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Aula 06 – Dimensionamento de eixos

Notas de Aulas 2018

Elementos de Máquinas I
André Ferreira Costa Vieira
andrefvieira@usp.br
INTRODUÇÃO

EIXOS: Elemento sobre o qual se assentam partes giratórias de uma máquina e que
recebe destas as cargas de trabalho que devem ser descarregadas na estrutura da
máquina.

Esforços Actuantes: Flexão (Mf, V), Torção (Mt), Axiais (N)

Formas construtivas
cheios secção circular articuladas
vasados secção retangular telescópicos
lisas secção hexagonal flexíveis
escalonados perfilados

1 de mar 2
INTRODUÇÃO

Redução de peso e custos

Eixos mais curtos possíveis: L Mf d $


Eixos vasado permitem redução de peso:

Módulo de resistência à flexão

 (de  di )³
Wf 
32

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TRANSMISSÕES POR
ENGRENAGENS
Definição: A transmissão entre dois elementos tem por objetivo transferir ou transformar
os movimentos e forças em outras com direções e valores diferentes. As transmissões por
engrenagens:
- permitem a transmissão de potência entre eixos relativamente próximos um do outro;
- transmissão de torque sem deslizamento;
- razão de engrenamento constante;
Relação da transmição: relação entre a velocidade angular do eixo motriz e a velocidade
angular do eixo movido

Momento torsor (Torque): momento de uma força aplicado a elementos giratórios,


onde o ponto base do momento é o centro de rotação

Partes de uma engrenagem

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TRANSMISSÕES POR
ENGRENAGENS
Formas construtivas de transmissões por engrenagens (engrenagens cilindricas)
Aplicações
• eixos paralelos
• um par tem relação de
transmissão i até 4 (normal) , até 8
(extremo) e uso de mais pares  2
Engrenagem
pares i até 45 cilíndrica reta Engrenagem Engrenagem
cilíndrica helicoidal bi-helicoidal
Características
• altas potências ( até 25.000 CV)
• rotações elevadas (até 100.000
rpm)
Engrenagem
• altas velocidades tangenciais (até interna
200 m/s ) Engrenagem Engrenagem
dentes V planetária
• rendimento é de 96 a 99 %

Cremalheira 5
1 de mar
TRANSMISSÕES POR
ENGRENAGENS
Formas construtivas de transmissões por engrenagens (engrenagens cónicas)

Engrenagem Engrenagem cônica Engrenagem cônica


cônica reta dentes inclinados de dentes helicoidais

Aplicações
• eixos concorrentes
• relação de transmissão i até 6
Características
• mais caras que as engrenagens cilíndricas
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TRANSMISSÕES POR
ENGRENAGENS
Formas construtivas de transmissões por engrenagens (engrenagens descentradas)

Aplicações
• eixos reversos com pequena distância a entre
eles.
• uso típico em eixos traseiros ( diferenciais) de
veículos automotivos.
• grande capacidade de carga.
Características
Engrenagem hipóide
• grau de recobrimento maior diminui os ruídos
de funcionamento

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TRANSMISSÕES POR
ENGRENAGENS
Formas construtivas de transmissões por engrenagens (engrenagens reversas)

Aplicações
• eixos reversos
• carga pequena
Características
• grandes ângulos de hélice
• grau de recobrimento grande
• eficiência menor Engrenagem reversa

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TRANSMISSÕES POR
ENGRENAGENS
Formas construtivas de transmissões por engrenagens (parafuso e coroa sem-fim)
Aplicações
• eixos reversos
• grandes relações de transmissão , i até 30 (normal) até 100 (extremo)
Características
• coroa de bronze para grande velocidade de deslizamento
• rendimento é menor ( 45 % para i maiores, subindo até
90% para i pequenas )
• transmissão silenciosa e grande amortecimento
• para grandes relações de transmissão são mais baratas que Parafuso e coroa sem-fim
as eng cilíndricas
• transmite grandes torques
• potências de até 1.000 CV
• rotações até 30.000 rpm
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ESFORÇOS TRANSMITIDOS
POR ENGRENAGENS
Nomenclatura

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ESFORÇOS TRANSMITIDOS
POR ENGRENAGENS
Nomenclatura Módulo

pc
 m  MÓDULO

 dimensão :  mm   dp  m . z

Módulos usados em
transmissões

1,5 a 5 mm
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TRANSMISSÕES POR
ENGRENAGENS
g2

Pares de Movida
dentes em
contato

Motora
dg1
Pares de dentes em contato Pares de dentes em contato

2 2

1 1

0 0
Linha de ação Linha de ação

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TRANSMISSÕES POR
ENGRENAGENS

Pares de dentes em contato

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ESFORÇOS TRANSMITIDOS
POR ENGRENAGENS
Pares de dentes em contato

