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5 INTRODUÇÃO À TEORIA DE ELASTICIDADE

Consideremos novamente o corpo ilustrado na Figura 4-1. Como já tínhamos visto, para que haja
equilíbrio de cada uma das partes A e B gera-se uma força R e um momento flector M actuantes
num ponto de referência arbitrário S. Os esforços internos M e R representam as resultantes das
forças interiores distribuídas ao longo da secção de corte. Estes esforços internos e a distribuição
das forças interiores ao longo da secção de corte determinam a intensidade de solicitação do
corpo.

Consideremos agora o corpo da Figura 5-1a. A cada elemento de área d𝐴 da secção transversal
podemos associar uma força interna d𝐹, se considerarmos a suposição de continuidade do
material. As componentes de d𝐹 segundo as direcções dos eixos das coordenadas x, y e z são
respectivamente as forças d𝑁, d𝑇 e d𝑇 .

F1 F1
dA dN dA  xx
A d Tz A  xz

F2 F2
d Ty  xy
dN
y x  res
(a) (b)
z

Figura 5-1

À razão entre a força d𝐹 pela área d𝐴 denomina-se esforço interno por unidade de superfície ou
tensão (veja Figura 5-1b):

d𝐹
𝜎 =
d𝐴
Sendo a força uma grandeza vectorial, também a será a tensão interna 𝜎 , com a mesma
direcção e sentido.

1
Normalmente usamos o sistema de eixos coordenados para representar a tensão 𝜎 , através das
suas componentes nos eixos 𝑥, 𝑦 e 𝑧. As componentes obtidas distinguem-se através de dois
índices, sendo que o primeiro indica a direcção da normal do plano em que actua a componente e
o segundo indica a sua direcção. As tensões são definidas como positivas quando num plano cuja
normal tem sentido positivo, as tensões estão orientadas segundo os eixos coordenados ou
quando a normal ao plano tem sentido negativo, as tensões estão orientadas nos sentidos
contrários aos dos eixos coordenados.

Notemos que a resultante de todas forças internas d𝐹 ao longo da secção é representado pela
força 𝐑 e o momento 𝐌 (Figura 4-1).

5.1 Estado de tensão

Se por um ponto qualquer do corpo passarmos vários planos de inclinações diferentes teremos
tensões diferentes em cada um desses planos. O conjunto das tensões existentes em pelo menos
três planos triortogonais passando por um ponto P determinam o estado de tensão do ponto em
questão, pois ao conhecer este conjunto de tensões, podemos determinar as componentes da
tensão em qualquer outro plano que passe por este ponto P. As tensões actuantes em cada um dos
planos são representadas pelas componentes segundo um sistema de eixos coordenados tal como
se ilustra na Figura 5-2.

 zz  nres
 zx
 xz n
 xx
P  zy B x
 xy  yz
 yx

A  yy
z

Figura 5-2

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Assim, nas três facetas de um tetraedro elementar actuam 9 componentes de tensões, que
constituem o chamado tensor de tensões

𝜎 𝜏 𝜏
𝛔 = 𝜏 𝜎 𝜏 (5-1)
𝜏 𝜏 𝜎

Se reduzirmos as dimensões tetraedro de modo que este se reduza ao ponto P, o tensor das
tensões determina o estado de tensão do corpo neste ponto.

5.2 Tensões actuantes num plano arbitrário

Estudemos agora como determinamos o vector tensão  nres numa faceta infinitamente próxima
do ponto P definida pela sua normal exterior n ,

cos 𝛼
𝐧 = cos 𝛽 (5-2)
cos 𝛾

onde cos 𝛼, cos 𝛽 e cos 𝛾 são os cossenos directores de 𝐧 (isto é, 𝛼, 𝛽 e 𝛾 são os ângulos
formados pela normal 𝐧 com os eixos 𝑥, 𝑦 e 𝑧, respectivamente).

Definamos agora um vector com as tensões actuantes neste plano

𝜎
𝛔 = 𝜎 (5-3)
𝜎

em que 𝜎 , 𝜎 e𝜎 são as componentes de 𝛔 nos eixos 𝑥, 𝑦 e 𝑧.

