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A INDÚSTRIA E A ÁGUA

MÁRCIA VIANA LISBOA MARTINS


DAVID VEIGA SOARES

unidade industrial
VALMIR PEDROSA

do perímetro da
Agindo além
A INDÚSTRIA E A ÁGUA: Agindo além do perímetro da unidade industrial
DAVID VEIGA SOARES • MÁRCIA VIANA LISBOA MARTINS • VALMIR PEDROSA
DAVID VEIGA SOARES
MÁRCIA VIANA LISBOA MARTINS
VALMIR PEDROSA

A INDÚSTRIA E A ÁGUA
Agindo além
do perímetro da
unidade industrial

Belo Horizonte
2023
CAPA: Rio Passirio, afluente da margem esquerda do Rio Adige.
Foto tirada na cidade de Merano, na Região Trentino-Alto Adige
(província de Bolzano). Foto de Maria Gravina Ogata.
NORMALIZAÇÃO: Zapter; Organização Documental
REVISÃO ORTOGRÁFICA E GRAMATICAL: Tríade Comunicação
PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO: Bios
IMPRESSÃO: GSA Gráfica e Editora
TIRAGEM: 600 exemplares

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


(Zapter; Organização Documental, ES, Brasil – contato@zapter.com.br)
S676i Soares, David Veiga, 1978-
A indústria e a água : agindo além do perímetro da
unidade industrial / David Veiga Soares; Márcia Viana
Lisboa Martins; Valmir Pedrosa (editor). – Belo Horizonte :
Ed. do Autor, 2023.
153p. : il. ; 22 cm

ISBN: 978-65-00-63577-5

1. Água - uso. 2. Água – uso sustentável. 3.


Desenvolvimento de recursos hídricos. I. Martins, Márcia
Viana Lisboa, 1971- . II. Pedrosa, Valmir de Albuquerque,
1971- III. Título.

CDU: 556.18
CDD: 553.7
“Quarenta e oito horas depois que a estiagem atingiu
o ponto culminante, a cidade ficou completamente
paralisada”.

Crônica: 6 de junho de 1958 - Caracas sem água


No livro “O escândalo do século”
Gabriel García Márquez

...toda solução produz uma nova situação


que gera suas próprias novas necessidades
e problemas, novas demandas.

Uma mensagem para o século XXI


Isaiah Berlin (2016, 1ª edição).
LISTA DE SIGLAS

AB InBev Anheuser-Busch InBev


ADASA Agência Reguladora de Águas, Energia e
Saneamento Básico
ANA Agência Nacional de Águas e Saneamento
APP Área de Preservação Permanente
ApR Água para reúso
BHP BHP Billiton
CAESB Companhia de Saneamento Ambiental do
Distrito Federal
CAPEX Capital expenditure
CDP Disclosure Insight Action
CEBDS Conselho Empresarial Brasileiro para o
Desenvolvimento Sustentável
CNI Confederação Nacional da Indústria
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos
ECP Estado de calamidade pública
EPAR Estação Produtora de Água para Reúso
ESG Environmental, Social and Governance
ETE Estação de Tratamento de Esgoto
FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo
FERBASA Companhia de Ferro Ligas da Bahia
FIEB Federação das Indústrias do Estado da Bahia
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo
IBÁ Indústria Brasileira de Árvores
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineração
ICMM International Council on Metals and Mining
IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas
KPI Key performance indicator
MBR Membrane Bio Reactor
MDR Ministério do Desenvolvimento Regional
MPES Ministério Público do Estado do Espírito Santo
ODS Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
ONU Organização das Nações Unidas
OPEX Operational Expenditure
PSA Pagamento por Serviços Ambientais
RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural
SAAE Serviço Autônomo de Água e Esgoto
SABESP Companhia de Saneamento Básico do
Estado de São Paulo
SE Situação de Emergência
SPE Sociedade de Propósito Específico
US EPA Agência de Proteção Ambiental dos Estados
Unidos
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Evolução dos conceitos.......................... 24


Figura 2 ODS alinhados com a atuação
na bacia hidrográfica............................. 26
Figura 3 Agenda ESG.......................................... 27
Figura 4 Bacia hidrográfica................................. 36
Figura 5 Diminuição do nível
potenciométrico do aquífero Ogallala..... 39
Figura 6 Matriz de materialidade da AB INBev..... 44
Figura 7 Localização do projeto Miparamo........... 45
Figura 8 Localização da Grande
Barreira de Corais................................. 47
Figura 9 Localização da APA Carste
Lagoa Santa.......................................... 49
Figura 10 Operação da Vale em
Canaã de Carajás (PA)........................... 51
Figura 11 Áreas de recuperação e proteção
da Vale.................................................. 54
Figura 12 A localização de Arequipa...................... 56
Figura 13 Localização da província
Mpumalanga na África do Sul................ 58
Figura 14 Localização da Mina Escondida............. 60
Figura 15 FERBASA em Andorinha (BA)................ 64
Figura 16 Campanha Give me tap!........................ 65
Figura 17 Unidades da Usina Coruripe.................. 68
Figura 18 Presença do Programa
Produtor de Água................................... 69
Figura 19 Localização da bacia do Rio Pipiripau.... 70
Figura 20 Participação da demanda
de água por grupo da mineração (%)...... 78
Figura 21 Projeção da demanda
de água na mineração (m³/s)................. 78
Figura 22 Possíveis fontes, usos e perdas
de água na mineração........................... 81
Figura 23 Reúso de água no mundo...................... 85
Figura 24 Desenho esquemático de suprimento
de água sem e com reúso....................... 91
Figura 25 Localização da cidade de Itabira
e das barragens do estudo ................. 113
Figura 26 Fluxograma de captações, manejo
e saídas do Complexo de Itabira........... 117
Figura 27 Macrofluxograma do uso da água da
usina Cauê do Complexo de Itabira..... 122
Figura 28 Alternativas de água para reúso........... 126
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Fontes de água da Cerro Verde,


em Arequipa (Peru)................................ 57
Tabela 2 Retirada dos usos setoriais
em 2020 (%).......................................... 77
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Parâmetros de qualidade exigidos pelo


polo petroquímico - água de reúso......... 95
Quadro 2 Documentos sobre o reúso
de água no Brasil.................................. 97
Quadro 3 Fatores inovadores para o modelo
de negócio do reúso de água................ 110
Quadro 4 Média dos resultados do efluente
tratado (ano 2017)............................... 120
SOBRE OS AUTORES

Márcia Viana Lisboa Martins é docente


na Universidade Federal de Itajubá (UNI-
FEI) e coordenadora do Programa de Pós-
-graduação Profissional em Engenharia
Hídrica. Atua no desenvolvimento de es-
tudos e projetos de sistemas de abasteci-
mento de água e sistemas de esgotamento
sanitário, com ênfase em reúso de água.

David Veiga Soares é engenheiro civil


pela Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais, mestre pelo Programa de
Pós-Graduação Profissional em Enge-
nharia Hídrica da UNIFEI e está como
analista de meio ambiente e especialista
na Vale S/A. Tem experiência na área de
engenharia de recursos hídricos, com ên-
fase em hidrologia, hidráulica e na ges-
tão do tema na mineração.

Valmir de Albuquerque Pedrosa é do-


cente na Universidade Federal de Alagoas
e atua no desenvolvimento de estratégia
hídrica para empresas públicas e priva-
das, com foco nas ações desenvolvidas na
escala da bacia hidrográfica e na gestão
dos conflitos pela água.

11
NOTA DOS AUTORES

Este não é um livro sobre a participação da água


em cada processo contido na indústria. Há bons textos
acadêmicos e científicos a respeito. Os autores reuniram
neste livro conceitos e exemplos contemporâneos de pac-
tos pela água envolvendo a indústria, a sociedade, os de-
mais usuários da água e os governos. O leitor constatará
que as boas práticas contidas nestes pactos atravessa-
ram o perímetro das operações e alcançaram a totalidade
da bacia hidrográfica ou da bacia hidrogeológica.

13
SUMÁRIO

Prefácio..................................................... 17

1 Atuação além do perímetro industrial........ 21

2 Do conceito à prática................................ 41

3 O reúso na mineração............................... 73

4 Conclusão............................................... 127

Referências............................................. 131
PREFÁCIO

Os produtos da mineração fazem parte do dia a dia


da sociedade moderna. Eles estão presentes nas estrutu-
ras das construções, nos utensílios e equipamentos eletro-
domésticos, em todas as modalidades de transporte, nos
equipamentos das unidades de saúde, nos computadores,
nos telefones celulares e em tantos outros produtos. E não
há mineração sem água. Nos dias correntes, o comparti-
lhamento sustentável, justo e racional da água entre todos
os usuários de uma bacia hidrográfica exige um grande
esforço de cooperação. Tal cooperação para a preservação
e a conservação das águas está no centro das atenções de
toda a equipe da Vale – uma empresa global, que pratica
mineração sustentável nos países onde está presente.
As mudanças climáticas, o crescimento do consu-
mo hídrico pelas cidades e novas atividades econômicas
trazem novos desafios para a sociedade, os governos e os
usuários de água. Para enfrentar esses desafios, amplia-
mos o nosso foco de atuação, que hoje se estende para
além dos perímetros de nossos empreendimentos. A cons-
trução destas parcerias na escala da bacia hidrográfica é
uma ação alinhada com os quatro pilares de atuação na
gestão responsável de recursos hídricos da Vale - Gover-
nança, Monitoramento e Controle, Engajamento com as
Comunidades e Gestão de Riscos Hídricos.

17
Como demonstração de nossa atuação, entre outros
exemplos, estamos empenhados na conservação de 1 mi-
lhão de hectares de áreas protegidas, na proteção de 400
mil hectares, na recuperação de 100 mil hectares de flo-
restas até 2030, e na redução de 20% do uso específico
de água nova em nossos processos produtivos.
O genuíno interesse neste tema motivou-nos a
apoiar a publicação deste livro, no qual os autores nos
apresentam uma coletânea riquíssima de exemplos
exitosos de cooperação das indústrias com os demais
usuários e comunidades que dividem a mesma bacia
hidrográfica. Os casos vêm de várias partes do mundo,
de distintos tipos de indústrias. Para nossa satisfação,
depreendemos da leitura que o denominador comum
deles busca pelo engajamento no uso justo, eficiente e
inteligente dos recursos hídricos.
Alinhados com o que há de novo, os autores ana-
lisam os desafios e as oportunidades da ampliação do
reúso das águas na mineração – um tema que promete
ocupar a agenda do setor nos próximos anos. Fruto da
leitura, o leitor terá a oportunidade de conhecer um es-
tudo com as diretrizes e as avaliações iniciais para utili-
zação do efluente de uma estação de tratamento de esgo-
to doméstico em uma das unidades da Vale. A premissa
deste estudo foi criar benefícios ambientais para a socie-
dade e ampliar a segurança hídrica de nossas operações
em sinergia com o serviço de saneamento local.

18
Ainda em sintonia com o tema do livro, a equipe
da Vale realizou em fevereiro de 2023 o Fórum de Ba-
lanço Hídrico, quando foi discutida nossa Política de
Água e Recursos Hídricos, contemplando nossas metas
para a redução de consumo de água nova até 2030. O
conteúdo que os autores nos apresentam mostra-nos
que estamos no caminho certo, guiados pelos melhores
conceitos e pelas melhores práticas na conservação, na
preservação e no uso eficiente das águas.
Estamos muitos satisfeitos em apoiar esta obra se-
minal e desejamos uma leitura prazerosa e útil ao leitor.

Bruno Ferraz
Gerente Executivo de Gestão Ambiental, Vale S/A

Guilherme Alves
Gerente de Meio Ambiente, Vale S/A

19
1
ATUAÇÃO ALÉM
DO PERÍMETRO INDUSTRIAL
A água é essencial aos processos industriais. No
livro “Estratégia hídrica e o valor do negócio” (Water
Stewardship and Business Value)1, há a evolução das
ideias do setor empresarial com a água. A evolução des-
tas ideias fica bem representada por meio da analogia
com uma escada (figura 1), onde a altura de cada de-
grau simboliza a amplitude do horizonte de atuação e a
subida das exigências.
O degrau 1 caracteriza a fase do despertar da
consciência pelo uso racional da água e dos proble-
mas associados, ainda que pouca ou nenhuma ação
concreta estivesse em curso. O degrau 2 simboliza o
momento em que ações internas nas unidades produ-
tivas se iniciaram na busca pelo uso eficiente da água,
tendo, em geral, como KPI (key performane indicator) o
uso específico (m³/tonelada), medido pela razão entre
o volume de água utilizado (m³) e a produção (unida-
de, tonelada, litro, etc.).

23
FIGURA 1 – Evolução dos conceitos

5 - Agregar valor à marca

4 - Aliança e governança

3 - Bacia hidrográfica

2 - Eficiência

1 - Consciência

No degrau 3, agindo além do perímetro industrial,


adota-se a bacia hidrográfica como a escala indispen-
sável para uma nova forma de atuação, paralela e con-
comitante às ações internas. A atuação é marcada por
parcerias com as comunidades locais no replantio, na
preservação e na conservação das nascentes e das áreas
prioritárias para a manutenção dos fluxos de águas su-
perficiais e subterrâneos. A parceria pode ter se esten-
dido à cadeia de fornecedores, exigindo-lhes, em seus
processos, medidas semelhantes. Dois exemplos, entre
mil: o Programa Produtor de Água2 e o Programa Águas
Brasileiras3. Este seleciona “[...] projetos de revitalização
de bacias hidrográficas que receberão chancela do Mi-
nistério do Desenvolvimento Regional (MDR) para a cap-
tação de patrocínios privados”. Aquele apoia “[...] ações
de conservação de recursos hídricos no meio rural com
foco na segurança hídrica, no reconhecimento e no es-
tímulo aos serviços ambientais prestados pelos produ-
tores rurais através das ações de conservação de água e
solo em suas propriedades”.

24
O degrau 4 trata das relações entre a indústria, a
sociedade civil, os usuários de água e os governos no
desenho de novas formas de parcerias, acordos e nor-
mas. À guisa de exemplo, tem-se a Resolução ANA No
2.081/2017 que, construída com participação dos envol-
vidos na bacia hidrográfica do Rio São Francisco, repre-
senta uma norma que materializa um acordo obtido com
uma participação de usuários de água, governos e socie-
dade civil. O tema é tratado adiante.
No degrau 5, a indústria associa as ações de pre-
servação hídrica à sua marca, em sua estratégia de posi-
cionamento no mercado, busca, assim, captar a atenção
do seu consumidor, ou iniciar ou ampliar ou consolidar
sua participação no mercado de bens ou serviços, no
qual esses compromissos ambientais são exigidos ou
valorizados.
Inclusive, é possível, que reconheça suas ações em
todos os degraus. A imagem da escada serve, também,
ao propósito de organizar o pensamento ao longo da li-
nha do tempo. Todavia, não se trata de uma imagem
estática, ao contrário, adapta-se, transmuda-se, reno-
va-se com novos conceitos, experiências e mudanças.
As mudanças, em especial as tecnológicas, trou-
xeram novos horizontes para o uso eficiente da água:
sensores que medem vazões, temperatura e pressão;
emprego de técnicas de inteligência artificial para oti-
mizar processos; uso de drones para capturar imagens
em tempo real em regiões de difícil acesso; modelagem

25
matemática para previsão de eventos hidrológicos extre-
mos; uso de membranas para o tratamento de efluen-
tes; ampliação do reúso, da dessalinização de água do
mar, entre outras.
As ações descritas acima estão alinhadas com os
objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) da Or-
ganização das Nações Unidas (ONU), contidos na Agenda
2030, com ênfase, nos ODS: (6) nos serviços de água e
saneamento; (9) indústria, inovação e infraestrutura; (11)
cidades e comunidades sustentáveis; (12) consumo e pro-
dução responsáveis; (14) vida na água; (15) vida terrestre;
(17) parcerias e meios de implementação (figura 2).

FIGURA 2 – ODS alinhados com a atuação na bacia hidrográfica

A Rede Brasil do Pacto Global – o Pacto Global das


Nações Unidas é uma convocação para que as empre-
sas de todo o mundo alinhem suas operações e estra-
tégias a dez princípios universais nas áreas de direitos
humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção –

26
publicou, em 2021, o relatório “A evolução do ESG no
Brasil”4, afirma que a sigla ESG (Environmental, Social
and Governance) “[...] faz alusão ao estímulo dado a
empresas para assumirem medidas que gerem impac-
tos sociais, ambientais e de governança cada vez mais
positivos” (figura 3).

