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T.M Carvalho
Universidade Federal de Roraima (UFRR)
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All content following this page was uploaded by T.M Carvalho on 28 August 2014.
RESUMO
Este artigo tem a finalidade de descrever alguns métodos, diretos e indiretos (convencionais e não
convencionais), de medição de vazão em rios e córregos, discutindo a metodologia de cada técnica
e seu potencial para estudos em sistemas fluviais. Na literatura muitos dos métodos aqui descritos
são utilizados, no entanto, estes muitas vezes não são bem descritos e voltado para um público de
nível de graduação, técnicos da área e até mesmo para estudantes ou pesquisadores de pós-
graduação que venham a trabalhar com sistemas fluviais. Os principais métodos aqui descritos são
através do uso de molinete, Ecosonda, ADCP e meios manuais (medições sem instrumentos de
precisão).
Palavras-chave: vazão, molinete, Ecosonda, ADCP, sistemas fluviais.
ABSTRACT
This article aims to describe some methods, direct and indirect, of measuring discharge in rivers and
small streams, discussing the methodology of each technique and its potential for studies in river
systems. In literature many of the methods described are used, however, they often are not well
described and aimed at an audience of graduate-level, technical area and even to post-graduate
students or researchers who will work with fluvial systems. The main methods described here are
through the use of current meter, depth sounder, ADCP and manuals techniques (without
instruments of precision measurements).
Keywords: discharge, current meter, depth sounder, ADCP, fluvial systems.
1
Geomorfólogo, pesquisador do BIOSE – Biodiversidade de Sergipe – Universidade Federal de Sergipe. tmorato@infonet.com.br
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tamanhos, os quais se conectam conformando somente aos tipos de canais retilíneos, braided
que contribui com o aporte de água e três parâmetros chave para estudar as
sedimentos para o sistema fluvial principal e propriedades do canal fluvial, que são a
Com relação ao tipo de ambiente pelos estas são facilmente controladas em função de
quais drenam os canais fluviais, estes podem variáveis como o regime do fluxo, descarga
ser classificados como rochoso (bedrock (vazão), declividade, propriedades físicas dos
é de possuir um leito arenoso, com barras e que passa numa determinada seção do rio por
bancos arenosos formados por material unidade de tempo, a qual é determinada pelas
climáticas, geológicas, e sedimentares; e por mais alta do rio) para a jusante (áreas rio
último os canais do tipo semi-controlados abaixo) até sua foz. No entanto, pode ser
em certos trechos leitos rochosos ou aluvião áreas em que o ponto medido a jusante
Dentre os tipos de canais citados acima, montante. Este fato pode ser explicado devido
os do tipo aluviais são os mais comuns nos à dinâmica de transferência de energia canal –
grandes rios, apresentam uma variedade de planície, explicado pela transferência de água
formas, estas são classificadas em para dentro da planície fluvial, formando áreas
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alagadas e lagos próximos ao canal, porém, símbolos usualmente nos estudos hidrológicos
mais a jusante o rio estabelece seu equilíbrio são:
usual (Carvalho, 2006; Carvalho, 2007). Q = vazão (m³/s)
No canal, de uma margem a outra e da A = área da seção do rio (m²) (w.h)
superfície para o leito, o fluxo não flui de V = velocidade do fluxo de água (m/s)
forma homogênea, logo, isso implica também h = profundidade média na seção transversal do
na variação da descarga (vazão), a qual varia na canal (m)
seção vertical e transversal ao rio (Figura 1), w = largura do canal
este fato é devido à morfologia do rio, em que
o atrito da água nas margens e no leito causa Expressando matematicamente o que
um efeito de retardamento da velocidade, assim foi dito anteriormente, temos:
como o efeito de atrito da lâmina de água Q = (w . h) . V ou Q = A . V
superficial com a atmosfera. Superfície da água
Os métodos utilizados para determinar a
vazão podem ser indiretos ou automáticos,
desde um simples objeto lançado na água para
estimar a velocidade que percorre em uma fluxo médio
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objeto flutua (podendo ser 1, 2 ou 10... metros) 1,20 a 2,00 3 0,2; 0,6 e 0,8
pela distância (v = t/d), este passo pode ser > 4,00 6 S; 0,2; 0,4; 0,6;
0,8 p e fundo
repetido três vezes para que se tenha uma
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Tabela 2 – Adaptado de Gomes e Santos, repetido quando a distância for maior que 100
2003. Distribuição dos pontos transversal ao
km). Com o uso do BBTALK para calibragem
canal para medição da velocidade do fluxo de
água entre as seções verticais. da bússola é necessário que seja feito em local
Largura do canal (m) Distância entre as
aberto e sem metais (como ferro) próximos ao
seções verticais (m)
aparelho, o algoritmo automaticamente com o
<3 0,30 barco em movimento fará a calibração.
