Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
unidade industrial
VALMIR PEDROSA
do perímetro da
Agindo além
A INDÚSTRIA E A ÁGUA: Agindo além do perímetro da unidade industrial
DAVID VEIGA SOARES • MÁRCIA VIANA LISBOA MARTINS • VALMIR PEDROSA
DAVID VEIGA SOARES
MÁRCIA VIANA LISBOA MARTINS
VALMIR PEDROSA
A INDÚSTRIA E A ÁGUA
Agindo além
do perímetro da
unidade industrial
Belo Horizonte
2023
CAPA: Rio Passirio, afluente da margem esquerda do Rio Adige.
Foto tirada na cidade de Merano, na Região Trentino-Alto Adige
(província de Bolzano). Foto de Maria Gravina Ogata.
NORMALIZAÇÃO: Zapter; Organização Documental
REVISÃO ORTOGRÁFICA E GRAMATICAL: Tríade Comunicação
PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO: Bios
IMPRESSÃO: GSA Gráfica e Editora
TIRAGEM: 600 exemplares
ISBN: 978-65-00-63577-5
CDU: 556.18
CDD: 553.7
“Quarenta e oito horas depois que a estiagem atingiu
o ponto culminante, a cidade ficou completamente
paralisada”.
11
NOTA DOS AUTORES
13
SUMÁRIO
Prefácio..................................................... 17
2 Do conceito à prática................................ 41
3 O reúso na mineração............................... 73
4 Conclusão............................................... 127
Referências............................................. 131
PREFÁCIO
17
Como demonstração de nossa atuação, entre outros
exemplos, estamos empenhados na conservação de 1 mi-
lhão de hectares de áreas protegidas, na proteção de 400
mil hectares, na recuperação de 100 mil hectares de flo-
restas até 2030, e na redução de 20% do uso específico
de água nova em nossos processos produtivos.
O genuíno interesse neste tema motivou-nos a
apoiar a publicação deste livro, no qual os autores nos
apresentam uma coletânea riquíssima de exemplos
exitosos de cooperação das indústrias com os demais
usuários e comunidades que dividem a mesma bacia
hidrográfica. Os casos vêm de várias partes do mundo,
de distintos tipos de indústrias. Para nossa satisfação,
depreendemos da leitura que o denominador comum
deles busca pelo engajamento no uso justo, eficiente e
inteligente dos recursos hídricos.
Alinhados com o que há de novo, os autores ana-
lisam os desafios e as oportunidades da ampliação do
reúso das águas na mineração – um tema que promete
ocupar a agenda do setor nos próximos anos. Fruto da
leitura, o leitor terá a oportunidade de conhecer um es-
tudo com as diretrizes e as avaliações iniciais para utili-
zação do efluente de uma estação de tratamento de esgo-
to doméstico em uma das unidades da Vale. A premissa
deste estudo foi criar benefícios ambientais para a socie-
dade e ampliar a segurança hídrica de nossas operações
em sinergia com o serviço de saneamento local.
18
Ainda em sintonia com o tema do livro, a equipe
da Vale realizou em fevereiro de 2023 o Fórum de Ba-
lanço Hídrico, quando foi discutida nossa Política de
Água e Recursos Hídricos, contemplando nossas metas
para a redução de consumo de água nova até 2030. O
conteúdo que os autores nos apresentam mostra-nos
que estamos no caminho certo, guiados pelos melhores
conceitos e pelas melhores práticas na conservação, na
preservação e no uso eficiente das águas.
Estamos muitos satisfeitos em apoiar esta obra se-
minal e desejamos uma leitura prazerosa e útil ao leitor.
Bruno Ferraz
Gerente Executivo de Gestão Ambiental, Vale S/A
Guilherme Alves
Gerente de Meio Ambiente, Vale S/A
19
1
ATUAÇÃO ALÉM
DO PERÍMETRO INDUSTRIAL
A água é essencial aos processos industriais. No
livro “Estratégia hídrica e o valor do negócio” (Water
Stewardship and Business Value)1, há a evolução das
ideias do setor empresarial com a água. A evolução des-
tas ideias fica bem representada por meio da analogia
com uma escada (figura 1), onde a altura de cada de-
grau simboliza a amplitude do horizonte de atuação e a
subida das exigências.
O degrau 1 caracteriza a fase do despertar da
consciência pelo uso racional da água e dos proble-
mas associados, ainda que pouca ou nenhuma ação
concreta estivesse em curso. O degrau 2 simboliza o
momento em que ações internas nas unidades produ-
tivas se iniciaram na busca pelo uso eficiente da água,
tendo, em geral, como KPI (key performane indicator) o
uso específico (m³/tonelada), medido pela razão entre
o volume de água utilizado (m³) e a produção (unida-
de, tonelada, litro, etc.).
23
FIGURA 1 – Evolução dos conceitos
4 - Aliança e governança
3 - Bacia hidrográfica
2 - Eficiência
1 - Consciência
24
O degrau 4 trata das relações entre a indústria, a
sociedade civil, os usuários de água e os governos no
desenho de novas formas de parcerias, acordos e nor-
mas. À guisa de exemplo, tem-se a Resolução ANA No
2.081/2017 que, construída com participação dos envol-
vidos na bacia hidrográfica do Rio São Francisco, repre-
senta uma norma que materializa um acordo obtido com
uma participação de usuários de água, governos e socie-
dade civil. O tema é tratado adiante.
No degrau 5, a indústria associa as ações de pre-
servação hídrica à sua marca, em sua estratégia de posi-
cionamento no mercado, busca, assim, captar a atenção
do seu consumidor, ou iniciar ou ampliar ou consolidar
sua participação no mercado de bens ou serviços, no
qual esses compromissos ambientais são exigidos ou
valorizados.
Inclusive, é possível, que reconheça suas ações em
todos os degraus. A imagem da escada serve, também,
ao propósito de organizar o pensamento ao longo da li-
nha do tempo. Todavia, não se trata de uma imagem
estática, ao contrário, adapta-se, transmuda-se, reno-
va-se com novos conceitos, experiências e mudanças.
As mudanças, em especial as tecnológicas, trou-
xeram novos horizontes para o uso eficiente da água:
sensores que medem vazões, temperatura e pressão;
emprego de técnicas de inteligência artificial para oti-
mizar processos; uso de drones para capturar imagens
em tempo real em regiões de difícil acesso; modelagem
25
matemática para previsão de eventos hidrológicos extre-
mos; uso de membranas para o tratamento de efluen-
tes; ampliação do reúso, da dessalinização de água do
mar, entre outras.
As ações descritas acima estão alinhadas com os
objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) da Or-
ganização das Nações Unidas (ONU), contidos na Agenda
2030, com ênfase, nos ODS: (6) nos serviços de água e
saneamento; (9) indústria, inovação e infraestrutura; (11)
cidades e comunidades sustentáveis; (12) consumo e pro-
dução responsáveis; (14) vida na água; (15) vida terrestre;
(17) parcerias e meios de implementação (figura 2).
26
publicou, em 2021, o relatório “A evolução do ESG no
Brasil”4, afirma que a sigla ESG (Environmental, Social
and Governance) “[...] faz alusão ao estímulo dado a
empresas para assumirem medidas que gerem impac-
tos sociais, ambientais e de governança cada vez mais
positivos” (figura 3).
27
adaptações às mudanças climáticas. Segundo o Clima-
te Bonds Initiative5, em 2021, havia um saldo de mais
de US$ 1,5 trilhão em títulos verdes.
As atuações contidas na figura 1 estão preconiza-
das por cinco importantes organizações que auxiliam
as indústrias neste processo de integração com a so-
ciedade civil, os demais usuários de água e os governos
na escala da bacia hidrográfica.
O Disclosure Insight Action (CDP)6 - uma organi-
zação sem fins lucrativos - apoia empresas e cidades
com estratégias e conceitos para medir e gerenciar ris-
cos e oportunidades nos temas mudanças climáticas,
segurança hídrica e florestas. Seu relatório “O papel das
empresas na construção da segurança hídrica global”
(A Wave of Change - The role of companies in building a
water-secure world) preconiza para suas associadas os
seguintes conceitos:
1. Adotar metas para redução do consumo hídrico, am-
pliação do reúso e redução de lançamento de efluen-
tes ao longo da cadeia de suprimentos;
2. Alinhar a estratégia do negócio para alcançar estas
metas;
3. Ampliar a transparência das metas junto aos stake-
holders;
4. Formular planos e fazer constar em seus relatórios
de sustentabilidade os KPIs que indicam os avanços;
28
5. Construir governança que direcione esforços para o
alcance destas metas;
6. Colaborar com a comunidade, os fornecedores e os
demais envolvidos para alcançar alto padrão de segu-
rança hídrica.
As recomendações são claras, todavia, por trás de
cada sentença há muito trabalho a realizar. Trabalho
que envolve equipe qualificada e dedicada, capital ex-
penditure (CAPEX) e operational expenditure (OPEX) à
altura do desafio, e uma governança corporativa que po-
nha esta agenda na mesa e mantenha a luz acesa sobre
o tema. Requer, também, que estes custos caibam no
fluxo de caixa, que mantenha a rentabilidade dos negó-
cios, e, por certo, alinhe-se com os interesses dos acio-
nistas, as demandas da sociedade e as normas legais e
as exigências contratuais do setor.
