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Regularização de vazão

Prof. Marcos Filgueiras Jorge

Descrição
A medição de vazão e o dimensionamento de reservatórios, obtenção
e análise de dados hidrológicos e dos
impactos ambientais.

Propósito

A análise criteriosa da disponibilidade hídrica a partir de dados


hidrológicos e ferramentas estatísticas, e
utilização consciente de métodos de dimensionamento de
reservatório é essencial ao profissional na tomada de
decisão sobre a regularização da vazão, a fim
de minimizar riscos e impactos ambientais.

Objetivos
Módulo 1

Análise de dados hidrológicos


Reconhecer diferentes técnicas de análise de dados hidrológicos.

Módulo 2

Reservatórios
Identificar os principais componentes de um reservatório.
Módulo 3

Dimensionamento de reservatórios
Analisar alguns métodos utilizados no dimensionamento de reservatórios.

Módulo 4

Impactos ambientais
Avaliar possíveis impactos ambientais decorrentes da regularização de vazão.

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Introdução
Para iniciar, veja um panorama geral do que é
regularização de vazão. Vamos lá!

1 Análise de dados hidrológicos


1 - Análise de dados hidrológicos
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer diferentes técnicas de análise de dados
hidrológicos.

Vamos começar!

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Análise de dados hidrológicos

Por meio do ciclo hidrológico, processos, como


evaporação, condensação, precipitação, escoamento superficial,
infiltração e
evapotranspiração, se alternam continuamente, alterando a quantidade e a qualidade da
água, cuja
distribuição irregular, espacial e temporal, pode ser descrita por variáveis
hidrológicas. As variáveis hidrológicas
quantitativas podem ser divididas em contínuas
ou discretas. Ao longo de nosso estudo, vamos conhecer
algumas técnicas para análise de
dados utilizando estatística hidrológica discreta.

Medição da vazão de rios


A vazão é uma grandeza característica do escoamento
superficial da água. É uma ferramenta essencial na
representação integrada de uma bacia
hidrográfica que também fornece informações importantes sobre o regime
hidrológico de um
rio. A vazão é definida pelo volume de água que passa por uma seção de um rio, em
determinado intervalo de tempo. Sua expressão usual é dada em metro cúbico por segundo
(m3/s) ou litro por
segundo (l/s).

Saiba mais
Para determinar a área de uma bacia hidrográfica, deve-se considerar a seção
onde é medida a vazão. Na seção
de um rio, é instalada uma estação hidrométrica
ou fluviométrica que fornece dados sistemáticos referentes ao
local, dentre eles
a vazão.

A medição da vazão é realizada por diferentes técnicas


e, geralmente, de maneira indireta. É comum que seja feita

por meio da medida do nível


da água e a partir de dados da área e velocidade de escoamento da água. Alguns
instrumentos de uso convencional utilizados na medição são molinetes, flutuadores e
calha Parshall. Existem
equipamentos para medição da vazão tendo como referência a
tecnologia Doppler que
conferem maior rapidez às
medições e maior qualidade das
informações obtidas. Porém, esses instrumentos possuem custo elevado e
medição parcial
de velocidades em algumas seções.

ecnologia doppler
Medidores de vazão por efeito Doppler são aqueles que emitem
feixes ultrassônicos, ou seja, utilizam vibrações
acústicas para medição de volume.

Medição por molinetes


O molinete é uma hélice que se movimenta
pela ação da corrente de água. Seu uso é frequente quando se
pretende
estimar a vazão, com base em medições de velocidade em diversos pontos
de uma seção transversal
de um rio. Com os dados obtidos a partir da
relação entre o número de rotações da hélice e as velocidades
medidas, é
gerada uma curva de calibração.

Medição por flutuadores


A medição de vazão feita por meio de um
flutuador é baseada em trechos predeterminados. Durante essa
medição, um
objeto flutuante percorre a superfície da água em determinado tempo. É
um método bastante
utilizado principalmente em locais de difícil acesso
e emprego de equipamentos sofisticados, ou em rios que
apresentam baixa
disponibilidade hídrica.

Medição por calha Parshall


A calha Parshall é uma adaptação do
princípio de Venturi, sendo utilizada mundialmente na medição de vazão
em cursos abertos de água, por gravidade. É composta por três partes
distintas: seção convergente ou entrada,
seção estrangulada ou garganta
e seção divergente ou saída. É um medidor de baixo custo que evita
acúmulo
de material suspenso e funciona em condições distintas de
descarga, em escoamento livre e afogado.

No caso de avaliação da necessidade de regularização


da vazão, é necessário um olhar cuidadoso sobre a vazão
pretendida para a retirada e a
vazão natural de um rio. Quando a vazão natural do rio é consideravelmente maior
do que
a quantidade a ser retirada, no mesmo período de estiagem, não se justifica a construção
de um
reservatório. Em situação oposta, é necessário construir o reservatório prevendo
uma retirada de vazão superior à
mínima natural do rio.
Reservatório para regularização de vazão em um curso
d’água.

Ao usar dados já disponíveis, devem ser avaliados


aqueles pertencentes à séries temporais de vazões de um rio,
pois possibilitam uma maior
compreensão sobre possíveis alterações que ocorreram em um local ao longo do
tempo,
como, por exemplo, aquelas derivadas da presença antrópica, ou seja, interferência
humana.

Saiba mais
A vazão representada por Q7,10 é a vazão mínima anual que tem 7 dias de duração
e tempo de retorno de 10 anos.
É adotada como referência em alguns estados
brasileiros para fins de outorga de direito de uso da água.

Dados hidrológicos e apresentação gráfica


O ciclo hidrológico em suas fases distintas sofre
influência de diversos fatores e com interação complexa, o que
ocasiona uma
aleatoriedade nos fenômenos hidrológicos. A geração e a análise de dados a partir de
incertezas
nesse contexto requerem uma investigação organizada e a aplicação de
estatística descritiva. As técnicas
aplicadas à hidrologia proporcionam uma avaliação de
magnitude de ocorrência de um fenômeno hidrológico.

Rio Tocantins.

A coleta sistemática de dados proporciona a


quantificação de processos hidrológicos. Quanto maior a extensão e
robustez dos
dados coletados, maior será a compreensão sobre eles. A Agência Nacional de
Águas e Saneamento
Básico (ANA) e o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
produzem e disponibilizam grande quantidade de
dados hidrológicos e
hidrometeorológicos obtidos em estações.

Existe a possibilidade de que os dados coletados


apresentem erro, alguns suportados pela hidrologia estatística,
como os relativos à
amostragem e às variações de fenômenos naturais. Entretanto, erros aleatórios relativos
à
imprecisão de leitura, os grosseiros atrelados a falhas humanas e aqueles
sistemáticos, por exemplo os
originados a partir de calibração equivocada de
equipamentos de medição, não são aceitáveis pela hidrologia
estatística.

Na forma tabular, pode ser difícil visualizar as


observações coletadas em relação a uma
variável hidrológica.
Nesse caso, o emprego de representações gráficas é de grande
utilidade. Vamos conhecer a seguir alguns
exemplos de gráficos utilizados nessas
representações.

Diagrama de linha

O diagrama de linha é um representante


da frequência em que ocorre uma variável hidrológica,
dentro da amostra.
Apresenta dois eixos: no horizontal, são representados os possíveis
valores da
variável; no vertical, os números de ocorrências da mesma
variável.

Diagrama uniaxial de pontos

Quando há interesse em comparar e


analisar a distribuição dos dados em uma amostra, o diagrama
de pontos é
utilizado. A representação gráfica ocorre a partir de uma linha e cada
valor ou grupo
pequeno de valores é representado com um ponto. Logo, os
valores das amostras são divididos em
intervalos pequenos. Esse diagrama
é melhor utilizado quando o tamanho da amostra não excede
trinta
observações e as variáveis são contínuas.

Polígono de frequências

Para representar graficamente a tabela


de frequências, pode-se usar também o polígono de
frequências, que
possibilita a compreensão sobre o padrão de distribuição de uma
variável. Sua
formação está baseada na junção dos pontos médios dos
topos dos retângulos de um histograma.

