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Projeto de Máquinas

Material Teórico
Redutores, Rebites, Flambagem

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Marcelo L. Teruel

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Redutores, Rebites, Flambagem

• Redutores: Dimensionamento e Seleção;


• Rebites: Dimensionamento;
• Flambagem: Conceitos e Verificação.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreensão e a consolidação dos conceitos relativos ao dimensionamento e seleção de
redutores, ao dimensionamento de rebites e à flambagem. Conceitos estes que serão de
suma importância para a compreensão e na continuidade da disciplina, quando aborda-
remos os dimensionamentos e os cálculos necessários no projeto de máquina.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Redutores, Rebites, Flambagem

Redutores: Dimensionamento e Seleção


Redutores – Introdução
Nem sempre as unidades geradoras (motores elétricos) podem ser acopladas
diretamente a determinados dispositivos, tais como bombas, ventiladores, entre ou-
tras. Porém, na grande maioria dos processos existe a necessidade de se modificar
algumas características como velocidade, rotação ou torque. Para esta finalidade,
os redutores foram desenvolvidos.

Um redutor consiste em um conjunto de eixos com engrenagens cilíndricas de


dentes retos, helicoidais, cônicas, ou somente com uma coroa com parafuso sem
fim, que tem como função reduzir a velocidade de rotação do sistema de aciona-
mento do equipamento. Consequentemente, com a redução da velocidade, tem-se
um aumento significativo no torque transmitido.

Figura 1a – Equipamentos que utilizam Figura 1b – Equipamentos que utilizam


acoplamento direto (bomba) acoplamento direto (ventilador / exaustor)
Fonte: Getty Images Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons

Figura 2a – Redutor Figura 2b – Motorredutor


Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Reprodução

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Utilização
Os redutores podem ser de elevação de cargas ou movimento de translação.

Esquema de redutor com três pares de engrenagens para elevação de cargas:

Figura 3 – Esquema de um redutor de velocidade


Fonte: Acervo do conteudista

Nomenclatura:
• Mtn: momento torçor nos respectivos eixos;
• Nn: rotações por minuto (rpm) em cada eixo;
• Zn: número de dentes de cada engrenagem;
• dt: diâmetro do tambor de enrolamento;
• Ve: velocidade de elevação;
• F: Força (carga) de elevação.

Outras aplicações
Explor

Guindaste/Ponte Rolante: http://bit.ly/2VEvuhu

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UNIDADE Redutores, Rebites, Flambagem

Figura 4 – Correia Transportadora


Fonte: Reprodução

Componentes Básicos
Engrenagem: é o componente principal e fundamental de um redutor. Através
das engrenagens, é possível reduzir a velocidade de rotação da transmissão, pois o
contato entre engrenagens de menor e maior número de dentes (variação no diâ-
metro) possibilita a redução desejada.

Figura 5 – Componentes básicos de um redutor por engrenagens


Fonte: Getty Images

São rodas dentadas com módulos padronizados por normas. Fabricadas em aço
liga temperado em óleo e revenido. Têm formato cilíndrico de dentes retos, helicoi-
dal ou cônico (pinhão), conforme o modelo do redutor.

Quando há intenção de se reduzir a vibração e ruído, utilizam-se, nos redutores,


engrenagens de dentes helicoidais, já que a transmissão de potência, nesse caso, é
feita de maneira mais homogênea. Por outro lado, as engrenagens de dentes retos
são mais simples de serem fabricadas e, por isso, apresentam menor custo.
• Eixos: São usinados em aço médio carbono, temperados e revenidos para a
dureza especificada;

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• Rolamentos: Elementos girantes de máquina que suportam o eixo com as en-
grenagens, possibilitando a eles o menor atrito possível ao girar. São utilizados
rolamentos radiais, axiais ou cônicos;
• Retentores: Utilizam-se vedadores de borracha com molas para reter o óleo da
parte interna e evitar as infiltrações de contaminantes externos;
• Tampa de inspeção: Evita a desmontagem do redutor, facilitando a inspeção
das partes internas;
• Carcaça: Normalmente fabricada em chapa de aço de baixo carbono ou ferro
fundido, montada com solda ou alumínio, podendo ser bipartida ou apenas
com abertura nas tampas dos mancais. Em alguns casos, ela é tratada termi-
camente para alívio das tensões de solda ou fundição;
• Nível de óleo: Sistema para inspeção do nível de óleo lubrificante utilizado
dentro do redutor. Pode ser do tipo visor, tubo vertical ou vareta de nível;
• Respiro: Dispositivo que possibilita a saída e entrada do ar no redutor durante
o trabalho, devido ao aquecimento e resfriamento (mudança de volume do ar);
• Placa de dados do redutor: Local onde estão contidas várias informações
importantes para o seu correto dimensionamento, tais como: relação de trans-
missão, rotação máxima do eixo de entrada e saída, tipo de lubrificante, torque
no eixo de saída, modelo, fabricante, entre outros.