FIGURA 3 – Agenda ESG

Environmental Social Governance

Conforme o relatório – fruto de 308 respostas oriun-


das de dez setores da economia brasileira –, as práticas
ambientais da agenda ESG mais frequentes no Brasil
são, nesta ordem: reciclagem e reaproveitamento de re-
síduos; redução das emissões de gases de efeito estufa;
e uso, tratamento e reaproveitamento de água. Para o
setor de alimentos e bebidas, a reciclagem e o reaprovei-
tamento de insumos e a gestão das águas são as mais
lembradas.
A agenda ESG está conectada com o mercado de
capitais. Os títulos verdes (green bonds) são instru-
mentos financeiros que buscam incentivar atividades
que ampliem a sustentabilidade ambiental das opera-
ções das indústrias, inclusive aquelas que promovam

27
adaptações às mudanças climáticas. Segundo o Clima-
te Bonds Initiative5, em 2021, havia um saldo de mais
de US$ 1,5 trilhão em títulos verdes.
As atuações contidas na figura 1 estão preconiza-
das por cinco importantes organizações que auxiliam
as indústrias neste processo de integração com a so-
ciedade civil, os demais usuários de água e os governos
na escala da bacia hidrográfica.
O Disclosure Insight Action (CDP)6 - uma organi-
zação sem fins lucrativos - apoia empresas e cidades
com estratégias e conceitos para medir e gerenciar ris-
cos e oportunidades nos temas mudanças climáticas,
segurança hídrica e florestas. Seu relatório “O papel das
empresas na construção da segurança hídrica global”
(A Wave of Change - The role of companies in building a
water-secure world) preconiza para suas associadas os
seguintes conceitos:
1. Adotar metas para redução do consumo hídrico, am-
pliação do reúso e redução de lançamento de efluen-
tes ao longo da cadeia de suprimentos;
2. Alinhar a estratégia do negócio para alcançar estas
metas;
3. Ampliar a transparência das metas junto aos stake-
holders;
4. Formular planos e fazer constar em seus relatórios
de sustentabilidade os KPIs que indicam os avanços;

28
5. Construir governança que direcione esforços para o
alcance destas metas;
6. Colaborar com a comunidade, os fornecedores e os
demais envolvidos para alcançar alto padrão de segu-
rança hídrica.
As recomendações são claras, todavia, por trás de
cada sentença há muito trabalho a realizar. Trabalho
que envolve equipe qualificada e dedicada, capital ex-
penditure (CAPEX) e operational expenditure (OPEX) à
altura do desafio, e uma governança corporativa que po-
nha esta agenda na mesa e mantenha a luz acesa sobre
o tema. Requer, também, que estes custos caibam no
fluxo de caixa, que mantenha a rentabilidade dos negó-
cios, e, por certo, alinhe-se com os interesses dos acio-
nistas, as demandas da sociedade e as normas legais e
as exigências contratuais do setor.
Há, contudo, um tipo muito poderoso de incentivo
para a mudança. Para que os avanços na eficiência do
uso da água e no tratamento de efluente ocorram é
necessário clareza de metas, com KPIs bem definidos
e, sobretudo, que a remuneração variável das equipes
esteja atrelada a estas. Esta prática já é encontradiça
em algumas das maiores indústrias que atuam no ter-
ritório brasileiro.
Os conceitos da CDP definem uma “water steward-
ship”, expressão da língua inglesa que qualifica uma
estratégia corporativa onde o uso da água é social e

29
culturalmente justo, ambientalmente sustentável e eco-
nomicamente benéfico. Uma de suas características é a
ação coletiva e integrada com os stakeholders na escala
da bacia hidrográfica de interesse. No ramo de atua-
ção da CDP coexistem organismos que auxiliam setores
específicos. Vejamos um caso de uma organização que
apoia a mineração e a metalurgia.
O Conselho Internacional para Mineração e Me-
talurgia (International Council on Metals and Mining
– ICMM) é uma organização dedicada à segurança, à
integridade e à sustentabilidade destes setores indus-
triais. Entre outras ações, dedica-se a auxiliar e vali-
dar o desempenho das empresas associadas na agenda
ESG. Em agosto de 2021, o ICMM lançou a publicação
“A água no setor de mineração” (Water in the mining
sector)7, que traz conceitos e exemplos de parcerias en-
tre a indústria, a comunidade local, os governos e os
demais usuários na boa gestão da água na escala da
bacia hidrográfica. Algumas das lições aprendidas e
suas exortações são:
1. Um diálogo permanente com a sociedade para criar
oportunidades e prevenir crises;
2. Criatividade e inovação para encontrar soluções;
3. Uma comunicação clara e que promova forte engaja-
mento com a sociedade;

30
4. A clareza nas informações ajuda a criar alinhamentos
e ações;
5. Dividir informação para melhorar as decisões de alo-
cação de água.
Tanto a CDP quanto o ICMM apontam que a atua-
ção na escala da bacia hidrográfica – em estreita parceria
com a comunidade local, os demais usuários de água e
os governos – é essencial para a construção da segurança
hídrica das operações industriais. Há, assim, muitas simi-
litudes com a mensagem da CEO(1) Water Mandate.
A CEO Water Mandate é uma iniciativa da Secreta-
ria Geral da ONU, implementada em parceria com o Pa-
cific Institute. As companhias que endossaram os com-
promissos da CEO Water Mandate8 se comprometem a
melhorias contínuas em seis áreas:
1. Operações diretas: os membros da iniciativa medem
e reduzem seu uso de água e descarga de águas resi-
duais e desenvolvem estratégias para a eliminação de
seus impactos nas comunidades e nos ecossistemas;
2. Cadeia de valor e gestão de bacias hidrográficas:
os membros da iniciativa buscam meios para incenti-
var a melhoria da gestão da água entre seus fornece-
dores e gestores públicos de água;

(1) Chief Executive Office

31
3. Ação coletiva: os membros da iniciativa buscam par-
ticipar de esforços coletivos que envolvam a sociedade
civil, as organizações intergovernamentais, as comu-
nidades afetadas e outras empresas a fim de promo-
ver e melhorar a sustentabilidade da água;
4. Políticas públicas: os membros da iniciativa buscam
formas de colaborar para o desenvolvimento e a im-
plementação de estruturas regulamentares e políticas
coerentes, equitativas e sustentáveis para a água;
5. Envolvimento da comunidade: os membros da inicia-
tiva buscam formas de melhorar a eficiência da água
nas comunidades, proteger as bacias hidrográficas e
aumentar o acesso aos serviços como forma de promo-
ver a gestão sustentável da água e reduzir riscos;
6. Transparência: os membros da iniciativa estão
comprometidos com a transparência e a divulgação
das suas ações, buscando manter-se responsáveis e
atendendo às expectativas de suas partes interessa-
das.
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desen-
volvimento Sustentável (CEBDS)9 também defende con-
ceitos a respeito do tema. As empresas signatárias as-
sumem um compromisso para a contribuição efetiva na
construção da segurança hídrica no território brasileiro,
mediante seis metas:

32
1. Ampliar a inserção do tema água na estratégia de ne-
gócios;

2. Mitigar os riscos da água para o negócio;

3. Medir e comunicar publicamente a gestão da água na


empresa;

4. Incentivar projetos compartilhados em prol da água;

5. Promover o engajamento da cadeia;

6. Contribuir com tecnologias, conhecimentos, proces-


sos e recursos humanos.

O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM)10, uma


organização privada sem fins lucrativos, com mais de
120 associados responsáveis por 85% da produção mi-
neral do Brasil, em uma carta de compromisso de 2019,
“[...] fruto do engajamento de mais de 200 profissionais
da indústria mineração”, defendeu as seguintes ações
para as águas superficiais e subterrâneas entre suas
empresas associadas:

1. Estabelecer metodologia uniforme para definir indica-


dores de performance do uso e do consumo de água,
definindo metas de redução gradativas, publicamente
explicitadas;

2. Tornar públicas e disponíveis as informações de uso,


consumo e qualidade das águas e efluentes na indús-
tria da mineração;

33
3. Participar efetivamente e apoiar os comitês de bacia
hidrográfica, ampliando-se o escopo de atuação para
incorporar estudos associados a mudanças climáti-
cas e propor ações estratégicas para o setor e a socie-
dade em geral.

Observe o leitor que o denominador comum entre


o que preconiza a CDP, o ICMM, a CEO Water Man-
date, o CEDBS e o IBRAM é a busca pelo uso eficiente
da água e a inclusão da sociedade civil, dos demais
usuários e dos governos para o êxito do uso sustentá-
vel. A atuação para além do perímetro industrial – na
escala da bacia hidrográfica – emoldura as ações re-
comendadas, até quando não está explícito. Quando o
CEBDS recomenda mitigar o risco, não é possível fazê-
-lo apenas dentro do perímetro da unidade industrial.
Envolve analisar o risco contido na bacia hidrográfi-
ca e, inclusive, nas bacias hidrográficas onde operam
seus fornecedores de insumos. A seguir há um exem-
plo de risco com o fornecedor.
Em 2017, durante um evento a respeito de conflito
pelo uso da água para profissionais das empresas filiadas
à Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), en-
quanto se falava sobre o risco de escassez hídrica na cadeia
de suprimento, uma proprietária de uma indústria de pro-
cessamento de frango(2) assim se expressou:

(2) Informação verbal.

34
[...] minha indústria está localizada na cidade de
Feira de Santana, aqui próximo à cidade de Sal-
vador. A escassez hídrica não tem nos atingido.
Entretanto, o milho que compro para alimentar
as aves é oriundo de Barreiras, lá no oeste baia-
no, distante uns 750 km. Todos os dias eu acom-
panho com ansiedade o volume de chuvas e a
previsão de chuvas por lá. Se não chover, não
haverá milho suficiente. Isto me obrigará a com-
prar milho do Estado do Mato Grosso. O frete
desta operação pode inviabilizar o meu negócio.
Portanto, sei exatamente o que significa analisar
o risco de escassez hídrica na minha cadeia de
suprimento.

À medida que os desafios foram crescendo, a atua-


ção na escala da bacia hidrográfica passou a constar
nos documentos orientativos para a boa relação da in-
dústria com o tema água. É como se a linha imaginária
do perímetro da bacia hidrográfica fosse, agora, um
grande pátio estendido da indústria.
Por que a defesa nas soluções na escala da bacia
hidrográfica? A resposta está contida nas relações de
causa e efeito da fase terrestre do ciclo hidrológico (fi-
gura 4).

35
FIGURA 4 – Bacia hidrográfica11

Precipitação
nival
Precipitação
pluvial

Transpiração
Evaporação

Precipitação
pluvial

nto
me l Infiltração
Evaporação c oa ficia
Es per
su

Lençol freático

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

Imagine-se o leitor na margem de um rio olhan-


do para montante, contra o fluxo. Dado o regime plu-
viométrico na região, a oferta de água neste trecho do
rio depende dos fenômenos da interceptação, da eva-
potranspiração, da infiltração e do armazenamento das
águas nas áreas a montante, e, é claro, da alimentação e
retroalimentação entre as águas subterrâneas e superfi-
ciais. O uso intensivo e consuntivo da água a montante
altera a oferta rio abaixo. Se associada a alterações dos

36
processos contidos na fase terrestre do ciclo hidrológico,
o efeito será ampliado.
A alteração da cobertura da bacia hidrográfica tem
efeitos distintos, ora reduz as vazões mínimas, ora am-
plia as máximas, ora afeta a frequência dos eventos ex-
tremos, ora a vazão média. Tudo dependerá da natureza
e amplitude das alterações, do tipo de solo, da formação
geológica, entre outras variáveis.
Os aspectos qualitativos também são afetados por-
que o desaparecimento da vegetação nativa favorece a
erosão, que por sua vez aumenta o transporte de sedi-
mentos, elevando a turbidez dá água, que pode afetar
as estações de tratamento, tanto das indústrias quanto
dos serviços de saneamento.
Também seria apropriado citar os “rios voadores”,
conceito que une uma ou mais bacias hidrográficas por
meio da ocorrência e do transporte da umidade atmos-
férica entre elas. Mas abordar este assunto em detalhes,
já estaria longe do escopo deste livro. O assunto está
muito bem explicado em um vídeo do professor Paulo
Artaxo (USP) contido no canal do Youtube da FAPESP12.
O link para o vídeo está no final do livro.
Desta forma, quando a indústria apoia ações de
conservação, preservação e restauração na escala da
bacia hidrográfica, a busca é pela oferta hídrica que a
bacia proverá de forma sustentável, ampliando a segu-
rança hídrica de suas operações.

37
Desconsiderar as relações de causa e efeito na es-
cala da bacia hidrográfica fragiliza a segurança hídrica.
A indústria pode estar na ponta do uso eficiente da água
e de seus efluentes e, ainda assim, perceber que sua
fonte de água superficial e subterrânea se enfraquece
ano a ano – as vazões superficiais apresentam redução
consistente, ou mesmo a qualidade da água deteriora-
-se, aumentando-lhe os custos com a captação e o tra-
tamento.
Aos usuários de águas subterrâneas, a redução do
nível potenciométrico do aquífero pode ser uma ameaça
real. O aquífero Ogallala, localizado na área central do
Estados Unidos, é um caso mundialmente conhecido (fi-
gura 5). O nível potenciométrico do aquífero em algumas
localidades diminuiu cerca de 80 metros desde 1950 até
2013, para um aquífero que ocupa uma área13 de 175
mil km2. Assim, se um usuário de água encontra-se den-
tro desta área e percebe o nível potenciométrico descer
de forma atemorizante, não é um assunto que se possa
resolver dentro do perímetro de sua unidade produtiva.
A situação vai exigir ações dentro do perímetro e para
além. A atuação na escala da bacia hidrogeológica em
parceria com os demais usuários de água, a sociedade
civil e os governos será imprescindível.

38
FIGURA 5 – Diminuição do nível potenciométrico do aquífero Ogallala14

MN
SD

WY

IA
NE

MO

CO

KS

NM
OK

Variação da superfície
potenciométrica do aquífero (ft)
Rebaixamento > 200
TX Rebaixamento 130 - 200
Rebaixamento 60 - 130
Rebaixamento 10 - 60
Rebaixamento 10 - Elevação 10
Elevação > 10

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

39
2
DO CONCEITO À PRÁTICA
A Anheuser-Busch InBev (AB InBev), um dos líde-
res globais no segmento de bebidas, em seu relatório
inaugural da agenda ESG (2020)15, apresenta sua matriz
de materialidade (figura 6) que registra a importância e
o potencial impacto dado pelos stakeholders para várias
questões associadas à empresa. É muito relevante ob-
servar que a água (water use) obteve a maior prioridade
nos dois eixos.
A empresa em sua estratégia hídrica estabeleceu
uma meta de consumo específico de 2,7 litros/litro (li-
tros de água usada no processo por litro de bebida pro-
duzida) e o valor de 2,0 litros/litro para as unidades
localizadas em áreas de notada escassez hídrica.

43
FIGURA 6 – Matriz de materialidade da AB INBev15
IMPORTANCE TO EXTERNAL STAKEHOLDERS

Water Use

GHG Emissions & Energy Use

Circular Economy
Human Rights Sustainable Packaging
Fair Labor Practices
Sustainable Agriculture
Responsible Marketing
& Consumer Education
Diversity & Inclusion Smart Drinking/Responsible
Responsible Consumption
Public Policy Sourcing
& Advocacy Product Quality, Ingredients & Transparency
Biodiversity % Ecosystems Living Wage Taxation Ethical Behavior
Supply Chain Visibility Health, Safety & Governance
& Wellbeing Supply Chain Community
Data Security & Privacy Resilience & Economic
Land & Food Security Development
Supplier Capability
Employee
Compensation
& Benefits

Employee Engagement
Talent Recruitment & Retention

IMPORTANCE TO AB INBEV´S BUSINESS SUCCESS

Employee Environment Governance Product & Services Society Supply Chain

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

A AB InBev tem ações de cooperação na escala da


bacia hidrográfica em vários países. Para ficar com o
exemplo colombiano, há a parceria com o Alianza Bio-
Cuenca para desenvolver o projeto de proteção da bacia
hidrográfica Miparamo (Miparamo Watershed Protection
Project)16, cujo foco é conservação de florestas, restaura-
ção de ecossistemas, práticas sustentáveis da agricul-
tura e monitoramento da bacia hidrográfica (figura 7).
O projeto já preservou ou restaurou 5.200 hectares e
plantou mais de 260 mil árvores, beneficiando mais de
mil famílias locais.

