Você está na página 1de 20

Física Mecânica Pág.

1
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SOROCABA

LABORATÓRIO DE FÍSICA I

7ª EXPERIÊNCIA

ASSUNTO: CENTRO DE GRAVIDADE

Professor: Milton Fogaça Data :__________

Auxiliar docente: Júlio

Aluno :_____________________________________

Aluno :_____________________________________

Aluno :_____________________________________

Aluno :_____________________________________

Aluno :_____________________________________

Aluno :_____________________________________

Aluno :_____________________________________

Aluno :_____________________________________

Aluno :_____________________________________
Física Mecânica Pág. 2
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________

Introdução

O capítulo de matéria que tem por título Geometria de Massas é habitualmente incluído na
Estática, embora o seu conteúdo aborde essencialmente questões de natureza geométrica e
outras relacionadas com a Dinâmica.
Os objectos da Geometria de Massas são os corpos sólidos, as superfícies e as linhas. No caso
dos sólidos eles podem ser encarados somente sob o ponto de vista geométrico ou também
considerando a sua massa.
Os conceitos básicos associados às figuras geométricas que aqui vão ser introduzidos são:
 A extensão (volume, área, comprimento):
 O centróide, ou centro geométrico, e os momentos estáticos;
 Os momentos de inércia, produto de inércia e raios de giração.

Volume, Massa e Peso


z
Consideremos um corpo sólido delimitado por uma superfície de
contorno fechado. Sendo dV o elemento infinitesimal de volume dV V
do sólido, então o volume total do mesmo define-se sob a forma
integral pela expressão, y
V   dV
V

Designando por  a massa específica, ou volúmica, no elemento x


dV, então a massa do corpo M obtém-se por intermédio da
expressão integral,
M   dM    dV
M V

No caso do corpo ser homogéneo, isto é, se  for constante em todos os pontos do corpo,
então verifica-se,
M  V

Designando por g a aceleração da gravidade – supostamente constante em todos os pontos do


corpo – então o peso do corpo P é, como se sabe, obtido pela expressão,
P  gM

Para exemplificar o cálculo do volume de um sólido através da sua z


definição integral, consideremos um cone de altura h e raio da base
R. O seu volume pode obter-se do seguinte modo: cone

V   dV em que dV   r 2  dz
V
dV
sendo r=r(z) uma função linear de z que deve satisfazer as h
seguintes condições: dz
z  0 z  h
 ;  , z
r  R r  0
R z z=0
portanto, r  R   z  R (1  ) .
h h r
R
Física Mecânica Pág. 3
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
Substituindo esta expressão de r na expressão de dV acima e desenvolvendo o integral,
obtém-se sucessivamente,
h z h 2z z 2 2h 2 h3
V  0  R 2 (1  ) 2  dz   R 2 0 (1   2 )  dz   R 2 (h   2)
h h h 2h 3h
1
ou, finalmente: V  R 2h ,
3
isto é, o volume de um cone é igual a 1/3 da área da base vezes a sua altura, fórmula esta que
pode ser encontrada facilmente em qualquer formulário de geometria.

Centróide ou Centro Geométrico

As coordenadas x , y , z do centróide C de um sólido definem-se do seguinte modo:


 x dV  y dV  z dV z
x V , y V , z V dV
V V V
z V
Os numeradores destas expressões designam-se por momentos
estáticos do sólido relativamente aos planos yz, xz e xy, C y
respectivamente. Os momentos estáticos de sólidos têm as y
dimensões [L4], expressando nas unidades fundamentais SI em x
m4.
x
Da definição de centróide pode concluir-se que se um corpo
possui um plano de simetria então o centróide situa-se obrigatoriamente nesse plano de
simetria. Na verdade, supondo a existência de um plano de simetria, por hipótese o plano yz,
por cada elemento dV situado à cota x existe sempre o elemento infinitesimal dV situado à
cota –x. No integral de xdV as duas componentes anulam-se mutuamente o que significa
obter como resultado final x  0 , ficando assim provada a tese. Se existirem dois planos de
simetria o centróide situa-se, naturalmente, sobre a linha de intersecção dos dois planos. São
os casos, por exemplo, do cone ou da pirâmide regular, cujos centróides se situam sobre os
respectivos eixos. Se existirem três planos de simetria que se intersectam num só ponto, então
o centróide é esse mesmo ponto de intersecção dos três planos. São os casos, por exemplo, do
cilindro, do prisma, do paralelepípedo e da esfera.
Para exemplificar o cálculo de centróides a partir da z
definição integral, consideremos de novo o cone de altura h cone
e raio da base R, representado na figura ao lado. Atendendo
a que qualquer plano que contém o eixo z é um plano de
simetria, então o centróide C do cone encontra-se sobre o
eixo z. Comecemos por determinar o momento estático do
cone relativamente ao plano da sua base, aproveitando o h
trabalho desenvolvido no ponto anterior para calcular o seu
volume, C
z
R
h 2z 2 z 3 h 2 2h 3 h4
 z dV   R 0 (z   2 )  dz   R 2 (  
2
) ou,
V h h 2 3h 4h2
Física Mecânica Pág. 4
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
 R 2h 2
 z dV  .
12
V

Para determinar a coordenada z do centróide retomemos a expressão da sua definição e


efectuemos as substituições,
 R 2h 2
 z dV h
zV  12  ,
V 1
 R 2h 4
3
isto é, o centróide do cone encontra-se sobre o seu eixo e a ¼ da sua altura.
Devemos frisar ainda que, se o centróide de uma figura geométrica for conhecido, então os
momentos estáticos podem ser determinados por intermédio das expressões:

 x dV  x V ,  y dV  y V ,  z dV  z V
V V V

A título de exemplo, calculemos os momentos estáticos z


relativos aos três planos coordenados yz, xz e xy de um R
cilindro de altura h e raio R, conforme ilustrado na figura ao
lado.
Como é sabido a posição do centróide em relação ao sistema
de eixos indicado é definida pelas coordenadas x  0 , y  0
h
e z . Então os momentos estáticos são: h
2 C
h/2
 x dV  x V  0 ,  y dV  y V  0 e
y
V V

R h2 2

 z dV  z V 
2
V x

Centro de Massa e Centro de Gravidade

A passagem do conceito de centróide para o de centro de massa é análoga à da passagem do


conceito de volume para o de massa de um corpo. Assim, sendo  a massa específica em cada
ponto de um corpo, as coordenadas do centro de massa são,
 x dM  x  dV  y dM  y  dV  z dM  z  dV
xM  M
 M , yM  M
 M , zM  M
M
M M M M M M
e se o corpo for homogéneo, então são,
  x dV   y dV   z dV
xM  M ,
 x yM  M ,
 y zM  M y
V V V
isto é, o centro de massa coincide com o centróide no caso dos corpos homogéneos.
O conceito de centro de gravidade é análogo ao de centro de massa. Trata-se tão somente de
substituir a massa pela força gravítica, ou peso. A posição do centro de gravidade e de centro
de massa é a mesma desde que se considere a aceleração da gravidade constante (em
intensidade e direcção) em todos os pontos do corpo. Tal hipótese é, em termos práticos,
sempre verdadeira. O conceito de centro de massa tem a vantagem de poder ser utilizado para
Física Mecânica Pág. 5
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
um corpo situado em qualquer parte do Universo, ou seja, é independente da existência ou não
de quaisquer forças de atracção gravíticas. O centro de gravidade é, entretanto, um conceito
que perde o seu sentido se o corpo estiver situado num ponto do espaço em que esteja liberto
de forças gravíticas.