Rendimento de um Redutor (ɳR)


O rendimento de um redutor (ɳ R) é obtido a partir da quantidade de pares de
engrenagens e, consequentemente, pela quantidade de pares de mancais que com-
põem o redutor.

Na prática, consideraremos os seguintes valores médios dos rendimentos:


• Rendimento das engrenagens (par): ɳe = 0,97;
• Rendimentos dos mancais de rolamento (par): ɳm= 0,98.

O rendimento total no Redutor (ɳR é dado pela seguinte equação:


)

R  e n  m 
n 1

Onde n = no de pares de engrenagens.

Relação de Transmissão de um Redutor


Tomando como exemplo a figura acima, a relação de transmissão é dada da
seguinte forma:
• 1º Par de Engrenagens: i1 = n1 / n2 = Z2 / Z1
• 2º Par de Engrenagens: i2 = n2 / n3 = Z3 / Z4

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UNIDADE Redutores, Rebites, Flambagem

• 3º Par de Engrenagens: i3 = n3 / n4 = Z6 / Z5

A redução total do sistema é dada da seguinte forma:

iT = i1 . i2 . i3 ou iT= nentrada / nsaída = n1 / n4

Para redutores com n pares de engrenagens:

iT = i1 . i2 . i3 . ... . in

Seleção de um Redutor
Para a seleção adequada de um redutor, devemos primeiramente conhecer algu-
mas informações do sistema, tais como:
• Tipo de máquina movida;
• Tipo de máquina motora;
• Potência efetiva requerida pela máquina movida (Pc);
• Rotação de entrada (Ne);
• Rotação de saída (Ns);
• Regime de trabalho, para determinar o fator de serviço (Fs);
• Relação de redução (i);
• Torque (Mt ou T);
• Cargas aplicadas – Principalmente cargas radiais (Cr).

Tabela 1 – Fator de serviço (Fs)


Classificação de serviço da máquina acionada
Acionamento por Tempo de trabalho Choques
Uniforme U Choques fortes F
Moderados M
Ocasional até 1/2 h/dia 0,80 0,90 1,00
Motor elétrico ou Intermitente até 2 h/dia 0,90 1,00 1,25
Turbina a vapor até 10 h/dia 1,00 1,25 1,50
Acima de 10 h/dia 1,25 1,50 1,75
Ocasional até 1/2 h/dia 0,90 1,00 1,25
Motor a explosão 1,00 1,25 1,50
Intermitente até 2 h/dia
Multicilindro ou
até 10 h/dia 1,25 1,50 1,75
Motor Hidráulico
Acima de 10 h/dia 1,50 1,75 2,00
1,00 1,25 1,50
Ocasional até 1/2 h/dia 1,25 1,50 1,75
Motor a explosão
Intermitente até 2 h/dia
de 1 cilindro 1,50 1,75 2,00
até 10 h/dia
1,75 2,00 2,25
Os fatores abaixo aplicam-se a partidas e paradas frequentes
Ocasional até 1/2 h/dia 0,90 1,00 1,25
Intermitente até 2 h/dia 1,00 1,25 1,50
Motor Elétrico
até 10 h/dia 1,25 1,50 1,75
Acima de 10 h/dia 1,50 1,75 2,00
O tempo de trabalho especificado como ocasional e intermitente refere-se ao tempo total de operação por dia.
Por partidas e paradas frequentes entende-se mais de 10 partidas por hora.
Fonte: Catálogo do fabricante Magma - Cestari

