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Projeto de Máquinas

Material Teórico
Transmissões Mecânicas – Conceitos Básicos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Marcelo L. Teruel

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Transmissões Mecânicas –
Conceitos Básicos

• Transmissão Mecânica – Conceito;


• Velocidade Tangencial ou Periférica (Vt);
• Relação de Transmissão (i);
• Torque / Torção / Momento de Torção ou Momento Torçor;
• Potência;
• Rendimento de uma Transmissão (η).

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Compreender e consolidar os conceitos relativos às transmissões mecânicas;
• Abordar os dimensionamentos e os cálculos necessários em um projeto de uma máquina.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Transmissões Mecânicas – Conceitos Básicos

Transmissão Mecânica – Conceito


As transmissões mecânicas são mecanismos manuais ou automáticos que têm
a função de transmitir movimentos e potências através de elementos puramente
mecânicos. Quando a transmissão é feita através de óleo hidráulico, é chamada de
hidráulica e de hidromecânica.

As transmissões mecânicas, como já referido anteriormente, transferem potên-


cia e ajustam velocidades para eixos e elementos de máquinas do sistema.

Sistemas de Transmissão são montados por meio do uso de elementos de máqui-


nas, como: engrenagens, correias, correntes, rodas de atrito, cabos de aço, cames,
etc., que transferem potência e movimento a outro sistema, variando ou não as
rotações entre dois eixos.

Veja a seguir alguns exemplos de elementos de máquinas que podem compor


um sistema de transmissão:

Figura 1 – Engrenagens Figura 2 – Correias e polias


Fonte: Getty Images Fonte: Wikimedia Commons

Figura 3 – Correia dentada ou de sincronização


Fonte: BUDYNAS; NISBETT, 2011, p. 912

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Figura 4 – Corrente de roletes e seus componentes
Fonte: BUDYNAS; NISBETT, 2011, p. 913

Figura 5 – Exemplos de aplicações de cabos de aço


Fonte: Gordo; Ferreira, 2000, p. 220

Figura 6 – Tipos de cames


Fonte: GORDO; FERREIRA, 2000, p. 291

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Velocidade Tangencial ou Periférica (Vt)


Suponha um disco rígido (indeformável) rolando sobre uma superfície plana:

0 πD 2πD
Figura 7

A velocidade (tangencial ou periférica) que este disco apresenta ao se deslocar de


um ponto a outro (distância ou espaço percorrido) por um determinado tempo é:

Espaço  . D . nº de voltas  . D . Rotações


Velocidade V    
Tempo Tempo 1 minuto

Portanto, temos:

V  m / min    . D . n

Ou:

 . D.n
V m / s 
60

Onde: D = Diâmetro (m) e n = rotação (rpm).

1. Qual a velocidade tangencial (Vt) na extremidade de uma polia de diâmetro d= 300 mm


Explor

e que gira a 1200 rpm?


2. Qual a velocidade tangencial de um automóvel cujos pneus medem 500 mm de diâmetro
e giram a 800 rpm?
3. Um automóvel vai da cidade A para a cidade B em 30 minutos. Sabendo-se que o diâmetro
do pneu é 500 mm e que este gira a 1100 rpm, qual a distância entre as duas cidades?

Relação de Transmissão (i)


RELAÇÃO DE TRANSMISSÃO (i): Numa transmissão Simples ou Composta, a
ROTAÇÃO de ENTRADA está para a ROTAÇÃO de SAÍDA, assim como o DIÂ-
METRO da CONDUZIDA está para o DIÂMETRO da CONDUTORA.

