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Mecânica Aplicada I

6 – Esforço Transverso e Momento Flector


Introdução
Nos capítulos anteriores foram considerados problemas ´básicos
envolvendo estruturas:

• Determinação das forças externas que actuam sobre a estrutura;

• Determinação das forças internas que mantém unidos os vários


elementos que formam a estrutura.

Este capítulo será dedicado à análise das forças internas em

vigas – elementos delgados de eixo rectilíneo, projectados


para suportar cargas aplicadas em vários pontos
do seu comprimento.
Forças Internas em Elementos
A barra linear 𝐴𝐵 de eixo rectilíneo está em equilíbrio sobre a acção
das duas forças 𝐹Ԧ e −𝐹.
Ԧ

Ao cortar o elemento em 𝐶, o equilíbrio dos novos corpos 𝐴𝐶 e 𝐶𝐵 é


garantido pelas forças internas 𝐹Ԧ e −𝐹Ԧ aplicadas em 𝐶, designadas
por esforço normal.

Considere-se agora o caso do guindaste e do seu elemento AD.

Ao cortar o elemento 𝐴𝐷 em 𝐽, os novos elementos


𝐴𝐽 e 𝐽𝐷 mantêm o equilíbrio se aplicarmos em 𝐽:

• Uma força 𝐹Ԧ – esforço normal

• Uma força 𝑉 – esforço transverso ou de corte

• Um binário 𝑀 – Momento Flector

Da mesma forma, as forças internas num elemento linear


de eixo não rectilíneo submetido à acção de duas forças
são também equivalentes a sistemas força – binário.
Problema Tipo
Para a estrutura representada na figura determine as forças internas (a) no ponto 𝐽
do elemento 𝐴𝐶𝐹, (b) no ponto 𝐾 do elemento 𝐵𝐶𝐷.

Diagrama de Corpo Livre

Equações de equilíbrio:
σ 𝑀𝐸 = 0: − 2400 N 3,6 m + 𝐹 4,8 m = 0 ⇒ 𝐹 = 1800 N

σ 𝐹𝑦 = 0: −2400 N + 1800 N + 𝐸𝑦 = 0 ⇒ 𝐸𝑦 = 600 N

σ 𝐹𝑥 = 0 ⇒ 𝐸𝑥 = 0 DCL:

Corpo Livre: 𝑩𝑪𝑫


σ 𝑀𝐵 = 0: − 2400 N 3,6 m + 𝐶𝑦 2,4 m = 0 ⇒ 𝐶𝑦 = 3600N

σ 𝑀𝐶 = 0: − 2400 N 1,2 m + 𝐵𝑦 2,4 m = 0 ⇒ 𝐵𝑦 = 1200N

σ 𝐹𝑥 = 0: −𝐵𝑥 + 𝐶𝑥 = 0 ⇒ 𝐶𝑥 = 𝐵𝑥
Problema Tipo
Para a estrutura representada na figura determine as forças internas (a) no ponto 𝐽
do elemento 𝐴𝐶𝐹, (b) no ponto 𝐾 do elemento 𝐵𝐶𝐷.

Corpo Livre: 𝑨𝑩𝑬


σ 𝑀𝐴 = 0: 𝐵𝑥 2.4m = 0 ⇒ 𝐵𝑥 = 0

σ 𝐹𝑥 = 0: 𝐵𝑥 − 𝐴𝑥 = 0 ⇒ 𝐴𝑥 = 0

σ 𝐹𝑦 = 0: − 𝐴𝑦 + 𝐵𝑦 + 600N = 0 ⇒ 𝐴𝑦 = 1800 N

Voltando ao elemento 𝐵𝐶𝐷: 𝐶𝑥 = 𝐵𝑥 ⇒ 𝐶𝑥 = 0

a) Forças internas em 𝑱

σ 𝑀𝐽 = 0: − 1800 N 1,2 m + 𝑀 = 0 ⇒ 𝑀 = 2160 N ⋅ m

σ 𝐹𝑥 = 0: 𝐹 − 1800 N cos 41,7° = 0 ⇒ 𝐹 = 1344 N

σ 𝐹𝑦 = 0: −𝑉 + 1800 N sin 41,7° = 0 ⇒ 𝑉 = 1197 N


Problema Tipo
Para a estrutura representada na figura determine as forças internas (a) no ponto 𝐽 do
elemento 𝐴𝐶𝐹, (b) no ponto 𝐾 do elemento 𝐵𝐶𝐷.