Fr
tg =  Fr = Ft . tg
Ft
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ESFORÇOS TRANSMITIDOS
POR ENGRENAGENS
Pares de dentes em contato

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ESFORÇOS TRANSMITIDOS
POR ENGRENAGENS
Força tangencial
Engrenagens cilíndrica reta

Momento torsor

Potência transmitida

Apenas a componente Velocidade linear nos


tangencial da força de contato diâmetros primitivos
participa na transmissão de
potência Wt (lbf)
ou:
H (hp)
V (ft/min)
No eixo a atua um força Fa2 (que contraria a V (ft/min)
Wt (kN)
força no contato F32) e um momento torsor d (mm)
H (kW) n (rpm)
Ta2 (componente tangencial de F32 x r2) d (mm)
1 de mar n (rpm) 16
ESFORÇOS TRANSMITIDOS
POR ENGRENAGENS
Engrenagens cónicas Força tangencial:

Força radial:

Força axial:

Apenas a componente tangencial da força


de contato participa na transmissão de
potência
Wt (lbf)
H (hp)
V (ft/min)

Wt (kN)
H (kW)
d (mm)
n (rpm)

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ESFORÇOS TRANSMITIDOS
POR ENGRENAGENS
Engrenagens cilíndricas helicoidais Força tangencial:

Força total:

Força radial:

Força axial:

Apenas a componente tangencial da força de


contato participa na transmissão de potência
Wt (lbf)
H (hp)
V (ft/min)

Wt (kN)
H (kW)
d (mm)
n (rpm) 18
1 de mar
ESFORÇOS TRANSMITIDOS
POR ENGRENAGENS
Componentes da força de contacto Wx, Wy e Wz:
Parafuso e coroa sem-fim

Componentes tangencial (t), radial (r) e


axial (a), do parafsuso (W) e da coroa (G) :

Apenas a componente tangencial da força de


Força de atrito:
contato participa na transmissão de potência

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TRANSMISSÕES FLEXIVEIS

Definição: A transmissão entre dois elementos tem por objetivo transferir ou transformar
os movimentos e forças em outras com direções e valores diferentes. As transmissões por
elementos flexíveis:
- permitem a transmissão de potência entre eixos relativamente distantes um do outro;
- baixo custo;
- permitem acionar vários eixos em simultâneo
Relação da transmissão: relação entre a velocidade angular do eixo motriz e a velocidade
angular do eixo movido
Momento torsor: momento de uma força aplicado a elementos giratórios,
onde o ponto base do momento é o centro de rotação

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TRANSMISSÃO POR CORREIAS

Variação da força tensora ao longo do comprimento da correia

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ROTEIRO GERAL DE PROJETO
DE EIXOS

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VERIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA
MECÂNICA
Cálculo de Tensão equivalente (eq ) sob Solicitação Estática para eixo circular

Cálculo perliminar do diâmetro do eixo (d) no caso de secção circular:


d  1,1 ~ 1,3d

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VERIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA
MECÂNICA
Cálculo perliminar do diâmetro do eixo (d), no caso de secção circular,
considerando torção pura, e conhecendo a potência transmitida (N):

F 2n r 1 1
N - HP
N    F r n N  Mt  n
75 60 1000 716200 Mt - kgf . mm
716200
n - rpm

N N N
M t  716200  d  1,72 716200
3 d  153,893
n n   adm n  adm

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VERIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA
MECÂNICA
Cálculo de Tensão equivalente ( ’ ) sob Solicitação Estática

Considerando flexão e torção combinadas

Critério Energia Distorção (Von Mises)

 '   2  3 ²
M fr ² Mt ²
 ' 3 1
Wf ² Wt ² no caso de secção circular: W f  Wt
2
1 3 Cálculo perliminar do diâmetro do eixo (d) :
então:  '  M fr ²  M t ²
Wf 4 M eq 3
d  2,173 sendo: M eq  M fr ²  M t ²
 adm 4
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VERIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA
MECÂNICA

Sob Solicitação Dinâmica Considera carragemento cíclico e dano por fadiga

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VERIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA
MECÂNICA
Critério de Soderberg

Critério de Godman
simplificado

Critério de Gerberg

Critério de ASME

Critério de Langer

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CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES

Qualquer descontinuidade geométrica num componente altera localmente a distribuição de


tensões. Estas descontinuidades geométricas são designadas de concentradores de tensões.
O coeficiente de concentração de tensões (nominal) permite relacionar a tensão máxima
local com a tensão nominal, verificada num ponto afastado da descontinuidade e calculada
recorrendo às equações de análise de tensões.