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Exemplos:

Relação de Transmissão numa transmissão por Correia e Polias:

Transmissão redutora de velocidade

ω1 ω2
f1 f2
n1 n2

d1 d2

1 Motora 2 Movida

Figura 8
Fonte: Adaptada de MELCONIAN, 2005, p. 4

Transmissão ampliadora de velocidade


ω2 ω1
f2 f1
n2 n1
d2 d1

1 Movida
2 Motora
Figura 9
Fonte: Adaptada de MELCONIAN, 2005, p. 4

A velocidade tangencial é constante em toda a extensão da correia, sendo igual


tanto na polia motora quanto na polia movida, ou seja, a velocidade tangencial na
polia 1 é igual à velocidade tangencial na polia 2, então temos:

Vt1 = Vt2 → π . d1 . n1 = π . d2 . n2 →

n1 d 2
=
n 2 d1

A definição de relação de transmissão (i) pode ser expressa como:

n1 d 2 1 f 1 Mt 2
i    
n 2 d1  2 f 2 Mt1

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Em que:
• i = relação de transmissão [adimensional];
• n1 = rotação 1 [rpm]. n2 = rotação 2 [rpm];
• d1 = diâmetro da polia 1 (menor) [m,...];
• d2 = diâmetro da polia 2 (maior) [m,...];
• ω1 = velocidade angular 1 [rad / s];
• ω2 = velocidade angular 2 [rad / s];
• f1 = frequência 1 [Hz] f2 = frequência 2 [Hz];
• Mt1 = Momento Torçor (Torque) 1 [N.m];
• Mt2 = Momento Torçor (Torque) 2 [N.m].
1. Relação de Transmissão numa transmissão por Engrenagens:
Considere duas engrenagens, conforme figura a seguir:

Figura 10
Fonte: MELCONIAN, 2005, p. 9

O diâmetro primitivo (do) de uma engrenagem é definido como:

do = m . Z

Onde:

do = diâmetro primitivo, m = módulo da engrenagem, Z = nº. de dentes


da engrenagem.

Importante! Importante!

Para que ocorra o perfeito engrenamento entre duas engrenagens, é condição indispen-
sável que seus módulos sejam iguais.

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Portanto:

m1 = m2 → do1 / z1 = do2 / z2 →

De onde teremos:

n1 Z 2 do 2 1 f 1 Mt 2
i     
n 2 Z1 do1  2 f 2 Mt1

Em que:
• i = relação de transmissão [adimensional];
• n1 = rotação do pinhão 1 [rpm] n2 = rotação da coroa 2 [rpm];
• Z1 = número de dentes do pinhão 1 [adimensional];
• Z2 = número de dentes da coroa 2 [adimensional];
• do1 = diâmetro primitivo do pinhão 1 [m,...];
• do2 = diâmetro primitivo da coroa 2 [m,...];
• ω1 = velocidade angular do pinhão 1 [rad / s];
• ω2 = velocidade angular da coroa 2 [rad / s];
• f1 = frequência do pinhão1 [Hz] f2 = frequência da coroa 2 [Hz];
• Mt1 = Momento Torçor (Torque) do pinhão 1 [N.m];
• Mt2 = Momento Torçor (Torque) da coroa 2 [N.m].

Relação de Transmissão Total do Sistema (itotal)


Seja a montagem:

1750 350 200 40 40


= x x x → 35 = 3,5 x 2 x 2 x 2,5 → 35 = 35
50 100 100 20 16

De uma forma geral, podemos escrever:

itotal = i1 x i2 x i3 x i4 ........in

A expressão acima pode ser utilizada na transmissão simples, como a relação


entre os diâmetros das polias conduzidas e da motora, entre o número de dentes da
engrenagem conduzida e motora. Na transmissão composta pela relação entre os
diâmetros das conduzidas e os diâmetros das condutoras.

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UNIDADE Transmissões Mecânicas – Conceitos Básicos

Em Síntese Importante!

As relações de transmissão (i) são calculadas para que a transferência de velocidades


entre a máquina acionadora e a máquina acionada se dê conforme as necessidades
de projeto da transmissão. O sistema de transmissão pode MULTIPLICAR ou REDUZIR
estas velocidades.

Você Sabia? Importante!

i > 1 → Redução. Exemplo: i = 2:1 (2/1) = 2.


i < 1 → Ampliação ou Multiplicação. Exemplo: i = 1:2 (1/2) = 0,5.

Exemplo: Monte um sistema de transmissão conforme a figura a seguir, de for-


ma que a velocidade do pneu seja igual a 20 m/min. O sistema é composto de 04
transmissões (01 par de polias e 03 pares de engrenagens), e o diâmetro do pneu
é D = 450 mm.

