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Projeto de Máquinas

Material Teórico
Engrenagens Cilíndricas de Dentes Retos (ECDR) e
Engrenagens Cilíndricas de Dentes Helicoidais (ECDH)

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Marcelo Leonildo Teruel

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Engrenagens Cilíndricas de
Dentes Retos (ECDR) e Engrenagens
Cilíndricas de Dentes Helicoidais (ECDH)

• Introdução;
• Engrenagens Cilíndricas de Dentes Retos – ECDR;
• Engrenagens Cilíndricas de Dentes Helicoidais – ECDH.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender e consolidar os conceitos relativos ao dimensionamento de engrenagens
cilíndricas de dentes retos (ECDR) e engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais (ECDH).
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Engrenagens Cilíndricas de Dentes Retos (ECDR) e
Engrenagens Cilíndricas de Dentes Helicoidais (ECDH)

Introdução
As engrenagens estão presentes na quase totalidade dos sistemas que trans-
mitem torque ou potência, de um conjunto motor para um conjunto movido (ou
consumidor). Uma importante característica das engrenagens é que podem, de
acordo com sua configuração, alterar (aumentar ou reduzir) algumas condições
da transmissão, tais como a rpm (rotação por minuto), a velocidade angular e o
torque (principalmente).

Figura 1 – Engrenagens
Fonte: Getty Images

Na quase totalidade das máquinas ocorre a troca (transmissão) de rotações entre


eixos. E as engrenagens são os melhores meios (dentre os vários disponíveis) para
esse tipo de transmissão. Mas, seriam os mais eficientes?

O conjunto de engrenagens de uma caixa de transmissão (câmbio) de um au-


tomóvel, por exemplo, pode trabalhar por mais de 150 mil quilômetros antes da
necessidade de um reparo ou substituição. Quando contamos o número real de
engrenamentos (ou de revoluções) de uma transmissão, começamos a verificar e
constatar que o projeto e a concepção (manufatura) das engrenagens é notadamen-
te uma realização totalmente viável.

Histórico
A história das engrenagens vem de longa data e, desta forma, não temos a inten-
ção (e nem tampouco condições) de transcrevê-la aqui de forma integral. Contudo,
sabe-se que um aparato chamado de “Carroça chinesa”, usada supostamente na
peregrinação pelo deserto de Gobi nos tempos pré-bíblicos, já possuía rudimenta-
res engrenamentos.

Leonardo Da Vinci também, em seus vários desenhos, mostrou muitos arranjos


de engrenagens.

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Provavelmente, as primeiras engrenagens eram de madeira ou de algum outro
material de fácil manuseio, compostas simplesmente por pedaços desses materiais
inseridos ao longo de uma roda ou de um disco.

Figura 2
Fonte: Adaptado de Getty Images

Após um período de grande desenvolvimento e devido à Revolução Indus-


trial, as engrenagens passaram a ser concebidas com materiais metálicos muito
mais resistentes.

Definição
Engrenagem é todo elemento composto por uma “dentadura” externa ou inter-
na, com os objetivos de: transmitir potência; transferir movimento sem deslizamen-
to; multiplicar esforços; gerar trabalho.

As engrenagens podem ser de formato cilíndrico (engrenagens cilíndricas), de


formato cônico (engrenagens cônicas), de formato helicoidal (engrenagens helicoi-
dais), ou de formato reto (cremalheiras).

Figura 3 – Engrenagens
Fonte: Getty Images

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Engrenagens Cilíndricas de Dentes Helicoidais (ECDH)

Figura 4 – Engrenagens de pequeno e médio porte


Fonte: Adaptado de Getty Images

Figura 5 – Engrenagem de grande porte


Fonte: Getty Images

Figura 6 – Engrenagens de grande porte para indústria do cimento e de açúcar


Fonte: Adaptado de Getty Images

Classificação
Como já relatado anteriormente, há variados tipos de engrenagens, e entre as
principais podemos destacar:
• Engrenagens Cilíndricas;
• Engrenagens Cônicas;

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• Engrenagens Helicoidais;
• Engrenagens Retas (Cremalheiras);
• Engrenagem Planetárias;
• Parafusos sem fim;
• Outras.