Há, contudo, um tipo muito poderoso de incentivo
para a mudança. Para que os avanços na eficiência do
uso da água e no tratamento de efluente ocorram é
necessário clareza de metas, com KPIs bem definidos
e, sobretudo, que a remuneração variável das equipes
esteja atrelada a estas. Esta prática já é encontradiça
em algumas das maiores indústrias que atuam no ter-
ritório brasileiro.
Os conceitos da CDP definem uma “water steward-
ship”, expressão da língua inglesa que qualifica uma
estratégia corporativa onde o uso da água é social e
29
culturalmente justo, ambientalmente sustentável e eco-
nomicamente benéfico. Uma de suas características é a
ação coletiva e integrada com os stakeholders na escala
da bacia hidrográfica de interesse. No ramo de atua-
ção da CDP coexistem organismos que auxiliam setores
específicos. Vejamos um caso de uma organização que
apoia a mineração e a metalurgia.
O Conselho Internacional para Mineração e Me-
talurgia (International Council on Metals and Mining
– ICMM) é uma organização dedicada à segurança, à
integridade e à sustentabilidade destes setores indus-
triais. Entre outras ações, dedica-se a auxiliar e vali-
dar o desempenho das empresas associadas na agenda
ESG. Em agosto de 2021, o ICMM lançou a publicação
“A água no setor de mineração” (Water in the mining
sector)7, que traz conceitos e exemplos de parcerias en-
tre a indústria, a comunidade local, os governos e os
demais usuários na boa gestão da água na escala da
bacia hidrográfica. Algumas das lições aprendidas e
suas exortações são:
1. Um diálogo permanente com a sociedade para criar
oportunidades e prevenir crises;
2. Criatividade e inovação para encontrar soluções;
3. Uma comunicação clara e que promova forte engaja-
mento com a sociedade;
30
4. A clareza nas informações ajuda a criar alinhamentos
e ações;
5. Dividir informação para melhorar as decisões de alo-
cação de água.
Tanto a CDP quanto o ICMM apontam que a atua-
ção na escala da bacia hidrográfica – em estreita parceria
com a comunidade local, os demais usuários de água e
os governos – é essencial para a construção da segurança
hídrica das operações industriais. Há, assim, muitas simi-
litudes com a mensagem da CEO(1) Water Mandate.
A CEO Water Mandate é uma iniciativa da Secreta-
ria Geral da ONU, implementada em parceria com o Pa-
cific Institute. As companhias que endossaram os com-
promissos da CEO Water Mandate8 se comprometem a
melhorias contínuas em seis áreas:
1. Operações diretas: os membros da iniciativa medem
e reduzem seu uso de água e descarga de águas resi-
duais e desenvolvem estratégias para a eliminação de
seus impactos nas comunidades e nos ecossistemas;
2. Cadeia de valor e gestão de bacias hidrográficas:
os membros da iniciativa buscam meios para incenti-
var a melhoria da gestão da água entre seus fornece-
dores e gestores públicos de água;
31
3. Ação coletiva: os membros da iniciativa buscam par-
ticipar de esforços coletivos que envolvam a sociedade
civil, as organizações intergovernamentais, as comu-
nidades afetadas e outras empresas a fim de promo-
ver e melhorar a sustentabilidade da água;
4. Políticas públicas: os membros da iniciativa buscam
formas de colaborar para o desenvolvimento e a im-
plementação de estruturas regulamentares e políticas
coerentes, equitativas e sustentáveis para a água;
5. Envolvimento da comunidade: os membros da inicia-
tiva buscam formas de melhorar a eficiência da água
nas comunidades, proteger as bacias hidrográficas e
aumentar o acesso aos serviços como forma de promo-
ver a gestão sustentável da água e reduzir riscos;
6. Transparência: os membros da iniciativa estão
comprometidos com a transparência e a divulgação
das suas ações, buscando manter-se responsáveis e
atendendo às expectativas de suas partes interessa-
das.
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desen-
volvimento Sustentável (CEBDS)9 também defende con-
ceitos a respeito do tema. As empresas signatárias as-
sumem um compromisso para a contribuição efetiva na
construção da segurança hídrica no território brasileiro,
mediante seis metas:
32
1. Ampliar a inserção do tema água na estratégia de ne-
gócios;
33
3. Participar efetivamente e apoiar os comitês de bacia
hidrográfica, ampliando-se o escopo de atuação para
incorporar estudos associados a mudanças climáti-
cas e propor ações estratégicas para o setor e a socie-
dade em geral.
34
[...] minha indústria está localizada na cidade de
Feira de Santana, aqui próximo à cidade de Sal-
vador. A escassez hídrica não tem nos atingido.
Entretanto, o milho que compro para alimentar
as aves é oriundo de Barreiras, lá no oeste baia-
no, distante uns 750 km. Todos os dias eu acom-
panho com ansiedade o volume de chuvas e a
previsão de chuvas por lá. Se não chover, não
haverá milho suficiente. Isto me obrigará a com-
prar milho do Estado do Mato Grosso. O frete
desta operação pode inviabilizar o meu negócio.
Portanto, sei exatamente o que significa analisar
o risco de escassez hídrica na minha cadeia de
suprimento.
35
FIGURA 4 – Bacia hidrográfica11
Precipitação
nival
Precipitação
pluvial
Transpiração
Evaporação
Precipitação
pluvial
nto
me l Infiltração
Evaporação c oa ficia
Es per
su
Lençol freático
36
processos contidos na fase terrestre do ciclo hidrológico,
o efeito será ampliado.
A alteração da cobertura da bacia hidrográfica tem
efeitos distintos, ora reduz as vazões mínimas, ora am-
plia as máximas, ora afeta a frequência dos eventos ex-
tremos, ora a vazão média. Tudo dependerá da natureza
e amplitude das alterações, do tipo de solo, da formação
geológica, entre outras variáveis.
Os aspectos qualitativos também são afetados por-
que o desaparecimento da vegetação nativa favorece a
erosão, que por sua vez aumenta o transporte de sedi-
mentos, elevando a turbidez dá água, que pode afetar
as estações de tratamento, tanto das indústrias quanto
dos serviços de saneamento.
Também seria apropriado citar os “rios voadores”,
conceito que une uma ou mais bacias hidrográficas por
meio da ocorrência e do transporte da umidade atmos-
férica entre elas. Mas abordar este assunto em detalhes,
já estaria longe do escopo deste livro. O assunto está
muito bem explicado em um vídeo do professor Paulo
Artaxo (USP) contido no canal do Youtube da FAPESP12.
O link para o vídeo está no final do livro.
Desta forma, quando a indústria apoia ações de
conservação, preservação e restauração na escala da
bacia hidrográfica, a busca é pela oferta hídrica que a
bacia proverá de forma sustentável, ampliando a segu-
rança hídrica de suas operações.
37
Desconsiderar as relações de causa e efeito na es-
cala da bacia hidrográfica fragiliza a segurança hídrica.
A indústria pode estar na ponta do uso eficiente da água
e de seus efluentes e, ainda assim, perceber que sua
fonte de água superficial e subterrânea se enfraquece
ano a ano – as vazões superficiais apresentam redução
consistente, ou mesmo a qualidade da água deteriora-
-se, aumentando-lhe os custos com a captação e o tra-
tamento.
Aos usuários de águas subterrâneas, a redução do
nível potenciométrico do aquífero pode ser uma ameaça
real. O aquífero Ogallala, localizado na área central do
Estados Unidos, é um caso mundialmente conhecido (fi-
gura 5). O nível potenciométrico do aquífero em algumas
localidades diminuiu cerca de 80 metros desde 1950 até
2013, para um aquífero que ocupa uma área13 de 175
mil km2. Assim, se um usuário de água encontra-se den-
tro desta área e percebe o nível potenciométrico descer
de forma atemorizante, não é um assunto que se possa
resolver dentro do perímetro de sua unidade produtiva.
A situação vai exigir ações dentro do perímetro e para
além. A atuação na escala da bacia hidrogeológica em
parceria com os demais usuários de água, a sociedade
civil e os governos será imprescindível.
38
FIGURA 5 – Diminuição do nível potenciométrico do aquífero Ogallala14
MN
SD
WY
IA
NE
MO
CO
KS
NM
OK
Variação da superfície
potenciométrica do aquífero (ft)
Rebaixamento > 200
TX Rebaixamento 130 - 200
Rebaixamento 60 - 130
Rebaixamento 10 - 60
Rebaixamento 10 - Elevação 10
Elevação > 10
39
2
DO CONCEITO À PRÁTICA
A Anheuser-Busch InBev (AB InBev), um dos líde-
res globais no segmento de bebidas, em seu relatório
inaugural da agenda ESG (2020)15, apresenta sua matriz
de materialidade (figura 6) que registra a importância e
o potencial impacto dado pelos stakeholders para várias
questões associadas à empresa. É muito relevante ob-
servar que a água (water use) obteve a maior prioridade
nos dois eixos.
A empresa em sua estratégia hídrica estabeleceu
uma meta de consumo específico de 2,7 litros/litro (li-
tros de água usada no processo por litro de bebida pro-
duzida) e o valor de 2,0 litros/litro para as unidades
localizadas em áreas de notada escassez hídrica.
