Você está na página 1de 29

ELEMENTOS DE MÁQUINAS

Prof. Eng. Wladimir Borges


ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II

1
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
INTRODUÇÃO
Como já vimos nos estudos anteriores, que os elementos de transmissão são CARACTERÍSTICAS DE TRANSMISSÃO POR ENGRENAGENS
muito importantes no movimento e transmissão de potência das máquinas. Nesta
apostila, abordaremos as engrenagens, cames, disco ou roda de atrito e • as mais utilizadas em equipamentos mecânicos (83%)
acoplamentos. • acionam eixos paralelos, concorrentes ou reversos
• grande faixa de uso quanto à potência, rotação e relação de
transmissão (de brinquedos a transmissão de navios)
Transmissão por engrenagens
• transmissão de potência sem escorregamento
As engrenagens, também chamadas rodas dentadas, são elementos básicos na
transmissão de potência entre árvores. Elas permitem a redução ou aumento do • alto rendimento
momento torsor (torque), com mínimas perdas de energia, e aumento ou redução • segurança de funcionamento
de velocidades, sem perda nenhuma de energia, por não deslizarem. • resistência às sobrecargas
A mudança de velocidade e torque é feita na razão dos diâmetros primitivos das • dimensões reduzidas para distância entre centros pequena
rodas dentadas. Aumentando a rotação, o momento torsor diminui e vice-versa. • vida útil elevada
Assim, num par de engrenagens, a maior delas terá sempre rotação menor e • pouca manutenção
transmitirá momento torsor maior. A engrenagem menor tem sempre rotação mais • rigidez na transmissão
alta e momento torsor menor, devido à fórmula: • alto custo
71620.CV • alto nível de ruído.
τ= kgf cm
RPM TIPOS DE CORPOS DE ENGRENAGENS
O movimento dos dentes entre si processa-se de tal modo que no diâmetro
primitivo não há deslizamento, havendo apenas aproximação e afastamento. Nas
demais partes do flanco existem ação de deslizamento e rolamento. Daí conclui-se
que as velocidades periféricas (tangenciais) dos círculos primitivos de ambas as
rodas são iguais (lei fundamental do dentado).

2
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
Tipos de engrenagem
Existem vários tipos de engrenagem, que são escolhidos de acordo com sua
função. Vejamos os tipos mais comuns.

 Engrenagens cilíndricas
Engrenagens cilíndricas têm a forma de cilindro e podem ter dentes retos ou
helicoidais (inclinados):

Para produzir o movimento de rotação as rodas


devem estar engrenadas. As rodas se engrenam
quando os dentes de uma engrenagem se
encaixam nos vãos dos dentes da outra
engrenagem. Os dentes helicoidais são paralelos entre si, mas oblíquos em relação ao eixo
da engrenagem. Transmitem rotação tantos para eixos paralelos como
reversos. Já os dentes retos são paralelos entre si e paralelos ao eixo da
engrenagem. As engrenagens cilíndricas servem para transmitir rotação entre
eixos paralelos, como mostram os exemplos.

Quando um par de engrenagens tem rodas


de tamanhos diferentes, a engrenagem
maior chama-se coroa e a menor chama-se
pinhão.

3
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
Engrenagem cilíndrica com dentes em V usual de todos, por essa razão, é o que mais nos deteremos. É obtido
Conhecida também como engrenagem espinha de peixe. Possui dentado dividindo-se o Dp pelo número de dentes (Z), ou o passo (P) por π .
helicoidal duplo com uma hélice à direita e outra à esquerda. Isso permite a  O sistema PITCH ou diametral pitch é semelhante ao módulo e é
compensação da força axial na própria engrenagem, eliminando a necessidade de definido como sendo o número de dentes por polegada do diâmetro
compensar esta força nos mancais. Para que cada parte receba metade da carga, primitivo. Corresponde ao inverso do módulo.
a engrenagem em espinha de peixe deve ser montada com precisão e uma das
árvores deve ser montada de modo que flutue no sentido axial. Usam-se grandes Elementos Básicos de uma Engrenagem para o sistema módulo:
inclinações de hélice, geralmente de 30 a 45º. Pode ser fabricada em peça única
ou em duas metades unidas por parafusos ou solda. Neste último caso só é
admissível o sentido de giro no qual as forças axiais são dirigidas uma contra a
outra.

 Engrenagens cônicas
Engrenagens cônicas são aquelas que têm forma de tronco de cone. Podem ter
eixos concorrentes ou não. Vejamos os tipos;

Onde:
 (m) Módulo
O módulo é o número que serve de base para calcular a dimensão dos
Dp P
Sistemas dentes. M = ou M =
Existem dois tipos de sistemas construtivos de engrenagens. O sistema PITCH e Z π
o sistema MÓDULO.  (Z) número de dentes da engrenagem
 O sistema MÓDULO ou simplesmente módulo é o número que serve de  (De) Diâmetro externo
base para calcular as dimensões dos dentes da engrenagem. É o mais É o diâmetro máximo da engrenagem De = m (z + 2).
 (Di) Diâmetro interno
É o diâmetro menor da engrenagem.
4
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
 (Dp) Diâmetro primitivo
É o diâmetro intermediário entre De e Di. Seu cálculo exato é Dp= De - 2m.
 (C) Cabeça do dente
É a parte do dente que fica entre Dp e De.
 (f) Pé do dente
É a parte do dente que fica entre Dp e Di.
 (h) Altura do dente
( De − Di )
É a altura total do dente h = ou h = 2,166.m
2
 (e) Espessura de dente
É a distância entre os dois pontos extremos de um dente, medida à altura do Dp.
 (V) Vão do dente
É o espaço entre dois dentes consecutivos. Não é a mesma medida de e.
 (P) Passo
Medida que corresponde à distância entre dois dentes consecutivos, medida no
Dp.

