Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Material Teórico
Dinâmica de Rotações
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Dinâmica de Rotações
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Estudar a Dinâmica das Rotações, teorema da conservação do momento angular,
momento de inércia, torque e energia de rotação.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Dinâmica de Rotações
Figura 1
Seja o corpo rígido planar com eixo de rotação passando pela origem de coor-
denadas O e girando de um ângulo θ no sentido anti-horário (sentido adotado
como positivo), o corpo rígido é constituído de um número gigantesco de pontos
materiais, sendo escolhido um representante denominado ponto P. Esse ponto
descreve um arco de circunferência cujo comprimento do arco é designado por s.
8
y
P
r s
θ
x
O
s = rθ . (1)
m = . (2)
t
A velocidade angular instantânea ω é definida como o limite em que o inter-
valo de tempo ∆t tende a zero na velocidade angular média ωm :
d
= lim = , (3)
t 0 t dt
dθ
em que é a taxa de variação do deslocamento angular em relação ao tempo t.
dt
rad
As unidades de medida da velocidade angular ω são = , é positiva no
s
sentido anti-horário e, caso contrário, negativa.
9
9
UNIDADE Dinâmica de Rotações
m = . (4)
t
A aceleração angular instantânea α é o limite da aceleração angular média
para o intervalo de tempo ∆t tendendo a zero:
d
= lim = , (5)
t 0 t dt
em que d ω / dt é a taxa de variação da velocidade angular ω em relação ao
tempo t.
f i t v f vi t
1 1
f i i t t 2 x f xi vi t t 2
2 2
f 2 i 2 2 ( f i ) v f 2 vi 2 2 ( x f xi )
ds
v= . (6)
dt
10
Relembrando que s = rθ e, como r é constante, obtemos:
d
v=r = r . (7)
dt
Então, a velocidade tangencial de um ponto sobre um corpo rígido em rotação é
igual à distância perpendicular daquele ponto do eixo de rotação multiplicado pela
velocidade angular. Portanto, embora cada ponto do corpo rígido tenha a mesma
velocidade angular, nenhum ponto tem a mesma velocidade linear, pois r não é
igual para todos os pontos do objeto.
dv d
at = =r = r . (8)
dt dt
Isto é, a componente tangencial da aceleração linear de um ponto sobre um
corpo rígido em rotação é igual à distância do eixo de rotação multiplicado pela
aceleração angular.
v2
ar = = rω 2 . (9)
r
y
ai
P
a
ar
x
O
Figura 4 – Aceleração radial ar (ou centrípeta)
e aceleração tangencial at
11
11
UNIDADE Dinâmica de Rotações
O vetor aceleração linear total é a = at + at , ( at descreve a variação de quão
rápido o ponto está se movendo e ar representa a variação radial em sua direção
de movimento).
Devido a a ser um vetor que tem componente radial e tangencial, o módulo de
a de um ponto P de um corpo rígido em rotação é:
1
Ki = mi vi2 . (11)
2
vi
mi
ri
θ
x
O
12
A energia cinética total do corpo rígido em rotação é a soma das energias ciné-
ticas das partículas individuais:
1 1
K rot = K i = mi vi2 = mi ri 2 2 . (12)
i i 2 2 i
Reescrevendo a expressão:
1
K rot = mi ri 2 2 . (13)
2 i
Para simplificar essa expressão, podemos definir a quantidade entre parênteses
como o momento de inércia I :
I = ∑mi ri 2 . (14)
i
A equação da energia cinética rotacional, eq. (13) pode ser escrita de forma
mais simples usando o momento de inércia I :
1 2
K rot = Iω . (15)
2
Assim, podemos pensar que será possível introduzir um momento angular que
define a quantidade de movimento de rotação.
Apesar das similaridades, o momento de inércia pode ser alterado sem ocorrer
alteração de sua massa. Para isso, basta que façamos nova distribuição de massa
em relação ao eixo de rotação: quanto mais longe do eixo estiver distribuída a mas-
sa, maior será seu momento de inércia I.
