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Os direitos autorais desta edição ficam reservados ao CBNA

Capa, Impressão e Acabamento


Art Point Produções Gráficas

Editoração
Colégio Brasileiro de Nutrição Animal

Foto da capa:
Cortesia Instituto Agronômico de Campinas

Simpósio sobre Manejo e Nutrição de Aves e Suínos e Tecnologia da


Produção de Rações.
Realizado em Campinas, SP, período de 27 a 29 de novembro de 2002
Anais... editado por Colégio Brasileiro de Nutrição Animal.
XIII, 294 p. 23 cm
Textos de vários autores.
1. Alimentação Animal. 2. Aves, Suínos e Produção de Rações. I.
Colégio Brasileiro de Nutrição Animal. II. Título
CDD 636.4085
A nais do S im pósio sobre M anejo e N utrição de A ves e S u ínos e 17
T ecn o lo g ia da Produção de R ações
C B N A - Cam pinas, SP - dias 27, 28 e 2 9 de novem bro de 2 0 0 2

BOAS PRÁTICAS DE MANEJO PARA A AQUICULTURA

J U L IO F E R R A Z D E Q U E IR O Z
Embrapa M eio Am biente, Rodovia SP 340 Km 127,5,
Bairro Tanquinho V elho, Jaguariúna, SP, CEP: 13.820-000, Email:
jqueiroz@cnpma.embrapa.br

Introdução

A rápida expansão da aq u ic u ltu ra em várias partes do m u n d o , m u itas vezes


de form a desord en ad a e sem a d ev id a reg u lação so cial, tem lev ad o à p reo cu p açõ es
quanto aos im pactos que essa ativ id ad e p ode c a u sa r ao m eio a m b ien te - o que pode
ser em grande m edida aplicad o tam b ém no c a so b rasileiro . S o m en te u m a avaliação
detalhada e atualizada p oderá in d ica r/a v a lia r os im p acto s d ire ta m e n te relacio n ad o s a
aquicultura, visando fu tu ros p ro jeto s de m o n ito ram en to , g estã o am b ien tal e de uso
alternativos da água. T al av aliação p o d erá o fe re c e r tan to su b síd io s p ara a gestão
am biental na aquicu ltu ra q u an to a v aliar o real poten cial dos re cu rso s h íd rico s p ara a
piscicultura - vale lem b rar q u e a tu alm en te h á u m a p ro liferação d e sistem as de
produção próxim os aos cen tro s u rb a n o s-in d ú stria is, q u e d e p e n d e m da ág u a captada,
cuja qualidade é duvidosa, p o d en d o c o m p ro m e te r a san id ad e d o p rod uto final
visado.

A exem plo do que vem o co rre n d o em o u tro s p aíses q u e já co n tam com


políticas estabelecidas e n o rm as am b ien tais p ara e x p lo raç ã o e p reserv ação dos
ecossistem as aquáticos, é p reciso d ese n v o lv er p esq u isa s v isan d o id e n tific a r m étodos
e práticas para assegurar a su sten ta b ilid a d e e c o m p e titiv id a d e d a aq u ic u ltu ra com
base no diagnóstico sócio e c o n ô m ic o e am b ie n ta l, na d e fin iç ão d e p a râm etro s e de
indicadores de su sten tab ilid ad e e na id e n tifica ç ã o e im p le m e n taç ã o d e B oas P ráticas
' dc M anejo (B PM s).
H á que se o b serv ar q u e tan to as p ressõ es in tern acio n ais, no eM auciecim em o
de barreiras não tarifárias à im p o rtaç ã o d e p ro d u to s d a p esca, q u a n to as pressões
. .internas exercidas pelos ó rg ã o s d e c o n tro le am b ien tal p o d e rã o in v ia b iliza r os
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sistem as de produção que não estejam adequados às norm as e legislações vigentes.


