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“A
rroz de festa” na boca dos presidenciáveis, o agronegócio nunca foi tão falado em nosso País. É bem
verdade que falam de bois, sojas, milhos e trigos, afinal o Brasil produz nada mais nada menos que 15
milhões de toneladas de carne por ano, e o campo emprega 24% da população economicamente ativa
do País o que significam 16,6 milhões de trabalhadores, um número de votos nada desprezível para
qualquer candidato. O fato é que acaba respingando um pouco na nossa aqüicultura, fazendo com que já tenha
presidenciável falando em piscicultura, coisa nunca vista antes.
Para o OPA, Departamento de Pesca e Aqüicultura do Ministério da Agricultura, o momento é de divulgação das nossas
capacidades produtivas e de apresentar a atividade como um excelente negócio. Para botar em prática o conceito de
agronegócio e solucionar os diversos gargalos da nossa aqüicultura, o DPA quer dar incentivo à integração da cadeia
produtiva com o consumidor final, palavras do novo Coordenador de Aqüicultura do Departamento, que neste momento
de transição por que passa o País, está centralizando seus esforços apenas na propagação da atividade. Competitividade
e cooperativismo são as palavras de ordem de Alexandre Caixeta Spínola, que entrevistamos nesta edição.
Agronegócios e cadeias produtivas à parte, os problemas do dia-a-dia do campo são realidades estressantes que todo
aqüicultor enfrenta. Pode parecer estranho, mas muita gente já ouviuJalar de viveiros onde os peixes não engordam
direito, ou até daqueles que impossibilitam a despesca, isso sem contar aqueles que não enchem. E isto está longe de ser
uma..exceção. O que aparentemente deveria ser uma coisa fácil e simples, a Construção de viveiros pode se transformar
numa dor de cabeça crônica e se tornar um pesadelo eterno no quintal de um produtor. Detalhes como a estrutura do
solo ou o desenho das estruturas hidráulicas de abastecimento e drenagem podem ser determinantes para o sucesso
ou o fracasso de um empreendimento. Nesta edição estamos dando início a uma importante série de três artigos onde
os assuntos relacionados à construção de viveiros são abordados em detalhes, com gráficos, tabelas e ilustrações, de
forma a permitir que técnicos e produtores possam se sair bem na hora de projetar seus viveiros e dimensionar os canais,
bombas e tubulações, Afinal, nada melhor que viveiros que se mantêm cheios, que permitem uma despesca tranqüila
sem contratempos e que, além de engordarem os peixes, engordam também o bolso do produtor.
E por falar em contratempos, abordamos também nesta edição um tema que todos nós gostaríamos que ficasse longe
das nossas águas mas que, infelizmente , tem ocasionado perdas de bilhões de dólares aos carcinicultores ao redor do
mundo: as patologias. Multas doenças, apesar de não exterminarem os camarões confinados, mexem com o bolso do
produtor ao se traduzirem em taxas reduzidas de crescimento e ganho de peso, sem falar das deformações que lhes dão
uma aparência indesejada para o mercado. Apesar de poucos saberem, muitas dessas doenças já fazem parte do dia-adia
do carcinicultor brasileiro que, por isso mesmo, deve estar atento e apto a identificá-las o quanto antes.
Além desses temas, destaco também o trabalho que vem sendo realizado na Bahia com o cultivo de tilápia em águas
estuarinas. Apesar de estar ainda no início, os primeiros resultados dos cultivos em tanques-rede na Baia de Camamu
apontam para mais essa possibilidade de cultivo desse peixe maravilhoso. Aliás, deliciosamente maravilhoso. Quem já
teve a oportunidade de degustar a tilápia cultivada no mar, sabe do que estou falando.
Até a próxima edição, e que tenhamos um bom presidente. A topos, uma.órima leitura.