Visualização do módulo

Ângulo de pressão
Os pontos de contato entre os dentes da engrenagem motora e movida estão
ao longo do flanco do
dente e, com o
movimento das
engrenagens,
deslocam-se em uma
linha reta, a qual forma,
com a tangente comum
às duas engrenagens,
um ângulo. Esse ângulo
é chamado ângulo de
pressão (α ) , e no
sistema modular é
utilizado normalmente
com 200ou 15º.
5
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
Obs.: Na fabricação de engrenagens, o perfil dos dentes é padronizado. Os
Vejamos o exemplo: dentes são usinados por ferramentas chamadas fresas. A escolha da fresa
1. Para a figura abaixo, responda; depende da altura da cabeça e do número de dentes da engrenagem. Por
isso, não há interesse em representar os dentes nos desenhos.

Representação dos dentes


Quando, excepcionalmente, for necessário
representar um ou dois dentes, eles devem
ser desenhados com linha contínua larga.
a) Qual é a medida do passo da engrenagem?
b) O que representa a cota 600?
c) Qual a medida da altura do dente?
d) Qual a espessura do dente?
e) Qual o módulo e o número de dentes?
f) Qual o diâmetro primitivo?
Entretanto, nas representações em corte, os dentes atingidos no sentido
REPRESENTAÇÃO longitudinal devem ser desenhados. Nesses casos, os dentes são
representados com omissão de corte, isto é, sem hachura. Observe os dentes
As engrenagens são representadas, nos representados nas vistas laterais, em meio-corte, das engrenagens a seguir.
desenhos técnicos, de maneira
normalizada. Como regra geral, a
engrenagem é representada como uma
peça sólida, sem dentes. Apenas um
elemento da engrenagem, o diâmetro
primitivo, é indicado por meio de uma linha
estreita de traços e pontos, como mostra o
desenho.

6
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
Analise as vistas de cada engrenagem e veja que, na vista frontal e na parte não Representação de Conjuntos Engrenados
representada em corte da vista lateral, a raiz do dente não aparece representada.
Na parte em corte da vista lateral, a raiz do dente aparece representada pela linha As mesmas regras para a
contínua larga. Caso seja necessário representação de
representar a raiz do dente da engrenagem engrenagens que você
em uma vista sem corte, deve-se usar a linha aprendeu até aqui valem para
contínua estreita, como no desenho seguinte. a representação de pares de
engrenagens ou para as
representações em desenhos
de conjuntos. Quando o
engrenamento acontece no
mesmo plano, nenhuma das
engrenagens encobre a outra. Observe no desenho da engrenagem helicoidal
côncava e da rosca sem-fim que todas as linhas normalizadas são
representadas.

Quando, na vista lateral da engrenagem, aparecem representadas três linhas O mesmo acontece no engrenamento das engrenagens cilíndricas a seguir.
estreitas paralelas, essas linhas indicam a direção de inclinação dos dentes Observe que no engrenamento de duas engrenagens cilíndricas de dentes
helicoidais. helicoidais, o sentido do dente de uma deve ser à direita e da outra, à
esquerda.

Quando uma das engrenagens está localizada em frente da outra, no


desenho técnico, é omitida a parte da engrenagem que está encoberta. As
duas engrenagens cônicas, representadas a seguir, encontram-se nessa
situação. Note que, nesse exemplo, o pinhão encobre parcialmente a coroa.
Apenas o diâmetro primitivo da coroa é representado integralmente.
7
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II

CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS:

8
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
MATERIAIS Esta engrenagem tem passo normal (Pn) e passo circular (Pc), e a hélice
Os materiais mais usados na fabricação de engrenagens são: aço-liga fundido, apresenta um ângulo de inclinação ( β ).
ferro fundido, cromo-níquel, bronze fosforoso, alumínio, náilon. Para obter uma relação entre o passo normal (Pn), o passo circular (Pc) e o
CARACTERÍSTICAS E CÁLULOS DE ENGRENAGENS HELICOIDAIS ângulo de inclinação da hélice ( β ), retire um triângulo retângulo da última
ilustração.
Principais características:
 Apresentam maior número de dentes em contato
 Mais silenciosas
 Resistem a maiores potências numa mesma largura
 Relação de transmissão: até 8 (limite prático: 5)
 Potência: até 25.000 Cv
 Rotação: até 100.000 RPM
 Velocidade tangencial: até 200 m/s
 Rendimento: 99% (dentes retos) a 97% (helicoidais).

Por suas características as engrenagens com dentes helicoidais são usadas em


sistemas mecânicos, como caixas de câmbio e redutores de velocidade, que
exigem alta velocidade e baixo ruído. Pn
Neste triângulo, temos cos β = e que Pn = Mn.π e Pc = Mf .π
Pc