1750 rpm

Motor

Pneu

Figura 11

Solução:

Devemos calcular primeiramente a rotação do eixo do pneu (npneu):

Vt (m/mim) = π . D . npneu → 20 = π . 0,450. npneu → npneu = 14,15 rpm.

Com a rotação do eixo do pneu e com a rotação do motor, temos como calcular
a relação de transmissão total: itotal = nmotor / npneu

nmotor = rotação do motor = 1750 rpm   npneu= rotação do pneu =1 4,15 rpm.

itotal = 1750 / 14,15   itotal = 123,67

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Com o itotal, e sabendo que temos 04 transmissões (01 par de polias e 03 pares
de engrenagens), podemos calcular as relações de transmissão intermediárias, ou
seja: i1, i2, i3 e i4:

itotal = i1 x i2 x i3 x i4

Considerando i1 = i2 = i3 = i4 e chamando cada uma delas de iinterm., temos:

itotal = iinterm. x iinterm. x iinterm. x iinterm.

itotal = iinterm.4 Portanto, teremos: interm. = 4 itotal

interm. = 4 123, 67

interm. = 3, 3348

Ou seja, cada uma das relações de transmissão intermediárias tem o mesmo


valor, igual a 3,3348:

i1 = i2 = i3 = i4 = 3,3348

e o itotal = 123,67.

Podemos agora calcular a rotação de cada eixo intermediário, utilizando as rela-


ções de transmissão intermediárias (iinterm.):

Na figura 11, vemos que há 05 eixos. De cima para baixo, nomearemos os eixos
de: eixo do motor, eixo 1, eixo 2, eixo 3 e eixo do pneu.

Assim, teremos:
n � motor 1750
i1 =� → 3, 3348 = → n1 = 524,77 rpm.
n1 n1
n1 524, 77
i2 = → 3, 3348 = → n2 = 157,36 rpm.
n2 n2
n2 157, 36
i3 = → 3, 3348 = → n3 = 47,19 rpm.
n3 n3

Resumindo e montando o sistema:


• Relação de transmissão total: itotal = 123,67
• Relação de transmissão intermediárias: i1 = i2 = i3 = i4 = 3,3348
• Rotação do motor: nmotor = 1750 rpm
• Rotação do eixo 1: n1 = 524,77 rpm
• Rotação do eixo 2: n2 = 157,36 rpm
• Rotação do eixo 3: n3 = 47,19 rpm
• Rotação do eixo do pneu: npneu = 14,15 rpm

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UNIDADE Transmissões Mecânicas – Conceitos Básicos

Torque / Torção / Momento


de Torção ou Momento Torçor
Um elemento de máquina, um eixo, por exemplo, está sob a ação de um esforço de
torção quando se aplica um torque em uma extremidade e um contratorque (ou torque
de resistência) na outra extremidade. Em geral, em se tratando de eixos, o contratorque
é a resistência do sistema que se deseja movimentar. Observe a figura a seguir:

r R

F Q

Figura 12

Visto de frente, o eixo acima está solicitado por um momento provocado pela
força F, de modo que: M = F . r.

A carga Q provoca um momento de resistência Mr = Q . R.

Se o sistema está parado (ou em equilíbrio estático), podemos escrever:

M = Mr   →   F . r = Q . R

Como vimos, (F . r) e (Q . R) são momentos; e tais momentos são chamados de


Momentos de Torção em relação ao centro do eixo.

Importante! Importante!

Nos dois casos, M = F . r e Mr = Q . R, o Momento de Torção (M e Mr) é o produto de


uma forção (F e Q) por uma distância (r e R). Desta forma, as unidades de Momento de
Torção podem ser: Kgf.m; N.m; lbf.pol, etc.

Exemplos:
2. Calcular o Momento de Torção (Mt) no eixo do parafuso representado na
figura a seguir:

25 kgf

200 m
Figura 13

16
Solução:
• Mt = Força x Distância
• Mt = 25 kgf x 0,2 m
• Mt = 5,0 kgf.m.
3. Calcule o Momento de Torção mínimo (Mt min) para que o eixo do motor
da figura a seguir movimente a polia A.