Curva de permanência

Ao avaliar a disponibilidade de água


em um rio em decorrência de demandas, é necessário
considerar a curva de
permanência, uma função que descreve a frequência da oferta das vazões.
A

curva pode elucidar algumas questões, por exemplo: quando se deseja


saber a porcentagem do
t i t á ã di í l t d t d d j l
tempo em que um rio terá vazão disponível para
atender a uma certa demanda, ou seja, qual a
disponibilidade hídrica de
um rio. Demostra uma relação entre a vazão e a porcentagem de tempo
em
que ela é superada ou igualada durante o tempo de construção. É
frequentemente empregada
no estudo de vazões para planejamento e projeto
de sistemas de recursos hídricos e como
instrumento de outorga de
direito de uso da água em algumas localidades.

Histograma

A distribuição de frequências de dados


de uma amostra pode ser demonstrada por um gráfico de
barras chamado de
histograma. Por meio dele, pode-se analisar a representação de dados
quantitativos, em grupos de classes de frequência. Ainda é possível
identificar em um histograma o
valor e a simetria na distribuição dos
dados, ou seja, é utilizado para facilitar a visualização dos
dados de
uma amostra. Cada barra tem em sua base a representação da classe,
enquanto a altura
exibe a frequência de ocorrência de cada classe.

Estatística descritiva e construção de diagramas


A estatística descritiva sintetiza o padrão de
distribuição de uma variável. Medidas frequentemente utilizadas são
de tendência central ou
de dispersão.

Medidas de tendência central ou de posição


Permitem a determinação de um valor central, em torno do
qual o conjunto de dados se aglomera. Confira as mais
conhecidas!

Média expand_more

Para se obter a média aritmética simples,


todos os elementos de um conjunto de dados devem ser
somados e, na
sequência, divididos pelo número de elementos desse conjunto. Para uma
amostra
A = {a1, a2, … , an} , é dada por:

a1 + a2 + … + an
x̄ =
n

Na média ponderada, deve-se multiplicar


cada elemento pelo respectivo peso, somar todos esses
resultados e
dividi-los pela soma de todos os pesos.

a1 ⋅ p1 + a2 ⋅ p2 + … + an ⋅ pn
x̄p =
p1 + p2 + … + pn

Outras médias são a harmônica (x̄h) e a geométrica (x̄g). Para a primeira, considere o exemplo em que a
vazão média de um rio no trecho 1 é de 22 m3/s e no trecho 2 é de 30 m3/s,
obtendo-se:

A média geométrica geralmente é aplicada


a valores que aumentam sucessivamente. Por exemplo: o
aumento consecutivo na
precipitação média mensal em uma região, em três meses, foi de 8%, 10% e
15%.
Inicialmente, a precipitação era de 100%, aumentou para 108%, 110% e
115%. Na forma decimal, são
representados como 1,08, 1,10 e 1,15,
respectivamente.

– 3 3
xg = √ a1 ⋅ a2 ⋯ ⋅ an = √ 1, 08 ⋅ 1, 10 ⋅ 1, 15 = √ 1, 37 = 1, 11
n

O aumento da precipitação mensal foi, em


média, de 11%.

Moda expand_more

É o resultado mais recorrente da amostra.


Supondo que a temperatura média mensal de uma região, para
os meses de
janeiro a abril de um ano, consecutivamente, gerou a amostra de dados A =
{35°,33°,33°,28°}.
A moda é 33°C.

Mediana expand_more

Permite que os dados sejam analisados com


menos distorções do que a média aritmética. Para dados
ordenados de uma
amostra A, temos:

1º caso — Quantidade par de elementos:

A = {a1, a2, a3, a4}

a2 + a3
xmd =
2

2º caso — Quantidade ímpar de elementos:

A = {a1, a2, a3}


xmd = a2

Medidas de variabilidade ou dispersão


Representam o grau de variabilidade dos dados de uma
amostra em torno do valor central. As principais medidas
são:

Amplitude expand_more

É a diferença entre o maior e o menor


valor de uma amostra. Como alguns elementos da amostra são
ignorados nessa
abordagem, essa medida é pouco representativa.

Desvio médio absoluto expand_more

É a média das distâncias entre cada dado


da amostra e o valor central (média). O cálculo é laborioso e,
considerando
uma amostra A = {a1, … , an} , é dado por:



|a1 − x| + ⋯ + |an − x|
d =
n

Variância expand_more

Proporciona uma análise da distância


entre cada elemento de uma amostra e o valor central. Para uma
amostra A = {a1, a2, … , an} , com média x̄, temos:

2 2
(a1 − x̄) + … + (an − x̄)
2
s =
n − 1

Desvio padrão expand_more


Utilizado alternativamente ao desvio
médio absoluto. Quando os valores da amostra estão próximos da
média, o
desvio padrão é baixo. É dado por s â
= √  vari ncia  = √ s.
2

Por exemplo, as temperaturas


mínimas registradas em três dias, em dois municípios diferentes, foram
10°C,
9°C, 11°C e 6°C, 10°C e 14°C, respectivamente. A temperatura média em ambos
foi de 10°C, porém o
desvio padrão é menor no primeiro município.

Técnicas gráficas dessas abordagens são o diagrama box


plot e o gráfico ramo e folha.

Diagrama box plot: proporciona uma visão geral de possíveis alterações


nos dados do
conjunto e identifica
onde estão situados 50% dos valores mais prováveis, os valores
extremos e a mediana.

Gráfico ramo e folha: frequentemente utilizado para


conjunto amostral
pequeno, evita a perda de informações
dos dados e destaca os pontos extremos do
conjunto.

Variáveis aleatórias discretas


As variáveis aleatórias são abordadas dentro da teoria
de probabilidade, desse modo as distribuições de
probabilidade atuam como ferramentas na
modelagem de fenômenos aleatórios. Precipitação, evaporação,
transpiração, escoamento
superficial e escoamento subterrâneo são exemplos de fenômenos aleatórios e,
portanto,
estão sujeitos à análise a partir de variáveis aleatórias.

O ciclo da água.

As variáveis aleatórias são funções reais definidas em


um espaço amostral e podem ser discretas ou contínuas. É
chamada de discreta quando o
número de valores possíveis de uma variável, ou seja, sua imagem, for um
conjunto finito
ou enumerável. Um exemplo de variável hidrológica discreta é o número de meses em um
ano, em
que a vazão de um rio de determinada localidade está abaixo da esperada, sendo
que os valores possíveis estão
contidos na amostra {0, 1, 2, 3, 4, ..., 12} de números
inteiros.

Em hidrologia, existem três categorias que reúnem os


modelos de variáveis aleatórias
discretas mais conhecidos.
A primeira trata dos processos de Bernoulli, a segunda é
referente aos processos de Poisson e a terceira
apresenta as distribuições
hipergeométricas e multinomiais.

Processos de Bernoulli
O Processo de Bernoulli está relacionado a
experimentos aleatórios que produzem eventos, dando origem a
somente dois resultados
possíveis e contrários. Por exemplo, cada nova barragem criada é uma tentativa, que
poderá gerar como resultados “com defeito” ou “sem defeito”, que se traduzem em
“sucesso” ou “fracasso”. No
processo de Bernoulli, as tentativas são independentes e a
probabilidade de sucesso permanece constante.

Considerando o espaço amostral do exemplo acima como {S,


F}, com probabilidade p de
ocorrência de um evento
e variável aleatória X (x = 0,1) associada, a função massa de
probabilidades é dada por:

x 1−x
p(x) = p (1 − p) , com 0 ≤ p ≤ 1

Rotacione a tela. screen_rotation


Três diferentes tipos de variáveis aleatórias discretas
estão associados aos processos de Bernoulli. Vejamos!

Binomial
Quando está relacionada ao número de sucessos em n repetições.

Geométrica
Quando está relacionada às repetições independentes e suficientes para
que o sucesso seja único.

Binomial negativa
Quando há repetições independentes e suficientes para que determinado
número de sucessos aconteça.

Processos de Poisson
Dentre os processos estocásticos, ou seja, os
conjuntos de variáveis aleatórias que demonstram a evolução de
um sistema hídrico de
modo global, os de Poisson apresentam elevada importância. No Processo de Poisson, o
tempo exato dos eventos discretos que compõem uma série de dados é aleatório, mas o
tempo médio entre os
eventos é conhecido.

Exemplo
Suponha que a cheia de retorno em determinada localidade ocorra em média a cada
10 anos. Uma ocorrência não
afeta a probabilidade da próxima cheia. As cheias
são eventos que se desenvolvem em uma escala de tempo com
espaçamento aleatório
e conhecemos o tempo médio entre as ocorrências.