Além desses fatores existe a crescente conscientização dos consum idores nacionais e
internacionais com relação às questões relativas ao meio ambiente. Um dos aspectos
que indicam as possibilidades desse cam inho é a alta lucratividade e a versatilidade
que a piscicultura tem oferecido aos produtores brasileiros nos últim os anos. De
forma freqüente, áreas im produtivas e m arginais, áreas com problem as de fertilidade
dos solos e áreas adjacentes às grandes represas hidroelétricas ou m esmo rios tem se
transform ado em exem plos da viabilidade econôm ica e social do aproveitam ento e
integração da piscicultura com as atividades agropecuárias tradicionais.
A aquicultura tem sc m ostrado com o fonte de renda e de diversificação das
atividades produtivas transform ando o espaço rural e dando origem a outros tipos de
agribusm es, com o por exem plo, o ecoturism o ou turism o rural através da
proliferação de inúm eros pesque - pagues, em especial no C enlro-Sul do país.
N essa região, essa atividade está transform ando tam bém a piscicultura tradicional:
atualm ente m ais de 80% dos peixes de água doce cultivados são com prados pelos
pesque - pagues (K itam ura et al.. 1999). A lucratividade e versatilidade da
aquicultura e a possibilidade de aproveitam ento de áreas m arginais indicam a
necessidade da adoção de práticas, com o as BPM s, que possam assegurar ao setor
com petitividade e sustentabilidade.
Os problem as am bientais causados pela aquicultura e que podem
com prom eter a com petitividade e sustentabilidade do setor se devem em grande •
parte a ênfase que é dada ao aum ento da produtividade e da rentabilidade. O
aum entado das taxas de estocagem nos diversos sistem as de produção vem
intensificado as taxas de arraçoam ento. Esse procedim ento tem causado uma
deterioração da qualidade da água utilizada, e conseqüentem ente, das condições de
sanidade dos organism os cultivados, tornando tais sistem as de produção
insustentáveis m esmo a curto prazo.
Em resum o, pode-se afirm ar que, no m om ento atual, com o crescim ento da
consciência am biental, um dos grandes questionam entos referentes à aquicultura é a
sua sustentabilidade ecológica e as conseqüências que as novas leis de proteção
am biental poderão gerar ao desenvolvim ento dessa atividade. C ertam ente, no novo
cenário de m ercados globalizados é necessário considerar a questão am biental com o
um dos principais objetivos de qualquer projeto, plano ou program a de
desenvolvim ento, quer pelos aspectos relativos a sustentabilidade quer com relação
à sua com petitividade internacional.

E stratégias para assegurar a com petitividade e sustentabilidade da aquicultura


A atividade da aquicultura no Brasil é recente, porém , já superou a fase
experim ental e atualm ente encontra-se em plena expansão operando em ritm o agro-
industrial e com capacidade de ofertar alim entos de boa qualidade e a preços
com petitivos. A s condições am bientais favoráveis e a existência de dezenas de
espécies de peixes com grande potencial para a piscicultura, com produções ao redor
de 10 t/ha/ano, representam vantagens com parativas do Brasil em relação a outros
países.
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São vários os exem plos da expansão e da integração da aquicultura com


outras atividades agropecuárias, turísticas e industriais nos últim os anos, com o por
exem plo: as pisciculturas com ercias intensivas cm grande escala e as pisciculturas
integradas à pequena propriedade rural, a criação de peixes em tanques rede nos
grandes reservatórios das hidrelétricas das bacias hidrográficas paulistas e os
sistem as de pesque-pagues (Castagnolli, 1996). A tualm ente são mais de 3.000
pesque-pagues espalhados pelo Estado de São Paulo, e de acordo com estudos
recentes só na bacia do Piracicaba geram um renda anual superior a U$$ 60 m ilhões
(K itam ura et. al. 1999).

As regiões Sudeste e Sul concentram quase 80% da piscicultura


desenvolvida no país com destaque para os Estados de São Paulo, Paraná, Santa
C atarina e M inas G erais. S o n s n te os Estados de São Paulo e Santa Catarina
representam mais de 60% da atividade. A m aior parte da ração de peixes consum ida
no país atualm ente é para abastecer as pisciculturas e os pesque-pagues
concentrados na região Sudeste. Só o Estado de São Paulo contribui com mais de
45% de toda a produção de peixas d ’água doce do país.

C onsiderando esses aspectos, uma das m aneiras mais com uns em pregadas
para reduzir o risco de poluição da água pelas atividades industriais, urbanas e
agropecuárias, é a aplicação de padrões para os efluentes. Um padrão poderá
especificar os níveis aceitáveis para pH, concentração mínim a de oxigênio e
concentrações m áxim as de dem anda bioquím ica de oxigênio e sólidos totais cm
suspensão e outros. Os padrões ambém poderão indicar a quantidade diária máxima
que um poluente pode ser elim inado, por exem plo, a concentração da dem anda
bioquím ica de oxigênio no efluente não poderá ultrapassar uma quantidade
específica (A N ZEC C/A W R C , 1992; CON A M A , 1986).
C ontudo, existem várias lazões pelas quais os padrões tradicionais aplicados
a efluentes provavelm ente não cevam ser aplicados a aquicultura. A m aioria dos
efluentes da aquicultura não contém um a concentração muito alta de nutrientes,
dem anda bioquím ica de oxigênio, sólidos totais em suspensão e tam bém eles não
c o n tím nenhum tipo de material tóxico. A m elhor maneira para m onitorar os
efluentes da aquicultura é a uti ização de Boas Práticas de M anejo (B P M s)- Best
M anagem ent P ractices (BM Ps) A adoção de Boas Práticas de M anejo (BPM s)
poderá especificar os procediirentos para certos aspectos operacionais e a sua
respectiva aplicação pelos diversos sistem as de produção de organism os aquáticos
existentes, possibilitando dessa m aneira a elim inação de efluentes sem danos ao
meio am biente. O bviam ente as BPMs deverão ser especificas conform e o local,
porque, locais e sistem as de produção distintos terão requerim entos distintos para o
m onitoram ento de efluentes (Boyd & Q ueiroz, 1997, Boyd et al., 2000).

