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Movimento das águas subterrâneas

Marcos Filgueiras Jorge

Descrição
Movimento das águas subterrâneas (distribuição, escoamento, recarga, poluição) para sua
adequada exploração.

Propósito
O estudo do movimento de águas subterrâneas é essencial para a formação de profissionais com
competência e habilidades para identificar o escoamento dessas águas, analisar os poços, a
recarga e a poluição das águas subterrâneas. Dessa forma, esses profissionais poderão adotar
medidas que favoreçam sua apropriada exploração.

Objetivos
Módulo 1

Estrutura e escoamento de águas subterrâneas


Identificar o escoamento das águas subterrâneas.
Módulo 2

Análise e exploração de poços


Analisar poços.

Módulo 3

Análise de recarga de águas subterrâneas


Analisar a recarga de águas subterrâneas.

Módulo 4

A poluição das águas subterrâneas


Reconhecer a poluição das águas subterrâneas.

video_library
Introdução
Assista ao vídeo a seguir para entender sobre o movimento das águas subterrâneas.

AVISO: orientações sobre unidades de medida.

Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de
tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o
número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você
devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades.

1 - Estrutura e escoamento de águas subterrâneas


Identificar o escoamento das águas subterrâneas.

Introdução

video_library
O escoamento das águas subterrâneas

Conceitos iniciais sobre escoamento de águas subterrâneas


Após uma precipitação intensa, parte da água escoa superficialmente e outra parte fica
armazenada na superfície que por sua vez infiltra no solo. Essa porção que infiltra, a depender da
lâmina, escoará pelo solo até atingir uma camada impermeável ou uma região saturada.

É esse processo que permite que os rios escoem por longos períodos sem a ocorrência de chuvas.
Sendo assim, neste módulo, estudaremos os conceitos relacionados ao movimento de água
subterrânea, os tipos de aquíferos e as equações que regem esse processo.

Distribuição das águas subterrâneas


Após a infiltração a água se distribui, de acordo com os potenciais de água no solo, veja:

Potencial menor que zero

Parte da água fica armazenada na matriz do solo. Essa região é chamada de zona não
saturada ou de aeração, e está situada na camada mais superficial do solo, onde ocorre o
desenvolvimento radicular das plantas.
close

Potencial próximo ou maior que zero

Parte da água é drenada naturalmente em profundidade, no processo chamado de percolação.


Isso ocorre devido à força da gravidade e acontece quando o potencial de água é próximo ou
superior a zero.

No caso da distribuição das águas subterrâneas, a água se movimentará até encontrar uma
camada impermeável ou com permeabilidade muito baixa, o que impede a sua passagem, fazendo
com que a água preencha completamente os poros do solo, formando uma zona saturada, também
chamada de zona freática. O limite entre a zona saturada e não saturada é chamada de superfície
freática, cujo potencial de água no solo é zero.
Distribuição vertical da água subterrânea.

A água subterrânea é conceitualmente a armazenada na zona de saturação, cujo fluxo é chamado


de escoamento subterrâneo, ou seja, o escoamento é o movimento da água que ocorre na zona de
saturação, o que não deve ser confundido com o fluxo de água na zona não saturada, definido
como redistribuição de água no solo.

A água subterrânea é uma reserva hídrica de grande importância, uma vez


que corresponde a 97% da água doce do planeta, sendo esses reservatórios
chamados de aquíferos, os quais serão estudados com detalhe a seguir.

A disponibilidade de água subterrânea, assim como a água superficial, é bastante variável


geograficamente, em função das diferenças espaciais das caraterísticas geológicas. Sendo assim,
o Brasil foi dividido em dez províncias hidrogeológicas, as quais apresentam características
semelhantes de armazenamento, circulação e qualidade da água.

Essas províncias são:

Escudo Setentrional

Amazonas

Escudo Central

Parnaíba

São Francisco

Escudo Oriental

Paraná
Escudo Meridional

Centro-Oeste

Costeira

A posição geográfica de cada província está apresentada na imagem a seguir.

Províncias hidrogeológicas do Brasil.

Em cada província temos diversos aquíferos com grande destaque, como, por exemplo:

Aquífero Guarani
Considerado um dos maiores do mundo e com muita importância econômica.

Aquífero Açu
Aquífero importante, pois abastece indústria e irrigação.

Aquíferos do Parnaíba
Tem destaque pela alta produtividade dos poços.

Na imagem a seguir, podemos observar os principais aquíferos do Brasil.


Principais aquíferos do Brasil.

Na imagem a seguir está apresentado o mapa de vazão dos poços nas diferentes províncias
hidrogeologias do Brasil, sendo mostradas quatro classes de vazão
(< 1; 1 a 5; 5 a 10 e > 10 m h
3 −1
m
−1
) . O destaque está para o cristalino do semiárido, que
apresenta o menor potencial de exploração.

Potencial de vazão dos poços no Brasil.

Aquíferos
É denominado de aquífero o manancial que dispõe de água armazenada na zona saturada, e
permite o fluxo natural da água em quantidades consideráveis, sendo possível a sua extração.
Portanto, nem toda água armazenada na zona saturada do subsolo deve ser chamada de aquífero.

Para entender melhor, veja a diferença entre aquífero e aquiclude a seguir:

Aquífero

Quando se tem água armazenada e ocorre o fluxo natural dela. Como o aquífero pressupõe o
movimento da água, é necessária a formação geológica permeável como areias e arenitos.
close
Aquiclude

Quando se tem água armazenada, mesmo em grandes quantidades, mas não ocorre fluxo de
água naturalmente, é chamado de aquiclude (é o caso de camadas impermeáveis de argila).

O armazenamento de água em um aquífero depende basicamente da porosidade efetiva (também


chamada de porosidade drenável), que relaciona o volume de água drenável naturalmente pelo
volume total do estrato saturado.

Essa é a porção da água armazenada no aquífero de interesse prático, pois pode ser aproveitada
pelo homem, por meio do bombeamento de poços ou pela captação em rios e nascentes.

Em relação à função das características do aquífero, ele pode ser classificado conforme à
permeabilidade e à pressão da camada limítrofe como:

Aquífero confinado

Aquífero livre (também chamado de aquífero não confinado ou freático)

Na imagem a seguir observamos os diferentes tipos de aquíferos.

Tipos de aquíferos.
Esquema com os principais tipos de aquíferos.

Os aquíferos livres ou freáticos são delimitados na parte superior pela superfície freática (limite
entre a zona saturada e não saturada) e na parte inferior por uma camada semipermeável ou
impermeável.

Dependendo do tipo da camada na parte inferior, o aquífero poderá ser de tipos diferentes, veja:

Aquífero drenante

Quando a camada inferior é semipermeável o aquífero é dito livre drenante.


close

Aquífero não drenante

Quando a camada inferior é impermeável o aquífero é dito livre não drenante.

Do ponto de vista da agricultura, o aquífero tem grande importância, uma vez que parte das
necessidades hídricas das plantas pode ser suprida por meio da ascensão capilar. Mas caso a
água atinja a zona radicular das plantas, poderá causar prejuízos com redução da produtividade,
sendo necessária a implantação de sistemas de drenagem.

Os aquíferos confinados são delimitados por duas camadas semipermeável ou impermeável, o que
proporciona uma condição em que a pressão na camada superior é superior a zero, de modo que
quando um poço é escavado nesse aquífero, o nível de água no poço ficará acima do limite superior
do aquífero, podendo até atingir a superfície do solo em casos muito específicos (chamados de
poços jorrantes).
Relembrando
Quando uma das camadas é semipermeável, o aquífero é chamado de drenante, sendo que parte
da água pode ser perdida por essa camada. Quando ambas as camadas são impermeáveis, o
aquífero é dito não drenante.