b) Forças internas em 𝑲

Considere o corpo livre 𝑩𝑲:

σ 𝑀𝐾 = 0: 1200 N 1,5 m + 𝑀 = 0 ⇒ 𝑀 = −1800 N ⋅ m

σ 𝐹𝑥 = 0: 𝐹 = 0

σ 𝐹𝑦 = 0: −1200 N − 𝑉 = 0 ⇒ 𝑉 = −1200 N

Nota: o mesmo resultado seria obtido se tivéssemos considerado o corpo livre 𝐾𝐷:

σ 𝑀𝐾 = 0: 3600 N 2,4 m − 1,5 m − 2400 N 3,6 m − 1,5 m − 𝑀 = 0 ⇒ 𝑀 = −1800 N ⋅ m

σ 𝐹𝑥 = 0: 𝐹 = 0

σ 𝐹𝑦 = 0: 𝑉 + 3600 N − 2400 N = 0 ⇒ 𝑉 = −1200 N


Vigas: tipos de Carregamento e de Apoios
Viga – elemento estrutural projectado para suportar cargas aplicadas
em vários pontos do seu comprimento.

Na maior parte dos casos, as cargas são perpendiculares aos eixos e


produzem apenas corte e flexão.

Quando as cargas não formam um ângulo recto com o eixo da viga


também geram forças axiais (normais).

Uma viga pode estar submetida à acção:

• de forças concentradas 𝑃Ԧ1 , 𝑃Ԧ1 … expressas em Netwon ou em


kiloNewton;

• de cargas distribuídas 𝜔, expressas em N/m ou em kN/m;

• ou de uma combinação de ambas.

Vão – distância 𝐿 entre apoios.


Vigas: tipos de Carregamento e de Apoios
Vigas estaticamente determinadas ou isostáticas:

Viga simplesmente apoiada Viga simplesmente apoiada Viga encastrada


com extremidade em consola

Vigas estaticamente indeterminadas ou hiperestáticas:

Viga contínua Viga encastrada numa extremidade Viga biencastrada


e simplesmente apoiada na outra
extremidade
Esforço Transverso e Momento Flector numa Viga
Pretende-se determinar o momento flector e o esforço
transverso em qualquer ponto (por exemplo, ponto 𝐶) de
uma viga submetida a cargas concentradas e distribuídas.

Em primeiro lugar, determinam-se as reacções nos apoios


tratando toda a viga como corpo livre.

Corte a viga em 𝐶 e desenhe os


diagramas de corpo livre das
partes 𝐴𝐶 e 𝐶𝐵.

A partir de condições de equilíbrio,


determine 𝑀 e 𝑉 ou 𝑀′ e 𝑉′.
Esforço Transverso e Momento Flector numa Viga
Por definição, os sistemas internos força–binário constituídos pelo
esforço transverso 𝑉 e momento flector 𝑀, apresentam o sentido
positivo como é mostrado para cada secção de viga.

Forças internas na secção


(esforço transverso e momento flector positivos)

O esforço transverso é positivo quando as forças externas (forças


aplicadas e reações) que actuam na viga tenderem a cortar a viga
em 𝐶 como indicado na figura.
Efeito das forças externas
(esforço transverso positivo)

O momento flector em 𝐶 é positivo quando as forças externas que


actuam na viga tenderem a flectir a viga em 𝐶 como indicado
na figura.

Efeito das forças externas


(momento flector positivo)
Nota: o esforço normal é considerado positivo quando as correspondentes forças
axiais traccionarem as partes do elemento em que estão aplicadas.
Diagramas de Esforço Transverso e de Momento Flector
Representação gráfica dos valores do esforço transverso 𝑉 e momento flector 𝑀, em função de uma distância 𝑥
medida a partir de uma das extremidades da viga.