44
FIGURA 7 – Localização do projeto Miparamo17, 18

Como exemplo de ação no degrau 5 (figura 1),


a empresa lançou a ZALVA, uma marca de água en-
garrafada cujo propósito é engajar o consumidor na
proteção das áreas andinas úmidas e elevadas (High
Andean Wetlands). Para cada garrafa vendida, será
preservado 1m2 de área nativa. Complementarmente
as garrafas da marca serão todas coletadas e recicla-
das. Os conceitos da economia circular também são
uma janela para observarmos a cena da sustentabili-
dade da bacia hidrográfica.
A Coca-Cola19 – empresa líder no mercado global de
bebidas – tem três pilares em sua estratégia de seguran-
ça hídrica:
1. Reduzir o consumo específico de água;

45
2. Apoiar e melhorar o acesso à água das comunidades na
sua área de atuação, com foco nas mulheres e meninas;
3. Atuar na escala da bacia hidrográfica com ações de
preservação de florestas, matas e nascentes e apoiar
as organizações sociais que tratam do tema.
Na Austrália, a Coca-Cola20 desenvolve o projeto
Catalyst, uma parceria que apoia e promove práticas sus-
tentáveis em fazendas que cultivam cana-de-açúcar, que
incluem análises de solo, mapeamento digital e agricultu-
ra de precisão. Estas práticas ajudam a reduzir a poluição
oriunda da agricultura e melhora a qualidade da água que
chega até a Grande Barreira de Corais (Great Barrier Reef),
no Mar de Coral (Coral Sea), conforme mostra a figura 8.
A Heineken – outra empresa líder no mercado glo-
bal de cerveja – lançou, no ano de 2019, sua agenda
estratégica para a água: Every Drop21. A estratégia tem
três pilares:
1. Reposição de 100% da água consumida em áreas de
escassez hídrica, que pode ser alcançada por reflores-
tamento, recuperação de áreas degradadas, dessali-
nização e captura de água de chuva;
2. Redução do índice litros de água consumida por litro
de cerveja produzida. Globalmente a meta é usar 3,2
litros de água/litro de cerveja. Em áreas de escassez
hídrica, a meta é usar 2,8 litros de água/litro de cer-
veja;

46
3. Tratamento de 100% de seus efluentes e reúso do
efluente tanto quanto possível.

FIGURA 8 – Localização da Grande Barreira de Corais22

Coral
Sea

Gre
at
Port Douglas
Ba
Cairns
Pacifc
rr

er
ii

Re Ocean
Townsville ef
NORTHRN TERRITORY

Airlie Beach
Whitsunday
Islands
Heart Reef

Gladstone Heron Island

QUEENSLAND Mon Repos


Lady Elliot
Isaland
Hervey Bay

AUSTRALIA
SOUTH Brisbane
AUSTRALIA

NEW SOUTH WALES 200 miles

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

Como exemplo da estratégia de reposição, no


Egito, área de notável escassez hídrica, a Heineken23
apoiou a instalação de hidrômetros e o combate a va-
zamentos de água no serviço de saneamento, gerando

47
uma economia de 670 mil metros cúbicos por ano. Na
agricultura, financiou novas práticas de irrigação, re-
duzindo o consumo de água em 530 mil metros cúbi-
cos por ano. Estes dois valores somados repõem, me-
lhor dizendo, disponibilizam no balanço hídrico local
praticamente o volume de água que sai da bacia na
forma de cerveja.
No Brasil, em dezembro de 2021, a Heineken24 mos-
trou como sua estratégia de expansão está condiciona-
da aos seus princípios ambientais ao anunciar a desis-
tência de construir sua próxima unidade no município
de Pedro Leopoldo (MG). Em seu canal de comunicação
oficial a empresa informou que
[...] a decisão foi tomada após poucos meses de di-
álogo sobre os diferentes entendimentos de órgãos
envolvidos e da sociedade em geral relacionados à
proximidade do atual terreno com uma importante
área de preservação ambiental e arqueológica da
região.

A região escolhida originalmente fica situada na


Área de Proteção Ambiental (APA) Carste de Lagoa San-
ta (figura 9), nas cabeceiras da bacia hidrográfica do Rio
das Velhas, no Estado de Minas Gerais.

48
FIGURA 9 – Localização da APA Carste Lagoa Santa25

sco

Rio São Franci


MINAS GERAIS

Ri o
das V
elhas
Matozinhos APA Carste
da Lagoa Santa
BELO
HORIZONTE

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

De acordo com o diretor de assuntos corporativo26


da cervejaria
[...] a permanência da empresa em Pedro Leopoldo
só faria sentido se, acima de tudo, contasse com
o apoio de toda a sociedade, incluindo agentes
que contribuem para o desenvolvimento socioam-
biental da região. O respeito e o cuidado com as
pessoas e com o meio ambiente direcionam nos-
sas decisões. Seguimos todos os ritos para obter
a licença ambiental e temos autorização judicial
para construir a cervejaria, o que demonstra a
legalidade de todo o processo e a forma como
conduzimos nossa operação. No entanto, enten-
demos que nossa permanência no local ainda di-

49
vide opiniões e que, para seguir adiante, teríamos
que dedicar mais tempo para realização de no-
vos estudos. Por tudo isso, tomamos a decisão de
buscar outra área que atenderá a demanda dos
próximos anos.

Na mesma linha de compromissos com a região, o


setor de mineração tem experiências que precisam ser
conhecidas e ampliadas.
No setor de mineração, a água participa de muitos
processos, entre eles: flotação, lavagem, concentração
gravítica, hidrometalúrgicos, pirometalúrgicos, meio de
transporte, etc. Todavia, para a maioria dos empreendi-
mentos, há um processo que distingue o setor: a neces-
sidade do rebaixamento da superfície potenciométrica
do aquífero para que a produção de extração do minério
possa ocorrer. De outra maneira, a água contida nas
lavras subterrâneas ou a céu aberto impossibilitaria a
produção. Para detalhes, é recomendado o livro “A ges-
tão dos recursos hídricos e a mineração”27, construído
em uma parceria da Agência Nacional de Águas e Sa-
neamento Básico (ANA) com o IBRAM. Vejam alguns
exemplos da Vale.
A Vale28 – a maior produtora mundial de minério de
ferro, pelotas e níquel, também produz pelotas de mi-
nério de ferro, cobre, metais do grupo da platina, ouro,
prata e cobalto - opera a mina do Sossego no município
Canaã dos Carajás (figura 10). Conforme o relatório do
ano de 2014,

50
[...] a melhoria na qualidade de vida da comunidade
de Canaã dos Carajás é o foco da parceria entre a
Vale e o poder público local. Para isso, mais de R$
5 milhões já foram investidos em obras e projetos
de saneamento na cidade. O poder público aplicou
esses valores na construção de dois poços artesia-
nos no Jardim das Palmeiras, além de melhoria no
sistema de captação de água na barragem Rio Verde
e implantação do Laboratório de Análises Químicas.

FIGURA 10 – Operação da Vale em Canaã de Carajás (PA)29

O Complexo
Minerador de Carajás

Estrada de Ferro
Carajás
Terminal Portuário
Instalações do
Complexo S11D 504 km
Linhas existentes
de Ponta da Madeira

226 km
São Luís

Santa Inês
Açailândia

Marabá
Ramal Ferroviário
Parauapebas
Carajás Sudeste do Pará

101 km
S11D

Canaã
dos Carajás

Rodovia Municipal
de Canaã dos Carajás
Complexo Minerador de Carajás
Instalações de apoio S11D S11D
Estrada de Ferro Carajás

Rodovia

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

51
A Vale30, em dezembro de 2019, lançou um com-
promisso voluntário de recuperar e proteger 500 mil
hectares. Desde então, por meio do Fundo Vale, já fo-
ram investidos mais de R$ 100 milhões na recuperação
florestal (figura 11) de mais de 6 mil hectares em sete
Estados, movimentando de forma importante o ecos-
sistema e principalmente as pessoas que vivem desta
atividade. Mais de mil postos de trabalho, mais de 700
famílias e cerca de cem propriedades rurais fazem parte
desse arranjo.
[...] Em 2022, [temos] a expectativa de proteger-
mos 50 mil hectares adicionais na Amazônia com
impacto em, pelo menos, 7 comunidades, cerca de
100 famílias e 500 pessoas, potencializando as ati-
vidades econômicas sustentáveis (madeira, lavou-
ra, pesca, entre outras) e gerando cerca de 100 mil
créditos de carbono verificáveis e de alto impacto
socioambiental.30

Em 2018, a Vale assumiu o compromisso de re-


duzir em 10% o uso específico de água nova em seus
processos produtivos até 2030 (Ano base 2017). O
resultado foi alcançado e superado em 2021. Confor-
me diretriz da Política de Água e Recursos Hídricos
da Vale, quando a meta é alcançada ou o prazo pro-
posto é expirado, esta deve ser atualizada. Os no-
vos compromissos estão alinhados aos objetivos da
Agenda 2030 da ONU e serão publicados no Relatório
Integrado em abril de 2023. Além da meta quantita-

52
tiva, serão incluídas ações alinhadas aos 4 pilares de
atuação na gestão responsável de recursos hídricos
da Vale - Governança, Monitoramento e controle, en-
gajamento com as comunidades e gestão de riscos
hídricos.
A Vale31, em seu relatório integrado de sustentabili-
dade de 2020, assevera que publica sua política de água
e seus processos de gestão de riscos e de prevenção de
impactos para toda a cadeia produtiva, contribuindo
para a preservação quantitativa e qualitativa da água
na escala da bacia hidrográfica. A seguir estão exibidos
alguns números alinhados com as diretrizes desta polí-
tica:
1. Redução de 20% do uso específico de água nova em
seus processos produtivos (Ano base 2017 - Apura-
ção 2021);
2. Conservação de 1 milhão de hectares de áreas prote-
gidas. Dessas, apenas 4,2% são próprias; a diferença
são áreas protegidas em parceria com os proprietá-
rios;
3. Meta de recuperar 100 mil hectares de áreas degrada-
das até 2030;
4. Meta de proteger 400 mil hectares e recuperar 100
mil hectares de florestas até 2030.

53
FIGURA 11 – Áreas de recuperação e proteção da Vale30

Belterra
Bioenergia
Caaporã
Inocas
Regenera

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

Há exemplos da mineração em vários países que


merecem ser conhecidos. A unidade de produção Cer-
ro Verde – uma empresa do grupo Freeport-McMoRan
Inc – opera uma mina de cobre (figura 12) localizada na
região de Arequipa32, no sul do Peru, cuja precipitação
média anual é de apenas 38 mm. Este valor represen-
ta, aproximadamente, 10% do registrado na região mais

54
árida do Brasil, ou seja, o sul do Peru tem praticamente
um clima de deserto.
Além disso, a operação minerária, que está contida
na bacia hidrográfica do Rio Chili, está em uma alti-
tude média de 2.700 metros acima do nível médio do
mar, embora a distância desde a mina até o mar seja de
aproximadamente 90 km, o que traz desafios específicos
devido às alturas geométricas a serem vencidas quando
se buscam fontes alternativas de água. Assim, envolvida
nesta realidade, a escassez de água constitui um desa-
fio para a continuidade e a expansão das operações da
Cerro Verde.
Para vencê-lo, o engajamento da mineradora pas-
sou por ações na escala da bacia hidrográfica, com a
construção33 das barragens Pillones, Bamputañe e San
José de Uzaña34. As duas primeiras foram cofinancia-
das pela Cerro Verde e pela Empresa de Gereración
Eléctrica de Arequipa S.A. (EGASA), a empresa de gera-
ção de energia elétrica de Arequipa. A última foi cofi-
nanciada pela Cerro Verde e pelo Governo Regional de
Arequipa.

55
FIGURA 12 – A localização de Arequipa35

PERU
COLÔMBIA
EQUADOR

Tumbes Iquitos
M arañón Am
Sullana azo
Piura nas
Chiclayo Tarapoto BRASIL
Cajamarca
Trujillo
Pucallpa
Chimbote
Huánuco

PERU
Huancayo
Lima
Ayacucho
Chincha Alta
Ica
Juliaca

Arequipa
C Puno
O

EA
NO Cerro Verde BOLÍVIA
PA
C ÍFIC Tacna
O

CHILE
Nota: Figura redesenhada pelos autores.

A Cerro Verde também construiu36 a estação de


tratamento de água Miguel de La Cuba Ibarra, que auxi-
lia no abastecimento de água de 300 mil habitantes de
Arequipa. Por fim, a Cerro Verde construiu a Estação de
Tratamento de Efluentes (ETE) La Enlozada, que recebe
todo o efluente gerado pela cidade, que antes chegava ao
Rio Chili. A construção, operação e manutenção da es-

56
tação é de inteira responsabilidade da mineradora. A La
Enlozada, cuja capacidade de tratamento é de 1,8 m3/
segundo, teve um CAPEX de US$ 538 milhões e registra
uma despesa anual de operação de US$ 5,6 milhões.
Em contrapartida, uma parte do efluente tratado é usa-
da pela mineradora e a diferença volta ao rio para aten-
der a irrigantes que ficam a jusante. Além disso, a Cerro
Verde apoia projetos de irrigação, doando equipamentos
para os irrigantes e melhorias na estrutura.
As ações na escala da bacia hidrográfica, em parce-
rias com outros usuários, a comunidade e os governos,
permitiram à Cerro Verde obter autorização de uso da
água conforme volumes descritos na tabela 1. A água
proveniente da ETE La Enlozada representa pratica-
mente metade do volume utilizado.

TABELA 1 – Fontes de água da Cerro Verde, em Arequipa (Peru)37

Milhões de Participação
Fonte
m³/ano (%)
Água superficial 26,5 49,53
Água subterrânea 0,4 0,75
Água de chuva 0,5 0,93
Água de reúso da ETE La Enlozada 26,1 48,79
Total 53,5 100%

Saindo do sul do Peru e indo para o sul do conti-


nente africano, a cidade de Emalahleni, contida na pro-
víncia de Mpumalanga, na África do Sul, está contida na
bacia hidrográfica do Rio Olifantes. A região é marcada
pela escassez hídrica e pela presença de atividades de

57
mineração, cujos efluentes tem potencial para causar
danos aos recursos hídricos locais. Suas águas drenam
para o Oceano Índico (figura 13), pelo interior do territó-
rio de Moçambique.

FIGURA 13 – Localização da província Mpumalanga na África do Sul38


ZIMBABWE

Tropic of Capricorn BOTSWANA MOZAMBIQUE

NAMIBIA Nelspruit
MPUMALANGA
ESWATINI
Petroria

Bloemfontein

LESOTHO INDIAN
ATLANTC OCEAN
OCEAN SOUTH AFRICA

AFRICA
Cape Town

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

A Anglo American – uma das maiores empresas de


mineração do mundo –, como forma de minimizar ris-
co de contaminação das águas do Rio Olifantes e ainda
atender à demanda hídrica do município, construiu a
estação de tratamento de água Emalahleni (Emalahleni
Water Reclamation Plant)39, que, usando a tecnologia de

58
osmose reversa40, transforma a água que participou do
processo minerário em água potável para Emalahleni a
uma taxa de 16 mil m3/dia, o que representa 12% da
demanda hídrica do município.
Adicionalmente, a mineradora South32 mantém
contrato com a Anglo American para o tratamento de
seus efluentes serem realizados também na estação
Emalahleni. A venda da água ao município e o serviço
prestado à South32 gera uma receita que corresponde a
60% dos custos operacionais da estação.
A BHP Billiton (BHP) – uma empresa global do setor
de mineração – opera a mina Escondida41, que é a maior
produtora do mundo de cobre. A mina fica localizada no
deserto do Atacama (figura 14), no Chile, em uma das
áreas mais secas do mundo. A solução para a oferta de
água necessária à atividade de mineração foi complexa
e inovadora e exigiu altos investimentos.
Decidiu-se por dessalinizar a água do mar e usá-la
na operação da mineração. O empreendimento buscava
deixar de extrair água dos aquíferos da região.