Os aquíferos confinados têm muita importância econômica, uma vez que são explorados por
diversos setores como abastecimento de água, indústria e irrigação.

Quando são drenantes com fluxo ascendente, podem causar problemas de drenagem para as
culturas, por conta do fenômeno denominado de seepage, que é a elevação do nível do lençol
freático, pela entrada de água procedente de um aquífero confinado drenante.

Escoamento em meios porosos


O fluxo de água em um meio poroso, como o caso dos aquíferos, ocorre por conta da diferença de
potencial na entrada e na saída e da condutividade hidráulica do meio poroso.

Considerando um meio poroso contido em um conduto com seção transversal conhecida e sujeita
a uma diferença de potencial, conforme a imagem a seguir, podemos facilmente constatar que
quanto maior a diferença de potencial (que corresponde à diferença de pressão entre as duas
extremidades), maior será a vazão escoada pelo meio poroso.

Além disso, quanto maior for o comprimento da bancada, menor será a vazão e, por fim, quanto
maior a área transversal, maior a vazão. Essas constatações foram feitas por Henry Darcy em 1856,
estudando o fluxo de água em filtros de areia. Ele propôs a chamada lei de Darcy (equação a
seguir), por meio da qual é possível determinar a taxa de fluxo em um meio poroso homogêneo de
condutividade hidráulica conhecida.

Esquema de uma bancada de ensaio para a obtenção da lei de Darcy.


Q △h
q = = −K
A △L

Rotacione a tela. screen_rotation


A variável q é chamada de taxa de fluxo e representa a vazão por unidade de área, o que não deve
ser confundida com a velocidade do fluido, uma vez que o fluxo ocorre em um meio poroso, ou seja,
parte dos espaços são preenchidos com partículas sólidas.

Saiba mais
Alguns autores a definem como velocidade de Darcy.

A relação entre a diferença de potencial e a distância △h/△L é chamada de gradiente hidráulico,


já a constante K foi definida por Darcy como condutividade hidráulica e representa as
características do meio poroso e do fluido.

Atenção!
O sinal negativo da equação indica que o fluxo ocorrerá no sentido contrário ao do gradiente
hidráulico, ou seja, o potencial diminui no sentido do fluxo.

As características do meio poroso que intervêm na condutividade hidráulica são porosidade, forma,
arranjo e distribuição das partículas, enquanto a viscosidade cinemática e o peso específico
representam as características do fluido. Sendo assim, a condutividade hidráulica representa a
facilidade de o meio poroso conduzir o fluido.

Cabe ressaltar que tanto o peso específico, como a viscosidade variam com a temperatura, desse
modo, foi convencionado que a condutividade deve ser expressa para as condições padrão de
laboratório de 15,6°C (k 15 ), podendo ser corrigida para outras temperaturas em função da
viscosidade cinemática (υ 15 − viscosidade cinemática a 15,6°C, e υ - viscosidade cinemática na
temperatura desejada), conforme apresentamos na equação a seguir:

υ 15
K = K 15
υ

Rotacione a tela. screen_rotation


A condutividade hidráulica é expressa normalmente em cm/s ou m/s, sendo comum expressão em
m/d quando o objetivo é o dimensionamento de sistemas de drenagem agrícola.

Para que possamos caracterizar o meio poroso, visto que a condutividade hidráulica depende de
características do fluido, podemos fazer uso do conceito de permeabilidade intrínseca (k), que é a
relação entre a condutividade hidráulica, a viscosidade cinemática e o peso específico do fluido
(K = (k×2g)/υ) , sendo expressa normalmente em cm2.

Na tabela a seguir podemos observar os valores de permeabilidade intrínseca para alguns materiais
porosos.

/D
Metro por dia

Material Permeabilidade intrínseca (cm2)

Argila 10-14 a 10-11

Silte 10-11 a 10-9

Areia fina 10-10 a 10-8

Cascalho 10-7 a 10-5

Tabela: Permeabilidade intrínseca de alguns materiais porosos


Adaptado de Feitosa et al., 2008, p. 79.

A equação de Darcy foi desenvolvida para descrever o fluxo unidirecional, ou seja, o fluxo se dá em
uma direção. Entretanto, sabe-se que essa equação pode ser generalizada a fluxos tridimensionais
ou bidimensionais. Nesse caso, a taxa de fluxo e o gradiente hidráulico tornam-se vetores, e a


condutividade hidráulica um tensor q = k∇h

Escoamento em regime permanente


Consideramos que o fluxo ocorre em regime permanente quando a velocidade ou vazão em ponto
de observação se mantém constante no tempo. No caso do fluxo em meios porosos naturais, como
os aquíferos, só ocorre o regime permanente em condições específicas e durante um período bem
definido, sendo comum serem adotadas simplificações ou aproximações para adoção desse
regime na modelagem do fluxo de água em meio poroso.

Exemplo
Um exemplo de regime permanente ocorre durante o bombeamento de água em poços de alguns
aquíferos. Após certo tempo de bombeamento, a vazão que flui do aquífero para o poço e a vazão
captada entram em equilíbrio, ou seja, não há variações de velocidade enquanto as vazões se
mantêm equilibradas, o que é chamado de equilíbrio e será tratado no módulo 2.

No caso de bombeamento em poços, o regime permanente ocorre com mais frequência em


aquíferos freáticos próximos a uma fonte de água superficial, de modo que o aquífero se comporta
como um meio transmissor de água e não como um fornecedor.

Em aquíferos confinados dificilmente isso ocorre, de modo que, teoricamente, o tempo de equilíbrio
é infinito. Entretanto, do ponto de vista prático, podemos considerar que o regime permanente se
desenvolve nessas condições.

Esquema do desenvolvimento do regime permanente em um aquífero freático com captação de água em um poço próximo a um
rio.

A suposição do regime permanente no escoamento subterrâneo é, muitas vezes, uma forma de


simplificar a solução de equações matemáticas, como o caso da equação geral de escoamento em
um aquífero freático homogêneo e isotrópico, apresentada a seguir, que não é linear, o que dificulta
a sua solução.

2 2
∂ v ∂ v 2R S ∂v
2
+ 2
+ =
∂x ∂y K K√v ∂t

Rotacione a tela. screen_rotation


Considerando o regime permanente, temos conceitualmente que a variação da velocidade no
tempo é nula, então a equação acima se torna linear, o que pode ser resolvido de forma mais fácil
por métodos computacionais.

De uma maneira mais simples, vamos considerar um aquífero confinado, com espessura D e com
carga hidráulica h1 e h2, distantes L (direção x), conforme a imagem a seguir. Nesse caso,
estabelecemos que não há fluxo vertical (direção z), uma vez que o aquífero é confinado.

Além disso, estimamos que o gradiente hidráulico na direção y é nulo (direção transversal a L), ou
seja, temos um escoamento unidirecional. Desse modo, considerando o regime permanente,
podemos calcular a vazão que atravessa uma largura unitária do aquífero por meio da equação de
Darcy.

Esquema de um aquífero confinado, com linha piezométrica.

△h h1 − h2
Q = −KD. → Q = −KD.
△x L

h1 − h2
Q = −T .
L

Rotacione a tela. screen_rotation


O termo KD = T é chamado de transmissividade do aquífero e corresponde à taxa de
escoamento em uma faixa vertical do aquífero com largura unitária, sob um gradiente hidráulico
também unitário.

