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MECÂNICA DOS SÓLIDOS 5

1. GEOMETRIA
DAS MASSAS
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 6

1. GEOMETRIA DAS MASSAS

Neste capítulo será estudado passo a passo o segmento da Mecânica


Geral que vai desde o cálculo do centro de gravidade das figuras planas e
seus momentos principais de inércia, até as fórmulas e traçados da elipse
central de inércia e eixos conjugados, por constituírem subsídios
indispensáveis ao estudo das às flexões oblíquas e compostas na Resistência
dos Materiais, disciplina que tem como objetivo o dimensionamento seguro
das seções que devem possuir as peças de uma estrutura para suportar as
cargas aplicadas, ou então verificar se uma determinada estrutura
construída, possui a estabilidade necessária para desempenhar seu papel .

1.1 CENTRO DE GRAVIDADE

Embora deduzindo as expressões gerais que levam à determinação do


centro de gravidade, ressaltamos apenas para desenvolvimento do assunto
àquelas relativas às superfícies planas, por serem assim, as seções
transversais das peças, no decorrer dos dimensionamentos.
Sendo C( x,y,z ) a representação do centro de gravidade de um
conjunto de pontos materiais, relativo ao sistema arbitrário de coordenadas
retangulares, lançamos mão do Teorema de Varignon, para determinação
das coordenadas x, y, z .
Teorema de Varignon : O momento da resultante é igual ao
momento resultante .

1.1.1 Equações Gerais

Considere um sistema de partículas cujos pesos sejam indicados pelos


vetores P1 , P2 , P3 ........Pn verticais para baixo, como na figura. Este sistema
possuirá uma resultante, que também será um vetor vertical para baixo:
d Aplicando o teorema acima com relação a
R x1 um ponto qualquer C , temos:
P1
R.d = P1.x1 + P2.x2 + P3.x3 + ............ +
P 2 x2 C Pn.xn , como
R = P1 + P2 + P3 + ........ Pn
P3 x3
d = å Pn . dn / å P
Pn xn
Fig.1.1
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Repetindo esta aplicação nas direções dos três eixos de coordenadas


retangulares, determina-se a posição do centro de gravidade do sistema dado
por C ( x, y , z ), onde :

X
P x
n n
; Y=
P y
n n
; Z=
P z
n n

P n P n P n

Os numeradores destas frações são denominados de momentos estáticos


ou momentos de 1a ordem .

DEFINIÇÂO: Centro de gravidade de um sistema material é o ponto de


interseção de todas as retas em relação as quais o momento estático é nulo .

a) Centro de Gravidade de Massa

Tomemos apenas a direção do eixo OX, para expansão das fórmulas:

Peso = P = m x g .......... para g = cte , então X = å mn . xn / å mn


X = å Pn . xn / å Pn = g å mn . xn / gå mn

b) Centro de Gravidade de Volume

Densidade= r = m / V; ....... para r = cte , então

X = å mn . xn / å mn = r å Vn . xn / rå Vn X = å Vn . xn / å Vn

c) Centro de Gravidade das Superfícies

Volume = V = S.h ......... para h = cte , então

X = å Vn . xn / å Vn = h å Sn . xn / hå Sn X = å Sn . xn / å Sn

Estendendo o mesmo raciocínio para as outras direções do sistema de


eixos retangulares, temos :

X
 x .Sn n
; Y 
 y .S
n n
; Z
 z .S
n n
.
S n S n S n
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 8

1.1.2 CENTRO DE GRAVIDADE DE FIGURAS PLANAS

No caso particular das superfícies planas teremos as seguintes


simplificações:

1. Quando a superfície plana total puder ser decomposta em figuras


parciais, cujas posições dos centros de gravidade sejam conhecidas,
usaremos as fórmulas discretas :
X = å Sn . xn / å Sn ; Y = å Sn . yn / å Sn ;

2. Quando a superfície plana total for contínua , teremos;

Y x dS

cg  xdS  ydS
X s
; Y= s

y y  dSs
 dS
s
0 x

Fig. 1. 2

PROPRIEDADES: eixo de simetria

1. Se a superfície plana apresentar um eixo


de simetria, o momento estático em
relação a este eixo será NULO e o cg Fig.1. 3
centro de gravidade estará sobre ele.

eixo de simetria

2. Se a superfície plana apresentar dois


eixos de simetria, seu centro de Fig.1.4
gravidade estará sobre o Fig 5. 4
encontro cg Eixo de
destes eixos. Simetria
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 9

Retângulo
Y
Temos que:
dS dS  dx.dy
cg h
y y
 xdS b
 
h
xdydx
X  s
 0 0

 dS
b h

x s
 
0 0
dydx

x b b2
b 
 h.xdx
0

h.
2  b
b
Fig 1. 5 h.b 2
 hdx 0

Do mesmo
Temos que: modo,
dS = teremos: = h/2 por
x‘ dy , Yonde
Triângulo semelhança de triângulos, podemos dizer
que: x’ = ( h - y ).b/h
Y

h b
2h/3 x’ dy h  ydS 0 y.  h  y dy
Ys  h
 dS h b
h/3 cg y s 0  h  y dy
o b X h
3
 
Fig 1. 6 b h h 2 h
0 hydy  0 y dy
h
Y h  62 
b
h
 0 hdy  0 ydy 
h h h
2
3

NOTA: O centro de gravidade de um triângulo qualquer está localizado a


1/3 da altura a partir da base ou 2/3 da altura a partir do vértice oposto.

Setor Circular

Rds R 2d
 x' dA 2
como dA   e x s
,.......onde :.x'  R cos 
2 2  dA
s
3
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 10

Fig.1.7
ds=Rdq  2 R 2d  1
dq +α
 3
R cos .
2   3
R cos d
x  d
 R d
2
q  2
R -a
 2

2 Rsen
x =(2Rcosq) /3 X .
3 
Casos Particulares:
Y=Y ‘
1. Centro de gravidade do Semicírculo:

Faz-se então α=90°, na fórmula (I) cg X’


0,424R
R
2 Rsen90o
X .  0,424.R Fig.1.8
3 
2
X = 0,424.R
2 Rsen90o
X .  0,424.R
3 
2
2. CG. do Quadrante de Círculo: Faz-se a = 45o na fórmula ( I ) ,
Y X‘ e X‘ eixo de simetria, então:
+a 2 sen45o
X'  . R;
3 
-a 4
Y=0,424R cg 2 0,707
X X  X ' .cos45o  . .0,707R
3 
x = 0,424R 4
X  0,424R
Fig.1.9
Considerando a simetria da figura com relação ao eixo auxiliar X ‘ ,
temos: X  Y  0,424.R
x  y  0, 424 R
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 11