Como exemplo, considere-se uma viga 𝐴𝐵 de vão 𝐿, simplesmente


apoiada e submetida à acção de uma única carga concentrada 𝑃
aplicada a meio vão, no ponto 𝐷.

A partir do diagrama de corpo livre da viga, determinam-se as reacções


nos apoios: 𝑅𝐴 = 𝑅𝐵 = 𝑃Τ2 .

Corta-se a viga num ponto genérico 𝐶, onde não estejam aplicadas


cargas, para 0 < 𝑥 < 𝐿Τ2. A partir do corpo livre da parte 𝐴𝐶:

𝑃
σ𝐹𝑦 = 0: − 𝑉 = 0 ⇒ 𝑉 = + 𝑃 Τ2
2

σ𝑀𝐶 = 0: −𝑅𝐴 𝑥 + 𝑀 = 0 ⇒ 𝑀 = 𝑅𝐴 𝑥 = 𝑃𝑥Τ2


Diagramas de Esforço Transverso e de Momento Flector
Corta-se agora a viga no ponto 𝐸 entre 𝐷 e 𝐵, para 𝐿Τ2 < 𝑥 < 𝐿:
A partir do corpo livre da parte 𝐸𝐵:

𝑃
σ𝐹𝑦 = 0: 𝑉 − = 0 ⇒ 𝑉 = − 𝑃 Τ2
2

σ𝑀𝐸 = 0: −𝑀 + 𝑅𝐵 (𝐿 − 𝑥) = 0 ⇒ 𝑀 = 𝑅𝐵 (𝐿 − 𝑥) = 𝑃(𝐿 − 𝑥)Τ2

Completam-se os diagramas de esforço transverso e de momento


flector com os expressões obtidas.

Quando uma viga está sujeita a cargas concentradas:

• o esforço transverso toma valores constantes entre cargas,


apresentando descontinuidades nos pontos de aplicação das
cargas, com a intensidade e o sentido dados pelas cargas;

• o momento flector varia linearmente entre as cargas.


Note-se a concordância de 𝑉 e de 𝑀 com as forças externas nas
extremidades 𝑥 = 0 e 𝑥 = 𝐿 da viga.
Problema Tipo
Trace os diagramas desforço transverso e de momento flector da viga representada
na figura.

Diagrama de corpo livre da viga 𝑨𝑫:


σ 𝑀𝐵 = 0: 20 kN 2,5 m − 40 kN 3 m + 𝑅𝐷 3 m + 2 m = 0 ⇒ 𝑅𝐷 = 14 kN

σ 𝐹𝑦 = 0: − 20 kN + 𝑅𝐵 − 40 𝑘N + R D = 0 ⇒ 𝑅𝐵 = 46 kN

Sabendo que o esforço transverso é constante e o momento flector é linear entre cargas
concentradas, vamos calcular os seus valores imediatamente à esquerda e à direita dos
pontos de aplicação das cargas.

Corpo livre do troço da viga na secção 1 (imediatamente à direita de 𝑨):


σ 𝐹𝑦 = 0: −20 kN − 𝑉1 = 0 ⇒ 𝑉1 = −20 N
σ 𝑀1 = 0: 20 kN 0 m + 𝑀1 = 0 ⇒ 𝑀1 = 0

Corpo livre do troço da viga na secção 2 (imediatamente à esquerda de 𝑩):


σ 𝐹𝑦 = 0: −20 kN − 𝑉2 = 0 ⇒ 𝑉2 = −20 N
σ 𝑀2 = 0: 20 kN 2,5 m + 𝑀2 = 0 ⇒ 𝑀2 = −50 kN ⋅ m
Problema Tipo
Trace os diagramas desforço transverso e de momento flector da viga representada na figura.