Denotemos as áreas dos triângulos PAC, PAB, PBC e ABC por Δ𝑃𝐴𝐶, ∆𝑃𝐴𝐵, ∆𝑃𝐵𝐶 e ∆𝐴𝐵𝐶,
respectivamente. Bem, sabemos que as áreas dos triângulos PAC, PAB e PBC são projecções da
área do triângulo ABC sobre os planos yz, xz e xy, respectivamente. Assim podemos escrever

Δ𝑃𝐴𝐶 = Δ𝐴𝐵𝐶 ∙ cos 𝛼


∆𝑃𝐴𝐵 = ∆𝐴𝐵𝐶 ∙ cos 𝛽 (5-4)
∆𝑃𝐵𝐶 = ∆𝐴𝐵𝐶 ∙ cos 𝛾

O equilíbrio de forças em nas direcções x, y e z, exige que

−𝜎 Δ𝑃𝐴𝐶 − 𝜏 Δ𝑃𝐴𝐵 − 𝜏 Δ𝑃𝐵𝐶 + 𝜎 Δ𝐴𝐵𝐶 = 0

−𝜏 Δ𝑃𝐴𝐶 − 𝜎 Δ𝑃𝐴𝐵 − 𝜏 Δ𝑃𝐵𝐶 + 𝜎 Δ𝐴𝐵𝐶 = 0

3
−𝜏 Δ𝑃𝐴𝐶 − 𝜏 Δ𝑃𝐴𝐵 − 𝜎 Δ𝑃𝐵𝐶 + 𝜎 Δ𝐴𝐵𝐶 = 0

que ao considerarmos (5-4) reduz-se a

𝜎 = 𝜎 cos α + 𝜏 cos β + 𝜏 cos γ


𝜎 = 𝜏 cos α + 𝜎 cos β + 𝜏 cos γ
𝜎 = 𝜏 cos α + 𝜏 cos β + 𝜎 cos γ

Podemos escrever estas equações na forma matricial:

𝜎 𝜎 𝜏 𝜏 cos 𝛼
𝜎 = 𝜏 𝜎 𝜏 cos 𝛽 (5-5)
𝜎 𝜏 𝜏 𝜎 cos 𝛾

Considerando (5-1), (5-2) e (5-3) podemos reescrever compactamente a expressão acima:

𝛔 =𝛔 𝐧

Vemos nesta simples equação matricial que quando conhecemos o tensor das tensões 𝛔 num
ponto, podemos achar as componentes 𝛔 actuantes num plano de inclinação arbitrária (definido
pela normal exterior 𝐧) que passa pelo ponto.

5.3 Equações de equilíbrio

Consideremos o paralelepípedo elementar da Figura 5-3.

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y
 yy  d  yy

 zz
 yx  d  yx
 yz  d  yz
 zx
 xy  d  xy dy
 xx Y
 xz  zy  d  zy S  xx  d  xx
Z X  zy
 xy  xz  d xz x
 zx  d zx 
yz
 yx dz
 zz  d  zz

 yy
dx
z

Figura 5-3

Considerando a primeira parcela de correcção da série de Taylor, os acréscimos das funções


tensão são dadas por

5
  xx
 d  xx 
x
dx
  xy
 d  xy  dx
 x
 
 d  xz  xz d x
x
  yx
 d  dy
 yx y
  yy
d  yy  dy (5-6)
 y
  yz
 d  yz 
y
dy

 d 
 zx d z
 zx z
  zy
 d  zy  dz
 z
 d  zz
 dz
 zz z

O equilíbrio de forças na direcção do eixo x exige que

(  xx   xx  d  xx ) d z d y  (  yx   yx  d  yx ) d x d z  (  zx   zx  d  zx ) d x d y  0

Substituindo nesta equação os acréscimos das funções tensão dados por (5-6) e eliminado o
produto d x d y d z obtém-se a primeira das condições de equilíbrio do estado espacial de tensão,
que são

𝜕𝜎 𝜕𝜏 𝜕𝜏
+ + +𝑋 =0
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕𝜎 𝜕𝜏 𝜕𝜏
+ + +𝑌 =0 (5-7)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕𝜎 𝜕𝜏 𝜕𝜏
+ + +𝑍 =0
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

A segunda e a terceira equações de (5-7) são obtidas estabelecendo as condições de equilíbrio de


translação em relação aos eixos y e z, respectivamente.