Da Parábola
Y Como o ponto P (b,h ) pertence à parábola
P(b,h) dada, h = k.b2 , donde k = h/b2 , logo
Y = (h/b2 )X2 .......... Equação da Parábola
2
 h 2
 2  x
s ydS 0b 0b2 x ydydx 0  b 2  dx
h 2 b
0,7 h h
Y   b h
s dS 0b 0b2 x dydx
h 2
Y=kX2
0 b2 x dx
2

0.3 h y h 2 b5
0 X 2b 4 . 5 3
x Y 3
 h
h b 10
b .
b2 3
Fig 1. 10
 h  4
 xdS   x  2 x2  dx h2 . b
h 2 b
b
b2
x
xdydx 
0
b   b 4
X s
 0 0

X bh bh bh
 dS
s 2 2 2

3 3
x b e y h
4 10

1.1.3 Aplicações Práticas

Seja determinar as coordenadas do centro de gravidade da


superfície plana, dimensionada em centímetros, como na figura abaixo
com relação ao sistema de eixos XOX.
Y
4,0

4,0

4,0
R=2,0
4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 X
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 12

Fig 1. 11
Solução:
Note que a figura dada pode ser decomposta em:
a)- Duas figuras parciais positivas:
Figura – I : Retângulo de área 16x12 cm2
Figura–II: Triângulo Retângulo de área 4x12/2cm2
b)- Quatro figuras parciais subtrativas:
Figura -III: Círculo de raio R=2,0 cm
Figura–IV: Semicírculo de raio R= 4,0 cm
Figura - V: Quadrante de círculo de R= 8 cm
Figura–VI: Quadrado de lado = 4,0 cm
Para o cálculo das coordenadas do centro de gravidade da
figura,usaremos o seguinte quadro auxiliar, cujo modelo poderá ser utilizado
também para outros problemas de enunciados semelhantes. Após encontradas
as coordenadas do CG, o aluno deverá plotar os novos eixos.

Figura Si Xi Yi SiXi SiYi


I 192,00 0,00 6,00 0,00 1.152,00
II 24,00 9,33 4,00 223,92 96,00
III - 12,56 4,00 4,00 -50,24 -50,24
IV -25,12 0,00 10,30 0,00 -258,74
V -50,24 -4,61 3,39 231,61 -170,31
VI -16,00 -6,00 10,00 96,00 -16,00
å 112,08 / / 501,29 608,71

X
S x i i

501, 29
 X  4, 47cm
S i 112, 08

Y
S y i i

608,71
 Y  5, 43cm
Problema-02: S i 112, 08

Determinar as coordenadas do centro de gravidade da figura composta


dada abaixo,com relação ao sistema de eixos ortogonais XOY:
y P ( 4; 6 )
y = -0,375x2 + 3x
h 6
y = 0,375 x 2
Fig 1. 12
0
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 13

4 x

Solução :

1. Decomposição da figura:

Figura-1: Parábola y = -0,375 x2 + 3x

Y
Parábola
P (4; 6)
X1 
 x.dA , onde dA = y.dx
 dA
 x  0,375x  3x dx , X
4
2
cg
X =y 0
 2,5cm
  -0,375x  3x dx
1 1
1 4 2
x 0
0 x dx y 1 4 2 1 4
 2 dA 2 0 y dx 2 0  0,375x  3x dx
2 2
x1
b Y1   4  4
 dA
   0,375x  3x dx
2
ydx
0 0
Fig 1.13
Y1  2,4cm

Figura -2: Parábola y = 0,375 x2

Y P( 4;6 )

3 3
2
X b  3.0 cm; Y= h  1,8 cm
Y = 0,375 x 4 10
cg
Y2
o X Fig 5. 14
X2
Figura Si Xi Yi SiXi SiYi
I 16,00 2,5 2,4 40,00 38,40
II -8,00 3,0 1,8 -24,00 -14,40
å 8,00 / / 16,00 24,00

X
S x i i

16,00
 2,00 cm; Y=
 Si yi  24,00  3,0 cm
S i 8,00  Si 8,00
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 14

1.2 MOMENTO DE INÉRCIA

O Momento de Inércia ( I ) de um elemento material dm é uma


entidade puramente matemática, definida como sendo o produto deste
elemento pelo quadrado da sua distância à um pólo, eixo ou plano, em
relação ao qual é considerado. Temos assim os seguintes tipos de
Momento de Inércia :
z
Momento de Inércia Planar
dm I xoy   z 2 dm
m
Momento de Inércia Axial
0 z y x I x    y 2  z 2  dm
m
x Momento de Inércia Polar
y Fig 1. 15 I 0   ( x 2  y 2  z 2 )dm
m
De modo geral e pela própria definição, o momento de inércia será
sempre uma quantidade maior que zero ( I > 0 ). Ao momento de inércia
axial, de uso corrente na Mecânica, podem ser dados os seguintes
significados físicos:

1. No estudo da resistência à flexão, a capacidade de suportar cargas de


uma peça da estrutura é diretamente proporcional ao momento de inércia de
sua seção transversal, que por sua vez depende de sua posição. Exemplo:
Uma viga de seção transversal retangular na posição “deitada” é menos
resistente à carga, que a mesma viga na posição “em pé”, cujo momento de
inércia é maior, como mostram as figuras abaixo:

Seção transversal h Seção transversal b


b h
Fig 1.16 a : Fig 1.16 b:
Momento de Inércia (I = bh3/3) Momento de Inércia: hb3/3
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 15

2. Na Dinâmica dos Corpos Rígidos, diz-se que a aceleração angular de uma


peça em rotação é inversamente proporcional ao momento de inércia desta
peça . Ou seja :
a = MEXT / I
Onde :
 - aceleração angular
MEXT - momento das forças externas
I - momento de inércia do corpo

PROPRIEDADES:
Dada uma superfície plana relacionada a um
y sistema de eixos retangulares XOY, podemos
dS afirmar, como conseqüência das definições que:
r “ O momento de inércia polar ( J o ) da superfície
y plana é igual à soma dos momentos de inércia
o x x relativos aos eixos do referido sistema”. Ou seja
Fig 5.2 17
Jo   r .dS , como : r 2  x2  y2

Jo    x2  y2  dS   x2dS   y2dS  Jo  Jy  Jx

Nota: Se a figura for simétrica com relação aos eixos de coordenadas, como
por exemplo, o círculo e o quadrado, então temos : J o = 2Jx = 2Jy .

TEOREMA DE STEINER:

O momento de inércia de uma figura plana com relação a um eixo


qualquer é igual ao momento de inércia desta figura com relação a um eixo
paralelo e que passe pelo seu centro de gravidade acrescido do produto da
área da figura, pelo quadrado da distância entre estes dois eixos .

c.g x’ Jx = Jx ’ + S.d2
d S
Fig 1. 18 x
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 16

Note que como o momento de inércia é uma quantidade positiva, então


o menor Jx da figura plana será com relação ao eixo que passa pelo seu
centro de gravidade, isto é, quando d=0 .