A lternativas para a im plantação dc Boas Práticas de M anejo - BPM s


V árias alternativas e sistem as vem sendo desenvolvidos no m undo para
auxiliar no m onitoram ento e gestão am biental dos diferentes setores produtivos.
Alguns dos sistem as mais com uns são: o Sistem a de Gestão Ambiental (ISO 14001).
M alcolw B aldrige A w ard Críteria, Eco-M anagem ent A udit System (EM AS),
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International C ham ber o f C omm erce (ICC) Principies, Forest Stew ardsliip
Certification (FSC). Além disso, com o instrum entos auxiliares dcstaca-se a A nálise
de Perigos e Pontos C ríticos de C ontrole (A PPCC) e os C ódigos de C onduta, os
quais tam bém estão sendo utilizados para gerenciam ento ambiental.
Em geral os questionam entos sobre a aquicultura se referem à destruição das
áreas de inundação das bacias hidrográficas (wctlands), e tam bém à conveisão de
áreas utilizadas pela agricultura em viveiros para a produção aquícola, poluição da
água, perda da biodiversidade, com petição pelo uso da água, uso de produtos
quím icos tóxicos ou bioacum ulativos e im pactos sociais negativos (Boyd et al.
2000). Esses exem plos dem onstram que é preciso estabelecer no futuro, “ Boas
Práticas de M anejo (B PM s)” visando a elaboração de Códigos de C onduta para os
sistem as de produção aquícola mais com uns no Brasil. E preciso reconhecer ainda, a
necessidade de desenvolver um sistem a formal de verificação e certificação tendo
por base os Códigos de Conduta. Desta form a, será possível dem onstrar para os
responsáveis pela regulam entação am biental, e para as várias organizações que
trabalham com meio am biente, que a aquicultura pode ser conduzida de form a
sustentável - social, econôm ica e am biental.
Se o próprio setor produtivo e a com unidade cientifica que atuam na área de
aquicultura não se envolverem de form a pró-ativa nesse processo, as agências de
preservação am biental poderão im por critérios relacionados à qualidade d ’água,
através de perm issões restritivas para a descarga de efluentes e outras
regulam entações. Esses critérios terão im plicações na im plantação de tecnologias
avançadas para tratam ento de efluentes, e tam bém de exigências de m onitoram ento
da qualidade da água e dos efluentes por parte dos produtores.
Uma das conseqüências dessas restrições poderá ser a adoção de m étodos
para o m anejo de viveiros sem que exista a possibilidade de efetuar a descarga dos
efluentes. Essa m edida poderá alterar drasticam ente a m aneira pela qual a
aquicultura mundial tem sido tradicionalm ente realizada e exigirá pesquisas para a
criação de tecnologias apropriadas. Além disso, esses requerim entos ou exigências
am bientais restritivas poderão im plicar em uma sobrecarga financeira adicional
sobre as operações já existentes e restringir o desenvolvim ento futuro da industria da
aquicultura. Um exem plo dessas considerações é o que vem ocorrendo nos EUA
desde 1974. A partir daquele ano, a descarga de efluentes de várias unidades de
produção anim al no país estão sujeitas às norm as do Sistem a Nacional de
Elim inação e D escarga de Poluição - N ational Pollution D ischarge Elim ination
System (NPDES), conform e trata o D ecreto sobre Água Lim pa - C lear W ater A ct
(Federal Register, 2000).

BPM s - A ssociação dos Produtores dc Catfish do Alabama


A A ssociação dos Produtores de Catfish do A labam a - A labam a Catfish
Producers Association (ACPA), se antecipou a esse processo e tom ou a iniciativa de
encom endar um estudo detalhado para a A uburn University, U SA, cujo objetivo foi
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avaliar a sustentabilidade ambiental e indicar métodos e práticas para reduzir os


possíveis im pactos am bientais causados por essa atividade. Essa avaliação resultou
em várias recom endações de práticas de m anejo para prevenir os im pactos
am bientais adversos da produção de catfish no Estado do A labama. O resultado
desse trabalho pode ser acessado no site do Serviço de C onservação dos Recursos
N aturais - N atural Resources Conservation Sen n ce (NRCS) - D epartam ento de
A gricultura dos EU A - U nited States D epartm ent o f A griculture (U SD A) - Alabama
State - USA - http://www.al.nrcs.usda.gov/SOsections/Eneineering/BMPindex.htnil.
R esum idam ente, a relação de Boas Práticas de M anejo (BM Ps) - Best
M anagem ent Practices (BM Ps), no total de quinze, sugeridas pela A uburn
U niversity e pelo NRCS, tratam dos seguintes aspectos: 1) redução do escorrim ento
superficial causado pelas chuvas para o interior dos viveiros, 2) m anejo dos viveiros
para reduzir o volum e de efluentes, 3) controle da erosão das bacias hidrográficas e
dos diques dos viveiros, 4) manejo dos viveiros para m inim izar a erosão, 5) controle
da erosão pelos efluentes, 6) bacias de decantação e áreas de inundação, 7) manejo
da alim entação, 8) fertilização dos viveiros, 9) manejo dos viveiros para m elhorar a
qualidade do efluente (época de chuva), 10) m anejo dos viveiros para m elhorar a
qualidade do efluente (drenagem e despesca), 11) agentes terapêuticos, 12) produtos
para m elhorar a qualidade c? água, 13) m anejo da m ortalidade de peixes, 14)
operações gerais e segurança dos trabalhadores, e 15) ações de em ergência e
gerenciam ento. Vale ressaltar que essa relação de Boas Práticas de M anejo (BPMs).
foi baseada em vários estudos realizados previamente, e tam bém em práticas
anteriorm ente descritas por Sohwartz and Boyd (1996), Brunson (1997), Boyd and
T ucker (1998), Boyd (1999) e Boyd et al. (2000).