Algumas distribuições de variáveis aleatórias


discretas possuem requisitos que diferem daqueles necessários à
modelagem das variáveis
componentes dos Processos de Bernoulli e Poisson, como a distribuição
hipergeométrica e
a multinomial.

Distribuições hipergeométricas
A distribuição hipergeométrica é utilizada quando na
amostragem não há reposição do elemento amostrado de
uma população finita. Sem a
reposição, ocorre uma mudança sistemática na probabilidade de sucesso do evento
e, nesse
caso, o processo de Bernoulli não é aplicado.

Exemplo

Considere que a vazão em um rio durante 18 dias do mês de janeiro esteve abaixo
do valor esperado e as vazões
registradas foram eventos independentes.
Selecionando uma amostra de 7 dias no conjunto amostral, calcula-se a
probabilidade de a vazão estar baixa em 5 desses dias.

Distribuições multinomiais
A distribuição multinomial é tida como uma forma
generalizada de apresentação da distribuição binomial em
casos com mais de dois
resultados possíveis. Para que uma distribuição seja considerada multinomial, ela deve
englobar n ensaios, cada qual contendo um número discreto de resultados possíveis.

Saiba mais
Essa distribuição é aplicada em determinadas situações, como, por exemplo, ao
assumir que as temperaturas em
uma localidade foram elevadas nos dias acima de
35°C, que foram baixas quando menores que 22°C e as
probabilidades de
ocorrências desses eventos foram de 0,3 e 0,5, respectivamente. A partir dessas
informações,
calcula-se a probabilidade de que, em 20 anos, tenham 6 anos com
temperaturas elevadas e 8 anos com
temperaturas baixas.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

Na amostra de dados A referente às vazões obtidas


3 3 3 3 3 3
= {10m /s, 9m /s, 9m /s, 7m /s, 4m /s, 3m /s}

de uma seção de rio para os meses de fevereiro a julho em determinada localidade, a média, a moda e a
mediana são, respectivamente:

A 3 3
10m /s, 9m /s e 8m /s.
3

B 3 3
6m /s, 9m /s e 10m /s.
3

C
3 3 3
7m /s, 9m /s e 8m /s.

D
3 3 3
10m /s, 9m /s e 8m /s.

E 3 3
7m /s, 8m /s e 9m /s.
3
Parabéns! A alternativa C está correta.
(10 + 9 + 9 + 7 + 4 + 3) 42
Para a média, temos:  média  = =
3
= 7 m /s . A moda é igual a 9, pois é o
6 6

valor mais recorrente na amostra. Para a mediana, devemos ordenar os valores: 3, 4, 7, 9, 9, 10. Como a
quantidade de elementos na amostra é par, os dois elementos centrais são somados e divididos por dois
7 + 9
= = 8 .
2

Questão 2
Assinale a opção que corresponde à representação gráfica a seguir.

A Diagrama de linha

B Processos de Bernoulli

C Gráfico ramo e folha

D Histograma

E Diagrama box plot

Parabéns! A alternativa D está correta.


O histograma é uma representação gráfica de dados previamente tabulados, na qual são mostradas barras ou
colunas que facilitam a visualização de informações.
2 - Reservatórios
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os principais componentes de um
reservatório.

Vamos começar!

video_library
Reservatórios

Diversos reservatórios foram construídos em


atendimento à crescente demanda por água, sendo considerados
um símbolo da habilidade
humana de controle e utilização de um recurso da natureza, o recurso hídrico.

Alguns foram projetados especialmente visando à geração de


energia elétrica. Após anos
de apogeu, essa
tendência começou a ser substituída a partir do surgimento de outras
fontes de energia, como a solar e a eólica. A

construção de reservatórios de
regularização tem sido uma importante ferramenta na busca da sustentabilidade
hídrica em
locais onde há limitação ou distribuição temporal variável de recursos hídricos.

Aspectos gerais
Uma das principais funções da regularização de cursos
d’água é gerar uma vazão constante ou que apresente
pouca variação ao longo do tempo.
Construir reservatórios é de grande importância para um local, pois apresenta
estreita
relação com o desenvolvimento econômico. Contudo, deve-se avaliar o custo-benefício
dessas
construções, uma vez que pode gerar diversos impactos ambientais. A retirada a
montante dos reservatórios tem
motivado a geração de conflitos entre usuários, frente à
redução da capacidade de regularização de vazão desses
reservatórios devido ao uso da
água na irrigação e na geração de energia, especialmente.

Saiba mais

Inicialmente, os impactos ambientais provenientes da construção de reservatórios


que causavam maior
preocupação eram aqueles oriundos da inundação de uma grande
área de floresta e a transformação da
velocidade da água, alterando um ambiente
lótico em lêntico, que mudavam características de qualidade da água
associadas a
essa transformação. Posteriormente, ficaram notáveis os impactos causados a
jusante dos
reservatórios e dos pontos de captação que alteram o regime
hidrológico do rio.

Tanto os processos físicos como os químicos e


biológicos do sistema sofrem profundas mudanças em escala
temporal e espacial, com a
construção de reservatórios. Para solucionar essa questão, foram impostas restrições
à
quantidade de água retirada de um rio para o consumo humano, de modo que uma vazão
mínima deveria
permanecer, a chamada vazão ecológica. Assim, ficou assegurado que a
vazão remanescente nos rios durante os
períodos de estiagem fosse o suficiente para não
provocara escassez do oxigênio necessário para a manutenção
do ecossistema fluvial.

Para regular as principais bacias hidrográficas


brasileiras foram construídos
reservatórios, os quais, isolados ou
associados em forma de cascata, configuram
empreendimentos impactantes, qualitativa e quantitativamente, nos
ecossistemas de águas
interiores.

Um reservatório é uma construção composta pela formação artificial de lagos ou por


uma barragem artificial de um vale natural com vazões do curso hídrico sujeitas a

controle.
Independentemente de seu tamanho ou de sua finalidade,
a função de um reservatório é a de regular, a fim de
atender às diferentes demandas dos
usuários do recurso hídrico ou à manutenção da vazão.

Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Quando se trata de um reservatório de acumulação, o


principal objetivo é reter o excesso de água captado no
período chuvoso para
aproveitá-lo no período de seca. Ainda, é possível que esse reservatório atenue os
efeitos de
enchentes a jusante. No caso de irrigação ou abastecimento público, os
reservatórios de distribuição têm a
função de regular a demanda ao longo do dia para
assegurar a correta distribuição da água entre os usuários além
de atender à demanda de
modo regular, inclusive em horários de picos.

Características de reservatórios
Quanto à característica física de um reservatório,
destaca-se a capacidade de armazenamento determinada a
partir de levantamento
topográfico. Alguns aspectos a serem considerados são profundidade, largura,
comprimento, área de drenagem, área da superfície líquida, volume e comprimento das
margens. Os níveis e
volumes característicos podem descrever um reservatório.

Veja a seguir!

Nível de água mínimo operacional

É referente à cota mínima necessária


para o correto funcionamento do reservatório. Através dessa
cota, é
definido o limite superior do volume morto e o limite inferior do volume
útil do reservatório. A
fim de evitar que sejam formados vórtices no
início da tomada de água, geralmente o nível de água
mínimo operacional
é estabelecido acima do limite superior da estrutura onde ocorre a
tomada de
água no reservatório.

Volume morto
Representa a fração que está inativa
dentre o volume total do reservatório, ou seja, indisponível para
o
aproveitamento da água. Sendo assim, é o volume de água que está abaixo
do nível mínimo
operacional.

Nível máximo operacional

Estipula o limite superior do volume


útil de um reservatório, correspondendo à cota máxima
admitida para o
funcionamento do reservatório. Frequentemente, esse nível encontra-se no
mesmo
patamar da crista do extravasor ou da borda superior das comportas
do vertedor.

Volume útil

É utilizado na operação do
reservatório e que atende às diferentes demandas pelo uso do recurso
hídrico. As perdas de água por evaporação e por infiltração no solo
devem ser mensuradas quando
representarem valores significativos. O
volume útil encontra-se entre os níveis de água mínimo
operacional e
máximo operacional.

Nível máximo maximorum

Está voltado para atender à demanda de


ondas de cheia e está atrelado à sobrelevação máxima do
nível de água.