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Tabela 2 – Série x Redução x Potência
Redução Tamanho
Denominação
nominal 03 04 05 06 07 08 10 12 14 17 20 24 28 34
Potência entrada (CV) 0,75 1,32 2,57 4,00 6,25 9,71 13,65 19,95 26,5 40,6 60,2 89,3
Potência saída (CV) 0,59 1,06 2,11 3,32 5,31 8,35 11,88 17,56 23,6 36,5 54,8 82,2
Mom. torção saída (kgf.m) 2,394 4,3 8,6 13,6 21,7 34,2 48,6 71,8 96,6 149 224 336
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Carga radial saída (kgf) 160 400 512 548 607 720 800 1066 1178 1504 1947
Rendimento 0,78 0,80 0,82 0,83 0,85 0,86 0,87 0,88 0,89 0,90 0,91 0,92
Redução efetiva 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10
Potência entrada (CV) 0,55 1,00 1,97 3,05 4,57 6,88 10,19 15,33 20,0 29,3 42,3 62,5 78,0 109,2
Potência saída (CV) 0,39 0,73 1,48 2,32 3,56 5,50 8,35 12,88 17,0 25,2 36,8 55,0 69,4 97,2
Mom. torção saída (kgf.m) 2,397 4,5 9,1 14,2 21,9 33,8 51,3 79,1 104 155 226 338 412 577
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Carga radial saída (kgf) 187 400 550 640 720 855 940 1264 1430 1850 2405 2910 3270
Rendimento 0,71 0,73 0,75 0,76 0,78 0,80 0,82 0,84 0,85 0,86 0,87 0,88 0,89 0,89
Redução efetiva 15 15 15 15 15,5 15,5 15 15 15 15 15 14,5 14,5
Potência entrada (CV) 0,47 0,84 1,72 2,56 3,78 5,72 8,50 12,60 16,3 24,3 36,1 52,5 67,7 95,9
Potência saída (CV) 0,31 0,57 1,21 1,84 2,80 4,35 6,63 10,08 13,4 20,2 30,3 44,6 58,2 83,4
Mom. torção saída (kgf.m) 2,539 4,7 9,9 15,1 22,9 35,6 54,3 82,5 110 165 248 365 476 700
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Carga radial saída (kgf) 205 400 550 700 792 946 1047 1407 1590 2045 2674 3250 3660
Rendimento 0,66 0,68 0,70 0,72 0,74 0,76 0,78 0,80 0,82 0,83 0,84 0,85 0,86 0,87
Redução efetiva 19,5 19,5 20 20 20 20 19,5 20 20 20 20 20 20,5
Potência entrada (CV) 0,37 0,78 1,60 2,38 3,57 5,36 7,85 11,34 15,0 22,1 32,8 47,1 59,3 83,2
Potência saída (CV) 0,21 0,51 1,09 1,67 2,57 3,96 5,97 8,85 12,0 17,9 26,9 39,1 49,8 70,7
Mom. torção saída (kgf.m) 2,196 5,2 11,1 17,0 26,3 40,5 61,0 90,5 120 183 275 392 509 709
25
Carga radial saída (kgf) 220 400 550 700 840 1005 1124 1450 1700 2182 2850 3500 3930
Rendimento 0,58 0,66 0,68 0,70 0,72 0,74 0,76 0,78 0,80 0,81 0,82 0,83 0,84 0,85
Redução efetiva 25 24,5 25 25 24,5 25 25 24,5 25 25 24,5 25 24,5
Fonte: Catálogo do fabricante Magma - Cestari

Exemplo de Seleção de um Redutor


Selecionar um redutor para a seguinte aplicação:
• Agitador de líquidos com carga uniforme;
• Motor elétrico: Rotação de entrada (Ne) = 1750 rpm;
• Potência efetiva requerida pelo agitador (Pc) = 2,6 cv;
• Rotação no eixo do agitador: Rotação de saída (Ns) = 120 rpm;
• Ciclo operativo = 12 horas/dia.

Cálculo da Potência equivalente (Pe):


• Pe = Pc * Fs
• Pe = 2,6 * 1,25 Pe = 3,25 cv

Cálculo da Redução necessária (i):


• i = Ne / Ns
• i = 1750/120 i = 14,58

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UNIDADE Redutores, Rebites, Flambagem

Com esses dados (Pe e i), consultando a tabela do fabricante, seleciona-se o re-
dutor com redução 15 e tamanho 07 que apresenta:
• Pot. Entrada = 4,57 cv;
• Pot. Saída = 3,56 cv;
• Torque = 21,9 kgf.m;
• Carga Radial = 640 kgf;
• Rendimento = 0,78;
• Redução efetiva = 15;
• 1CV = 740 w 1kgf.m = 9,8 N.m.

Calculam-se, então, os novos valores para:


• Potência do motor;
• Pm = Pe / Rendimento;
• Pm=3,25 / 0,78;
• Pm=4,49 cv → Pm=5 cv.