BM Ps - A liança Global tia ‘ (luicultura

A A liança Global da A quicultura - G lobal A quaculture A lliance (G A A) - é


uma organização internacional não governam ental patrocinada pelo setor produtivo
da aquicultura e outras instituições. A m issão da G AA é prom over o
desenvolvim ento responsável da aquicultura para atender as dem andas m undiais de
alim entos. O prim eiro passo da GAA nesse processo foi o desenvolvim ento em 1997
dos Princípios O rientadores para a A quicultura Responsável - G uiding Principais
fo r R esponsible Aquaculture. Esse docum ento é com posto por um a série de nove
recom endações gerais baseadas nas diretrizes para a A quicultura Responsável,
apresentada pela O rganização M undial da A gricultura e A lim entação - F ood and
A ^ricultural O rganization o f t le United Nations (FAO), conform e o seu A rtigo No.
9, que trata do D esenvolvim -nto da A quicultura, e que faz parte do C ódigo de
C onduta para a Pesca Respons ivel (FAO 1995).

N esse sentido, a GAA considera que a produção de cam arões


ecologicam ente sustentável e responsável pode ser praticada em muitos países. Isso
significa que os sistem as de produção de cam arão marinho podem ser conduzidos de
uma m aneira mais eficiente através da aplicação de métodos que minim izem os seus
possíveis im pactos am bientais. Ciente dessa problem ática, e em decorrência da
im portância sócio econôm ica da produção de cam arões marinhos, o D epartam ento
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de Pesca e A quicultura (DPA) do M inistério da A gricultura Pecuária e


A bastecim ento (M APA ), estabeleceu com o um a de suas prioridades a elaboração da
Plataform a Tecnológica do C am arão M arinho. Para isso, através do suporte
financeiro do CN Pq, o D PA atribuiu a A ssociação B rasileira dos C riadores de
C am arões (A B CC ) a responsabilidade de coordenar e integrar os estudos técnicos
sobre a sustentabilidade ambiental da produção de cam arões m arinhos cultivados.

Sim ultaneam ente a essas ações a A BCC fez algum as alterações e


adaptações, de acordo com a realidade da carcinicultura nacional, no C ódigo de
Práticas para a Produção Responsável de C am arão elaborado pelo GAA. A A BCC
foi mais adiante e elaborou os T erm os e Com prom isso do Código, os quais
representam a posição da A BCC e de todos os seus associados. De acordo com a
A BCC a efetivação do C ódigo dependerá de sua adoção por todos produtores
envolvidos com a produção de cam arões e tam bém do envolvim ento dos órgãos
am bientai?, federal e estaduais, em dar a conhecer o seu conteúdo, não som ente
aqueles que desejam obter licenças prévias e de instalação, mas tam bém a todos os
produtores de cam arão. O objetivo principal do T erm o de C om prom isso elaborado
pela A BC C é garantir o desenvolvim ento da atividade com ercial do cam arão
m arinho cultivado em condições seguras e harm ônicas em relação ao meio am biente
e à sociedade.
De um a forma geral, o referido C ódigo envolve os seguintes tem as,
considerados essenciais para o desenvolvim ento sustentável da carcinicultura: 1)
m anguezais, 2) seleção do local 3) projeto e construção, 4) rações e m étodos de
arraçoam ento, 5) manejo da sanidade, 6) agentes terapêuticos, 7) m anejo dos
viveiros, 8) efluentes e resíduos sólidos, 9) com unidade e relações com os
em pregados.

