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PROPÓSITO
Compreender características relacionadas ao solo e seus efeitos em tensões e deformações:
cálculos de tensões e de recalques em solos.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever as noções básicas relacionadas ao cálculo de tensões em solos
MÓDULO 2
Neste módulo, estudaremos as tensões verticais em solos, o que envolve a determinação das
tensões e deformações geradas em uma massa de solo por carregamentos aplicados na
superfície do terreno.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O USO DA
TEORIA DA ELASTICIDADE
Solos são meios heterogêneos formados por sólidos, líquidos (quase sempre água) e ar. Dessa
maneira, não convém tratar um solo como um meio totalmente homogêneo e contínuo. É
necessário, então, um modelo que explique o comportamento mecânico do solo.
Devido à sua simplicidade e na falta de uma melhor aproximação, utiliza-se a teoria linear da
elasticidade. Para tanto, admite-se que os solos satisfaçam às seguintes hipóteses:
1
O sistema (cargas e solo) está em um estado de equilíbrio estático.
2
Todas as cargas são aplicadas gradualmente, sem comunicação de energia cinética.
3
O sistema é conservativo e independente do tempo.
4
O solo é imponderável, contínuo, homogêneo, isotrópico e linearmente elástico.
5
A relação tensão × deformação obedece à Lei de Hooke.
6
Os módulos de elasticidade são iguais em todas as direções (Ex = Ey = Ez )
7
As constantes do material podem ser obtidas experimentalmente e são independentes do
tempo.
LEI DE HOOKE
Lei que explica a força restauradora (força elástica) em corpos, como em uma mola.
ISOTRÓPICO
ATENÇÃO
Os sistemas reais satisfazem apenas aos itens (1) e (2), mas esse modelo é um instrumento
valioso para a estimativa das tensões em qualquer profundidade do terreno.
Nos problemas de análise de tensões em solo, o modelo teórico, como mostrado na figura a
seguir, admite o solo como um maciço semi-infinito elástico, com as seguintes premissas:
maciço infinito ;
MACIÇO INFINITO
Os limites inferiores e laterais do maciço de solo são tais que não apresentam qualquer efeito
nas tensões induzidas.
SOLUÇÃO DE BOUSSINESQ
Proposta em 1885 pelo físico e matemático francês Joseph Valentin Boussinesq (1842-1929),
essa solução nos auxilia a determinar o acréscimo de pressão vertical provocado por uma
carga pontual P, aplicada, normalmente, à superfície de um maciço semi-infinito.
Onde:
z = profundidade do ponto.
A tensão induzida vertical
(σz )
P
σz = 2
. IB
z
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Onde:
IB = fator de influência.
3 1
IB = ⋅ 5
2π
2 2
r
{ 1+ ( ) }
z
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
ao ponto
A.
Vamos analisar, agora, alguns fatos interessantes sobre a equação de Boussinesq que
acabamos de estudar.
PROFUNDIDADE
Veja que a tensão vertical
(σz )
é linearmente dependente de
IB ,
mas
IB
z.
Dessa maneira, como podemos ver na figura a seguir, em uma mesma vertical, a tensão
vertical diminui com a profundidade:
r,
teremos que
IB
r.
aumenta:
TENSÃO VERTICAL
A tensão vertical
(σz )
(IB ),
z,
r.
IB
e
z,
Se unirmos os pontos nos diferentes planos horizontais que apresentam o mesmo valor da
pressão vertical
(σz ),
IMPORTANTE!
O conjunto de isóbaras geradas a partir de todas as famílias de pontos com a tensão vertical
(σz )
Bulbo de pressões.
SOLUÇÃO DE NEWMARK
Proposta em 1942 pelo engenheiro civil norte-americano Nathan Mortimore Newmark (1910-
1981), essa solução baseia-se em um método gráfico simples que permite obter rapidamente
os esforços verticais (sz), transmitidos a um meio homogêneo (isótropo e elástico), para serem
EXPRESSÃO DE LOVE
Expressão que determina o acréscimo de tensão em pontos ao longo de uma vertical, que
passa pelo centro de uma área, carregada uniformemente.