Volume de espera

É também conhecido por volume para o


controle de cheias e se refere à fração do volume útil do
reservatório
que está voltada para o amortecimento de ondas de cheia. Assim, pode
atender às
restrições da vazão do rio a jusante, como a capacidade de
recebimento de água pelo rio e proteção
de estruturas construídas.
Cota da crista do barramento

É encontrada a partir de uma


sobrelevação ao nível de água máximo maximorum chamada de
borda livre.
Sua função é impedir transbordamentos sobre a crista em condições
adversas e
assegurar que as ondas formadas pelo vento não ultrapassem a
crista da barragem.

Balanço hídrico dos reservatórios


O balanço hídrico pode ser entendido como a verificação da
entrada e da saída de água no reservatório, previstas
no ciclo hidrológico. Seu objetivo é
confrontar a disponibilidade de água frente às demandas hídricas em
quantidade e qualidade.
Esse estudo é um hábil instrumento que produz estimativas mensais de disponibilidade
hídrica
em uma região sendo de elevada importância para os gestores, como auxiliar no planejamento e
na
operação de reservatórios.

Elaborar um diagnóstico hídrico de modo correto diminui consideravelmente o risco de


desastres, de problemas operacionais e financeiros.

Os modelos de análise de cursos hídricos são geralmente


categorizados como de simulação, otimização ou uma
combinação das duas categorias. Ambos os
modelos vislumbram conhecer as questões que possivelmente
surgirão ao longo do tempo após a
implementação de uma política operacional.

Estação de bombeamento 1 do Eixo Norte, em Cabrobó

Caso haja poucas alternativas a serem


avaliadas, a simulação é frequentemente utilizada. Se a combinação de
possíveis
valores atribuídos às variáveis analisadas for infinita, o emprego desse método
se torna dispendioso e
inviável. Quando é desejável reconhecer a melhor política
operacional a ser empregada, o modelo de otimização é
aplicado.

Os fatores envolvidos na decisão permitem


variações e podem ser maximizados ou minimizados para serem
aplicados em
soluções de funções-objetivo.

Para o cálculo do balanço hídrico quantitativo, são


consideradas as disponibilidades hídricas e as demandas
hídricas. O balanço é elaborado
utilizando um modelo matemático, a partir de uma base hidrográfica predefinida,
inserindo
dados obtidos com relação à disponibilidade hídrica e de usos de água na base hidrográfica
considerada. Isso proporciona uma simulação qualitativa e quantitativa, verificando os
impactos dos usos sobre a
disponibilidade e a qualidade da água.

A equação que define o balanço hídrico pode ser escrita do


seguinte modo:

ΔV ol
P + Qin − E − ΣQd − Qout − I =

Δt

Onde:
P = precipitação;
Qin = vazão afluente;
E = perda por evaporação;
ΣQd = demandas;
Qout =
vazão de restituição;
I = perdas por infiltração;
ΔV ol = variação de volume de armazenamento;
Δt =
variação de tempo. Em período de estiagem P é igual a zero.

Rotacione a tela. screen_rotation


A bacia hidrográfica é o espaço mais apropriado para a
avaliação do comportamento hídrico de um curso d’água
porque delimita a área de entrada, o
percurso, a saída de água e a seção do rio. No desenvolvimento de projetos, o
domínio
regional ou local deve ser estabelecido, o que implica na seleção dos elementos componentes
mais
importantes. Dentro do contexto do ciclo hidrológico, são considerados a
evapotranspiração, a precipitação, o
escoamento superficial da água e a percolação em níveis
mais profundos, além da infiltração.

Saiba mais

Diversos parâmetros podem ser considerados para a avaliação do balanço hídrico,


tais como: demanda
bioquímica de oxigênio (DBO), oxigênio dissolvido (OD),
fósforo total e suas frações (fósforo orgânico e
inorgânico), coliformes
termotolerantes (fecais) ou E. Coli e nitrogênio total. A escolha de parâmetros
baseia-se na
identificação dos principais indicadores da qualidade da água na
região a ser avaliada e por estarem
correlacionados com possível uso da água,
por exemplo, com o lançamento de esgoto doméstico sem
tratamento.

Vertedores e descarregadores de fundo


Os vertedores e descarregadores de fundo podem ser
definidos como paredes, diques ou aberturas sobre as
quais um líquido escoa. Os
descarregadores são condutos instalados próximos à base do barramento para
eliminar do
reservatório o sedimento depositado, sendo amplamente utilizados no controle da
sedimentação de
reservatórios. O termo também é aplicado aos extravasores de represas.
Componentes básicos de um reservatório.

Dentre as estruturas mais importantes de um


reservatório, está o descarregador de fundo. Sua importância está
atrelada à regulação
dos níveis do reservatório e à segurança da barragem. As principais funções do
descarregador de fundo são:

Permitir a passagem de água do reservatório para jusante enquanto os níveis de água


estão baixos e os
vertedouros e outras tomadas de água estão inutilizáveis.

Eliminação de cheias enquanto há construção da barragem e, no caso de o


vertedouro necessitar de auxílio,
evacuação de emergência para aliviar o estresse sobre
a barragem.

Esvaziamento do reservatório para manutenção e operações de inspeção.

O modo mais apropriado de construção dos vertedores é


baseado em forma geométrica definida. São
considerados orifícios incompletos, por não
apresentarem a parte superior. Quanto à classificação do vertedores,
eles podem ser
considerados como:

Quanto à forma expand_more

a) Simples: triangular, retangular,


trapezoidal, circular e exponencial. A retangular é utilizada para medição
de grandes vazões.

b) Compostos: mais de duas formas


geométricas simples arranjadas em combinação. Por exemplo, caso a
forma
retangular esteja combinada com a triangular, esta é indicada para a medição
de pequenas vazões.

Quanto à altura relativa da soleira expand_more

a) livres ou completos;

b) incompletos ou afogados.
Quanto à espessura da parede expand_more

a) parede espessa ou soleira espessa;

b) parede delgada ou soleira fina.

Quanto à altura relativa da soleira expand_more

a) com contrações laterais;

b) sem contrações laterais.

Durante a elaboração do projeto para utilização dessa


estrutura, é necessário considerar algumas situações que
podem ocorrer quando o sistema
estiver sob pressão. Por exemplo, cavitação pela alta viscosidade de
escoamento, erosão nas
bordas do conduto e a jusante do descarregador, além de corrosão e oxidação em peças
do
sistema. As equações clássicas que descrevem o funcionamento de orifícios podem ser
utilizadas para
estimar a vazão transportada pelos descarregadores.

Análise da regularização de vazão de um reservatório


Como medida de segurança para garantir o suprimento de
demandas diferenciadas pelos usuários, pode ser
adotado o princípio da superposição.
Esse princípio considera que, para sistemas lineares, a resposta final da
soma de dois
ou mais estímulos é igual à resposta líquida para cada estímulo individual.

Os reservatórios estão constantemente


acumulando água mesmo quando não são feitas as retiradas. Também
permitem a
análise de retiradas distribuídas durante as horas diárias em que há consumo,
fazendo uma
correlação com a quantidade de dias no mês em que houve retirada de
água.
Quando o trecho a montante de um rio apresenta o somatório
das vazões outorgadas superior à vazão máxima
permitida para outorga, a verificação do
impacto causado pela construção do reservatório de regularização sobre
a disponibilidade
hídrica pode ser realizada com base em fatores como capacidade de armazenamento e vazão
permissível para outorga. O primeiro está baseado na influência exercida pelo armazenamento
de água em
relação à substituição das vazões superpostas, em detrimentos daquelas
distribuídas ao longo do tempo. O
segundo leva em consideração a vazão máxima permitida para
outorga que esteja em condições de serem
regularizadas.

Geralmente, a construção de reservatórios favorece o


aumento da disponibilidade hídrica tanto pelo efeito do
fator, que considera a distribuição
das demandas ao longo do tempo, como pelo impacto sobre a vazão
permissível para outorga.

Visando aumentar a potencialidade da utilização de recurso hídricos, é possível


substituir as vazões superpostas por vazões distribuídas ao longo do tempo, pois
ocorre
uma redução considerável na vazão de demanda.

Em diversas bacias hidrográficas, existe conflito pelo


uso de recurso hídrico e a outorga do direito de uso é uma
ferramenta essencial para a
minimização desses conflitos e gerenciamento adequado do recurso. Reservatórios
de
grande porte tendem a ampliar as motivações para a geração de conflitos e a construção
de pequenos
reservatórios, dentro das permissões legais. Pode ser uma alternativa para
essa questão em algumas localidades,
especialmente onde há baixa disponibilidade
hídrica.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A disponibilidade e a ____ hídrica são consideradas no cálculo do balanço hídrico quantitativo. Assinale a
seguir a alternativa que completa corretamente a lacuna da afirmativa anterior.