13
13
UNIDADE Dinâmica de Rotações
Dados
Pede-se que:
Resposta
I = ∑mi ri 2 . (16)
i
I = m1r12 + m2 r22
(17)
= 2 2.7 10 26
0.6 10
10 2
1.9 10 46
kg m .
2
(b) Determine a energia cinética de rotação do oxigênio sabendo que sua veloci-
dade angular ω é 4.6 ×1012 rad/s.
Resposta
14
y
M a a M
x
O
Devemos assumir que os raios das esferas são pequenos quando comparados às
dimensões do Sistema.
Resposta
I y = mi ri 2 = 2m 02 2 Ma 2 = 2 Ma 2 . (19)
i
1 1
K rot y = I yω 2 = 2 Ma 2ω 2 = Ma 2ω 2 . (20)
2 2
(b) Vamos supor que o Sistema passe a rodar no plano xy em torno do eixo z
passando pela origem O.
Resposta
15
15
UNIDADE Dinâmica de Rotações
I z 2 = 2 Ma 2 mb 2 2 = Ma 2 mb 2 2 .
1 1
K rot z = (22)
2 2
Por comparação dos dois resultados, é possível notar que, ao mudarmos a loca-
lização do eixo de rotação do eixo y para o eixo z, apesar do SISTEMA continuar
o mesmo de forma rígida, a inércia de rotação mudou e acabamos por gastar mais
energia ao fazermos a rotação em torno do eixo z do que em torno do eixo y.
I = lim r
mi 0 i
i
2
mi . (23)
I = ∫r 2 dm. (24)
É claro que, como já dissemos outras vezes no material desta Disciplina, a inte-
gração somente será usada para dar uma visão mais aprimorada do procedimento,
mas apenas aproveitaremos os resultados na resolução de problemas.
A densidade ρ (letra grega rhô) é a massa que cabe em uma unidade de volume:
m
ρ= . (25)
V
O elemento de massa dm pode ser transformado em um elemento de volume:
dm = ρ dV , (26)
16
de forma que será possível escrever o momento de inércia em termos de volume
do corpo rígido:
I = r 2 dV . (27)
Pode acontecer de o objeto ser plano (2-D) feito uma chapa ou ser longo feito
um fio ou uma haste (1-D).
I = r 2 dA (28)
I = r 2 dL. (29)
dm
x
O R
Resposta
I = MR 2 . (30)
17
17
UNIDADE Dinâmica de Rotações
y’ y
dx
x
O
x
Resposta
M
Podemos escrever o elemento de massa como dm = λ dx = dx.
L
Ao fazermos a substituição desse elemento de massa na expressão do momento
de inércia, temos:
L /2
M L /2 M x3
I y = r dm =
2
L /2 x2
dx =
L L 3 L /2
(31)
M L 3
1
= ×2 = ML2 .
L 3 × 2 12
3
Percebemos que é mais fácil girar essa haste pelo centro de massa do que o aro
de mesma massa do exercício anterior.
18
3. Determine o momento de inércia de um cilindro de raio R , massa M e
comprimento L girando em torno do eixo z que passa pelo seu centro
de massa.
dr
R
L
Resposta
O elemento de volume dV é
e o elemento de massa é
R 4
1 (34)
= 2 L = LR 4 .
4 2
19
19
UNIDADE Dinâmica de Rotações
1
Iz = MR 2 . (35)
2
Interessante que o resultado não depende do comprimento do cilindro, pois vale
para um cilindro longo ou curto, desde que tenha a mesma massa M e raio R.
Outro fato a notar é que ele é metade do momento de inércia do aro de massa
M e raio R.
Logo, é mais fácil fazer girar esse cilindro do que um aro com toda a massa do
cilindro distribuída a uma distância R do eixo de rotação.
Uma saída para esse problema é conhecida como Teorema dos Eixos Parale-
los, de utilização muito simples.