Centróide de Figuras Compostas

Neste ponto abordaremos o caso da determinação do centróide de um sólido composto por


diversas figuras simples, relativamente às quais as posições dos respectivos centróides são
conhecidas. Exemplos de figuras sólidas simples são o paralelepípedo, o prisma, a pirâmide, o
cilindro, o cone, a esfera e a semiesfera. Para estas figuras é fácil encontrar formulários onde
se obtêm as expressões que permitem calcular os seus volumes e as coordenadas dos seus
centróides.
A técnica de cálculo do centróide de uma figura composta assenta na seguinte propriedade
dos integrais:
“Sendo possível dividir um sólido de volume V em duas partes de volumes V 1 e V2 tais que
V1+V2=V e sendo f(V) uma função qualquer definida em V, então
 f (V ) dV   f (V ) dV   f (V ) dV ”
V V1 V2

Esta propriedade pode ser aplicada quer ao cálculo do volume quer ao cálculo do momento
estático. Por outro lado, se a figura dada é composta por figuras simples relativamente às
quais são conhecidos os seus volumes e as posições dos seus centróides, então o volume total
é V   Vi e as coordenadas do seu centróide podem ser determinadas por intermédio das
expressões:
x
 Vi xi , y   Vi yi , z   Vi z i
V V V
devendo notar-se que as coordenadas dos centróides de cada parte, xi , y i , z i , e as
coordenadas do centróide da figura dada, x , y , z , têm que estar referidas ao mesmo sistema
de eixos.
Para exemplificar, calculemos o centróide C do sólido z
R=5
representado em corte na figura ao lado. Ele é
composto por um cubo de 15cm de aresta ao qual foi
subtraído na sua base um cubo de 6cm de aresta e, na 3
face superior, foi acrescentado um cone com 8cm de 8
altura e 5cm de raio da base. As figuras simples estão
referenciadas de 1 a 3. Os centróides estão assinalados C3
pelos pontos C1, C2 e C3. Tendo como origem a base de 1
ambos os cubos, as coordenadas segundo o eixo z dos
centróides das 3 figuras simples são, C
15
8 C1
z1  7,5cm , z 2  3cm e z 3  (15  )  17cm
4 z 2
e os respectivos volumes são, 6
C2
V1  15 3  3375cm 3 , V2  63  216cm3 e
1 6 [medidas
V3     5 3  8  209,44cm 3 . 15 em cm]
3
Física Mecânica Pág. 6
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
Então o volume total é V  V1  V2  V3  3375  216  209,44  3368,44cm 3 e a coordenada
z do centróide é, z   Vi z i 
3375  7,5  216  3  209,44  17
 8,38cm .
V 3368,44

Figuras Planas – Áreas e Centróides


Tudo o que atrás foi dito para as figuras sólidas sob o ponto de vista geométrico – volumes,
momentos estáticos e centróides – pode particularizar-se para as figuras planas, bastando tão
somente transformar volumes em áreas, isto é, passar das três para as duas dimensões.
Apliquemos as técnicas anteriormente referidas, a título de exemplo, ao cálculo da posição do
centróide C da figura plana representada em baixo à esquerda.
y
12cm
1,2cm C1
1cm
15cm

C2
C y C

2cm C3 x
20cm O x

Do lado direito mostra-se a divisão da figura dada em três partes simples – todas rectângulos
– tendo sido escolhido, por conveniência, o sistema de eixos xy alinhado com os lados do
rectângulo da base. Os centróides de cada rectângulo estão assinalados pelas letras C 1, C2 e
C3. A obtenção das coordenadas x e y do centróide fica facilitada com a organização dos
cálculos na forma de uma tabela, conforme segue,