σz 1
= 1 − 3
q
r 2 2
[ ( ) +1 ]
z
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
σz
r
:
z
σz r σz r σz r
q z q z q z
Para a construção do gráfico, seguimos alguns princípios, como mostra a figura a seguir:
Quando a relação
σz /q = 0.1,
r/z = 0.27,
isto é, um círculo de
r = 0.27z
provoca no ponto
σz = 0.1q.
Se o círculo é dividido em certo número
σz
Em geral, nos gráficos de Newmark,
N = 20
σz .
Para
σz = 0.1q,
0.1/20 = 0.005q.
Adotando
σz /q = 0.2,
temos
r/z = 0.40.
r = 0.40z
, na profundidade
σz = 0.2q.
Após desenharmos o segundo círculo de carregamento, concêntrico ao anterior, a coroa
circular adiciona ao ponto
a parcela de
σz = 0.1
na tensão induzida.
Prolongando os raios vetores já usados, teremos novos setores, cuja influência também será
0.1q/N = 0.005q.
A contribuição na carga total de cada setor do gráfico denomina-se unidade de influência
(IN )
O procedimento é repetido para diversos valores de
σz /q,
(r).
A escala gráfica é obtida arbitrando um comprimento
AB
z.
Os desenhos dos círculos, consideradas as relações
r/z,
O valor de
σz
depende apenas da relação r/z. Por isso, um ábaco de Newmark pode ser usado para
determinar
σz ,
Entretanto, o
AB
que indica a escala e um valor para a unidade de influência. Logo, devemos proceder da
seguinte maneira:
Adotar uma escala tal que a distância
AB
z.
Desenhar, baseando-nos nessa escala, a seção horizontal da área carregada.
Superpor esse desenho à carta de Newmark, de tal modo que o ponto
P,
em que desejamos calcular a tensão, esteja locado diretamente sobre o centro do gráfico – a
orientação da figura não interfere no resultado.
Contar o número de segmentos
Gráfico de Newmark.
(σz )
Da mesma maneira, a partir de uma distância lateral do ponto de aplicação de carga no centro
de uma fundação, a tensão vertical
(σz )
VOCÊ SABIA
Esse bulbo de pressões gerado pode fornecer informações úteis quanto à massa de solo que
será significantemente afetada pela tensão gerada pela aplicação da carga.
Tais dados são utilizados de acordo com a forma com que as investigações geotécnicas do
terreno forem conduzidas.
ATENÇÃO
EXEMPLO 1
Se tivermos um carregamento distribuído
(q)
que age em um perfil de solo com uma argila mole a uma profundidade
x
No bulbo de pressões (a), a camada de argila mole não é tensionada pela fundação.
No bulbo de pressões (b), a camada de argila mole é atingida pelo bulbo de pressões de
pressão 0,2q.
MÃO NA MASSA
TEORIA NA PRÁTICA
A sapata indicada a seguir está submetida a um carregamento uniforme de
2
250kN /m
Figura 1.
RESOLUÇÃO
A solução será pela equação de Boussinesq:
P
σz = IB
2
z
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Onde:
σz
ao ponto
A;
IB
3 1
IB = ⋅ 5
2π
r 2 2
{ 1+ ( ) }
z
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
r
é a distância radial entre o ponto de aplicação da carga
ao ponto
A.
z.
é igual a
3, 0m
r,
do ponto
11 :
2 2 2
r = x + y
2 2 2
r = (0,5) + (1,0)
r = 1,12 m
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Voltando na equação, vamos, então, calcular o fator de influência para, em seguida, calcular a
tensão vertical:
B 3 1
I = ⋅ 5
2π
r 2 2
{ 1+ ( ) }
z
B 3 1
I = ⋅ 5
2. 3,14
2 2
1,12
{ 1+ ( ) }
3
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
B
I
é igual a
0, 34.
A carga total é de
2 2
250kN /m x2m
= 500kN
P 500×0,34
B 2
σz = ⋅ I = 2
= 18,89 kN /m
2
z 3
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
MÓDULO 2
IMPORTÂNCIA DE RECALQUES EM
PROJETO
IMPORTÂNCIA DE RECALQUES EM
PROJETO
Os movimentos dos terrenos podem ser provocados por vários mecanismos, guardando, ainda,
uma relação complexa com a estabilidade das estruturas.