Figura 7 – Engrenagens Cilíndricas Figura 8 – Engrenagens Cônicas


Fonte: Getty Images Fonte: Getty Images

Figura 9 – Engrenagens Helicoidais Figura 10 – Engrenagens Retas (Cremalheiras)


Fonte: Getty Images Fonte: Divulgação

Figura 11 – Engrenagens Planetárias Figura 12 – Parafusos sem fim


Fonte: Divulgação Fonte: Universidade de Aveiro

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Engrenagens Cilíndricas de Dentes Helicoidais (ECDH)

Figura 13 – Outras
Fonte: Divulgação

É bastante óbvio que cada tipo de engrenagem está associado a uma determinada
aplicação. E, para determinar o tipo específico de engrenagem a ser utilizado, devemos
conhecer os carregamentos (as cargas) e as solicitações a que o sistema estará submetido.

Padronização
Todas as engrenagens atualmente são padronizadas quanto ao tamanho e ao
formato do dente. As diretrizes e as normas sobre engrenagens são estabelecidas
por vários institutos de padronização, dentre os quais se destacam: a AGMA –
American Gear Manufacturers Association, a ABNT e a DIN.

Fabricação
Os processos de fabricação mais utilizados para a confecção (manufatura) de
engrenagens são: Usinagem, Fundição e Conformação.

Usinagem
Este processo é divido em dois grupos:
• Usinagem com a utilização de ferramenta: consiste basicamente no uso de
uma fresa chamada de módulo, brochamento, entre outros;
• Usinagem por geração: é o processo mais usado industrialmente, e consiste
no uso de uma fresa caracol (hob) em uma cremalheira de corte, ou outros.

Figura 14 – Processos de usinagem utilizados na construção de engrenagens


Fonte: Acervo do Conteudista

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Fundição
Consiste na deposição / vazamento / injeção de material metálico em estado
líquido em moldes. Entre os processos mais utilizados estão: por gravidade, sob
pressão e em camadas.

Figura 15
Fonte: Acervo do Conteudista

Conformação
As engrenagens são concebidas através do uso dos processos de forjamento,
extrusão, trefilação, laminação ou estampagem.

Figura 16
Fonte: Acervo do Conteudista

Materiais para as Engrenagens


Na fabricação de engrenagens geralmente são utilizados materiais metálicos de
alta resistência, tais como: aço com médio ou baixo teor de carbono laminado a frio
ou a quente, ferro fundido nodular, aço inoxidável, bronze.

Os principais aços padronizados (SAE/AISI) utilizados são: 1020, 1040, 1050,


3145, 3150, 4320, 4340, 8620 e 8640.

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Qualidade das Engrenagens


Conforme especificado na norma DIN, existem 12 qualidades em função da tolerância:
• 01 a 04: para engrenagens de precisão (laboratórios e radares);
• 05: para engrenagens de turbinas, instrumentos de medidas e máquinas operatrizes;
• 06 a 07: para engrenagens comuns, tais como as utilizadas em veículos;
• 08 e 09: para máquinas e equipamentos em geral (pois não são retificadas);
• 10 e 12: para máquinas agrícolas (engrenagens rústicas).

Baseando-se na velocidade periférica, também pode-se determinar a qualidade


de uma engrenagem, conforme a Tabela 1:

Tabela 1
Vel. Per. (m/s) Qualidade
<2 11 a 12
2a3 10 a 11
3a4 9 a 10
4a5 8 a 10
5 a 10 7a9
10 a 15 6a7
> 15 6

Engrenagens Cilíndricas
de Dentes Retos – ECDR
Tipo de engrenagem na qual os dentes são paralelos entre si e em relação ao
eixo. São as engrenagens mais comuns e de mais baixo custo, pois apresentam
maior facilidade de construção.

São utilizadas em transmissões que requerem uma mudança de posição em ser-


viço, pois são engrenagens de fácil engate. São empregadas em transmissões com
baixa rotação, pois emitem mais ruídos.