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COEFICIENTE DE
CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES
O coeficiente de concentração de tensões depende do material (Kf ou Kfs). Alguns materiais
são menos sensíveis às descontinuidades geométricas.
O coeficiente de sensibilidade q varia entre 0 (Kf=1), quando o material é insensível às
descontinuidades geométricas e 1 (Kf=Kt) quando o material é totalmente sensível:

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COEFICIENTE DE
CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES

1 de mar 30
COEFICIENTE DE
CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES

1 de mar 31
COEFICIENTE DE
CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES

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VERIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA
MECÂNICA
Considerando o critério de Godman simplificado, e apenas momentos fletor M e torsor T,
é possivel determinar o diâmetro do eixo:

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VERIFICAÇÃO DA RIGIDEZ

Relação linear entre força (ou momento) e deslocamento (ou giro) na mesma
direcção no ponto de aplicação

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VERIFICAÇÃO DA RIGIDEZ

A grande maioria dos eixos é escalonada e é possível calcular as flexas nos pontos críticos
de diversas forma:

a) Método da Integração Gráfica

eixo diagrama Escala Integração

carregamento de Mf 1/EI gráfica

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VERIFICAÇÃO DA RIGIDEZ

b) Método de Madigan
A flecha e a inclinação de cada secção em separado são passadas à secção
seguinte.

c) Pelo princípio dos trabalhos virtuais considerando que

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VERIFICAÇÃO DA RIGIDEZ

Flecha Ângulo de
Aplicação
admissível inclinação [rad]
Eixo de máquinas
ferramentas com 0,1 m -
engrenagens Onde:
m = módulo da engrenagem
Motores assíncronos 0,1  -
 = entreferro do motor
Construções mecânicas elétrico
0,0002 L -
em geral L = distância entre os
Eixos apoiados em apoios do eixo
mancais hidrodinâmicos - 0,001
ou de lubrificação mista
Eixos apoiados em
mancais de rolamento - 0,008
radial fixo de esferas
Eixos apoiados em
mancais auto - 0,05
compensadores
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VERIFICAÇÃO DA VELOCIDADE
CRÍTICA
Considerando uma força vertical F aplicada a meio do vão, despreza-
se: peso do eixo, inércia do eixo e momento centrífugo
 Fext  m.a  m. ² r  m. ² y  e 
k
FL ³ 48EI
y F .y
48EI l³
Como: Fext  F  k . y  m ² y  e  
e
me ² y
ky  my ²  me ²  0  y  ou k
k  m ² 1
m ²
quando k
 1  y  , e  crit  k d / s 
m ² m

2 30 k
crit  N crit  N crit  (rpm)
60  m
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VERIFICAÇÃO DA VELOCIDADE
CRÍTICA
Considerando um disco de inércia suportado de massa m a meio do vão (despreza-se: peso
do eixo, inércia do eixo e momento centrífugo)
mgl ³ mg k g
y y  
48EI k m y
Como:
30 k 30 g
N crit   N crit  (rpm)
 m  y

NOTAS:
A dedução vale para meixo << mdisco
Ntrabalho deve estar fora da faixa 0,7 ~ 1,3 Ncrit.
Pode-se trabalhar numa rotação “A”, superior à Ncrit (correspondente ao
1º modo de vibração natural), passando-se pela Ncrit1 com potência
suficiente e amortecimento alto.

1 de mar 39
VERIFICAÇÃO DA VELOCIDADE
CRÍTICA

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VERIFICAÇÃO DA VELOCIDADE
CRÍTICA

A velocidade do peso é dada por:


v = y0⋅ω.cos(ωt). A energia cinética atinge o
máximo quando a velocidade é máxima, isto
é, quando cos(ωt)=1. Então, a energia
cinética máxima é dada por:

Igualando as expressões da energia cinética e potencial máxima obtém-se a seguinte


relação:

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VERIFICAÇÃO DA VELOCIDADE
CRÍTICA
Método de Rayleigh
O método de Rayleigh é aplicado a um sistema multi-massas composto pelos pesos P 1, P2,
etc., admitindo-se como anteriormente, uma deflexão estática de cada massa de acordo
com a equação y = y0⋅sen(ωt). As deflexões máximas são, então, y01, y02, etc., e as
velocidades v1, v2, etc. A energia potencial máxima para o sistema é:

A energia cinética máxima é:

Igualando, novamente, as expressões da energia cinética e potencial máximas, e


resolvendo em ordem a ω obtém-se:

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VERIFICAÇÃO DA VELOCIDADE
CRÍTICA

Rearranjando:

1 de mar 43
VERIFICAÇÃO DA VELOCIDADE
CRÍTICA

Método de Dunkerley

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VERIFICAÇÃO DA VELOCIDADE
CRÍTICA
Da mesma forma que flexional, existe Ncrit torcional
especialmente para eixos d << L.
GJ t
kt 
L

Im
8
30 kt
N crittorc 
 I
neste caso k t - rigidez torcional
(eixo em balanço) I - inércia do disco

G - mod. Elast. Transv.

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1 de mar 46

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