20
Se o momento de inércia que passa pelo centro de massa (CM) é I CM e este
centro de massa situa-se a uma distância D do eixo paralelo ao eixo do CM (o
eixo paralelo está passando pela origem O do sistema de coordenadas), então, o
Teorema dos Eixos Paralelos garante que:
I = I CM + MD 2 . (36)
Não iremos demonstrar esse teorema, mas o leitor interessado poderá encontrá-
-lo facilmente nos livros da Bibliografia Básica dada ao final desta Unidade.
Quadro 1
Resposta
L 1
2
1
I = I CM MD 2 = ML2 M = ML2 . (37)
12 2 3
21
21
UNIDADE Dinâmica de Rotações
Sabemos que quanto maior for o momento de inércia, maior é a dificuldade para
se imprimir uma rotação. Intuitivamente, sabemos que é mais difícil fazer girar uma
haste pela extremidade do que pelo CM localizado em seu ponto médio.
1 1
De fato, ML2 > ML2 .
3 12
Resposta
I = I CM + MD 2 . (38)
L
2
1 7
I = ML2 M = ML2 . (39)
12 4 48
Torque
“Dá-me uma alavanca e eu moverei o mundo!” é
uma frase supostamente dita por Arquimedes, o gran-
de matemático, engenheiro e físico grego (em qualifi-
cações atualizadas).
22
Considere uma chave inglesa com ponto de apoio em O sobre seu eixo , con-
forme a Figura 12.
= rF sin = Fd , (40)
em que r é a distância entre o ponto de aplicação da força F e o ponto de apoio
e d é a distância perpendicular da linha de ação da força F ao ponto de apoio.
A quantidade d é chamada
de braço do momento ou, frequentemente, braço
de alavanca da força F.
É importante ter em mente que o torque é definido apenas após o eixo de rota-
ção de referência ser especificado. Torque é o produto de uma força pelo braço
de alavanca da força e este é definido em termos de um eixo de rotação.
Caso duas ou mais forças estejam agindo no corpo rígido, cada uma delas ten-
derá a produzir rotações em torno do eixo de rotação, o ponto O.
23
23
UNIDADE Dinâmica de Rotações
F1
d1
O
d2
F2
Figura 13 – A força F1 tende a girar o corpo no sentido
anti-horário e a força F2 tende a girar o corpo no sentido horário
O torque total é:
= F1d1 F2 d 2 . (41)
Este é, obviamente, o módulo do torque. O vetor torque τ é:
= i = 1 2 . (42)
i
24
Torque e aceleração angular
Antes de atacar o problema de rotações mais complexas de corpos rígidos, va-
mos tratar do caso de uma partícula em rotação em torno de um ponto fixo sob a
influência de uma força externa.
F
Ft
Ф Fr
m
Haste
θ
x
O Eixo de rotação
Figura 14 – Força radial Fr e força tangencial Ft .
A força tangencial imprime a aceleração tangencial at , valendo a 2 a Lei
de Newton:
Ft = mat . (43)
O torque em torno do centro da circunferência devido à força Ft é
= mr r = mr 2 = I . (45)
25
25
UNIDADE Dinâmica de Rotações
Assim, a equação 46 vale para qualquer corpo rígido com distribuição contí-
nua de massa, valendo, então:
ext = I . (47)
Pergunta-se:
Resposta
=
i
1 2 = R1 F1 R2 F2 . (48)
26
Se as forças forem iguais, o torque resultante será negativo e a peça irá girar em
sentido horário.
Resposta
i
i = 5.0 1.0 15.0 0.50 = 2.5N m . (49)
Resposta
27
27
UNIDADE Dinâmica de Rotações
L
= Mg . (50)
2
1
Como = I e I=
3
ML2 para esse eixo de rotação, obtemos:
Mg L / 2 3 g
= = = . (51)
I 1/ 3ML2 2L
Todos os pontos da haste têm a mesma aceleração angular. Para encontrarmos
a aceleração linear da extremidade direita da haste, usaremos as relações at = rα
com r = L :
3
at = Lα = g. (52)
2
O resultado at > g para a extremidade livre da haste é interessante. Significa
que se nós colocarmos uma moeda na altura da ponta da haste, mantivermos a
haste na posição horizontal e, então, soltarmos a haste, a ponta da haste irá cair
mais rapidamente que a moeda!