Saiba mais

Esse parâmetro é muito empregado no estudo de fluxos bidirecionais.

Escoamentos bidimensionais
O escoamento bidimensional ocorre quando o fluxo de água em uma das direções é inexistente ou
desprezível, o que proporciona uma simplificação da equação geral de movimento de água
subterrânea.

Veja como acontece o fluxo da água em determinado tipo de aquífero:

Aquífero confinado

O fluxo de água em uma das direções é inexistente ou desprezível. Isso ocorre no caso de
aquíferos confinados em que camadas impermeáveis são paralelas e horizontais, as quais
fazem com que o fluxo aconteça horizontalmente.

close

Aquífero freático

É considerado, pelas hipóteses de Dupuit, que o fluxo ocorre predominantemente na


horizontal, pois a declividade da superfície freática é muito baixa, de modo que essa
simplificação não compromete os resultados.

Sendo assim, para essas situações e considerando um regime permanente, podemos expressar a
equação de movimento de água subterrânea conforme a equação a seguir.

2 2
∂ h ∂ h
Kx 2
+ Ky 2
= 0
∂x ∂y

Rotacione a tela. screen_rotation


No caso em que o estrato saturado for isotrópico, a equação de fluxo bidirecional é simplificada
para a equação de Laplace, a seguir. Representa a variação do gradiente em cada uma das direções
e garante que as linhas de fluxo interceptam ortogonalmente as linhas que interligam os pontos de
mesmo potencial, chamadas de linhas de equipotenciais.

2 2
∂ h ∂ h
2
+ 2
= 0
∂x ∂y

Rotacione a tela. screen_rotation


Com base nessas informações, podemos identificar a direção do fluxo no meio poroso, bem como
sua intensidade, desde que tenhamos conhecimento das linhas equipotenciais, que podem ser
obtidas por meio de poços de observação no caso de aquíferos freáticos ou piezômetros em
aquíferos confinados.

Cabe ressaltar que só podemos garantir que as linhas de fluxo são


perpendiculares às linhas equipotenciais se o meio for isotrópico e com a
mesma escala em ambas as direções do mapa.

Para geração das linhas equipotenciais e as linhas de fluxo, chamadas de redes de fluxo, podemos
fazer uso do processo gráfico com traçado à mão livre ou com ferramentas computacionais. Nesse
último caso, além da direção do fluxo é possível expressar a sua intensidade, por meio do vetor
velocidade, que pode ser representado por um traçador de comprimento proporcional à velocidade,
conforme podemos ver na imagem a seguir.

Esquema de traçado manual das linhas de fluxo.

Rede de fluxo e equipotenciais traçados com software gráfico.

Além do fluxo em aquíferos, as redes de fluxo podem ser aplicadas no estudo da percolação em
estruturas hidráulicas, barragens, canais, valas e estacas pranchas como podemos ver na imagem
a seguir, na qual foi traçado a rede fluxo de água abaixo da barragem.
Rede de fluxo abaixo de uma barragem.

Durante o traçado das linhas de fluxo e equipotenciais, devemos ficar atentos para pelo menos
duas regras:

O ângulo entre as linhas de fluxo e equipotenciais é sempre de 90°.

As linhas equipotenciais devem ter um ângulo de 90° com as barreiras impermeáveis e 0° com
os contornos com carga constante.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A zona saturada é também denominada de

A zona impermeável.

B zona permeável.

C zona não saturada.

D zona insaturada.
E zona freática.

Parabéns! A alternativa E está correta.


Na zona freática, a água infiltra em profundidade até uma camada impermeável ou com uma
permeabilidade muito baixa, possibilitando o preenchimento completo dos poros do solo, e o
potencial é próximo ou superior a zero.

Questão 2

O manancial onde a água fica armazenada na zona freática, possibilitando o natural fluxo da
água em grandes quantidades sendo possível realizar a sua extração, denominamos de

A aquiclude.

B zona de contribuição.

C escoamento rápido.

D aquífero.

E escoamento lento.

Parabéns! A alternativa D está correta.


Nos aquíferos, ocorre naturalmente o fluxo da água e, para isso, o aquífero possui formação
geológica permeável como arenitos e areias.
2 - Análise e exploração de poços
Analisar poços.

Introdução

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Poços

Palavras iniciais sobre exploração de poços


A água dos aquíferos é um importante manancial que pode ser aproveitado pelas mais diversas
atividades. Uma forma de exploração desse imenso reservatório é por meio de poços, podendo
abastecer atividades como irrigação, indústria, lazer, abastecimento público etc.

Sendo assim, neste módulo estudaremos a exploração de poços, o regime de equilíbrio em poços
freáticos e artesianos e o regime não permanente.

Exploração de poços
Os poços são classificados como artesianos ou freáticos. Os freáticos são aqueles que captam
água de aquíferos livres (freáticos); os artesianos exploram água de aquíferos confinados ou
semiconfinados, como podemos visualizar na imagem a seguir. No caso dos poços artesianos, eles
podem ser jorrantes ou não, a depender da pressão na camada superior do aquífero.

Esquema com os tipos de poços.

Os poços jorrantes ocorrem quando a carga de pressão no aquífero confinado é maior que o
desnível até a superfície do solo, de modo que, ao escavar o poço, a água jorra na superfície do solo
sem a necessidade de bombeamento.

Exemplo

Dois exemplos no Brasil são os sistemas Aquífero do Parnaíba e Aquífero Guarani, que apresentam
alguns pontos com poços jorrantes.

Quando a carga de pressão é menor que o desnível entre a camada superior do aquífero e a
superfície do solo, a água não atinge a superfície, o que demanda sistemas de bombeamento para
a captação da água. Esses poços são comumente chamados de poços semiartesianos.

Em função do método de perfuração, os poços são classificados como poços escavados


manualmente, poços tubulares, galerias filtrantes, poços coletores com drenos horizontais simples
e drenos radiais. Entretanto, em função da frequência de uso no Brasil, trataremos apenas dos dois
primeiros.
Poços freáticos expand_more

Os poços freáticos são chamados comumente de poços amazonas ou caipiras e são


empregados normalmente no meio rural para a captação de pequenos volumes de água
visando ao abastecimento de residências e à dessedentação animal, visto que dispõem de
baixas vazões. A sua escavação é feita manualmente e em geral apresenta diâmetro
variando de 1 a 2 metros, profundidade total de no máximo 30 metros e a profundidade
abaixo do lençol freático normalmente é inferior a 7 metros. Para garantir a estabilidade das
paredes do poço, é comum o revestimento das paredes com alvenaria ou tubos de concreto.
A capitação de água é feita normalmente com o uso de bombas centrífugas montadas no
interior do poço e fixadas em bases flutuantes, ou com bombas submersas.

Poço freático sendo escavado.

Poços tubulares expand_more

Os poços tubulares, jorrantes ou não, são empregados para atender altas demandas, sendo
a vazão do poço dependente das características geológicas do aquífero, podendo variar de
dezenas a centenas de m3 h-1. A profundidade varia de 150m a 1000m, dependendo da
profundidade do aquífero a ser explorado, sendo empregadas tubulações com diâmetro
entre 4 e 24 polegadas, podendo ser de PVC, aço zincado ou aço inoxidável. Essa tubulação
é colocada em toda a extensão do poço quando o aquífero é granular, mas quando o
aquífero é formado por rochas fissuradas, o tubo é colocado apenas na parte inicial do
poço. A captação de água é feita por meio de bombas submersas de múltiplos estágios e
com eixo vertical, conhecidas popularmente como bombas tipo caneta.
Poços freáticos e artesianos
Regime de equilíbrio em poços freáticos e artesianos
Antes de iniciar o bombeamento de água em um aquífero, o nível de água no poço é chamado de
nível estático do poço, sendo que no caso específico dos poços freáticos, esse nível corresponde
ao nível da superfície freática (lençol freático).