C argas de nutrientes produzidas pelos sistem as de produção aquícolas


O uso de rações pela aquicultura com ercial tem possibilitado o aum ento da
produção acim a do que seria possível apenas com a alim entação natural existente
nos viveiros. O s fertilizantes raram ente são as principais fontes de nitrogênio e
fósforo nos sistem as de produção aquícolas intensivos. N esse sentido, as cargas de
nutrientes de um determ inado sistem a de produção aquícola podem ser estim adas
com o sendo as quantidades de nitrogênio e fósforo contidas na ração menos as
quantidades desses dois nutrientes contidas nos peixes ou outros anim ais aquáticos
no m om ento da despesca. Por exem plo, supondo-se que 1.000 kg de ração
adicionadas a um viveiro produza 526 kg de peixe, isso correspondera a um a taxa
de conversão alim entar (peso da ração + peso dos peixes produzidos) de 1,9.
A ssum indo que a ração contém 4,8% de nitrogênio e 0,9% fósforo e que os peixes
contém 25% de m atéria seca, e que a m atéria seca contém 9% de nitrogênio e 2,7%
de fósforo, as cargas de nutrientes nesse sistem a de produção para produzir 1.000
Kg de peixe são:
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T cc-nlogia da Produção de Rações
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A porte rte nutrientes contidos na ração


1.000 kg ração x 0,048 kg N/kg ração = 48 kg N
1.000 kg ração x 0,009 kg P/kg raç.o - 9 kg P
N utrientes contidos nos neixes na tlespesca
526 kg peixe x 0,25 kg matéria seca/kg peixe x 0,009 kg N/kg matéria seca = 1! ,8 kg N
526 kg peixe x 0,25 kg matéria seca/kg peixe x 0,027 kg P/kg matéria seca = 3,6 kg P
Cargas de nutrientes no sistem a de cultivo

48 kg N na ração - 11,8 kg N nos peixes = 36.2 kg N /1.000 kg ração

9 kg P na ração - 3,6 kg P nos peixes - 5.4 kg P /l .000 kg ração

A tabela 1 relaciona as cargas de nutrientes equivalentes a 1.000 kg de ração


utilizadas no cultivo de varias espécies de organism os aquáticos de acordo com os
diversos tipos de sistem as de produção utilizados. Com relação ao aporte de ração,
as cargas de nitrogênio e fósforo variam respectivam ente de 61,9 a 77,2% , e de
43,8 a 89,4% . A diferença mais significativa entre as cargas de nutrientes
relacionadas na T abela 1, é que os peixes são mais eficientes que os cam arões no
sentido de reter o fósforo contido nas rações. O motivo pelo qual os cam arões
contém uma.-concentração de fósforo muito menor, em com paração aos peixes, é
porque os cam arões não possuem um esqueleto ósseo com o os peixes (D avis and
Boyd 1978; Boyd and Teichert-C oddington 1995; Boyd and Green 1998). Os ossos
são constituídos principalm ente oe fosfato de cálcio, por isso a concentração de
fósforo nos peixes é m uito maior.

V ale ressaltar, que m uitos aquicultores tem obtido resultados referentes à


taxa de conversão alim entar (TCA), bem m elhores do que aquelas que estão
relacionados na T abela 1. N esse sentido, é im portante notar que as cargas de
nutrientes serão m uito m enores para TCA s mais eficientes, entretanto, para os
propósitos deste trabalho foram utilizadas TCA s típicas para os sistem as de
produção estudados.

Cargas de nutrientes elim inadas no meio am biente


Tanques rede e racew avs

D e acordo com Boyd and Q ueiroz (2001), com exceção dos dados
apresentados para a produção de peixes em tanques rede em águas públicas, a
Tabela 1 não fornece estim ativas significativas referentes às cargas de nutrientes
geradas pelos efluentes ou resíduos da aquicultura. Para o cultivo de salmão em
tanques rede (ou outras espécies), todos os nutrientes não assim ilados pelos pe'xes
irão se dispersar na água em to rro dos próprios tanques rede. Entre os diversos
sistemas de produção utilizados pela aquicultura, os tanques rede são os que
apresentam o m aior potencial par; a liberação de nutrientes. No caso dos tanques
rede serem instalados em águas públicas (lagos, reservatórios, rios, etc), as
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Tecnologia da Produção de Rações
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descargas de nutrientes relacionadas na T abela 1 são significativas. N esse sentido,


não há nada que possa ser feito para dim inuir as cargas de nutrientes, a não ser
m elhorar a eficiência das taxas de conversão alim entar, ou então, reduzir as
concentrações de nitrogênio e fósforo nas rações. E obvio, que nesses casos é
preciso levar em consideração, que existe um lim ite de quanto é possível reduzir as
concentrações de nitrogênio e fósforo, sem prejudicar a qualidade das rações.
Nos racew ays para o cultivo de trutas, os nutrientes que não são assim ilados
pelos peixes, são elim inados dos racew ays e podem atingir as águas públicas
próxim as aos racew ays. E ntretanto, existe a possibilidade de criar áreas de
sedim entação nos racew ays para rem oção das fezes e resíduos de ração não
consum ida. Essa estratégia poderá dim inuir a descarga de nutrientes, porém , uma
grande proporção dos resíduos de nitrogênio c um a pequena parte dos resíduos de
fósforo provenientes do cultivo de trutas em racew ays, são incorporados na água
corno am ônia e fósforo solúvel c, portanto, não podem ser rem ovidos através dos
processos dc sedim entação.