DEDUÇÃO DO TEOREMA DE STEINER

Y y‘ Ao lado temos uma figura plana com centro de


x’ dS gravidade c.g ( x ; y ), cujos pontos referem-se a
y’ dois sistemas de eixos ortogonais e paralelos,
c.g x’ sendo um passando pelo centro de gravidade
(x’o’y’ ) e o outro um com origem qualquer.
y y = y + y’ Tomemos então um elemento infinitesimal de
área dS, que possua por construção dois pares
de coordenadas:
x dS ( x’;x y’ ) ..... x’o’y’ passando pelo centro de
x
x = + x’ gravidade
dS ( x ; y ) ..... xoy posição qualquer
Fig 1. 19

As relações entre as coordenadas de dS, nos dois sistemas são :

x = x + x’
y = y + y’; aplicando as definições de M.I:
2
J x   y 2 ds    y  y ' ds   y 2 ds   y '2 ds   2 yy 'ds

Onde:
 y ds  y .S ,
2 2
y = distância entre os eixos horizontais: x e x’

 y ds  J ,
'2
x'
Momento de inércia relativo ao eixo baricêntrico x’

 2 yy ds  0 ,
'
Soma dos momentos estáticos com relação ao cg.

Simplificando, temos :
Com relação ao eixo OX: JX = JX’ + Sd2
Com relação ao eixo OY: JY = JY’ + Sd2
Em ambos os casos, a variável d é sempre distância entre os dois eixos.

1.2.1 M.I. DE FIGURAS BÁSICAS


MECÂNICA DOS SÓLIDOS 17

DO RETÂNGULO:
1. Cálculo do J X : ( OX – eixo passando
pela base )
y y’ b h b h3
dx Jx   y dS   2
 y dydx  
2
.dx
0 0 0 3
dS dy s

2. Cálculo do JY : ( OY – eixo passando


c.g y h x’ pela altura )
b h b
Jy   x2dS    x2dydx   hx2dx
0 0 0
0 x s
b
bh3 hb3
Fig 1. 20 Jx  ,..............J y 
3 3

3. Cálculo da JX ‘ ( O’X’ - eixo baricêntrico ):


Aplicando-se o Teorema de Steiner, temos:
2
bh 3 h bh 3
Jx  Jx  Sd   bh  
2
 Jx 
3  2 12

DO TRIÂNGULO:

1.Cálculo do momento JX. ( OX – eixo que passa pela base)


Y dA  b' .dy
h b
dy b’
Jx   y2dA   y2b 'dy  como b '   h  y
s
0 h
C.g
h
h b h hb
h/3 Jx   y2x.  h  y dy  0 by2dy  0 .y3dy
0 X 0 h h
b bh 3 bh 3 bh 3
Fig 1. 21   Jx 
3 4 12
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 18

Cálculo do momento JX’ ( O’X ‘ - eixo baricêntrico ):


Aplicando-se o Teorema de Steiner, temos:
2
bh 3 bh  h  bh 3
Jx  Jx  Sd 
2
    Jx 
12 2  3  36
DO CÍRCULO:

1. Cálculo do momento JX ( OX – diâmetro do cículo)

dr ds=rdq
dq r Usando o momento polar:
Jo   2dA , sendo : dA = d..d
q x s
R R 2 RR 4
Jo  
0 0
2 ..d.d   2.3d 
0 2
Fig 1. 22 Como existe simetria da figura ( Jx = Jy ):
R 4 R 4
Jo  2Jx  2Jy  ; Jx  Jy 
2 4
DO SEMICÍRCULO:

1. Cálculo do momento JX (eixo diametral )


y=y’

x‘ R 4
0’ Jx 
0,424R 8
x
00  metade do M.I do circulo 
Fig 1. 23

1. Cálculo do momento JX ‘ ( O’X’ - eixo baricêntrico )

Aplicando-se o Teorema de Steiner: JX = JX’ + Sd2

 R4  R2
 0, 424R   0,1098R 4 , logo Jx = Jy = Jy’
2
J x'  
8 2
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 19

DO QUADRANTE DE CÍRCULO:

1. Cálculo momento JX ( OX - eixo semi-diametral )


Y
Y’
 R4
Jx  (Um quarto do M.I do Círculo)
16
0,424R c.g X’
X
R Observe que J x  J y , pois X e Y são diâmetros.

Fig 1. 24

2. Cálculo do momento JX’ ( O’X’ – eixo baricêntrico )


Aplicando-se o Teorema de Steiner : JX = JX’ + Sd2
R 4 R 2
 0,424R   0,0549R 4 
2
Jx   Jx  0,0549R 4
16 4
Note que Jx  Jy  pois x= y= 0,424R

1.2.3 M.I. DE FIGURAS COMPOSTAS

O procedimento para resolução do Momento de Inércia de


figuras compostas é também a decomposição da mesma, em figuras parciais
de formatos básicos, cujas fórmulas foram deduzidas no item anterior. No
final, o momento de inércia da figura total, será igual à somatória dos
momentos de inércia das figuras parciais.

1.2.3 APLICAÇÕES PRÁTICAS

Exemplo-01: Seja a figura plana abaixo, dimensionada em centímetros,


determinar :
a)- as coordenadas do centro de gravidade;
b)- os momentos de inércia JX e JY , dado o sistema de eixos XOY;
c)- os momentos de inércia JX’ e JY’ , sendo X’O’Y’ o sistema de eixos
baricêntricos;
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 20

Figuras Parciais:
I 6,0
4,0 III (I) - I 6,0 2 x 6
Retângulo:
( II ) - Semicírculo : R= 4,0
0 IV X ( III )- Triângulo Isósceles:h=4,0
II ( IV )- Semicírculo : R = 2,0

2,0 2,0 2,0 2,0 2,0

Fig 1. 25

Solução :

a)- Cálculo das coordenadas do centro de gravidade:

Figura Si xi yi Sixi Siyi


I 12,00 3,00 3,00 36,00 36,00
II 25,12 0,00 - 1,70 0,00 - 42,70
III 12,00 - 3,00 1,33 - 36,00 15,96
IV - 6,28 0,00 - 0,85 0,00 5,34
å 42,84 / / 0,00 14,60

X
 S x  0,00  0,00 cm
i i

 S 42,84
i

Y=
 S y  14,60  0,34 cm
i i

 S 42,84
i

b)- Cálculo dos momentos de inércia JX e JY :

