cota altimétrica que resulte menor desnível geométrico em relação à localidade.

➢ A qualidade da água bruta deve ser compatível com as tecnologias de tratamento acessíveis,
que devem apresentar viabilidade técnica e econômica, além de garantir condições
sanitariamente seguras para a comunidade.
Escolha do ponto de captação
➢ A captação deve situar-se em trecho reto ou do lado de fora da curva.

Fonte: Heller e Pádua (2010).


Escolha do ponto de captação
➢ O ponto escolhido para captação deve permitir que as estruturas e dispositivos de captação
fiquem protegidos da ação erosiva da água e dos efeitos prejudiciais decorrentes de remanso e
da variação de nível do curso de água.

➢ Um aspecto fundamental na seleção do ponto é a acessibilidade à área da captação.

➢ A captação deve resultar em alterações mínimas no curso de água.


Tipo de captação
As captações de águas de superficiais podem ser:
➢ Captação direta (fio de água);
➢ Captação com barragem de regularização de nível de água;
➢ Captação com barragem de regularização de vazão;
➢ Captação em reservatórios ou lagos de usos múltiplos.

𝑄𝑚é𝑑 > 𝑄𝑝𝑟𝑜𝑑 𝑄𝑚é𝑑 > 𝑄𝑝𝑟𝑜𝑑


𝑄𝑚é𝑑 < 𝑄𝑝𝑟𝑜𝑑
𝑄𝑚𝑖𝑛 > 𝑄𝑝𝑟𝑜𝑑 𝑄𝑚𝑖𝑛 < 𝑄𝑝𝑟𝑜𝑑

Captação direta Barragem de acumulação Buscar outro manancial para atender a demanda
ou completar a vazão com outras fontes de água.
Tipo de captação: captação direta
➢ Captação direta

Aplicada em cursos de água superficial que possuam vazão mínima utilizável superior à vazão de
captação e que apresentem nível de água mínimo suficiente para o adequado posicionamento
da estrutura de captação.

• Tubulação de tomada

A tubulação de tomada aplica-se a cursos de água perenes, sujeitos a pequena variação de nível
de água e que não possuam regime de escoamento torrencial com o arraste de sólidos
volumosos, que possam danificar a tubulação instalada.

Fonte: Heller; Pádua (2010).


Tipo de captação: captação direta
• Tubulação de tomada

Tubulação de tomada com crivo, descarregando em desarenador

Tubulação de tomada com crivo, descarregando em caixa de passagem

Fonte: Heller; Pádua (2010) apud Haddad (1997).


Tipo de captação: captação direta
• Tubulação de tomada

Tubulação de tomada com crivo, descarregando em poço de sucção

Tubulação de tomada com crivo ligada diretamente à sucção

Fonte: Heller; Pádua (2010) apud Dacach (1975).


Tipo de captação: captação direta
• Tubulação de tomada

Tomada de água com bomba anfíbio

Tubulação de tomada com tubos perfurados

Fonte: Heller; Pádua (2010) apud Higra (2003); Heller; Pádua (2010) apud Dacach (1975).
Tipo de captação: captação direta
• Caixa de tomada
É uma variante da alternativa com tubulação de tomada, empregada quando o curso de água
apresenta regime de escoamento torrencial ou rápido, colocando em risco a estabilidade de
tubulações pela possibilidade da colisão destas com sólidos pesados, transportados pelo curso de água
em épocas de fortes chuvas.

Não se aplica quando a altura da lâmina de água


mínima do manancial for muito reduzida, quando
a calha molhada deste se afastar muito das
margens nos períodos de grande estiagem ou
quando ocorrer excesso de algas no manancial.

Fonte: Heller; Pádua (2010) apud Haddad (1997).


Tipo de captação: captação direta
• Canal de derivação
É utilizado em captações de médio ou grande portes, cumprindo a função da caixa de tomada.
Não se aplica a captações de pequena vazão. No mais, as situações em que o canal de derivação
se aplica e as situações em que ele deve ser evitado são semelhantes às descritas para a caixa de
tomada.

Canal de derivação e desarenador afastado da margem do curso de


água

Fonte: Heller; Pádua (2010) apud Haddad (1997).