V iveiros
O cultivo peixes ou cam arões em viveiros é diferente do cultivo em tanques
rede ou racew ays, porque, a água fica retida no interior dos viveiros por longos
períodos antes de ser drenada dos viveiros para locais que contenham águas
públicas. E sse período de tem po, mais longo, perm ite aos viveiros assim ilar o
nitrogênio e o fósforo, e consequentem ente, reduzir as cargas desses nutrientes
contidas nos efluentes dos viveiros. Por outro lado, a am ônia que é excretada pelos
peixes, cam arões e bactérias na água dos viveiros, poderá seguir um ou vários
cam inhos. A am ônia poderá ser absorvida pelo fitoplâncton e ser convertida em
nitrogênio orgânico. Além disso, a am ônia tam bém poderá ser oxidada para nitrato
pela ação das bactérias nitrificantes, ou então, entrar na atm osfera pela volatilização.
Da m esm a form a, o nitrato poderá ser convertido em gás de nitrogênio pelas
bactérias denitrificantes e ser elim inado dos viveiros. Finalm ente, o fitoplâncton
morto, a ração não consum ida e as fezes sedim entam no fundo dos viveiros e se
acum ulam 110 sedim ento com o m atéria orgânica.
O nitrogênio orgânico pode ser reciclado retornando para a água dos
viveiros com o am ônia após a decom posição bacteriana. O plâncton e outras
partículas orgânicas não são norm alm ente elim inadas dos viveiros diretam ente para
o meio am biente, a não ser que os viveiros sejam drenados. O fósforo é adsorvido
rapidam ente pelo sedim ento do fundo dos viveiros, ou é precipitado da coluna
d 'água com o fosfato de cálcio. D essa forma, o fósforo contido 110 sedim ento do
fundo dos viveiros tem um a solubilidade baixa e está quase indisponível para
retornar para a coluna d ’água (M asuda and Boyd 1994). Boyd (1985), e G ross et al.
(2000). determ inaram as cargas de nitrogênio e fósforo de viveiros de catfish, e dão
uma estim ativa das percentagens do aporte desses dois nutrientes, contidos na ração,
em função da form a que eles são retirados dos viveiros:
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Tecnologia da Produção dc Rações
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N itrogênio

R etirado nos peixes (despesca) 31.5%


V olatilização da am ônia 12.5%
D enitrificação 17.4%
A cum ulado no sed im e n o 22.6%

Efluentes 16,0%

Fósforo

R etirado nos peixes (despesca) 31.0%


A cum ulado no sedim ento 57.6%

Efluentes 11,4%

De acordo com (Sclnvartz and Boyd 1994), 28,5% do nitrogênio e 7% do


fósforo aplicados na ração foram encontrados nos efluentes dos viveiros utilizados
durante esse estudo. Esses dados se referem a viveiros de produção de catfish
drenados anyalm ente, e cuja drenagem ocasional ocorre som ente após chuvas fortes,
o que significa que 15 a 30% do nitrogênio e cerca dc 10% do fósforo aplicados na
ração são liberados pelos efluentes. É obvio que para a maioria dos viveiros de
produção de catfish, que norm alm ente são drenados som ente duas vezes em cada 15
a 20 anos, a carga de nutrientes é inferior (Boyd et al. 2000). Consequentem ente,
uma quantidade muito m enor de nitrogênio e fósforo daquela estim ada pelo trabalho
citado acim a é realm ente drenada pelos viveiros.

V ale destacar que os processos de assim ilação de nutrientes são sim ilares
nos viveiros utilizados para a maioria dos cultivos de peixes e cam arões, portanto, a
discussão sobre o cultivo de catfish em viveiros é aplicável para a m aior parte dos
sistem as de produção sem trocas d ’água utilizados pela aquicultura. Estim ativas
razoáveis para cargas de nutrientes liberadas para o meio ambiente aparentam estal­
em torno de 10 kg N e 1 kg P /l 000 Kg de ração para tilápia, catfish e para o cultivo
semi intensivo de cam arões eir viveiros drenados anualm ente. Essas estim ativas
representam um quarto da quantidade de nitrogênio e cerca de um sexto da
quantidade de fósforo, que poderia ser elim inada para o meio am biente, em
com paração com 1.000 kg de ra;ão utilizada para o cultivo de salm ão em tanques
rede, ou para o cultivo de trutas em raceways (sem sedim entação). Entretanto, deve
ser enfatizado que essas e stim a ti/is das percentagens de ração, nitrogênio e fósforo
seguem diferentes ciclos de transform ação para o caso de viveiros que utilizam taxas
norm ais de estocagem e alim entação em nível com ercial. Isso significa que não
existe um a correlação forte entre o aporte de ração e as concentrações de nutri ;ntes
na água dos viveiros ou nos efluentes em decorrência de vários fatores com o troca
d ’água, capacidade de assim ilação dos viveiros, adoção de boas práticas de manejo
(BM Ps), etc.
26 Anais do Sim pósio sobre Manejo e Nutrição de Aves e Suínos e
Tecnologia da Produção de Rações
CBNA - Campinas, SP - dias 27, 28 e 29 de novembro de 2002