59
FIGURA 14 – Localização da Mina Escondida42

BOLÍVIA
Norte
Grande/
Atacama
Desert Chuquicamata
mine

Antofagasta

Escondida
mine

CHILE
PACIFIC
OCEAN

ARGENTINA

Caimanes Los Pelambres


El Mauro dam mine

Santiago

El Teniente mine

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

A primeira fase do empreendimento, comissionada


em 2006, era capaz de produzir 525 litros/segundo de
água dessalinizada, o que exigiu uma tubulação de mais
de 180 km para atingir a mina, que fica 3.200 metros aci-
ma do nível médio do mar. A segunda fase foi comissio-
nada em 2017, tornando possível produzir 2.500 litros/

60
segundo de água dessalinizada. A terceira fase, comissio-
nada em janeiro de 2020, tornou possível produzir 3.800
litros/segundo. Assim, foi possível cessar a extração de
água do aquífero Andean para os processos produtivos,
contribuindo para a sustentabilidade desta reserva sub-
terrânea. Também foi cessada a captação no campo de
poços Monturaqui.
O investimento realizado na dessalinização foi de
US$ 3,4 bilhões. A empresa reconhece, em seu relatório,
o impacto desta opção nos custos de produção de curto
prazo, mas assevera que foi uma decisão que permitiu
a sustentabilidade da extração e trouxe ganhos para as
comunidades regionais e o ambiente local.
Outras demandas ambientais ainda persistiam.
Assim, em junho de 2021, um novo acordo43 foi reali-
zado com os representantes do Conselho de Defesa do
Estado (Consejo de Defensa del Estado), da Comunida-
de Indígena Atacameña de Peine (Comunidad Indígena
Atacameña de Peine), do Conselho de Povos Atacameños
(Consejo de Pueblos Atacameños), da BHP e do Primeiro
Tribunal Ambiental (Primer Tribunal Ambiental).
Além de garantir que os representantes farão parte
da governança das ações a serem desenvolvidas, a mi-
neradora assumiu o compromisso de deixar de utilizar
águas do altoplano, trocando-as por águas dessaliniza-
das, e, dentro de um plano de manejo ambiental, reali-
zar uma série de medidas de compensação e reparação
a respeito da fauna e flora da região Salar de Punta Ne-

61
gra. No Brasil, do mesmo modo, há variadas ações da
mineração na escala da bacia hidrográfica.
Em 2020, a Companhia Espírito-Santense de Sa-
neamento (CESAN) realizou consulta pública para uma
subconcessão destinada à construção, operação e ma-
nutenção de estação de tratamento de esgoto com a fi-
nalidade da produção de água de reúso para fins in-
dustriais. Para viabilizar as obras, o Governo do Estado
firmou acordo com a empresa ArcelorMittal Tubarão,
que receberá 540 m3/h de água de reúso para seu pro-
cesso industrial. Entre os documentos que fazem parte
do processo está uma lista com 21 parâmetros de qua-
lidade de água, com os limites máximos aceitáveis no
processo industrial.
Com a efetivação da subconcessão, os serviços re-
gionais de água usufruirão de 540 m3/h, que corres-
ponde ao volume que a indústria deixará de receber.
Destarte, ganham o meio ambiente, a indústria e a ba-
cia hidrográfica do Rio Santa Maria da Vitória, que po-
derá utilizar este mesmo volume para atender à outra
demanda ambiental ou uma demanda hídrica local da
sociedade capixaba.
No Estado do Espírito Santo, uma inovação da re-
lação da indústria com o poder público foi anunciada há
poucas semanas. O Ministério Público do Estado do Espí-
rito Santo (MPES), por meio do seu Centro de Apoio Ope-
racional da Defesa do Meio Ambiente (CAOA), a Vale e a
ArcelorMittal Tubarão assinaram, em dezembro de 2021,

62
um acordo de cooperação técnica para implementação
do primeiro projeto do Observatório Ambiental MPES44.
O observatório auxiliará o Ministério Público man-
tendo um banco de dados atualizados, promovendo es-
tudos, análises, relatórios, debates e, sobretudo, con-
solidando as informações para as promotorias públicas
atuarem com maior efetividade nos temas ambientais e
de recursos hídricos.
No Estado da Bahia, uma alocação negociada de
água foi a solução para o compartilhamento da água en-
tre uma mineradora e demais usuários. O conflito pelo
uso da água no reservatório Andorinha II, no ano de
2019, envolveu a Companhia de Ferro Ligas da Bahia
(FERBASA), uma associação de moradores, pequenos
produtores rurais e uma associação de pescadores do
município Andorinha (figura 15), localizado no Estado
da Bahia, na bacia hidrográfica do Rio Itapicuru.
Uma Ação Civil Pública45 (ACP) solicitava a sus-
pensão da outorga do direito de uso de recursos hídri-
cos concedido à FERBASA. O poder judiciário concedeu
parcialmente a tutela antecipada, determinando a redu-
ção da captação. Após novas argumentações, uma con-
ciliação foi homologada por sentença depois de a ANA
sugerir a alocação de água negociada como mecanismo
para dirimir o conflito, que se materializou por meio da
Resolução ANA No 62, de 9 de setembro de 2019, na
qual ficaram definidos os novos valores de captação de
água pela mineradora.

63
FIGURA 15 – FERBASA em Andorinha (BA)46

Juazeiro

Ipueira Mine
Senhor do Bonfim
Andorinha
Mina
Laje Nova
Campo Formoso
Mina Colteizero
Ri o o F rancisco

Conde

BAHIA

Entre Rios

Aratu Salvador
Porto
Salvador

Maracás
Planaltina

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

A busca pela proteção da água é exigência para to-


das as indústrias. Para a de tecidos, por representar 20%
do consumo de água da indústria, o tema é essencial. A
Ralph Lauren Corporation47 – uma líder global no seg-
mento de design, marketing e distribuição de produtos

64
na categoria vestuário, casa, acessórios e perfumes –
anunciou, em março de 2021, que passará a usar uma
nova tecnologia de tingimento dos tecidos de algodão que
reduzirá o consumo de água em 40% e que utilizará em
outros processos 100% do efluente oriundo do tingimen-
to. Sua water stewardship anuncia a busca por reduzir o
consumo de água em toda cadeia de produção e proteger
e conservar os recursos hídricos nas comunidades e áre-
as que funcionam suas unidades industriais. Para cada
garrafa de água vendida (figura 16) nas lojas Ralph Lau-
ren, um mínimo de US$ 2 serão destinados a um fundo
que auxilia a instalação de sistemas de oferta de água
para áreas rurais em Gana48, na África, dentro da cam-
panha Give me tap! As embalagens de papel que ornam
os produtos da Ralph Lauren são procedentes de outro
segmento: a indústria de base florestal, com forte presen-
ça no território brasileiro.

FIGURA 16 – Campanha Give me tap!49, 50

Each bottle funds


5 years of clean
water in Africa!

65
A Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) é a asso-
ciação responsável pela representação institucional
da cadeia produtiva de árvores plantadas, do campo à
indústria, junto a seus principais públicos de interes-
se. Em seu Relatório de Desempenho sobre Gestão da
Água no Setor de Árvores Cultivadas (2021)51 há diver-
sos casos narrados de atuação das empresas na escala
da bacia hidrográfica. A Celulose Nipo-Brasileira S.A.
(CENIBRA) - fábrica tem capacidade de produção anual
de 1.200.000 toneladas de celulose branqueada de fi-
bra curta de eucalipto - desenvolveu o projeto Água Viva
na bacia do Rio Doce. O projeto é baseado em quatro
pilares: engajamento social, sustentabilidade hídrica,
desenvolvimento socioeconômico e promoção da saúde
pública.
A empresa implantou
[...] em propriedade de terceiros e comunidades
rurais, mais de 100 fossas sépticas e cercou 417
nascentes, todas em áreas a montante das capta-
ções municipais. As fossas buscam reduzir a carga
orgânica de poluentes e o cercamento das nascen-
tes ajuda a reduzir a quantidade de sedimentos
carreados para o curso d’água. Outras duas ações
também foram tomadas com o intuito de garantir
água em quantidade na bacia. A subsolagem em
mais de 4.000 ha de áreas de terceiros, a fim de
aumentar a infiltração da água da chuva e possi-
bilitar a recarga do lençol freático.51

66
O setor sucroenergético necessita de água para o
crescimento do canavial e os processos industriais. Atu-
ar para além dos limites da indústria é de sua natureza,
porque há unidades industriais que são atendidas por
20 mil hectares, 30 mil hectares, até mesmo mais de 70
mil hectares de canaviais.
A Usina Coruripe52 na safra 2020/2021 produziu
22,7 milhões de sacos de açúcar, 476,6 milhões de li-
tros de etanol e 737,2 mil MWh de energia, a partir do
processamento de 14,4 milhões de toneladas. A figura
17 ilustra a localização das cinco unidades industriais
do grupo. No ano de 2020, foi alcançado o KPI de 1,40
m3 de água por tonelada de cana processada, tendo sido
utilizados, na última safra, 16,8 milhões de metros cú-
bicos de águas residuais na irrigação de 11,8 mil hec-
tares de canavial. Em relação à vinhaça, foram produ-
zidas 4,9 milhões de metros cúbicos que foram usadas
para irrigar 45 mil hectares, substituindo o uso de 12,7
mil toneladas de adubos químicos.
Como ação além do perímetro da unidade indus-
trial, o grupo Coruripe mantém mais de 18 mil hectares
preservados, sendo 6.850 hectares de Reservas Particu-
lares de Patrimônio Natural (RPPN).

67
FIGURA 17 – Unidades da Usina Coruripe52

4
6
3 7
5

AL

MG
Unidades SP
operacionais
Coruripe/AL
2 Capacidade instalada:
3.300 MMT Terminais
logísticos
Carneirinho/MG
3 Capacidade instalada: 6 Iturana/MG
2.600 MMT (em construção)
4 Limeira do Oeste/MG 8 Fernandópolis/SP
Capacidade instalada:
1.500 MMT

5 Iturama/MG Escritórios
Capacidade instalada: Corporativos
3.500 MMT
Campo Florido/MG
1 Maceió/AL
7
Capacidade instalada: São Paulo/SP
4.200 MMT 9

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

68
Como exemplo de ação direta de órgão público, a
ANA53
[...] criou o Programa Produtor de Água. O Pro-
grama usa o conceito de Pagamento por Serviços
Ambientais (PSA), que estimula os produtores a
investirem no cuidado do trato com as águas, re-
cebendo apoio técnico e financeiro para implemen-
tação de práticas conservacionistas.

A figura 18 mostra a ocorrência do programa ao


longo do território brasileiro, com forte presença nas re-
giões sudeste e centro-oeste.

FIGURA 18 – Presença do Programa Produtor de Água54

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

69
Em meados do ano 2021, a Agência Reguladora de
Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (ADA-
SA)55 publicou o Edital Chamamento Público 01/2021
para PSA a produtores rurais na bacia hidrográfica do
Rio Pipiripau (figura 19), região com preocupante degra-
dação ambiental e conflitos relevantes pelo uso da água.
Tal ação faz parte do Programa Produtor de Água.

FIGURA 19 – Localização da bacia do Rio Pipiripau56

Bacia do
Pipiripau

Maranhão

Lago Paranoá Rio Preto


Rio Descoberto

São Bartolomeu

Corumbá São
Marcos

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

Conforme o Governo do Distrito Federal57,


[...] na Resolução Nº 04, de 19 de abril de 2021, da
ADASA, até 0,2% da arrecadação tarifária da Com-
panhia de Saneamento Ambiental do Distrito Fe-

70
deral (CAESB) poderá ser utilizada em programas
e projetos que se enquadrem na Política Distrital
de Pagamentos por Serviços Ambientais, como é o
caso do Produtor de Água no Pipiripau.

As modalidades de serviços ambientais previstas no


Edital são: conservação de solo; restauração e conserva-
ção de áreas de preservação permanente (APP); e conser-
vação de remanescentes de vegetação nativa. O valor de
referência para o PSA é de R$ 127/hectare/ano. Este valor
de referência pode ser ampliado em até 3,5 vezes, a depen-
der de uma série de critérios que estão estabelecidos nas
tabelas 1, 2 e 3 do edital supracitado. O pagamento pelos
serviços ambientais pode ter duração de 5 anos, totalizan-
do 5 pagamentos anuais ao produtor rural.
Para além da reflexão se R$127/hectare/ano cus-
teará a totalidade do investimento que o produtor ru-
ral terá com a prática, a ideia contida no Edital é mui-
to poderosa. Trata-se de um incentivo à preservação
de matas, ao controle/redução de erosão, à recarga de
aquíferos, à preservação de nascentes e à melhoria de
qualidade da água. O benefício extrapola a área do pro-
dutor e alcança toda a sociedade.

71
3
O REÚSO NA MINERAÇÃO
A mineração é um setor da economia muito impor-
tante para as sociedades modernas. Seus produtos pro-
movem melhor qualidade de vida na saúde, no trans-
porte, na comunicação, no trabalho, na música e até
mesmo na alimentação. O minério está presente nos
equipamentos cirúrgicos, nos automóveis, nos celula-
res, nos computadores, nos utensílios domésticos, nos
instrumentos de música. Quando não há minério no
produto em si, é bem provável que, para sua fabricação,
em algum momento do processo, um equipamento utili-
zado o possua em sua composição.
Nos últimos anos houve um aumento da deman-
da pelos produtos de mineração58, principalmente pelos
países asiáticos, o que coloca o Brasil em evidência por
ser um dos maiores produtores de minério do mundo.
Esse incremento traz crescimento da demanda hídrica,
pois a água é indispensável à mineração. Ora, ocorre o
uso de água em várias etapas da mineração, entre ou-
tras, nas atividades de beneficiamento do minério, na
umectação de vias e no controle de poeira, e na lavagem
de máquinas, peças e veículos.

75
A água na mineração é insumo essencial para o
processo industrial e requer avaliação de sua disponi-
bilidade em quantidade e qualidade para viabilizar o
empreendimento minerário. Dessa forma, a viabilidade
técnica e econômica depende das soluções de supri-
mento.
O minério possui rigidez locacional devido a sua
natureza, e isso implica buscar as melhores alternativas
de suprimento de água e locação das estruturas: usina,
barragem, sistemas de controle, prédios administrati-
vos, oficinas, entre outras.
A água é um desafio às atividades de mineração e
por isso são necessárias estruturas hidráulicas e siste-
mas de controle de forma a evitar a alteração da qualida-
de ambiental. As interferências da água nas atividades
de mineração podem ser observadas nos trabalhos de
lavra, nos controles de cheias e na geração de efluentes.
Os estudos e planejamentos sobre a água na mineração
vão desde a fase de pesquisa até o uso futuro do empre-
endimento minerário.
Entretanto, o cenário de estresse hídrico tem se
tornado cada vez mais recorrente, em consequência do
aumento da demanda de água associado ao crescimen-
to populacional e econômico, do comprometimento da
qualidade dos mananciais de abastecimento, devido à
poluição dos corpos d’água, entre outros fatores. So-
ma-se a isso, os eventos cíclicos de baixos índices plu-
viométricos agravados pelas mudanças climáticas, de-

76
sencadeando um cenário de competição pela água de
abrangências local, regional e até mesmo mundial59, 60.
Conforme estudos da Agência Nacional de Águas
e Saneamento Básico (ANA), nas duas últimas décadas
houve aumento da ordem de 80% da retirada total de
água e até 2030 estima-se um incremento de mais 26%.
Adicionalmente, a realidade é agravada pelo aumento
da frequência observada de secas e estiagens. Entre os
anos de 2003 e 2018, devido à escassez hídrica, 51% dos
municípios brasileiros decretaram “Situação de Emer-
gência” (SE) ou Estado de Calamidade Pública” (ECP)61.
O total dos usos setoriais de água no Brasil no ano
2020 foi de 1.947,55 m³/s e a parcela do setor da minera-
ção62 corresponde a 2%. Na tabela 2 estão apresentadas
as distribuições das retiradas dos usos setoriais. Pode-se
observar que a maior parcela das retiradas é destinada à
irrigação, seguida pelo abastecimento urbano.

TABELA 2 – Retirada dos usos setoriais em 2020 (%)62

Retirada dos usos setoriais


Setor
(%)
Irrigação 50
Abastecimento urbano 25
Indústria 9
Animal 8
Termelétrica 5
Mineração 2
Abastecimento rural 2
Nota: Tabela redesenhada pelos autores.

77
Na figura 20, pode-se observar a distribuição da de-
manda de água por grupo da mineração no Brasil, com
destaque para o minério de ferro, que é responsável por
59% da demanda. Na figura 21, apresenta-se a projeção
da demanda de água na mineração para os próximos anos.

FIGURA 20 – Participação da demanda de água por grupo da mineração (%)62

4%

18%

59%
19% Carvão
Não Metálicos
Metálicos Não Ferrosos
Minério de Ferro

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

FIGURA 21 – Projeção da demanda de água na mineração (m³/s)62

56

43

29

Ano 2020 2030 2040

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

78
Outra característica do setor é a diferença entre a
velocidade do desenvolvimento de um empreendimento
minerário e a infraestrutura e o saneamento das cida-
des adjacentes. Onde a mineração está presente, há o
aumento populacional fixo e flutuante. A maioria das
cidades brasileiras não estão preparadas para este au-
mento populacional, gerando conflitos entre o setor e
a população, incluindo o de uso de água. Portanto, a
percepção da sociedade é que a presença da mineração,
principalmente nos períodos de escassez hídrica, pres-
siona os usos de água.
Dentre todos os outros setores usuários, a minera-
ção destaca-se devido a sua interação com os recursos
hídricos superficiais e subterrâneos. As interações so-
bre o primeiro ocorrem nas captações de rios e barra-
mentos, no controle de carreamento de sedimentos e no
descarte de efluentes aos corpos d’água. Para o segun-
do, são as explotações de água para o rebaixamento do
nível, propiciando a lavra do minério, e a captação por
poços tubulares para suprimento.
Os principais usos e as interferências passíveis à
outorga do direito de uso de recursos hídricos pela mi-
neração são63:
I–a derivação ou captação de água superficial ou ex-
tração de água subterrânea para consumo final ou
insumo do processo produtivo;
II – o lançamento de efluentes em corpos de água;

79
III – outros usos e interferências, tais como:
a) captação de água subterrânea com a finalidade de
rebaixamento de nível;
b) desvio, retificação e canalização de cursos de água
necessários às atividades de pesquisa e lavra;
c) barramento para decantação e contenção de finos
em corpos de água;
d) barramento para regularização de nível ou vazão;
e) sistemas de disposição de estéril e rejeitos;
f) aproveitamento de bens minerais em corpos de
água; e
g) captação de água e lançamento de efluentes relati-
vos ao transporte de produtos minerários.
As principais atividades que dependem de água na
mineração são: desmonte hidráulico, aspersão de vias
para controle de emissão de particulados, lavagem de
equipamentos, transporte de materiais, processo de flo-
tação, lavagem do minério, concentração gravítica, pro-
cessos hidrometalúrgicos e pirometalúrgicos, e prepara-
ção de reagente (figura 22).