A Facilidade

B Vazão

C Resposta

D Outorga
E Demanda

Parabéns! A alternativa E está correta.


O balanço hídrico considera a entrada de água e a necessidade de retirada dessa água, ou seja, a demanda
pelo recurso hídrico.

Questão 2

Os descarregadores instalados próximos à base da barragem do reservatório têm a função de eliminar ____
do reservatório. Assinale a seguir a alternativa que completa corretamente a lacuna da afirmativa anterior.

A Ar

B Sedimento

C Cimento

D Água

E Peixes

Parabéns! A alternativa B está correta.


O sedimento pode acumular no reservatório e o descarregador facilita sua remoção.
3 - Dimensionamento de reservatórios
Ao final deste módulo, você será capaz de analisar alguns métodos utilizados no dimensionamento
de reservatórios.

Vamos começar!

video_library
Dimensionamento de reservatórios

A capacidade de armazenamento de água por um


reservatório pode ser influenciada por três fatores: a
intermitência, o
volume afluente
médio e a variabilidade dos deflúvios anuais. Um reservatório
com capacidade
igual ao
deflúvio médio anual é capaz de reter todas as águas do período chuvoso para que sejam
utilizadas nos
períodos de estiagem, considerando que em todos os anos os deflúvios
sejam iguais. Caso contrário, é necessário
manter um estoque de água para uso
interanual.

Um reservatório com o dimensionamento correto pode suportar as variações de vazão

do
curso hídrico e atender à demanda por água proposta para os diversos usos de modo
satisfatório.

Métodos de dimensionamento
Diversos métodos são utilizados no dimensionamento do
volume útil de reservatórios e podem ser classificados
de acordo com o modo de uso dos
dados e apresentação dos resultados. Dentre os métodos mais utilizados,
estão os
estocásticos e os determinísticos.

Método estocástico
Este método é representado por um conjunto
de variáveis aleatórias que demonstra a evolução de um sistema
hídrico
de modo global. Há uma indeterminação, mesmo tendo indicativos da origem
das informações iniciais
em eventos aleatórios, sobre quais caminhos
poderão ser seguidos durante a evolução do processo. Favorece o
cálculo
de probabilidades que incluem, por exemplo, a ocorrência de falhas
durante o processo, e pode ser
aplicado em determinação de fluxos
turbulentos. O processo e o modelo são ditos estocásticos quando a
probabilidade estiver inserida no modelo e a possibilidade de ocorrência
das variáveis envolvidas no processo
for considerada.

Método determinístico
Neste método, o resultado é analisado de
modo único, por exemplo, quando é produzida uma saída em
condições
idênticas de uma mesma entrada. Propõe que as séries e vazões possam ser
geradas a partir do
conhecimento das condições iniciais, ou seja, de
dados de entrada que representem o sistema hídrico natural
como umidade
do solo, volume de água precipitada e evaporada, cobertura vegetal,
dentre outros. No contexto
desse método, destaca-se o diagrama de
massas.

Para a metodologia de cálculo, existe a classificação


em métodos simplificados, modelos de simulação e
modelos de otimização. Esses métodos
são frequentemente inseridos em projetos para a construção de
reservatórios de pequeno
porte ou em fase inicial da concepção de grandes reservatórios. O diagrama de massas
é
um método simplificado, porém apresenta algumas limitações que dificultam sua utilização
em sistemas onde
exige um dimensionamento complexo.

Modelos matemáticos de simulação e


otimização têm sido desenvolvidos com o emprego de
computadores na
elaboração de projetos para estudos hidrológicos e amplamente aplicados
em casos complexos que exigem
cálculos mais robustos e de difícil solução. Essa se
tornou uma ferramenta fundamental de gestão dos recursos
hídricos e auxiliar durante o
planejamento.
A partir da visualização do cenário em que
será desenvolvido um estudo, recomenda-se uma aplicação de
modelos de simulação,
pois são eles que descrevem o comportamento do sistema ao longo do tempo e do
espaço em função desse cenário.

Esses modelos têm a capacidade e utilização de


extensas séries de dados que podem ser obtidas
experimentalmente ou através de
bancos de dados disponíveis, preservando as características naturais do regime
hidrológico, elementos norteadores da vazão e da natureza das chuvas.

Já os modelos de otimização otimizam o


dimensionamento
e a operação do reservatório indicando um ponto
representativo do sistema. A
sensibilidade do modelo em virtude de alterações e variações do sistema são
avaliadas.
As atividades são mapeadas, e possíveis falhas ou diminuição de desempenho são
identificadas por
esse modelo, que dentre outras funções propõe soluções tornando os
processos mais fluidos.

Seja qual for o modelo hidrológico adotado, é consenso que, dentro de suas
limitações,
todos se propõem a sugerir um dimensionamento mais adequado para cada
situação,
além de propor melhorias, equacionando processos, compreendendo e
simulando o
funcionamento de uma bacia hidrográfica associada ao reservatório

Método do diagrama de massas


O método de diagrama de massas ou diagrama de Rippl é
amplamente aplicável no campo da hidrologia. Um de
seus usos é voltado para o cálculo do
volume útil de um reservatório que compreende o volume de
armazenamento necessário para
alcançar uma constante regularização de vazão durante o cenário mais crítico
de
estiagem.

Saiba mais

Esse método tem como objetivo principal a equalização da vazão entre o


suprimento e as diversas demandas no
decorrer do tempo. É mais utilizado em
situações de e demanda acumulada de água, que é aproximadamente
igual ou pouco
menor que o suprimento de água, pois é fundamentado com base no período crítico,
ou seja, de
estiagem.

O diagrama de massas é um diagrama de volumes de água


acumulados que fluem ao reservatório. Corresponde a
integral de um hidrograma afluente
ao reservatório, que apresenta uma curva de massa que foi uma das pioneiras
utilizadas
na aplicação de estimativa da capacidade de reservatórios. As retas tangentes a essa
curva
representam as vazões naturais do curso hídrico em cada instante considerado.

Hidrograma de vazões médias mensais, de 1999 a 2006, no


Rio Jamari, RO.

As vazões a serem regularizadas são mostradas como uma


porcentagem da vazão média. Caso seja considerado
que a vazão a ser regularizada é a
vazão média, para mantê-la durante um intervalo de tempo de t1 a t2, é preciso
descarregar do reservatório um volume a ser calculado.

Com a utilização do diagrama de massas, a visualização


gráfica do volume útil do
reservatório para determinada
vazão regularizada fica facilitada. Na construção do
diagrama, uma reta é traçada passando pela origem tendo
uma inclinação igual à vazão
esperada, ou seja, é feita uma curva de vazões acumuladas de regularização. A partir
daí, as retas paralelas e tangentes são traçadas. Essas apresentam em seu maior
afastamento a definição do
volume útil a ser considerado no armazenamento de água no
reservatório.

Para avaliar se haverá enchimento do reservatório, basta


analisar os pontos nos quais a
reta tangente à curva de
massa tem inclinação maior que a vazão regularizada. Nesses
pontos, o enchimento do reservatório ocorrerá;
caso contrário, será esvaziado.

Atenção!

A tangente no diagrama de massas traz outra informação relevante sobre a


utilização de reservatórios. O
diagrama de massas pode determinar a partir da
tangente se é necessária ou não a construção do reservatório.
No caso de o
diagrama de massas não apresentar tangentes com inclinação menor que a vazão a
ser
regularizada, não é necessária a construção do reservatório.

Vantagens e limitações do método


Os métodos baseados no diagrama de massas apresentam
vantagens e desvantagens em seu uso. É o método
mais utilizado, e a principal vantagem
em seu uso é a fácil aplicação. A simplicidade e a facilidade de
entendimento da
estrutura de cálculo são notáveis, além de o conhecimento teórico aplicado ser de
simples
compreensão. O fato de considerar a sazonalidade implícita na série histórica
merece destaque, pois é um fator
que influencia fortemente na qualidade dos dados.
Devido o método apresentar o volume do reservatório com
base na área de captação e na
precipitação registrada,
considerando a possibilidade de não ter o armazenamento de toda
a água precipitada, pode relacionar a demanda
mensal de determinado uso, independente de
ser constante ou variável.