43
FIGURA 6 – Matriz de materialidade da AB INBev15
IMPORTANCE TO EXTERNAL STAKEHOLDERS
Water Use
Circular Economy
Human Rights Sustainable Packaging
Fair Labor Practices
Sustainable Agriculture
Responsible Marketing
& Consumer Education
Diversity & Inclusion Smart Drinking/Responsible
Responsible Consumption
Public Policy Sourcing
& Advocacy Product Quality, Ingredients & Transparency
Biodiversity % Ecosystems Living Wage Taxation Ethical Behavior
Supply Chain Visibility Health, Safety & Governance
& Wellbeing Supply Chain Community
Data Security & Privacy Resilience & Economic
Land & Food Security Development
Supplier Capability
Employee
Compensation
& Benefits
Employee Engagement
Talent Recruitment & Retention
44
FIGURA 7 – Localização do projeto Miparamo17, 18
45
2. Apoiar e melhorar o acesso à água das comunidades na
sua área de atuação, com foco nas mulheres e meninas;
3. Atuar na escala da bacia hidrográfica com ações de
preservação de florestas, matas e nascentes e apoiar
as organizações sociais que tratam do tema.
Na Austrália, a Coca-Cola20 desenvolve o projeto
Catalyst, uma parceria que apoia e promove práticas sus-
tentáveis em fazendas que cultivam cana-de-açúcar, que
incluem análises de solo, mapeamento digital e agricultu-
ra de precisão. Estas práticas ajudam a reduzir a poluição
oriunda da agricultura e melhora a qualidade da água que
chega até a Grande Barreira de Corais (Great Barrier Reef),
no Mar de Coral (Coral Sea), conforme mostra a figura 8.
A Heineken – outra empresa líder no mercado glo-
bal de cerveja – lançou, no ano de 2019, sua agenda
estratégica para a água: Every Drop21. A estratégia tem
três pilares:
1. Reposição de 100% da água consumida em áreas de
escassez hídrica, que pode ser alcançada por reflores-
tamento, recuperação de áreas degradadas, dessali-
nização e captura de água de chuva;
2. Redução do índice litros de água consumida por litro
de cerveja produzida. Globalmente a meta é usar 3,2
litros de água/litro de cerveja. Em áreas de escassez
hídrica, a meta é usar 2,8 litros de água/litro de cer-
veja;
46
3. Tratamento de 100% de seus efluentes e reúso do
efluente tanto quanto possível.
Coral
Sea
Gre
at
Port Douglas
Ba
Cairns
Pacifc
rr
er
ii
Re Ocean
Townsville ef
NORTHRN TERRITORY
Airlie Beach
Whitsunday
Islands
Heart Reef
AUSTRALIA
SOUTH Brisbane
AUSTRALIA
47
uma economia de 670 mil metros cúbicos por ano. Na
agricultura, financiou novas práticas de irrigação, re-
duzindo o consumo de água em 530 mil metros cúbi-
cos por ano. Estes dois valores somados repõem, me-
lhor dizendo, disponibilizam no balanço hídrico local
praticamente o volume de água que sai da bacia na
forma de cerveja.
No Brasil, em dezembro de 2021, a Heineken24 mos-
trou como sua estratégia de expansão está condiciona-
da aos seus princípios ambientais ao anunciar a desis-
tência de construir sua próxima unidade no município
de Pedro Leopoldo (MG). Em seu canal de comunicação
oficial a empresa informou que
[...] a decisão foi tomada após poucos meses de di-
álogo sobre os diferentes entendimentos de órgãos
envolvidos e da sociedade em geral relacionados à
proximidade do atual terreno com uma importante
área de preservação ambiental e arqueológica da
região.
48
FIGURA 9 – Localização da APA Carste Lagoa Santa25
sco
Ri o
das V
elhas
Matozinhos APA Carste
da Lagoa Santa
BELO
HORIZONTE
49
vide opiniões e que, para seguir adiante, teríamos
que dedicar mais tempo para realização de no-
vos estudos. Por tudo isso, tomamos a decisão de
buscar outra área que atenderá a demanda dos
próximos anos.
50
[...] a melhoria na qualidade de vida da comunidade
de Canaã dos Carajás é o foco da parceria entre a
Vale e o poder público local. Para isso, mais de R$
5 milhões já foram investidos em obras e projetos
de saneamento na cidade. O poder público aplicou
esses valores na construção de dois poços artesia-
nos no Jardim das Palmeiras, além de melhoria no
sistema de captação de água na barragem Rio Verde
e implantação do Laboratório de Análises Químicas.
O Complexo
Minerador de Carajás
Estrada de Ferro
Carajás
Terminal Portuário
Instalações do
Complexo S11D 504 km
Linhas existentes
de Ponta da Madeira
226 km
São Luís
Santa Inês
Açailândia
Marabá
Ramal Ferroviário
Parauapebas
Carajás Sudeste do Pará
101 km
S11D
Canaã
dos Carajás
Rodovia Municipal
de Canaã dos Carajás
Complexo Minerador de Carajás
Instalações de apoio S11D S11D
Estrada de Ferro Carajás
Rodovia
51
A Vale30, em dezembro de 2019, lançou um com-
promisso voluntário de recuperar e proteger 500 mil
hectares. Desde então, por meio do Fundo Vale, já fo-
ram investidos mais de R$ 100 milhões na recuperação
florestal (figura 11) de mais de 6 mil hectares em sete
Estados, movimentando de forma importante o ecos-
sistema e principalmente as pessoas que vivem desta
atividade. Mais de mil postos de trabalho, mais de 700
famílias e cerca de cem propriedades rurais fazem parte
desse arranjo.
[...] Em 2022, [temos] a expectativa de proteger-
mos 50 mil hectares adicionais na Amazônia com
impacto em, pelo menos, 7 comunidades, cerca de
100 famílias e 500 pessoas, potencializando as ati-
vidades econômicas sustentáveis (madeira, lavou-
ra, pesca, entre outras) e gerando cerca de 100 mil
créditos de carbono verificáveis e de alto impacto
socioambiental.30
52
tiva, serão incluídas ações alinhadas aos 4 pilares de
atuação na gestão responsável de recursos hídricos
da Vale - Governança, Monitoramento e controle, en-
gajamento com as comunidades e gestão de riscos
hídricos.
A Vale31, em seu relatório integrado de sustentabili-
dade de 2020, assevera que publica sua política de água
e seus processos de gestão de riscos e de prevenção de
impactos para toda a cadeia produtiva, contribuindo
para a preservação quantitativa e qualitativa da água
na escala da bacia hidrográfica. A seguir estão exibidos
alguns números alinhados com as diretrizes desta polí-
tica:
1. Redução de 20% do uso específico de água nova em
seus processos produtivos (Ano base 2017 - Apura-
ção 2021);
2. Conservação de 1 milhão de hectares de áreas prote-
gidas. Dessas, apenas 4,2% são próprias; a diferença
são áreas protegidas em parceria com os proprietá-
rios;
3. Meta de recuperar 100 mil hectares de áreas degrada-
das até 2030;
4. Meta de proteger 400 mil hectares e recuperar 100
mil hectares de florestas até 2030.
53
FIGURA 11 – Áreas de recuperação e proteção da Vale30
Belterra
Bioenergia
Caaporã
Inocas
Regenera
54
árida do Brasil, ou seja, o sul do Peru tem praticamente
um clima de deserto.
Além disso, a operação minerária, que está contida
na bacia hidrográfica do Rio Chili, está em uma alti-
tude média de 2.700 metros acima do nível médio do
mar, embora a distância desde a mina até o mar seja de
aproximadamente 90 km, o que traz desafios específicos
devido às alturas geométricas a serem vencidas quando
se buscam fontes alternativas de água. Assim, envolvida
nesta realidade, a escassez de água constitui um desa-
fio para a continuidade e a expansão das operações da
Cerro Verde.
Para vencê-lo, o engajamento da mineradora pas-
sou por ações na escala da bacia hidrográfica, com a
construção33 das barragens Pillones, Bamputañe e San
José de Uzaña34. As duas primeiras foram cofinancia-
das pela Cerro Verde e pela Empresa de Gereración
Eléctrica de Arequipa S.A. (EGASA), a empresa de gera-
ção de energia elétrica de Arequipa. A última foi cofi-
nanciada pela Cerro Verde e pelo Governo Regional de
Arequipa.
55
FIGURA 12 – A localização de Arequipa35
PERU
COLÔMBIA
EQUADOR
Tumbes Iquitos
M arañón Am
Sullana azo
Piura nas
Chiclayo Tarapoto BRASIL
Cajamarca
Trujillo
Pucallpa
Chimbote
Huánuco
PERU
Huancayo
Lima
Ayacucho
Chincha Alta
Ica
Juliaca
Arequipa
C Puno
O
EA
NO Cerro Verde BOLÍVIA
PA
C ÍFIC Tacna
O
CHILE
Nota: Figura redesenhada pelos autores.
56
tação é de inteira responsabilidade da mineradora. A La
Enlozada, cuja capacidade de tratamento é de 1,8 m3/
segundo, teve um CAPEX de US$ 538 milhões e registra
uma despesa anual de operação de US$ 5,6 milhões.
Em contrapartida, uma parte do efluente tratado é usa-
da pela mineradora e a diferença volta ao rio para aten-
der a irrigantes que ficam a jusante. Além disso, a Cerro
Verde apoia projetos de irrigação, doando equipamentos
para os irrigantes e melhorias na estrutura.
As ações na escala da bacia hidrográfica, em parce-
rias com outros usuários, a comunidade e os governos,
permitiram à Cerro Verde obter autorização de uso da
água conforme volumes descritos na tabela 1. A água
proveniente da ETE La Enlozada representa pratica-
mente metade do volume utilizado.