Rotação real do eixo (na entrada do equipamento agitador):


• Ns = Ne / i
• Ns = 1750 / 15
• Ns = 116 rpm

Rebites: Dimensionamento
Rebite: Definição
Um rebite compõe-se de um corpo em forma de eixo cilíndrico e de uma cabeça.
A cabeça pode ter vários formatos.

A solda é um bom meio de fixação, mas, por causa do calor, ela causa alterações na
superfície e corpo dos componentes. O elemento mais indicado, portanto, é o rebite.

Figura 6 – Rebites
Fonte: Reprodução

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Rebites: Vantagens e Desvantagens
Vantagens das ligações rebitadas:
• Barata e simples;
• Maior facilidade de reparação;
• Aplicação em materiais de baixa soldabilidade ou dissimilares;
• Não exige mão de obra qualificada;
• Controle de qualidade simples.

Desvantagens das uniões rebitadas:


• Não desmontável (parafusos);
• Maior peso da união (soldagem);
• Campo de aplicação reduzido (chapas);
• Não recomendável em carregamentos dinâmicos (trincas e CT);
• Redução de resistência do material rebitado.

Rebites: Tipos e Proporções


Tabela 3 – Tipos de Rebites
Tipos de Rebite Formato da Cabeça Emprego

Cabeça redonda larga


Largamente utilizados devido à
resistência que oferecem.
Cabeça redonda estreita

Cabeça escareada chata larga


Empregados em uniões que não
admitem saliências.
Cabeça escareada chata estreita

Cabeça escareada com calota


Empregados em uniões que
admitem pequenas saliências.
Cabeça tipo panela

Usados nas uniões de chapas com


Cabeça cilíndrica
espessura máxima de 7mm.

Fonte: Adaptado de MÓDULOS ESPECIAIS MECÂNICA, 2000

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UNIDADE Redutores, Rebites, Flambagem

A fabricação dos rebites é padronizada, ou seja, segue normas técnicas que indi-
cam medidas de cabeça, corpo, comprimento útil e requisitos mínimos de resistência.

No quadro a seguir, são mostradas as proporções padronizadas para os rebites.


Os valores que aparecem nas ilustrações são constantes, ou seja, nunca mudam.

Figura 7 – proporções padronizadas dos rebites


Fonte: Adaptado de MÓDULOS ESPECIAIS MECÂNICA, 2000

Normas Nacionais e Internacionais para Rebites:


• NBR 9580: Rebites – Especificação;
• NBR 9587/1986: Rebites com cabeça redonda de diâmetro nominal de 10 mm
a 36 mm – Dimensões de Material;
• NBR 8395/2008: Alumínio e suas ligas – Barras e arames para fabricação de
rebites, parafusos e similares por recalque a frio;
• ABNT NBR ISO 15977:2007: Rebites de repuxo com aba abaulada e ponto
de ruptura no mandril;
• ASTM A 31: Standard Specifications for Steel Rivets and bars for Rivets
Pressure vessels;
• SAE J 492: Guide for Rivet Select and Design Consideration;
• ISO 14588:2000: Blind rivets – Terminology and definitions;
• ISO 14588:2000: Blind rivets – Mechanical testing.

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Rebites: Especificações
O que deve ser especificado:
• Material;
• Tipo de cabeça;
• Diâmetro do corpo;
• Comprimento útil.

O comprimento útil do rebite corresponde à parte do corpo que forma a união.


A parte que ficar fora da união é chamada de sobra necessária, e será utilizada para
formar a outra cabeça do rebite.

d
L

Figura 8
Fonte: Adaptado de MÓDULOS ESPECIAIS MECÂNICA, 2000

As figuras abaixo mostram o excesso de material (Z) necessário para formar a


segunda cabeça do rebite em função dos formatos da cabeça, do comprimento útil
(L) e do diâmetro do rebite (d).

Figura 9
Fonte: Adaptado de MÓDULOS ESPECIAIS MECÂNICA, 2000

Para solicitar ou comprar um rebite, você deverá indicar todas as especificações.


Exemplo:
• Material do rebite: aço 1006 – 1010;
• Tipo de cabeça: redonda;
• Diâmetro do corpo: ¼”;
• Comprimento útil: ¾”.

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UNIDADE Redutores, Rebites, Flambagem

Tipos de Rebitagem
Os tipos de rebitagem variam de acordo com a largura das chapas que serão
rebitadas e o esforço a que serão submetidas. Assim, temos a rebitagem de recobri-
mento, de recobrimento simples e de recobrimento duplo.