largura altura xi yi Ai Ai xi A i yi
Figura
cm cm cm cm cm2 cm3 cm3
1 12,0 1,2 6,0 14,4 14,4 86,4 207,36
2 1,0 11,8 0,5 7,9 11,8 5,9 93,22
3 20,0 2,0 10,0 1,0 40,0 400,0 40,00
somas 66,2 492,3 340,58
A quarta e quinta colunas representam as coordenadas dos centróides de cada figura simples,
a coluna seguinte as áreas, e as duas últimas colunas os momentos estáticos. Note-se que os
momentos estáticos das secções planas têm as dimensões [L 3]. Depois de se terem efectuado
as somas na última linha calculamos:

x
 Ai xi 
492,3
 7,437cm e y 
 Ai yi 
340,58
 5,145cm .
 Ai 66,2  Ai 66,2

Centróides de Linhas
Física Mecânica Pág. 7
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
Da mesma forma que se definem centróides de figuras geométricas a três e duas dimensões,
também se definem centróides de linhas (não necessariamente rectas) que se desenvolvem a
uma dimensão.
É óbvio que o centróide de um segmento de linha recta se encontra no ponto médio do
segmento, como também é óbvio que o centróide de uma circunferência se encontra no seu
centro.
y
Mas, a título de exemplo, onde se encontra o
centróide C, de uma semicircunferência1, ver dL d
figura ao lado? Pelas razões que já foram
expostas anteriormente, sendo o eixo y um eixo
de simetria, então o centróide está situado sobre C 
esse mesmo eixo. Resta obter a expressão que y
y R
permita determinar a coordenada y do x
centróide. O
Adoptando por analogia a definição das
coordenadas do centróide das figuras sólidas e planas, temos que

 y dL
y L

L
sendo L   R o comprimento da semicircunferência e y a coordenada do elemento
infinitesimal dL. Para desenvolver o integral do numerador façamos a transformação da
variável de integração L em . Assim, temos que y  R sen e dL  R d .
Efectuando as substituições e desenvolvendo, temos que,

R sen d
2

R
y 0
   cos   0  2 R
R  

Teorema de Pappus-Guldin
Há dois teoremas de interesse relevante para o cálculo de áreas laterais e volumes de sólidos
de revolução. Estes devem-se às contribuições de Pappus de Alexandria (séc. IV a.C.) e
Guldin.

1º Teorema de Pappus-Guldin – A área lateral de um sólido de revolução é igual ao


comprimento da linha geradora pelo perímetro percorrido pelo centróide da linha geradora
numa revolução.
AL  L  2 r
Vamos aplicar este 1º teorema a dois exemplos: ao cone e à esfera.

1
Não confundir semicircunferência, que é uma linha com um certo comprimento, com semicírculo, que é uma
figura plana com uma certa área.
Física Mecânica Pág. 8
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
1) Obter uma expressão para calcular a área lateral de
um cone de altura h e raio na base R. eixo de
superfície revolução
cónica
L h2  R2

R linha L/2
r 
2 geradora
L
R
AL  L  2 r  h  R  2 , ou
2 2

2 h C
AL  R h 2  R 2
L/2
r

2) Obter uma expressão para calcular a área lateral


de uma esfera de raio R.
eixo de
superfície
revolução
esférica linha
L  R geradora
2R L
r  (visto no ponto anterior)

r
2R
AL  L  2 r  R  2 , ou
 O
AL  4R 2 R C

2º Teorema de Pappus-Guldin – O volume de um sólido de revolução é igual à área da


superfície geradora pelo perímetro percorrido pelo centróide da superfície geradora numa
revolução.
V  A  2 r

Vamos aplicar este 1º teorema aos mesmos dois exemplos anteriores: o cone e a esfera.
Física Mecânica Pág. 9
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
1) Obter uma expressão para calcular o volume
eixo de
de um cone de altura h e raio na base R. revolução
cone

área
hR
A geradora
2
R
r 
3 h
hR R
V  A  2 r   2 , ou C
2 3
1
V   R2h
3
r
R
2) Obter uma expressão para calcular o volume
de uma esfera de raio R. eixo de
esfera revolução
área
R 2
geradora
A
2
4R
r 
3
O C
R 2 4R
V  A  2 r   2 , ou
2 3 R
4
V  R 3 r
3