Existem métodos para avaliar esses valores, desde que as premissas para a representação
das condições dos solos correspondam à situação real e persistam durante a vida da
construção.
COMPACTAÇÃO
Provoca uma aproximação das partículas que passarão a apresentar um arranjo mais denso,
com a correspondente redução do volume e a expulsão do ar.
VARIAÇÃO DE UMIDADE
REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO
PERCOLAÇÃO E SOLAPAMENTO
Percolação é a passagem da água por solos e rochas que fluem para reservatórios
subterrâneos, enquanto solapamento é a remoção de material pelas águas superficiais ou
subterrâneas, quando tubulações de esgoto ou de água sofrem algum dano e fraturam.
PERDA DO SUPORTE LATERAL
Essa forma comum de movimento das fundações está associada a escavações profundas.
Pode, ainda, ocorrer o recalque como resultado de movimento de taludes naturais ou de
cortes.
DEFORMAÇÃO ELÁSTICA
CONSOLIDAÇÃO OU ADENSAMENTO DO SOLO
TALUDES
Terrenos inclinados com o objetivo de limitar uma área aterrada, cuja função é garantir a
estabilidade dessa área.
Algum tempo depois da aplicação da carga, o recalque total (St) é representado pela soma de
três componentes:
St = Si + Sp + Ss
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Onde:
Ss = recalque secundário.
ATENÇÃO
A distinção entre
Sp
Ss
Compressão primária
O tempo de recalque é controlado pela velocidade com a qual a água pode ser expelida dos
vazios do solo.
Compressão secundária
O tempo de recalque é controlado pela velocidade com que o esqueleto sólido escoa e se
comprime.
Esse marco temporal de separação entre o fim admitido para a consolidação primária e o início
admitido para a consolidação secundária é chamado de
t100 .
VOCÊ SABIA
O recalque por compressão secundária (Ss) quase sempre não é considerado em projetos
de fundações, pois costuma ocorrer em períodos muito longos de tempo, de forma que a
estrutura, na maioria das vezes, consegue se adaptar às novas solicitações que, porventura,
surjam devido a novos carregamentos.
Em solos granulares não coesivos, com elevado valor de permeabilidade, a água é expulsa
instantaneamente. Assim, as fundações recalcam quase de forma simultânea com a aplicação
da carga.
Em 1943, o engenheiro austríaco Karl von Terzaghi (1883-1963) criou um modelo em quatro
fases para ilustrar o mecanismo do adensamento dos solos. São elas:
SOLO SATURADO
No cilindro cheio de água, são colocadas molas, representando a estrutura do solo. Um pistão
sem atrito suportado pelas molas dispõe de uma válvula para escape da água. Inicialmente, a
válvula encontra-se fechada.
2
Se uma carga é aplicada no pistão com a válvula fechada, o comprimento das molas
permanece inalterado, pois a água é admitida incompressível. Se essa carga induz um
acréscimo (Ds) na tensão total, a totalidade desse acréscimo deve ser considerada um
aumento da pressão neutra.
Quando a válvula é aberta, o excesso de pressão faz com que a água escoe. A pressão da
água diminui, e o pistão desce, enquanto as molas são comprimidas. A velocidade de
compressão obviamente depende da abertura da válvula, que representa a permeabilidade do
solo.
4
TRANSFERÊNCIA DA CARGA PARA AS MOLAS
A carga é gradualmente transferida para as molas, provocando seu encurtamento, até que o
pistão volte a ser totalmente suportado pelas molas. No estágio final, portanto, o acréscimo de
tensão efetiva é igual ao acréscimo de tensão total, e o excesso de pressão da água é reduzido
a zero.
q0 B 2
Si = I (1 − v )
E
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Onde:
Si = recalque imediato;
E = módulo de elasticidade;
v = coeficiente de Poisson;
Flexível
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
O decréscimo de volume sofrido pela massa de solo é igual ao volume de água expulsa,
representado pela variação do índice de vazios.