3. Uma polia de raio R, massa M e momento de inércia I é montada sobre
um eixo horizontal sem atrito, conforme a Figura 17.
28
Uma corda leve enrolada na polia suporta uma massa m. Calcule a aceleração
angular da polia, a aceleração linear do objeto e a tensão na corda.
Resposta
Temos:
= I = TR (53)
ou
TR
α= . (54)
I
Agora, vamos aplicar a segunda Lei de Newton ao movimento do objeto, ado-
tando o sentido vertical para baixo como sendo positivo:
F y = mg T = ma . (55)
mg − T
a= . (56)
m
As equações 54 e 56 possuem três incógnitas: α , a e T. Como o objeto e a
polia estão ligados por uma corda que não escorrega, a aceleração linear do objeto
suspenso é igual à aceleração linear de um ponto na margem da polia. Portanto,
a aceleração angular da polia e a aceleração linear são relacionadas por a = Rα .
TR 2 mg T
a = R = = , (57)
I m
mg
T=
mR 2 (58)
1+
I
Substituindo a eq. 58 na eq. 56 e resolvendo para a e α , encontramos:
g
a= ,
I (59)
1+
mR 2
a g
= = .
R R I (60)
mR
29
29
UNIDADE Dinâmica de Rotações
Movimento de Rolagem
e Momento Angular
Já tratamos do caso de um corpo rígido em rotação em torno de um eixo fixo.
Agora, trataremos do caso mais geral, em que o eixo de rotação não está fixo
no espaço.
30
Figura 19 – Cilindro de raio R rolando sem deslizar
sobre uma superfície lisa, plana e horizontal
Conforme o cilindro rola um ângulo θ , seu centro de massa percorre uma dis-
tância em linha reta s = Rθ . Portanto, a velocidade do CM para um movimento
puramente de rolagem é dada por:
ds d
vCM = =R = R , (61)
dt dt
em que ω é a velocidade angular do cilindro.
Essa equação continua válida sempre que um cilindro ou uma esfera rola sem
deslizar e esta é a condição para um movimento puramente de rolagem.
dvCM d
aCM = =R = R , (62)
dt dt
em que α é a aceleração angular do cilindro.
31
31
UNIDADE Dinâmica de Rotações
Podemos notar que a velocidade linear de qualquer ponto está numa direção
perpendicular à linha do ponto ao ponto de contato P. Em qualquer instante, a
parte da borda, aquela em que está o ponto P, está em repouso em relação à su-
perfície, pois não há deslize.
Como já foi dito, o CM move-se com velocidade linear vCM , enquanto o ponto
de contato entre a superfície e o cilindro tem velocidade linear zero.
1
K= I Pω 2 , (63)
2
32
Figura 21 – Apresentação da composição de
movimentos translacional e rotacional
1 1
K= I CM 2 MR 2 2 (64)
2 2
ou, como vCM = Rω ,
1 1
K= I CM 2 M vCM
2
. (65)
2 2
O primeiro termo representa a energia cinética rotacional do cilindro em torno
de seu centro de massa e o segundo termo representa sua energia cinética transla-
cional sem rotação.
33
33
UNIDADE Dinâmica de Rotações
Resposta
v 1
2
1
K = I CM CM M vCM2
=
2 R 2
(66)
1 I 2
= CM2 M vCM .
2 R
A propósito, a esfera atinge o chão após rolar pelo plano inclinado, um trabalho
igual a Mgh foi realizado sobre ela pela força gravitacional, com h sendo a altura
do plano inclinado. Como a esfera inicia seu movimento a partir do repouso no
alto do plano inclinado, sua energia cinética ao chegar ao chão deve ser igual ao
trabalho realizado.