3a6 0,50
Após os testes básicos sugeridos pela
6 a 15 1,0 RDI e antes de iniciar as medições, é
15 a 30 2,0 necessário configurar o WinRiver informando
30 a 50 3,0 alguns parâmetros básicos como: profundidade
50 a 80 4,0 máxima do canal, velocidade máxima da água
80 a 150 6,0 e do barco, profundidade a qual os beens foram
150 a 250 8,0 posicionados e local para armazenamento dos
> 250 12,0 dados (estes dados não precisam ser
específicos).
No entanto o uso do molinete não Foi utilizado um barco para os
dispensa a necessidade de outros meios e deslocamentos (Figura 7). Para iniciar as
aparelhos para determinar a largura do canal e medições da vazão e velocidade do fluxo
profundidade média, que pode ser feita com os d’água, o barco é posicionado mais próximo
métodos já mencionados anteriormente. em uma das margens (ponto inicial); iniciado o
modo ping (início dos sinais emitidos) e
Uso do ADCP - Antes de iniciar a medição, computado a distância (em metros) da margem
com todos os equipamentos já instalados, é ao barco. Após este procedimento o barco foi
aconselhável realizar um teste de comunicação deslocado para a outra margem (ponto final).
para verificar o envio e recebimento de sinais Próximo ao ponto final insere-se a distância
entre o ADCP e o computador nele acoplado restante à margem, finalizando o transecto, e
por um cabo via serial. Este procedimento é obtendo-se assim os resultados de vazão em
feito através do script BBTALK fornecido pela m3/s e velocidade do fluxo em m/s.
empresa fabricante (RDI). Os testes são:
funcionamento dos beens (sensores de
medição), bússola, sensor de temperatura,
pressão e comunicação em porta adequada com
o laptop. A RDI recomenda que seja calibrada
a bússola no local da medição (que deve ser
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O próximo passo foi medir a segundos, este valor foi a média de três
profundidade média do córrego. Para medir a medições. Logo a velocidade média da
profundidade foi usado uma vara (ripa) de correnteza para o dia e hora estimado foi de
madeira de dois metros de comprimento, 0,15 m/s (v = 2/13).
devidamente marcada em escala métrica (da Já calculado as três variáveis
mesma forma que uma régua escolar). Foi feito necessárias para estimar a vazão, podemos
primeiro uma avaliação do leito do córrego, o então obter Q. Usando a equação da vazão fica
qual apresentou-se de forma homogênea (sem Q = 0,15 x 0,73 x 3,50, temos 0,383 m³/s, ou
variações no eixo transversal), pois caso ocorra seja, 383 litros por segundo que passam neste
grandes variações é necessário uma melhor trecho amostrado.
cobertura do número de pontos amostrados,
neste caso foram necessárias quatro medições, MEDIÇÕES DE VAZÃO NO RIO SÃO
duas nas margens e duas no meio do canal. MARCOS
Após foi somado as profundidades, margem Neste exemplo trata-se de um sistema
esquerda 0,40 metros, meio 0,85 e 0,70 metros fluvial maior, ou seja, um rio mais caudaloso.
e margem direita 0,30 metros, totalizando 2,95 Para este estudo houve necessidade de realizar
metros, este valor dividido pelo número de uma medição com maior precisão, com o uso
pontos é de 0,73 metros (h=2,95/4). de equipamentos como molinete e ecossonda.