Momentos de Inércia de Sólidos


z O momento de inércia geométrico Iz de um sólido de volume V
relativamente a um eixo z é definido pela expressão integral,
V
I z   r 2 dV
V

r e o momento de inércia mássico, ou simplesmente momento de


inércia de um sólido de massa M relativamente a um eixo z é
dV definido pela expressão integral,
I z   r 2 dM
M

em que dM= dV sendo a massa específica. Se o corpo


sólido for homogéneo, isto é, de massa específica constante,
então o momento de inércia (mássico) pode obter-se por intermédio da expressão,
Física Mecânica Pág. 10
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
I z    r 2 dV
V

Os momentos de inércia geométricos de sólidos têm as dimensões [L 5], expressando-se assim


nas unidades fundamentais SI em m5. Os momentos de inércia mássicos de sólidos têm as
dimensões [ML2], expressando-se assim nas unidades fundamentais SI em kgm2.
O momento de inércia de um corpo é um parâmetro de importância fundamental para
determinar as leis do movimento de rotação do mesmo, da mesma maneira que a massa é
fundamental para determinar as leis do movimento de translação. Se colocarmos um corpo em
rotação à volta de um eixo, o momento que necessitamos aplicar o fazer parar é tanto maior
quanto maior for o momento de inércia do corpo relativamente ao eixo de rotação. Estas
relações serão estudadas nas disciplinas que versam sobre a Dinâmica.
Por outro lado, da análise da definição de momento de inércia, verifica-se que o seu valor será
tanto mais elevado quanto mais afastada estiver a matéria do eixo.

A título de exemplo, vamos determinar a expressão do z


momento de inércia de um cilindro de material homogéneo
de massa M, altura h e raio R, relativamente ao seu eixo z. dV

r
2
Para desenvolver o integral dV consideremos como
V

unidade infinitesimal de volume o cilindro oco de raio r dr


interior r (variável entre zero e R), espessura dr e altura h. h

A escolha desta unidade infinitesimal é de todo


conveniente pois que todos os pontos que contém
encontram-se à mesma distância r do eixo z.
Temos, para expressão de dV:
dV  2 r h dr D=2R
e assim o momento de inércia pode obter-se do seguinte modo:
R R
R4
I z    r 2 dV    r 2 2 r h dr    2 h  r 3 dr    2 h 
V 0 0 4
mas, como a massa específica  é o quociente entre a massa e o volume do cilindro, isto é,
M M M R4
  , substituindo esta na expressão de cima obtém-se, I   2 h  , ou
V R 2 h z
R 2 h 4
1
Iz  MR 2
2
Para verificarmos que realmente o momento de inércia aumenta significativamente quando a
massa se afasta do eixo, determinemos o momento de inércia de um cilindro oco com a
mesma massa M do anterior, a mesma altura h e com raio interior Ri=R (ver a figura
seguinte).
Física Mecânica Pág. 11
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________

cilindro cilindro
maciço oco

h h

R Ri=R

Re=2 R

A condição da massa ser a mesma nos dois cilindros vai determinar a expressão do raio
exterior Re. Assim,  ( Re2   R 2 ) h    R 2 h o que implica ser Re  2 R .
O momento de inércia do cilindro oco é agora,
2R
4R 4  R 4 3R 4
I z    r 2 dV    2 h  r 3 dr    2 h    h
V R 4 2
M M
mas, como    , então pode concluir-se que é,
V R 2 h
3
Iz  MR 2
2
expressão esta que nos diz que o momento de inércia deste cilindro oco é o triplo do momento
de inércia do cilindro maciço com a mesma massa.
z
z'
Teorema dos Eixos Paralelos M
Este teorema , também conhecido por Teorema de Steiner,
estipula que o momento de inércia de um corpo relativamente a
um eixo é igual ao momento de inércia relativamente a um eixo C
paralelo que passe pelo centróide do corpo, mais o produto da
sua massa pelo quadrado da distância entre os dois eixos. Em
termos matemáticos o Teorema dos Eixos Paralelos expressa-se
da seguinte forma:
z I z'  I z  M  d 2 d
z'