34
Portanto, a velocidade do CM ao chegar ao chão pode ser obtida igualando-se
essas duas quantidades:
1 I CM 2
2 M vCM = Mgh, (67)
2 R
de maneira que obtemos:
2 gh
vCM = . (68)
1 + I CM / MR 2
2. Para a esfera do exemplo anterior, calcule a velocidade linear do CM ao
chegar ao chão e o módulo da aceleração linear do CM.
Resposta
Após rolar pelo plano inclinado, a velocidade linear do CM deve ser menor
do que esse valor, pois parte da energia potencial foi transformada em energia
cinética rotacional.
2
Para uma esfera uniforme, pela Tabela 1, I CM = MR 2 e, portanto, pela
eq. 68 , temos:
5
2 gh 10
vCM = = gh , (69)
1 + I CM / MR 2
7
h = x sin θ . (70)
5
aCM = g sin θ . (72)
7
35
35
UNIDADE Dinâmica de Rotações
Figura 23 – Apresentação do vetor momento angular L
Na Figura 23, r e p estão no plano xy e L aponta na direção de z positivo.
Como p = mv , o módulo de L é:
36
Por outro lado, se r é ortogonal a p = 90o , então o momento angular é
máximo, L = mvr .
No movimento linear, ∑F = dp / dt , a força resultante é a taxa de variação do
momento linear no tempo. Vamos tentar obter uma fórmula semelhante.
Comecemos por:
dp
= r F = r dt . (75)
Agora, vamos usar uma regra de derivação que já foi utilizada antes: a regra da
derivada de um produto.
Vamos aplicá-la ao momento angular L :
dL dr dp
= pr . (76)
dt dt dt
dr
O primeiro termo é zero ( v = , que é paralelo a p = mv ) e o segundo é igual
dt
ao torque.
37
37
UNIDADE Dinâmica de Rotações
O momento linear é p = mv , o momento angular é L = I ω , isto é, é completa-
mente análogo.
É fácil mostrar que o análogo da 2 a Lei de Newton, F = ma é:
= I , (80)
38
Resposta
2 2
I= MR 2 = 6 0.12 0.035kg m 2 .
2
(81)
5 5
Por conseguinte, o módulo do momento angular é:
Resposta
Logo:
2 2
1
I= M 2 m1 m2
12 2 2
(83)
2 M
= m1 m2 .
4 3
39
39
UNIDADE Dinâmica de Rotações
2 M
L = I = m1 m2 . (84)
4 3
b) Determine uma expressão para o módulo da aceleração angular do sistema
quando a haste forma uma ângulo θ com a horizontal.
Resposta
r rl
1 = m1 g cos , (85)
2
em que τ 1 é um vetor saindo da página.
r rl
2 = m2 g cos , (86)
2
com τ 2 entrando na página.
r r r 1 r
ext = 1 2 = m1 m2 g l cos .
2
(87)
A direção de ext é para fora da página se m1 > m2 e está entrando na página
se m2 > m1.
Para a determinação de α , usaremos ext = I , em que I foi obtido no item
a):
r r
r
=
ext
=
2 m1 m2 g cos
. (88)
I l M / 3 m1 m2
3. Uma esfera de massa m1 e um bloco de massa m2 são ligados por
uma corda fina e leve que passa por uma polia, conforme mostrado na
Figura 27.
40
Figura 27 – Duas massas presas por uma
polia, mas uma está pendurada
Encontre uma expressão para a aceleração linear dos dois objetos, usando os
conceitos de momento angular e torque.
Resposta
v
L = m1vR + m2 vR + I . (89)
R
Como o sistema da polia tem braço de alavanca igual a zero, a força exercida
pelo eixo da polia não contribui para o torque.