Onde : Mn → módulo normal; Mf → módulo frontal

Mn
Assim : cos β = → Mn = Mf . cos β
Mf

O diâmetro primitivo (Dp) da engrenagem helicoidal é calculado pela divisão


do comprimento da circunferência primitiva por π (3,14).
O comprimento da circunferência primitiva (Cp) é igual ao número de dentes
(Z) multiplicado pelo passo circular (Pc).
Assim, Cp = Z · Pc
Cp
Logo, o diâmetro primitivo é dado por Dp =
π
Como Cp = Z . Pc,
Z .Pc Z .Mf .π
temos Dp = e Pc = Mf .π → Dp = → Dp = Z .Mf
π π
9
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
Mn
Como Mn = Mf . cos β → Mf = Como podemos observar,
Cosβ
Mn.Z Dp1 + Dp 2
Z .Mn Dp = d= e que De = Dp + 2 Mn → Dp = De − 2 Mn
Substituindo : Dp = , ficando então : 2
cos β cos β
( De1 − 2 Mn) + ( De2 − 2 Mn)
Lembrando ainda que se pode obter o “Dp” através da fórmula do “De”. Assim : d = , ficando :
2
Dp = De − 2 Mn → De = Dp + 2 Mn
De1 + De 2 − 2 d
Mn =
Vejamos a situação problema: 4
A máquina de uma empresa se quebrou. O mecânico de manutenção foi
chamado. Depois de desmontá-la, identificou o defeito: a engrenagem helicoidal
Com os valores obtidos determinamos Mn, através da fórmula acima.
estava quebrada. O mecânico comunicou o defeito ao supervisor, que determinou
que ele fizesse uma nova engrenagem. E agora?
E se você estivesse no lugar do mecânico, saberia calcular as dimensões da De1 + De2 − 2d 125,26 + 206,54 − 2 x160,4
Mn = = = 2,75
engrenagem? 4 4
Solução: Mediu o diâmetro externo das duas engrenagens (De1 e De2) e a Para achar “Dp1”: Dp = De − 2 Mn → Dp1 = 125,26 − 2 x 2,75 = 119,76
distância entre os seus centros (d). Depois contou o número de dentes (Z1 e Z2)
das duas engrenagens. Com esses dados vamos calcular o módulo normal (Mn) Mn.Z
da engrenagem quebrada. Para determinar o ângulo da hélice, usaremos a fórmula; Dp =
cos β
Mn.Z 2,75 x 28
assim, cos β = → cos β = = 0,6429 → β = 50 o
Dp 119,76
Faça o exemplo:
Calcular o módulo normal (Mn), o diâmetro primitivo (Dp) e o ângulo de
inclinação da hélice ( β ) de uma engrenagem helicoidal, sabendo que o
diâmetro externo medido é De1 = 206,54 mm e tem 56 dentes, o diâmetro
externo da engrenagem acoplada é De2 = 125,26 mm e a distância entre os
centros é d = 160,4 mm.

Vamos supor que os valores obtidos pelo mecânico são:


 De1 = 125,26 mm (engrenagem quebrada)
 De2 = 206,54 mm ALTURA DO PÉ DO DENTE
 d = 160,4 mm A altura do pé do dente (b) depende do ângulo de pressão ( θ ) da
 Z=28 (engrenagem quebrada) engrenagem.
10
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
Veja, a seguir, a localização do ângulo de pressão θ Cálculo da altura total do dente (h)
h=a+b
Os ângulos de pressão mais comuns usados na onde:
construção de engrenagens são: 14º30', 15º e 20º. a = altura da cabeça do dente (a = 1 · Mn)
Para θ = 14º30' e 15º, usa-se a fórmula: b = altura do pé do dente
Para ângulo de pressão θ = 20º, temos:
b = 1,17 · Mn h = 1 · Mn + 1,25 · Mn
h = 2,25 · Mn
Para θ = 20º, usa-se E para ângulo de pressão θ = 14º30' e 15º, temos:
h = 1 · Mn + 1,17 · Mn
b = 1,25 · Mn h = 2,17 · Mn

EXEMPLO
Façamos um exemplo: Calcular a altura total do dente (h) de uma engrenagem helicoidal de módulo
Calcular a altura do pé do dente (b) para a engrenagem helicoidal de módulo normal Mn = 2,75 e ângulo de pressão θ = 20º.
normal Mn = 2,75 e ângulo de pressão θ = 15º. Fórmula:
Utilizando: h = 2,25 · Mn
b = 1,17 · Mn e substituindo os valores, temos: Substituindo o valor de Mn, temos:
b = 1,17 · 2,75 h = 2,25 · 2,75
b = 3,21 mm
Cálculo para engrenagem cônica
Cálculo do diâmetro interno (Di) Numa engrenagem cônica, o diâmetro externo (De) pode ser medido, o
Di = Dp - 2b ou número de dentes (Z) pode ser contado e o ângulo primitivo (d) pode ser
Di = Dp - 2,50 . Mn (para θ = 20º) e calculado. Na figura a seguir podemos ver a posição dessas cotas.
Di = Dp - 2,34 · Mn (para θ = 14º30' ou 15º)

EXEMPLO
Calcular o diâmetro interno (Di) para a engrenagem helicoidal de módulo normal
Mn = 2,75, diâmetro primitivo Dp = 201,04 mm e ângulo de pressão q = 14º30'.
Fórmula: Di = Dp - 2,34 · Mn
Substituindo os valores na fórmula, temos:
Di = 201,04 - 2,34 · 2,75
Di = 201,04 - 6,43
Di = 194,61 mm

11
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
O diâmetro externo (De) é dado pela fórmula Solução:
É necessário calcular primeiro o ângulo primitivo ( δ ) da engrenagem que será
De = Dp + 2.M cos δ construída.
Z
Onde: Assim, tg δ =
Dp é o diâmetro primitivo e M é o módulo. Za
O diâmetro primitivo (Dp) é dado por 30
tgδ = = 0,25 → δ ≅ 14 o 2'
Dp = M · Z 120
Onde:
Z é o número de dentes Agora podemos calcular o módulo, aplicando a fórmula (C):
O ângulo δ é dado pela fórmula De
Z M =
tg δ = Z + 2. cos δ
Za
Onde:
Z é o número de dentes da engrenagem que será construída; Substituindo os valores, temos:
Za é o número de dentes da engrenagem que será acoplada. 63,88 63,88 63,88
M = o
= = =2
A partir dessas três fórmulas, podemos deduzir a fórmula do módulo (M) e 30 + 2. cos14,0333 30 + 2 x0,97 31,94
encontrar o seu valor. Vamos definir, agora, os ângulos da cabeça e do pé do dente.
Assim,
De = Dp + 2.M cos δ (A)

Como Dp = M · Z, podemos substituir na fórmula (A)