Momento de inércia JX :
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 21

Jx  JxI  JIIx  JxII  JIV


x

bh 3 2.63 R 4 .44
J 
I
x   144,00 cm ; Jx 
4 II
  100,48 cm 4
3 3 8 8
3
bh 6.4 3
R .24
4
JIIIx    32,00 cm 4 ; JIV
x    6,28 cm 4
12 12 8 8
Jx  144  100,48  32,00  6,28  270,20 cm 4 ; Jx  270,20 cm 4

Momento de inércia JY :

Jy  JIy  JIIy  JIII


y  Jy
IV

hb3 6.23
J 
I
y  Sd1 
2
 12.32  112,00 cm 4
12 12
R 4
4 4
JIIy    100,48cm 4
8 8
 
3
h. b 2 2.4.33
Jy  2.
III
 Sd 3 
2
 12.32  126,00 cm 4
12 12
R 3,14.2
4 4

y 
JIV   6,28 cm 4
8 8
Jy  112  100,48  126  6, 28  332,20 cm 4 ;....... Jy  332,20 cm 4

c)- Cálculo dos momentos de inércia com relação aos eixos baricêntricos:
JX’ e JY’
Aplicando o Teorema de Steiner para toda a figura:
Relativo ao eixo O’X’ : JX = JX ‘ + Sd2 , onde :
JX ‘ = momento de inércia da procurado, isto é, da figura total e com relação
ao eixo O’X’;
JX = momento de inércia da figura total com relação à OX;
S = área da figura total
D = distância entre os eixos horizontais OX e O’X’ , ou seja Y . Temos
então:
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 22

JX ‘ = JX - Sd2 = 270,20 – 42,84 ( 0,34 )2; ...... JX ‘ = 265,25 cm2


Relativo ao eixo O’Y’ : JY = JY ‘ + Sd2
JY ‘ = JY - Sd2 = 332,20 - 42,84 ( 0,00 )2 ...... JY ‘ = 332,20 cm2

Exmplo-02 :

Considere a superfície plana composta da Fig. 1. 11, cujas


coordenadas do centro de gravidade são X = 4,47 cm , Y = 5,43 cm e a
área A = 112,08 cm2 , foram determinadas anteriormente e encontre:
a)- os momentos de inércia JX e JY ;
b)- os momentos de inércia JX ‘ e JY , sendo X’O’Y’ o sistema
baricêntrico.

Solução:

a)- Aproveitando a mesma decomposição da superfície total em seis


figuras parciais, temos :
Momento de inércia JX :

Jx  JIx  JxII  JIII


x  Jx  Jx  Jx
IV V VI

bh 3 16.123 bh 3 4.123
JIx    9.216, 00 cm 4  JIIx    576, 00 cm 4
3 3 12 12
R 4 3,14.24
JIII
x   Sd 32   12,56.4 2  213,52 cm 4
4 4
x  0,1098R  Sd 4  0,1098.4  25,12.  10, 3 
2
JIV 4 2 4
 2.693, 09 cm 4
R 4 3,14.84
JxV    803,84 cm 4
16 16
bh 3 4.4 3
JxVI   Sd 62   16.102  1.621, 33 cm 4
12 12
Jx  9.216, 00  576, 00  213,52  2.693, 09  803,84  1.621, 33
Jx  4.460, 22 cm 4
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 23

Momento de inércia JY :

JY  JIy  JIIy  JIII


y  J y  Jy  Jy
IV V VI

hb3 12.163
JIy    4.096,00 cm 4
12 12
3
hb 12.43
 24  9,33  2.110,05cm 4
2
JIIy   Sd 22 
36 36
Jy  J x  213,52 cm 4 (obs. a 1ª igualdade)
III III

R 4 3,14.44
y 
JIV   100,48 cm 4
8 8
JyV  0,0549R 4  Sd52  0,0549.84  50,24  4,61  1.292,58 cm 4
2

hb 3 4.4 3
JyVI   Sd 62   16.62  597,33 cm 4
12 12
JY  4.096,00  2.110,51  213,52  100,48  1.292,58  597,33
JY  4.002,60 cm 4

b)- Cálculo dos momentos de inércia com relação aos eixos


baricêntricos, considerando as coordenadas do centro de gravidade e a
área da figura total dados do problema :

Momento de inércia - JX ‘ :

JX = JX ‘ + Sd2 .............. ( Teorema de Steiner )


JX ‘ = 4.460,22-112,08 ( 5,43 )2 = 1.155,55 cm4 . JX ‘ =1.155,55cm4

Momento de inércia - JY ‘ :

JY = JY ‘ + Sd2 .............. ( Teorema de Steiner )


JY ‘ = 4.002,60-112,08 ( 4,47 )2 =1.763,14cm4 JY ‘ = 1.763,14 cm4
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 24

1.3 PRODUTO DE INÉRCIA

O produto de inércia é também uma entidade puramente


matemática, sem qualquer interpretação física. É utilizada como
auxiliar na resolução dos problemas de rotação de eixos, que será visto
no capítulo seguinte. Interessa-nos apenas os produtos de inércia das
superfícies planas e estará sempre referenciado a um sistema de eixos
ortogonais.
Nestas condições, o produto de inércia de um elemento de área
infinitesimal dS , cuja anotação é J xy , é definido como sendo o
produto deste elemento pelas coordenadas de sua posição em relação
ao sistema de eixos escolhido como referencial.

Y x

ds J xy =  xy.dS
y s

0
X
 xy. dS
s
Fig. 1. 26
Uma análise da própria definição permite-nos chegar às seguintes
conclusões:

1. O produto de inércia é um número real que varia de - ¥ à + ¥ ;


2. O sinal do produto de inércia de uma figura depende do quadrante
do sistema de eixos referenciais em que estiver situada, isto é ,
positivo nos quadrantes I e III , negativo nos quadrantes II e IV ;
Y Y
Y Y
ds ds y X y X
y y ds ds
-x x
x X -x X


Jxy = xy.dS>0 
Jxy = xy.dS
s
<0 Jxy =  xydS
S
>0 Jxy =  xydS
s
<0
s
Fig. 1. 26 a Fig. 1. 26 b Fig. 1. 26 c Fig. 1. 26 c
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 25

3. Se a figura estiver distribuída em mais de um quadrante, o produto de


inércia total terá o sinal da soma algébrica dos produtos de inércia das áreas
contidas nestes quadrantes;

4. Se a figura admitir pelo menos um eixo de simetria coincidente com


um dos eixos do sistema a que se refere o produto de inércia, este será NULO

5. A unidade do produto de inércia é L4 ( exp. cm4 ; m4 ).

Teorema de Steiner

O teorema de Steiner adaptado ao produto de inércia, toma a seguinte


forma:
Jxy = Jx’y’ + S x . y
Onde:
Jxy - produto de inércia da figura , com relação a um sistema XOY
qualquer;
Jx’y’ - produto de inércia da figura, com relação a um sistema X’O’Y’
, passando pelo C.G.
S - área da figura dada;
x e y - coordenadas do centro de gravidade da figura relativas ao
sistema XOY

1.3.1 P. I. DE FIGURAS BÁSICAS

Do Retângulo:

Y 1. Cálculo do produto de inércia J xy ,


onde XOY- sistema de eixos passando
pelos lados do retângulo .
dy b h

cg h 
Jxy = xy.dS    xy.dydx
y y s 0 0
b 2
h b2h 2
0 x Jxy =  xdx 
x dx Fig.1.27 0
2 4
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 26

2. Cálculo do produto de inércia Jx’y’ onde X’O’Y’ –


sistema de eixos passando pelo centro de gravidade do retângulo.