Projeto Gráfico:
Leandro Aguiar
leandro@panoramadaaquicultura.com.br
Colaboradores:
Fernando Kubitza
Alberto J. P. Nunes
Os artigos assinados são de responsabili-
dade exclusiva dos autores. Os editores não
respondem quanto a qualidade dos serviços
e produtos anunciados, bem como pelos
dados divulgados na seção “Informe Publici-
tário”, por serem espaços comercializados. Tilápias em Ambiente Estuarino
Design & Editoração Eletrônica: O Programa de Maricultura Artesanal do Estado da Bahia, que tem como
Panorama da AQÜICULTURA Ltda. parceiros a BAHIA PESCA, SEBRAE/BA e IDES - Instituto de Desenvolvimento do
Impresso na SRG Gráfica & Editora Ltda. Baixo Sul, desenvolveu um projeto experimental de cultivo de tilápias em tanques–rede
em ambiente estuarino nas localidades de Barra do Serinhaém e Canavieiras, ambas na
Números atrasados custam R$ 7,50 cada. Para Baía de Camamu. Os experimentos, coordenados pela Bahia Pesca com o objetivo de
adquiri-los entre em contato com a redação. avaliar a viabilidade técnica e econômi-
ca do cultivo de tilápias em ambientes
Para assinatura use o cupom encartado, visite estuarinos, objetivam também fornecer
www.panoramadaaquicultura.com.br subsídios básicos sobre a performance
ou envie e-mail: assinatura@panoramadaaqui- de cultivos de linhagens e híbridos
cultura.com.br de tilápia nas condições testadas a
serem conduzidos por pescadores e
ASSINANTE - Você pode controlar, a cada marisqueiras reunidos em associações.
edição, quantos exemplares ainda fazem parte Foram utilizadas como base do estudo,
da sua assinatura. Basta conferir o número de as estruturas e o manejo de cultivo em
créditos descrito entre parenteses na etiqueta tanques-rede adotados no complexo de
que endereça a sua revista. barragens de Paulo Afonso – BA.
Edições esgotadas: 01, 05, 09, 10, 11, 12, 14, 17,
18, 20, 21, 22, 24, 25, 26, 27, 29, 30,33, 34, 35, 36,
37, 38, 39, 40, 41, 44, 45, 59, 61, 62, 63, 65.
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Panorama – O agronegócio desponta como o único setor da eco- atividade. Temos também o Plano de Safra, que já está no terceiro
nomia brasileira que apresenta superávits na balança comercial ano. De toda a gama de produtos agropecuários brasileiros, onze
há mais de 10 anos, sendo responsável por 27% do PIB nacional foram tidos como estratégicos e a aqüicultura está incluída entre
em 2001. Com relação ao setor de pescados, como o MAPA eles, com recursos liberados para todas as espécies aqüícolas.
- Ministério da Agricultura vê o Brasil e quais as perspectivas Num curto prazo é isso. Outro ponto importante é essa nova fase
para a aqüicultura? da aqüicultura em relação à consolidação das cadeias produtivas
e temos diversos exemplos de que a aqüicultura está evoluindo
Alexandre - O setor de pescado para o ministério é um setor que para isso. Só teremos um agronegócio forte da aqüicultura no dia
apresenta resultados. Nesse sentido ele se torna estratégico, pois em que tivermos a cadeia produtiva consolidada. Essa organiza-
tem um grande potencial, pode exportar proteína animal e gerar ção é fundamental para termos um avanço maior a médio e longo
empregos, principalmente a carcinicultura no nordeste, uma região prazos. Com força e representação a cadeia produtiva conseguirá
com muitas dificuldades de renda, que o camarão muda esse cená- fazer pressão sobre o governo para atender às suas demandas. A
rio. Para o Governo Federal a aqüicultura brasileira é vista como gente já começa ver essa nova fase de organização. Não é produzir
“a bola da vez” no cenário internacional. Chegou a vez do Brasil. e esperar que o pesque-pague venha comprar, é preciso se profis-
Os estoques pesqueiros chegaram num ponto de sustentabilidade sionalizar cada vez mais. Nossa função é mostrar o potencial do
atingindo seu patamar de 100 milhões de toneladas. A FAO projeta mercado sem criar uma imagem ilusória e falsa. Não podemos falar
para 2010, um consumo de mais de 30 milhões de toneladas de “olha gente, montem uma indústria de processamento que vocês
pescados e a pesca não tem como responder a essa demanda. O vão ter mercado”. Mas sabemos que o setor de pescados, dentro
Brasil é a nova fronteira do pescado mundial. Temos 12% da água da economia alimentícia, é o que mais cresce no mundo, com
disponível no mundo e 5 milhões e quinhentos mil hectares de 11% de crescimento ao ano. Esses dados são os que precisamos
reservatórios, além de um clima tropical em quase todo o país. Isso apresentar aos formadores de opinião e da mesma forma mostrar
para o MAPA é muito importante, principalmente porque não tem que o governo está apto a trabalhar com a regulamentação mais
mais aquela visão protecionista do IBAMA – Instituto Brasileiro voltada para a produção, não só para preservação; ou seja, que o
do Meio Ambiente e sim de fomento. O DPA, apesar de ser um governo está disposto a colaborar naquilo que for pertinente para
departamento novo de apenas 4 anos, tem uma boa credibilidade que esse fluxo ao longo da cadeia produtiva aconteça da melhor
dentro do MAPA. E isso tem que ser creditado ao fato do Gabriel forma possível. A partir daí a iniciativa privada entra e vai procurar
Calzavara, diretor do DPA, ter incorporado a perspectiva de cadeia uma melhor embalagem, vai procurar um marketing, ela vai fazer
produtiva, que vem de encontro ao discurso do próprio ministério. uma degustação...