Entretanto, após iniciar a retirada de água do poço, o seu nível é rebaixado, sendo este nível definido
como nível dinâmico do poço. Quanto maior for a vazão e o tempo de retirada, maior será o
rebaixamento, de modo que, quando a retirada de água for interrompida, o poço levará um tempo
para retomar o nível estático. Esse tempo é denominado de tempo de recuperação do poço.

As alterações do nível do poço podem ser decorrentes do bombeamento do poço


ou de poços situados na vizinhança, bem como de bombeamentos anteriores.

Uma vez iniciado o bombeamento, o nível dinâmico é reduzido continuamente até atingir uma
condição de equilíbrio entre a vazão bombeada e a vazão do poço. Desse momento em diante, o
nível dinâmico do poço permanece estável durante o bombeamento com vazão constante, de modo
que podemos dizer que o poço atingiu o regime de equilíbrio.

Comentário
Para facilitar o entendimento, trataremos de forma separada o regime de equilíbrio em poços
freáticos e artesianos.

Regime de equilíbrio em poços freáticos


Na imagem a seguir, está apresentado o esquema ilustrativo do cone de rebaixamento do lençol
freático (cone de depressão) em poço freático em equilíbrio em regime de equilíbrio (regime
permanente).

Para simplificar, assumimos que o estrato é isotrópico (a condutividade hidráulica é constante em


todas as direções) e que o movimento da água se dá apenas horizontalmente, ou seja, o gradiente
de potencial, é equivalente à declividade do lençol freático.

Feitas essas simplificações e aplicando a equação de Darcy na forma diferencial, obtemos a


equação de movimento da água em direção ao poço, cujo resultado, após integração, é dada pela
equação a seguir.

Cone de cone de depressão em poço freático.

2 2
π×K(H −H p )
Q =
r
ln( )
rp

Rotacione a tela. screen_rotation


Percebemos, por meio da equação acima, que a vazão do poço no regime de equilíbrio (Q) é função
da condutividade hidráulica (K), do rebaixamento e do raio do poço (rp). O rebaixamento está
expresso na diferença de carga hidráulica em um ponto qualquer, a uma distância r do poço (H) e a
carga hidráulica no poço (Hp).

Recomendação

Recomendamos entrar com K em m h-1, H, H0, r e rp em metros, de modo que a unidade de vazão
sairá em m3 h-1.

O raio do cone de influência de poços freáticos varia de 100m a 150m, sendo que a vazão do poço
pode sofrer interferência de poços vizinhos caso os cones de depressão se sobreponham.
Regime de equilíbrio em poços artesianos
Tomando como base as simplificações e os procedimentos feitos para poços freáticos e
assumindo que o poço penetra toda a espessura do aquífero (dada por b), podemos expressar a
vazão do poço em regime de equilíbrio, conforme a equação a seguir.

2π×K×b(h−hp)
Q =
r
ln( )
rp

Rotacione a tela. screen_rotation

Poço em aquífero confinado.

A vazão do poço é proporcional à condutividade hidráulica, à espessura do aquífero e à diferença


entre o nível estático e o dinâmico, ou seja, quanto maior a vazão, maior será o rebaixamento. A
descrição das variáveis da equação anterior é a mesma do primeiro item.

Recomendação

Quanto às unidades, recomendamos entrar com K em m h-1, b, h, h0, r e r0 em metros, de modo que
a unidade de vazão sairá em m3 h-1.

Um ponto importante na vazão de poços é o raio de cone de depressão que, de modo geral, variam
de 1000m a 1500m. Sendo assim, se dois ou mais poços forem perfurados dentro desse espaço, a
vazão será afetada, sendo mais afetada quanto mais próximos estiverem os poços.

Regime não permanente


Uma vez iniciado o bombeamento de água no poço, freático ou artesiano, sabemos que o nível
dinâmico da água no poço será rebaixado continuamente até atingir o nível de equilíbrio.
Durante esse tempo, a vazão bombeada e a vazão do poço são diferentes, o que caracteriza um
regime não permanente. Em outras palavras, a vazão que flui do aquífero para o poço é variável no
tempo, tomando como base o início do bombeamento até atingir a vazão de equilíbrio em que se
estabelece o regime permanente.

Poços de observação mostrando o cone de rebaixamento.

O rebaixamento do poço depende do tempo de bombeamento (t), da vazão (Q), do coeficiente de


transmissividade (T), do coeficiente de armazenamento (S) e do raio de influência (r), sendo que
2

para tempos superiores a , até atingir o regime de equilíbrio, o rebaixamento pode ser
25r S

determinado por meio da equação a seguir, conhecida como fórmula de Theis modificada por
Jacob.

Essa equação considera um meio isotrópico e homogêneo, do mesmo modo que fizemos para o
regime permanente. Em outras palavras, é um modelo simplificado, que pode apresentar
limitações. Entretanto, pode se mostrar uma importante ferramenta para o entendimento do
comportamento do aquífero e de poços.

0,183Q 2,25T ×t
s = log 2
T r S

Rotacione a tela. screen_rotation


Recomendamos entrar com Q em m3 h-1, T em m3 h-1m-1, t em horas, r em metros, de modo que a
unidade do rebaixamento sairá em metros. O coeficiente de armazenamento é adimensional, ou
seja, não afeta a unidade da saída de equação.

Atenção!
É recomendada atenção nas unidades, pois o uso de unidades inconsistentes pode nos levar a
informações equivocadas, principalmente quando se trata da caraterização do aquífero, conforme
será apresentado adiante.
O tempo em que o fluxo fica em regime não permanente depende das características hidráulicas do
aquífero, sendo que, teoricamente, para um aquífero de dimensões infinitas esse tempo é também
infinito.

Isso porque a água extraída é originária da compactação do extrato saturado e da descompressão


da zona de redução de pressão, de modo que, com o passar do tempo, regiões cada vez mais
distantes passam a contribuir com a vazão.

Saiba mais
Do ponto de vista prático, sabemos que, após certo tempo de bombeamento, as condições de
regime permanente são atingidas.

Essa equação pode ser empregada para determinação dos coeficientes de transmissividade e de
armazenamento do aquífero. Para isso, é necessário que tenhamos dois poços a uma distância
conhecida, seja medida a vazão retirada do poço e sejam monitorados os valores de rebaixamento
para diferentes tempos de bombeamento.

Com base nos dados coletados, podemos obter esses parâmetros por meio de processo gráfico,
algébrico ou de regressão linear, a depender de disponibilidade de recursos tecnológicos.

Cabe ressaltar que com a disponibilidade de planilhas eletrônicas a obtenção desses parâmetros
por meio de regressão linear se tornou muito prático, além de proporcionar maior acurácia.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

Os poços são classificados como

A profundos e rasos.

B alvenaria e concreto.

C artesianos e freáticos.
D zona saturada e profundos.

E artesianos e profundos.

Parabéns! A alternativa C está correta.


Os poços são classificados como freáticos ou artesianos. Nesse sentido, os poços freáticos
são aqueles que exploram água de aquíferos livres (freáticos). Já os poços artesianos captam
água de aquíferos semiconfinados ou confinados.