Figura 17
Fonte: Acervo do Conteudista

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Características geométricas ECDR

Figura 18
Fonte: Acervo do Conteudista

• Circunferência Primitiva: É uma circunferência teórica, na qual todos os cálculos


são baseados. As circunferências primitivas de duas engrenagens acopladas são
tangentes. O diâmetro primitivo é igual ao diâmetro da circunferência primitiva;
• Passo frontal: é o valor correspondente à distância medida entre dois pontos
homólogos ao longo da circunferência primitiva;
• Módulo: todo o dimensionamento de engrenagens no SI (Sistema Internacional)
é baseado nesta dimensão (módulo). Trata-se do quociente entre o diâmetro
primitivo e o número de dentes de uma engrenagem, devendo sempre ser
expresso em milímetros. Duas engrenagens acopladas sempre devem possuir
o mesmo módulo;

Figura 19
Fonte: Acervo do Conteudista

• Passo Diametral: É a medida que corresponde ao módulo no sistema inglês.


Trata-se do número de dentes por polegada;

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Engrenagens Cilíndricas de Dentes Helicoidais (ECDH)

• Altura da Cabeça do Dente ou Saliência: trata-se da distância radial entre a


circunferência primitiva e a circunferência da cabeça;
• Altura do pé ou Profundidade: trata-se da distância radial entre a circunfe-
rência primitiva e a circunferência do pé;
• Altura total do dente: trata-se da soma da altura do pé com a altura da cabeça;
• Ângulo de ação ou de pressão: trata-se do ângulo que define a direção da
força que a engrenagem motora exerce sobre a engrenagem movida;

Figura 20
Fonte: Acervo do Conteudista

• Circunferência de base: trata-se da circunferência em torno da qual são ge-


rados os dentes.
Tabela 2 – Formulário ECDR
Denominação Símbolo Fórmula
do
Número de dentes Z z=
m
t0
Módulo m m=
p
Passo t0 t0 = m . π
t0
Espessura do dente no primitivo S0 S0 = (folga
(Folga nulaanula no flanco)
no flanco)
2
Altura comum do dente h h=2.m
Altura da cabeça do dente hk hk = m
Altura total do dente hz hz = 2,2 . m
Altura do pé do dente hf hf = 1,2 . m
Folga da cabeça Sk Sk = 0,2 . m
Ângulo de pressão α α = 20º
Largura do dente b A ser dimensionado/adotado
Diâmetro Primitivo do do = m . Z
Diâmetro de Base dg dg = do . cos α
Diâmetro externo ou diâmetro do pé do dente df df = do – 2 . hf
Diâmetro externo ou diâmetro da cabeça do dente dk dk = do + 2 . hk
Z 2 do2 n1
Relação de transmissão i i= = =
Z1 do1 n2

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Dimensionamento ECDR
Critério de desgaste ou pressão no flanco do dente
Para dimensionar engrenagens e pinhões com ângulo de pressão α = 20° e nú-
mero de dentes de até 40, utiliza-se a seguinte expressão (para o aço):

æ T ö÷ æç i ± 1 ÷ö
b × d 02 = (5, 72 ×1011 )× çç ÷× ç ÷× fs
èç Padm 2 ø÷ çè i ± 0,14 ø÷

Sinal + é utilizado em engrenamentos externos;

Sinal - é utilizado em engrenamentos internos (planetários).


• Onde:
» 5,72 . 1011 Pa = N/m2, Ajustar quando utilizar comprimento em
mm = 5,72 . 105 N/mm2
» b: Largura do dente [m], [mm];
» d0: Diâmetro primitivo [m], [mm];
» T: Torque ou movimento torçor [N . m], [N . mm];
» Padm: Pressão admissível [Pa = N/m2], [N/mm2];
» t: relação de transmissão Z2/Z1, D02/D01, N1/N2 [adimensional];
» fs ou ϕ: Fator de serviço (tabelado) [adimensional].

Pressão Admissível (Padm)

æ 0, 487 × HB ö÷
Padm = çç ® é Pa = N / m 2 ùúû , éêë N / mm 2 ùúû
çè W 1/6 ÷ø÷ êë

• Onde:
» HB: dureza Brinell [Pa = N/m2], [N/mm2];
» W: Fator de durabilidade [Asimensional].

Fator de Durabilidade (W)

æ 60 × n p × h ÷ö
W = çç ÷
çè 106 ÷÷ø

• Onde:
» np: rotação do pinhão [rpm];
» h: duração do par [horas] – (Normalmente entre 104 a 105 horas).