Isso deu visibilidade interna e com certeza o DPA está à frente da
formulação de uma política para o pescado. Panorama – Quais são os gargalos identificados hoje pelo DPA e
por você pessoalmente?
Panorama – Esse aumento da demanda mundial por pescados e a
impossibilidade dos estoques naturais de atenderem a esta demanda Alexandre – Organização, informação e comercialização. Eu acho
já são constatações bem antigas, bem como a grande vocação do que é principalmente isso. O primeiro é a falta de organização e,
Brasil para a aqüicultura e, no entanto, ainda não foram suficientes decorrente dessa falta de organização, temos informações incom-
para que se formulasse, até hoje, uma política para o desenvol- pletas. Nem todo mundo tem acesso à informação.
vimento do setor. Quais, a seu ver, serão as transformações que
devemos esperar a curto, médio e longo prazos? Panorama – Que tipo de informação especificamente?
Alexandre – Temos um programa no PPA – Plano Plurianual. Alexandre – Informação de mercado. No meu ponto de vista é
Entre 365 programas de diretrizes para o Brasil, a aqüicultura depois da porteira que estão os principais gargalos. Eu não tenho
está incluída e isso é um sinal de que o governo está atento para a conhecimento se há falta de informação tecnológica, daí não posso
Panorama – Já existe alguma maneira de fazer isso? Panorama - Como é que o DPA está vendo hoje a discussão com
relação a ABRAq-Associação Brasileira de Aqüicultura que, em
Alexandre – Através de marketing, publicações e reuniões de tese, é uma organização representativa?
articulação. É essa coisa simples, mas que é “o meio de campo”
que às vezes não é feito. É mais essa questão mesmo de ser um Alexandre – Eu acho que ela saiu um pouco desgastada do último
propagandista. É falar por exemplo que o governo americano Simbraq, em Goiânia, e precisa de um tempo pra se reestruturar
O Programa de Maricultura Artesanal do Estado da Bahia, que tem como parceiros a BAHIA PESCA,
SEBRAE/BA e IDES - Instituto de Desenvolvimento do Baixo Sul, desenvolveu um projeto experimental
de cultivo de tilápia em tanques–rede em ambiente estuarino nas localidades de Barra do Serinhaém e
Canavieiras, ambas na Baía de Camamu. Os experimentos, coordenados pela Bahia Pesca e executados
pela empresa de consultoria Dell’acqqua, foram iniciados em dezembro de 2001, com o objetivo de avaliar a via-
bilidade técnica e econômica do cultivo de tilápias em ambientes estuarinos. Os experimentos objetivam também
fornecer subsídios básicos sobre a performance de cultivos de linhagens e híbridos de tilápia nas condições
testadas, inclusive com análise econômica preliminar da viabilidade do cultivo para módulos familiares, a serem
conduzidos por pescadores e marisqueiras reunidos em associações. Pelo fato de existirem poucas referências
bibliográficas a respeito de cultivo de tilápias em estuários, foram utilizadas como base as estruturas e o manejo
de cultivo em tanques-rede adotados no complexo de barragens de Paulo Afonso – BA.