80
FIGURA 22 – Possíveis fontes, usos e perdas de água na mineração64

DESMONTE HIDRÁULICO

ASPERSÃO DE VIAS

LAVAGEM DE EQUIPAMENTOS
FONTE LAVRA
SUBTERRÂNEA

PERDAS GERAIS

FLOTAÇÃO

LAVAGEM DE MINÉRIO

FONTE PREPARAÇÃO DE REAGENTE


SUPERFICIAL BENEFICIAMENTO

MINERODUTOS

UMIDADE DO PRODUTO
RECIRCULAÇÃO TRANSPORTE

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

Dentre as etapas do beneficiamento identificadas aci-


ma, os usos da água para a preparação de reagentes, o
processo de flotação e o transporte nos minerodutos são
aqueles que requerem um cuidado especial quanto à qua-
lidade da água. Para os demais usos existe maior flexibili-
zação da qualidade da água utilizada, e maior possibilida-
de de aplicação da água tratada dos efluentes sanitários.
Ressalta-se, porém, que a qualidade da água reque-
rida em cada uma das atividades pode variar pelo tipo de
processamento, produto ou modal de transporte no final do
processo minerário. Entretanto, as técnicas de tratamento
existentes no mercado têm capacidade de adequar a quali-

81
dade dos efluentes sanitários até mesmo para o reúso po-
tável65.
Diferentemente da irrigação agrícola e paisagística,
em que a demanda por água ocorre sazonalmente, devido
ao desenvolvimento de cada cultura, de forma geral, a in-
dústria necessita de uma taxa relativamente constante ao
longo do ano. Já na mineração, a sazonalidade climática
determina as variações dos volumes de demanda de água.
No período seco, aumentam-se os volumes de água
para as atividades de umectação de vias e aspersão dos
pátios de estocagem. Nessa atividade, para otimizar os
volumes de água necessários, comumente são aplicados
polímeros para aumentar o tempo em que as pilhas de
minério e vias de acesso permanecem úmidas.
Já no período chuvoso, observa-se a redução da de-
manda por água, pois não há necessidade de umectação
das vias de acesso e aspersão das pilhas de minério.
O reúso é uma alternativa sustentável que vem sendo
empregada para atender às demandas de água não potável,
contribuindo para o aumento da disponibilidade de recur-
sos hídricos.
Além disso, o reúso aumenta o potencial de conser-
vação, pois preserva a qualidade dos mananciais devido
à redução dos descartes de efluentes, que por muitas ve-
zes possuem elementos prejudiciais à água, fauna e flora.
Também é uma fonte alternativa mais confiável, pois é
menos sensível aos eventos de seca, já que provém dos
efluentes sanitários das cidades, setor prioritário em ca-

82
sos de escassez. Além disso, o reúso reduz a demanda de
água potável das concessionárias dos serviços de sanea-
mento, preservando os mananciais de abastecimento66. A
mineração tem desenvolvido projetos de reúso e recircu-
lação para melhorar a eficiência do uso da água em seus
processos.
Nos empreendimentos da Vale67, a taxa de reutiliza-
ção de água proveniente dos processos internos da mi-
neração foi de 81,2% no ano 2021. Esse resultado indica
que o setor busca soluções internas para a otimização dos
usos e essa taxa pode variar pelo tipo de minério, tecno-
logia de beneficiamento, condições climáticas e produto.
Para reduzir ainda mais o uso no setor da mineração, uma
opção pode ser a água de reúso da estação de tratamento
de efluentes sanitários municipais.
Um dos obstáculos para ampliar o uso de água prove-
niente das estações de tratamento de efluentes sanitários
no Brasil é a carência de legislação, normas e diretrizes.
Outro obstáculo é a carência de modelo técnico-econômi-
co-jurídico que o viabilize no setor da mineração com se-
gurança. Mas há avanços. Com o Novo Marco Legal do
Saneamento – Lei 14.026/202068 –, espera-se um cresci-
mento dos serviços de coleta e tratamento de efluentes nos
próximos anos, gerando novas oportunidades. Associada
à norma federal, alguns Estados criaram suas regras.
Em Minas Gerais, a Deliberação Normativa (DN)
nº 65 do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, pu-
blicada em 202069, regulamentou o reúso de água não

83
potável proveniente de estações de tratamento de efluen-
tes sanitários para ser utilizada nas atividades agrossil-
vipastoris e usos urbanos, para fins ambientais e indus-
triais, incluindo a mineração.
Nesse cenário, Minas Gerais pode ser protagonista
no fomento de água de reúso proveniente das estações
de efluentes sanitários para uso não potável na minera-
ção, pois já possui uma deliberação normativa e, em seu
território, há vários empreendimentos minerários próxi-
mos aos centros urbanos. Para tanto, é preciso estabe-
lecer um modelo de negócio que viabilize projetos para
fins não potáveis.
O modelo de negócio de um empreendimento de for-
necimento de água de um produtor para um usuário en-
volve temáticas multidisciplinares. A matriz de risco70 para
o reúso de água para atividades minerárias contém riscos
financeiros, econômicos, políticos, institucionais, ambien-
tais, sociais, técnicos, jurídicos, fiscais e comerciais. Ten-
do esses mapeados, é preciso estabelecer um modelo de
negócio que assegure o sucesso do empreendimento entre
as partes envolvidas – produtor, fornecedor e usuário.
O referido modelo71 deve abordar, entre outros, os
parâmetros mínimos de qualidade dos efluentes trata-
dos a serem disponibilizados para o reúso, a taxa mí-
nima de eficiência para a disponibilidade do efluente
tratado, custos e penalidades envolvidas. A busca por
fontes alternativas, no caso o reúso de água de efluentes
sanitários, pode promover uma vantagem competitiva,

84
pois cada vez mais as empresas precisam aderir às mu-
danças organizacionais e às demandas ambientais.
China e Estados Unidos72 são os maiores usuários
de água de reúso no mundo, 19,5 milhões de m³/dia (7,1
bilhões de m³/ano) e 18,0 milhões de m³/dia (6,6 bilhões
m³/ano), respectivamente. Na figura 23, pode-se observar
que a taxa no Brasil em relação ao proveniente das esta-
ções de efluentes sanitários ainda é muito baixa, 1,5%.
Segundo a ANA62, o reúso de efluentes sanitários tratados
no Brasil é da ordem de 1,6 m³/s (50,5 milhões m³/ano).

FIGURA 23 – Reúso de água no mundo72


Europa:
Estados Unidos: 2,4% do esgoto tratado.
10% do esgoto (1 bilhão de m³/ano)
tratado. Israel:
90% do esgoto tratado.
Representa 40% da demanda
de água na irrigação.

China:
1% da água consumida.
20% do esgoto tratado
Portugal: em áreas urbanas.
1,2% do Singapura:
esgoto 40% do esgoto tratado com
tratado. previsão de 55% para 2060 e
exportação para a Malásia.

Austrália:
15% do esgoto tratado.
Brasil:
O foco atualmente é
1,5% do esgoto
Chipre e Malta: reúso potável.
tratado. Namíbia:
~100% do
Reúso potável direto desde 1968.
esgoto tratado.
Abastece 400 mil habitantes.
Mapa
sempre em
construção...

• China é o maior usuário de água recuperada do • O Estado da Califórnia nos EUA foi a primeira região do
mundo (7,1 bilhões de m³/ano em 2017). mundo a regulamentar a prática de reúso da água, 1918.
• EUA é o segundo maior usuário de água recuperada • Países do Mediterrâneo, como Chipre e Malta, já
do mundo (6,63 bilhões de m³/ano em 2018). recuperam quase 100% do esgoto tratado.
• Namíbia foi o primeiro país do mundo a praticar • Somente 3 países do mundo praticam o reúso potável
regularmente o reúso potável direto (desde 1968). direto: EUA, África do Sul e Namíbia.

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

85
Fatores impulsionadores
ou impeditivos do reúso de água
Fatores políticos, econômicos, sociais, técnicos e
ambientais podem impulsionar ou impedir o aumento
das práticas de reúso. Quanto aos políticos, nos Esta-
dos Unidos a importância da conservação da água em
termos de diretrizes federais foi anunciada pelo presi-
dente Jimmy Carter. O anúncio foi por meio da política
de iniciativas de água, em junho de 1978, em mensa-
gem durante a reforma do congresso73. Nessa política fo-
ram estabelecidos quatro objetivos: projetos economica
e ambientalmente seguros, evitando desperdícios; con-
servação da água; cooperação federal-estadual para me-
lhoria do planejamento estadual dos recursos hídricos;
e, por último, o foco na qualidade ambiental.
Na China74, o governo já impõe limites da demanda
de água para as novas centrais elétricas, considerando
suas tecnologias e limitações de produção.
Referente aos fatores sociais75, observe o quão é im-
portante investir na comunicação e informação com o
público em geral para obter sucesso nos programas de
reutilização, pois o conhecimento dessa questão fomen-
tará percepções positivas.
Já os fatores técnicos ratificam que tecnicamente
a reutilização de água não potável é viável e os maio-
res obstáculos estão na gestão. Mancuso76 reforça que
é inconcebível descartar os esgotos tratados, principal-

86
mente aqueles que se beneficiam por tecnologias avan-
çadas sem aventar a possibilidade de destiná-los para o
reúso77.
A escolha do tipo de tratamento dos efluentes78
para as práticas de reúso depende de fatores socioeco-
nômicos, tipo de aplicação, localização, terreno, dispo-
nibilidade dos recursos hídricos, cultura e crenças reli-
giosas. Quanto aos fatores ambientais, o reúso de água
não é exclusivo das regiões áridas e semiáridas, pois são
observadas restrições de consumo e conflitos em outras
regiões com recursos hídricos abundantes, mas insufi-
cientes para as demandas, o que afeta o desenvolvimen-
to econômico e a qualidade de vida.
Por fim, a respeito dos fatores econômicos, eles
apontam a limitação dos estudos relacionados aos ce-
nários de custos e economia79. Os investimentos para
promover a reutilização são elevados quando compa-
rados aos para captação de água doce. Para viabilizar
o reúso é importante considerar a economia de longo
prazo80.
Os conceitos sobre reúso são extensos e, por ve-
zes, não há um consenso entre os pesquisadores, por
exemplo, da denominação do reúso de água de chuva
ou aproveitamento de água de chuva. Apresenta-se a
seguir alguns conceitos do reúso de água para fins in-
dustriais que serão úteis adiante:
• Estação de Tratamento Avançado81 ou Estação
Produtora de Água para Reúso (EPAR): uma Esta-

87
ção de Tratamento Avançado produz efluente tratado
com qualidade superior ao tratamento em nível se-
cundário. Caso a água tratada seja destinada ao re-
úso, a estação passa a ser considerada uma EPAR.
Ressalta-se ainda que seu nível de tratamento é de-
finido a partir da qualidade de água almejada para o
uso pré-determinado, sendo inseridas as tecnologias
no seu fluxograma para se atingir a eficiência neces-
sária;
• Água para Reúso (ApR): água produzida por uma
EPAR81 com o objetivo de reinserção nos ciclos urba-
no ou rural da água. Sua qualidade deve ser compa-
tível com o uso e oferecer os menores riscos possíveis
à saúde humana e ao meio ambiente. No contexto in-
ternacional, os termos mais utilizados são “água re-
ciclada” (recycled water) e “água recuperada” (reclai-
med water). Não se consideram adequados os termos
“reúso de efluente” ou “reúso de efluente tratado”;
• Estação de Tratamento de Esgoto81 (ETE): é uma
instalação com um conjunto de diferentes operações
e processos unitários para remoção de poluentes es-
pecíficos presentes no esgoto. O nível de tratamento é
condizente com o tipo de tecnologia adotada e a qua-
lidade do efluente desejada. O tratamento em nível
secundário reduz as concentrações de sólidos sus-
pensos e dissolvidos, além de matéria orgânica. No
entanto, não remove de maneira eficiente nutrientes

88
e microrganismos patogênicos. A remoção de ambos
está condicionada à modalidade avançada;
• Fontes Alternativas de Água para Aproveitamen-
to82 ou Reúso: consideram-se fontes alternativas de
água aquelas que não estão sob concessão de órgãos
públicos, ou que não sofrem cobrança pelo uso, ou,
ainda, que fornecem água com composição diferente
da água potável fornecida pelas concessionárias;
• Reúso indireto: ocorre quando a água já usada, uma
ou mais vezes para uso doméstico ou industrial, é
descarregada nas águas superficiais ou subterrâneas
e utilizada novamente a jusante, de forma diluída76;
• Reúso indireto não planejado da água: é quando
o esgoto, após ser tratado ou não, é lançado em um
corpo hídrico (lago, reservatório ou aquífero subter-
râneo) onde ocorre sua diluição e, após um tempo de
detenção, este mesmo corpo hídrico é utilizado como
manancial, sendo efetuada a captação, seguida de
tratamento adequado e posterior distribuição83;
• Reúso indireto planejado da água: ocorre quando o
efluente tratado é descarregado de forma planejada
nos corpos de água superficiais ou subterrâneos para
serem utilizadas a jusante, de maneira controlada, no
atendimento a algum benefício83;
• Reúso direto planejado das águas: ocorre quando
os efluentes, depois de tratados, são encaminhados

89
diretamente de seu ponto de descarga até o local do
reúso, não sendo descarregados no meio ambiente83;
• Reúso macroexterno: reúso de esgoto sanitário ou
industrial tratado, proveniente de estações de trata-
mento administradas por concessionárias ou outra
indústria82;
• Reúso macrointerno: uso interno de efluentes, tra-
tados ou não, provenientes de atividades realizadas
na própria indústria;
• Reúso não potável para fins industriais: abrange os
usos industriais de refrigeração e águas de processo
para utilização em caldeiras etc76.
O reúso macrointerno na mineração ocorre pela re-
circulação da água ou do efluente líquido proveniente
de um processo, tratado ou não, que é reutilizado no
mesmo ou pelo reúso em processo diferente do gerador.
Para melhor entendimento desse conceito, apresentam-
-se de forma esquemática processos sem e com reutili-
zação de água, distinguindo os conceitos do reúso e da
recirculação (figura 24).

90
FIGURA 24 – Desenho esquemático de suprimento de água sem e com reúso65

a. sem reúso ou recirculação

Processo 1
Mananciais Superficiais Descartes de
ou Subterrâneos Efluentes
Processo 2

b. com reúso
Descartes de
Processo 1
Efluentes
reúso

Mananciais Superficiais
Processo 2
ou Subterrâneos

c. com recirculação
recirculação

Processo 1
Mananciais Superficiais
ou Subterrâneos
Descartes de
Processo 2
Efluentes

d. com reúso e recirculação


recirculação

Descartes de
Processo 1
Efluentes
reúso
Mananciais Superficiais
Processo 2
ou Subterrâneos

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

Além da recirculação dos processos internos de


uma planta de beneficiamento do minério (torre de res-
friamento, espessador, selagem de bombas etc.), a prin-
cipal estrutura que promove o reúso de água numa mi-
neração de ferro, considerando a rota de beneficiamento

91
com uso de água, é a barragem de rejeitos. Essa recebe
os rejeitos da usina de beneficiamento, que, por meio
de sedimentação, parte da água fica aprisionada nos in-
terstícios do rejeito, parte é liberada e recuperada por
meio de sistema de bombeamento como água de reúso
para a usina de beneficiamento, e parte se perde por
evaporação, infiltração e percolação.
Em exemplo distinto ao apresentado para o setor
da mineração, foi identificada uma aplicação de água
para reúso numa usina de energia na Austrália. A usina
de carvão Eraring Power Station84 utiliza água de reúso
proveniente da estação de tratamento de efluentes sani-
tários de Dora Creek. Esse empreendimento está locali-
zado na cidade do Lago Macquarie em New South Wales.
O propósito inicial da estação de tratamento de
efluentes sanitários Dora Creek foi tratar o esgoto de
uma população de aproximadamente 24 mil habitantes.
Após auditoria na Eraring Power Station foi identifica-
da a oportunidade de transferir o efluente tratado na
ETE Dora Ckeek, que era descartado no Oceano Pacífi-
co, para o empreendimento. Com essa transferência, se
promoveria a redução de 53% do uso de água doce, que
equivale a 4,2 milhões de litros/dia.
Assim, foram executadas as obras do emissário
para conduzir a água para a usina de carvão e suprir
as demandas das caldeiras de alta pressão. Para tanto,
antes de ser reutilizada, a água passa por processo de
filtragem e purificação combinada com microfiltragem e

92
osmose reversa. O modelo dessa iniciativa85 inclui um
contrato entre a Eraring Power Station como usuária e
a Hunter Water Corporation como fornecedora de água
tratada. O contrato estabelece como meta uma entrega
de 5,2 milhões de litros/dia.
Em 2017, um trabalho desenvolvido pelo Ministé-
rio das Cidades e Instituto Interamericano de Coopera-
ção para a Agricultura inventariou, de forma preliminar,
20 projetos de água de reúso proveniente de efluentes
sanitários, mas nenhum referente à mineração. O pri-
meiro iniciou suas operações no ano de 1998, denomi-
nado Projeto de Reúso da ETE Jesus Netto, localizado
em São Paulo. O objetivo foi o reúso não potável para
fins urbanos de algumas indústrias abastecidas pela
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo (SABESP), prefeituras e serviços internos da pró-
pria SABESP86.
Como projeto de grande porte em operação foi iden-
tificado o Aquapolo, situado no bairro de Heliópolis, em
São Paulo, que, a partir do esgoto tratado na ETE ABC
e associado a um tratamento complementar, tem capa-
cidade de produção de 1.000 L/s de água para reúso no
Polo Petroquímico de Capuava e indústrias da região do
ABC Paulista, totalizando 14 plantas industriais. Esse
empreendimento foi fruto de uma Parceria Público-pri-
vada (PPP) e sua operação iniciou em 2012. O contrato
do Aquapolo tem duração de 41 anos, no formato de
locação de ativos86.