41
41
UNIDADE Dinâmica de Rotações
A força da gravidade m1 g atuando sobre a esfera produz um torque em torno
do eixo igual em módulo a m1 gR, onde R é o braço de alavanca da força em torno
do eixo (notemos que, nesta situação, a tensão não é igual a m1 g ). Esse é o torque
externo total em torno do eixo da polia, ou seja, ext = m1 gR.
d v
m1 gR = m1 m2 Rv I
dt R
(91)
dv I dv
= m1 m2 R .
dt R dt
m1 g
a= . (92)
m1 m2 I / R 2
então
L = const. (94)
42
Se o sistema é um objeto em rotação em torno de um eixo fixo,
tal como o eixo
z, podemos escrever Lz = I ω , em que Lz é a componente de L ao longo do eixo
de rotação e I é o momento de inércia em torno desse eixo.
Essa expressão é válida tanto para a rotação em torno de um eixo fixo quanto
para a rotação em torno de um eixo que passa através do centro de massa de um
sistema em movimento enquanto esse eixo continuar paralelo a si mesmo. Precisa-
mos apenas que o torque externo total seja nulo.
Ki + U i = K f + U f , (97)
pi = p f , (98)
Li = L f . (99)
Figura 28
43
43
UNIDADE Dinâmica de Rotações
Tabela 2
O produto escalar possui uma forma especial de ser escrito, uma notação espe-
cial, em que um ponto entre dois vetores é utilizado para indicá-lo.
Assim, a multiplicação de A por B escalarmente é denotada
por A ⋅B, dizendo-
-se “é o produto escalar de A por B ” ou, simplesmente, “ A escalar B ”.
A forma de se calcular
é multiplicar cada componente de A pela corresponden-
te componente de B e somar todos os três resultados de multiplicação (em 3-D),
obtendo um número que é o produto escalar.
44
Por exemplo, se A = 2,3, 4 e B = 2, 1,3 , obtemos
A B = 2 2 3 1 4 3 = 5. Note que, simbolicamente, foi usada a seguinte
fórmula para A = A1 , A2 , A3 = Ax , Ay , Az e B = B1 , B2 , B3 = Bx , By , Bz
:
3
A B = Ak Bk = A1 B1 A2 B2 A3 B3
k =1 (100)
= Ax Bx + Ay By + Az Bz .
Mas
há outro tipo de multiplicação entre vetores: o produto vetorial. Dois veto-
A
res e B são multiplicados e transformados emum terceiro vetor, denotado por
A × B, que sempre é ortogonal aos vetores A e B.
A×B B
θAB
A
Figura
A1 – Representação esquemática do produto vetorial
A × B . Note que ele é simultaneamente ortogonal a A e a B
45
45
UNIDADE Dinâmica de Rotações
Exercício resolvido 1
Para A = 1, 2,1 e B = 2,1, 2 , temos
ur ur
A B (2 2 1 1,1 2 (1) 2, (1) 1 2 2)
= 4 1, 2 2, 1 4 (102)
= 3, 4, 5 .
Lembrando-se de que, se o produto escalar entre dois vetores for igual a zero,
então, esses vetores são ortogonais entre si, isto é, para vetores cartesianos em
3-D, eles formam um ângulo de 90 entre si.
Assim, faremos um teste: vamos multiplicar A A B e, em seguida, B A B
e verificar se ambos dão zero.
Dessa forma:
A A B = 1, 2,1 3, 4, 5
= 1 3 2 4 1 5
(103)
= 3 8 5
=0
B A B = 2,1, 2 3, 4, 5
= 2 3 1 4 2 5
(104)
= 6 4 10
= 0.
Como ambos resultaram
em zero, ambos os vetores A e B são ortogonais ao
produto vetorial A × B.
46
A resposta é “sim”, pois a definição do produto vetorial possui a mesma estru-
tura algébrica de um determinante.
47
47
UNIDADE Dinâmica de Rotações
i j k i j
A × B = Ax Ay Az Ax Ay (107)
Bx By Bz Bx By
i = 1, 0, 0 ;
j = 0,1, 0 ; (108)
k = 0, 0,1 .