Os peixes testados no experimento foram machos sexualmen- densidade de estocagem de 2 alevinos/L. A elevação da salinidade
te revertidos da Tilápia Nilótica (Oreochromis niloticus) da linhagem variou de 7 a 10 ppm ao dia, durante três a cinco dias, a depender do
Chitralada e um híbrido vermelho, denominado comercialmente de destino dos alevinos (Canavieiras = 20 ppm; Barra do Serinhaém =
Red Jamaica, resultante do cruzamento das espécies Tilápia Nilótica 28 ppm) e da variedade de tilápia (Chitralada = 5 dias; Vermelha = 3
(Oreochromis niloticus); Tilápia Zanzibar (Oreochromis urolepis dias). Neste período, a alimentação foi oferecida duas vezes ao dia em
hornorum); Tilápia Moçambique (Oreochromis mossambicus) e uma quantidade diária de 2 a 3% da biomassa. A limpeza dos restos de
Tilápia Áurea (Oreochromis aureus). ração e fezes foi feita diariamente, por sifonamento, com a troca de 30
Os locais selecionados, Barra do Serinhaém e Canavieiras, a 50 % do volume de água.
apresentam condições ambientais distintas, como pode ser visto na
tabela 1. Durante o experimento os parâmetros físico-químicos da Estruturas de Cultivo
água como a velocidade das correntes, transparência, temperatura,
pH, salinidade e oxigênio dissolvido, foram avaliados mensalmente Cada bateria de cultivo experimental foi composta por dois
na enchente, vazante e maré morta. tipos de tanques-rede: 1 tanque-rede de 4 m3 destinado à fase de
alevinagem, construído em tela de seda de poliéster revestida de
PVC, medindo 2,0 x 2,0 x 1,2 m, com malha de 4,0 mm e 3 tan-
ques-rede de 4 m3 cada, destinados à fase de engorda, construídos
nas dimensões de 2,0 x 2,0 x 1,2 m com tela de seda de poliéster
revestida de PVC com malha de 17,0 mm .
Os tanques-rede de engorda possuem uma tampa móvel com
Tabela 1 – Parâmetros físico-químicos avaliados no início do cultivo nas recinto de alimentação, formado por um cilindro vazado de 120
localidades selecionadas para o experimento. cm de diâmetro e 60 cm de altura, com malha de 4,0 mm armada
sob a tampa. Essa estrutura facilita a tarefa de alimentação dos
O processo de condicionamento dos alevinos às condições de peixes, minimizando perdas com ração.
salinidade do estuário foi realizado em tanques de fibra de vidro com Foi adotado o sistema bifásico de cultivo (alevinagem/en-
capacidade de 1.000 L, em sistema de água parada com aeração, com gorda), sendo estocados inicialmente no tanque-rede de alevinagem
s
Os melhore
preços d o
!
mercado !!
Tabela 2 - Média dos parâmetros avaliados ao final do cultivo de Os resultados dos bioensaios realizados sugerem que a
alevinagem, período de dezembro/2001 a janeiro/2002 . causa mais provável da sintomatologia apresentada pelos pei-
xes é resultado de estresse fisiológico provocado por condições
Bioensaios de tratamento das infecções ambientais desfavoráveis, principalmente os valores elevados da
salinidade e velocidade de corrente, deprimindo o funcionamento
No final da fase de alevinagem, as tilápias da variedade dos mecanismos de defesa dos peixes contra parasitos patógenos
Chitralada de ambas as localidades e as vermelhas de Barra do e infecções oportunistas. Deste modo, alguns procedimentos que
Serinhaém, apresentaram sintomas externos de infecção com ul- poderão ser vistos a seguir, serão adotados para a próxima fase
cerações esbranquiçadas ou hemorrágicas por todo o corpo e com dos experimentos:
mortalidade crônica. • Os cultivos com as espécies testadas serão realizados somente em
Foi coletada uma amostra de peixes com a sintomatologia e locais que apresentem condições físico-químicas da água próximas
enviado para análise no Laboratório de Aqüicultura da Faculdade às encontradas na localidade de Canavieiras;
de Medicina Veterinária - UFBA. O resultado das culturas com • Seleção de novas linhagens e/ou híbridos de tilápia mais resis-
material das lesões foi negativo não detectando presença de patóge- tentes às altas de salinidades;
nos, sugerindo que as alterações apresentadas foram decorrentes de • Testes de estruturas que diminuam a correnteza dentro dos tan-
estresse fisiológico provocado pela alta salinidade e velocidade da ques-rede, nos locais onde este procedimento se fizer necessário;
Gráfico 1 - Comparativo de
desempenho de cultivo em
tanques-rede de tilápias,
linhagem Chitralada e Red
Jamaica em barragens e no
estuário
Panorama
Panorama
da AQÜICULTURA,
da AQÜICULTURA,
julho/agosto,
setembro/outubro,
2002 2005 23
23
24 Panorama da AQÜICULTURA, setembro/outubro, 2005
Figura 1A e 1B - Vistas superior,
lateral e ventral do camarão Li-
topenaeus vannamei com seus
principais órgãos e estruturas do
cefalotórax e abdômen.