J xy  J x' y'  S .x . y ( Teorema de Steiner )

b2h2/4 = Jx’y’ + b.h. (b/2)(h/2) ................................

- Jx’y’ = 0 Valor esperado por causa da simetria da figura.

Do Triângulo:
1. Cálculo do produto de inércia J xy, onde
Y XOY- sistema de eixos passando pelos
A(0,h) lados do triângulo retângulo .

dS
b y"
cg y y”
y Jxy =  xydS    xydydx ,
x B(b,0) s 0 0

x y” = h(b-x)/b, (semelhança de
triângulos)

Fig. 1. 28

b h(b  x)/ b
h2  2 
b b b b
xh 2
  xydydx     2  
   
2 2
JXY = 2
(b x) dx b xdx 2b x dx x3dx 
0 0 0
2b 2b  0 0 0 

h 2  b 2 .b 2 b 3 b 4  b 2 .h 2 JXY = b2 . h2 / 24
 2b   
2b 2  2
JXY = ....
3 4 24

2. Cálculo do Jx’y’ , onde X’O’Y’- sistema de eixos baricentros do


triângulo retângulo .
JXY = JX’Y’ + S . x . y ( Teorema de Steiner)
Jx’y’ = -b2 . h2 /72
b2.h2/24 = Jx’y’ + b.h/2. b/3 . h/3
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27

y
Y
NOTA: O sinal negativo do produto de
inércia, significa que na distribuição das
áreas do triângulo retângulo pelos
quadrantes do sistema que passa pelo H
centro de gravidade, a SOMA das áreas H/3
X
dos quadrantes II e IV, é maior que a B/3 B/3 X
SOMA das áreas dos quadrantes I e III, B
veja a figura abaixo.
B

Do Quadrante de Círculo: Fig. 5. 28 a


Y
Y‘
dS
1. Cálculo do produto de inércia J xy, onde
cg y X‘ XOY- sistema de eixos coincidindo com
0,424R os diâmetros do círculo .
X

0,424R
Fig. 5.29
R R2  x2
J xy   xyds   
s
0 0
xydydx

R R 2
 x2  R R2 R x
3
J xy   0
x
2
dx  0 2
xdx  
0 2
dx
4 4
R R
J xy  
4 8
JXY = R4 / 8

2. Cálculo do J X’Y’ , onde X’O’Y’- sistema de eixos baricentros


do círculo .
JXY = JX’Y’ + S . (Teorema de Steiner)

R4 /8 = Jx‘y‘ + 3,14 R2/4 (0,424R)(0,424R) ... JX ‘Y ‘ = - 0,016 .R4


MECÂNICA DOS SÓLIDOS 28

NOTA: O sinal negativo do produto de inércia, significa que na


distribuição das áreas desta figura pelos quadrantes do sistema que passa
pelo centro de gravidade, a SOMA das áreas dos quadrantes II e IV, é
maior que a SOMA das áreas dos quadrantes I e III, veja a figura abaixo.
y

II

IV
X
0 R
Fig. 1. 29 a

Do Círculo e semicírculo:

Estas figuras apresentam as seguintes simetrias:


a)- o círculo com relação aos dois diâmetros;
b)- o semicírculo com relação a um dos diâmetros
Em qualquer dos casos o produto de inércia será nulo, em relação a um
sistema coincidente com pelo menos um destes diâmetros.

1.3.2 APLICAÇÕES PRÁTICAS

Problema-01: Considerando a figura plana abaixo dimensionada em


5,0 centímetros , determinar :
a)- O produto de inércia JXY ;
b)- O produto de inércia com relação aos eixos baricêntricos, J X’Y’
y Solução:
(I) (III) 5,0 1. Decomposição da figura
(VI) 5,0 Figura-I: Retângulo 5x25
(II) 5,0 Figura-II: Retângulo 10x10
V x Figura-III: Retângulo 5x15
(IV) 10,0 Figura-IV: Triângulo Retângulo
Figura-V: Semicírculo Inferior
Figura-VI: Semicírculo Superior
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 29

5,0 5,0 5,0 5,0


Fig. 1.30

2. Cálculo das coordenadas do centro de gravidade x ; y :

Figura Si xi yi Sixi Siy


I 125,00 -7,50 2,50 -937,50 312,50
II 100,00 0,00 5,00 0,00 500,00
III 75,00 7,50 7,50 562,50 562,50
IV 25,00 8,33 -3,33 208,25 -83,25
V -39,25 0,00 2,12 0,00 -83,21
VI -39,25 0,00 7,88 0,00 -309,29
å 246,50 / / -166,75 899,25

x
S x i i

166, 75
 0, 68cm ; y
S y i i

899, 25
 3, 65cm
S i 246,50 S i 246,50

2. Cálculo do produto de inércia – JXY :

JXY = JXYI + JXY II + JXYIII + JXYIV - JXYV - JXYVI ,

Calculando o valor de cada parcela:

J xy I  J x ' y ' I  Sx . y = 0 + 125,00( - 7,50 ).( 2,50 ) = - 2.343,75


cm4;

JXY II = 0 ........... ( o eixo Y é de simetria );

JXY III = J ' ' III  S .x3 y3  0 + 75,00 ( 7,50 ).(7,50 0 = 4.218,75
x y
cm4 2 2
b .h 2
5 .10
2
 Sx4 y4   25,00  8,33  3,33
JXY IV
= 72 72 = -728,19 cm 4

JXY V = JXY VI = 0 ........... ( o eixo Y é de simetria );

JXY = - 2.343,75 + 0 + 4.218,75 – 728,19 + 0 - 0


MECÂNICA DOS SÓLIDOS 30

JXY = 1.146,81 cm4

4. Cálculo do produto de inércia J X’Y’ , sendo X ‘ O ‘ Y ‘


o sistema
baricêntrico .