Corpos livres das secções 3, 4, 5 e 6:

𝑉3 = 26 kN 𝑀3 = −50 kN ⋅ m
𝑉4 = 26 kN 𝑀4 = 28 kN ⋅ m
𝑉5 = −14 kN 𝑀5 = 28 kN ⋅ m
𝑉6 = −14 kN 𝑀6 = 0

Para várias secções da viga, os resultados teriam sido obtidos mais


facilmente considerando o corpo livre da parte da viga à direita da secção.
Por exemplo para a parte da viga à direita da secção 4:

σ 𝐹𝑦 = 0: 𝑉4 − 40 kN + 14 kN = 0 ⇒ 𝑉4 = 26 𝑘N

σ 𝑀4 = 0: −𝑀4 + 14 kN 2 m = 0 ⇒ 𝑀4 = 28 𝑘N ⋅ m

Podemos agora traçar os diagramas de esforço transverso e momento flector, sabendo que o esforço transverso é
constante e o momento flector é linear entre cargas concentradas.
Cargas Distribuídas em Vigas
Uma carga distribuída pode ser representada por uma carga pontual equivalente.

A intensidade da carga pontual equivalente é dada pela área total 𝐴


da superfície sob a curva do carregamento:

𝑊 = න 𝑤𝑑𝑥 = න𝑑𝐴 = 𝐴
0

O ponto de aplicação 𝑥ҧ da carga pontual equivalente pode ser


determinado através da equação dos momentos:

𝐿 𝐿
1
σ𝑀0 = 𝑥ҧ 𝑊 = න 𝑥 𝑤 𝑑𝑥 = න𝑥 𝑑𝐴 ⇒ 𝑥ҧ = න 𝑥 𝑤 𝑑𝑥
𝑊
0 0
8 kN/m
Problema Tipo
Trace os diagramas de esforço transverso e de momento flector para a viga 𝐴𝐵.
A carga distribuída de 8 kN/m está aplicada na viga entre 𝐴 e 𝐶, numa extensão 2 kN
de 0,30 m, e a carga concentrada de 2 kN está aplicada em 𝐸. 0,30 m 0,25 m
0,15 m 0,10 m
0,80 m
Diagrama de corpo livre da viga 𝑨𝑩:
σ 𝑀𝐴 = 0 = 𝐵𝑦 0,80 m − 2,40 kN 0,15 m − 2,00 kN 0,55 m ⇒ 𝐵𝑦 = 1,815 kN 8 kN/m
σ 𝑀𝐵 = 0 = 2,40 kN 0,65 m + 2,00 kN 0,25 m − 𝐴 0,80 m ⇒ 𝐴 = 2,58 kN
σ 𝐹𝑥 = 0: 𝐵𝑥 = 0
2 kN
A força de 2 kN é substituída por um sistema força–binário equivalente aplicado no
0,30 m 0, 4 m 0,25 m
ponto 𝐷 da viga, com uma força de 2 kN e um binário −0,2 kN ⋅ m.
0,30 m 0, 15 m 0,35 m
Troço da viga de 𝑨 a 𝑪 (𝟎 < 𝒙 < 𝟎, 𝟑𝟎 𝐦): 8 kN/m
0,2 kN ⋅ m
A parte correspondente da carga distribuída é substituída pela sua resultante, de
intensidade 8 kN 𝑥 e ponto de aplicação 𝑥 Τ2:
2,58 kN 2 kN
σ 𝐹𝑦 = 0: 2,58 kN − 8,00 𝑥 − 𝑉 = 0 ⇒ 𝑉 = (2,58 − 8,00 𝑥) kN 8𝑥 1,825 kN

σ 𝑀1 = 0: −2,58 𝑥 + 8,00 𝑥 𝑥 Τ2 + 𝑀 = 0 ⇒ 𝑀 = 2,58 𝑥 − 4,00 𝑥 2 kN ⋅ m


Problema Tipo 0,30 m 0, 15 m 0,35 m
Trace os diagramas de esforço transverso e de momento flector para a viga 𝐴𝐵.
8 kN/m
A carga distribuída de 8 kN/m está aplicada na viga entre 𝐴 e 𝐶, numa extensão 0,2 kN ⋅ m
de 0,30 m, e a carga concentrada de 2 kN está aplicada em 𝐸.