Questão 2
Em um aquífero, antes de começarmos o bombeamento da água, chamamos o nível de água
do poço de

A nível estático do poço.

B nível positivo.

C nível dinâmico.

D nível de movimentação.

E nível de controle.

Parabéns! A alternativa A está correta.


Antes de começarmos o bombeamento de água em um aquífero, o nível de água no poço é
denominado nível estático do poço. Nesse sentido, para poços freáticos, dizemos que esse
nível representa o nível da superfície freática.

3 - Análise de recarga de águas subterrâneas


Analisar a recarga de águas subterrâneas.

Introdução

video_library
A recarga de águas subterrâneas
Preliminares sobre exploração da água
A exploração da água deve ser feita de forma sustentável, de modo a garantir que este recurso
natural possa ser explorado de forma contínua. Para isso, é necessário que os órgãos de controle
tenham conhecimento do potencial do aquífero, visando a um regime de equilíbrio entre a retirada
de água e a sua reposição natural, com o mínimo de impactos aos ecossistemas.

Essa reposição ocorre principalmente por meio das precipitações pluviométricas, em que parte da
lâmina infiltra no solo e percola em profundidade nas zonas de recarga dos aquíferos.

Recarga de aquíferos
A recarga dos aquíferos é definida como o reabastecimento dos aquíferos, principalmente por meio
de precipitações, podendo em alguns casos ser proveniente de lagos e rios ou mesmo de
atividades humanas que distribuem água no solo, como a irrigação. Sendo assim, a recarga de um
aquífero é a entrada de água no aquífero advinda da zona de aeração e da percolação lateral.

A área de recarga é a região geográfica onde ocorre a recarga do aquífero. Essa região depende se
o aquífero é freático ou artesiano, veja:

Aquíferos artesianos

A área de recarga está normalmente nas partes mais elevadas do relevo, como no topo de
montanhas ou planaltos, onde ocorre o afloramento da camada impermeável.
close

Aquíferos freáticos
A recarga pode ocorrer em diversos pontos do aquífero a depender das características de
permeabilidade do solo e da distribuição de chuva, sendo que, de modo geral, as variações de
armazenamento nesses aquíferos ocorre de forma mais dinâmica que nos aquíferos
artesianos, ou seja, o tempo entre os eventos de precipitação e a recarga do aquífero é mais
curto.

Esquema apresentando as diferentes partes e tipos de aquíferos.

Apesar da precipitação ser um dos principais componentes da recarga dos aquíferos, a sua
contribuição é dependente da lâmina ao longo do tempo e das caraterísticas da área de recarga, de
modo que mesmo precipitações intensas ou com lâminas elevadas podem não contribuir com a
recarga, a depender do déficit hídrico antecedente à precipitação, pois nesse caso a lâmina de água
infiltrada irá primeiramente elevar a umidade do solo até que as forças matriciais do solo sejam
inferiores à força gravitacional, fazendo com que ocorra a percolação profunda.

Desse modo, a recarga passa a acontecer de forma efetiva após vários


eventos sequenciais de precipitação, principalmente na época das chuvas.

Além da lâmina de chuva acumulada, as características de cobertura vegetal são muito


importantes, pois afetam a fração da precipitação que infiltra no solo, ou seja, quando a área de
recarga sofre alterações da cobertura vegetal, como a remoção da vegetação (desmatamento), a
recarga do aquífero será reduzida e consequentemente a capacidade do aquífero será afetada.

Entretanto, as medidas de recuperação de áreas degradadas proporcionarão efeitos positivos em


longo prazo, fazendo com que a disponibilidade hídrica seja ampliada, pois com a recomposição da
cobertura vegetal, o componente de infiltração de água aumenta por causa de vários fatores, como
melhoria da permeabilidade, aumento da rugosidade da superfície e redução do impacto direto das
gotas de chuva sobre o solo.
Tipos de recarga
A recarga dos aquíferos pode classificada em função da fonte de água e do tempo de recarga. Para
facilitar o entendimento, trataremos primeiro da classificação da fonte e depois a classificação para
o tempo.

No que se refere à fonte, a recarga pode ser classificada como recarga direta, recarga indireta e
recarga localizada. A recarga direta é predominante em relação às outras formas de recarga para a
maioria dos aquíferos. Entenda a diferença entre elas:

Recarga direta
Ocorre quando a fonte da água é a precipitação, de modo que a água infiltra no solo, percola em
profundidade até atingir o aquífero. Sendo assim, é uma fração da lâmina total precipitada que
passa pela zona não saturada e contribui com o armazenamento do aquífero.

Recarga indireta
É definida como sendo a recarga de origem natural ou não natural, seja pela aplicação de água em
excesso em atividades, como irrigação e atividades urbanas, ou quando a fonte de água é a água
armazenada na superfície topográfica do terreno, como lagos, rios etc.

Recarga localizada
Ocorre de forma pontual como o próprio nome sugere, e é decorrente de infiltração lateral ao longo
de curtas distâncias.

Em relação ao tempo, a recarga pode ser classificada como curta, sazonal, perene ou histórica.

Recarga curta

Ocorre logo após um evento de precipitação de grande magnitude, ou seja, evento de


chuva capaz de abastecer o reservatório do solo e ainda percolar água em
profundidade.
Recarga sazonal

Ocorre em momentos específicos do ano como, por exemplo, durante o degelo em


regiões temperadas ou o período chuvoso em regiões úmidas. No caso do Brasil,
essa condição é observada no período de novembro a março na maior parte do
nosso território.

Recarga perene

Ocorre principalmente em regiões úmidas em que as precipitações pluviométricas


são bem distribuídas ao longo do ano.

Recarga histórica

É aquela que ocorreu durante determinado período geológico e proporcionou a


reserva de água atual do aquífero.

A classificação da recarga do aquífero é importante do ponto de vista de manejo e gerenciamento


dele, pois a depender do tipo de aquífero no que se refere à fonte de água, ou ao tempo de
ocorrência da recarga, as estratégias devem ser diferentes. Entenda:

Aquíferos com recargas diretas

Devemos nos atentar para preservar a cobertura vegetal da área de recarga, de modo a
contribuir com o aumento da infiltração de água no solo.
close
Aquíferos com recargas indiretas

Devemos ter cautela com a qualidade da água aplicada, tendo em vista que, em longo prazo,
podemos proporcionar a contaminação do aquífero, principalmente por produtos químicos.

Estimativa da recarga
Estimativa da recarga de um aquífero
O conhecimento da recarga de um aquífero é de extrema importância para o planejamento do uso
da água subterrânea e até mesmo para gerenciamento de bacias hidrográficas, uma vez que as
nascentes são alimentadas pelo aquíferos, sejam eles freáticos ou artesianos.

Sendo assim, para que os gestores possam fazer um planejamento adequado, é necessário o
conhecimento dessa variável, obtida por meio de estudos que permitam sua estimativa.

A estimativa da recarga de um aquífero pode ser realizada com diferentes abordagens. Entretanto,
trataremos a seguir apenas do método do balanço hídrico, destinado à obtenção da recarga
profunda e do método da flutuação da superfície freática, destinada à obtenção da recarga direta.
Esses métodos foram selecionados em consequência da simplicidade e aplicabilidade dos
métodos.