Milhões de Participação
Fonte
m³/ano (%)
Água superficial 26,5 49,53
Água subterrânea 0,4 0,75
Água de chuva 0,5 0,93
Água de reúso da ETE La Enlozada 26,1 48,79
Total 53,5 100%
57
mineração, cujos efluentes tem potencial para causar
danos aos recursos hídricos locais. Suas águas drenam
para o Oceano Índico (figura 13), pelo interior do territó-
rio de Moçambique.
NAMIBIA Nelspruit
MPUMALANGA
ESWATINI
Petroria
Bloemfontein
LESOTHO INDIAN
ATLANTC OCEAN
OCEAN SOUTH AFRICA
AFRICA
Cape Town
58
osmose reversa40, transforma a água que participou do
processo minerário em água potável para Emalahleni a
uma taxa de 16 mil m3/dia, o que representa 12% da
demanda hídrica do município.
Adicionalmente, a mineradora South32 mantém
contrato com a Anglo American para o tratamento de
seus efluentes serem realizados também na estação
Emalahleni. A venda da água ao município e o serviço
prestado à South32 gera uma receita que corresponde a
60% dos custos operacionais da estação.
A BHP Billiton (BHP) – uma empresa global do setor
de mineração – opera a mina Escondida41, que é a maior
produtora do mundo de cobre. A mina fica localizada no
deserto do Atacama (figura 14), no Chile, em uma das
áreas mais secas do mundo. A solução para a oferta de
água necessária à atividade de mineração foi complexa
e inovadora e exigiu altos investimentos.
Decidiu-se por dessalinizar a água do mar e usá-la
na operação da mineração. O empreendimento buscava
deixar de extrair água dos aquíferos da região.
59
FIGURA 14 – Localização da Mina Escondida42
BOLÍVIA
Norte
Grande/
Atacama
Desert Chuquicamata
mine
Antofagasta
Escondida
mine
CHILE
PACIFIC
OCEAN
ARGENTINA
Santiago
El Teniente mine
60
segundo de água dessalinizada. A terceira fase, comissio-
nada em janeiro de 2020, tornou possível produzir 3.800
litros/segundo. Assim, foi possível cessar a extração de
água do aquífero Andean para os processos produtivos,
contribuindo para a sustentabilidade desta reserva sub-
terrânea. Também foi cessada a captação no campo de
poços Monturaqui.
O investimento realizado na dessalinização foi de
US$ 3,4 bilhões. A empresa reconhece, em seu relatório,
o impacto desta opção nos custos de produção de curto
prazo, mas assevera que foi uma decisão que permitiu
a sustentabilidade da extração e trouxe ganhos para as
comunidades regionais e o ambiente local.
Outras demandas ambientais ainda persistiam.
Assim, em junho de 2021, um novo acordo43 foi reali-
zado com os representantes do Conselho de Defesa do
Estado (Consejo de Defensa del Estado), da Comunida-
de Indígena Atacameña de Peine (Comunidad Indígena
Atacameña de Peine), do Conselho de Povos Atacameños
(Consejo de Pueblos Atacameños), da BHP e do Primeiro
Tribunal Ambiental (Primer Tribunal Ambiental).
Além de garantir que os representantes farão parte
da governança das ações a serem desenvolvidas, a mi-
neradora assumiu o compromisso de deixar de utilizar
águas do altoplano, trocando-as por águas dessaliniza-
das, e, dentro de um plano de manejo ambiental, reali-
zar uma série de medidas de compensação e reparação
a respeito da fauna e flora da região Salar de Punta Ne-
61
gra. No Brasil, do mesmo modo, há variadas ações da
mineração na escala da bacia hidrográfica.
Em 2020, a Companhia Espírito-Santense de Sa-
neamento (CESAN) realizou consulta pública para uma
subconcessão destinada à construção, operação e ma-
nutenção de estação de tratamento de esgoto com a fi-
nalidade da produção de água de reúso para fins in-
dustriais. Para viabilizar as obras, o Governo do Estado
firmou acordo com a empresa ArcelorMittal Tubarão,
que receberá 540 m3/h de água de reúso para seu pro-
cesso industrial. Entre os documentos que fazem parte
do processo está uma lista com 21 parâmetros de qua-
lidade de água, com os limites máximos aceitáveis no
processo industrial.
Com a efetivação da subconcessão, os serviços re-
gionais de água usufruirão de 540 m3/h, que corres-
ponde ao volume que a indústria deixará de receber.
Destarte, ganham o meio ambiente, a indústria e a ba-
cia hidrográfica do Rio Santa Maria da Vitória, que po-
derá utilizar este mesmo volume para atender à outra
demanda ambiental ou uma demanda hídrica local da
sociedade capixaba.
No Estado do Espírito Santo, uma inovação da re-
lação da indústria com o poder público foi anunciada há
poucas semanas. O Ministério Público do Estado do Espí-
rito Santo (MPES), por meio do seu Centro de Apoio Ope-
racional da Defesa do Meio Ambiente (CAOA), a Vale e a
ArcelorMittal Tubarão assinaram, em dezembro de 2021,
62
um acordo de cooperação técnica para implementação
do primeiro projeto do Observatório Ambiental MPES44.
O observatório auxiliará o Ministério Público man-
tendo um banco de dados atualizados, promovendo es-
tudos, análises, relatórios, debates e, sobretudo, con-
solidando as informações para as promotorias públicas
atuarem com maior efetividade nos temas ambientais e
de recursos hídricos.
No Estado da Bahia, uma alocação negociada de
água foi a solução para o compartilhamento da água en-
tre uma mineradora e demais usuários. O conflito pelo
uso da água no reservatório Andorinha II, no ano de
2019, envolveu a Companhia de Ferro Ligas da Bahia
(FERBASA), uma associação de moradores, pequenos
produtores rurais e uma associação de pescadores do
município Andorinha (figura 15), localizado no Estado
da Bahia, na bacia hidrográfica do Rio Itapicuru.
Uma Ação Civil Pública45 (ACP) solicitava a sus-
pensão da outorga do direito de uso de recursos hídri-
cos concedido à FERBASA. O poder judiciário concedeu
parcialmente a tutela antecipada, determinando a redu-
ção da captação. Após novas argumentações, uma con-
ciliação foi homologada por sentença depois de a ANA
sugerir a alocação de água negociada como mecanismo
para dirimir o conflito, que se materializou por meio da
Resolução ANA No 62, de 9 de setembro de 2019, na
qual ficaram definidos os novos valores de captação de
água pela mineradora.
63
FIGURA 15 – FERBASA em Andorinha (BA)46
Juazeiro
Ipueira Mine
Senhor do Bonfim
Andorinha
Mina
Laje Nova
Campo Formoso
Mina Colteizero
Ri o o F rancisco
Conde
BAHIA
Sã
Entre Rios
Aratu Salvador
Porto
Salvador
Maracás
Planaltina
64
na categoria vestuário, casa, acessórios e perfumes –
anunciou, em março de 2021, que passará a usar uma
nova tecnologia de tingimento dos tecidos de algodão que
reduzirá o consumo de água em 40% e que utilizará em
outros processos 100% do efluente oriundo do tingimen-
to. Sua water stewardship anuncia a busca por reduzir o
consumo de água em toda cadeia de produção e proteger
e conservar os recursos hídricos nas comunidades e áre-
as que funcionam suas unidades industriais. Para cada
garrafa de água vendida (figura 16) nas lojas Ralph Lau-
ren, um mínimo de US$ 2 serão destinados a um fundo
que auxilia a instalação de sistemas de oferta de água
para áreas rurais em Gana48, na África, dentro da cam-
panha Give me tap! As embalagens de papel que ornam
os produtos da Ralph Lauren são procedentes de outro
segmento: a indústria de base florestal, com forte presen-
ça no território brasileiro.
65
A Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) é a asso-
ciação responsável pela representação institucional
da cadeia produtiva de árvores plantadas, do campo à
indústria, junto a seus principais públicos de interes-
se. Em seu Relatório de Desempenho sobre Gestão da
Água no Setor de Árvores Cultivadas (2021)51 há diver-
sos casos narrados de atuação das empresas na escala
da bacia hidrográfica. A Celulose Nipo-Brasileira S.A.
(CENIBRA) - fábrica tem capacidade de produção anual
de 1.200.000 toneladas de celulose branqueada de fi-
bra curta de eucalipto - desenvolveu o projeto Água Viva
na bacia do Rio Doce. O projeto é baseado em quatro
pilares: engajamento social, sustentabilidade hídrica,
desenvolvimento socioeconômico e promoção da saúde
pública.
A empresa implantou
[...] em propriedade de terceiros e comunidades
rurais, mais de 100 fossas sépticas e cercou 417
nascentes, todas em áreas a montante das capta-
ções municipais. As fossas buscam reduzir a carga
orgânica de poluentes e o cercamento das nascen-
tes ajuda a reduzir a quantidade de sedimentos
carreados para o curso d’água. Outras duas ações
também foram tomadas com o intuito de garantir
água em quantidade na bacia. A subsolagem em
mais de 4.000 ha de áreas de terceiros, a fim de
aumentar a infiltração da água da chuva e possi-
bilitar a recarga do lençol freático.51
66
O setor sucroenergético necessita de água para o
crescimento do canavial e os processos industriais. Atu-
ar para além dos limites da indústria é de sua natureza,
porque há unidades industriais que são atendidas por
20 mil hectares, 30 mil hectares, até mesmo mais de 70
mil hectares de canaviais.