Logo De = M · Z + 2M · cos δ
Reescrevendo, temos:
De = M (Z + 2 · cos δ ) (B)
Isolando o módulo, temos:
De
M = (C)
Z + 2. cos δ
Vejamos o exemplo.
Vamos, então, calcular o módulo da engrenagem, Onde:
sabendo que: γ → ângulo da cabeça do dente
De = 63,88 mm (medido)
Z = 30 (da engrenagem que será construída) ψ → ângulo do pé do dente
Za = 120 (da engrenagem que será acoplada)
δ → ângulo primitivo

12
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
O ângulo do dente γ é calculado pela fórmula: Mais dois ângulos são necessários para a construção da engrenagem cônica.
Um deles é o ângulo ( ω ), que será utilizado para o torneamento da superfície
2.senδ cônica do material da engrenagem. O ângulo ω é o ângulo de inclinação do
tgγ =
Z carro superior do torno para realizar o torneamento cônico do material.
Já o ângulo do pé do dente ψ é calculado de acordo com o ângulo de pressão α :
 Para um ângulo de pressão α = 14 O 30' ou α = 15 O
2,33.senδ
tgψ =
Z
 Para um ângulo de pressão α = 20 O
2,5.senδ
tgψ =
Z
O ângulo ( ω ) é igual à soma do ângulo primitivo ( δ ) mais o ângulo da
Podemos agora calcular o ângulo do pé do dente ψ e o ângulo da cabeça do dente
cabeça do dente ( γ ).
que é o γ , no exemplo a seguir:
Logo, ω = δ + γ
Substituindo os valores na fórmula, temos:
Exemplo:
ω = 14 O 2'+56' = 14 O 58'
Calcular o ângulo do pé do dente ψ e o ângulo da cabeça do dente γ .
Dados: O outro importante ângulo ( σ ) é o ângulo em que o fresador deve inclinar o
δ - ângulo primitivo (14º2') cabeçote divisor para fresar a engrenagem cônica.
Z = 30 dentes
α = 14º30' (ângulo de pressão)

Aplicando a fórmula para calcular γ

2.senδ 2.sen14,0333 2 x 0,242486349


tgγ = = = = 0,0161657 → γ ≅ 56'
Z 30 30

Para calcular ψ
2,33.senδ 2,33sen14,033 2,33 x0,242486349
tgψ = = = = 0,018833 → ψ = 1,0789 O ou ψ ≅ 1O 5'
Z 30 30 O ângulo ( σ ) é igual ao ângulo primitivo ( δ ) menos o ângulo do pé do dente
(ψ ).

13
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
Assim, σ = δ − ψ O parafuso com rosca sem fim ou simplesmente parafuso sem fim, pode ter
Substituindo os valores na fórmula, temos: mais de uma entrada (filetes). O número de entrada aumenta o avanço
σ = 14º2' - 1º5'= 12º57' (deslocamento axial) quando se imprime uma volta completa, como podemos
perceber nas figuras a seguir:

Está faltando ainda calcular a altura total do dente (h).


h=a+b
onde: a = altura da cabeça do dente
a=M
b = altura do pé do dente
b = 1,25 · M (para ângulo de pressão α = 20º)
b = 1,17 · M (para ângulo de pressão α = 14º30' ou 15º)
Como M = 2 então, a = 2 mm
b = 1,17 · 2
Logo, b = 2,34 mm
Como h = a + b
temos: h = 2 + 2,34 Portanto, h = 4,34 mm

Você viu os principais cálculos para construir uma engrenagem cônica.

CONJUNTO SEM FIM X COROA


A coroa e o parafuso com rosca sem-fim compõem um sistema de transmissão
muito utilizado na mecânica, principalmente nos casos em que é necessária
redução drástica de velocidade ou um aumento de força, como nos redutores de
O número de entradas do parafuso tem influência no sistema de transmissão.
velocidade, nas talhas, escada rolante e nas pontes rolantes.
Se um parafuso com rosca sem-fim tem apenas uma entrada e está acoplado a
uma coroa de 60 dentes, em cada volta dada no parafuso a coroa vai girar
apenas um dente. Como a coroa tem 60 dentes, será necessário dar 60 voltas
no parafuso para
que a coroa gire uma volta. Assim, a rpm da coroa é 60 vezes menor que a do
parafuso. Se, por exemplo, o parafuso com rosca sem-fim está girando a 1.800
rpm, a coroa girará a 1.800 rpm, divididas por 60, que resultará em 30 rpm.
Suponhamos, agora, que o parafuso com rosca sem-fim tenha duas entradas e
a coroa tenha 60 dentes. Assim, a cada volta dada no parafuso com rosca sem-
fim, a coroa girará dois dentes. Portanto, será necessário dar 30 voltas no
parafuso para que a coroa gire uma volta.
14
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
Assim, a rpm da coroa é 30 vezes menor que a rpm do parafuso com rosca sem-  de = 28 mm;
fim. Se, por exemplo, o parafuso com rosca sem-fim está girando a 1.800 rpm, a  De = 104,4 mm;
coroa girará a 1.800 divididas por 30, que resultará em 60 rpm.  E = 62,2 mm.
Para calcular a rotação da coroa, temos: Solução:
RPM SEM FIM .N o FILETES de + De − 2 E 28 + 104,4 − 2.62,2
RPM COROA = M = = =2
Z 4 4
Já para o avanço, fica a expressão para apenas uma volta completa: Evidentemente que com o valor do módulo determinado, as demais
dimensões construtivas co conjunto sem fim x coroa fica facilitada. Vejamos
L = P. n algumas nomenclaturas pertinentes usadas nos demais cálculos.