Determinação da recarga direta pelo método da flutuação da


superfície freática
Esse método é o mais empregado na prática, porém, só é aplicável a aquíferos freáticos, sendo
necessário o conhecimento de variáveis como o rendimento específico (S y ) e do conhecimento do
perfil da variação do lençol freático ao longo do tempo, ou seja, a taxa de variação do lençol freático
(
dh
dt
=
△h
△t
) . A equação para a determinação é baseada na equação a seguir.

dh △h
R = Sy = Sy
dt △t

Rotacione a tela. screen_rotation


Esse modelo apresenta algumas simplificações de ordem prática no que se refere ao balanço de
água, sendo considerado que toda água que entra no lençol freático é imediatamente armazenada
e todos os outros componentes do balanço hídrico subterrâneo podem ser consideradas nulas em
um intervalo de tempo curto.

Para o caso de aquíferos freáticos, o rendimento específico é equivalente à


porosidade drenável, ou seja, é a fração do volume de poros em que a água é
drenada pela ação da gravidade.

A taxa de variação do lençol freático pode ser obtida por meio de medidas em poço de observação
ao longo do tempo, como podemos observar a seguir.

Gráfico: Extrapolação da curva de recessão do nível de água para estimativa da recarga. Extraído de: Barreto et al., 2020.

Perceba que ∆h é obtido pela projeção da tendência de queda do nível de água no poço de
observação. Esse procedimento é recomendado por conta da diferença entre o tempo de início da
precipitação e o início da elevação do lençol freático.

Ao utilizar esse método, devemos observar as suas limitações ou as condições que apresentam
melhores resultados, sendo que as principais são:

Condição 1
Aquíferos freáticos rasos, pois estes apresentam variações súbitas do nível de água o que é uma
demanda do método.

Condição 2
Os poços devem ser alocados de modo a garantir a representatividade das informações, o que, em
alguns casos, é um pouco difícil, em função da variabilidade espacial.
Condição 3
Conhecimento do rendimento e sua variabilidade podem ser pontos limitantes.

Determinação da recarga profunda pelo método do balanço


hídrico
O balanço hídrico envolve a quantificação ou estimativa de todos os componentes de entrada e
saída de água no solo.

Quando se avalia o balanço de água na zona saturada, podemos facilmente obter a estimativa da
recarga profunda (R p ) por meio da equação a seguir, em que S y é o rendimento específico, Δh é a
variação do nível de água no poço de observação, q b é o escoamento base e R d é recarga direta.

R p = S y △h − q b + R d

Rotacione a tela. screen_rotation


O escoamento base pode ser calculado a partir das medições de vazão do rio alimentado pelo
aquífero, enquanto a recarga direta é estimada conforme o item anterior (método da flutuação da
superfície freática).

Esse método apresenta a vantagem de fazer uso de variáveis de fácil medição do escoamento
superficial e nível de água. Por outro lado, a acurácia dessas medidas pode comprometer o seu
resultado.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Podemos definir a recarga dos aquíferos como

A poços artesianos.

B reabastecimento dos aquíferos.


C zona saturada.

D exploração dos poços.

E zona de aeração.

Parabéns! A alternativa B está correta.


Reabastecimento dos aquíferos é a definição da recarga dos aquíferos e acontece
especialmente por meio de precipitações, podendo, em alguns casos, ser proveniente de lagos
e rios ou mesmo de atividades humanas que distribuem água no solo, como a irrigação. Sendo
assim, a recarga de um aquífero é a entrada de água no aquífero no tempo, proveniente da
zona de aeração e da percolação lateral.

Questão 2

________________ e _________ são as classificações da recarga dos aquíferos.

A Zona satura e zona não saturada

B Poços e zona saturada

C Zona não saturada e poços

D Tempo de recarga e poços

E
E
Fonte de água e tempo de recarga

Parabéns! A alternativa E está correta.


Podemos dizer que a recarga dos aquíferos é classificada em função do tempo de recarga e da
fonte de água.

4 - A poluição das águas subterrâneas


Reconhecer a poluição das águas subterrâneas.

Introdução

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Poluição das águas subterrâneas
Palavras iniciais sobre aquíferos contaminados
Os aquíferos têm uma caraterística de serem bem menos vulneráveis à contaminação que os
mananciais superficiais, uma vez que o fluxo de água se dá de forma muito mais lenta e o solo tem
a capacidade de adsorção de tal maneira que a zona de aeração (não saturada) funciona como um
filtro. Desse modo, o processo de contaminação geralmente ocorre de forma muito lenta.

Entretanto, devemos ter muita cautela em relação aos aquíferos, pois uma vez contaminados, a
dificuldade para a sua recuperação também é maior, inclusive podendo envolver custos muito
elevados, o que pode tornar economicamente inviável a sua recuperação.

Conceitos e fundamentos básicos


O termo poluição de águas subterrâneas se refere às alterações por meios artificiais que possam
comprometer a qualidade físico-química da água, de acordo com os padrões preestabelecidos para
as diferentes finalidades em que a água será aplicada.

Desse modo, uma fonte de água pode ser considerada poluída para uma atividade e não poluída
para outra.

Exemplo

Uma água em que a concentração salina foi elevada pode ser considerada poluída para aplicação
na irrigação, mas pode não ser para atividades de lazer.

Além disso, é muito importante diferenciarmos os termos poluição e contaminação, tendo em vista
que o primeiro é mais amplo do que segundo.

Resumindo

Toda contaminação é poluição, mas o contrário nem sempre é verdadeiro.

Consideramos que uma água está contaminada quando ela apresenta níveis de radioatividade,
substâncias tóxicas e patógenos que possam oferecer riscos à saúde humana. Devido à maior
aplicabilidade às águas subterrâneas, daremos mais enfoque ao estudo da contaminação.

Do ponto de vista de distribuição espacial, a poluição pode ser pontual, difusa ou linear, sendo que
o conhecimento de cada tipo é de extrema importância para a tomada de decisão quanto às ações
mitigadoras.

Entenda cada um dos tipos de poluição a seguir:

Poluição pontual
Dizemos que a poluição ou contaminação de um aquífero é pontual quando está concentrada em
uma área pequena, como, por exemplo, em um poço.

Poluição difusa
É a aquela que ocorre de forma abrangente, ou seja, ao longo de grandes extensões, mesmo que
em baixas concentrações, como, por exemplo, a lixiviação de produtos químicos na agricultura ou
em áreas urbanas.

Poluição linear
Ocorre quando um rio ou um canal é contaminado e com isso passa a ser uma fonte de
contaminação das águas subterrâneas ao longo de sua extensão.

Independentemente do tipo de contaminação, podemos dizer que ela pode ser oriunda de todas as
atividades humanas, como indústria, mineração, atividades urbanas e agricultura.

Indústria

As principais preocupações estão relacionadas com a disposição de água com elementos


químicos, agentes patógenos e radiativos, ou mesmo acidentes com os produtos químicos
empregados por ela.
Atividades de mineração

Provocam grandes danos com as disposições de rejeitos e acidentes com a ruptura de barragens.
Atividades urbanas

Também proporcionam imensos impactos para as águas subterrâneas, principalmente com


esgotos sanitários e chorumes provenientes do tratamento ou da disposição de lixo.
Agricultura

A maior preocupação é com a disposição de produtos, como fertilizantes e agroquímicos, que


podem percolar em profundidade e atingir os aquíferos.
Formas de contaminação das águas subterrâneas
As principais formas de contaminação dos aquíferos acontecem por meio de contaminações
diretas que ocorrem em poços abandonados ou mal construídos, ou de forma indireta, em que o
contaminante já passou por transformações entre o ponto de origem e o aquífero.

A origem desses contaminantes, em geral, está associada às atividades de mineração, industriais,


atividades agrícolas e esgotos sanitários. Nas figuras a seguir podemos observar diferentes formas
de contaminação indireta dos aquíferos.