Estabelecendo a condição de equilíbrio de momentos em relação a um eixo paralelo ao eixo z


que passe por S obtém-se

6
 xy   xy  d  xy d z d y
dx
  yx   yx  d  yx d z d y
dx
0
2 2

ou

 xy   yx

Obtemos equações similares a esta, estabelecendo as condições de equilíbrio de momentos em


relação a eixos paralelos aos eixos x e y que passem por S. Reunindo as três equações temos

𝜏 =𝜏
𝜏 =𝜏 (5-8)
𝜏 =𝜏

As relações (5-8) definem o chamado teorema de reciprocidade das tensões tangenciais: Em duas
faces ortogonais, as tensões tangenciais perpendiculares à aresta comum são iguais e ambas
convergentes ou divergentes à aresta.

Do teorema de reciprocidade de tensões tangenciais podemos concluir que dos 9 elementos que
formam o tensor das tensões apenas 6 são independentes e que o tensor das tensões é simétrico.

5.4 Deslocamentos e deformações

Os corpos reais são deformáveis; isto é, sob a acção de cargas externas mudam a sua forma, o
mesmo que dizer que cada ponto do material muda de posição. Na Figura 5-4 A indica um ponto
do corpo antes da mudança de sua forma. Após a aplicação de forças externas o ponto A passa
para uma nova posição A’. Ao vector 𝐴𝐴⃗′ chamamos de vector deslocamento do ponto A –
vector v na figura. As compontentes do vector v nos eixos x, y e z são designados de v x , v y e
v z , respectivamente.

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y

vz
A'
v vy
vx
A x

Figura 5-4

As deformações traduzem-se na variação da distância entre dois pontos do corpo (deformações


lineares) ou na variação de um ângulo formado por duas direcções definidas a partir de um ponto
do corpo (deformações angulares).

Para facilitar o nosso estudo das deformações, consideremos apenas projecções no plano 𝑥𝑦 dos
pontos considerados no estudo. Quando as cargas são aplicadas os pontos A, B e C passam para
as posições A’, B’ e C’ (Figura 5-5). O ângulo recto ∡𝐵𝐴𝐶 formado pelos segmentos 𝐴𝐵 e 𝐴𝐶
muda para a configuração ∡𝐵’𝐴’𝐶’.

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y v y
v y
vy  d y vy  dy
y y
C'
 xy , 2

C
B'

dy  xy ,1 v y
vy  dx
x
A'
vy A v x
vx  dx
vx B x
x

dx

Figura 5-5

As extensões 𝜀 , 𝜀 e 𝜀 segundo os eixos x, y e z são definidas como o quociente das


deformações lineares dos segmentos elementares pelos comprimentos originais:

𝜕𝑣
A’B’ − AB d𝑥 + 𝑣 + 𝑑𝑥 − 𝑣 − d𝑥 𝜕𝑣
𝜕𝑥
𝜀 = = =
AB d𝑥 𝜕𝑥
Analogamente

𝜕𝑣
A’C’ − AC d𝑦 + 𝑣 + 𝑑𝑦 − 𝑣 − d𝑦 𝜕𝑣
𝜕𝑦
𝜀 = = =
AC d𝑦 𝜕𝑦

Similarmente obtemos 𝜀 . Assim as três extensões normais são dadas por

𝜕𝑣
𝜀 =
𝜕𝑥
𝜕𝑣
𝜀 = (5-9)
𝜕𝑥
𝜕𝑣
𝜀 =
𝜕𝑧
A distorção é definida como deformação agular relativa a duas direcções ortogonais:

9
𝛾 = ∡𝐴𝐵𝐶 − ∡𝐴 𝐵 𝐶 (5-10)

Da figura é fácil de ver que

𝛾 =𝛾 +𝛾

onde

𝜕𝑣 𝜕𝑣
𝑣 + 𝑑𝑥 − 𝑣 𝜕𝑣
𝛾 = 𝜕𝑥 = 𝜕𝑥 =
𝜕𝑣 𝜕𝑣 𝜕𝑥
𝑑𝑥 + 𝑣 + 𝑑𝑥 − 𝑣 1+
𝜕𝑥 𝜕𝑥
e

𝜕𝑣 𝜕𝑣
𝑣 + 𝑑𝑦 − 𝑣 𝜕𝑣
𝜕𝑦 𝜕𝑦
𝛾 = = =
𝜕𝑣 𝜕𝑣 𝜕𝑦
𝑑𝑦 + 𝑣 + 𝑑𝑦 − 𝑣 1+
𝜕𝑦 𝜕𝑦

uma vez que temos que ≪1e ≪1

Assim temos que

𝜕𝑣 𝜕𝑣
𝛾 = +
𝜕𝑦 𝜕𝑥

As distorções 𝛾 e𝛾 são obtidas de modo análogo. Assim as três distorções são dadas por:

𝜕𝑣 𝜕𝑣
𝛾 = +
𝜕𝑦 𝜕𝑥
𝜕𝑣 𝜕𝑣
𝛾 = + (5-11)
𝜕𝑧 𝜕𝑦
𝜕𝑣 𝜕𝑣
𝛾 = +
𝜕𝑦 𝜕𝑧

A razão entre o aumento de um volume elementar do corpo pelo seu volume inicial designa-se de
extensão volumétrica.

Δ𝑉 − Δ𝑉
𝜀 = (5-12)
Δ𝑉
Consideremos um elemento de volume

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Δ𝑉 = Δ𝑥Δ𝑦Δ𝑧

Devido as acções externas as dimensões Δ𝑥, Δ𝑦 e Δ𝑧 mudam para

Δ𝑥̅ = Δ𝑥 + Δ𝑥𝜀
Δ𝑦 = Δ𝑦 + Δ𝑦𝜀
Δ𝑧̅ = Δ𝑧 + Δ𝑦𝜀

O novo volume será então:

Δ𝑉 = Δ𝑥̅ Δ𝑦Δ𝑧̅ = (Δ𝑥 + Δ𝑥𝜀 ) Δ𝑦 + Δ𝑦𝜀 (Δ𝑧 + Δ𝑍𝜀 )

Δ𝑉 = Δ𝑥̅ Δ𝑦Δ𝑧̅ = Δ𝑥Δ𝑦Δ𝑧(1 + 𝜀 ) 1 + 𝜀 (1 + 𝜀 )

Substituindo o volume inicial Δ𝑉 e o novo volume Δ𝑉 em (5-12) obtemos

𝜀 =𝜀 +𝜀 +𝜀 +𝜀 𝜀 +𝜀 𝜀 +𝜀 𝜀 +𝜀 𝜀 𝜀

Os produtos das extensões são reduzidos em relação as próprias extensões, pelo que vamos
desprezar:

𝜀 =𝜀 +𝜀 +𝜀 = div 𝑣 (5-13)

5.5 Lei de Hooke

Se nos limitarmos à zona de proporcionalidade podemos representar uma relação entre a tensão
normal e a extensão,

𝜎 = 𝐸𝜀 (5-14)

e entre a tensão tangencial e o distorção,

𝜏 = 𝐺𝛾 (5-15)

obedecendo o material à lei de Hooke. Nas relações anteriores 𝐸 é o módulo de elasticidade do


material e 𝐺 é o módulo de distorção do material ou módulo de elasticidade transversal.

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5.6 Coeficiente de poisson

Em ensaios à tracção e compressão verifica-se que a extensão longitudinal do provete é


acompanhada de uma deformação nas dimensões transversais. Dentro dos limites de validade da
lei de hooke a deformação longitudinal é proporcional à deformação transversal

𝜀 = −𝑣𝜀 (5-16)

O coeficiente de proporcionalidade 𝑣 designa-se por coeficiente de Poisson do material.