A Usina Coruripe52 na safra 2020/2021 produziu
22,7 milhões de sacos de açúcar, 476,6 milhões de li-
tros de etanol e 737,2 mil MWh de energia, a partir do
processamento de 14,4 milhões de toneladas. A figura
17 ilustra a localização das cinco unidades industriais
do grupo. No ano de 2020, foi alcançado o KPI de 1,40
m3 de água por tonelada de cana processada, tendo sido
utilizados, na última safra, 16,8 milhões de metros cú-
bicos de águas residuais na irrigação de 11,8 mil hec-
tares de canavial. Em relação à vinhaça, foram produ-
zidas 4,9 milhões de metros cúbicos que foram usadas
para irrigar 45 mil hectares, substituindo o uso de 12,7
mil toneladas de adubos químicos.
Como ação além do perímetro da unidade indus-
trial, o grupo Coruripe mantém mais de 18 mil hectares
preservados, sendo 6.850 hectares de Reservas Particu-
lares de Patrimônio Natural (RPPN).
67
FIGURA 17 – Unidades da Usina Coruripe52
4
6
3 7
5
AL
MG
Unidades SP
operacionais
Coruripe/AL
2 Capacidade instalada:
3.300 MMT Terminais
logísticos
Carneirinho/MG
3 Capacidade instalada: 6 Iturana/MG
2.600 MMT (em construção)
4 Limeira do Oeste/MG 8 Fernandópolis/SP
Capacidade instalada:
1.500 MMT
5 Iturama/MG Escritórios
Capacidade instalada: Corporativos
3.500 MMT
Campo Florido/MG
1 Maceió/AL
7
Capacidade instalada: São Paulo/SP
4.200 MMT 9
68
Como exemplo de ação direta de órgão público, a
ANA53
[...] criou o Programa Produtor de Água. O Pro-
grama usa o conceito de Pagamento por Serviços
Ambientais (PSA), que estimula os produtores a
investirem no cuidado do trato com as águas, re-
cebendo apoio técnico e financeiro para implemen-
tação de práticas conservacionistas.
69
Em meados do ano 2021, a Agência Reguladora de
Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (ADA-
SA)55 publicou o Edital Chamamento Público 01/2021
para PSA a produtores rurais na bacia hidrográfica do
Rio Pipiripau (figura 19), região com preocupante degra-
dação ambiental e conflitos relevantes pelo uso da água.
Tal ação faz parte do Programa Produtor de Água.
Bacia do
Pipiripau
Maranhão
São Bartolomeu
Corumbá São
Marcos
70
deral (CAESB) poderá ser utilizada em programas
e projetos que se enquadrem na Política Distrital
de Pagamentos por Serviços Ambientais, como é o
caso do Produtor de Água no Pipiripau.
71
3
O REÚSO NA MINERAÇÃO
A mineração é um setor da economia muito impor-
tante para as sociedades modernas. Seus produtos pro-
movem melhor qualidade de vida na saúde, no trans-
porte, na comunicação, no trabalho, na música e até
mesmo na alimentação. O minério está presente nos
equipamentos cirúrgicos, nos automóveis, nos celula-
res, nos computadores, nos utensílios domésticos, nos
instrumentos de música. Quando não há minério no
produto em si, é bem provável que, para sua fabricação,
em algum momento do processo, um equipamento utili-
zado o possua em sua composição.
Nos últimos anos houve um aumento da deman-
da pelos produtos de mineração58, principalmente pelos
países asiáticos, o que coloca o Brasil em evidência por
ser um dos maiores produtores de minério do mundo.
Esse incremento traz crescimento da demanda hídrica,
pois a água é indispensável à mineração. Ora, ocorre o
uso de água em várias etapas da mineração, entre ou-
tras, nas atividades de beneficiamento do minério, na
umectação de vias e no controle de poeira, e na lavagem
de máquinas, peças e veículos.
75
A água na mineração é insumo essencial para o
processo industrial e requer avaliação de sua disponi-
bilidade em quantidade e qualidade para viabilizar o
empreendimento minerário. Dessa forma, a viabilidade
técnica e econômica depende das soluções de supri-
mento.
O minério possui rigidez locacional devido a sua
natureza, e isso implica buscar as melhores alternativas
de suprimento de água e locação das estruturas: usina,
barragem, sistemas de controle, prédios administrati-
vos, oficinas, entre outras.
A água é um desafio às atividades de mineração e
por isso são necessárias estruturas hidráulicas e siste-
mas de controle de forma a evitar a alteração da qualida-
de ambiental. As interferências da água nas atividades
de mineração podem ser observadas nos trabalhos de
lavra, nos controles de cheias e na geração de efluentes.
Os estudos e planejamentos sobre a água na mineração
vão desde a fase de pesquisa até o uso futuro do empre-
endimento minerário.
Entretanto, o cenário de estresse hídrico tem se
tornado cada vez mais recorrente, em consequência do
aumento da demanda de água associado ao crescimen-
to populacional e econômico, do comprometimento da
qualidade dos mananciais de abastecimento, devido à
poluição dos corpos d’água, entre outros fatores. So-
ma-se a isso, os eventos cíclicos de baixos índices plu-
viométricos agravados pelas mudanças climáticas, de-
76
sencadeando um cenário de competição pela água de
abrangências local, regional e até mesmo mundial59, 60.
Conforme estudos da Agência Nacional de Águas
e Saneamento Básico (ANA), nas duas últimas décadas
houve aumento da ordem de 80% da retirada total de
água e até 2030 estima-se um incremento de mais 26%.
Adicionalmente, a realidade é agravada pelo aumento
da frequência observada de secas e estiagens. Entre os
anos de 2003 e 2018, devido à escassez hídrica, 51% dos
municípios brasileiros decretaram “Situação de Emer-
gência” (SE) ou Estado de Calamidade Pública” (ECP)61.
O total dos usos setoriais de água no Brasil no ano
2020 foi de 1.947,55 m³/s e a parcela do setor da minera-
ção62 corresponde a 2%. Na tabela 2 estão apresentadas
as distribuições das retiradas dos usos setoriais. Pode-se
observar que a maior parcela das retiradas é destinada à
irrigação, seguida pelo abastecimento urbano.
77
Na figura 20, pode-se observar a distribuição da de-
manda de água por grupo da mineração no Brasil, com
destaque para o minério de ferro, que é responsável por
59% da demanda. Na figura 21, apresenta-se a projeção
da demanda de água na mineração para os próximos anos.
4%
18%
59%
19% Carvão
Não Metálicos
Metálicos Não Ferrosos
Minério de Ferro
56
43
29
78
Outra característica do setor é a diferença entre a
velocidade do desenvolvimento de um empreendimento
minerário e a infraestrutura e o saneamento das cida-
des adjacentes. Onde a mineração está presente, há o
aumento populacional fixo e flutuante. A maioria das
cidades brasileiras não estão preparadas para este au-
mento populacional, gerando conflitos entre o setor e
a população, incluindo o de uso de água. Portanto, a
percepção da sociedade é que a presença da mineração,
principalmente nos períodos de escassez hídrica, pres-
siona os usos de água.
Dentre todos os outros setores usuários, a minera-
ção destaca-se devido a sua interação com os recursos
hídricos superficiais e subterrâneos. As interações so-
bre o primeiro ocorrem nas captações de rios e barra-
mentos, no controle de carreamento de sedimentos e no
descarte de efluentes aos corpos d’água. Para o segun-
do, são as explotações de água para o rebaixamento do
nível, propiciando a lavra do minério, e a captação por
poços tubulares para suprimento.
Os principais usos e as interferências passíveis à
outorga do direito de uso de recursos hídricos pela mi-
neração são63:
I–a derivação ou captação de água superficial ou ex-
tração de água subterrânea para consumo final ou
insumo do processo produtivo;
II – o lançamento de efluentes em corpos de água;
79
III – outros usos e interferências, tais como:
a) captação de água subterrânea com a finalidade de
rebaixamento de nível;
b) desvio, retificação e canalização de cursos de água
necessários às atividades de pesquisa e lavra;
c) barramento para decantação e contenção de finos
em corpos de água;
d) barramento para regularização de nível ou vazão;
e) sistemas de disposição de estéril e rejeitos;
f) aproveitamento de bens minerais em corpos de
água; e
g) captação de água e lançamento de efluentes relati-
vos ao transporte de produtos minerários.
As principais atividades que dependem de água na
mineração são: desmonte hidráulico, aspersão de vias
para controle de emissão de particulados, lavagem de
equipamentos, transporte de materiais, processo de flo-
tação, lavagem do minério, concentração gravítica, pro-
cessos hidrometalúrgicos e pirometalúrgicos, e prepara-
ção de reagente (figura 22).
80
FIGURA 22 – Possíveis fontes, usos e perdas de água na mineração64
DESMONTE HIDRÁULICO
ASPERSÃO DE VIAS
LAVAGEM DE EQUIPAMENTOS
FONTE LAVRA
SUBTERRÂNEA
PERDAS GERAIS
FLOTAÇÃO
LAVAGEM DE MINÉRIO
MINERODUTOS
UMIDADE DO PRODUTO
RECIRCULAÇÃO TRANSPORTE
81
dade dos efluentes sanitários até mesmo para o reúso po-
tável65.
Diferentemente da irrigação agrícola e paisagística,
em que a demanda por água ocorre sazonalmente, devido
ao desenvolvimento de cada cultura, de forma geral, a in-
dústria necessita de uma taxa relativamente constante ao
longo do ano. Já na mineração, a sazonalidade climática
determina as variações dos volumes de demanda de água.