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Tabela 3 – Tabela de Dureza Brinell


Material HBrinell N/mm2 GPa
Aço fundido 1500-2500 1,5-2,5
Aço SAE 1020 1400-1750 1,4-1,75
Aço SAE 1040 2200-2600 2,2-2,6
Aço SAE 4320 2000-4200 2,0-4,2
Aço SAE 4340 2600-6000 2,6-6,0
Aço SAE 8620 1700-2700 1,7-2,7
Aço SAE 8640 2000-6000 2,0-6,0
Aço fundido cinzento 1200-2400 1,2-2,4
Aço fundido nodular 1100-1400 1,1-1,4

1N/mm2 = 1000000 N/m2

Relação entre a largura da engrenagem e o diâmetro primitivo (b/d0):

b/d0≤1,2 b/d0≤0,75
Biapoiada Em balanço

Módulos Normalizados (m)


Tabela 4
Módulo [mm] Incremento [mm]
0,3 à 1,0 1,0
1,0 à 4,0 0,25
4,0 à 7,0 0,50
7,0 à 16,0 1,00
16,0 à 24,0 2,00
24,0 à 45,0 3,00
45,0 à 75,0 5,00

Se o módulo calculado estiver na faixa de 1,0 a 4,0 mm, os módulos normalizados


serão: 1,0; 1,25; 1,5; 1,75; [...]; 3,5; 3,75; 4,0. Como pode-se verificar, há um
acréscimo (incremento) de 0,25 para os módulos normalizados neste intervalo.

Critério de Resistência à Flexão no Pé do Dente


O critério de desgaste por si só não é suficiente para se dimensionar uma engre-
nagem. Torna-se necessário a verificação da flexão no pé do dente. A engrenagem
somente estará apta para suportar os esforços provenientes da transmissão quando
a tensão que atua no pé do dente for menor ou igual à tensão admissível limite do
material indicado.

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Forças atuantes

Figura 21
• Carga Tangencial (Ft): esta carga é a responsável pela movimentação das
engrenagens; trata-se também da carga que causa o momento fletor (flexão)
no pé do dente, tendendo a rompê-lo. A força tangencial (Ft) é determinada
pela equação:

T 2×T
Ft = =
r0 d0

» Onde:
» Ft: Força tangencial [N];
» T: Torque [N.mm];
» r0: raio primitivo [mm];
» d0: dâmetro primitivo [mm].

Figura 22
• Carga Radial (Fr): Esta carga é a que age na direção radial da engrenagem, e
é obtida pela tangente do ângulo de pressão α:

Fr
tg a = ® Fr = Ft × tg a
Ft

» Onde:
» Fr: Força radial [N];
» Ft: Força tangencial [N];
» α: ângulo de pressão [graus];

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• Carga Resultante (Fn): Como o próprio nome diz, é a carga resultante das
componentes radial e tangencial, sendo obtida por Pitágoras:
Ft Ft
® Fn = cos a =
Fn cos a
Fr Fr
2 2 sena = ® Fn =
Fn = Ft + Fr   ou   Fn sena

• Tensão de Flexão no Pé do Dente (σmáx): Como já comentado anteriormente,


a tensão que age no pé do dente deverá sempre ser menor ou igual à tensão
admissível limite do material indicado. Se isto não ocorrer, estará evidenciado
um subdimensionamento, e haverá falha do material (provável ruptura).

A equação que estipula a intensidade da tensão é:


Ft × q × j
smáx = £ smaterial
b× m
»» Onde:
»» σmáx: Tensão máxima atuante na base do dente [Pa = N/mm2] [N/mm2];
»» Ft: Força tangencial [N];
»» m: Módulo normalizado [m] . [mm];
»» b: Largura do dente [m] . [mm];
»» ϕ: Fator de serviço (tabelado) [adimensional];
»» q: Fator de forma (tabelado) [adimensional].
• Fator de Forma (q): é um coeficiente que depende do tipo de engrenamento
(externo ou interno) e do número de dentes. Utiliza-se da interpolação para se
obter o valor correto de “q” quando temos um valor intermediário de dentes.