93
Por meio de biorreatores de membrana (membra-
ne bio reactor - MBR) e osmose reversa, tratamento de
nível terciário, o Aquapolo produz água que atende aos
parâmetros de qualidade, principalmente, das deman-
das das torres de resfriamento do Polo Petroquímico de
Capuava.
O maior cliente entre as empresas usuárias é a
Braskem, a qual tem obrigação de comprar no mínimo
381 L/s (40% da capacidade de produção do Aquapolo).
A Sociedade de Propósito Específico (SPE) tem obrigação
de fornecer até 650 L/s de água.
No Aquapolo os preços são fixos, podendo reduzir-
-se à medida que o volume demandado alcance o máxi-
mo contratual. Com isso as receitas são estáveis e pre-
visíveis desde que a SPE cumpra com seus requisitos de
quantidade e qualidade. Quanto ao risco de a SPE não
cumprir com o fornecimento em quantidade, a probabi-
lidade é muito baixa, pois são coletados volumes entre
1.400 L/s e 1.500 L/s, mais que o dobro do máximo de
contrato (650 L/s).
Entretanto, é preciso assegurar a operação dos sis-
temas de bombeamento e condução da água de reúso ao
cliente final. Para o requisito qualidade, foram definidos
limites máximos de entrada e saída no Aquapolo, apre-
sentados no quadro 1.

94
QUADRO 1 – P
 arâmetros de qualidade exigidos pelo polo petroquímico -
água de reúso86

Contratos Clientes
Efluente Valores
Efluente
Parâmetros secundário médios
EPAI
da ETE de água
Aquapolo
ABC para reúso
(Saída)
(Entrada) Aquapolo
Alumínio (mg/L) 0.2 0.2 0.03
Cobre (mg/L) 0.1 0.1 0.008
Ferro (mg/L) 1.5 0.3 0.14
Manganês (mg/L) 0.2 0.2 0.02
DBO (mg/L) 30 10 <3
DQO (mg/L) 100 20 10.3
Nitrogênio amoniacal
20 1 < 0.11
(mg/L)
Fósforo (mg/L) 5 0.5 0.2
Sólidos em suspensão
40 <5 <5
(mg/L)
Fenóis (mg/L) 0.13 0.13 0.002
Surfactantes (mg/L) 5.1 1 0.22
Óleos e graxas (mg/L) 10 <5 <5
Dureza (mg/L) 100 100 76.5
Sílica (mg/L) 20 20 5.2
Sulfetos (mg/L) 0.9 0.1 < 0.05
Turbidez (NTU) 15 1 0.16
Condutividade (us/cm) 650 600 600
pH 05/set 6.5 - 7.5 6.66
Dióxido de cloro
– > 0.2 0.5
residual (mg/L)

Ainda sobre os padrões de qualidade, o Aquapo-


lo tem que garantir que a soma das concentrações dos
parâmetros alumínio, cobre e manganês não excedam o
valor de 0,4 mg/L.

95
Para atender o parâmetro de condutividade igual
a 600 μS/cm (micro-Siemens por centímetro) exigi-
do no contrato, parte do efluente que sai no reator de
MBR passa pela planta de osmose reversa para redução
da quantidade de sais e, posteriormente, se junta ao
efluente do reator de MBR a fim de diluir a concentração
de sais e obter a requerida qualidade da água para o uso
pretendido.
Para verificar se os padrões de qualidade estão
sendo cumpridos, é monitorado de forma contínua ou
amostral, a depender do parâmetro, e, por meio dos re-
sultados analíticos, faz-se a caracterização.
As penalidades contratuais são86:
• Redução da tarifa paga pelos efluentes, caso a SA-
BESP os entregue após tratamento ao Aquapolo abai-
xo da qualidade definida em contrato;
• Em caso de inadimplência pela Braskem num período
superior a 30 dias, o Aquapolo pode suspender o for-
necimento de água para reúso.
Não há no Brasil instrumento legal mandatório, à
exceção da Resolução 54 do Conselho Nacional de Re-
cursos Hídricos (CNRH), que especifique as diferentes
modalidades e seus respectivos padrões de qualidade de
água de reúso87. Mas o reúso já é uma realidade no país,
nos estados e municípios, e seus respectivos órgãos e
conselhos já apresentam diversas legislações, delibera-
ções, entre outros sobre o tema.

96
Os principais documentos referentes à água para
reúso não potável estão apresentados no Quadro 2 em
ordem cronológica. O Brasil está seguindo o mesmo for-
mato de evolução da regulação que ocorreu no mundo.
Primeiro são estabelecidas as regulações e posterior-
mente são lançados os guias para orientar as práticas
de reúso de forma segura.

QUADRO 2 – Documentos sobre o reúso de água no Brasil

Ano Descrição
Norma NBR 13.969/1997
Estabelece procedimentos técnicos para o projeto, a
construção e a operação de unidades de tratamento
complementar e disposição final dos efluentes líquidos
1997 de tanque séptico dentro do sistema de tanque séptico
para o tratamento local de esgotos. Inclui o reúso de água
como uma alternativa para redução dos volumes a serem
descartados no meio ambiente.
Âmbito: federal
Resolução 54/2005
Estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para
2005 a prática de reúso direto não potável de água e dá outras
providências.
Âmbito: federal
Decreto 47.731/2006
Regulamenta o Programa Municipal de Conservação e
2006 Uso Racional da Água e Reúso em Edificações, instituído
pela Lei 14.018, de 28 de junho de 2005.
Âmbito: município de São Paulo (SP)
Lei Federal 11.445/2007
Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento bá-
sico; cria o Comitê Interministerial de Saneamento Bá-
sico; altera as Leis 6.766, de 19 de dezembro de 1979,
2007
8.666, de 21 de junho de 1993, e 8.987, de 13 de feverei-
ro de 1995; e revoga a Lei 6.528, de 11 de maio de 1978.
(Redação pela Lei 14.026, de 2020).
Âmbito: federal

97
Ano Descrição
Lei 14.934/2009
Autoriza o Poder Executivo a celebrar contratos, convê-
nios ou quaisquer outros tipos de ajustes necessários,
inclusive convênio de cooperação e contrato de progra-
ma, com o Estado de São Paulo, a Agência Reguladora
2009
de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo e a
SABESP, para as finalidades e nas condições que especi-
fica; cria o Fundo Municipal de Saneamento Ambiental e
Infraestrutura; e dá outras providências.
Âmbito: município de São Paulo (SP)
Resolução 121/2010
Estabelece diretrizes e critérios para a prática de reú-
so direto não potável de água na modalidade agrícola e
2010
florestal, definida na Resolução CNRH no 54, de 28 de
novembro de 2005.
Âmbito: federal
Deliberação 156/2013
Revogada pela Deliberação CRH n0 204/2017.
Estabelece diretrizes para o reúso direto de água não po-
2013 tável, proveniente de ETEs de sistemas públicos para fins
urbanos e dá outras providências no âmbito do Sistema
Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Âmbito: federal
Resolução Conjunta SVDS/SMS 09/2014
Estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para
o reúso direto não potável de água, proveniente de ETEs
2014
de sistemas públicos para fins de usos múltiplos no mu-
nicípio de Campinas.
Âmbito: município de Campinas (SP)
Lei 16.174/2015
Estabelece regramento e medidas para fomento ao reúso
de água para aplicações não potáveis, oriundas do poli-
mento do efluente final do tratamento de esgoto, da recu-
2015 peração de água de chuva, da drenagem de recintos sub-
terrâneos e do rebaixamento de lençol freático, e revoga
a Lei Municipal 13.309/2002 no âmbito do Município de
São Paulo e dá outras providências.
Âmbito: município de São Paulo (SP)

98
Ano Descrição
Lei 16.172/2015
Proíbe a lavagem de calçadas com água tratada ou potá-
2015 vel e fornecida por meio da rede da SABESP que abastece
o Município de São Paulo, e dá outras providências.
Âmbito: município de São Paulo (SP)
Lei 16.033/2016
Dispõe sobre a Política de Reúso de Água Não Potável no
2016
âmbito do Estado do Ceará.
Âmbito: Estado do Ceará
Lei 16.103/2016
Cria a tarifa de contingência pelo uso dos recursos hídri-
2016
cos em período de situação crítica de escassez hídrica.
Âmbito: Estado do Ceará
Projeto de Lei 58/2016
Tramitação encerrada, arquivado.
Disciplina o abastecimento de água por fontes alterna-
tivas e altera as Leis 11.445, de 5 de janeiro de 2007,
que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento
básico; 10.257, de 10 de julho de 2001, que regulamenta
2016 os arts. 182 e 183 da Constituição Federal e estabelece
diretrizes gerais da política urbana; 9.605, de 12 de feve-
reiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e ad-
ministrativas derivadas de condutas e atividades lesivas
ao meio ambiente; e 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que
institui a Política Nacional de Recursos Hídricos.
Âmbito: federal
Lei 10.487/2016
Dispõe sobre a prática do reúso de efluentes das ETEs
2016
para fins industriais.
Âmbito: Estado do Espírito Santo
Lei 7.424/2016
Fica obrigada a utilização de água de reúso pelos órgãos
integrantes da administração pública estadual direta,
das autarquias, das fundações instituídas ou mantidas
2016 pelo poder público, das empresas em cujo capital o Esta-
do do Rio de Janeiro tenha participação, bem como pelas
demais entidades por ele controladas direta ou indireta-
mente.
Âmbito: Estado do Rio de Janeiro

99
Ano Descrição
Lei 6.616/2016
Institui, no município de Caxias do Sul, o programa mu-
2016
nicipal de conservação, reúso e uso racional da água.
Âmbito: município de Caxias do Sul (RS)
Resolução COEMA 2 DE 02/02/2017
Dispõe sobre padrões e condições para lançamento de
efluentes líquidos gerados por fontes poluidoras, revoga
2017 as Portarias SEMACE 154, de 22 de julho de 2002, e 111,
de 5 de abril de 2011, e altera a Portaria SEMACE 151, de
25 de novembro de 2002.
Âmbito: Estado do Ceará
Resolução Conjunta SES/SMA/SSRH 1/2017
Disciplina o reúso direto não potável de água para fins
2017 urbanos proveniente de estações de tratamento de esgoto
sanitário e dá providências correlatas.
Âmbito: Estado de São Paulo
Instrução Técnica DPO (DAEE) 13/2017
Regulamenta a Deliberação 156, de 11/12/2013, do
Conselho Estadual de Recursos Hídricos e indica as exi-
gências do Departamento de Águas e Energia Elétrica,
para obtenção da Declaração sobre Viabilidade de Im-
2017
plantação de empreendimentos e da outorga de direito de
uso de recursos hídricos pelo produtor de água de reúso
direto, não potável, proveniente de Estações de Trata-
mento de Esgoto Sanitário de Sistemas Públicos.
Âmbito: Estado de São Paulo
Projeto de Lei 8.277/2017
Em tramitação.
Dispõe sobre o reúso de água para fins não potáveis em
2017
novas edificações públicas federais e privadas residen-
ciais, comerciais e industriais, e dá outras providências.
Âmbito: federal
Lei 7.599/2017
Dispõe sobre a obrigatoriedade de indústrias situadas no
2017 Estado do Rio de Janeiro instalarem equipamentos de
tratamento e reutilização de água.
Âmbito: Estado do Rio de Janeiro

100
Ano Descrição
Confederação Nacional da Indústria (CNI); Federação
2017 das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP)
Publicação: o uso racional da água no setor industrial.
Confederação Nacional da Indústria (CNI)
Publicação: Reúso de efluentes: metodologia para análise
2017
do potencial do uso de efluentes tratados para abasteci-
mento industrial.
Projeto de Lei 10.108-A/2018
Em tramitação.
Altera as leis 11.445, de 5 de janeiro de 2007 (Lei do Sa-
neamento Básico), 10.257, de 10 de julho de 2001 (Esta-
tuto da Cidade), e 9.433, de 8 de janeiro de 1997 (Lei das
2018 Águas), para instituir normas sobre o abastecimento de
água por fontes alternativas, tendo parecer da Comissão
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável pela
aprovação deste.
(relator: DEP. SARNEY FILHO).
Âmbito: federal
Programa de Desenvolvimento do Setor Água - Inte-
ráguas
Elaboração de proposta do plano de ações para instituir
2018
uma Política de Reúso de Efluente Sanitário Tratado no
Brasil.
Âmbito: federal
Norma NBR 16.783/2019
Uso de fontes alternativas de água não potável em edifi-
2019
cações.
Âmbito: federal
Confederação Nacional da Indústria (CNI)
Publicação: Reúso de efluentes para abastecimento in-
2019
dustrial: avaliação da oferta e da demanda no Estado da
Paraíba.
Projeto de Lei 2451/2020
Em tramitação.
Dispõe sobre o reúso de água para fins não potáveis em
2020
novas edificações públicas federais e privadas residen-
ciais, comerciais e industriais, e dá outras providências.
Âmbito: federal

101
Ano Descrição
Lei 14.026/2020
Atualiza o Marco Legal do Saneamento Básico e altera a
Lei 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à ANA
2020
competência para editar normas de referência sobre o
serviço de saneamento.
Âmbito: federal
DN CERH-MG 65/2020
Estabelece diretrizes, modalidades e procedimentos para
2020 o reúso direto de água não potável proveniente de ETEs
de sistemas públicos e privados e dá outras providências.
Âmbito: Estado de Minas Gerais
Lei 17.383/2021
Dispõe sobre a criação de unidades regionais de sane-
amento básico, com fundamento nos artigos 2º, inciso
2021
XIV, e 3º, inciso VI, alínea “b”, da Lei Federal 11.445, de
5 de janeiro de 2007, e dá providências correlatas.
Âmbito: Estado de São Paulo
Secretaria do Estado do Ambiente e Sustentabilidade
Publicação: Panorama geral das oportunidades de reúso
2022 para fins industriais no Estado do Rio de Janeiro a partir
dos efluentes de estações de tratamento de esgotos.
Âmbito: Estado do Rio de Janeiro
Proposta Resolução S/N/2022
Estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para
2022
a prática de reúso direto não potável de água e dá outras
providências.

Dos documentos apresentados no quadro 2, cabe


destacar de forma cronológica aqueles vigentes e que
podem contribuir para a evolução da água para reúso
não potável proveniente de estações de tratamento de
efluentes sanitários. São eles:
1. A NBR 13.96988 foi a primeira norma que considerou
o reúso de água não potável proveniente de efluentes
sanitários vindos de tanques sépticos como solução

102
para otimizar os usos decorrentes do aumento da de-
manda pelo crescimento demográfico. Foram defini-
das quatro classes e respectivos padrões de qualidade
da água para reúso não potável, bem como orientação
sobre o nível de tratamento necessário;
2. Diversas leis estaduais e municipais sobre água para
reúso foram publicadas, incluindo de caráter restriti-
vo. O município de São Paulo (Lei nº 16.172/2015)89
proibiu o uso de água tratada ou potável fornecida
pela SABESP para lavagem de calçadas. O Ceará, pela
Lei nº 16.103/2016)90, instituiu a tarifa de contingên-
cia pelo uso dos recursos hídricos em períodos de es-
cassez hídrica. O Rio de Janeiro (Lei nº 7.599/2017)91
determina que as indústrias são obrigadas a instala-
rem sistemas de tratamento e reutilização de água.
Quanto à definição de parâmetros de qualidade
para o reúso não potável, em 2017 ainda foram publica-
das duas resoluções:
1. Resolução Conjunta SES/SMA/SSRH 1/2017, que
disciplina o reúso direto não potável de água para fins
urbanos proveniente de Estações de Tratamento de
Esgoto Sanitário e dá providências correlatas92;
2. Resolução COEMA 2 de 02/02/2017, que dispõe so-
bre padrões e condições para lançamento de efluen-
tes líquidos gerados por fontes poluidoras93.