Tipo de captação: captação direta
• Captação flutuante

É a modalidade de captação direta de água que se aplica sobretudo em lagos ou represas, mas
também em rios maiores com regime de escoamento tranquilo ou fluvial, sem arraste frequente
de sólidos flutuantes de grandes dimensões e dotados de grande largura e profundidade,
mesmo em períodos de estiagem.

Tem sido mais utilizada em sistemas de


pequenas e médias comunidades,
como uma alternativa mais econômica.

Fonte: Heller; Pádua (2010) apud Haddad (1997).


Tipo de captação: captação direta
• Captação flutuante

Captação da Cagepa – PB na
barragem Canafístula II.
Captação tipo flutuante no Sistema
Canindé – CE. Captação na represa João Penido.
Tipo de captação: captação direta
• Torre de tomada

É a modalidade em que a tomada de água é feita por meio de uma torre de grandes dimensões,
com entradas de água em diferentes níveis.

É um tipo de tomada de água que, pelo seu maior custo, é indicado para grandes sistemas de
abastecimento de água cuja captação se faz em lagos, em reservatórios de regularização de
vazão ou em grandes rios dotados de grande variação no posicionamento do nível de água,
tanto em profundidade como em afastamento às margens.

Neste tipo de tomada, é importante levar em consideração, além das oscilações do nível de água,
as variações da qualidade da água em função da profundidade.

Fonte: Heller; Pádua (2010).


Tipo de captação: captação direta
• Torre de tomada

Captação em torre de tomada no


Sistema Serra Azul – MG.

Fonte: Heller; Pádua (2010) apud Yassuda; Nogami (1976).


Tipo de captação: barragem para regularização de nível
➢ Barragem para regularização de nível

A captação com barragem de regularização de nível de água se aplica a cursos de água de


superfície com vazão mínima utilizável superior à vazão de captação, porém cujo nível de água
mínimo seja insuficiente para o posicionamento da tubulação de captação.

Neste caso, o nível mínimo de água é elevado por meio de uma barragem de pequena altura,
também conhecida como soleira, cuja única finalidade é dotar o manancial do nível de água
mínimo necessário à sua captação.

A altura da barragem de nível deve ser tal que permita o adequado posicionamento da tomada
de água, dificilmente sendo superior a 1,5 metros.

Fonte: Heller; Pádua (2010).


Tipo de captação: barragem para regularização de nível
➢ Barragem para regularização de nível

Barragem para captação no córrego dos Bois,


Oliveira – MG.

Fonte: Heller; Pádua (2010).


Tipo de captação: barragem para regularização de vazão
➢ Barragem de acumulação

É empregada quando a vazão mínima utilizável do manancial de superfície é inferior à vazão de


captação necessária.

Neste caso, torna-se necessária a construção de barragem dotada de maior altura, suficiente
para permitir o acúmulo de volume de água que possibilite a captação da vazão necessária em
qualquer época do ano hidrológico, além de garantir o fluxo residual de água em quantidade
adequada à manutenção da vida aquática e a outros usos a jusante da barragem.

Seu projeto e construção são mais complexos do que os demais tipos de captação.
Tipo de captação: barragem para regularização de vazão
➢ Barragem de acumulação

Barragem de acumulação da Copasa (MG) no Sistema Serra Azul


Parâmetros de projeto
➢ A tomada de água deve ficar a pelo menos 0,30 m acima do fundo e a não menos que 0,20 m
abaixo do NA mínimo.

➢ No caso de barragem de nível, a tomada de água deve ficar a pelo menos 0,60 m acima do
fundo.

➢ A velocidade de escoamento da água nos condutos deve ser maior ou igual a 0,60 m/s para
evitar a deposição de sólidos suspensos.
Componentes
Dispositivos constituintes de captações de águas de superfície:

➢ Tomada de água (caixa/ canal / tubulação com crivo).

➢ Grades e telas. Elementos comuns aos


diversos tipos de captação
➢ Desarenador ou caixa de areia.

➢ Barragem de regularização de nível.

➢ Reservatório de regularização de vazão.