Tabela 5
Engrenamento Externo
N. de dentes 10 18 24 40 80 100
q 5,2 3,5 3,2 2,9 2,6 2,5
Engrenamento Interno
N. de dentes 20 30 50 70 100 200
q 1,7 1,9 2,1 2,2 2,3 2,4

Tensão admissível Flexão


Fator de Serviço (ϕ)
(σmat) Material MPa (N/mm2)
Aplicação Serviço 10h/24h FoFo cinzento 40
Agitadores 1,0-1,25/1,25-1,5 FoFo nodular 80
Alimentadores 1,25-1,75/1,5-2,0 Aço fundido 90
Bombas 1,0-1,15/1,25-1,5 SAE 101/1020 90
Transmissões 1,0-1,25/1,25-1,5 SAE 1040/1050 120
Eq. Ind. Polpa de Papel 1,0-1,75/1,25-3,0 SAE 4320/4340 170
Eq. Conversão de Madeira 1,25-1,75/1,5-2,0 SAE 8620/8640 200

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Exercício de Fixação – ECDR
Deve-se dimensionar um par de engrenagens cilíndricas de dentes retos de forma a
trabalhar, com segurança, em um eixo de transmissão que recebe um carregamento
uniforme por um período (tempo
de serviço) de 10 horas diárias
no máximo. Um motor com
potência de 11KW e rotação de
1140 rpm é o responsável pelo
acionamento desta transmissão.
O material da engrenagem deverá
ser o SAE 4340. Considerar b/
d0=0,25 α=20° Z1=12 dentes
(pinhão) Z2=38 dentes (coroa).
Desconsiderar as perdas. Figura 23

• Torque no pinhão
P
T

11000
T
2 . . N
60
T  92,14 N . m

• Relação de transmissão
Z2
i=
Z1
38
i=
12
i = 3,16

• Fator de durabilidade
60 . N . h
W =
106
60 . 1140 . 104
W =
106
W = 684

• Pressão admissível
0, 487 . HB
Padm = 1
W6
Padm = 984 . 106
N
Pa =
m2

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Engrenagens Cilíndricas de Dentes Helicoidais (ECDH)

• Fator de serviço (obtido por tabela): O fator de serviço para um eixo de


transmissão, carregamento uniforme, funcionamento de 10h diárias é igual a
1-1,25. Será adotado o valor de Fs = 1,2.
• Volume mínimo
 T i 1 
b . d 02  5, 72 . 1011 .  .  .
  P   i  0,14  
2
 adm 
 
92,14 3,16  1 
b . d 02  5, 72 . 1011 .  . . 1, 2
 984 . 106 2  3,16 . 0,14  
  
b . d 02  5, 72 . 1011 .  9, 51 . 1017  . 1, 26 . 1, 2
b . d 02  8, 2248 . 105 m3
b . d 02  82248 mm3

• Módulo do engrenamento (Pinhão):


b.d0² = 8,2248 . 10 – 5m³ = 82248mm3 (1)
b/d0 = 0,25 → b = 0,25 . d0 (2)

»» Substituindo 2 em 1:

0, 25 . d 0 . d 02  8, 2248 . 105
8, 2248 . 105
d 03 
0, 25
d 0  0, 069m  69mm

d0
m
Z
69
m
12
m  5, 75  0, 00575m

O módulo normalizado (Tabelado) mn = 2,00-2,25-2,50- [...] Utilizaremos


m = 5 mm = 0,005 m.

Devido à normalização do módulo, devemos redimensionar o diâmetro primitivo:

d0n = mn . Z1

d0n = 5 . 12

d0n = 60 mm = 0,06m

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• Com o diâmetro primitivo recalculado, obtém-se o valor da largura:
b . d 0n 2 = 82248 mm3
82248
b=
602
=b 22 = , 8 mm 0, 0228m

• Verificação da resistência no pé do dente quanto à flexão:


T
Ft = 2 .
d 0n
92140
Ft = 2 .
60
Ft = 3071, 3 N

• Obtenção do fator de forma (q): Como o pinhão possui 12 dentes, pela tabe-
la o fator “q” será igual 5,0. Tensão máxima que age no pé do dente:
Ft . q . 
 máx    mat
b . mn
3071, 3 . 5 . 1
 máx 
22 . 8 . 5
 máx  134, 7 N / mm 2  134, 7 Mpa

• Análise do dimensionamento: material: Aço σmáx = 130N/mm² – 130Mpa.