Troca d'águ a
A troca d ’água reduz o tem po de retenção da água nos viveiros e dim inui a
capacidade dos viveiros de assim ilar os nutrientes. A ssum indo que um viveiro de
cam arão com um 1,0 m etro de profundidade recebe 4,000 kg/ha de ração contendo
1,6% de fósforo por um período de 100 dias, equivalente ao ciclo norm al de
produção, a taxa de troca d ’água deveria ser de 10% do volum e total do viveiro por
dia. D essa form a pode-se considerar que a troca d ’água desse viveiro com essa taxa
de arraçoam ento, contém cerca de 0,18 m g/L de fósforo total, e tam bém é possível
afirm ar que a carga de fósforo durante um único ciclo de cultivo contida nos
efluentes de um viveiro com esse regim e de troca d ’água é:

100 dias x 10.000 n r/h a x lm x 0,1 = 100.000 n r efluente

100.000 m 1 x 0,18 g P/m 3 x 10 ~3= 18 kg P no efluente


O aporte de fósforo contido na ração é 64 kg (4.000 kg ração x 0.016), e o
efluente decorrente da troca d ’água contém 28% de fósforo que foi adicionado na
ração (18 kg). Portanto, cerca de 10% a mais do fósforo da ração estará contido no
efluente elim inado quando o viveiro for drenado para a despesca. Em resum o, cerca
de 40% do fósforo da ração (28 kg) será elim inado nos efluentes.

M elhoram ento da capacidade de assim ilação


O s viveiros possuem um a grande capacidade de assim ilar nitrogênio e
fósforo provenientes da ração, e consequentem ente podem reduzir as cargas de
nutrientes sobre o m eio am biente. N esse sentido, os viveiros devem ser m anejados
para garantir a qualidade da água e m axim izar a capacidade de assim ilação da
m atéria orgânica, nitrogênio e fósforo. D essa form a, as Boas Práticas de M anejo
(B PM s) podem ser aplicadas sem dificuldades para m anter ou m elhorar a
capacidade de assim ilação dos viveiros, conform e abaixo relacionado:

• U tilizar rações de boa qualidade


• E vitar alim entação em excesso
• U tilizar taxas de estocagem e alim entação que não causem uma
dim inuição da concentração de oxigênio dissolvido inferior a 3 mg/L
durante a noite
• U tilizar aeração m ecânica para prevenir concentrações de oxigênio
dissolvido abaixo de 3 mg/L
• E vitar, sem pre que possível, drenar totalm ente os viveiros para realizar a
despesca
• Evitar trocas d 'ág u a ou reduzir as taxas de troca d ’água o m áxim o possível
• Perm itir a secagem total do solo dos viveiros entre as despescas
• E fetuar a calagem dos viveiros que contenham águas e solos ácidos
« E fetuar a fertilização dos viveiros som ente quando for necessário para
prom over o bloom de fitoplâncton
Anais do S im p ó ix sobre Manejo e Nutrição de Aves c Suínos e 27
Ti t r ologia da Produção de Rações
C B N A - Campin j ;, SP - dias 27, 2B e 29 de novembro de 2002

C onclusões
As Boas Práticas de M anejo (BM Ps) para a produção de catfish nos EUA.
elaboradas pela A uburn U niversity e pelo U SDA /N RCS, e o manual do GAA
referente aos “Códigos de Práticas para Produção Responsável de C am arão",
contém várias sugestões que podem ser utilizadas para prevenir ou m itigar im pactos
am bientais negativos e tam bém prom over em pregos e boas relações com a
com unidade local. Esses docum entos incluem práticas para m itigar im pactos
am bientais para diferentes sistem as de produção. D ependendo da situação atual, um
núm ero m aior ou m enor de práticas será necessária, além da com binação de práticas
que poderão variar para resolver problem as am bientais e sociais localizados.
A lgum as das práticas poderão ser aplicadas para quase todas as situações, enquanto
outras práticas serão aplicadas em situações especificas.
As práticas passíveis de aplicação em um a escala m aior deverão ser
consideradas obrigatórias para todos os participantes do programa da A BCC sobre
A quicultura R esponsável, ou ainda para outros program as que venham a scr
desenvolvidos, com o por exem plo, para a produção responsável de peixes em
tanques rede, sistem as de produção de peixes integrados à produção de suínos,
pesque pagues, etc. Em adição as práticas obrigatórias, é preciso desenvolver uma
lista de padrões. O s padrões são necessários para confirm ar que as Boas Práticas de
M anejo estão sendo usadas e que essas práticas estão m elhorando os resultados
am bientais e sociais da atividade.