Figura 5 - De-
terminação do
peso médio de
uma população
cultivada de ca-
marões.
Para análise, deve-se usar camarões vivos com sinais de enfermidades. do terceiro e último segmento e em ambos os lados.
Os animais selecionados são injetados e submergidos em uma solução Após a injeção, os camarões devem ser submersos em solu-
de Davidson. A solução de Davidson é tóxica por contato e inalação e ção de Davidson durante 24 a 48 horas dependendo do tamanho do
deve ser manipulada com luvas, máscara e óculos protetores em zona indivíduo. Um corte superficial na cutícula, sem penetrar o tecido,
ventilada. A composição de 1 litro de solução fixadora de Davidson deve ser realizado em camarões maiores antes de submergir-los em
é constituída de: (A) 330 mL de álcool etílico a 95%; (B) 220 mL Davidson. Em seguida, o animal é transferido para uma solução de
de formalina 100% (37% – 39% formaldeído); (C) 115 mL de ácido etanol 50%, podendo ser enviado ao laboratório enrolado em papel
acético glacial; e, (D) 335 mL de água destilada. Em animais maiores toalha umedecido com álcool. É muito importante que o produtor
que 3 g, deve-se injetar um volume aproximado de solução pelo menos execute perfeitamente esta etapa de fixação ou encaminhe animais
equivalente ao volume aproximado do seu corpo. Os seguintes pontos vivos a um laboratório de histopatologia. Todas as amostras devem
do camarão devem ser penetrados com a seringa contendo a solução: ser rotuladas com lápis, contendo as informações básicas do material
(A) diretamente no hepatopâncreas, e uma vez no lado esquerdo e uma (data da coleta, nome da fazenda, número do viveiro) a ser analisado
vez no lado direito do órgão (Fig. 12); e, (B) no abdômen, na região e enviada em frasco limpo e bem fechado.
Demanda hídrica
Solos críticos
D
adicional aos choques mecânicos e as variações térmicas.
iversas substâncias têm sido utilizadas
com a finalidade de diminuir o estresse
e conseqüentemente a mortalidade de
peixes durante operações estressantes
na aqüicultura, como o manejo, manuseio e o
transporte. Dentre estas substâncias destaca-
se o sal de cozinha (NaCl 90%), um produto
de fácil obtenção e baixo custo e que muitas
vezes é utilizado de forma desordenada e sem
o conhecimento da melhor concentração.
dos Peixes
pés da propaganda e a maioria dos projetos implantados naufragou.
O grande diferencial da piscicultura foi que, pelo menos na região
Centro-Sul do Brasil, a atividade teve um forte empurrão para se desen-
volver: o surgimento do fenômeno dos pesque-pagues (ou pesqueiros,
como queiram chamar), durante a década de 90.
Por: Antonio Ostrensky - Coordenador do Grupo Integrado de Aqüicultura e De uma hora para outra, os pesque-pagues se multiplicaram,
Estudos Ambientais, UFPR E-mail - ostrensky@ufpr.br.
criando uma forte e, até então inédita demanda por peixes vivos. Qualquer
“poça d’água” com uns peixinhos dentro era e, em alguns locais ainda é,
considerada um pesque-pague. O mais incrível é que ao lado dessa poça
um sem número de pessoas se acotovelavam, disputando um lugar para
O
artigo “Os números da Piscicultura Paranaense”, de a sua linha, tamanho o fascínio que a pesca exerce sobre os brasileiros.