Aplicando o Teorema de Steiner para figura total, temos:

Jxy  Jx ' y '  Sx . y


1.146,81 = JX ‘Y ‘ + 246,50 (- 0,68 ).( 3,65 ) JX ‘ Y ‘ = 1.758,62 cm4

Exemplo-02:

- Considerando a superfície composta da Fig. 1. 11, cujas coordenadas do


centro de gravidade e área total, foram determinadas anteriormente como
sendo X = 4,47 cm , Y = 5,43 cm e S = 112,08 cm2, determinar
a) - o produto de inércia JXY ;
b) - o produto de inércia JX’Y’ , sendo X’O’Y’ o sistema baricêntrico.

Solução:
Aproveitando a mesma decomposição da superfície total em seis
figuras parciais, temos:

a)- Cálculo do produto de inércia - JXY

JXY = JXYI + JXY II - JXYIII - JXYIV - JXYV - JXYVI , calculando o


valor de cada parcela:

JXY I = 0 ........... ( o eixo Y é de simetria );


b 2 .h 2 42.122
JXYII =  Sx2 y2   24,00  9,33  4  = 863,68
72 72
cm4

III
JXY III = J x' y '  S .x3 y3  0 + 12,56 ( 4 ).( 4 ) = 200,96 cm4
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 31

JXY IV = 0 ........... ( o eixo Y é de simetria );


JXYV = 0,016 R  Sx4 y4  0,016 x8  50,24  4,61  3,39  = - 850,68
4 4

cm4
JXY VI = J x' y ' VI  S .x6 y6  0 + 16,00 ( -6 ).( 10 ) = - 960,00 cm4
JXY = 0 + 863,68 - 200,96 - 0 + 850,68 + 960,00

JX Y = 2.473,40 cm4

2. Cálculo do produto de inércia – JX ‘Y ‘ , sendo X ‘O ‘Y ‘ o sistema de


eixos baricêntrico

Aplicando o teorema de Steiner:

Jxy  Jx' y'= JSx.y


2.473,40 x’y’ + 112,08 (4,47 )(5,43) .....
JX’Y’ = - 247,02 cm4

1.4 TRANSPOSIÇÃO DE EIXOS

A parte da transposição de eixos relativa à translação, fica


inteiramente resolvida com aplicações convenientes do Teorema de Steiner,
portanto ressaltamos agora , apenas as rotações de eixos. Neste caso o
objetivo é , conhecidos os momentos de inércia J X e JY e o produto de
inércia JXY de uma figura plana , sendo XOY um sistema de eixos
ortogonais qualquer , determinar os momentos de inércia J U e JV bem como
o produto de inércia JUV desta mesma figura com relação a outro sistema
igualmente perpendicular , concorrente com o primeiro porém defasado de
um ângulo a , como mostra a figura abaixo.

V Y

ds
u v U
n
0 m x
α

Dados :
JX   y2dS JY   x2dS JXY   xydS
s s s
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 32

Determinar:

JU   v 2dS JV   u 2dS JUV   uvdS


s s
s

Da figura acima , tiramos as seguintes relações geométricas entre as


coordenadas dos dois sistemas XOY e UOV:
u = m + n = x.cosa + y.sena
v = y.cosa - x.sena
Assim temos:

J u   s v 2dS=  s  ycosα-xsenα  dS
2

J u =cos 2α  s y 2dS+sen 2 α  s x 2 dS-2cosα.senα  s xydS

JU = JX.cos2a + JY.sen2a - JXY.sen2a (I)

Jv   u 2dS    xcos   ysen  dS


2

s s

Jv  cos   x2dS  sen 2  y2dS  2sen cos   xydS


2

s s s

JV = JYcos2a + JX.sen2a + JXY.sen 2a ( II )

Juv   uvdS    xcos   ysen   ycos   xsen  dS


s s

Juv  cos   xydS  cos sen  x2dS  cos sen  y2dS  sen 2  xydS
2

s s s s

 
Juv   cos2   sen 2   xydS  cossen   y2dS   x2dS
s s s 
JUV = cos2a.JXY + ½ sen2a.( JX – JY )
( III )
Pelas equações I , II e III para cada valor do ângulo a tem-se um
conjunto de Momentos de inércia JU e JV . Existirá um determinado
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 33

ângulo que chamaremos de ao , para o qual estes momentos serão máximo


ou mínimo. Para determiná-los façamos:
d  Ju 
 2 sen .cos  J x  2 cos  sen .J y  2 cos 2 . jxy  0
d
 sen 2  J x  J y   2 J xy cos 2  0
Tirando-se o valor da Tangente, temos:

tg 2ao = ( -2.JXY )/ ( JX – JY )
( IV )

Esta equação mostra que existem dois valores de ao , defasados de 90o, que
a satisfazem e estabelecem as posições dos eixos em relação aos quais o
momento de inércia é máximo para ao e mínimo para (ao+ 90o) . Se o ponto
de concorrência coincidir com o centro de gravidade da figura plana, teremos
então, as denominações de eixos principais (1 e 2) e momentos principais
de inércia J1 e J2 .

1.4.1 MOMENTOS PRINCIPAIS DE INÉRCIA

Para a determinação dos momentos principais de inércia J 1 e J2 basta


que se substitua nas equações ( I ) e ( II ) o ângulo a pelo valor ao
encontrado na equação- ( IV ), onde os momentos e o produto de inércia
devem se referir aos eixos baricêntricos . Isto será feito de maneira mais
conveniente a través de transformações trigonométricas. Assim temos:

Ju  Jx' cos2  o  Jy'sen 2 o  Jx' y'sen2 o


Jv  Jy' cos2  o  Jx'sen 2 o  Jx' y'sen2 o

Sabe-se da trigonometria, que:

cos2 ao =( 1+cos 2ao )/2 ; sen2 ao = ( 1 – cos 2ao )/2 e ainda

1
cos 2 o 
tg 2 o  1
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 34

Fazendo-se as devidas substituições, temos que

Jx'  Jy'1
J  Jy'   4 Jx' y' 2
2
J1   x'
2 2
Jx'  Jy' 1
J  Jy'   4 Jx' y' 2
2
J2   x'
2 2

Onde os momentos de inércia JU e JV receberam as anotações


especiais, respectivamente de J1 e J2 .