5.7 Relação das propriedades mecânicas do material

Pode-se demonstrar que o módulo de elasticidade E, o módulo de distorção G e o coeficiente de


Poisson 𝑣 de um material obedecem a seguinte relação:

𝐸
𝐺= (5-17)
2(1 + 𝑣)

5.8 Lei de Hooke generalizada

Para um material isotrópico e homogéneo submetido a um estado triaxial de tensão, as tensões


𝜎 , 𝜎 e 𝜎 causam extensões 𝜀 dadas respectivamente por 𝜎 /𝐸, – 𝜈𝜎 /𝐸 e – 𝜈𝜎 /𝐸.
Sobrepondo os efeitos obtemos

𝜎 𝜈 𝜎 +𝜎
𝜀 = −
𝐸 𝐸
As extensões 𝜀 e𝜀 são obtidas de modo análogo. As três extensões são dadas por

𝜎 𝜈 𝜎 +𝜎
𝜀 = −
𝐸 𝐸
𝜎 𝜈
𝜀 = − (𝜎 + 𝜎 ) (5-18)
𝐸 𝐸
𝜎 𝜈
𝜀 = − 𝜎 +𝜎
𝐸 𝐸
As extensões, como podemos notar, não são influenciadas pelas tensões tangenciais. Da mesma
forma, as distorções não são influenciadas pelas tensões normais. Aplicando (5-15) obtemos:

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𝜏
𝛾 =
𝐺
𝜏
𝛾 = (5-19)
𝐺
𝜏
𝛾 =
𝐺
Podemos reescrever (5-18) e (5-19) para obtermos as tensões como funções das extensões:

𝐸 𝑣
𝜎 = 𝜀 + 𝜀
1+𝑣 1 − 2𝑣
𝐸 𝑣
𝜎 = 𝜀 + 𝜀 (5-20)
1+𝑣 1 − 2𝑣
𝐸 𝑣
𝜎 = 𝜀 + 𝜀
1+𝑣 1 − 2𝑣
em que 𝜀 é a extensão volumétrica, e

𝜏 = 𝐺𝛾
𝜏 = 𝐺𝛾 (5-21)
𝜏 = 𝐺𝛾

5.9 Estado plano de tensão

No estado plano de tensão as tensões não nulas são as tensões  xx ,  yy e  xy . As expressões


para este estado obtém-se de (5-18) e (5-19) fazendo 𝜎 =𝜏 =𝜏 = 0:

𝜎 𝜈𝜎
𝜀 =−
𝐸 𝐸
𝜎 𝜈𝜎
𝜀 = −
𝐸 𝐸
𝜈 (5-22)
𝜀 =− 𝜎 +𝜎
𝐸
𝜏
𝛾 =
𝐺
𝛾 =𝛾 =0

que podemos reescrever da seguinte forma

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𝐸
𝜎 = 𝜀 + 𝑣𝜀
1−𝑣
𝐸
𝜎 = 𝜀 + 𝑣𝜀 (5-23)
1−𝑣
𝜏 = 𝐺𝛾
𝜎 =𝜏 =𝜏 =0

5.10 Estado plano de deformação

No estado plano de deformação as extensões não nulas são  xx ,  yy e  xy . As expressões para


este estado obtém-se substituindo  zz   xz   yz  0 em (5-20) e (5-21), obtendo-se

𝐸
𝜎 = (1 − 𝑣)𝜀 + 𝑣𝜀
(1 + 𝑣)(1 − 2𝑣)
𝐸
𝜎 = 𝑣𝜀 + (1 − 𝑣)𝜀
(1 + 𝑣)(1 − 2𝑣)
𝐸 (5-24)
𝜎 = 𝑣 𝜀 +𝜀
(1 + 𝑣)(1 − 2𝑣)
𝐸
𝜏 = 𝐺𝛾 = 𝛾
2(1 + 𝑣)
𝜏 =𝜏 =0