Antônio Ostrensky, professor e coordenador do Grupo A demanda, principalmente no Estado de São Paulo, foi tão forte, que
Integrado de Aqüicultura e Estudos Ambientais da carpas produzidas na região de Ajuricaba, RS, podiam ser comercializadas,
Universidade Federal do Paraná, publicado na última vivas e com excelente margem de lucro, em São Paulo.
edição 71 da Panorama da AQÜICULTURA, apresentou Esse fenômeno gerou um clima propício para a disseminação da
dados nada otimistas a respeito da piscicultura praticada piscicultura como atividade complementadora de renda, pelo menos para
no Paraná, provavelmente uma realidade que se repete aqueles produtores que não recebiam por meio de cheques sem fundos
em outras regiões do Brasil. No artigo publicado a seguir, ou através de cheques que seriam sustados logo a seguir.
Ostrensky lança o seu olhar sobre os caminhos possíveis Essa febre dos pesque-pagues foi, e ainda é, tão importante para
para reverter este quadro, já que, segundo ele, milagres, a piscicultura porque o peixe produzido tem como destino a indústria do
ao menos na piscicultura, não existem. Desta vez ,o autor entretenimento e não a indústria alimentar. Se, por um lado, é relativa-
analisa a lucratividade das alternativas geralmente buscadas mente fácil estabelecer margens de comparação de preços entre as carnes
pelos produtores rurais, como a diversificação das atividades de peixe e a de frango, ou a de boi, por outro, é difícil estimar o quanto
de uma propriedade, a agregação de valores à produção vale a diversão familiar do final de semana.
e a exportação, apontando ainda o cooperativismo como Esse fato, associado ao aumento repentino da demanda, fez com
solução para transformar o cultivo de peixes em nosso país que a tilápia chegasse a ser vendida viva na propriedade a valores irreais,
em uma atividade verdadeiramente comercial. superiores, por exemplo, a R$ 6,00 o quilo. Hoje, o preço pago ao produtor
raramente chega a R$ 2,00, isso se falarmos na venda de peixes para os
pesque-pagues, já que a indústria não consegue pagar nem R$ 1,30-1,40 por
uma tilápia de 450-500 g. A competição com o pesque-pague acabou freando
Na edição anterior da Panorama, terminamos o comentário o desenvolvimento da indústria de processamento de peixes cultivados, que
sobre os números da piscicultura paranaense demonstrando que a sempre teve que enfrentar a realidade das gôndolas dos supermercados, onde
receita mensal média por produtor no estado não chega nem a a comparação de preços é inevitável.
R$ 35,00. O mais preocupante, contudo, é que esse certamente Atualmente, os pesqueiros também estão começando a sofrer
não deve ser um privilégio do Estado do Paraná, mas uma triste os efeitos das leis de mercado, onde, em um ambiente competitivo, só
realidade que se repete em vários estados do País. Mas, será possível, os mais bem estruturados sobrevivem. Prova disso é que entre 2000
de alguma forma, reverter esse quadro e transformar a piscicultura e 2001, com a produção estacionada na casa das 17.000 toneladas,
brasileira em uma atividade verdadeiramente comercial? Essa é a a percentagem de peixes produzidos no Paraná e comercializados
pergunta que tentaremos responder neste artigo. em pesque-pagues caiu de 68 para 62%. Os empreendedores de
Antes de mais nada, é necessário destacar que, pelo menos visão e que possuem recursos, estão investindo em seus próprios
na piscicultura, o milagre da multiplicação dos peixes simples- pesque-pagues, transformando esses locais em verdadeiros centros
mente não existe. Esperar que, de uma hora para outra surja de lazer, onde é possível desfrutar de uma boa infra-estrutura, com
alguma solução mágica, que viabilize a produção comercial de restaurantes, churrasqueiras, piscinas, trilhas, parques infantis ou
peixes produzidos em sistema “quase-extensivo”, em uma área coisas do gênero. Nesses locais, o peixe é mais uma atração e não
média de 0,37 ha e por produtores muito pouco qualificados, é o mais a única atração.