Espera-se que, utilizando esse método, seja possível obter maior precisão no
dimensionamento do resevatório diminuindo o intervalo de coleta dos dados a serem
considerados na análise. Quando os dados são inexistentes, ainda existe a
possibilidade
de uso desse método, substituindo os dados diários por mensais, que
também
apresentam resultados satisfatórios.

Embora haja várias considerações positivas


sobre seu uso, existem diversas críticas sobre a utilização do
diagrama de
massas, principalmente devido a esse método ter sido desenvolvido com a
finalidade de
dimensionamento para grandes reservatórios, o que poderia
acarretar superestimativas do volume a ser
armazenado no reservatório.

Ao admitir a série histórica como repetição em


ciclos, sem supor a existência de dados críticos, pode-se inferir um
resultado
sub ou superestimado do volume útil do reservatório.

Quando se trata de volume, não são permitidas variações de


vazões regularizadas relativas a volume armazenado
e não são associados riscos a um volume
definido. Ainda, o volume do reservatório pode ser reduzido mediante
perdas por evaporação.
Esse é outro fato não considerado por essse método, além de admitir que está cheio no
início
da operação.

Outros métodos
O método do diagrama de massas residual tem como base
o diagrama de massas ou de Rippl. A principal
vantagem desse método com relação ao
método do diagrama de Rippl diz respeito à redução na escala vertical
do gráfico,
facilitando o manuseio da curva, a partir da retirada da vazão média do eixo das
ordenadas.

Veja como os seguintes métodos de dimensionamento de


reservatórios são utilizados e suas
características.

Mét d di d id l
Método diagrama de massas residual expand_more

Para dimensionar o volume útil do


reservatório utilizando o diagrama de massas residual, deve-se subtrair
a
vazão média de longo termo dos valores individuais da série histórica. Dá-se
o nome de residuais aos
valores obtidos após essa ação. Na sequência, é
traçado o gráfico da curva de massas dos valores
residuais encontrados,
demonstrando a acumulação dos valores residuais no decorrer do tempo e a
reta
de retirada residual. As tangentes são traçadas em associação à reta de
retirada residual nos pontos
críticos da curva de massas residual. O maior
afastamento entre a tangente e o diagrama de massa
residual será considerado
como sendo o volume útil do reservatório.

Método australiano expand_more

Utilizado em dimensionamento de
reservatório. O cálculo do volume do reservatório é feito com tentativas
até
a identificação de valores otimizados de confiança para uso e volume do
reservatório. Uma
característica que diferencia esse método é o fato de os
valores obtidos serem mais criteriosos.

Método prático inglês expand_more

Apresenta uma interface simples e de


fácil uso. São considerados apenas os valores de precipitação anual
e da
área de captação. Assim, quanto maior for a precipitação no local instalado,
maior será o volume do
reservatório, sem levar em consideração a demanda de
usos múltiplos.

Método prático alemão expand_more

Baseia-se em dados anuais de água pluvial


ou em demanda de usos múltiplos, independentemente da área
de captação. A
eficiência do sistema não é relevante nesse método já que trata de um
cálculo empírico.
Assim, o volume do reservatório considerado é o menor
entre 6% do volume anual de consumo ou 6% do
volume de precipitação.

Curva de possibilidades de regularização


Os processos de evaporação e extravasamento estão
sempre presentes nas situações práticas, pois sempre
ocorre perda de água por essas vias
em corpos hídricos. Quando se pretende dimensionar reservatórios em
situações práticas,
a regularização da vazão média é inviável.

Existem vários fatores que não necessariamente estão


relacionados à técnica que podem
afetar a regularização
impondo restrições. Alguns exigem uma adequação ou supressão de
projeto, tais como:

Questões financeiras
Especialmente aquelas relativas a investimentos e à manutenção.

Questões econômicas
Por corte de verba a fim de obter redução e custos.

Questões sociais
Devido à presença de habitações no entorno do reservatório, legais e
ambientais.

Nos casos em que altura da barragem e o volume do


reservatório estão limitados, a relação entre a vazão
regularizada e a vazão média da
bacia, conhecida por grau de regularização, fica geralmente inferior a um. Então, a
curva é traçada na abcissa, compreendendo o volume de armazenamento necessário para
regularizar uma vazão,
e na ordenada, compreendendo a vazão de regularização.

A curva de possibilidades de regularização é construída a


partir do cálculo de diversos
valores de volume útil
referentes a diversas vazões regularizadas. Essa curva relaciona
o volume útil necessário ao reservatório com o
seu grau de regularização. É uma curva
assintótica, já que o volume útil tende ao infinito quando a vazão
regularizada tende à
vazão média.

Curva de regularização do reservatório parcialmente cheio


com tempo de retorno de 70 anos.

Utilizando um modelo de simulação, pode-se realizar um


procedimento experimental gerando inúmeras séries de
dados sintéticas, ocasionando a geração
de inúmeras curvas de regularização. Assim, é empregada uma
estatística representativa da
área do reservatório em diferentes níveis de regularização considerando a
probabilidade de
falha ao longo de um horizonte de planejamento. A característica estocástica dos fenômenos

hidrológicos fica representada dessa forma. Portanto, a utilização dessas curvas é uma
abordagem coerente a ser
implementada nos projetos de dimensionamento de reservatórios.

Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Q tã 1
Questão 1

O modelo ____ é utilizado no dimensionamento do volume útil de reservatórios e apresenta estado


indeterminado com origem em eventos aleatórios. Assinale a seguir a alternativa que completa corretamente
a lacuna da afirmativa anterior.

A Determinístico

B Aleatório

C Composto

D Estocástico

E Afogado

Parabéns! A alternativa D está correta.


Qualquer processo analisado que utilize a teoria probabilística é estocástico.

Questão 2

O volume útil de um reservatório compreende o volume de armazenamento que é necessário para alcançar
uma constante regularização de vazão durante o cenário crítico de

A chuva.

B verão.

C estiagem.

D manutenção.
E erosão.

Parabéns! A alternativa C está correta.


O volume útil é a diferença entre o volume máximo e o volume morto, ou seja, é o volume disponível para
operação no reservatório.

4 - Impactos ambientais
Ao final deste módulo, você será capaz de avaliar possíveis impactos ambientais decorrentes da
regularização de vazão.

Vamos começar!

video_library
Impactos ambientais
As atividades desenvolvidas pelo ser humano modificam
o regime natural de vazão dos rios. Esse fato foi
intensificado a partir da urbanização
crescente das grandes cidades, da industrialização e foi acelerado por
práticas
agrícolas insustentáveis. Como consequência, podemos observar a degradação da qualidade
da água, a
destruição de ecossistemas e a perda da biodiversidade no ambiente aquático.

Alterar o regime de vazões dos rios pode prejudicar de forma irreversível os


ecossistemas aquáticos. Os impactos negativos afetam a população que se beneficia
dos serviços ecossistêmicos de uma região, podendo comprometer inclusive sua
subsistência.

Vazão ecológica
Para o gerenciamento adequado dos recursos hídricos, é
necessário determinar a disponibilidade hídrica a partir
do conhecimento da vazão
ecológica. Assim, é possível evitar danos ao ambiente, como a extinção de espécies
nativas e a invasão de espécies exóticas, à medida que se assegura uma quantidade mínima
de vazão para a
preservação do ecossistema.

Saiba mais

A vazão ecológica também é conhecida como vazão ambiental, residual ou


remanescente. É utilizada como
ferramenta que contribui para a tomada de decisão
sobre a melhor maneira de implementar um gerenciamento
ecologicamente
sustentável, protegendo a integridade ecológica do ecossistema local e atendendo
à demanda
por recurso hídrico.

A vazão ecológica é definida como a quantidade mínima


de água que deve ser garantida ao curso hídrico para
manutenção da vida dos ecossistemas
aquáticos. Essa garantia deve ser respeitada mesmo quando ocorre a
captação de água para
diversos usos decorrentes da atividade humana. Essa quantidade mínima de água deve
permanecer no curso do rio para a preservação da fauna e flora da região.
Os diferentes usos da água, como, por exemplo,
geração de energia elétrica, abastecimento público e irrigação,
não devem
comprometer a vazão de um rio. Em alguns casos, um único valor de vazão não é
suficiente para
preservar as condições naturais de um rio a jusante de um local
com uso intenso de água.