Observe que, aplicando-se o mesmo procedimento na busca do produto


principal de inércia, chegaremos a conclusão que ele não existe, senão
vejamos:
1
Juv  Jx' y' cos 2 o  sen2 o  Jx'  Jy' 
2
Juv 1
 Jx' y'  tg2 o  Jx'  Jy'  ,ou substituindo
cos 2 o 2
Juv 1  2Jx' y' 
 Jx' y'     Jx'  Jy'  = 0 , Finalmente
JUV = J12 = 0
cos 2 o 2  Jx'  Jy' 

temos,
Juv = J12 = 0

Aplicações Práticas

Exemplo-01: Considerando a superfície plana abaixo, dimensionada em


centímetros, determinar:

a)- As coordenadas do centro de gravidade – C ( X, Y ) ;


b)- Os momentos de inércia JX e JY e o produto JXY ;
c)- Os momentos de inércia JX’ e JY’ e o produto JX’Y’ , sendo X’O’Y’ o
sistema de eixos baricêntricos ;
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 35

d)- Os momentos principais de inércia J1 e J2 ;


e)- Traçado dos eixos principais de inércia.

SOLUÇÂO:
y 1. Decomposição da figura
dada: 4,0
II VII 4,0
Fig . I : Retângulo 6x8
I IV IX VI 2,0 Fig. II:Triâng.Ret..Superior
2,0 X
Fig.III: Triâng.Ret.Inferior
0 x Fig.IV: Semicírc. Superior
2,0
V X Fig. V : Semicírc. Inferior
2,0 Fig. VI: Retângulo 4x8
Fig. VII: Triâng.Ret.Super.
III VIII Fig.VIII: Triâng.Ret..Infer.
4,0
Fig. IX : Semicírc. Superior
4,0 2,0 2,0 2,0 2,0 4,0 Fig. X : Semicírc. Inferior
Fig. 1. 32

a)- Cálculo das coordenadas X e Y do centro de gravidade:

Figura Si Xi Yi SiXi SiYi


I 48,00 -5,00 0,00 -240,00 0,00
II 12,00 -4,00 5,33 -48,00 63,96
III 12,00 -4,00 -5,33 -48,00 -63,96
IV -6,28 -2,85 2,00 17,90 -12,56
V -6,28 -2,85 -2,00 17,90 12,56
VI 32,00 6,00 0,00 192,00 0,00
VII 8,00 5,33 5,33 42,64 42,64
VIII 8,00 5,33 -5,33 42,64 -42,64
IX 6,28 3,15 2,00 19,78 12,56
X 6,28 3,15 -2,00 19,78 -12,56
å 120,00 / / 16,64 0,00

X
S x i i

16,64
 0,14cm
S i 120,00

Y
S y i i

0
 0,00
S i 120,00
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 36

b)- Cálculo dos momentos de inércia JX , JY e o produto de inércia


JXY

Momento de inércia - JX

JX = JXI + JXII + JXIII - JXIV - JXV + JXVI + JXVII + JXVIII + JXIX +


JXX

JXI = bh3/12 = 6.83 /12 = 256,00 cm4


JXII = JXIII = bh3 / 36 + S2 .d22 = 6.43 /36 + 12.( 5,33 )2 = 351,57
cm4
JXIV = JXV = 3,14.R4/8 + S4.d42 = 3,14. 24/8 + 6,28.22 = 31,40
cm4
JXVI = bh3 /12 = 4.83 / 12 = 170,67 cm4
JXVII = JXVIII = bh3 /36 + S7.d72 = 4.43 /36 + 8.(5,33 )2 = 234,38
cm4
JXIX = JXX = p R4/8 + S9 d92 = 3,14. 24/8 + 6,28 . 22 = 31,40 cm4
JX = 256,00 + 2 x 351,57 - 2 x 31,40 + 170,67 + 2 x 234,38 + 2 x
31,40

JX = 1.598,57 cm4

Momento de inércia - JY

JY = JYI + JYII + JYIII - JYIV - JYV + JYVI + JYVII + JYVIII + JYIX + JYX
JYI = hb3/12 + S1.d12 = 8. 63/12 + 48 . 52 = 1.344,00 cm4
JYII = JYIII = hb3/36 + S2.d22 = 4 . 63/36 + 12 . 42 = 216,00 cm4
JYIV = JYV = 0,1098 . R4 + S4.d42 = 0,1098 x 24 + 6,28.(2,85)2 = 52,77 cm4
JYVI = hb3/12 + S6. d62 = 8 . 43/12 + 32 . 62 = 1.194,67 cm4
VII
JY = JYVIII = hb3/36 + S7 . d72 = 4 . 43/36 + 8 ( 5,33 )2 = 234,38 cm4
JY = JYX = 0,1098.R4 + S9 . d92 = 0,1098 . 24 + 6,28 ( 3,15 )2 = 64,07 cm2
IX

JY = 1344,00 + 2x 216,00 – 2 x 52,77 + 1.194,67 + 2 x 234,38 + 2 x 64,07

JY = 3.462,03 cm2
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 37

Produto de Inércia - JXY

NOTA: Observe que a figura total é simétrica em relação ao eixo OX ,


logo o produto de inércia procurado será nulo, mesmo assim vamos calcular a
título de exercício :

JXY = JXYI + JXYII + JXYIII - JXYIV - JXYV +JXYVI + JXYVII + JXYVIII +JXYIX + JXYX

JXYI = JX’Y’I + S1.xoyo = 0 + 48 ( -5 )(0,0 ) = 0,00


JXYII = - JXYIII = + b2h2/72+S2.xoyo = 62 .42/72 +12(-4)(5,33)= -247,84 cm4
JXYIV = - JXYV = 0 + 6,28 ( - 2,85 ) ( 2 ) = - 35,80 cm4
JXYIX = - JXYX = JX’Y’IX + S9 . xoyo = 0 + 6,28 ( 3,15 )( 2 ) = 39,56 cm4
JXY = 0 - 247,84 + 247,84 + 35,80 - 35,80 + 0 + 223,72 - 223,72 +
39,56 - 39,56
JXY = 0

c)- Cálculo dos momentos de inércia JX ‘ ; JY ‘ e o produto de inércia JX ‘Y ‘

Momento de Inércia - JX ‘ :

JX = JX ‘ + S. Y2 ……………… Teorema de Steiner p/ figura total

1.598,57 = JX ‘ + 120,00 x 02 JX ‘ = JX = 1.598,57 cm 4

Momento de Inércia - JY ‘

JY = JY ‘ + S. X2 ……… …… Teorema de Steiner p/ figura total

3.462,03 = JX ‘ + 120,00 ( 0,14 )2 JY ‘ = 3.459,68 cm 4

Produto de Inércia - JX’Y’

JXY = JX ‘Y ‘ + S. xy ...................... Teorema de Steiner p/ figura total

0 = JX ‘Y ‘ + 120,00 (0,14) (0) JX ‘Y ‘ = 0


MECÂNICA DOS SÓLIDOS 38

d)- Cálculo dos Momentos Principais de Inércia - J 1 e J2

Momento Principal de Inércia – J1 :