mesmo que esperar por um milagre. Em outras regiões do Brasil, onde não houve uma populariza-
ção tão intensa dos pesque-pagues, a piscicultura não conseguiu se
Conhecendo o passado desenvolver com a mesma intensidade que na Região Centro-Sul,
O surgimento do atual modelo de “piscicultura como o que explica porque, apesar do clima desfavorável, Paraná, Santa
fonte de complementação da renda nas pequenas propriedades” Catarina e Rio Grande do Sul são citados como maiores produtores
nasceu do enfraquecimento das monoculturas agrícolas. Se para brasileiros de peixes cultivados (vide os dados publicados no livro
uma grande empresa rural, que produz em grande escala, já há Aqüicultura para o Desenvolvimento Sustentável, editado pelo Dr.
um risco excessivo nas monoculturas, o que dizer então em uma Wagner Valenti).
pequena propriedade? O risco de se apostar tudo em uma única No entanto, em algumas regiões, particularmente no Nordeste,
safra anual, tendo, portanto, receita em apenas uma pequena época os preços de venda alcançados pelos produtores ainda são elevados,
do ano e despesas para pagar no ano todo, e ainda depender dos chegando e, em alguns casos, até superando, a marca dos R$ 4,50/kg.
humores do clima, é uma aventura que não pode ser bancada pela Obviamente que o produtor deve aproveitar o momento e se capitalizar.
imensa maioria dos agricultores brasileiros. Mas, também deve ter a consciência de que tais preços só se manterão
A preocupação em buscar fórmulas para “complementar enquanto a oferta não for muito elevada. Depois, eles também serão
a renda da propriedade” deu origem a vários primos, próxi- convidados a conhecer o lado mais amargo das leis de mercado.
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SEBRAE/RJ, será realizado no Hotel Angra Inn em Angra dos – Será realizado pelo Instituto de Pesca em São Paulo. Inf: (11)
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09-10- Curso Básico de Piscicultura- Será realizado na sede da
19-21- Fishery & Seafood 2002 Aquaculture – Será realizado em ABRACOA, em São Paulo. Inf: (11) 3672-8274, e-mail: abracoa@
Cebu, Filipinas. Inf: tel: (603) 56319390, fax: (603) 56311602 ou uol.com.br ou www.setorpesqueiro.com.br/abracoa
e-mail: imske@tm.net.my
10-14- II Congresso Brasileiro sobre Crustáceos – Será realizado
21- Curso Ranicultura na Prática - Será realizado em Pindamo- no Hotel Fazenda Fonte Colina Verde em São Pedro – SP, com o
nhangaba, pelo Instituto de Pesca de São Paulo. Inf: (11) 3871-7520/ patrocínio da Sociedade Brasileira de Carcinologia. Inf: Sr. Sérgio
3871-7553 ou fax: (11) 3872-5035. Luiz da S. Bueno – (11) 3091-7627 ou sbueno@ib.usp.br
23-28- Curso Aproveitamento Integral de Pescado, com 12-15 - X Congreso Latinoamericano de Acuicultura y 3º
Tecnologia de Baixo Custo para o Mundo Globalizado - Será Symposio Avances y Proyecciones de la Acuicultura en Chile
realizado em Fortaleza – CE. Inf: Tel: (85) 287-5211 R. 290, fax: – Será organizado pela Asociación Latino Americana de Acuicultura
(85) 287-1522 ou e-mail: marinus@fortalnet.com.br (ALA) e a Facultad de Ciencias del Mar de La Universidade Católica
del Norte, em Coquimbo, Chile. Inf: Tel: 56-51-209756/ 209-711,
outubro Fax: 56-51-209759-209782 ou e-mail: congreso2002@ucn.cl
16-19- Aquaculture Europe 2002– Será realizado no Stazione 19-23- WAS 2003 - Brasil- O encontro anual da World Aquaculture
Marítima Congress Centre, em Trieste na Itália. Inf: tel: 32-59-32- Society será realizado no Centro Empresarial Niemeyer em Salvador,
38-59, fax: 32-59-32-10-05 ou e-mail: ae2002@aquaculture.cc BA. Inf: tel: +55-71-3494 1828 ou e-mail: salvador2003@aol.com