Feito o cálculo da profundidade média, Primeiramente foi escolhido um trecho
o próximo passo foi estimar a velocidade média do rio mais retilíneo, pois para medição de
do córrego. Para isso foi usado um pequeno vazão evita-se fazer em locais de curvas (nos
cano plástico de 40 cm de comprimento (neste meandros) dos rios. Escolhida a área por
caso pode ser substituído por uma garrafa de imagem de satélite, o primeiro passo foi
dois litros de refrigerante com peso suficiente realizar medição das profundidades
para que fique com a parte do bico de fora da (levantamento batimétrico) e juntamente
água) com peso (areia) para que possa flutuar medida a largura do rio. A batimetria foi
com a maior parte imersa. Foi determinado realizada com um barco tipo voadeira com o
uma distância de 2 metros (pista) para que o uso de ecossonda modelo Furuno e percorrido
cano percorra e seja cronômetrado o tempo. O transversalmente ao canal em marcha lenta
cano foi solto cerca de meio metro antes do (esta descrição já foi comentada
inicio da distância fixada (pista), para que ele anteriormente). Este aparelho batimétrico já
possa adquirir aceleração suficiente e seguir na possui um GPS, logo a largura do canal foi
mesma velocidade da água, o tempo decorrido realizada conjuntamente a batimetria. A largura
para o cano percorrer os dois metros foi de 13 do canal foi de 60 metros, sendo assim a
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Vazão (m3/s)
2500
metros foi medida a profundidade, o número 2000
1500
somado das profundidades dividido pelo 1000
500
número de pontos medido é a profundidade 0
Montante Crixás Jusante Crixás- Canal Ilha do Varal Antes Bifurcação
média, a qual foi de 3,20 metros. A velocidade Açú
média do rio foi medida da seguinte forma, Figura 9 – Valores das vazões ao longo do
segundo a tabela 2 (adaptado de Gomes e trecho do rio Crixás-Açú até a bifurcação
Araguaia-Javaés
Santos, 2003) para um rio de 60 metros de
largura é aconselhado realizar medições no Para realizar estas medições, o aparelho
eixo transversal de 4 em 4 metros, neste caso ADCP foi instalado na borda do barco, um
foram feitas 15 seções verticais (60/4=15), micro computador foi usado para registrar os
sendo que em cada seção vertical foi medida as dados coletados com o uso do programa
velocidades a 20, 40 e 80 cm de profundidade, winriver (cedido pelo fabricante), estes dados
este valores são de acordo com a tabela 1. Após são coletados à medida que é ligado o aparelho
foi usada a equação do molinete a qual é cedida e percorrida a distância em marcha lenta, de
pela fabricante, logo a velocidade média foi de uma margem a outra com velocidade continua.
0.67 m/s. Usando então a já conhecida equação Os dados conforme o barco percorre o percurso
temos: Q = A x V igual a 128,64 m³/s, ou seja, já vão sendo registrados e mostrados na tela do
128.640 litros por segundo passam nesta seção micro computador, de modo que quando se
do canal de 60 metros de largura. chega no final do trajeto já se tem a medição
feita. Os valores obtidos estão exemplificados
MEDIÇÕES DE VAZÃO NO RIO na Figura 9.
ARAGUAIA
Diferentes dos três últimos exemplos
CONCLUSÃO
citados, este com o uso do ADCP será o mais
Este artigo procurou exemplificar
simples para exemplificar, pelo fato desta
algumas técnicas convencionais e não
metodologia ser a mais prática e rápida na
convencionais para medição de vazão e canais
medição de vazão. As medições com ADCP
fluviais. Trata-se de alguns estudos já
foram realizadas em vários trechos do rio
realizados com o uso de determinados
Araguaia, desde Luiz Alves até a confluência
equipamentos como molinete, Ecosonda,
(bifurcação) do rio Araguaia e Javaés.
ADCP e meios não convencionais, servindo de
Foi usado um barco do tipo voadeira, e
base para estudantes e pesquisadores de áreas
medidos alguns pontos como na Figura 9.
afins.
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