103
Ainda em 2017 são publicados dois documentos
específicos para o reúso de água na indústria:
1. “O uso racional de água no setor industrial”, elabora-
do pela FIESP e pela CNI. Esse documento aborda um
conjunto de informações direcionando o uso eficiente
e as boas práticas da água de reúso nas indústrias94;
2. “Reúso de efluentes: metodologia para análise do po-
tencial do uso de efluentes tratados para abasteci-
mento industrial”95, elaborado pela CNI. Esse docu-
mento apresenta uma metodologia para análise do
potencial da água de reúso de efluentes sanitários.
O objetivo é indicar o reúso de efluentes sanitários
como fonte alternativa e solução de suprimento para
as demandas de água do setor industrial, principal-
mente em zonas de estresse hídrico.
O Programa de Desenvolvimento do Setor Água (In-
teráguas) nasceu em 2012 por meio de um acordo entre
o governo brasileiro e o Banco Mundial. O objetivo prin-
cipal foi propor planos de ações para a instituição da
água de reúso de estações de tratamento de efluentes
sanitários. Seu legado foi a elaboração de documentos
que trataram das experiências nacional e internacio-
nal do reúso, da definição de padrões de qualidade e da
avaliação do potencial do reúso no Brasil. Também são
apresentados possíveis modelos de financiamento e, por
fim, o plano de ação para criação de uma política da
água para reúso proveniente de estações de tratamento

104
de efluentes sanitários no Brasil. O Interáguas produziu
seis documentos, sendo o primeiro publicado em 2016
e o último em 2018.
Em 2019, foi publicada a NBR 16.78396, que orien-
ta sobre caracterização, dimensionamento, uso, opera-
ção e manutenção de sistemas de fontes alternativas de
água não potável em edificações. Também foram defini-
dos o rol de parâmetros e os respectivos limites a serem
atendidos para aplicações de usos não potáveis.
Em 2020, foi atualizada a lei federal do marco legal
do saneamento - Lei 14.02668. Nela foi determinada que
a água para reúso de estações de tratamento de efluen-
tes sanitários seja incorporada ao esgotamento sanitá-
rio. Nas metas foi incluído o reúso na expansão dos ser-
viços de saneamento, bem como na geração de receitas
entre contratante e contratado.
Ainda em 2020 foi publicada a Deliberação Nor-
mativa (DN) nº 65 do Conselho Estadual de Recursos
Hídricos de Minas Gerais, que estabelece diretrizes, mo-
dalidades e procedimentos para o reúso direto de água
não potável proveniente de ETE69. Como pontos positi-
vos, a DN 65 instrui o processo de cadastro e autoriza-
ção do reúso no Estado de Minas Gerais, determina os
padrões de qualidade mínimos a serem obedecidos, e dá
autonomia e responsabilidade à indústria para definir o
padrão de qualidade da água para reúso a ser utilizada
nos seus processos internos, desde que atenda às nor-
mas de segurança do trabalho. Ela representa um avan-

105
ço da legislação de reúso de água proveniente da ETE e
um incentivo do governo do Estado para que a prática
de reúso torne-se realidade em Minas Gerais.
Em Minas Gerais97, há um potencial instalado para
produzir água de reúso a partir de estações de efluen-
tes sanitários numa vazão da ordem de 13 m3/s, com
um cenário promissor para o futuro, podendo alcançar
uma produção na ordem de 12% da demanda do Es-
tado. Para tanto, é preciso que as metas estabelecidas
no novo marco legal do saneamento (Lei 14.026/2020)68
sejam cumpridas. Porém, recomenda-se que, para via-
bilizar empreendimentos produtores de água de reúso,
melhorias nas estações de tratamento de efluentes sa-
nitários sejam implementadas para a remoção de pató-
genos.
Diante desse contexto, verifica-se que algumas eta-
pas sobre as práticas de água para reúso não potável
proveniente de estações de tratamento de efluentes sa-
nitários foram cumpridas. Entretanto, é fundamental
avançar nas políticas públicas para institucionalizá-las
e fomentá-las. É responsabilidade do poder público ser
protagonista junto ao setor industrial e demonstrar que
tais ações são seguras e confiáveis mesmo em eventos
de crise hídrica, permitindo a manutenção da atividade
produtiva e até mesmo sua ampliação91.
A mineração apresenta muitos destes usos como des-
monte hidráulico, aspersão de vias para controle de emis-
são de particulados, lavagem de equipamentos e transpor-

106
te de materiais e lavagem do minério, podendo, portanto,
fazer uso dos padrões de qualidade já estabelecidos.
Definidas as atividades, o próximo passo é verificar
quais são os padrões de qualidade da água para reúso não
potável. Por meio de pesquisa foram compilados valores
para atividades industriais com base em referências na-
cionais e internacionais.
A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Uni-
dos (US EPA)98 recomenda cuidados e proteção à saú-
de pública para as atividades supridas com água para
reúso não potável, pois, como não necessita alcançar
padrões de qualidade para o uso potável, oferece riscos
aos usuários. Outros cuidados que devem ser atendidos
são a limitação da exposição por contato, inalação ou
ingestão, e o emprego de profissionais com treinamento
e equipamentos de proteção individual adequados.
Além dos cuidados com a saúde, os requisitos de
qualidade de água devem ser condizentes com a reque-
rida ao uso pretendido de forma a não prejudicar a per-
formance produtiva como também não danificar ou re-
duzir a vida útil dos equipamentos.
Diante desse contexto, apresentam-se a seguir al-
guns parâmetros que precisam de atenção afim de evi-
tar rejeição e problemas associados:
• Alumínio: aumento da turbidez ou descoloração da
água;
• Coliformes termotolerantes: risco à saúde;

107
• Cor: rejeição ou “yuck factor”, que pode ser traduzido
para “fator eca”, que é a repugnância ou a não aceita-
ção de produtos produzidos com água de reúso;
• PH, condutividade, alcalinidade, cálcio, sólidos
suspensos, turbidez, Demanda Química de Oxigê-
nio (DQO) e cloretos: incrustação, corrosão, deposi-
ção e contaminação microbiológica;
• Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO): efeitos es-
teticamente desagradáveis, como mau cheiro e cor,
além de servirem de alimento para os microrganismos;
• Ferro, sílica, dureza: mancha em equipamentos,
obstrução, incrustações, corrosão metálica e lama or-
gânica ou slime;
• Nitrogênio amoniacal, nitrito, nitrato e fósforo:
ocorrência de crescimento biológico, que pode ocasio-
nar depósitos de biofilmes indesejáveis e, com isso,
interferir na transferência de calor e causar a corro-
são induzida microbiologicamente. O biofilme pode
também obstruir os bicos de distribuição de água/
sprays. Presença de amônia ocasiona corrosão de li-
gas baseadas em cobre.
Na análise para definição dos padrões de qualidade
da água para reúso nas atividades industriais, verificou-
-se que não há uma homogeneidade quanto a quais ativi-
dades são consideradas de uso industrial. Com isso, não
é possível estabelecer critérios que atendam aos diversos

108
tipos de indústria e às diversas etapas do processo pro-
dutivo. Cada indústria possui características peculiares
que variam com o tipo e a etapa do processo produtivo,
e que, ainda, para um mesmo tipo, variam de indústria
para indústria. Logo, determinar os limites dos parâme-
tros quali-quantitativos requeridos da água para reúso é
uma tarefa complexa e onerosa, e particular a cada in-
dústria.
Por outro lado, foi possível identificar usos co-
muns às indústrias com parâmetros de reúso já esta-
belecidos, como as águas de utilidades. Estas podem
ser definidas como aquelas utilizadas em atividades
auxiliares aos processos industriais, sem serem par-
te ou entrarem em contato direto com os produtos fi-
nais produzidos95. Um exemplo é a água utilizada como
fluido de resfriamento e para sistemas de geração de
vapor, consideradas atividades comuns à maioria das
indústrias, além de serem as maiores consumidoras
de água cujas características de qualidade independem
do tipo de indústria95.

Modelo de negócio da água para reúso


De forma geral, a água só passa a ter valor na sua
ausência, pois isso representa o custo de não ter esse
recurso. Nas regiões onde é escassa ou há pressão da
demanda pelo crescimento populacional e desenvolvi-

109
mento econômico, são observadas técnicas de otimiza-
ção e reúso mais avançadas.
Em contraponto, principalmente pela cultura na
maior parte do Brasil de que a água é abundante e cabe
à natureza fornecê-la para os diversos usos, resulta-se
no entendimento de que água não tem custo ou valor.
Assim fica o dilema, qual valor deve ser pago para o uso
da água?
Se essas questões ainda não estão bem resolvidas,
fica mais difícil impor valores à água para reúso. Pri-
meiro é preciso que o usuário entenda que água para
reúso é recurso e, dependendo do seu tratamento, sua
qualidade pode ser superior às captadas nos manan-
ciais.
No quadro 3 são indicados oito fatores inovadores
para o modelo de negócio da água para reúso, a saber77:

QUADRO 3 – Fatores inovadores para o modelo de negócio do reúso de água

Fatores Justificativa
Órgão gestor responsável por
Criar estrutura de agência de
determinar diretrizes, normas e
reúso
regulamentos.
Estabelecer processos de plane- Identificar para qual setor na
jamento de reúso não potável, área de abrangência faz sentido
incluindo avaliações de mercado a aplicação do reúso.
Definir requisitos legais e res-
ponsabilidades associadas aos Dar segurança às partes envol-
direitos da água para reúso e vidas.
seus serviços

110
Fatores Justificativa
Não se limitar aos custos e be-
nefícios com a implantação da
estação de tratamento e a oferta
Analisar custos e benefícios de
de água de forma contínua. Por
forma ampla
exemplo, incluir na avaliação os
benefícios de segurança hídrica
para o processo produtivo.
Buscar estratégias em que o
Verificar a viabilidade financei-
preço seja um atrativo e não
ra e as estratégias de preços
uma restrição.
Cumprir as exigências e diretri- Dar segurança às partes envol-
zes regulamentares vidas.
Fomentar programas de educa- Eliminar a rejeição da prática
ção ambiental e participação da de reúso da água proveniente
sociedade de estações de esgoto.
Fomentar programas de acre-
Promover estratégias de marke-
ditação para obtenção do reco-
ting para o crescimento da água
nhecimento de práticas susten-
para reúso
táveis.

Desses oito fatores indicados por Mantovani77, per-


cebe-se que anos se passaram e ainda não estão conso-
lidados no Brasil, o que dificulta avançar com as práti-
cas de reúso.
Num mundo cada vez mais competitivo, em que as
diretrizes são para uma produção de excelente qualidade
e no menor custo possível, tem sido um desafio a inclusão
do custo de sustentabilidade. Assim, equilibrar competivi-
dade e sustentabilidade não tem sido tarefa fácil, ficando o
grande desafio de ampliar o reúso de água proveniente das
estações de tratamento de efluentes sanitários.
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvol-
vimento Sustentável (CEBDS)81 afirma que não há um

111
modelo de negócio para reúso de água proveniente de es-
tações de tratamento de esgoto para a indústria. Indica
também a necessidade de definir a governança para que
essa prática seja segura para as partes interessadas –
produtor, distribuidor, usuário e órgãos competentes. É
fundamental compreender as expectativas de todos para
estabelecer um modelo de negócio.

Estudo de caso
O município de Itabira está localizado no Estado de
Minas Gerais99 e possui uma população total de 121.717
habitantes, área de 1.253,704 km² e densidade popula-
cional de 87,57 hab/km².
Cabe destacar que, por meio da legislação vigente,
Itabira100 possui política e plano de saneamento básico,
sendo a primeira criada em 2016. O Serviço Autônomo
de Água e Esgoto (SAAE Itabira) é a autarquia responsá-
vel pelo sistema de abastecimento de água e pelo esgota-
mento sanitário do município e seus distritos. O índice
de esgotamento sanitário é de 92%99.
O Córrego Água Santa, afluente do Rio do Peixe na
bacia do Rio Santo Antônio, atravessa a cidade de Ita-
bira (figura 25). Por sua vez, o município está inserido
nas bacias hidrográficas dos rios Santo Antônio e Pira-
cicaba, ambas tributárias da Bacia Hidrográfica do Rio
Doce.

112
FIGURA 25 – Localização da cidade de Itabira e das barragens do estudo101

Barragem Santana

Barragem
Conceição Barragem Pontal

Barragem Rio do Peixe

Barragem Itabiuçu

A fim de superar alguns conflitos pela água entre a


Vale e a cidade de Itabira102, foi assinado um termo de
compromisso entre o Ministério Público de Minas Gerais
e a Vale, por meio do qual a empresa se compromete a
construir uma nova captação de água no Rio Tanque
para tratamento e abastecimento público em Itabira
(MG). Essa obra será paga pela Vale103 num valor de R$
160 milhões.
A Companhia Vale do Rio Doce S.A, hoje Vale S.A.,
foi fundada pelo Governo Federal em 1942. Sob a for-
ma de sociedade de economia mista, tinha o objetivo de

113
explorar, comercializar, transportar e exportar minérios
de ferro do Complexo de Itabira, em Minas Gerais, até o
porto de Vitória, localizado no Estado do Espírito Santo,
por meio da Estrada de Ferro Vitória a Minas. As minas
de ferro de Itabira fazem parte do Quadrilátero Ferrífero
e estão localizadas cerca de 100 km de Belo Horizonte.
Suas operações iniciaram em 1957.
A área total do empreendimento em Itabira é de
9.135 hectares, contém três minas, três plantas de be-
neficiamento, pilhas de estéril, barragens de contenção
de sedimentos e de rejeitos, prédio administrativo, entre
outras instalações.
Somente duas das três minas do Complexo de Ita-
bira estão em operação, a do Meio e a Conceição. A Cauê
não possui mais atividade de lavra e atualmente opera
como um reservatório de armazenamento e distribuição
de água para as atividades industriais.
Os principais usos de água no Complexo de Ita-
bira são: beneficiamento do minério, aspersão de vias,
umectação dos pátios de estocagem de minério, ofici-
nas, setores administrativos, e rebaixamento do lençol
freático para as atividades de lavra do minério.
Além desses usos, a Vale tem como condicionan-
te legal disponibilizar 160 L/s para o SAAE de Itabira,
a fim de complementar a demanda de água da cidade.
Para atendimento desses usos são captados volumes de
águas superficiais e subterrâneas, considerando o limite
máximo outorgado de 1.102 L/s, sendo 441 L/s referen-

114
te às captações superficiais, 614 L/s para rebaixamento
do nível de água subterrânea e 47 L/s de captação de
água subterrânea para abastecimento conforme porta-
rias de outorgas deferidas pelo IGAM104. Cabe destacar
que parte da outorga de rebaixamento é restituída aos
cursos de água do entorno das atividades de lavra.
De forma a otimizar as captações dos mananciais
superficiais e subterrâneos, a unidade possui sistemas
de reúso macrointerno, que são constituídos por bar-
ragens de rejeitos e sistemas internos das plantas de
beneficiamento (espessadores e reservatórios).
Os volumes totais captados em 2021 pelo Complexo
de Itabira para suprimento dos usos industriais, comple-
mento do suprimento de água da cidade de Itabira e volu-
mes disponibilizados ao meio ambiente foi de 2.202 L/s.
A demanda total para suprir os usos de água das
atividades do Complexo de Itabira e a soma das parcelas
das captações nos mananciais e sistemas de reutilização
foram de 1.820 L/s diários em 2021, sendo 173,5 L/s
captados dos mananciais superficiais; 45,1 L/s dos ma-
nanciais subterrâneos e 1.601 L/s na barragem de rejei-
tos (sistema de reutilização).
A maior parcela captada na barragem de rejeitos
é água recuperada da polpa de rejeitos, provenientes
dos descartes da usina de beneficiamento, um total de
1.820 L/s. A taxa de reutilização em 2021 foi de 88%.
Do total captado em mananciais superficiais e subter-
râneos (218,6 L/s), 212 L/s são direcionados para o su-

115
primento das atividades industriais e 6,6 L/s são para
usos potáveis (consumo humano e higienização). Assim,
considerando os resultados do balanço hídrico da Vale,
em 2021, observa-se que há uma oportunidade de subs-
tituir parte das captações dos mananciais superficiais e
subterrâneos (um total de 212 L/s) por água para reúso
proveniente da ETE Laboreaux.
Além dos usos para as atividades do Complexo de
Itabira, a Vale possui um compromisso com a cidade de
Itabira de complementar o abastecimento de água do
município. Em 2021, foram direcionados para o SAAE a
vazão média diária de 148,8 L/s.
Por fim foram retornados ao meio ambiente 14,6
L/s referentes ao excedente dos volumes explotados do
rebaixamento do nível do lençol de água. Essa ativida-
de é necessária para drenar a água a fim de liberar as
frentes de lavra de minério das minas Conceição e do
Meio.
O macrofluxograma simplificado com os volumes
médios diários captados em 2021 para suprir as deman-
das de água do Complexo de Itabira, do SAAE e da de-
volução ao meio ambiente pode ser visualizado na figura
26. Ressalta-se que o objetivo deste fluxograma é quan-
tificar as demandas de todas as atividades do Complexo
de Itabira. Não foi objeto detalhar as perdas nos fluxos
apresentados.