No período seco, aumentam-se os volumes de água
para as atividades de umectação de vias e aspersão dos
pátios de estocagem. Nessa atividade, para otimizar os
volumes de água necessários, comumente são aplicados
polímeros para aumentar o tempo em que as pilhas de
minério e vias de acesso permanecem úmidas.
Já no período chuvoso, observa-se a redução da de-
manda por água, pois não há necessidade de umectação
das vias de acesso e aspersão das pilhas de minério.
O reúso é uma alternativa sustentável que vem sendo
empregada para atender às demandas de água não potável,
contribuindo para o aumento da disponibilidade de recur-
sos hídricos.
Além disso, o reúso aumenta o potencial de conser-
vação, pois preserva a qualidade dos mananciais devido
à redução dos descartes de efluentes, que por muitas ve-
zes possuem elementos prejudiciais à água, fauna e flora.
Também é uma fonte alternativa mais confiável, pois é
menos sensível aos eventos de seca, já que provém dos
efluentes sanitários das cidades, setor prioritário em ca-
82
sos de escassez. Além disso, o reúso reduz a demanda de
água potável das concessionárias dos serviços de sanea-
mento, preservando os mananciais de abastecimento66. A
mineração tem desenvolvido projetos de reúso e recircu-
lação para melhorar a eficiência do uso da água em seus
processos.
Nos empreendimentos da Vale67, a taxa de reutiliza-
ção de água proveniente dos processos internos da mi-
neração foi de 81,2% no ano 2021. Esse resultado indica
que o setor busca soluções internas para a otimização dos
usos e essa taxa pode variar pelo tipo de minério, tecno-
logia de beneficiamento, condições climáticas e produto.
Para reduzir ainda mais o uso no setor da mineração, uma
opção pode ser a água de reúso da estação de tratamento
de efluentes sanitários municipais.
Um dos obstáculos para ampliar o uso de água prove-
niente das estações de tratamento de efluentes sanitários
no Brasil é a carência de legislação, normas e diretrizes.
Outro obstáculo é a carência de modelo técnico-econômi-
co-jurídico que o viabilize no setor da mineração com se-
gurança. Mas há avanços. Com o Novo Marco Legal do
Saneamento – Lei 14.026/202068 –, espera-se um cresci-
mento dos serviços de coleta e tratamento de efluentes nos
próximos anos, gerando novas oportunidades. Associada
à norma federal, alguns Estados criaram suas regras.
Em Minas Gerais, a Deliberação Normativa (DN)
nº 65 do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, pu-
blicada em 202069, regulamentou o reúso de água não
83
potável proveniente de estações de tratamento de efluen-
tes sanitários para ser utilizada nas atividades agrossil-
vipastoris e usos urbanos, para fins ambientais e indus-
triais, incluindo a mineração.
Nesse cenário, Minas Gerais pode ser protagonista
no fomento de água de reúso proveniente das estações
de efluentes sanitários para uso não potável na minera-
ção, pois já possui uma deliberação normativa e, em seu
território, há vários empreendimentos minerários próxi-
mos aos centros urbanos. Para tanto, é preciso estabe-
lecer um modelo de negócio que viabilize projetos para
fins não potáveis.
O modelo de negócio de um empreendimento de for-
necimento de água de um produtor para um usuário en-
volve temáticas multidisciplinares. A matriz de risco70 para
o reúso de água para atividades minerárias contém riscos
financeiros, econômicos, políticos, institucionais, ambien-
tais, sociais, técnicos, jurídicos, fiscais e comerciais. Ten-
do esses mapeados, é preciso estabelecer um modelo de
negócio que assegure o sucesso do empreendimento entre
as partes envolvidas – produtor, fornecedor e usuário.
O referido modelo71 deve abordar, entre outros, os
parâmetros mínimos de qualidade dos efluentes trata-
dos a serem disponibilizados para o reúso, a taxa mí-
nima de eficiência para a disponibilidade do efluente
tratado, custos e penalidades envolvidas. A busca por
fontes alternativas, no caso o reúso de água de efluentes
sanitários, pode promover uma vantagem competitiva,
84
pois cada vez mais as empresas precisam aderir às mu-
danças organizacionais e às demandas ambientais.
China e Estados Unidos72 são os maiores usuários
de água de reúso no mundo, 19,5 milhões de m³/dia (7,1
bilhões de m³/ano) e 18,0 milhões de m³/dia (6,6 bilhões
m³/ano), respectivamente. Na figura 23, pode-se observar
que a taxa no Brasil em relação ao proveniente das esta-
ções de efluentes sanitários ainda é muito baixa, 1,5%.
Segundo a ANA62, o reúso de efluentes sanitários tratados
no Brasil é da ordem de 1,6 m³/s (50,5 milhões m³/ano).
China:
1% da água consumida.
20% do esgoto tratado
Portugal: em áreas urbanas.
1,2% do Singapura:
esgoto 40% do esgoto tratado com
tratado. previsão de 55% para 2060 e
exportação para a Malásia.
Austrália:
15% do esgoto tratado.
Brasil:
O foco atualmente é
1,5% do esgoto
Chipre e Malta: reúso potável.
tratado. Namíbia:
~100% do
Reúso potável direto desde 1968.
esgoto tratado.
Abastece 400 mil habitantes.
Mapa
sempre em
construção...
• China é o maior usuário de água recuperada do • O Estado da Califórnia nos EUA foi a primeira região do
mundo (7,1 bilhões de m³/ano em 2017). mundo a regulamentar a prática de reúso da água, 1918.
• EUA é o segundo maior usuário de água recuperada • Países do Mediterrâneo, como Chipre e Malta, já
do mundo (6,63 bilhões de m³/ano em 2018). recuperam quase 100% do esgoto tratado.
• Namíbia foi o primeiro país do mundo a praticar • Somente 3 países do mundo praticam o reúso potável
regularmente o reúso potável direto (desde 1968). direto: EUA, África do Sul e Namíbia.
85
Fatores impulsionadores
ou impeditivos do reúso de água
Fatores políticos, econômicos, sociais, técnicos e
ambientais podem impulsionar ou impedir o aumento
das práticas de reúso. Quanto aos políticos, nos Esta-
dos Unidos a importância da conservação da água em
termos de diretrizes federais foi anunciada pelo presi-
dente Jimmy Carter. O anúncio foi por meio da política
de iniciativas de água, em junho de 1978, em mensa-
gem durante a reforma do congresso73. Nessa política fo-
ram estabelecidos quatro objetivos: projetos economica
e ambientalmente seguros, evitando desperdícios; con-
servação da água; cooperação federal-estadual para me-
lhoria do planejamento estadual dos recursos hídricos;
e, por último, o foco na qualidade ambiental.
Na China74, o governo já impõe limites da demanda
de água para as novas centrais elétricas, considerando
suas tecnologias e limitações de produção.
Referente aos fatores sociais75, observe o quão é im-
portante investir na comunicação e informação com o
público em geral para obter sucesso nos programas de
reutilização, pois o conhecimento dessa questão fomen-
tará percepções positivas.
Já os fatores técnicos ratificam que tecnicamente
a reutilização de água não potável é viável e os maio-
res obstáculos estão na gestão. Mancuso76 reforça que
é inconcebível descartar os esgotos tratados, principal-
86
mente aqueles que se beneficiam por tecnologias avan-
çadas sem aventar a possibilidade de destiná-los para o
reúso77.
A escolha do tipo de tratamento dos efluentes78
para as práticas de reúso depende de fatores socioeco-
nômicos, tipo de aplicação, localização, terreno, dispo-
nibilidade dos recursos hídricos, cultura e crenças reli-
giosas. Quanto aos fatores ambientais, o reúso de água
não é exclusivo das regiões áridas e semiáridas, pois são
observadas restrições de consumo e conflitos em outras
regiões com recursos hídricos abundantes, mas insufi-
cientes para as demandas, o que afeta o desenvolvimen-
to econômico e a qualidade de vida.
Por fim, a respeito dos fatores econômicos, eles
apontam a limitação dos estudos relacionados aos ce-
nários de custos e economia79. Os investimentos para
promover a reutilização são elevados quando compa-
rados aos para captação de água doce. Para viabilizar
o reúso é importante considerar a economia de longo
prazo80.
Os conceitos sobre reúso são extensos e, por ve-
zes, não há um consenso entre os pesquisadores, por
exemplo, da denominação do reúso de água de chuva
ou aproveitamento de água de chuva. Apresenta-se a
seguir alguns conceitos do reúso de água para fins in-
dustriais que serão úteis adiante:
• Estação de Tratamento Avançado81 ou Estação
Produtora de Água para Reúso (EPAR): uma Esta-
87
ção de Tratamento Avançado produz efluente tratado
com qualidade superior ao tratamento em nível se-
cundário. Caso a água tratada seja destinada ao re-
úso, a estação passa a ser considerada uma EPAR.