À esquerda, (a) e (b), representam a situação real da distribuição dos grãos de solo. À direita,
(c) e (d), são uma representação idealizada do solo, dividindo-o na porção sólida e em vazios.
As figuras (a) e (c) representam o estado antes da aplicação da carga, enquanto as figuras (b)
e (d) representam o estado depois da aplicação de uma tensão
′
Δσ .
A variação de volume (ΔV), que resulta no acréscimo de tensão efetiva (Δσ’), pode ser
representada por uma variação de altura (ΔH) ou de índice de vazios (Δe . ΔV).
Δe
ΔH = ⋅ H1
1+e1
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Onde:
VOCÊ SABIA
Normalmente, cada carga é mantida por 24h (excepcionalmente 48h), efetuando leituras
em intervalos de tempo que vão dobrando até a estabilização.
PS = Ph /(1 + h) HS = PS /d ⋅ A
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Após o ensaio, o novo volume de vazios é encontrado por esta sequência de equações:
ΔH = li – lf H = H0 − ΔH
H
e = − 1
HS
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Em todas essas equações, as grandezas que aparecem são as seguintes:
Ph = peso da amostra;
ΔH = diferença de altura;
H = altura;
Os resultados dos ensaios de adensamento são traduzidos em dois tipos de curvas. São elas:
MÃO NA MASSA
TEORIA NA PRÁTICA
Em uma compressão edométrica, uma amostra de argila saturada de 19,6mm de altura e
índice de vazios inicial igual a 0,90 sofre variações de tensão aplicada, fazendo variar a
espessura de acordo com a seguinte tabela:
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
RESOLUÇÃO
A base para este problema é a seguinte equação:
Δe
ΔH = ⋅ H1
1+e1
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Para a tensão de
2
100kN /m ,
temos:
Δe
(18,61 − 19,60)= ⋅ 19,6
1+0,9
Δe
−0,99 = ⋅ 19,6
1+0,9
Δe = −0,095
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Para a tensão de
2
200kN /m ,
temos:
Δe
(18,14 − 18,61)= ⋅ 19,6
1+0,805
Δe
−0,47 = ⋅ 19,6
1+0,805
Δe = −0,043
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Para a tensão de
2
400kN /m ,
temos:
Δe
(17,68 − 18,14)= ⋅ 19,6
1+0,762
Δe
−0,46 = ⋅ 19,6
1+0,762
Δe = −0,041
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
O índice de vazios será
0, 721
Para a tensão de
2
800kN /m ,
temos:
Δe
(17,24 − 17,68)= ⋅ 19,6
1+0,721
Δe
−0,44 = ⋅ 19,6
1+0,721
Δe = −0,038
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste conteúdo, foi possível descrever todos os conceitos referentes à compactação, à
capilaridade e à permeabilidade do solo.
Verificamos que o recalque é a deformação sofrida pelo solo quando alguma tensão,
oferecendo pressão ou tração, causa deformação, que pode ser tanto elástica quanto plástica.
Essa tensão será problemática se causar fraturas no solo, o que pode, por exemplo, trazer
abaixo diversas fundações urbanas.
Com base nesse contexto, aprendemos a calcular todas as tensões e deformações do solo.
Além disso, a partir de modelos matemáticos, identificamos como prever o comportamento do
solo em diversos ambientes, considerando temperatura, umidade e tempo de exposição do
solo à tensão aplicada.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
CAPUTO, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações. 6. ed. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 1988a. (Fundamentos, v. 1).
CAPUTO, H P. Mecânica dos solos e suas aplicações. 4. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos
e Científicos, 1988b. (Exercícios e problemas resolvidos, v. 3).
LIMA, M. J. C. P. Mecânica dos Solos. Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 1998a.
2 v.
LIMA, M. J. C. P. Obras de Terra. Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 1998b. 2 v.
EXPLORE+
Para compreender um pouco mais sobre recalque, sugerimos a leitura do seguinte artigo
científico:
CONTEUDISTA
Giuseppe Miceli Junior
CURRÍCULO LATTES