d Para exemplificar, suponhamos um cubo de aresta a e massa M, do qual


se conhece o momento de inércia relativamente ao eixo z’, ver a figura
2
a ao lado, e que é expresso por I z '  M a 2 . Pretende-se determinar
3
uma expressão para o momento de inércia relativamente ao eixo z.
a a
Física Mecânica Pág. 12
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
2 2
a a a2
Aplicando o Teorema de Steiner temos que, I z '  I z  M  d 2
e sendo d        ,
2

2 2 2
2 a 2 Ma 2
vem que, I z  I z '  M  d 2  M a 2  M 
3 2 6

Momentos de Inércia e Produtos de Inércia de Figuras Planas


No estudo da Mecânica dos Materiais, nomeadamente na análise da flexão de vigas, é muito
importante saber lidar com momentos de inércia de secções rectas. O mesmo se passa, dentro
da mesma disciplina, na análise de torção de barras de secção circular e na verificação da
estabilidade de colunas comprimidas. Justifica-se assim introduzir a matéria que se segue.
Definem-se momentos de inércia de uma secção plana relativamente a eixos ou pontos. Com
referência à figura ao lado, temos as seguintes definições: y
dA=dxdy
I x   y dA - momento de inércia relativamente ao eixo x;
2

A
A
I y   x dA - momento de inércia relativamente ao eixo y;
2
y
A

I O   r 2 dA - momento polar de inércia relativamente a O. r


A
x
Por aplicação do Teorema de Pitágoras é fácil deduzir que: O x
IO  I x  I y

Também se define produto de inércia relativamente a um par de eixos xy do seguinte modo:


I xy   x y dA
A

Pode demonstrar-se que, se pelo menos um dos eixos x ou y for um eixo de simetria, então o
produto de inércia I xy é nulo.
Ao analisarmos as expressões de definição verificamos que, enquanto os momentos de inércia
são sempre quantidades positivas, o produto de inércia pode ser tanto positivo como negativo
(ou nulo).

Teorema dos Eixos Paralelos ou de Steiner


y
De modo semelhante ao que já foi dito anteriormente, este teorema y'
traduz-se nas seguintes expressões matemáticas (ver figura ao lado):
I x '  I x  A  y 02 x'
A y0
O
I y '  I y  A  x02 x
C x0
I x ' y '  I xy  A  x 0 y 0

em que a origem do sistema de eixos xy é o centróide da secção e


x’//x e y’//y.
Física Mecânica Pág. 13
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
Exemplo de aplicação: Com referência à secção rectangular representada, y'
bh 3 hb 3 b2h2 y
sabendo que I x '  , I y'  e I x' y '  , determine os momentos
3 3 4
de inércia e o produto de inércia relativamente aos eixos centrais xy. x
h
Resolução: C
x'
h 3
bh bh 3
bh bh3 3
b
I x '  I x  bh (  ) 2  I x  I x '    
2 4 3 4 12
b hb 3 hb 3 hb 3 hb 3
I y '  I y  bh (  ) 2  I y  I y '    
2 4 3 4 12
b h b2h2 b2h2 b2h2
I x ' y '  I xy  bh (  ) ( )  I xy  I x ' y '    0
2 2 4 4 4

Raios de Giração
Raios de giração de uma secção plana relativamente a eixos ou pontos são definidos pelas
seguintes expressões:
Ix Iy IO
rx  , ry  , rO 
A A A
Resolvendo em ordem aos momentos de inércia relativos a eixos, temos que,
I x  A rx2 e I y  A ry2

o que dá algum significado geométrico aos raios de giração: são as coordenadas de um ponto
fictício onde, encontra-se nele concentrada toda a área, gera os mesmos momentos de inércia
que a secção dada.