Como a tensão calculada (σmáx = 134,7N/mm² = 134,7Mpa) é superior à
tensão admissível limite do material, o pinhão deverá ser redimensionado;
• Redimensionamento: Poderíamos adotar as seguintes hipóteses:
1. Uso de um material mais resistente. Por exemplo, utilizar aço SAE 8620,
pois σmat = 200N/mm² – 200MPa;
2. Alteração de alguma dimensão geométrica da engrenagem, tais como:
largura, diâmetro primitivo, módulo, entre outros.

A melhor opção, muitas vezes, é a 2, mantendo-se o módulo e redimensionando-


se a largura (b), utilizando a tensão admissível do material (SAE4340). Como:
130 N
 mat   130 Mpa
mm 2

Ft . q. 
b
mn .  4340
3071, 3 . 5. 1
b
5 . 130
b  23, 6mm  0, 0236m

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UNIDADE Engrenagens Cilíndricas de Dentes Retos (ECDR) e
Engrenagens Cilíndricas de Dentes Helicoidais (ECDH)

• Nova relação b/d0:


b 23, 6
=
d0 60
b
= 0, 393
d0
b
»» Segundo as orientações: Para engrenagens biapoiadas ≤ 1, 2
d0
»» Como 0,393 < 1,2 a engrenagem está dentro das especificações.

Tabela 6 – Características geométricas do Pinhão


Módulo normalizado mn 5mm
Passo t0=mn.π 15,7mm
Vão entre os dentes lo=t0/2 7,8mm
Altura da cabeça hk=mn 5mm
Altura comum do dente h=2mn 10mm
Altura total do dente hz=2,2.mn 11mm
Espessura do dente S0=t0/2 3,9mm
Folga da cabeça Sk=0,2.mn 1mm
D. Primitivo d0=mn.Z 60mm
D. Base dg=do.cosα 56,3mm

• Características da Coroa

b = 23,6mm Se i = 3,16 = d02/d01 d02 = 3,16 * 60 = 189,6mm

Engrenagens Cilíndricas
de Dentes Helicoidais – ECDH

Figura 24 Figura 25 – Características Geométricas ECDH

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Tabela 7 – Formulário ECDH
Denominação Símbolo Fórmula
do
Número de dentes Z z=
m
tn0
Módulo normal mn mn =
p
mn
Módulo frontal ms ms =
cos b0
Passo frontal ts0 ts0 = ms . ρ
Passo Normal tn0 tn0 = ms . π
ts0
Espessura do dente frontal Ss0 Ss0 = (folga nula do flanco)
2
ts0
Vão entre dentes frontal Ls0 Ls0 = (folga nula do flanco)
2
tn0
Espessura do dente normal Sn0 Sn0 = (folga nula do flanco)
2
tn0
Vão entre dentes normal Ls0 Ln0 = (folga nula do flanco)
2
Altura comum do dente h h = 2 . mn
Altura da cabeça do dente hk hk = mn
Altura total do dente hz hz = 2,2 . mn
Altura do pé do dente hf hf = 1,2 . mn
Folga da cabeça Sk Sk = 0,2 . mn
do 2A
Ângulo da hélice β0 sec b0 = =
Zmn Z1× mn (i + 1)
Ângulo de pressão normal αn0 αn0 = 20º DIN 867
tg an0
Ângulo de pressão formal αs0 tg a s0 =
cos b0
Largura do dente b A ser dimensionado/adotado
Z1 + Z 2
Distância entre centros A A= ms
2

Raio imaginário medido r0


rn rn =
no plano Normal cos 2 b0

Número imaginário Z
Zi Zi =
de dentes cos3 b0

25
25
UNIDADE Engrenagens Cilíndricas de Dentes Retos (ECDR) e
Engrenagens Cilíndricas de Dentes Helicoidais (ECDH)

Denominação Símbolo Fórmula


Avança de dente S S = b . tgβ0
Diâmetro Primitivo do do = ms . Z
Diâmetro de Base dg dg = do . cosαs0
Diâmetro interno ou diâmetro
df df = do – 2 . hf
do pé de dente
Diâmetro externo ou
dk dk = do + 2 . hk
diâmetro de cabeça de dente

Dimensionamento – ECDH
Critério de desgaste no flanco do dente
Mt i ±1
b1 × do12 = 2 × f 2 2
×
P ×j p i
adm

Figura 26

O sinal positivo “+” é utilizado em engrenagens externas. O sinal negativo “-“ é


utilizado em engrenamentos internas (planetários).
• Onde:
»» b1 = largura do dente do pinhão [cm];
»» do1 = diâmetro primitivo do pinhão [cm];
»» f = fator de características elásticas do par (consultar tabela);
»» Mt = momento torçor no pinhão [kgf cm];
»» Padm = pressão admissível [kgf cm2];
»» i = relação de transmissão;
»» φp = fator de correção de hélice (consultar tabela).