Veja o exemplo:
Em um sistema de transmissão composto de coroa e parafuso com rosca sem fim, o
parafuso tem 3 entradas e desenvolve 1800 rpm. Qual será a rpm da coroa,
sabendo-se que ela tem 36 dentes?
RPM SEM FIM .N o FILETES 1800.3
RPM COROA = = = 150 rpm
Z 36
Agora quando o problema é calcular as dimensões do parafuso com rosca sem-fim
e da coroa a serem fabricados, é preciso calcular o módulo (M). Para tanto, usando-
se a mesma fórmula empregada para cálculo de
engrenagem helicoidal.
de + De − 2E
M = (A)
4
Onde:
de = diâmetro externo do parafuso
De = diâmetro externo da coroa
E = distância entre os centros
A seguir temos as fórmulas principais para dimensionar construtivamente o
Vejamos o exemplo:
conjunto sem fim x coroa
Determine o módulo para confeccionar o conjunto sem-fim x coroa avariados,
onde foram tomados as medidas do conjunto montado, como segue:

15
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
Valores de h

h = a + b, sendo a = M
b = 1,167 · M (para ângulo de pressão 14º30 ou 15º)
b = 1,25 · M (para ângulo de pressão 20º)
h = 2,167 · M (para ângulo de pressão 14º30' ou 15º)
h = 2,25 · M (para ângulo de pressão 20º)

dp
cos δ =
de

γ = 29º, 30º ou 40º, variando de acordo com o ângulo de pressão: 14º30', 15º e
20º.
Agora, já é possível calcular as demais dimensões da coroa e da rosca do
parafuso.

Vejamos o Exemplo todo resolvido:

Determine o módulo para confeccionar o conjunto sem-fim x coroa avariados,


onde foram tomadas as medidas do conjunto montado, como segue:
 de = 28 mm;
 De = 104,4 mm;
 E = 62,2 mm.
I  Z= 50 dentes (contado)
 NO de entradas do parafuso = 1
O módulo é calculado por:
Valores de I de + De − 2 E 28 + 104,4 − 2.62,2
 Para parafuso com rosca sem-fim de uma ou duas entradas: M = = =2
4 4
I = 2,38.P + 6
O passo P da coroa e da rosca do parafuso é dado pela fórmula P = M · π
 Para parafuso com rosca sem-fim com mais de duas entradas: Logo P = 2 · 3,14
I = 2,15.P + 5 P = 6,28 mm
O diâmetro primitivo da coroa é calculado por
Dp = De - 2 · M
16
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
Dp = 104,4 - 2 · 2 b = 1,25 · 2
Dp = 104,4 - 4 b = 2,5 mm
Dp = 100,4 mm Portanto, h = 2 + 2,5
O diâmetro primitivo da rosca do parafuso é dado por h = 4,5 mm
dp = de - 2 · M
dp = 28 - 2 · 2 O ângulo da hélice β é dado por
dp = 28 - 4 M . Z 2 .x50
dp = 24 mm cos β = = = 0,99601 → β ≅ 5O
Dp 100,4
O raio R é calculado pela fórmula
De 104,4
R=E− = 62,2 − = 10 mm Exercício
2 2 1. Calcular a rpm de uma coroa com 60 dentes, sabendo que o seu parafuso
com rosca sem-fim tem 2 entradas e desenvolve 1.800 rpm.
O ângulo dos chanfros (d) pode ser calculado pela fórmula

dp 24 2. Calcular as dimensões de uma coroa com 80 dentes para engrenar com um


cos δ = = = 0,85714 → δ ≅ 31O parafuso com rosca sem-fim com os seguintes dados:
de 28
Calcula-se o diâmetro maior da coroa (D2) pela fórmula Parafuso com rosca sem-fim com 1 entrada
Módulo: M = 3
Diâmetro primitivo: dp = 22 mm
D2 = De + 2 · R · (1 - cos δ )
Diâmetro externo: de = 28 mm
Assim, D2= 104,4 + 2 · 10 · (1 - 0,85714)
D2= 104,4 + 20 · (0,14286) Ângulo da hélice: β = 7º50'
D2= 104,4 + 2,857 Ângulo de pressão: α = 15º
D2= 107,257 mm Determine:
Logo, D2 é, aproximadamente, igual a 107,26mm. Dp =?
De =?
A largura da coroa (l) para o parafuso com rosca sem-fim de uma entrada é D2 =?
dada por E =?
l = 2,38 · P + 6 R =?
l = 2,38 · 6,28 + 6 l =?
l = 14,95 + 6 a =?
l = 20,95 mm b =?
h =?
A altura total do dente (h) é calculada pela fórmula
h=a+b CREMALHEIRA X ENGRENAGEM
para a = M A engrenagem e a cremalheira têm a função de transformar um movimento
a = 2 mm e b = 1,25 · M (considerando o ângulo de pressão 20º) rotativo em movimento retilíneo ou vice-versa. A cremalheira pode ser
17
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
considerada como uma roda dentada de raio infinito. Nesse caso, a circunferência
da roda pode ser imaginada como um segmento de reta.
Por isso, a circunferência primitiva da engrenagem é tangente à linha primitiva da
cremalheira. Cremalheira de dentes perpendiculares
Para calcular a cremalheira de dentes perpendiculares aplicam-se as fórmulas:
P=M· π
h = 2,166 · M
a= M
b = 1,166 · M
onde:
P é o passo medido na linha primitiva
M é o módulo que deve ser o mesmo da engrenagem acoplada
h é a altura total do dente
a é a altura da cabeça do dente
b é a altura do pé do dente