5.11 Teoria de viga de Bernoulli

Numa secção perpendicular ao eixo da viga temos as seguintes componentes da tensão 𝜎 , 𝜏


and 𝜏 , em que devido a simetria do carregamento e da geometria em relação ao plano 𝑥𝑧,
𝜏 = 0. As resultantes das tensões internas, o esforço nomal, 𝑁, o esforço transverso, 𝑇 , e o
momento flector, 𝑀 , são dados por

𝑁= 𝜎 d𝐴 (5.25)

𝑇 = 𝜏 d𝐴 (5.26)

𝑀 = 𝑧𝜎 d𝐴 (5.27)

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Estas resultantes actuando numa porção infinitesimal estão ilustradas na Figura 5-6

qz
z

My Tz  d Tz
qx N dN y
N x

Tz My dMy

dx

Figura 5-6

Estas forças devem satisfazer a condição de equilíbrio de forças no plano. O equilíbrio de forças
horizontais exige que

−𝑁 + 𝑁 + d𝑁 + 𝑞 (𝑥)d𝑥 = 0

isto é
d𝑁
+ 𝑞 (𝑥) = 0 (5.28)
d𝑥
Da mesma maneira, o equilíbrio de forças verticais exige que

−𝑇 + 𝑇 + d𝑇 + 𝑞 (𝑥)d𝑥 = 0

ou
d𝑇
+ 𝑞 (𝑥) = 0 (5.29)
d𝑥
Do equilíbrio de momentos na extremidade esquerda do elemento da Figura 5-6 obtém-se

d𝑥
𝑀 − 𝑀 + d𝑀 + (𝑇 + d𝑇 )d𝑥 + 𝑞 (𝑥)d𝑥 =0
2

ou
d𝑀 1
− + (𝑇 + d𝑇 ) + 𝑞 (𝑥) d𝑥 = 0
d𝑥 2

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ou ainda

d𝑀
=𝑇 (5.30)
d𝑥
por d𝑥 ser infinitezimal.

Agora consideremos as relações cinemáticas. O modelo de viga de Euler-Bernoulli baseia-se


fundamentalmente no pressuposto de que secções planas perpendiculares ao eixo da viga
permanecem planas e perpendiculares ao eixo da viga durante a deformação.

Na Figura 5-7 estão ilustrados dois pontos, 𝑃 e 𝑄, situados num plano normal ao eixo 𝑥.

d w/d x
Q'
z
w P'
y u
x Q
-z
P

Figura 5-7

Devido a deformação Q e P movem-se para as posições Q’ e P’, respectivamente. 𝑄 terá, assim,


um deslocamento axial, 𝑢(𝑥), e um deslocamento transverso, 𝑤(𝑥). Considerando a hipótese de
o plano continuar normal ao eixo 𝑥 e que a rotação d𝑤/ d𝑥 é pequena, o deslocamento axial de
𝑃, 𝑣 , pode ser expresso a partir da seguinte relação:

d𝑤
𝑣 (𝑥) = 𝑢 − 𝑧 (5.31)
d𝑥
Vamos assumir que a componente 𝑣 do deslocamento de P é igual a zero:

𝑣 =0 (5.32)

e que a componente 𝑣 é igual a

𝑣 = 𝑤(𝑥) (5.33)

Substituindo (5.31), (5.32) e (5.33) em (5-9) e (5-11) obtemos extensão normal 𝜀 em P:

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d𝑢 d 𝑤
𝜀 = −𝑧 (5.34)
d𝑥 d𝑥
e

𝜀 =𝜀 =𝛾 =𝛾 =𝛾 =0 (5.35)

Introduzindo (5.35) em (5-20) e (5-21) obtemos

𝐸 𝑣 𝑣−1
𝜎 = 𝜀 + 𝜀 = 𝐸𝜀
1+𝑣 1 − 2𝑣 (1 + 𝑣)(1 − 2𝑣)
𝐸 𝑣 𝑣
𝜎 = 0+ 𝜀 = 𝐸𝜀
1+𝑣 1 − 2𝑣 (1 + 𝑣)(1 − 2𝑣)
𝐸 𝑣 𝑣
𝜎 = 0+ 𝜀 = 𝐸𝜀 (5-36)
1+𝑣 1 − 2𝑣 (1 + 𝑣)(1 − 2𝑣)
𝜏 =0
𝜏 =0
𝜏 =0

Note que (5.26) entra em contradição com a sexta equação de (5-36). Isto acontece devido à
nossa tentativa de reformulação de um problema que é tridimensional numa forma mais simples.