Tabela 8 – Fator de Características elásticas f


Material E [ kgf/cm2] Fator f
Pinhão de aço E = 2,1 x 106
1512
Cora de aço E = 2,1 x 106
Pinhão de aço E = 2,1 x 106
1234
Coroa de FoFo E = 1,05 x 106
Pinhão de FoFo E = 1,05 x 106
1069
Coroa de FoFo E = 1,05 x 106

26
Tabela 9 – Fator φp – Fator de correção da hélice.
Obtido através do ângulo de correção de hélice βo
φp 1,00 1,11 1,22 1,31 1,40 1,47 1,54 1,60 1,66 1,71
βo 0º 5º 10º 15º 20º 25º 30º 35º 40º 45º

Critério de resistência à flexão


Ft × q
s= £ s adm
b × mn ejr

• Onde:
Tabela 9
» Ft: Força tangencial [kgf];
e Serviço
» q: Fator de forma;
0,8 Serviços pesados
» b: Largura do pinhão [cm]; 1,0 Serviços normais
» mn: Módulo normal [m]; 1, Serviços leves
» e: Fator de carga.

Tabela 10 – Fator de correção de hélice


φp 1,00 1,2 1,28 1,35 1,36
βo 0º 5º 10º 15º a 25º 25º a 45º

Figura 27 – Esforços atuantes nas transmissões por ECDH

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UNIDADE Engrenagens Cilíndricas de Dentes Retos (ECDR) e
Engrenagens Cilíndricas de Dentes Helicoidais (ECDH)

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Elementos de Máquinas 1 e 2 – Módulos Especiais Mecânica
GORDO, N.; FERREIRA, J. Elementos de Máquinas 1 e 2 – Módulos Especiais
Mecânica – Apostila do SENAI – Telecurso 2000.
Elementos de máquinas de Shigley
BUDYNAS, R.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 4ª edição.
Porto Alegre: Grupo GEN. 2006. (e-Book)
Elementos de máquinas
CHAGAS, G. M. P. Elementos de máquinas – Apostila - IFSC (Instituto Federal de
Santa Catarina) 3ª. Edição. Jaraguá do Sul: IFSC, 2009
Projeto de Componentes de Máquinas
JUVINALL, R. C.; MARSHEK, K. M. Projeto de Componentes de Máquinas, 4ª
edição. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2007. (e-Book)
Mecânica Técnica e Resistência dos Materiais
MELCONIAN, S. Mecânica Técnica e Resistência dos Materiais. São Paulo: Editora
Saraiva. 2012. (e-Book)
Elementos de máquina em projetos mecânicos
MOTT, R.L. Elementos de máquina em projetos mecânicos. 5ª edição. São Paulo:
Pearson 2015. (e-Book)
Desenho Técnico Moderno
SILVA, A.; RIBEIRO, C. T.; DIAS, J.; SOUSA, L. Desenho Técnico Moderno,
4ª edição. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2006. (e-Book)
Avaliação da Confiabilidade de Novos Produtos
TERUEL, M. L. Avaliação da Confiabilidade de Novos Produtos. Dissertação de
Mestrado – FEI São Bernardo do Campo, 2012.

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Referências
COLLINS, A.; BUSBY, J.; HENRY, R.; STAAB, G. H. Projeto Mecânico de
Elementos de Máquinas. São Paulo: LTC, 2006.

JUVINALL, R. C.; MARSHEK, R. Projeto de Componentes de Máquinas. 4ª


edição. São Paulo: LTC, 2007.

MELCONIAN, S. Elementos de Máquinas. 10ª. Edição. São Paulo: Editora


Érica. 2005.

NORTON, R. L. Projeto de Máquinas: Uma Abordagem Integrada. 2ª edição.


Porto Alegre: Bookman, 2007.

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