Rebitagem de Recobrimento
Na rebitagem de recobrimento, as chapas são apenas sobrepostas e rebitadas.
Esse tipo destina-se somente a suportar esforços, e é empregado na fabricação de
vigas e de estruturas metálicas.

Figura 10
Fonte: Adaptado de MÓDULOS ESPECIAIS MECÂNICA, 2000

Rebitagem de Recobrimento Simples


É destinada a suportar esforços e permitir fechamento ou vedação. É empregada
na construção de caldeiras a vapor e recipientes de ar comprimido. Nessa rebita-
gem, as chapas se justapõem, e sobre elas, estende-se outra chapa para cobri-las.

Figura 11
Fonte: Adaptado de MÓDULOS ESPECIAIS MECÂNICA, 2000

Rebitagem de Recobrimento Duplo


Usada unicamente para uma perfeita vedação. É empregada na construção de
chaminés e recipientes de gás para iluminação. As chapas são justapostas e envol-
vidas por duas outras chapas que as recobrem dos dois lados.

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Figura 12
Fonte: Adaptado de MÓDULOS ESPECIAIS MECÂNICA, 2000

Dimensionamentos
Distribuição
Quanto à distribuição dos rebites, existem vários fatores a considerar: o compri-
mento da chapa, a distância entre as bordas e o rebite mais próximo, o diâmetro
do rebite (dR) e o passo.

Segundo a norma ABNT NB14, para junções que exijam uma boa vedação,
deve-se obedecer à seguinte distribuição/configuração:

Figura 13 – Distribuição dos rebites em função do diâmetro do rebite (dR)


Fonte: Acervo do conteudista

Cálculo do Diâmetro do Rebite (dR)


A escolha do rebite é feita de acordo com a espessura das chapas que se quer
rebitar. A prática recomenda que se considere a chapa de menor espessura, e se
multiplique esse valor por 1,5:

dR  1, 5  S

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UNIDADE Redutores, Rebites, Flambagem

Onde:
• dR: diâmetro da haste do rebite;
• < S: menor espessura;
• 1,5: constante empiricamente pré-determinada.

Exemplo: Para rebitar duas chapas de aço, uma com espessura de 5 mm e outra
com espessura de 4 mm, qual o diâmetro do rebite?
• Solução: d = 1,5 . < S → d = 1,4 . 4 mm → d = 6,0 mm;
• Comercialmente: Rebite de diâmetro ¼ (6,35 mm) ~ 6,0 mm.

Cálculo do Diâmetro do Furo (dF)


O diâmetro do furo pode ser calculado multiplicando-se o diâmetro do rebite
pela constante 1,06. Matematicamente, podemos escrever:

dF  dR 1, 06

Onde:
• dF: diâmetro do furo;
• dR: diâmetro do rebite;
• 1,06: constante empiricamente pré-determinada.

Exemplo: Qual o diâmetro do furo para um rebite com diâmetro de 6,35 mm?
• Solução: dF = dR . 1,06 → dF = 6,35 . 1,06 → dF = 6,73 mm.

Cálculo do Comprimento Útil do Rebite


O cálculo do comprimento útil (L) deve seguir a seguinte formulação:

L  yd  S

Onde:
• L: comprimento útil do rebite;
• y: constante determinada pelo formato da cabeça do rebite;
• d: diâmetro do rebite;
• S: soma das espessuras das chapas a serem unidas.

Para rebites de cabeça redonda e cilíndrica:

L  1, 5  d  S

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Figura 14
Fonte: Adaptado de MÓDULOS ESPECIAIS MECÂNICA, 2000

Para rebites de cabeça escareada:

L  1, 0  d  S

Figura 15
Fonte: Adaptado de MÓDULOS ESPECIAIS MECÂNICA, 2000

Tensões em Ligações Rebitadas

Tensões Cisalhantes

Figura 16

Fcort
 cis 
Acis  Nr

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UNIDADE Redutores, Rebites, Flambagem

Onde:
• τcis: Tensão de cisalhamento;
• Fcort: força cortante atuante na junção rebitada;
• Acis: Área sob cisalhamento (área da seção circular);
• Nr: quantidade de rebites.

Tensões de Esmagamento ou Escoamento

Figura 17 – área de esmagamento


Fonte: Acervo do conteudista

Fcort
 esm 
e  d  Nr

Onde:
• σesm: Tensão de esmagamento;
• Fcort: Força cortante (de esmagamento = cisalhante);
• e: espessura da chapa;
• d: diâmetro do rebite;
• Nr: quantidade de rebites.