Formas de contaminação de aquífero confinado a partir de contaminantes do aquífero freático.


Contaminação da água do poço por uma foça séptica e pela infiltração de água residuária proveniente da irrigação.

A disposição de resíduos sólidos no solo pode proporcionar a liberação de contaminantes no solo,


que, com o passar do tempo, podem ser lixiviados e percolados para a zona saturada e
consequentemente contaminar os aquíferos.

Esses resíduos, em geral, são originários de atividades industriais e provenientes do tratamento de


esgotos, que é o caso do lodo de esgoto, ou mesmo da disposição final do lixo urbano, destinado a
aterros sanitários ou colocados em lixões clandestinos.

Apesar de serem materiais sólidos, têm elevado potencial de contaminação dos aquíferos por
conta dos lixiviados (chorume), que são gerados durante muitos anos após a disposição dos
resíduos no solo, em consequência da infiltração de água pelas precipitações.

Saiba mais
O chorume contém substâncias orgânicas e inorgânicas, sendo algumas muito tóxicas, oriundas de
resíduos industriais, que podem atingir grandes extensões e profundidade, a depender das
características do aquíferos.

A seguir, veja algumas práticas que podem contribuir para a contaminação da água:

Mineração expand_more

A atividade de mineração tem como característica a geração de grandes quantidades de


rejeitos, que são armazenados no solo ou barragens de rejeitos. Esses pontos são muito
suscetíveis de contaminação das águas subterrâneas, inclusive por materiais radioativos e
metais pesados, a depender da origem dos minérios.
Esgoto expand_more

Uma prática bastante impactante na qualidade da água dos aquíferos é o lançamento de


esgotos no solo, que ocorre por meio de fossas sépticas e drenos. Essas estruturas são
mais empregadas em regiões com menores índices de desenvolvimento humano,
especialmente em países em desenvolvimento, como o caso do Brasil.

Uso de águas residuárias para irrigação expand_more

Uma prática bastante difundida por ser considerada ambientalmente correta é a aplicação
de águas residuárias para a irrigação, uma vez que elas apresentam quantidades
consideráveis de nutrientes que podem ser aproveitados pelas culturas. Isso deve ser visto
com muita cautela, dado que podem gerar problemas de contaminação dos aquíferos e
depender do manejo e da lâmina aplicada. Um dos principias contaminantes oriundos dos
esgotos lançados no solo é o nitrato.

Agricultura expand_more

As atividades agrícolas têm um potencial de gerar contaminantes no solo que podem ser
lixiviados e transportados para os aquíferos. Esses contaminantes são provenientes de
adubos químicos, orgânicos e agroquímicos, sendo que o que mais se destaca é a
contaminação por nitrato.

Petróleo expand_more

Os acidentes envolvendo produtos oriundos do petróleo é algo recorrente e deve ser tratado
com preocupação em relação à contaminação dos aquíferos. Esses acidentes ocorrem
tanto no transporte como nos reservatórios e são mais impactantes em aquíferos freáticos
próximos da superfície e com precipitações pluviométricas de frequentes a abundantes.
Nesse caso, a movimentação dos poluentes ocorre somente na zona não saturada, pois o
óleo diesel e a gasolina têm densidade inferior à densidade da água que faz eles não
penetrarem na zona saturada. Entretanto, isso não significa dizer que eles não oferecem
riscos de contaminação para as águas subterrâneas, pois são compostos de
hidrocarbonetos solúveis em água.

Para que o risco de todas as atividades citadas seja reduzido ao máximo, é necessário que os
projetos sejam bem planejados e que sejam adotadas as melhores práticas que visem à proteção
do meio ambiente, incluindo as águas subterrâneas.

Comportamento hidroquímico e transporte de


contaminantes
Compreender os processos hidroquímicos que podem afetar a qualidade das águas subterrâneas é
de extrema importância, principalmente quando associamos essas informações com o
conhecimento a respeito do transporte de solutos em meio poroso. Nesse caso, os solutos de
interesse são os contaminantes.

Para simplificar, vamos direcionar nosso estudo apenas para os processos mais frequentes, que
são os que envolvem o nitrogênio, algumas substâncias metálicas, não metálicas e orgânicas.

No caso dos processos envolvendo o nitrogênio, cabe destacar o íon nitrato (N O 3 ), pois é o

contaminante mais encontrado nas águas subterrâneas – e o mais preocupante é que a sua
concentração tem aumentado. Provavelmente, esse aumento é consequência da intensificação da
aplicação de fertilizantes na agricultura, bem como do lançamento de esgoto no solo.

Saiba mais

Além do nitrato, podemos encontrar outras formas do nitrogênio como amônio (N H 4 ), amônia
+

(NH3), nitrito (NO2), nitrogênio gasoso (N2), oxido nitroso (N2O) e nitrogênio orgânico (N).

O nitrato pode ser gerado no solo a partir de dois processos: a amonificação e a nitrificação.

Amonificação
É o processo em que o N orgânico é convertido em amônio.

close
Nitrificação

É o processo de transformação do amônio em nitrito, que passa para a forma de nitrato.

A contaminação por traços de metais é mais rara, tendo em vista que sua movimentação no meio
poroso é muito lenta em comparação com água. Entretanto, isso não significa que esses
contaminantes não apresentem riscos aos aquíferos, pois quando ocorre a contaminação, os
impactos são muito desastrosos.

Os metais que despertam mais interesse são prata, cádmio, cromo, cobre, mercúrio, ferro,
manganês e zinco, pois apresentam limites máximos toleráveis para que a água seja considerada
potável.

Em relação os elementos não metálicos, podemos dizer que os mais importantes são nitrogênio (já
discutido anteriormente), carbono, enxofre, cloro, selênio, fósforo, boro, flúor e arsênio.

Entre esses elementos, podemos destacar:

Arsênio
Por ser uma substância venenosa, proveniente da queima de carvão e de atividades industriais. A
contaminação das águas subterrâneas por arsênio ocorre na sua forma solúvel que são o arsenato
e o arsenito.

Selênio e flúor
São importantes, pois a sua concentração é usada como critério de definição da potabilidade da
água.

Fósforo
Pode levar à eutrofização dos corpos hídricos quando em concentrações elevadas.
No caso das substâncias orgânicas, o que tem impactos negativos para as águas subterrâneas são
os compostos orgânicos artificiais, provenientes da aplicação de agroquímicos, lançamento de
esgoto e aterros sanitários.

Muitos desses contaminantes têm a sua passagem bloqueada ou retardada por mecanismos do
meio poroso, como precipitação química, degradação química, volatilização, degradação e
consumo biológico e adsorção.

Desse modo, o maior risco está associado a substâncias solúveis, não


voláteis e refratárias.

Dependendo da origem dos contaminantes das águas subterrâneas, durante o seu transporte no
meio poroso, podem acontecer diversos processos, como advecção, dispersão, adsorção, reações
químicas e fenômenos de decaimento.

Veja a diferença entre cada um a seguir:

Advecção
Nesse processo, o soluto não interage com o meio poroso e sua velocidade é igual à velocidade da
água.

Dispersão
Ou dispersão hidrodinâmica, é o fenômeno de espalhamento do contaminante e ocorre por conta
de dois fenômenos que são a dispersão mecânica e a dispersão molecular (difusão), sendo a
primeira relacionada às variações de velocidade no meio poroso e a segunda devido ao gradiente
de concentração.

Adsorção
É o processo em que o soluto é acumulado nas partículas do solo, sendo considerado como um
dos processos mais importantes de proteção dos aquíferos, tendo em vista que retarda o avanço
da frente de poluição, como podemos observar na imagem a seguir.