Vejamos o exemplo:
Calcular o passo (P), a altura total do dente (h), a altura da cabeça do dente (a)
e a altura do pé do dente (b) de uma cremalheira de dentes perpendiculares,
Tipos de cremalheira sabendo-se que a cremalheira deve trabalhar com uma engrenagem de
Há dois tipos de cremalheira: cremalheira de dentes perpendiculares (retos) e módulo 2.
cremalheira de dentes inclinados (helicoidais). Para calcular o passo usamos a fórmula:
As cremalheiras de dentes inclinados acoplam-se a rodas helicoidais e as de dentes P=M· π
perpendiculares engrenam-se com as rodas de dentes retos. Substituindo os valores na fórmula, temos:
P = 2 · 3,14
Logo, P = 6,28 mm
Para achar (h) aplica-se a fórmula
h = 2,166 · M
Substituindo os valores, temos:
h = 2,166 · 2
Portanto, h = 4,33 mm
A altura da cabeça do dente (a) é igual ao módulo.
Portanto, a = 2 mm
E a altura do pé do dente (b) é dado por b = 1,166 · M
Logo, b = 1,166 · 2

18
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
Assim, b = 2,33 mm onde:
Mn é o módulo normal da engrenagem
Mf é o módulo frontal da engrenagem
Cremalheira de dentes inclinados
Como essa cremalheira deve trabalhar engrenada a uma engrenagem helicoidal, as Para melhor entendimento, vejamos o exemplo a seguir:
dimensões dos dentes da cremalheira devem ser iguais às da engrenagem. Exemplo
Portanto, os cálculos são baseados nas fórmulas da engrenagem helicoidal. Calcular o passo normal (Pn), o passo circular (Pc), o ângulo da hélice ( β ), a
Assim, o passo normal (Pn) é calculado por
altura da cabeça do dente (a), a altura do pé do dente (b) e a altura total do
Pn= Mn · π
dente (h) de uma cremalheira com dentes inclinados que deve trabalhar com
E o passo circular (Pc) é dado por
uma engrenagem helicoidal com Mn = 2,75, Mf = 4,28 e ângulo de pressão α
Pc = Mf · π
= 15º.
onde:
Mn é o módulo normal da engrenagem
Solução
Mf é o módulo frontal da engrenagem O passo normal (Pn) é dado por
O ângulo de inclinação dos dentes ( β ) é igual ao ângulo da hélice da engrenagem Pn = Mn · π ,
e pode ser calculado por: Portanto, Pn = 2,75 · 3,14 = 8,63 mm
Pn Mn
cos β = ou cos β =
Pc Mf Para calcular o passo circular (Pc), aplica-se a fórmula
A altura total do dente (h) é dada por Pc = Mf · π
h=a+b Portanto, Pc = 4,28 · 3,14 = 13,44 mm
onde:
O ângulo da hélice ( β ) é calculado por:
a é a altura da cabeça do dente
b é a altura do pé do dente Mn 2,75
cos β = = = 0,6425 → β ≅ 50 O
A altura da cabeça do dente (a) é igual a um módulo normal. Assim, a = Mn Mf 4,28
e a altura do pé do dente (b) depende do ângulo de pressão ( α ) da engrenagem. A altura da cabeça do dente (a) é igual ao módulo normal (Mn). Portanto
Para um ângulo de pressão α = 20º, (b) é dado por: b = 1,25 · Mn. a = Mn ou a = 2,75 mm.
Para um ângulo de pressão α = 14º30' ou 15º, (b) é dado por: Para se calcular a altura do pé do dente (b), considerando o ângulo de pressão
b = 1,17 · Mn. (Cremalheira de dentes inclinados) α = 15º, aplica-se a fórmula b = 1,17 · Mn.
Como essa cremalheira deve trabalhar engrenada a uma engrenagem helicoidal, as Substituindo os valores, temos:
dimensões dos dentes da cremalheira devem ser iguais às da engrenagem. b = 1,17 · 2,75
Portanto, os cálculos são baseados nas fórmulas da engrenagem helicoidal. Logo, b = 3,22 mm
Assim, o passo normal (Pn) é calculado por A altura total do dente (b) é dado por
Pn= Mn · π h=a+b
E o passo circular (Pc) é dado por: Logo, h = 2,75 + 3,22
Pc = Mf · π Portanto, h = 5,97 mm

19
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
À medida que a came vai girando, o seguidor sobe e desce, ou vice-versa,
EXERCÍCIOS como mostra a figura a seguir.

1. Calcular o passo (P), a altura total do dente (h), a altura da cabeça do dente (a) e
a altura do pé do dente (b) de uma cremalheira de dentes perpendiculares,
sabendo-se que esta cremalheira deverá trabalhar com uma engrenagem módulo 3.

2. Calcular o passo normal (Pn), o passo circular (Pc), o ângulo da hélice ( β ), a


altura da cabeça do dente (a), a altura do pé do dente (b) e a altura total do dente
(h) de uma cremalheira com dentes inclinados que deverá trabalhar com uma
engrenagem helicoidal com ângulo de pressão α = 20º. Considere ainda Mn = 2,75
e Mf = 3,59.

CAME

Came é um elemento de máquina cuja superfície tem um formato especial.


Normalmente é dotada de uma excentricidade em relação ao seu centro de
gravidade. Essa excentricidade produz movimento num segundo elemento
denominado seguidor.
Tipos de Came
As cames geralmente se classificam nos seguintes tipos: de disco, de tambor,
frontal e de quadro e de esfera

Came de disco
É uma came rotativa e excêntrica. Consta de um disco, devidamente perfilado,
que gira com velocidade constante, fixado a um eixo. O eixo comanda o
movimento alternativo axial periódico de uma haste denominada seguidor. A
extremidade da haste da came de disco pode ser:

 De ponta;
 De rolo;
 De prato.

20
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
Came frontal
Tem a forma de um cilindro seccionado, sendo que as geratrizes têm
comprimentos variados. Durante a rotação do cilindro em movimento
uniforme, ocorre o movimento alternativo axial periódico do seguidor,
paralelo à geratriz do tambor.