Flambagem: Conceitos e Verificação


Segundo a NBR 8800 (2007), a força axial de flambagem elástica, Ne, de uma
barra com seção transversal simétrica, ou simétrica em relação a um ponto, é dada
pela equação a seguir:

2 EI
Ne 
 K  L
2

22
Onde:

Ne (ou Pcr) = força axial ou carga crítica de flambagem elástica de Euler. Nome
dado em homenagem ao matemático suíço Leonhard Euler, que solucionou o pro-
blema em 1757.

É a carga axial máxima na coluna imediatamente antes de ocorrer a flambagem. Essa


carga não deve permitir que a tensão na coluna exceda o limite de proporcionalidade:
• E: módulo de elasticidade do material;
• I: momento de inércia da seção transversal;
• K: coeficiente de flambagem por flexão;
• L: comprimento total da coluna solicitada.

A referida norma expõe, através da tabela abaixo, os respectivos valores teóricos


para os coeficientes de flambagem por flexão (K), que são comumente utilizados no
dimensionamento de estruturas submetidas ao carregamento axial de compressão.

Tabela 4 – Coeficiente de flambagem por flexão (K)


(a)(a)(a) (a) (b)(b)(b) (b) (c)(c)(c) (c) (d)(d)(d) (d) (e)(e)(e) (e) (f)(f)(f) (f)

A linha tracejada indica a


linha elástica de flambagem

Valores teóricos de K x ou Ky 0,5 0,7 1,0 1,0 2,0 2,0


Valores recomendados 0,65 0,80 1,2 1,0 2,1 2,0

Rotação e translação impedidas


Rotação livre, translação impedida

Código para condição


de apoio

Rotação impedida, translação livre


Rotação e translação livres

Fonte: NBR 8800, Revisão 2007

Verifique na tabela acima que são apresentados 06 casos ideais de condições


de contorno de elementos isolados, nos quais a rotação e a translação das extremi-
dades são totalmente livres ou totalmente impedidas. Nos casos nos quais não se
pode assegurar a perfeição do engate, devem ser usados os valores recomendados
que são apresentados.

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UNIDADE Redutores, Rebites, Flambagem

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Elementos de Máquinas de Shigley
BUDYNAS, R.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 4. Ed. Porto
Alegre: Grupo GEN, 2006. (e-book)
Elementos de Máquinas – Apostila
CHAGAS, G. M. P.; Elementos de máquinas – Apostila. 3. Ed. Jaraguá do Sul: IFSC
(Instituto Federal de Santa Catarina), 2009.
Metal Fatigue in Engineering
FUCHS, H. O.; STEPHENS, R. I. Metal Fatigue in Engineering 2. Ed. New York:
Wiley, 2000.
Elementos de Máquinas 1 e 2 – Módulos Especiais Mecânica
GORDO, N; FERREIRA, J. Elementos de Máquinas 1 e 2 – Módulos Especiais
Mecânica – Apostila do SENAI – Telecurso 2000.
Projeto de Componentes de Máquinas
JUVINALL, R. C.; MARSHEK, K. M. Projeto de Componentes de Máquinas. 4. Ed.
Porto Alegre: Grupo GEN, 2007. (e-book)
Elementos de Máquinas
MELCONIAN, S., Elementos de Máquinas. 9. Ed. São Paulo: Editora Érica, 2004.
Mecânica Técnica e Resistência dos Materiais
MELCONIAN, S. Mecânica Técnica e Resistência dos Materiais. São Paulo: Editora
Saraiva, 2012. (e-book)
Elementos de Máquina em Projetos Mecânicos
MOTT, R.L. Elementos de máquina em projetos mecânicos. 5. Ed. São Paulo: Pearson,
2015. (e-book)
Desenho Técnico Moderno
SILVA, A.; RIBEIRO, C. T.; DIAS, J.; SOUSA, L. Desenho Técnico Moderno. 4. Ed.
Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2006. (e-book)

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Referências
COLLINS, A.; BUSBY, J.; HENRY, R.; STAAB, G. H. Projeto Mecânico de Ele-
mentos de Máquinas. São Paulo: LTC, 2006.

JUVINALL, R. C.; MARSHEK, R. Projeto de Componentes de Máquinas. 4. ed.


São Paulo: LTC, 2007.

MELCONIAN, S. Elementos de Máquinas. 10. ed. São Paulo: Editora Érica, 2005.

NORTON, R. L. Projeto de Maquinas: Uma Abordagem Integrada. 2. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2007.

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