Existem diferentes metodologias para a


determinação da
vazão ecológica, as quais são classificadas em quatro
tipos. Vamos conhecê-las?

Hidrológica

São utilizados dados hidrológicos (séries temporais de


vazões diárias ou mensais) que sugerem qual vazão
ecológica deve ser adotada.
Uma forma de apresentação do resultado é por meio de porcentagem; nesse caso, é
fixado um percentual ou uma proporção da vazão natural do curso de água para
indicar a vazão ecológica.

Hidráulica

Baseia-se em alteração das variáveis hidráulicas medidas


em seção única transversal do rio, como perímetro
molhado ou profundidade
máxima.

De habitat

Visa avaliar a vazão ecológica em relação ao habitat


físico disponível para as espécies que vivem na região.
Nesse caso, as regras
consideradas para a determinação da vazão são variáveis ou múltiplas e partem de
um
valor inicial com a possibilidade de lidar com alternativas variáveis, se
adequando às necessidades individuais dos
usuários da água prevenindo a geração
de conflitos.

Holística
É considerado o ecossistema do rio como um todo, podendo
englobar áreas próximas, como pântanos e água
subterrânea. Toda a fauna, flora e
qualidade da água da região avaliada podem ser afetadas pela vazão e,
portanto,
são relevantes no levantamento de dados.

O método hidrológico é frequentemente utilizado no


Brasil para requerimento de uso do recurso hídrico, a outorga.
Esse método considera
apenas um valor de vazão ecológica e desconsidera as variações de habitat no decorrer
do
curso do rio, assim como as limitações nos regimes naturais de vazões.

Saiba mais

Os requisitos para concessão de outorga e uso da água nos diferentes estados


brasileiros é variável e os dados
utilizados para a determinação da vazão
ecológica são fundamentados em séries históricas de vazão. A partir da
vazão
ecológica, é possível identificar a disponibilidade real de água em um rio para
afins de avaliação sobre a
potencialidade de captação e aproveitamento.

Qualidade da água
Com a prerrogativa de que a demanda por recurso
hídrico é mais importante para o ser humano do que para os
ecossistemas aquáticos, a
degradação da qualidade da água de alguns rios chegou a um nível severo e, em
alguns
casos, ocorre a indisponibilidade para determinados usos.

É necessário avaliar os aspectos qualitativos e


quantitativos dos recursos hídricos,
pois são fundamentais para
assegurar o equilíbrio do ambiente em um sistema fluvial. A
qualidade dos mananciais está sendo afetada
negativamente e de modo crescente frente à
demanda mundial e à variabilidade espacial e temporal da água,
agravadas pela poluição
hídrica.

Dentre as atividades humanas que fazem uso da água, o


lançamento de efluentes
industriais e domésticos nos
rios comprometeram progressivamente sua qualidade. O esgoto
doméstico é lançado diretamente nos rios por
uma grande parcela da população mundial que
não dispõe de saneamento básico, favorecendo a floração de
algas e a degradação da
qualidade da água por meio da eutrofização.

A eutrofização é o processo
natural ou
artificial de incremento de nutrientes aos corpos d’água. Atividades
humanas,
como o esgotamento sanitário sem o tratamento adequado e a agricultura,
proporcionam um aumento
da velocidade da eutrofização, reduzindo a vida útil de
um corpo d’água.

O sistema fluvial possui uma capacidade de


absorção de nutrientes, porém o excesso pode se tornar prejudicial e
alterar o
equilíbrio ecológico do meio, especialmente quando há lançamento elevado de
matéria orgânica.
A eutrofização pode causar impactos no curso hídrico, tais
como:

diminuição da qualidade da água que é destinada ao abastecimento;

aparência desagradável pela coloração;

odor ou presença de materiais suspensos;

inviabilidade de utilização para recreação;

alteração na concentração de oxigênio que pode provocar a mortandade de


peixes;

deposição e crescimento desenfreado de algas;

entraves para a navegação.

Ao construir um reservatório, a
temperatura é um
fator a ser considerado. Na superfície, a temperatura é maior do
que no fundo, alterando as
características naturais da água naquela região. As águas mais quentes promovem o
crescimento de algas potencialmente nocivas, enquanto as mais frias podem conter elevadas
concentração de
minerais, tornando-se impróprias para determinados usos.

O tempo de residência ou de retenção


hidráulica deve ser
considerado ao avaliar a qualidade da água.
Dependendo do uso do reservatório, é feito o
controle desse tempo, já que afeta a reciclagem e o acúmulo de
nutrientes, o crescimento do
fitoplâncton, o desenvolvimento de plantas aquáticas e o depósito de sedimentos.
Também deve
ser considerada a estratificação térmica. Quando a absorção da energia solar sofre intensa
estratificação, a densidade da água é alterada e, por consequência, também é alterada a
biota no meio.

Com a redução da qualidade da água em um curso


hídrico, a reprodução de organismos aquáticos fica
prejudicada, a pesca pode ser
comprometida e a saúde humana e ambiental deteriorada. Isso pode impactar
negativamente a permanência humana em uma região
negativamente a permanência humana em uma região.

Os meios de subsistência de pessoas que


dependem dos serviços fornecidos por esses ecossistemas podem ser
afetados, por
exemplo, pela diminuição da pesca e por problemas relacionados à nutrição,
causando, portanto,
prejuízo econômico e social.

Assoreamento
O equilíbrio em relação ao transporte de sedimento em
um curso d’água geralmente ocorre por arraste ou
suspensão. A sedimentação natural desse
material em águas com menor velocidade ocorre com variações de
acordo com a
granulometria das partículas do sedimento e com algumas características do curso
hídrico, tais
como turbulência, temperatura e demais fatores associados.

Ao construir um reservatório, as características


hidráulicas entre a seção a montante e
a barragem do reservatório
são alteradas, influenciando equilíbrio do fluxo. Nesse
sentido, é promovida a desaceleração da movimentação de
partículas na corrente de água.
Já as partículas sólidas com maior granulometria são depositadas em áreas mais
próximas
da entrada do reservatório. Dependendo do local onde essas partículas são depositadas,
podem ocorrer
enchentes a montante e a jusante do reservatório, e ainda estimular a
erosão das margens dos rios.

Assoreamento na Barragem do Torto, DR.

O assoreamento é o principal problema que afeta rios,


lagos e reservatórios, pois reduz o volume de água
utilizável. Uma consequência, por
exemplo, no caso de geração de energia, é a diminuição da energia gerada. Para
o
ecossistema aquático, ocorre a diminuição da oferta de água e há a possibilidade de
aumento na concentração
de alguns elementos prejudiciais à saúde.

A principal causa do assoreamento é o transporte de


material em suspensão ou dissolvido,
pela água da chuva e
pelo próprio curso hídrico, até o reservatório onde fica retido por
sedimentação. Os sedimentos sujeitos ao arraste
têm origem em solos expostos por ação
humana durante a supressão da cobertura vegetal ou pelo uso
inadequado e esgotamento na
agricultura.

Atenção!

Qualquer reservatório está sujeito à alteração na sua capacidade de


armazenamento, parcial ou total,
independentemente da finalidade, dimensão e
operação. Logo, durante a elaboração de um projeto para
construção de
reservatório, a análise do processo de assoreamento deve ser parte integrante
das atividades
relativas à construção e manutenção, prevendo os melhores locais
para a tomada de água a fim de evitar
eventuais interrupções no fornecimento de
água, limitações na operação ou dificuldades de operação.

O sistema a jusante do local onde é construído um


reservatório sofre impactos ambientais de grande importância
afetando os mais variados
nichos ecossistêmicos. Os ecossistemas a jusante dependem profundamente das
águas, porém
esse não é o único componente a ser considerado. Os sedimentos também contribuem
fortemente
para a qualidade da água em reservatórios, para a vida aquática como um todo
e para a manutenção da vida no
curso d’água. Tanto a água como o sedimento são
bloqueados nos reservatórios, diminuindo assim a oferta de
nutrientes necessários para a
manutenção da vida de diversos organismos que ali vivem.

A redução da capacidade de armazenamento de


reservatórios e de rios está intimamente atrelada aos processos
de erosão e
assoreamento. O material sólido se acumula no reservatório e as terras a jusante
tendem a sofrer
uma redução na fertilidade.

O leito do rio tende a ser tornar mais


profundo ou devido efeitos adversos da erosão, pode ficar assoreado. Os rios
servem como meios de transporte de sedimentos que alimentam a fauna e a flora
que habitam em seu curso.