F = 200 kg

ΦpoliA = 175 mm
Figura 14

Solução:
• Mt = Força x Distância
• Mt min = 200 kgf x 0,175 m / 2
• Mt min = 17,5 kgf.m.
4. Dada a seguinte figura, determinar o torque de aperto (Mt) no parafuso
da roda do automóvel. A carga aplicada pelo operador em cada braço da
chave deve ser de F = 120 N, e o comprimento dos braços da chave é L =
200 mm.

Figura 15
Fonte: MELCONIAN, 2005, p. 12

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UNIDADE Transmissões Mecânicas – Conceitos Básicos

Resolução:
• Mt = 2 . F . L
• Mt =2 . 120 . 200
• Mt = 48.000 N.mm
• Mt = 48 N.m

Potência
Eixos de transmissão ou simplesmente eixos são frequentemente empregados
para transmitir movimento de rotação gerado por máquinas rotativas (motor elétri-
co ou de combustão interna). Quando usados para essa finalidade, são submetidos
a torque que dependem da potência gerada pela máquina e da velocidade angular
do eixo.

POTÊNCIA (N): é a capacidade de realizar Trabalho num determinado in-


tervalo de Tempo: N = J (trabalho) / Δt (tempo). Desenvolvendo:

J F . S
N   F .V  Ft .Vt  Ft . . Raio  Mt .  Mt . 2 . . f
t t
Mt . 2 . . rotação
N
60

Portanto, a Potência pode ser calculada em função do torque e da rotação:

Mt  N . m . . n  rpm 
N W  
30

E, isolando na equação acima, o torque pode ser calculado em função da potên-


cia e da rotação:

30 . N W 
Mt  N . m  
 . n  rpm 

Você Sabia? Importante!

1 hp (horse power) = 745,7 Watts.


1 cv (cavalo vapor) = 735,5 Watts.
1 Watt é a potência necessária para mover 1 Newton à distância de 1 metro em 1 segundo.

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Exemplos:
1. Um eixo de diâmetro d = 35 mm gira a 1750 rpm, fornecendo uma força
tangencial F = 300 N. Pergunta-se:
a) Qual o Torque no eixo?

Mt = F x d = F x Raio = 300 x 0,0175 → Mt = 5,25 N.m


b) Qual a Potência desenvolvida em Watt?

N (W)= Mt (N.m) . π . n (rpm) / 30 = 5,25 x π x 1750 / 30 →

N = 962,11 W

2. Qual o motor adequado para o sistema ilustrado a seguir?

Motor
Φ = 150 mm
N=?
n=?

Redutor
Φ = 250 mm
i = 20:1 F = 1000 kg

25

36
45
Φ = 300 mm

42

vt = 48 m/min
Figura 16
3. No exemplo acima, calcule o Mt no eixo do motor e compare com o Mt
no eixo do tambor. Comente!
4. Um sistema de transmissão é constituído de um motor e dois pares de
engrenagens, conforme ilustra a figura a seguir.

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UNIDADE Transmissões Mecânicas – Conceitos Básicos

Figura 17
Fonte: CHAGAS, 2009, p. 62

a) Desprezando as perdas, calcular para cada eixo (I, II e III):


• A rotação;
• O Momento Torçor;
• A relação de transmissão (i).

Dados:
• Potência do motor = 5,5 kW.
• Rotação do motor = 1740 rpm.

Z1 = 21 dentes Z2 = 60 dentes Z3 = 15 dentes Z4 = 60 dentes.


b) Calcular a redução total (i total).

Resolução: a)

Eixo I:

nI = 1740 rpm (dado).

Mt I= 30.N / π.n = 30.5500 / π.1740 → MtI = 30,18 N.m.

Eixo II:

n1/n2 = Z2/Z1 → 1740/n2 = 60/21 → n2 = 1740 . 21/60 → n2 = 609 rpm.

Mt II= 30.N / π.n = 30.5500 / π.609 → MtII = 86,24 N.m.

iI = Z2/Z1 = 60/21 → iI = 2,857

Eixo III:

n2/n3 = Z4/Z3 → 609/n3 = 60/15 → n3 = 609 . 15/60 → n3 = 152,25 rpm.