Ressalta-se ainda que seu nível de tratamento é de-
finido a partir da qualidade de água almejada para o
uso pré-determinado, sendo inseridas as tecnologias
no seu fluxograma para se atingir a eficiência neces-
sária;
• Água para Reúso (ApR): água produzida por uma
EPAR81 com o objetivo de reinserção nos ciclos urba-
no ou rural da água. Sua qualidade deve ser compa-
tível com o uso e oferecer os menores riscos possíveis
à saúde humana e ao meio ambiente. No contexto in-
ternacional, os termos mais utilizados são “água re-
ciclada” (recycled water) e “água recuperada” (reclai-
med water). Não se consideram adequados os termos
“reúso de efluente” ou “reúso de efluente tratado”;
• Estação de Tratamento de Esgoto81 (ETE): é uma
instalação com um conjunto de diferentes operações
e processos unitários para remoção de poluentes es-
pecíficos presentes no esgoto. O nível de tratamento é
condizente com o tipo de tecnologia adotada e a qua-
lidade do efluente desejada. O tratamento em nível
secundário reduz as concentrações de sólidos sus-
pensos e dissolvidos, além de matéria orgânica. No
entanto, não remove de maneira eficiente nutrientes
88
e microrganismos patogênicos. A remoção de ambos
está condicionada à modalidade avançada;
• Fontes Alternativas de Água para Aproveitamen-
to82 ou Reúso: consideram-se fontes alternativas de
água aquelas que não estão sob concessão de órgãos
públicos, ou que não sofrem cobrança pelo uso, ou,
ainda, que fornecem água com composição diferente
da água potável fornecida pelas concessionárias;
• Reúso indireto: ocorre quando a água já usada, uma
ou mais vezes para uso doméstico ou industrial, é
descarregada nas águas superficiais ou subterrâneas
e utilizada novamente a jusante, de forma diluída76;
• Reúso indireto não planejado da água: é quando
o esgoto, após ser tratado ou não, é lançado em um
corpo hídrico (lago, reservatório ou aquífero subter-
râneo) onde ocorre sua diluição e, após um tempo de
detenção, este mesmo corpo hídrico é utilizado como
manancial, sendo efetuada a captação, seguida de
tratamento adequado e posterior distribuição83;
• Reúso indireto planejado da água: ocorre quando o
efluente tratado é descarregado de forma planejada
nos corpos de água superficiais ou subterrâneos para
serem utilizadas a jusante, de maneira controlada, no
atendimento a algum benefício83;
• Reúso direto planejado das águas: ocorre quando
os efluentes, depois de tratados, são encaminhados
89
diretamente de seu ponto de descarga até o local do
reúso, não sendo descarregados no meio ambiente83;
• Reúso macroexterno: reúso de esgoto sanitário ou
industrial tratado, proveniente de estações de trata-
mento administradas por concessionárias ou outra
indústria82;
• Reúso macrointerno: uso interno de efluentes, tra-
tados ou não, provenientes de atividades realizadas
na própria indústria;
• Reúso não potável para fins industriais: abrange os
usos industriais de refrigeração e águas de processo
para utilização em caldeiras etc76.
O reúso macrointerno na mineração ocorre pela re-
circulação da água ou do efluente líquido proveniente
de um processo, tratado ou não, que é reutilizado no
mesmo ou pelo reúso em processo diferente do gerador.
Para melhor entendimento desse conceito, apresentam-
-se de forma esquemática processos sem e com reutili-
zação de água, distinguindo os conceitos do reúso e da
recirculação (figura 24).
90
FIGURA 24 – Desenho esquemático de suprimento de água sem e com reúso65
Processo 1
Mananciais Superficiais Descartes de
ou Subterrâneos Efluentes
Processo 2
b. com reúso
Descartes de
Processo 1
Efluentes
reúso
Mananciais Superficiais
Processo 2
ou Subterrâneos
c. com recirculação
recirculação
Processo 1
Mananciais Superficiais
ou Subterrâneos
Descartes de
Processo 2
Efluentes
Descartes de
Processo 1
Efluentes
reúso
Mananciais Superficiais
Processo 2
ou Subterrâneos
91
com uso de água, é a barragem de rejeitos. Essa recebe
os rejeitos da usina de beneficiamento, que, por meio
de sedimentação, parte da água fica aprisionada nos in-
terstícios do rejeito, parte é liberada e recuperada por
meio de sistema de bombeamento como água de reúso
para a usina de beneficiamento, e parte se perde por
evaporação, infiltração e percolação.
Em exemplo distinto ao apresentado para o setor
da mineração, foi identificada uma aplicação de água
para reúso numa usina de energia na Austrália. A usina
de carvão Eraring Power Station84 utiliza água de reúso
proveniente da estação de tratamento de efluentes sani-
tários de Dora Creek. Esse empreendimento está locali-
zado na cidade do Lago Macquarie em New South Wales.
O propósito inicial da estação de tratamento de
efluentes sanitários Dora Creek foi tratar o esgoto de
uma população de aproximadamente 24 mil habitantes.
Após auditoria na Eraring Power Station foi identifica-
da a oportunidade de transferir o efluente tratado na
ETE Dora Ckeek, que era descartado no Oceano Pacífi-
co, para o empreendimento. Com essa transferência, se
promoveria a redução de 53% do uso de água doce, que
equivale a 4,2 milhões de litros/dia.
Assim, foram executadas as obras do emissário
para conduzir a água para a usina de carvão e suprir
as demandas das caldeiras de alta pressão. Para tanto,
antes de ser reutilizada, a água passa por processo de
filtragem e purificação combinada com microfiltragem e
92
osmose reversa. O modelo dessa iniciativa85 inclui um
contrato entre a Eraring Power Station como usuária e
a Hunter Water Corporation como fornecedora de água
tratada. O contrato estabelece como meta uma entrega
de 5,2 milhões de litros/dia.
Em 2017, um trabalho desenvolvido pelo Ministé-
rio das Cidades e Instituto Interamericano de Coopera-
ção para a Agricultura inventariou, de forma preliminar,
20 projetos de água de reúso proveniente de efluentes
sanitários, mas nenhum referente à mineração. O pri-
meiro iniciou suas operações no ano de 1998, denomi-
nado Projeto de Reúso da ETE Jesus Netto, localizado
em São Paulo. O objetivo foi o reúso não potável para
fins urbanos de algumas indústrias abastecidas pela
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo (SABESP), prefeituras e serviços internos da pró-
pria SABESP86.
Como projeto de grande porte em operação foi iden-
tificado o Aquapolo, situado no bairro de Heliópolis, em
São Paulo, que, a partir do esgoto tratado na ETE ABC
e associado a um tratamento complementar, tem capa-
cidade de produção de 1.000 L/s de água para reúso no
Polo Petroquímico de Capuava e indústrias da região do
ABC Paulista, totalizando 14 plantas industriais. Esse
empreendimento foi fruto de uma Parceria Público-pri-
vada (PPP) e sua operação iniciou em 2012. O contrato
do Aquapolo tem duração de 41 anos, no formato de
locação de ativos86.
93
Por meio de biorreatores de membrana (membra-
ne bio reactor - MBR) e osmose reversa, tratamento de
nível terciário, o Aquapolo produz água que atende aos
parâmetros de qualidade, principalmente, das deman-
das das torres de resfriamento do Polo Petroquímico de
Capuava.
O maior cliente entre as empresas usuárias é a
Braskem, a qual tem obrigação de comprar no mínimo
381 L/s (40% da capacidade de produção do Aquapolo).
A Sociedade de Propósito Específico (SPE) tem obrigação
de fornecer até 650 L/s de água.
No Aquapolo os preços são fixos, podendo reduzir-
-se à medida que o volume demandado alcance o máxi-
mo contratual. Com isso as receitas são estáveis e pre-
visíveis desde que a SPE cumpra com seus requisitos de
quantidade e qualidade. Quanto ao risco de a SPE não
cumprir com o fornecimento em quantidade, a probabi-
lidade é muito baixa, pois são coletados volumes entre
1.400 L/s e 1.500 L/s, mais que o dobro do máximo de
contrato (650 L/s).
Entretanto, é preciso assegurar a operação dos sis-
temas de bombeamento e condução da água de reúso ao
cliente final. Para o requisito qualidade, foram definidos
limites máximos de entrada e saída no Aquapolo, apre-
sentados no quadro 1.
94
QUADRO 1 – P
arâmetros de qualidade exigidos pelo polo petroquímico -
água de reúso86
Contratos Clientes
Efluente Valores
Efluente
Parâmetros secundário médios
EPAI
da ETE de água
Aquapolo
ABC para reúso
(Saída)
(Entrada) Aquapolo
Alumínio (mg/L) 0.2 0.2 0.03
Cobre (mg/L) 0.1 0.1 0.008
Ferro (mg/L) 1.5 0.3 0.14
Manganês (mg/L) 0.2 0.2 0.02
DBO (mg/L) 30 10 <3
DQO (mg/L) 100 20 10.3
Nitrogênio amoniacal
20 1 < 0.11
(mg/L)
Fósforo (mg/L) 5 0.5 0.2
Sólidos em suspensão
40 <5 <5
(mg/L)
Fenóis (mg/L) 0.13 0.13 0.002
Surfactantes (mg/L) 5.1 1 0.22
Óleos e graxas (mg/L) 10 <5 <5
Dureza (mg/L) 100 100 76.5
Sílica (mg/L) 20 20 5.2
Sulfetos (mg/L) 0.9 0.1 < 0.05
Turbidez (NTU) 15 1 0.16
Condutividade (us/cm) 650 600 600
pH 05/set 6.5 - 7.5 6.66
Dióxido de cloro
– > 0.2 0.5
residual (mg/L)
95
Para atender o parâmetro de condutividade igual
a 600 μS/cm (micro-Siemens por centímetro) exigi-
do no contrato, parte do efluente que sai no reator de
MBR passa pela planta de osmose reversa para redução
da quantidade de sais e, posteriormente, se junta ao
efluente do reator de MBR a fim de diluir a concentração
de sais e obter a requerida qualidade da água para o uso
pretendido.