Em vez das equações (5-36) assumamos o estado uniaxial de tensão:

𝜎 = 𝐸𝜀 (5.37)

Introduzindo (5.34) em (5.37) obtém-se

d𝑢 d 𝑤
𝜎 =𝐸 − 𝐸𝑧 (5.38)
d𝑥 d𝑥
Substituindo esta equação em (5.25) obtém-se

d𝑢 d 𝑤
𝑁= 𝐸d𝐴 − 𝐸𝑧d𝐴 (5.39)
d𝑥 d𝑥

Da mesma forma, substituindo (5.38) em (5.27) obtém-se

d𝑢 d 𝑤
𝑀 = 𝐸𝑧d𝐴 − 𝐸𝑧 d𝐴 (5.40)
d𝑥 d𝑥

Escolhamos o eixo 𝑥 de tal forma que

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𝐸𝑧d𝐴 = 0 (5.41)

Notemos que se 𝐸 for constante ao longo da secção transversal, esta exigência implica que o
eixo 𝑥 esteja localizado no centro de gravidade da secção transversal. Usando (5.41) em (5.39)
obtém-se

d𝑢
𝑁= 𝐸𝐴 (5.42)
d𝑥
onde 𝐸𝐴, designado por rigidez axial, é dado por

𝐸𝐴 = 𝐸d𝐴 (5.43)

A equação (5.43) define 𝐸𝐴 como uma única grandeza e não como o produto do módulo de
elasticidade 𝐸 pela a área da secção transversal 𝐴. Entretanto, se 𝐸 for constante ao longo da
secção transversal, a rigidez axial definida em (5.43) coincide com este produto.

Substituindo, agora, (5.41) em (5.40) obtém-se

d 𝑤
𝑀 =− 𝐸𝐼 (5.44)
d𝑥
onde 𝐸𝐼 é a rigidez à flexão, definida por

𝐸𝐼 = 𝐸𝑧 d𝐴 (5.45)

Notemos que observação análoga feita em (5.43) pode ser feita em (5.45); isto é, enquanto o
momento de inércia em relação ao eixo 𝑦, 𝐼 , é definido por

𝐼 = 𝑧 d𝐴

na equação (5.45) define-se 𝐸𝐼 como uma única grandeza; mas se o módulo de elasticidade 𝐸
for constante ao longo da secção transversal, 𝐸𝐼 pode ser percebido como o produto de 𝐸 e 𝐼 .

Substituindo (5.44) em (5.26) obtém-se a expressão para o esforço transverso 𝑇 :

d 𝑤
𝑇 =− 𝐸𝐼 (5.46)
d𝑥

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Introduzindo (5.30) em (5.29) obtém-se

d d𝑀
+ 𝑞 (𝑥) = 0
d𝑥 d𝑥
ou seja

d 𝑀
+ 𝑞 (𝑥) = 0
d𝑥 (5.47)

Substituindo (5.44) nesta equação obtém-se

d d 𝑤
− 𝐸𝐼 + 𝑞 (𝑥) = 0
d𝑥 d𝑥 (5.48)

5.12 Bibliografia

[1] F. Welzk. Resistência dos Materiais. Ministério do ensino Técnico e Superior da R.D.A.

[2] N. S. Ottosen and H. Petersson. Introduction to the finite element method. Prentice Hall,
1982.

[3] V. D. Silva. Mecânica e Resistência dos Materiais. ZUARI – Edição de Livros Técnicos.
2004

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