Componentes
Grades e telas
Grades e telas devem ser usadas obrigatoriamente em captações à superfície da água.
➢ Grade grosseira: destinada aos cursos de água sujeitos a regime torrencial, à retenção de materiais
flutuantes ou em suspensão de dimensões superiores a 7,5 cm.
Seu espaçamento pode variar de 7,5 cm a 15 cm.
Espessura: 3/8” (0,95 cm), 7/16” (1,11 cm) ou 1/2” (1,27 cm).
➢ Grade fina: utilizada para a retenção de materiais flutuantes ou em suspensão de dimensões
inferiores a 7,5 cm.
A distância entre as suas barras paralelas varia entre 2 cm e 4 cm.
Espessura: 1/4” (0,64 cm), 5/16” (0,79 cm) ou 3/8” (0,95 cm).
➢ Telas: podem ser metálicas ou de plástico. 8 a 16 fios para cada decímetro de comprimento de tela.
Componentes
Grades e telas
Componentes
Grades e telas
➢ Orientações da NBR 12.213 para o dimensionamento das grandes e telas:
• Área das aberturas da grade na seção de passagem referente ao nível mínimo de água, deve
ser igual ou superior a 1,7 cm² para cada litro por minuto de vazão captada, de modo que:
V ≤ 10 cm/s → evitar turbulência.
• Perda de carga nas grades e telas: a ser calculada pela fórmula das perdas de carga
localizadas.
hf: perda de carga localizada (m);
V: velocidade média de aproximação (m/s), considerando como obstruída 50% da
𝑘𝑉 2 respectiva seção de passagem, entendendo-se por velocidade de aproximação a
ℎ𝑓 =
2𝑔 velocidade da água na seção imediatamente a montante da grade ou tela;
g: aceleração da gravidade (m/s²);
k: coeficiente de perda de carga, função dos parâmetros geométricos.
Componentes
Grades e telas
Componentes
Desarenador
Tem a finalidade de remover da água captada a areia de uma dada granulometria (sedimentação
de partículas discretas).
Devem ser instalados (mínimo 2) entre a tomada de água e a adutora.
Utilização quando a concentração de sólidos sedimentáveis em suspensão no manancial atinja
valor igual ou superior a 1,0 g/L por um período de tempo significativo.
Dimensionados para a sedimentação de partículas de areia com Vs = 0,021m/s (retenção de
partículas com d = 0,2 mm);
A velocidade de escoamento horizontal (Vh) deve ser menor ou igual 0,30 m/s.
A razão entre o comprimento (L) e a largura (b) do desarenador deve ser maior a 3.
Componentes
Desarenador
Componentes
Desarenador

Fonte: Heller; Pádua (2010).


Componentes
Desarenador

Fonte: Heller; Pádua (2010).


Exercício – Captação superficial
Dimensionar uma tubulação de tomada de uma captação de água de superfície destinada a uma
comunidade com população de projeto de 2.000 habitantes, consumo per capita de água
macromedido de 150 L/hab.dia e coeficiente do dia de maior consumo k1=1,2. As unidades de
produção de água deverão ser projetadas para funcionarem no máximo 16 horas por dia. O
comprimento da tubulação de tomada é de 5 m e ela descarrega em um poço de captação.
Referências
IGAM. Gestão e situação das águas em Minas Gerais: segurança hídrca. Belo Horizonte: Instituto Mineiro de Gestão das
Águas. 2020. Disponível em:
<http://portalinfohidro.igam.mg.gov.br/images/Gest%C3%A3o_e_Situa%C3%A7%C3%A3o_das_%C3%81guas_de_Minas
_Gerais_2020.pdf>. Acesso em jun. 2021.
IGAM. Monitoramento da água subterrânea período 2004-2015: resumo executivo. Belo Horizonte: Instituto Mineiro de
Gestão das Águas. 2016. Disponível em: <
http://www.repositorioigam.meioambiente.mg.gov.br/bitstream/123456789/596/1/Resumo_Executivo_Agua_Subterra
nea_2014-2015_2015.pdf >. Acesso em jun. 2021.
HELLER, L.; PÁDUA, V. L. Abastecimento de água para consumo humano. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
TSUTIYA. M. T. Abastecimento de água. 3. ed. São Paulo: Poli-USP ,2006.
Universidade Federal de Juiz de Fora
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental

Nathalia Roland
nathalia.roland@ufjf.br

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