Logo,
Ay Bz i Az Bx j Ax By k = Ay Bz , Az Bx , Ax By
e Ax Bz j Az By i Ay Bx k = Az By , Ax Bz , Ay Bx e, juntando as duas, temos:
A B = Ay Bz Az By , Az Bx Ax Bz , Ax By Ay Bx , (109)
Exercício resolvido 2
Calcular o o produto vetorial dos vetores A = 1, 2,1 e B = 2,1, 2 , conforme
o exemplo anterior, usando o algoritmo do pseudodeterminante.
Resolução
48
i j k i j
A B = 1 2 1 1 2 (110)
2 1 2 2 1
= 3, 4, 5 .
Note que foi obtido o mesmo resultado da Eq. 102 , porém sem memorizar a
fórmula complexa da definição do produto vetorial.
Característica Importante
do Produto Vetorial
Vamos verificar agora acaracterística
mais importante de um produto
vetorial:
o fato do vetor resultante A × B ser ortogonal simultaneamente a A e a B.
49
49
UNIDADE Dinâmica de Rotações
k
× =k
×k=
k× =
Figura A2 – Permutação cíclica dos vetores unitários i , j e k no produto
vetorial produz sempre os mesmos vetores, conforme indicado na Figura
A teoria de determinantes nos diz que, ao serem trocadas duas linhas quaisquer,
há uma troca de sinal
no resultado
final
do
determinante. Dessa forma, podemos
concluir que se i × j = k , então j i = k .
De forma geral, se A × B = C , então B A = C.
Para que isto se torne mais fácil de visualizar, podemos utilizar a regra da mão
direita, na qual utilizamos os dedos da mão direita para descobrir o sentido do
vetor produto vetorial.
Ela é aplicada
da seguinte forma: se o produto vetorial é A × B = C , girando o
primeiro fator A com os quatrodedos da mão direita – exceto o polegar (“dedão”)
– no sentido do segundo fator B, e o polegar irá apontar no sentido de C.
Percebe-se que se invertermos o produto vetorial fazendo B × A, teremos o po-
legar apontando no sentido negativo de C.
50
Confira a Figura A3 para uma melhor visualização da regra da mão direita.
Figura A3 – Aplicação da
regra
da mão direita:
se o produto vetorial é A × B , gira-se osdedos,
exceto o polegar partindo
de A na direção de B e o polegar
indicará o sentido de C, isto é, do produto vetorial de A por B
Agora que temos essa característica do produto vetorial em mãos, vamos utilizá-
-la a nosso favor. Vamos resolver exercícios de cálculo de produto vetorial entre
vetores coplanares, digamos no plano Oxy , que já teremos como resultados veto-
res noeixo z, isto é, múltiplos do vetor unitário que define o eixo Oz , que é o
vetor k.
Exercício resolvido 3
Sejam os vetores no plano Oxy,
portanto, em 2-D, R = 2 i + j e S = 7 i 2 j.
Determine o produto vetorial R × S e verifique que ele é perpendicular ao plano Oxy
Resolução
51
51
UNIDADE Dinâmica de Rotações
Voltaríamos e encontraríamos “onde foi que eu errei”. Mas não foi cometido
qualquer erro, pois o vetor resultante é perpendicular ao plano Oxy, mesmo sendo
orientado em sentido negativo do eixo Oz.
Exercício resolvido 4
Resolução
Mostrar que o produto vetorial P × Q é perpendicular ao plano Oyz é o mesmo
que dizer que ele é um múltiplo do vetor unitário i . Vamos fazer o mesmo proce-
dimento do exercício anterior.
Os vetores P = 3 j k = 3 0,1, 0 1 0, 0,1 = 0,3, 1 e
Q = j 5k = 1 0,1, 0 5 0, 0,1 = 0, 1,5 serão introduzidos
no determinante:
i k ij j
P Q = 0 3 1 0 3 = 15i i = 14i . (114)
0 1 5 0 1
Será que o produto vetorial de um vetor de módulo 3 por outro vetor de módulo
3 dará um novo vetor de módulo 3 , isto é, haverá a preservação do módulo ou não?
Exercício resolvido 5
Seja o vetor V = 2i − j − 2k . Este é um vetor cujo módulo é
V = 22 1 2 = 3.