Quadro com came circular


Came de tambor
É constituído de um quadro que encerra um disco circular. Veja a seguir, o
As cames de tambor têm, geralmente, formato de cilindro ou cone sobre o qual é
funcionamento desse tipo de came. O disco (A), ao girar pelo eixo (O), com
feita uma ranhura ou canaleta. Durante a rotação do cilindro em movimento
movimento uniforme, faz com que o quadro (B) se desloque com movimentos
uniforme, ocorre deslocamento do seguidor sobre a ranhura. O seguidor é
alternados de vaivém.
perpendicular à linha de centro do tambor e é fixado a uma haste guia.

21
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
Quadro com came triangular
É constituído de um quadro retangular que Palminha de pilão
encerra um disco triangular. Os lados desse Nesse tipo de came, o elemento condutor deve ser perfilado de modo que,
disco são arcos de circunferência. O disco durante o movimento circular, a haste do pilão faça o movimento uniforme de
triangular, ao girar com movimento circular subida e a sua descida seja rápida.
uniforme, conduz o quadro num movimento
alternado variado.

Came de palminha
Palminhas são cames que transformam o movimento circular contínuo em
movimento intermitente de queda. Existem palminhas de martelo e de pilão.

Palminha de martelo
Nesse tipo de came, a distância entre os dentes do elemento condutor deve ter
dimensões que evitem a queda da alavanca sobre o dente seguinte. Portanto, é
preciso que, durante a queda da alavanca, o elemento condutor permaneça
girando. CAME DE ESFERA
POSICIONADOR DE MARCHAS DE ALGUMAS MOTOCICLETAS
Quando o pedal de câmbio é acionado, a rotação do eixo de posicionamento
de marchas faz girar a came de acionamento através da alavanca de
embreagem.
Quando a came de acionamento gira, as posições das esferas do retentor de
esferas e a came de acionamento são deslocados, fazendo com que o mesmo se
levante, como mostra a figura a seguir, pressionando o platô de pressão

22
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
Para entender melhor, analise a figura acima. Você pode verificar que, quando
a came gira no sentido da seta A, o seguidor toca a came nos pontos 1', 2', 3',
4'..., retornando ao ponto 1', após uma volta completa. Para obter o diagrama
da came, basta retificar a circunferência de raio 0-1 da figura anterior.

Representação gráfica do movimento da came de disco Nesse desenho, o ciclo corresponde à circunferência de raio 0-1 retificada. A
O disco, ao girar, apresenta seus contornos excêntricos, com raios variáveis. A linha formada pelos pontos 1', 2', 3', 4', ... 1', corresponde à curva descrita pelo
haste se desloca conforme o movimento dado pela excentricidade ou pela seguidor, na qual as alturas 1-1', 2-2', 3-3', 4-4', 5-5', ... 1-1', correspondem às
diferença desses raios. distâncias da circunferência de raio 0-1 até a superfície percorrida pelo
Veja o desenho a seguir mostrando o aspecto construtivo da came. seguidor na came. Esse gráfico é utilizado para construir a came.

Aplicação das cames


As cames são aplicadas principalmente em:
 Máquinas operatrizes
 Máquinas têxteis
 Máquinas automáticas de embalar
 Armas automáticas
 Motores térmicos
 Comandos de válvulas.
EXERCÍCIOS
1. Na came de disco, durante o giro, a haste seguidora apresenta um
movimento:
a) radial b) axial periódico c) longitudinal d) transversal e) uniforme.

2. Na came de tambor, o seguidor se movimenta porque ele está:


a) ( ) preso no tambor;
b) ( ) paralelo ao tambor;
23
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
c) ( ) perpendicular ao tambor;
d) ( ) fora da ranhura do tambor; Classificação
e) ( ) soldado na ranhura do tambor. Os acoplamentos podem ser:
 Fixos;
3. As cames podem ser utilizadas principalmente em:  Elásticos;
a) ( ) máquinas operatrizes, máquinas têxteis e motores elétricos;  Móveis.
b) ( ) motores elétricos, comandos de válvulas e armas automáticas;
c) ( ) máquinas têxteis, comandos de válvulas e motores elétricos; Acoplamentos fixos
d) ( ) máquinas automáticas de embalar, motores térmicos e motores elétricos; Os acoplamentos fixos servem para unir árvores de tal maneira que
e) ( ) máquinas operatrizes, máquinas têxteis e comandos de válvulas. funcionem como se fossem uma única peça, alinhando as árvores de forma
precisa. Por motivo de segurança, os acoplamentos devem ser construídos de
ACOPLAMENTOS modo que não apresentem nenhuma saliência.
Acoplamento é um conjunto mecânico, constituído de elementos de máquina,
empregado na transmissão de movimento de rotação entre duas árvores ou eixo- Acoplamento rígido com flanges parafusadas
árvore. Esse tipo de acoplamento é
utilizado quando se pretende
conectar árvores, e é próprio para
a transmissão de grande potência
em baixa velocidade.

Acoplamento com luva de compressão ou de aperto


Esse tipo de luva facilita a manutenção de máquinas e equipamentos, com a
vantagem de não interferir no posicionamento das árvores, podendo ser
montado e removido sem problemas de alinhamento.

24
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
Acoplamento de discos ou pratos
Empregado na transmissão de grandes potências em casos especiais, como, por Veja a seguir os principais tipos de acoplamentos elásticos.
exemplo, nas árvores de turbinas. As superfícies de contato nesse tipo de
acoplamento podem ser lisas ou dentadas. Acoplamento elástico de pinos
Os elementos transmissores são pinos de aço com mangas de borracha.