Troço da viga de 𝑪 a 𝑫 (𝟎, 𝟑𝟎 𝐦 < 𝒙 < 𝟎, 𝟒𝟓 𝐦): 2,58 kN 8 𝑥 2 kN 1,825 kN


A carga distribuída é agora substituída pela resultante total, de intensidade
8 kN 0,30 m = 2,4 kN e ponto de aplicação (0,3 m)Τ2 = 0,15 m:

σ 𝐹𝑦 = 0: 2,58 kN − 2,40 kN − 𝑉 = 0 ⇒ 𝑉 = 0,18 kN 2,58 kN


2,4 kN
σ 𝑀2 = 0: −2,58 𝑥 − 2,40, 𝑥 𝑥 − 0,15 m + 𝑀 = 0 ⇒ 𝑀 = 0,36 − 0,18 𝑥 kN ⋅ m
𝑥 − 0,15

Troço da viga de 𝑫 a 𝑩 (𝟎, 𝟒𝟓 𝐦 < 𝒙 < 𝟎, 𝟖𝟎 𝐦):


Considerando agora a parte da viga à esquerda da secção 3:
2,58 kN
σ 𝐹𝑦 = 0: 2,58 kN − 2,40 kN − 2,00 kN − 𝑉 = 0 ⇒ 𝑉 = −1,820 kN 2,4 kN
𝑥 − 0,15

σ 𝑀2 = 0: −2,58 𝑥 − 2,40, 𝑥 𝑥 − 0,15 m − 0,20 + 2,00 𝑥 − 0,45 m + 𝑀 = 0 0,2 kN ⋅ m

⇒ 𝑀 = −1,46 + 0,1820 𝑥 kN ⋅ m 2,58 kN 2 kN 𝑥 − 0,45


Problema Tipo
Trace os diagramas de esforço transverso e de momento flector para a viga 𝐴𝐵. A carga distribuída de 8 kN/m
está aplicada na viga entre 𝐴 e 𝐶, numa extensão de 0,30 m, e a carga concentrada de 2 kN está aplicada em 𝐸.

Diagramas de esforço transverso e de momento flector:


0,30 m 0, 15 m 0,35 m
De 𝑨 a 𝑪:
𝑉 = (2,58 − 8,00 𝑥) kN 8 kN/m
0,2 kN ⋅ m
𝑀 = 2,58 𝑥 − 4,00 𝑥 2 kN ⋅ m
De 𝑪 a 𝑫:
𝑉 = 0,18 kN
𝑀 = 0,36 − 0,18 𝑥 kN ⋅ m
2,58 kN 2 kN 1,825 kN
De 𝑫 a 𝑩:
𝑉 = −1,820 kN
𝑀 = −1,46 + 0,1820 𝑥 kN ⋅ m 2,58 kN
0,18 N
Note-se que o binário de momento 0.2 kN ⋅ m aplicado no ponto 𝐷 0,45 m 0, 80 m
0,30 m
introduz uma descontinuidade no diagrama de momento flector:
0,441 kN ⋅ m −1,825 kN
0,641 kN ⋅ m
Binários introduzem descontinuidades no diagrama de 0,414 kN ⋅ m
momento flector, assim como cargas pontuais introduzem
descontinuidades no diagrama de esforço transverso.
Relações entre Cargas, Esforço Transverso e Momento Flector
A construção dos diagramas de 𝑉 e de 𝑀 será facilitada se forem utilizadas certas
relações entre carga distribuída 𝑤, esforço transverso 𝑉 e momento flector 𝑀.

Considere-se o troço 𝐶𝐶 ′ da viga e o seu diagrama de corpo livre:

Δ𝑉
σ𝐹𝑦 = 0: 𝑉 − 𝑉 + Δ𝑉 − 𝑤Δ𝑥 = 0 ⟺ Δ𝑉 = −𝑤Δ𝑥 ⇒ lim = −𝑤
Δ𝑥→0 Δ𝑥

𝑥𝐷
d𝑉
⇒ = −𝑤 ⇒ 𝑉𝐷 − 𝑉𝐶 = − න 𝑤𝑑𝑥 = − área sob a curva do carregamento
d𝑥
𝑥𝐶

Δ𝑥 Δ𝑀 1
σ𝑀𝐶 ′ = 0: 𝑀 + Δ𝑀 − 𝑀 − 𝑉Δ𝑥 + 𝑤Δ𝑥 = 0 ⇒ lim = lim 𝑉 − 𝑤Δ𝑥 = 𝑉
2 Δ𝑥→0 Δ𝑥 Δ𝑥→0 2

𝑥𝐷
d𝑀
⇒ =𝑉 ⇒ 𝑀𝐷 − 𝑀𝐶 = න 𝑉𝑑𝑥 = área sob a curva do esforço transverso
d𝑥
𝑥𝐶
Exemplo
Considere-se a viga simplesmente apoiada 𝐴𝐵 de vão 𝐿 e submetida à acção
de uma carga uniformemente distribuída 𝑤.