Momentos e Eixos Principais de Inércia


Suponhamos uma figura geométrica plana relativamente à qual são conhecidos: a posição do
centróide, os momentos de inércia e o produto de inércia relativos a um sistema de eixos
ortogonais xy, previamente fixado e com origem no centróide, y
conforme representado na figura ao lado. y'

Diz-se que xy é um sistema de eixos centrais pelo facto de ter a x'
origem no centróide da figura.
A
São então conhecidos I x , I y e I xy . C  x
Consideremos agora um novo sistema de eixos centrais x’y’
obtido do anterior por uma rotação no sentido directo (anti-
horário) e tentemos obter as expressões que nos permitam
calcular I x ' , I y ' e I x ' y ' . Para o efeito, vamos considerar a
transformação de coordenadas: (ver figura seguinte):
y
y'

 x '  x cos   y sen P x'
 y
 y '  y cos   x sen
y' 
x' x
O x
Física Mecânica Pág. 14
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
Considerando esta transformação de variáveis e usando as seguintes relações trigonométricas:
1  cos 2 1  cos 2
cos 2   e sen 2 
2 2
podemos obter, após simplificação, as seguintes expressões:
Ix  Iy Ix  Iy
I x '   y ' 2 dA   cos 2  I xy sen 2
A 2 2
Ix  Iy Ix  Iy
I y '   x' 2 dA   cos 2  I xy sen2
A 2 2
Ix  Iy
I x ' y '   x' y ' dA  sen2  I xy cos 2
A 2

Notemos agora que o conjunto das duas expressões ( I x ' , I x ' y ' ) constituem as equações
paramétricas de uma circunferência – ver figura ao lado
- num sistema de eixos em que as abcissas são os Ixy
momentos de inércia e as ordenadas os produtos de X
inércia. Pode demonstrar-se que tal circunferência é Ixy
R
caracterizada por ter a posição do seu centro no ponto C A Iy B
Ix  Iy
de coordenadas  I C , 0  sendo I C  e o seu raio C I x Ix, Iy
2
2 -Ixy
 Ix  Iy  Y
expresso por R     I xy2
 2  IC

Isto significa que, para qualquer valor do ângulo , se marcarmos neste sistema de eixos um
ponto de coordenadas ( I x ' , I x ' y ' ) vamos obter sempre um ponto situado sobre a
circunferência. Esta propriedade pode ser demonstrada eliminando  nas expressões de I x ' e
I x ' y ' . A construção feita na figura anterior é designada por círculo2 de Mohr.

O ponto X no círculo de Mohr corresponde ao valor de =0º. De facto fazendo esta


substituição nas expressões de I x ' e I x ' y ' obtemos:
Ix  Iy Ix  Iy
I x'   cos 0  I xy sen 0  I x
2 2
Ix  Iy
I x'y'  sen 0  I xy cos 0  I xy
2
Quando fazemos =90º obtém-se,

Ix  Iy Ix  Iy Ix  Iy Ix  Iy
I x'   cos180º  I xy sen180º   (1)  I y
2 2 2 2
Ix  Iy Ix  Iy
I x'y'  sen2  I xy cos 2  sen180º  I xy cos180º   I xy
2 2

2
A designação mais apropriada seria circunferência, mas o termo círculo de Mohr generalizou-se a partir da
designação inglesa.
Física Mecânica Pág. 15
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
Isto significa que quando se passa do eixo x para o eixo y (rotação =90º) o ponto X dá lugar
no círculo de Mohr ao ponto diametralmente oposto Y que tem por coordenadas ( I y ,  I xy ) .
Os pontos A e B em que a circunferência intersecta o eixo das abcissas tem um interesse
especial: a abcissa do ponto A é o momento de inércia máximo enquanto que a abcissa de B é
o ponto de momento de inércia mínimo. Coincidentemente, nestes dois pontos o produto de
inércia anula-se. Os eixos correspondentes aos pontos A e B são designados por eixos
principais de inércia e os momentos de inércia respectivos por momentos principais de
inércia.
O valor do ângulo  que define os eixos principais de inércia, p, pode obter-se igualando a
zero a expressão do produto de inércia. Assim, temos,
Ix  Iy
sen2 p  I xy cos 2 p  0
2
2 I xy
ou tan 2 p 
Ix  Iy