Acoplamentos elásticos
Esses elementos tornam mais suave a transmissão do movimento em
árvores que tenham movimentos bruscos, e permitem o funcionamento do Acoplamento perflex
conjunto com Os discos de acoplamento são unidos perifericamente por uma ligação de
desalinhamento borracha apertada por anéis de pressão. Esse acoplamento permite o jogo
paralelo, angular e axial longitudinal de eixos.
entre as árvores.
Os acoplamentos elásticos
são construídos em forma articulada, elástica ou articulada e elástica. Permitem a
compensação de até 6 graus de ângulo de torção e deslocamento angular axial.
A lg uns elementos de acoplamentos elásti cos

25
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
alinhadas no ato de sua instalação para que não provoquem vibrações
Acoplamento elástico de garras excessivas em serviço.
As garras, constituídas por tocos de borracha, encaixam-se nas aberturas do contra Acoplamento de dentes arqueados
disco e transmitem o movimento de rotação. Os dentes possuem a forma ligeiramente curvada no sentido axial, o que
permite até 3 graus de desalinhamento angular. O anel dentado (peça
transmissora do movimento) possui duas carreiras de dentes que são
separadas por uma saliência central.

Junta universal homocinética


Esse tipo de junta é usado para transmitir movimento entre árvores que
precisam sofrer variação angular, durante sua atividade. Essa junta é
constituída de esferas de aço que se alojam em calhas.
Acoplamento elástico de fita de aço
Consiste de dois cubos providos de flanges ranhuradas, nos quais está montada
uma grade elástica que liga
os cubos. O conjunto está
alojado em duas tampas
providas de junta de
encosto e de retentor
elástico junto ao cubo.
Todo o espaço entre os
cabos e as tampas é
preenchido com graxa.
Apesar de esse
acoplamento ser flexível, as
árvores devem estar bem

26
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
A de junta homocinética é largamente usada em veículos. A maioria dos
automóveis é equipada com esse tipo de junta.

Recomendações na montagem de acoplamentos


Os principais cuidados a tomar durante a montagem dos acoplamentos são:
 Colocar os flanges a quente, sempre que possível.
 Evitar a colocação dos flanges por meio de golpes: usar prensas ou
dispositivos adequados.
 O alinhamento das árvores deve ser o melhor possível mesmo que
sejam usados acoplamentos elásticos, pois durante o serviço ocorrerão
os desalinhamentos a serem compensados.
 Fazer a verificação da folga entre flanges e do alinhamento e
Acoplamentos móveis concentricidade do flange com a árvore.
São empregados para permitir o jogo longitudinal das árvores. Esses acoplamentos  Certificar-se de que todos os elementos de ligação estejam bem
transmitem força e movimento somente quando acionados, isto é, obedecem a um
instalados antes de aplicar a carga.
comando.
Os acoplamentos móveis podem ser: de garras ou dentes, e a rotação é transmitida Lubrificação de acoplamentos
por meio do encaixe das garras ou de dentes. Geralmente, esses acoplamentos são Os acoplamentos que requerem lubrificação, geralmente não necessitam
usados em aventais e caixas de engrenagens de máquinas-ferramenta cuidados especiais. O melhor procedimento é o recomendado pelo fabricante
convencionais. do acoplamento ou pelo manual da máquina. No entanto, algumas
características de lubrificantes para acoplamentos flexíveis são importantes
para uso geral:
 Ponto de gota - 150ºC ou acima;
 Consistência - NLGI nº2 com valor de penetração entre 250 e 300;
 Baixo valor de separação do óleo e alta resistência à separação por
centrifugação;
 Deve possuir qualidades lubrificantes equivalentes às dos óleos
minerais bem refinados de alta qualidade;
27
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
 Não deve corroer aço ou deteriorar o neopreme (material das guarnições). d) ( ) Evitar a colocação dos flanges por meio de golpes: usar prensas ou
EXERCÍCIOS dispositivos adequados.
1. Os acoplamentos se classificam em:
a) ( ) elásticos, móveis, rígidos; RODA DE ATRITO
b) ( ) fixos, elásticos, móveis;
Transmissões por Rodas de Atrito
c) ( ) permanentes, fixos, elásticos;
Utilizadas entre eixos paralelos, concorrentes ou eixos não coplanares, com
d) ( ) rígidos, elásticos, permanentes.
boas razões de transmissão e rendimentos variando de 95% a 98% e
2. Os acoplamentos elásticos têm a função de: escorregamentos idênticos aos obtidos com transmissões por correias, mas, em
a) ( ) acelerar a transmissão de movimentos; contrapartida, as distâncias entre eixos são menores e o peso e o preço são
b) ( ) suavizar a transmissão de movimentos; menos competitivos .
c) ( ) reduzir a transmissão de movimentos;
d) ( ) eliminar a transmissão de movimentos.

3. Para transmitir jogo longitudinal de eixos, usa-se o seguinte acoplamento:


a) ( ) elástico;
b) ( ) móvel;
c) ( ) perflex;
d) ( ) rígido.

4. Para manter eixos rigidamente conectados por meio de uma luva rasgada
longitudinalmente e chaveta comum a ambos os eixos, usa-se o seguinte
acoplamento:
a) ( ) rígido por luvas parafusadas; VANTAGENS:
b) ( ) de discos ou pratos;  Acionam eixos paralelos, reversos ou concorrentes
c) ( ) de dentes arqueados;
 Escorregamento na transmissão da potência (função da força de atrito
d) ( ) junta universal de velocidade constante.
entre rodas)
5. Assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas.  Menor custo em relação às engrenagens
Na montagem de um acoplamento devemos:  Mais leves que engrenagens
a) ( ) Colocar os flanges a quente, sempre que possível.  Maior absorção de choques
b) ( ) Fazer a verificação da folga entre flanges e do alinhamento e da  Menor nível de ruídos
concentricidade do flange com a árvore.  Necessidade de força de atrito entre rodas
c) ( ) O alinhamento das árvores é desnecessário quando utilizados acoplamentos CARACTERISTICAS:
flexíveis.  Relação de transmissão: até 6:1

28
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
Prof. Eng. Wladimir Borges
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO II
 Potência: até 200 Cv
 Velocidade tangencial: até 20 m/s
 Rendimento: 98% a 95%.
Veja alguns arranjos de rodas de atrito:

29

Você também pode gostar