Pelo diagrama de corpo livre da viga 𝐴𝐵: 𝑅𝐴 = 𝑅𝐵 = 𝑤𝐿Τ2 .


Sabendo que 𝑉𝐴 = 𝑅𝐴 = 𝑤𝐿Τ2 : 𝑉𝐴 𝑤𝐿
𝑥
d𝑉 = −𝑤d𝑥 ⇒ 𝑉 − 𝑉𝐴 = − ‫׬‬0 𝑤d𝑥 = −𝑤𝑥
𝑀𝐴
𝐿 Τ2
𝑤𝐿 𝐿
⇒ 𝑉 = 𝑉𝐴 − 𝑤𝑥 = − 𝑤𝑥 = 𝑤 −𝑥
2 2

Sabendo que 𝑀𝐴 = 0:
𝑥 𝑥 𝐿
d𝑀 = 𝑉d𝑥 ⇒ 𝑀 − 𝑀𝐴 = ‫׬‬0 𝑉𝑑𝑥 ⇒ 𝑀 = ‫׬‬0 𝑤 − 𝑥 𝑑𝑥
2
𝑤
⇒𝑀= 𝐿𝑥 − 𝑥 2
2

O momento flector máximo ocorre quando d𝑀Τd𝑥 = 𝑉 = 0 ⇒ 𝑥 = 𝐿Τ2:


𝑤 𝑤𝐿2
𝑀max = 𝐿𝑥 − 𝑥 2 ቚ =
2 𝑥=𝐿 Τ2 8
Problema Tipo 100 kN 50 kN 20 kN/m
Trace os diagramas de esforço transverso e de momento flector para a viga com o
carregamento representados na figura.
2,0 m 2,5 m 3,0 m 2,5 m
Diagrama de corpo livre da viga 𝑨𝑬: 1,25 m
100 kN 50 kN 50 kN
σ 𝑀𝐴 = 0: 𝐷 7,50 m − 100 kN 2,00 m − 50,00 kN 4,50 m
− 50 kN 8,75 m = 0 ⇒ 𝐷 = 115 kN

2,0 m 2,5 m 3,0 m 2,5 m


σ 𝐹𝑦 = 0: 𝐴𝑦 − 100 𝑘𝑁 − 50 𝑘𝑁 + 115 𝑘𝑁 = 0 ⇒ 𝐴𝑦 = 85 kN
100 kN 50 kN 20 kN/m
σ 𝐹𝑥 = 0: 𝐴𝑥 = 0

Diagrama de Esforço Transverso:


85 kN 115 kN
100 kN
Esforço transverso imediatamente à direita de 𝐴: 𝑉𝐴+ = 𝐴𝑦 = 85 kN
Entre cargas concentradas ou reações: o esforço transverso é constante: 𝑉 = 𝑉𝐴+
Esforço transverso imediatamente à direita de 𝐵: 𝑉𝐵+ = 𝑉𝐴 − 100 kN = −15 kN 85 kN
Esforço transverso imediatamente à direita de 𝐶: 𝑉𝐶 + = 𝑉𝐵+ − 50 kN = −65 kN
𝑉(kN) (+62,5)
Esforço transverso imediatamente à direita de 𝐷: 𝑉𝐷+ = 𝑉𝐶 + + 115 kN = +50 kN (+170)
+85
Entre 𝐷 e 𝐸: (−37,5)
10 −15
d𝑉 = −𝑤d𝑥 ⇒ 𝑉𝐸 − 𝑉𝐷+ = − ‫׬‬7.5 20 kN ⋅ m d𝑥 = 50 kN ⟺ VE − 50 kN = −50kN ⇒ V𝐸 = 0 (−195)
−65
Problema Tipo
Trace os diagramas de esforço transverso e de momento flector para a viga com o
carregamento representados na figura.
2,0 m 2,5 m 3,0 m 2,5 m
Diagrama de Momento Flector:
100 kN 50 kN 20 kN/m
Como não existem binários aplicados na viga, o diagrama de momento flector
não apresenta descontinuidades.