Mt III= 30.N / π.n = 30.5500 / π.152,25 → MtIII = 344,97 N.m.

iII = Z42/Z3 = 60/15 → iII = 4,0

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b) i total = iI . iII = 2,857 . 4 → i total = 11,428

Também é possível calcular o i total fazendo: i total


=n entrada
/n saída
→i total
=
1740 / 152,25 → i total = 11,428.

Rendimento de uma Transmissão (η)


Em qualquer tipo de transmissão, é inevitável a perda de potência.

Um sistema de transmissão inclui elementos como eixos, mancais, engrenagens,


polias com correias, correntes, rodas de atrito, entre outros, que devem ser adequa-
damente instalados e sujeitos a intervenções de manutenção regulares. As perdas
nestes elementos são originadas pelo atrito entre as superfícies (gerando aqueci-
mento, calor, ruído), pela agitação do óleo lubrificante, pelo escorregamento entre
correias e polias, entre outras situações.

Desta forma, é imprescindível que saibamos a dimensão destas perdas no siste-


ma, que podem variar entre próximo a 0 % até 45 %.

Esquematicamente, temos:

Transmissão

Unidade
Unidade Consumidora
Motora

Perdas

Figura 18

Ou:

Potência total Potência útil

Potência dissipada
Figura 19

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UNIDADE Transmissões Mecânicas – Conceitos Básicos

Podemos constatar que a potência de entrada de uma transmissão (Ne) é dissipa-


da (Nd) em parte sob a forma de energia, transformada em calor e ruído, resultando
a outra parte em potência útil (Nu) geradora de trabalho. Assim, temos:

Ne = Nu + Nd

Onde:
• Ne = Potência de entrada (W);
• Nu = Potência útil ou de saída(W);
• Nd = Potência dissipada (W).

POTÊNCIA ÚTIL (Nu):

Nu = Ne x ηtotal

Ou:

ηtotal = Nu / Ne

Onde:

Nu = Potência útil ou de saída (W)   Ne = Potência de entrada ou motora (W)

ηtotal = Rendimento total do sistema

Rendimento dos diferentes tipos de transmissão:

Tabela 1
Tipo de transmissão Rendimento (η) Tipo η
Acoplamentos 0,96 a 0,98 Correias planas 0,96–0,97
Correias 0,96 a 0,98 Correias em V 0,97–0,98
Correntes 0,97 a 0,98 Correntes silenciosas 0,97–0,99
Rodas de Atrito 0,95 a 0,98 Correntes Renold 0,95–0,97
Engrenagens 0,96 a 0,99 Rodas de atrito 0,95–0,98
Mancal único 0,97 a 0,99 Engrenagens fundidas 0,92–0,93
Mancais (par) 0,96 a 0,99 Engrenagens usinadas 0,96–0,98
Zsf η Rosca sem fim 1 entrada 0,45–0,60
01 0,60 a 0,80 Rosca sem fim 2 entrada 0,70–0,80
Parafuso sem-fim e Coroa 02 0,70 a 0,85 Rosca sem fim 3 entrada 0,85–0,80
03 0,77 a 0,87 Mancais – Rolamento 0,98–0,99
04 0,80 a 0,90 Mancais – Deslizamento 0,96–0,98

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Rendimento Total de uma transmissão (ηtotal)
O rendimento total de um sistema é o produto dos rendimentos individuais de
cada um dos “n” tipos de transmissões que compõem o sistema:

ηtotal = η1 . η2 . η3 ...... ηn

Exemplos:
1. Calcule a potência e a rotação do motor na cadeia cinemática a seguir
para que a esteira tenha uma velocidade de 0,35 m/s e exerça uma força
horizontal de tração de 1.500 Kgf.

Motor
N=? Φ = 120 mm
n=?