Jx'  Jy'
1
 Jx'  Jy'   4 Jx' y' 2
2
J1  
2 2
1598,57  3459,68 1
 1598,57  3459,68   4.02
2
J1  
2 2
J1  2.529,12  930,55  3.459,68cm 4

Momento Principal de Inércia – J1 :

Jx'  Jy'
1
 Jx'  Jy'   4 Jx' y' 2
2
J2  
2 2
J2  2.529,12  930,55  1.598,57cm 4

e)- Traçado dos Eixos Principais de Inércia : 1 e 2

Cálculo do ângulo ao ;

Tg 2ao = ( - 2x JX ‘Y ‘ )/ ( JX’ - JY ‘ )
Tg 2ao = ( - 2 x 0 ) / ( - 1.861,11 ) = 0
Os ângulos que satisfazem à esta equação trigonométrica são: ao = 0o e
ao = 90o
Y ’= Eixo 2

90o
cg X ‘ = Eixo 1
Fig. 1. 32 a

Exemplo –02:
Considerando a superfície plana composta da figura 1.11 (ex.:02-
pg.22) , cujos momentos de inércia com relação ao sistema de eixos
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 39

baricêntricos são JX ‘ = 1.155,55 cm4 , JY ‘ = 1.763,14 cm4 e o produto de


inércia JX ‘Y ‘ = - 247,02 cm4 , determinar :
a)- Os momentos principais de inércia J1 e J2 ;
b)- O traçado dos eixos principais função de ao .

Solução :

a)- Momentos Principais de Inércia

Jx'  Jy'- J11:


Momento
J  Jy'   4 Jx' y' 2
2
J1   x'
2 2
1155,55  1763,14 1
 1155,55  1763,14   4.  247,02
2 2
J1  
2 2
J1  1459,34  391,55  1850,89cm 4

Momento – J2 :
Jx'  Jy'
1
 Jx'  Jy'   4 Jx' y' 2
2
J2  
2 2
J2  1459,34  391,55  1067,79cm 4

b)- Traçado dos Eixos Principais de Inércia

Cálculo do ângulo ao :

2Jx' y' 2( 247,02)


tg2 o    0,8131
Jx'  Jy' 1155,55  1763,14
2 o  39o ,11.............   o  19o ,56;   o '  70o ,44

Y‘ Eixo-2
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 40

70o,44
-19°,56
C.G. X‘
Eixo-1

Fig. 1. 33 - Posição dos Eixos Principais

1.4.2 CÍRCULO DE MöHR ( Otto Möhr, 1835 – 1918 )

O circulo de Möhr é um processo gráfico para determinação dos


momentos principais de inércia e posição dos respectivos eixos a partir dos
momentos e produto de inércia relativos aos eixos ortogonais baricêntricos .
Também é usado no estudo das tensões internas dos corpos elásticos, na
disciplina Resistência dos Materiais.
Processo Gráfico:
Sobre um eixo horizontal qualquer, a partir da origem O , faz-se as
seguintes marcações:
Dados : 2 1 C

JX’ = AO α0 α0 qao
JY’ = OB 0 N B D A M
Jx’y’ = AC J2
Jy’
Tem-se: Jx’
J1 = OM e J2 = ON J1
 OA  OB
OM   DA 2  AC
Fig.
2
1. 34
2
OA  OB Jx'  Jy'
DA 
Justificativa: 
2 2
2
Jx'  Jy'  Jx'  Jy' 
OM     J 2
2
OM = OD + DC, sendo OD = (OA2 +OB)/ x'2y' e DC = (DA 2 + AC2 )1/2
Jx'  Jy' 1
 Jx'  Jy'   4 Jx' y' 2  J1
2
OM  
2 2
ON  OD  DC
Jx'  Jy' 1
 Jx'  Jy'   4 Jx' y' 2  J2
2
ON  
2 2
 AC  Jx' y' 2 Jx ' y'
tg     tg2 o
DA Jx'  J y' Jx'  Jy'
2
ˆ
2 o  CDA   o  CNA ˆ
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 41

1.4.3 ELÍPSE CENTRAL DE INÉRCIA

Chama-se elipse central de inércia de uma superfície plana em função


dos eixos principais de inércia, aquela cuja equação tem o formato abaixo e
se refere ao centro de gravidade da figura:
x2 y2
 1
J2 J1
Onde os semi-eixos são a = (J 2 )1/2 ; b = ( J1 )1/2 . Note que os semi-eixos
são respectivamente as raízes quadradas dos momentos principais de inércia
relativo ao outro eixo .

Direções Conjugadas

As direções conjugadas em relação à elipse central de inércia são


dadas em função de J1 , J2 e ao pela relação :

J2
tg '  tg o
J1

O estudo destes dois conceitos ( 3.10 e 3.11 ) será desenvolvido nas


aplicações da teoria das flexões oblíquas e composta , na disciplina
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 42

Resistência dos Materiais , inclusive com as deduções das fórmulas a partir


do Círculo de Möhr .

1.4.4 APLICAÇÕES PRÁTICAS (propostas)

Enunciado: Considerando as superfícies planas dimensionadas em


centímetros, como mostram as figuras abaixo, determinar para cada figura:
a)- As coordenadas do centro de gravidade;
b)- Os momentos e o produto de inércia, com relação a um sistema de
eixos arbitrários ;
c)- Os momentos e o produto de inércia, com relação ao sistema de eixos
baricêntricos;
e)- Os momentos principais de inércia;
f)- O traçado dos eixos principais de inércia.

Figura – 1.35:

2,0

2,0

2,0
2,0

3,0

4,0 2,0 2,0

Figura – 1. 36:

4,0

i.e xe
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 43

4,0 2,0
2,0

8,0

4,0 2,0 6,0

Figura - 1.37:

· D= 4,0

3,0

5,0

2,0 2,0 3,0 5,0

OUTROS ENUNCIADOS:
1. Determinar o momento de inércia Jx da figura, sendo x um eixo
que faz um ângulo de 60 o com a horizontal . As dimensões estão em
centímetros.
x
3,0
c.g

Fig.1.38 α
5,0 H

3,0 3,0
5,0
2 Dois semicírculos se superpõem como mostra a figura abaixo. O
maior tem raio R = 7,0 cm e o menor raio r = 4,0 cm . Determinar o
momento de inércia Jx .
MECÂNICA DOS SÓLIDOS 44

X
Fig.1.39

r R

3. Considerando a figura abaixo,dimensionada em centímetros,


determinar: a) As coordenadas do centro de gravidade; b) Os M.I Jx ’
e Jy’ , e o produto de inércia Jx’y’ ; c) Os momentos principais de
inércia J1 e J2 .
y

Quadrante de Raio = 6,0 6,0

Fig.1.40 3,0

3,0
3,0 3,0

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