2 2
Seja outro vetor no espaço em 3-D, W = i 2 j 2k , cujo módulo é também
W = 1 22 2 = 3.
2 2
52
Determine o produto vetorial V × W e verifique se ele preserva o módulo ou não.
Resolução
O vetor V pode ser escrito como:
V = 2i j 2k = 2 1, 0, 0 1 0,1, 0 2 0, 0,1 = 2, 1, 2 . O vetor W , da mes-
ma forma que o V , pode ser escrito na forma de uma terna de coordenadas:
W = i 2 j 2k = 11, 0, 0 2 0,1, 0 2 0, 0,1 = 1, 2, 2 .
Logo, V W = 6, 6,3 , cujo módulo é 6, 6,3 = 9. Assim, o produto vetorial
somente preserva o módulo quando estamos tratando com vetores unitários, uni-
camente. Porém, nesse caso em questão, o produto vetorial preservou o produto
dos módulos de cada vetor.
O produto escalar sendo nulo implica que o ângulo entre V e W é 90 , isto é,
eles são ortogonais.
Vamos tentar fazer outro exercício, muito parecido com esse, para observar o
que acontece se o ângulo entre os vetores não for igual a 90.
53
53
UNIDADE Dinâmica de Rotações
Exercício resolvido 6
Seja o vetor V = 2i − j − 2k . Este é um vetor cujo módulo é
V = 22 1 2 = 3. Seja outro vetor no espaço em 3-D,
2 2
2
W = i j 7 k , cujo módulo é também W = 12 12 7 = 3.
Determine o produto vetorial V × W e verifique se ele preserva o módulo ou não.
Resolução
O vetor
V pode ser escrito como:
V = 2i j 2k = 2 1, 0, 0 1 0,1, 0 2 0, 0,1 = 2, 1, 2 .
O vetor W , da mesma forma que o V , pode ser escrito na forma de uma terna
de coordenadas:
W = i j 7 k = 11, 0, 0 1 0,1, 0 7 0, 0,1 = 1,1, 7 .
Consequentemente, o determinante pode ser calculado como:
i j k i j
V W = 2 1 2 2 1 = 7 2 i 2 2 7 j 2 1k . (117)
1 1 7 1 1
Vamos determinar o módulo de V × W :
2 2
V W = 7 2 2 2 7 32 = 6.43560368231. (118)
54
Será que se trocarmos o cosseno pelo seno do mesmo ângulo daria certo?
sin cos = 1 ou
2 2
(120)
sin = 1 cos 2 .
sin = 1 cos 2
= 1 − 0.6990558469032 (121)
= 0.715067075812 .
Vamos calcular V W sin = 9 0.715067075812 = 6.43560368231.
Deu certo!
Agora não foi mero acaso; dado o número de casas decimais que estão coincidindo.
55
55
UNIDADE Dinâmica de Rotações
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Introduction to torque and Rotational Dynamics MIT OpenCourseWare
https://bit.ly/2kRUKSW
Vídeos
Mecânica – Aula 1 e 6 – Rotações e Movimentos Giroscópicos Mecânica –
Aula 1 e 6 – Rotações e Movimentos Giroscópicos
Univesp. Prof. Dr. Gil da Costa Marques.
https://youtu.be/_5YrmWjY8AkQ
Cursos Unicamp – Física Geral I – Aulas 19, 21 e 25 – Dinâmica de Rotações
Prof. Dr. Luiz Marco Brescansin
https://youtu.be/qIPDhfhr-bQ
https://youtu.be/-H9_Gr90Frw
https://youtu.be/0wKMXu1lzHM
Rotations of Rigid Bodies professor’s Shankar book
https://youtu.be/mx2P1_M-7UA
MIT Physics: Spinning Bike Wheel and Conservation of Angular Momentum
https://youtu.be/_wqqaF80JnY
56
Referências
BOURG, D. M. Physics For Game Developers. Beijing: O’reilly, 2002.
57
57