Redutor Φ = 240 mm

i = 30:1
η = 0,85

25

50

F = 1500 kg
Φtambor = 370 mm

Figura 20

Roteiro para resolução:


• Calcular a potência para acionar a esteira (Nesteira): N (W) = F (N) . V (m/s);
• Calcular o rendimento total do sistema (ηTotal); neste caso, levando em consi-
deração somente o rendimento do redutor (0,85). Pode-se, porém, considerar
também o rendimento da correia, do par de engrenagens e da esteira;
• Calcular a potência necessária no motor, levando em consideração o rendi-
mento total: ηTotal = Nesteira/Nmotor;

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UNIDADE Transmissões Mecânicas – Conceitos Básicos

• Calcular a relação de transmissão total do sistema (itotal): itotal = i1 x iredutor x i2 →


Onde: i1 = d2/d1  iredutor = 30/1  i2 = Z2/Z1
• Calcular a rotação do eixo da esteira (nesteira): Vt(m/s) = π.D(m).nesteira(rpm) / 60;
• Calcular a rotação do motor (nmotor): itotal = nentrada / nsaída onde: nentrada = nmotor
e nsaída = nesteira.

Com base no exemplo acima, tente fazer o próximo exemplo:


2. Calcule a potência do motor e a velocidade de içamento da carga no sis-
tema ilustrado a seguir. Dados: diâmetro do tambor = 220 mm; Carga Q
= 2.000 Kgf.

Motor
Redutor
N=?
n = 1750 rpm
i = 25:1
η = 0,85

Q
V=?

Figura 21
3. Avalie o sistema de transmissão:

d2 z1
1
z3

Motor 2
z2
d1 Saída
3 z4
Disco
Mancal
Engrenagem
Figura 22

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Motor com 5,5kW e rotação de 1740 rpm. Determinar na transmissão:
d1= 120mm A potência útil nas árvores 1, 2 e 3.
d2= 280mm Potência dissipada por estágio
z1=23 dentes Rotação das árvores 1, 2 e 3.
z2=49 dentes Torque nas árvores 1, 2 e 3.
z3=27 dentes Potência útil do sistema.
z4=59 dentes Potência dissipada do sistema
ηc=0,97 Rendimento da transmissão
ηe=0,98
ηm=0,99 (par de mancais)

Roteiro para resolução:


A potência útil nas árvores 1, 2 e 3. (W) Potência dissipada por estágio. (W)
Eixo 1 Eixo 1 – Motor/árvore
Pu1=Pmotor . ηc . ηm Pd1=Pmotor-Pu1
Eixo 2 Eixo 2 – Árvore 1 / Árvore 2
Pu2=Pmotor . ηc . ηe . ηm 2
Pd2=Pmotor-Pu2
Eixo 3 Eixo 3 – Árvore 2 / Árvore 3
Pu3=Pmotor . ηc . ηe . ηm
2 3
Pd3=Pmotor-Pu3

Rotação das árvores 1, 2 e 3. (rpm) Torque nas árvores 1, 2, 3. (N . m)


Eixo 1 Eixo 1
N1=(Nmotor . d1)/d2 T1=(30 . Pu1)/(π . N1)
Eixo 2 Eixo 2
N2=(Nmotor . d1 . z1)/(d2 . z2) T2=(30 . Pu2)/(π . N2)
Eixo 3 Eixo 3
N2=(Nmotor . d1 . z1 . z3)/(d2 . z2 . z4) T3=(30 . Pu3)/(π . N3)

Potência útil do sistema. (W) Potência dissipada do sistema. (W)


Pu=Pu3=Psaída= Pdsistema=Pmotor-Psaída

Rendimento da transmissão. (%)


η = (Pútil/Pmotor)*100

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UNIDADE Transmissões Mecânicas – Conceitos Básicos

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Elementos de máquinas de Shigley
BUDYNAS, R.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 4ª edição.
Porto Alegre: Grupo GEN, 2006. (E-book)
Projeto de componentes de máquinas
JUVINALL, R. C.; MARSHEK, K. M. Projeto de componentes de máquinas.
4ª edição. Grupo GEN: 2007. (E-book)
Mecânica técnica e resistência dos materiais
MELCONIAN, S. Mecânica técnica e resistência dos materiais. São Paulo: Editora
Saraiva, 2012. (E-book)
Elementos de máquina em projetos mecânicos
MOTT, R. L. Elementos de máquina em projetos mecânicos. 5ª edição. São Paulo:
Pearson, 2015. (E-book)
Desenho técnico moderno
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