Quando esse alimento é bloqueado nos


reservatórios o resultado é a menor disponibilidade ou até mesmo
ausência desse
alimento e, consequentemente, a morte desses organismos.

Supressão de vegetação e perda de hábitat


Um reservatório atua como uma barreira física que
perturba e, muitas vezes, impede o deslocamento dos
organismos aquáticos, afetando a
composição de espécies a montante e a jusante do reservatório. Os rios e as
espécies que
nele habitam existem em função de características do curso hídrico, tais como: vazão,
composição
do leito e das margens, composição e quantidade de sedimento deslocado e
equilíbrio entre espécies. A
construção de um reservatório altera o regime dos rios de
lótico (mais movimento) para lêntico (menos
movimento).

A construção de reservatórios é responsável pela


fragmentação de habitats valiosos e
pela interrupção de
importantes corredores migratórios. Antes da inundação dos
reservatórios, comunidades humanas são
deslocadas de suas terras nas quais viveram por
muitos anos. Outros seres, como, por exemplo, a vegetação e
algumas espécies animais,
não detêm de tempo suficiente para escaparem do afogamento. Alguns conseguem
escapar da
inundação e são forçados a procurar outra área para sobreviverem, mas nem sempre obtêm
sucesso
devido à dificuldade em conseguir alimento, local seguro para o repouso ou de se
adaptarem ao novo ambiente.

Dentre os impactos indiretos, destacam-se perda de


laços comunitários e familiares,
separações e alagamentos
em propriedades, diante da ruptura do espaço causada pela
presença do reservatório. Também podemos
destacar:

Espécies aquáticas

Em especial os peixes, estão


suscetíveis aos impactos provocados pela construção de
reservatórios.
Quando o regime hidráulico de um rio é alterado, algumas espécies de
peixe podem
ser afetadas e ter a mobilidade comprometida, tendo, assim,
dificuldade na busca por alimento, de
se reproduzirem ou de retornarem
ao local em que nasceram.

Espécies migratórias

São especialmente afetadas pelos


reservatórios porque a construção impede a movimentação para
área de
interesse, comprometendo a sua existência.

Biodiversidade

Alcançam níveis variados e trazem


consequências avassaladoras para espécies consideradas em
extinção,
tendo em vista que uma barragem pode contribuir para o seu
desaparecimento à medida
que promove o desequilíbrio do ambiente.

De maneira geral, os reservatórios causam um


empobrecimento da biodiversidade ao longo do tempo. As ilhas
criadas dentro dos
reservatórios são vistas como símbolo de proteção da biodiversidade, mas o impacto geral
sobre a fauna e a flora dessas ilhas tem sido negativo, com alteração na densidade
populacional, no aspecto
comportamental e na comunidade ecológica. Os efeitos variam de
acordo com cada rio, sendo necessária a
avaliação integrada do rio e bacia. Os impactos
ambientais podem ser definidos como reversíveis ou irreversíveis

segundo a capacidade
natural de recuperação do curso de água. Ainda podem ser temporários, permanentes ou
cíclicos, este pela alteração da dinâmica da água.

Os impactos ambientais podem ser definidos como reversíveis ou irreversíveis segundo


a capacidade natural de recuperação do curso de água. Ainda podem ser temporários,
permanentes ou cíclicos, este pela alteração da dinâmica da água.

Além da supressão de vegetação para aumentar a área de


construção do reservatório, ocorre a supressão no ato
da inundação do reservatório, causando
a perda de florestas e de todo o ecossistema envolvido. Os habitats
daquele local são
destruídos e, com o aumento da decomposição da vegetação suprimida, também aumentam a
emissão de gases que contribuem com o efeito estufa.

Emissões atmosféricas e evaporação


Em um rio que corre naturalmente, há evaporação da água de
maneira natural, como um processo pertencente ao
ciclo hidrológico. Com a construção de um
reservatório e o alagamento de áreas mais extensas anteriormente
ocupadas pelo rio, aumenta
a evaporação local. Em locais mais quentes com maior incidência de radiação solar,
como em
zonas tropicais, esse efeito é intensificado e a água dos reservatórios evapora
constantemente.

Com a redução da mobilidade de espécies e do desequilíbrio


ecossistêmico provocado pela construção de um
reservatório, plantas invasoras podem ser
beneficiadas e se disseminar em determinada região sobre a superfície
das águas, provocando
a evapotranspiração. A possibilidade de represar uma grande quantidade de água pode
inferir
ao usuário uma sensação distante da realidade de segurança hídrica, contribuindo para o
desperdício.

Para determinar a evaporação na superfície da água de reservatório, ressalta-se a


necessidade de estimativas precisas de temperatura. Na interface entre a superfície
da
água e o ar, este último é saturado de vapor, estando a pressão de saturação na
superfície em função da temperatura.

Existe a visão sobre a construção de reservatórios de que


são sumidouros de carbono. Reservatórios construídos
com a finalidade de geração de energia
elétrica estão recebendo críticas em virtude da impressão equivocada de
que são fontes
limpas de energia.

Os gases emitidos pelos reservatórios são originados a


partir da decomposição de três fontes:

da biomassa original submersa com a inundação do reservatório;

da biomassa formada a partir da fotossíntese que ocorre nas águas do


reservatório;

da matéria orgânica advinda da bacia de drenagem do reservatório.


Quando os reservatórios são preenchidos com
água, as florestas a montante são inundadas. À medida que a
vegetação embaixo da
água se decompõe, o gás metano, causador do efeito estufa, é liberado. Nesse
sentido, a
área onde existia a floresta viva que era considerada sumidouro de
metano é transformada em fonte emissora
desse gás. Nos reservatórios de
hidrelétricas, a geração de metano ocorre pela ação de microrganismos via
decomposição bacteriana aeróbia e anaeróbia, de material orgânico, culminando na
produção de dióxido de
carbono, metano, óxido nitroso e outros gases em pequenas
proporções.

A intensidade do fluxo de emissão desses gases varia


de acordo com a temperatura, com o vento, com a
exposição ao sol e com fatores
físico-químicos e biológicos da água, conferindo uma variabilidade significativa na
emissão desses gases.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Como se chama a vazão definida como a quantidade mínima de água que deve ser garantida ao curso hídrico
para manutenção da vida dos ecossistemas aquáticos?

A Outorgada

B Ecológica

C Ecossistêmica

D Diurna

E Trófica

Parabéns! A alternativa B está correta.

A vazão ecológica é uma garantia de que a demanda pelo recurso hídrico não poderá afetar o ecossistema
fluvial.

Questão 2

O ____ é o principal problema que afeta rios, lagos e reservatórios, pois reduz o volume de água utilizável.
Assinale a seguir a alternativa que completa corretamente a lacuna da afirmativa anterior.

A Assoreamento

B Diagrama de massas

C Equilíbrio

D Manancial

E Período de retorno

Parabéns! A alternativa A está correta.


O assoreamento contribui para a diminuição ou estreitamento da calha do rio.

Considerações finais
Ao longo de nosso estudo, vimos que a vazão é uma variável
hidrológica que deve ser cuidadosamente avaliada,
pois é fator relevante frente à crescente
demanda por recursos hídricos. Os dados obtidos a partir de medições ou
levantamento de
informações disponibilizadas podem ser analisados pela estatística hidrológica, por
diferentes
técnicas. A escolha por determinada técnica é uma função do objetivo que se
deseja alcançar. Dados hidrológicos
apresentados de maneira tabular podem ser de difícil
compreensão e a representação gráfica desses valores
facilitam a visualização das
informações geradas pelo manuseio dos dados obtidos.

Aprendemos que a determinação de regularização de vazão


deve ser baseada em projeto de dimensionamento de
reservatório que utilize o método de
cálculo mais apropriado e considere as características fundamentais ao bom
funcionamento do
reservatório. Por fim, vimos que é importante correlacionar as diferentes demandas pelo uso
da
água frente à disponibilidade hídrica da região.

headset
Podcast
Para encerrar, relembre tópicos
importantes em nosso estudo. Ouça!

Referências
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Sistemas de informações
hidrológicas. Consultado na internet
em: 15 de dezembro de 2021.

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diagrama triangular de regularização.
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Universidade de São Paulo,
Departamento de Engenharia Hidráulica e
Sanitária, São Paulo, 1998.

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