Eventualm ente, tais padrões poderão ser necessários para com por o próprio
program a. D essa form a, é recom endável que as associações de produtores de
cam arões, em cada um dos países envolvidos com essa atividade, com ecem a
acum ular inform ações sobre a qualidade de efluentes, a fim de contribuir para a
tom ada de decisões racionais, no m om ento em que os padrões de qualidade dc água
forem identificados e selecionados. Por outro lado, é im portante que as associações
nacionais envolvidas com a aquicultura investiguem opções que possam perm itir o
estabelecim ento de program as de m onitoram ento am biental, sem a im posição dc
regulam entações im praticáveis e de caráter restritivo para os produtores.
N esse sentido, é preciso considerar que os viveiros são diferentes dos
tanques rede e dos racew ays, porque eles não elim inam nitrogênio e fósforo nos
corpos d ’água naturais diariam ente. Além disso, os viveiros possuem uma grande
capacidade para assim ilar esses dois nutrientes, e tam bém servem com o uma bacia
de sedim entação, em função de apresentarem um tem po de retenção da água de
vários dias ou até de vários meses. E im portante observar que não existe uma
correlação entre o aporte de nutrientes nos viveiros, e as concentrações de nutrientes
encontradas na água dos viveiros e nos efluentes, a não ser que a capacidade de
assim ilação dos viveiros seja excedida. Essa situação foi ilustrada por meio de um
estudo no qual rações contendo 0.58. 0,68, 0,75, 0,81, e 0,99% de fósforo foram
adicionadas, com o tratam entos distintos, em quantidades iguais a vários viveiros de
produção de catfish. A concentração e as cargas de fósforo na água dos viveiros e
nos efluentes não apresentaram diferenças significativas entre os tratam entos
utilizados (G ross et al. 1998).
28 Anais do Sim pósio sobre Manejo e Nutrição de Aves c Suínos c
Tecnologia da Produção dc Rações
CBNA - Campinas, SP - dias 27, 28 c 29 dc novembro de 2002

Na Europa, uma atenção considerável lem sido dada para lim itar a adição de
nitrogênio e fósforo nas rações para o cultivo de peixes em tanques rede, com o um a
forma de reduzir a carga am biental. Esse procedim ento não é adequado para a
produção de peixes em viveiros, porque, nenhum a m elhoria na qualidade dos
efluentes poderia ocorrer com o resultado da lim itação de nutrientes na ração
adicionada em viveiros, nos quais a capacidade de assim ilação não foi superada.
D ependendo da espécie cultivada e do m étodo de cultivo utilizado, existe
uma taxa de arraçoam ento acim a da qual a qualidade da água dos viveiros vai
deteriorar, devido a perda da capacidade de assim ilação. Para o cultivo de catfish em
viveiros estáticos (sem troca d ’água), essa taxa de arraçoam ento é cerca de 30 kg/ha
por dia em viveiros sem aeração, e 120 kg/lia por dia em viveiros com aeradores
cuja potência total é de 3 a 4 HP por hectare (Boyd and T ucker 1998). R elações
sim ilares entre as taxas dc conversão alim entar e a qualidade da água, tam bém
ocorrem ':m viveiros para a produção de cam arões sem trocas d ’água. E ntretanto,
uma quantidade m uito m aior de ração pode ser aplicada em viveiros para a produção
de tilápia e para a produção de cam arões com troca d ’água.
A adoção dc Boas Práticas de M anejo (BPM s) para prevenir que a
capacidade de assim ilação dos viveiros seja excedida, deve ser enfatizada com o
parte das regulam entas am bientais relativas à efiuentes, e um a determ inada BPM
poderá ser recom endada no caso da elevação das taxas de arraçoam ento. Entretanto, f
até o m om ento não existe um a base cientifica que perm ita afirm ar a existência dc
uma relação direta entre a taxa dc arraçoam ento e a qualidade dos efluentes.

R eferên cias B ib lio g ráficas

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-3»' Anais do Sim pósio sobre Manejo e Nutrição de A ves e Suínos e
Tecnologia da Produção de Rações
CBNA - Campinas, SP - dias 27, 28 c 29 de novembro de 2002

Tabela 1. Estimativas da quantidade de nitrogênio c fósforo liberados por 1.000 kg de


ração por diferentes sistemas de produção utilizados pela aquicultura. Essas
estimativas representam condições normais de cultivo.
Composição Cargas de nutrientes
corporal geradas pelos diferentes
total sistemas de cultivo
Ração Típico (base cm (kg/l.OOOkg (% aporte
peso seco) ração) de ração}
Espécies e %N %P FCR %N %P N P N P
sistemas de
cultivo
Sal inão 7,04 1,3 1,1 10 3,2 47,7 5,7 67,8 43,8
(tanques rede)
Trutas 6,4 1,3 1,1 10 3,2 41,3 5,7 64,5 43,8
(raeeway)
Tilapia 4,8 1,0 1,5 8,5 3,0 33,8 5,0 70,4 50,0
(viveiros)
Camarão
(viveiros)
Semi-intensivo 4,8 1,0 1,5 11 1,25 29,7 7,9 61,9 79,0

Intensivo 6,72 1,6 1.8 11 1,25 51,9 14,3 77,2 89,4

Catfish 4,8 0,9 1,9 9 2,7 36,2 5,4 75,4 60,0

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