116
FIGURA 26 – Fluxograma de captações, manejo e saídas do Complexo de
Itabira67

ENTRADAS (L/s) Manejo (L/s) SAÍDAS (L/s)


1.601

173,5 212

Água superficial 38,5 212


Descartes
Complexo Itabira e perdas
88%
45,1

6,6 5,3

Estação de Tratamento de Água Meio ambiente

Outras águas gerenciadas

208,5 148,8 148,8

14,6 14,6
Água subterrânea
Meio ambiente

LEGENDA
Captações, manejo e saídas exclusivos para o Completo Itabira Água nova - outras águas gerenciadas
Água nova para usos operacionais Descartes e perdas

Água nova para uso humano Água para reúso

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

Na figura 26, pode-se observar que as iniciativas de


reúso macrointerno das atividades no Complexo de Ita-
bira estão em plena aplicação. Entretanto, há uma preo-
cupação quanto ao aumento das regulações e restrições
de segurança às barragens de rejeitos - principal estru-
tura que promove o reúso. Isso pode acarretar a redução
das vazões atuais de reúso e, consequentemente, o au-
mento das vazões captadas nos mananciais superficiais
e/ou subterrâneos para suprimento das demandas; ou,
num pior cenário, ausência de disponibilidade hídrica e
restrições à produção.

117
A Vale105 tem como compromisso:
• Implantar o monitoramento integrado, quantitativo e
qualitativo dos recursos hídricos, tendo como referên-
cia de gestão a bacia hidrográfica;
• Manter os balanços hídricos atualizados;
• Reduzir o uso da água e a geração de efluentes nas uni-
dades operacionais por meio do processo de redução,
recirculação ou reúso, principalmente em regiões de
estresse hídrico, observando que a prioridade de uso é
para o consumo humano e a dessedentação de animais;
• Reduzir e/ou eliminar as perdas (evaporação, água
retida nos rejeitos, vazamentos, entre outras); e
• Mapear e gerir os riscos e impactos relacionados aos
recursos hídricos, tendo como referência de gestão a
bacia hidrográfica e as áreas marinhas onde a Vale
opera.
Esses compromissos são desdobrados em metas
para as unidades operacionais da Vale S.A. Dessa for-
ma, buscar fontes alternativas para atendimento das
demandas de água para o Complexo de Itabira está em
linha com o compromisso da empresa de reduzir o con-
sumo de água como medida de segurança do processo
produtivo, além de ser um legado ambiental e social
que coopera com o Objetivo de Desenvolvimento Sus-
tentável (ODS) 6. A busca por fontes alternativas de
abastecimento apresenta-se como solução sustentável
para minimizar os conflitos pelo uso da água. Como

118
oportunidade, a ETE Laboreaux pode ser uma das al-
ternativas ao fornecimento de água de reúso ao Com-
plexo de Itabira.
Localizada no município de Itabira, Minas Gerais, a
ETE Laboreaux é operada pelo SAAE de Itabira. O princi-
pal objetivo dela é a remoção de sólidos em suspensão e
estabilização da matéria orgânica dos esgotos sanitários.
A ETE é composta por um sistema de tratamento em nível
secundário com capacidade de 170 L/s, podendo atender
até 60.000 habitantes106. Entretanto, segundo Matoso106,
a ETE ainda não alcançou a capacidade máxima de tra-
tamento e os volumes médios variaram de 70 L/s a 110
L/s no ano 2019. Ainda referente à capacidade de tra-
tamento, conforme o Sistema Nacional de Informações
sobre Saneamento (SNIS)107, foram coletados 163 L/s e
tratados 73 L/s pelo SAAE de Itabira no ano 2020.
O processo da ETE Laboreaux inicia com o trata-
mento preliminar por gradeamento de sólidos grossei-
ros, seguido pelos finos. Por meio de bombeamento da
elevatória 01, o efluente é encaminhado para o desare-
nador para retirar a areia. Após a retirada dos sólidos,
o líquido continua o percurso e passa por uma calha
parshall onde são registrados os volumes que serão tra-
tados. Novamente o líquido é bombeado pela elevatória
02 para o tratamento biológico anaeróbio - reator UASB
(Upflow Anaerobic Sludge Blanket) e filtro percolador.
Por último, é encaminhado para os decantadores e o
efluente tratado é descartado no Ribeirão do Peixe108.

119
O monitoramento dos efluentes bruto e tratado tem
frequência semanal e os parâmetros são: demanda bio-
química de oxigênio (DBO), demanda química de oxi-
gênio (DQO), coliformes termotolerantes (ou Escherichia
coli), pH, sólidos sedimentáveis (SS), sólidos suspensos
totais (SST), óleos vegetais e gorduras animais e con-
dutividade elétrica109. Os resultados, valores médios do
ano 2017, para o rol de parâmetros do monitoramento
de qualidade do efluente final da ETE Laboreaux estão
apresentados no quadro 4.

QUADRO 4 – Média dos resultados do efluente tratado (ano 2017)109

Parâmetros Unidade Resultado Metodologia


DBO mg/L 35,5 SMEWW 5210 B
DQO mg/L 69,0 SMEWW 5220 D
pH 7,7 SMEWW 4500 H+B
SS mL/l 0,4 SMEWW 2540 F
SST mg/L 52,4 SMEWW 2540 D
Óleos vegetais e
mg/L < 10,0 SMEWW 5520 F
gorduras animais
Coliformes NMP/100
1,3 x 106 SMEWW 9221 E
termotolerantes mL

Estudo de concepção do sistema de reúso


O estudo de concepção do sistema de reúso tem
como objetivo principal substituir parte dos volumes
captados dos mananciais superficiais e subterrâneos
para suprimento das atividades do Complexo de Itabira
pela água para reúso proveniente da estação de trata-
mento de efluentes sanitários ETE Laboreaux.

120
Nos itens anteriores foram apresentados os volumes
médios diários de água demandados pelas atividades do
Complexo de Itabira para usos não potáveis (212 L/s,
ano 2021). Já a vazão média diária dos efluentes tratados
da ETE Laboreaux esteve entre 70 L/s e 110 L/s.
Dessa forma, a demanda de água para usos não
potáveis das atividades do Complexo de Itabira supera
a oferta da ETE Laboreaux. Isso é positivo para o SAAE,
pois terá garantia de receita perene, pois a demanda do
Complexo de Itabira pela água de reúso é superior à ca-
pacidade de sua produção.
O Sistema de Barragens Pontal foi concebido para
o aporte dos rejeitos da planta de beneficiamento do mi-
nério da Usina Cauê e recuperação de água ao proces-
so. Esse foi constituído com um barramento principal e
diques internos, propiciando uma forma otimizada no
manejo de água e rejeitos dos reservatórios.
No presente estudo, os barramentos de interesse
são os diques Principal e 6:
• Dique Principal: barragem de rejeitos. Atualmente
não recebe mais os rejeitos da Usina de Cauê, devido
a sua capacidade ter esgotado;
• Dique 6: barragem de armazenamento de água. Nes-
sa não há disposição de rejeitos.
A Mina Cauê está exaurida e sem atividades de lavra.
Atualmente recebe os rejeitos da Usina de Cauê e aportes
de água do sistema de barragens Pontal e dos poços tu-

121
bulares. Nessa há sistema de bombeamento para direcio-
nar a água ao reservatório de concreto Cauê e desse para
suprir as demandas da Usina Cauê, planta de beneficia-
mento de minério. A Mina Cauê também pode direcionar
a água para a Barragem Conceição e, dessa, para a Usina
de Conceição, ambas por meio de bombeamento.
Conforme estimativas preliminares, para o desenvol-
vimento do projeto de adução e sistema de bombeamento
da água de reúso da ETE Laboreaux para o Complexo
de Itabira, a extensão da adutora é da ordem de 4km e
o desnível entre os pontos mais baixo (ETE) e mais alto
de chegada da água para reúso no Complexo de Itabira é
da ordem de 200 m (figura 27). Da ETE ao Complexo de
Itabira, o traçado da adutora passará por acessos, vales
e divisores de bacia.

FIGURA 27 – M
 acrofluxograma do uso da água da Usina Cauê do
Complexo de Itabira110

Dique 6 Barragem do Pontal Cava Cauê Barragem Usina


(dique principal) Conceição Conceição

Canal da usina
Poços

Usina Cauê

Nota: Figura elaborada pelos autores.

122
A partir do ponto de chegada da água para reúso
no Complexo de Itabira e considerando o arranjo atu-
al (figura 28), foram definidas três alternativas, consi-
derando a localização das estruturas existentes e seus
componentes (adutora, sistema de bombeamento, vál-
vulas, entre outros) e o padrão de qualidade da água
exigido para cada destino. As alternativas de reúso es-
tão apresentadas na figura 28.
A Alternativa 01 é composta pelas seguintes estru-
turas: ETE Laboreaux, Dique 6, Mina Cauê, Reserva-
tório Cauê e Usina Cauê, sistemas de bombeamento e
adutoras existentes e novos. Nessa alternativa, consi-
derou-se que a água de reúso da ETE será direcionada
até o reservatório do Dique 6. Desse ponto, por meio de
novo sistema de bombeamento e nova adutora, conecta-
-se a adutora existente do Dique Principal à Mina Cauê.
Dela, para os usos, será utilizado o sistema de bombea-
mento e adução existentes.
Os padrões de qualidade exigidos para essa solu-
ção são aqueles aplicados a ambiente lêntico e Classe 2
por se tratar de um reservatório de água superficial111. O
único parâmetro de qualidade de água do ambiente lên-
tico que difere dos outros é o fósforo total com limite de
até 0,030 mg/L. Essa alternativa é interessante pois há
possibilidade de utilizar o reservatório do Dique 6 como
regularização das vazões para o processo.
A Alternativa 02 é composta pelas seguintes estru-
turas: ETE Laboreaux, Mina Cauê, Reservatório Cauê,

123
Usina Cauê, sistemas de bombeamento, adutoras exis-
tentes e nova conexão entre a adutora da água para re-
úso da ETE com a existente do Dique Principal à Mina
Cauê. Nessa alternativa, a água de reúso da ETE é di-
recionada para a adutora existente do Dique Principal
e Mina Cauê. Nesse ponto, é necessária uma nova co-
nexão para as duas adutoras. A jusante desse ponto,
a água segue o fluxo até a Mina Cauê. Da Mina Cauê
para os usos, mantém-se a solução adotada para a Al-
ternativa 01. Referente aos parâmetros de qualidade,
são exigidos que sejam no mínimo iguais à da água do
reservatório da Mina Cauê.
A Alternativa 03 é composta pelas seguintes es-
truturas: ETE Laboreaux, sistema de adução do Dique
Principal, Reservatório Cauê e Usina Cauê, nova cone-
xão e nova adutora. Nessa alternativa, a água de reúso
da ETE é direcionada para a adutora existente do sis-
tema Dique Principal e, por meio de nova conexão, as
adutoras se conectam. Após o ponto de conexão entre
elas, o fluxo segue até o ponto mais próximo do reserva-
tório de concreto Cauê. Ao se aproximar dele, é preciso
nova conexão para direcionar o fluxo por meio de uma
nova adutora ao reservatório de concreto Cauê. A partir
desse reservatório, a água será distribuída para os res-
pectivos usos das atividades industriais na Usina Cauê.
Dessa forma, o padrão de qualidade da água de reúso
exigido são aqueles de usos industriais não potáveis.

124
Os trabalhos adicionais a respeito das oportunida-
des de reúso no Complexo de Itabira estão em desen-
volvimento, sendo objeto da dissertação de mestrado do
autor David Veiga Soares, junto ao Programa de Mestra-
do Profissional em Engenharia Hídrica, da Universidade
Federal de Itajubá, sob orientação da professora Márcia
Viana Lisboa Martins e coorientação do professor Val-
mir Pedrosa. A defesa da dissertação ocorrerá no mês
de março de 2023.

125
FIGURA 28 – Alternativas de água para reúso110

A. Alternativa 01

Dique 6 Dique principal Cava Cauê Barragem Usina


reservatório 1 reservatório 3 Conceição Conceição

Desinfecção

Poços Canal da usina


reservatório 4

LEGENDA
Componentes existentes
ETE Laboreaux
Usina Cauê Componentes novos

B. Alternativa 02

Dique 6 Dique principal Cava Cauê Barragem Usina


reservatório 1 Conceição Conceição

Desinfecção
Canal da usina
reservatório 2
Poços

LEGENDA
Componentes existentes
ETE Laboreaux
Usina Cauê Componentes novos

C. Alternativa 03

Dique 6 Dique principal Mina Cauê Barragem Usina


Conceição Conceição

Desinfecção
Canal da usina
reservatório 1

LEGENDA
Poços
ETE Laboreaux Componentes existentes

Usina Cauê Componentes novos

Nota: Figura redesenhada pelos autores.

126
4
CONCLUSÃO
Considerando que o escopo planejado para este
livro foi alcançado, cabe agora umas poucas palavras
finais. Como o leitor percebeu, os autores, ao invés de
manter o foco nas desavenças envolvendo a água, de-
cidiram ir por outro caminho, por um viés propositivo
e expositivo de conceitos e boas práticas. Neste livro, o
foco foram as ações que aconteceram na escala da bacia
hidrográfica, mostrando que há um campo amplo e pro-
fícuo de ação para além do perímetro industrial.
O desejo foi servir ao leitor – pondo-o como um ob-
servador de soluções de conflitos pela água ao redor do
mundo –, dando-lhe exemplos contemporâneos exitosos
do setor industrial que contaram, sobretudo, com a par-
ticipação da sociedade civil, dos governos e dos demais
usuários de água.
Defendemos que as soluções de conflitos pela água
sejam flexíveis, que possam ser corrigidas, refeitas,
quando passarem do abstrato para o concreto e enfren-
tem a experiência diária dos governos, dos usuários da
água e da sociedade civil organizada.
Desejamos que o leitor, que empregou seu tempo e
atenção neste livro, sinta-se recompensado.

129
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Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/
brasil/mineracao-cidade-onde-vale-nasceu-vive-
-cercada-por-33-vezes-o-volume-de-rejeitos-de-bar-
ragem-que-se-rompeu-em-brumadinho,1732c-
4d38486c24d71f1852e12c04093mqvfh6ux.html.
Acesso em: 28 jul. 2022.

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NOTÍCIAS DE MINERAÇÃO BRASIL. Vale terá que
investir R$ 160 milhões em captação de água
em Itabira. 2022. Disponível em: https://www.no-
ticiasdemineracao.com/empresas/news/1394066/
vale-ter%C3%A1-que-investir-rusd-160-milh%-
C3%B5es-em-capta%C3%A7%C3%A3o-de-%C3%A-
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INSTITUTO MINEIRO DE GESTÃO DAS ÁGUAS.
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mg.gov.br/licenciamento/site/lista-outorgas. Acesso
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VALE. Política de água e recursos hídricos (POL-
-0032-G). 2020. Disponível em: http://www.vale.
com/brasil/PT/investors/corporate-governance/
policies/Documents/POL-0032-G_%C3%81gua%20
e%20recursos%20h%C3%ADdricos_P.pdf. Acesso em:
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MATOSO, S. E. A. Avaliação do desempenho dos
reatores anaeróbios de fluxo ascendente (UASB)
tratando esgoto doméstico e lodo de retorno dos

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decantadores secundários: estudo de caso da esta-
ção de tratamento de esgoto de Itabira/MG: ETE
Laboreaux. 2020. Trabalho de conclusão de curso
- Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas
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SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE
SANEAMENTO (Brasil). Diagnóstico dos serviços
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formações agregadas. 2020. Disponível em: http://
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SERVIÇO AUTÔNOMO DE ÁGUA E ESGOTO DE
ITABIRA. Tratamento de esgoto. Disponível em: ht-
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DIVINO, M. G. Avaliação do efluente tratado da
ETE Laboreaux para reúso não potável. 2018. Tra-
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MINAS GERAIS. Deliberação Normativa Conjunta
COPAM/CERH-MG nº 1, de 05 de Maio de 2008.
2008. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e

152
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem
como estabelece as condições e padrões de lançamen-
to de efluentes, e dá outras providências. Disponível
em: http://pnqa.ana.gov.br/Publicacao/Delibera%-
C3%A7%C3%A3o%20Normativa%20Conjunta%20
COPAM%20CERH%20N.%C2%BA%201,%20de%20
05%20de%20Maio%20de%202008.pdf. Acesso em: 2
jul. 2022.

153
Há farta literatura a respeito de
ações para o uso eficiente da água
dentro das unidades industriais.
Muitas empresas de consultoria, ser-
viços, equipamentos e insumos com-
petem neste ramo. Todavia, um novo
conjunto de ações na escala da bacia
hidrográfica está ocorrendo em várias
partes do mundo. Trata-se de buscar
soluções para além do perímetro in-
dustrial. Não há muita literatura téc-
nica em português a respeito. Ajudar
a suprir esta lacuna foi a motivação
para escrever este livro, que traz con-
ceitos contemporâneos e fartos exem-
plos exitosos para diversos segmen-
tos industriais. O livro busca ser uma
fonte de inspiração para todos que
trabalham diariamente para ampliar
a segurança hídrica das operações in-
dustriais, operando na escala da ba-
cia hidrográfica.

PATROCÍNIO PARCEIRA

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