A área sob a curva do diagrama de esforço transverso entre dois pontos é igual
85 kN 115 kN
à variação do momento flector entre esses dois pontos:
𝑉(kN)
𝑀𝐵 − 𝑀𝐴 = área sob a curva de V = 170 kN ⋅ m ⇒ 𝑀𝐵 = 170 kN ⋅ m +85 (+170) (+62,5)
(−37,5)
𝑀𝐶 − 𝑀𝐵 = −37,5 ⇒ 𝑀𝐶 = 170 kN ⋅ m − 37,5 kN ⋅ m = 132,5 kN ⋅ m
−15 (−195)
𝑀𝐷 − 𝑀𝐶 = −15 ⇒ 𝑀𝐷 = 132,5 − 1955 kN ⋅ m = −62,5 kN ⋅ m −65
𝑀(kN ⋅ m) +170
𝑀𝐸 − 𝑀𝐷 = 62,5 ⇒ 𝑀𝐸 = −62,5 − 62,5 kN ⋅ m = 0 +132,5

Entre cargas concentradas, o esforço transverso é constante pelo que o momento flector
é linear, podendo ser traçado ligando os pontos conhecidos por linhas rectas.
Entre 𝐷 e 𝐸, onde o diagrama de esforço transverso apresenta variação linear, o diagrama
de momento flector é uma parábola. − 62,5
Problema Tipo
Trace os diagramas desforço transverso e de momento flector para a viga
encastrada representada na figura.

Carregamento entre 𝑨 e 𝑩: 𝑤 𝑥 = 𝛼𝑥 + 𝛽

𝑤 𝑥 = 0 = 𝛽 = 𝑤0

𝑤 𝑥 = 𝑎 = 𝛼𝑎 + 𝑤0 = 0 ⇒ 𝛼 = − 𝑤0 Τ𝑎 ⇒ 𝑤 𝑥 = 𝑤0 (1 − 𝑥 Τ𝑎)

Diagrama de esforço transverso:

Em 𝑥 = 0, 𝑉𝐴 = 0. Entre 0 < 𝑥 < 𝑎:


𝑥
𝑥 𝑥2
𝑉 𝑥 − 𝑉𝐴 = − න 𝑤0 1 − d𝑥 = −𝑤0 𝑥 + 𝑤0
𝑎 2𝑎
0

⇒ 𝑉𝐵 = 𝑉 𝑥 = 𝑎 = −𝑤0 𝑎Τ2

Entre a < 𝑥 < 𝐿:

V 𝑥 − 𝑉𝐵 = 0 ⇒ 𝑉 𝑥 = 𝑉𝐵
Problema Tipo
Trace os diagramas desforço transverso e de momento flector para a viga
encastrada representada na figura.

Diagrama de momento flector:

Em 𝑥 = 0, 𝑀𝐴 = 0. Entre 0 < 𝑥 < 𝑎:


𝑥
𝑥2 𝑥2 𝑥3
𝑀 𝑥 − 𝑀𝐴 = න 𝑤0 −𝑥 + d𝑥 = −𝑤0 + 𝑤0
2𝑎 2 6𝑎
0

1
⇒ 𝑀𝐵 = 𝑀 𝑥 = 𝑎 = − 𝑤0 𝑎2
3
Entre a < 𝑥 < 𝐿:
𝑥
𝑎 𝑤0 𝑎
𝑀 𝑥 − 𝑀𝐵 = න −𝑤0 d𝑥 = − 𝑥
2 2
0

1
⇒ 𝑀𝐶 = 𝑀 𝑥 = 𝐿 = − 𝑤0 𝑎(3𝐿 − 𝑎)
6

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