Da observação da construção do círculo pode deduzir-se que os momentos principais de


inércia podem expressar-se da seguinte forma:
I máx  I C  R e I mín  I C  R
em que IC e R já foram definidos atrás.

A título de exemplo, consideremos a figura y


geométrica em forma de L representada ao lado. y'
Suponhamos conhecida a posição do centróide,
C, e que são conhecidos, eixo
61,845º
de Imín
Ix  100 cm , I y  180 cm 4 , I xy  60 cm 4
4
C x

A orientação dos eixos principais de inércia fica 28,155º x'


definida pela condição,
eixo
2 I xy 2  (60) de Imáx
tan 2 p    1,5 ,
Ix  Iy 100  180

o que implica ser 2 p  56,31º ou 2 p  123,69º que, por sua vez dá,
 p  28,155º ou  p  61,845º .

O círculo de Mohr para este caso encontra-se Ixy 212,11


representado na figura ao lado.
IC=140
Para determinar os momentos principais de
67,89
inércia, calculamos primeiro, Y
Ix  Iy 100  180 R
IC    140 cm 4 ,
2 2 Imín 100 Imáx Ix, Iy
R 180

-60
56,31º X

123,69º
Física Mecânica Pág. 16
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
2
 Ix  Iy
2
  100  180 
R    I xy2  
4
  ( 60) ou R=72,11 cm .
2

 2   2 

Então,
I máx  140  72,11  212,11 cm 4

I mín  140  72,11  67,89 cm 4


Centróides de Áreas

Triângulo

. h
X Y 
h
3
A
bh
2

b/2 b/2

y Triângulo Isósceles/Eqüilátero

h bh
h
. X 0 Y 
3
A
2

x
b

y Triângulo Retângulo

h
. X 
b
3
Y 
h
3
A
bh
2
x
b

Círculo
y
D D
X  Y  A  R 2
D . 2 2

x
D
Física Mecânica Pág. 17
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
Semicírculo
y

. X 0 Y 
4R
3
A
R 2
2
x
R
Quarto de Círculo
y

. X 
4 R
3
Y 
4R
3
A
R 2
4
x
R

Semi-elipse
y

4b   ab
b . x
X 0 Y 
3
A
2

a Quarto de elipse
y

4a 4b   ab
b . x
X 
3
Y 
3
A
4

a
y Parábola

h
. X 0 Y 
3h
5
A
4  ah
3
x
a

h
.
x
a
Física Mecânica Pág. 18
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
Semiparábola

3a 3h 2  ah
X  Y  A
8 5 3

Arco de Parábola do 2º grau


y

3a 3h ah
h Y=kx²
. x
X 
4
Y 
10
A
3

a
Arco de Parábola do grau n
y

.
Y=kxn n 1 n 1 ah
h X  a Y  h A
n2 4n  2 n 1
x
a
Setor Circular
y
r
2r sen 
 X  Y 0 A  r2
x 3

Centróides de Linhas

Semi-circunferência
y

2r
. X 0 Y 

c  R

x
R
Quarto de Circunferência
y

. X 
2R

Y 
2r

c
 r
2
x
R
Física Mecânica Pág. 19
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________
Arco de circunferência
y
r
r sen 
 X  Y 0 A  2  r
x 

Física Mecânica Pág. 20
Geometria de Massas
___________________________________________________________________________

Você também pode gostar