Tendo em vista que retarda o avanço da frente de poluição, como podemos observar a seguir.
Gráfico: Avanço de solutos com adsorção (a) e sem adsorção (b). Adaptado de: Feitosa et al., 2008, p. 399.

Vulnerabilidade dos aquíferos à poluição


A vulnerabilidade de um aquífero à poluição é definida como sendo a sua suscetibilidade intrínseca
em ser afetado por contaminantes antrópicos.

Desse modo, o risco de contaminação está relacionado tanto com a vulnerabilidade quanto com a
presença de contaminantes e a sua concentração, ou seja, nem sempre um aquífero com maior
vulnerabilidade apresenta o maior risco de contaminação.

O que confere maior ou menor vulnerabilidade está relacionado às


características das camadas superiores ao aquífero em degradar ou até
mesmo impedir a passagem dos contaminantes.

A vulnerabilidade pode ser expressa de diferentes formas, a depender do objetivo do estudo,


podendo ser descrita como vulnerabilidade absoluta, relativa, universal e específica.

Entenda cada uma a seguir:

Vulnerabilidade absoluta Vulnerabilidade relativa Vulnerabilidade univ

É definida somente em É quando as unidades do É quando a vulnerabilid


função das características de mapa são classificadas com definida para todos os
cada área de estudo. relação a outras unidades. poluentes de forma co
Para definir a vulnerabilidade, podemos empregar duas características da camada superior ao
aquífero, que é a permeabilidade e a capacidade de atenuação.

Permeabilidade
Indica o risco de contaminação por advecção, sendo dependente da condutividade hidráulica, de
fatores climáticos e da ocupação do solo, de modo que a combinação desses fatores pode
interferir no tempo de trânsito do poluente, ou seja, o tempo que o poluente leva para ser deslocado
ao longo de uma distância definida.

Em regra, quanto maior o tempo de trânsito, maior a chance de atenuação do


poluente, em consequência da maior oportunidade de ocorrência dos
processos de degradação.

Na imagem a seguir, podemos observar a influência da condutividade hidráulica e do clima no


tempo de trânsito de um poluente, demonstrando a importância do clima no processo de poluição
dos aquíferos.

Gráfico - Tempo de trânsito na zona de aeração para diferentes condições climáticas (equatorial, tropical, temperado e semiárido)
e condutividade hidráulica (K1, K2 e K3). Adaptado de: Feitosa et al., 2008, p. 408.

Além do clima, a ocupação do solo é muito importante, pois algumas atividades contribuem para
aumentar a infiltração efetiva, como a agricultura irrigada e recargas induzidas por lagoas de
oxidação, canais de drenagem, vazamentos de adutoras e da rede de esgotos etc.

Na imagem a seguir, podemos observar que a infiltração efetiva é muito parecida entre as cidades
avaliadas, mesmo que o clima seja distinto.

Além disso, percebemos que a urbanização aumentou a infiltração efetiva em todos os casos, cuja
magnitude depende do seu nível de desenvolvimento.
Gráfico - Recarga em aquíferos não confinados situados em diferentes centros urbanos. Adaptado de: Feitosa et al., 2008, p. 410.

Capacidade de atenuação
Existem vários processos (como estudamos no item anterior) que podem ocorrer de forma
concomitante, como está descrito na imagem a seguir.

Processos que contribuem com a atenuação de contaminantes e sua intensidade, expresso pela espessura das barras, em
sistemas de água subterrâneas.

Os mapas de vulnerabilidade dos aquíferos são uma ferramenta importantíssima para que os
gestores dos recursos hídricos possam tomar decisões junto com poder público em geral, de modo
a proteger os aquíferos, uma vez que esses mapas poderão orientar quais as zonas mais seguras
para se desenvolver as atividades antrópicas, em função do potencial de seus impactos.

Exemplo
Para determinadas áreas que se mostram mais vulneráveis deve ser traçado um plano de
ocupação, considerando atividades menos impactantes ou sem impactos, como é caso dos
mananciais para o abastecimento público.

Além disso, podemos também direcionar o monitoramento para áreas que apresentam maior
vulnerabilidade e desenvolvam atividades com potencial de poluição.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

Quando ocorre mudanças provocadas por meios artificiais que podem prejudicar a qualidade
da água conforme os padrões predeterminados para seu uso, dizemos que aconteceu uma

A poluição de águas subterrâneas.

B recarga curta.

C recarga histórica.

D recarga perene.

E recarga sazonal.

Parabéns! A alternativa A está correta.


Quando a qualidade da água é afetada negativamente de modo que ela não atenda aos pré-
requisitos necessários para seu uso, dizemos que a água foi poluída. Os demais itens são
classificações de recarga no tempo.

Questão 2
As formas principais de contaminação dos aquíferos são

A escoamento lento.
B zona não saturada.

C contaminações diretas e contaminações indiretas.

D aquiclude.

E zona de saturação.

Parabéns! A alternativa C está correta.


A contaminação indireta acontece quando o contaminante passou por mudanças entre o ponto
de origem da contaminação e o aquífero. Contaminações diretas acontecem em poços que
foram abandonados ou mal construídos. Ambas são as principais maneiras de contaminação
dos aquíferos.

Considerações finais
Como vimos, a falta de uniformidade de distribuição das águas subterrâneas contribui para que
ocorra escassez dos recursos hídricos tanto nas regiões de menor disponibilidade hídrica, como
em regiões com elevada densidade populacional e industrial.

Desse modo, é muito importante que a gestão dos recursos hídricos seja efetiva para garantir que o
desenvolvimento do país aconteça de forma sustentável.

Nesse contexto, a águas subterrâneas têm grande importância, visto que são um importante
montante no cenário nacional, além de terem uma dinâmica muito diferente das fontes superficiais.
headset
Podcast
Agora, o especialista Marcos Filgueiras Jorge encerra o tema falando sobre os principais tópicos
abordados.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS. Águas subterrâneas o que são? São Paulo:
ABAS, s. d.

BARRETO, C. E. A. G.; GOMES, L. H.; WENDLAND, E. Balanço hídrico em zona de afloramento do


sistema aquífero guarani a partir de monitoramento hidrogeológico em bacia representativa. In:
Anais dos XVI Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas e XVII Encontro Nacional de
Perfuradores de Poços. São Luís, 2010.
DIAS, A. C. H. et al. Perfuração indiscriminada de poços em Iracema/CE: Um estudo sobre o
paradoxo da atual crise hídrica. Águas Subterrâneas - Seção Estudos de Caso e Notas Técnicas, p.
1-19, 2018.

FEITOSA, F. A. C. et al. Hidrogeologia: conceito e aplicações. 3 ed. Rio de Janeiro: CPRM: LABHID,
2008. 812 p.

FREEZE, R. A.; CHERRY, J. A. Redes de fluxo. In: FREEZE, R. A.; CHERRY, J. A. Água Subterrânea. cap.
5, 1979.

Explore +
Pesquise as redes de fluxo e veja como elas se comportam no meio.

Para estudar com mais detalhes sobre águas subterrâneas, acesse o portal da Associação
Brasileira de Águas Subterrâneas.

Para estudar sobre águas subterrâneas, leia o conteúdo Hidrogeologia – conceitos e aplicações, da
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais / Serviço Geológico do Brasil, organizado por
Fernando A. C. Feitosa, João Manoel Filho, Edilton Carneiro Feitosa e J. Geilson A. Demetrio, de
2008.

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