Para verificar se os padrões de qualidade estão
sendo cumpridos, é monitorado de forma contínua ou
amostral, a depender do parâmetro, e, por meio dos re-
sultados analíticos, faz-se a caracterização.
As penalidades contratuais são86:
• Redução da tarifa paga pelos efluentes, caso a SA-
BESP os entregue após tratamento ao Aquapolo abai-
xo da qualidade definida em contrato;
• Em caso de inadimplência pela Braskem num período
superior a 30 dias, o Aquapolo pode suspender o for-
necimento de água para reúso.
Não há no Brasil instrumento legal mandatório, à
exceção da Resolução 54 do Conselho Nacional de Re-
cursos Hídricos (CNRH), que especifique as diferentes
modalidades e seus respectivos padrões de qualidade de
água de reúso87. Mas o reúso já é uma realidade no país,
nos estados e municípios, e seus respectivos órgãos e
conselhos já apresentam diversas legislações, delibera-
ções, entre outros sobre o tema.
96
Os principais documentos referentes à água para
reúso não potável estão apresentados no Quadro 2 em
ordem cronológica. O Brasil está seguindo o mesmo for-
mato de evolução da regulação que ocorreu no mundo.
Primeiro são estabelecidas as regulações e posterior-
mente são lançados os guias para orientar as práticas
de reúso de forma segura.
Ano Descrição
Norma NBR 13.969/1997
Estabelece procedimentos técnicos para o projeto, a
construção e a operação de unidades de tratamento
complementar e disposição final dos efluentes líquidos
1997 de tanque séptico dentro do sistema de tanque séptico
para o tratamento local de esgotos. Inclui o reúso de água
como uma alternativa para redução dos volumes a serem
descartados no meio ambiente.
Âmbito: federal
Resolução 54/2005
Estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para
2005 a prática de reúso direto não potável de água e dá outras
providências.
Âmbito: federal
Decreto 47.731/2006
Regulamenta o Programa Municipal de Conservação e
2006 Uso Racional da Água e Reúso em Edificações, instituído
pela Lei 14.018, de 28 de junho de 2005.
Âmbito: município de São Paulo (SP)
Lei Federal 11.445/2007
Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento bá-
sico; cria o Comitê Interministerial de Saneamento Bá-
sico; altera as Leis 6.766, de 19 de dezembro de 1979,
2007
8.666, de 21 de junho de 1993, e 8.987, de 13 de feverei-
ro de 1995; e revoga a Lei 6.528, de 11 de maio de 1978.
(Redação pela Lei 14.026, de 2020).
Âmbito: federal
97
Ano Descrição
Lei 14.934/2009
Autoriza o Poder Executivo a celebrar contratos, convê-
nios ou quaisquer outros tipos de ajustes necessários,
inclusive convênio de cooperação e contrato de progra-
ma, com o Estado de São Paulo, a Agência Reguladora
2009
de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo e a
SABESP, para as finalidades e nas condições que especi-
fica; cria o Fundo Municipal de Saneamento Ambiental e
Infraestrutura; e dá outras providências.
Âmbito: município de São Paulo (SP)
Resolução 121/2010
Estabelece diretrizes e critérios para a prática de reú-
so direto não potável de água na modalidade agrícola e
2010
florestal, definida na Resolução CNRH no 54, de 28 de
novembro de 2005.
Âmbito: federal
Deliberação 156/2013
Revogada pela Deliberação CRH n0 204/2017.
Estabelece diretrizes para o reúso direto de água não po-
2013 tável, proveniente de ETEs de sistemas públicos para fins
urbanos e dá outras providências no âmbito do Sistema
Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Âmbito: federal
Resolução Conjunta SVDS/SMS 09/2014
Estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para
o reúso direto não potável de água, proveniente de ETEs
2014
de sistemas públicos para fins de usos múltiplos no mu-
nicípio de Campinas.
Âmbito: município de Campinas (SP)
Lei 16.174/2015
Estabelece regramento e medidas para fomento ao reúso
de água para aplicações não potáveis, oriundas do poli-
mento do efluente final do tratamento de esgoto, da recu-
2015 peração de água de chuva, da drenagem de recintos sub-
terrâneos e do rebaixamento de lençol freático, e revoga
a Lei Municipal 13.309/2002 no âmbito do Município de
São Paulo e dá outras providências.
Âmbito: município de São Paulo (SP)
98
Ano Descrição
Lei 16.172/2015
Proíbe a lavagem de calçadas com água tratada ou potá-
2015 vel e fornecida por meio da rede da SABESP que abastece
o Município de São Paulo, e dá outras providências.
Âmbito: município de São Paulo (SP)
Lei 16.033/2016
Dispõe sobre a Política de Reúso de Água Não Potável no
2016
âmbito do Estado do Ceará.
Âmbito: Estado do Ceará
Lei 16.103/2016
Cria a tarifa de contingência pelo uso dos recursos hídri-
2016
cos em período de situação crítica de escassez hídrica.
Âmbito: Estado do Ceará
Projeto de Lei 58/2016
Tramitação encerrada, arquivado.
Disciplina o abastecimento de água por fontes alterna-
tivas e altera as Leis 11.445, de 5 de janeiro de 2007,
que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento
básico; 10.257, de 10 de julho de 2001, que regulamenta
2016 os arts. 182 e 183 da Constituição Federal e estabelece
diretrizes gerais da política urbana; 9.605, de 12 de feve-
reiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e ad-
ministrativas derivadas de condutas e atividades lesivas
ao meio ambiente; e 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que
institui a Política Nacional de Recursos Hídricos.
Âmbito: federal
Lei 10.487/2016
Dispõe sobre a prática do reúso de efluentes das ETEs
2016
para fins industriais.
Âmbito: Estado do Espírito Santo
Lei 7.424/2016
Fica obrigada a utilização de água de reúso pelos órgãos
integrantes da administração pública estadual direta,
das autarquias, das fundações instituídas ou mantidas
2016 pelo poder público, das empresas em cujo capital o Esta-
do do Rio de Janeiro tenha participação, bem como pelas
demais entidades por ele controladas direta ou indireta-
mente.
Âmbito: Estado do Rio de Janeiro
99
Ano Descrição
Lei 6.616/2016
Institui, no município de Caxias do Sul, o programa mu-
2016
nicipal de conservação, reúso e uso racional da água.
Âmbito: município de Caxias do Sul (RS)
Resolução COEMA 2 DE 02/02/2017
Dispõe sobre padrões e condições para lançamento de
efluentes líquidos gerados por fontes poluidoras, revoga
2017 as Portarias SEMACE 154, de 22 de julho de 2002, e 111,
de 5 de abril de 2011, e altera a Portaria SEMACE 151, de
25 de novembro de 2002.
Âmbito: Estado do Ceará
Resolução Conjunta SES/SMA/SSRH 1/2017
Disciplina o reúso direto não potável de água para fins
2017 urbanos proveniente de estações de tratamento de esgoto
sanitário e dá providências correlatas.
Âmbito: Estado de São Paulo
Instrução Técnica DPO (DAEE) 13/2017
Regulamenta a Deliberação 156, de 11/12/2013, do
Conselho Estadual de Recursos Hídricos e indica as exi-
gências do Departamento de Águas e Energia Elétrica,
para obtenção da Declaração sobre Viabilidade de Im-
2017
plantação de empreendimentos e da outorga de direito de
uso de recursos hídricos pelo produtor de água de reúso
direto, não potável, proveniente de Estações de Trata-
mento de Esgoto Sanitário de Sistemas Públicos.
Âmbito: Estado de São Paulo
Projeto de Lei 8.277/2017
Em tramitação.
Dispõe sobre o reúso de água para fins não potáveis em
2017
novas edificações públicas federais e privadas residen-
ciais, comerciais e industriais, e dá outras providências.
Âmbito: federal
Lei 7.599/2017
Dispõe sobre a obrigatoriedade de indústrias situadas no
2017 Estado do Rio de Janeiro instalarem equipamentos de
tratamento e reutilização de água.
Âmbito: Estado do Rio de Janeiro
100
Ano Descrição
Confederação Nacional da Indústria (CNI); Federação
2017 das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP)
Publicação: o uso racional da água no setor industrial.
Confederação Nacional da Indústria (CNI)
Publicação: Reúso de efluentes: metodologia para análise
2017
do potencial do uso de efluentes tratados para abasteci-
mento industrial.
Projeto de Lei 10.108-A/2018
Em tramitação.
Altera as leis 11.445, de 5 de janeiro de 2007 (Lei do Sa-
neamento Básico), 10.257, de 10 de julho de 2001 (Esta-
tuto da Cidade), e 9.433, de 8 de janeiro de 1997 (Lei das
2018 Águas), para instituir normas sobre o abastecimento de
água por fontes alternativas, tendo parecer da Comissão
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável pela
aprovação deste.
(relator: DEP. SARNEY FILHO).
Âmbito: federal
Programa de Desenvolvimento do Setor Água - Inte-
ráguas
Elaboração de proposta do plano de ações para instituir
2018
uma Política de Reúso de Efluente Sanitário Tratado no
Brasil.
Âmbito: federal
Norma NBR 16.783/2019
Uso de fontes alternativas de água não potável em edifi-
2019
cações.
Âmbito: federal
Confederação Nacional da Indústria (CNI)
Publicação: Reúso de efluentes para abastecimento in-
2019
dustrial: avaliação da oferta e da demanda no Estado da
Paraíba.
Projeto de Lei 2451/2020
Em tramitação.
Dispõe sobre o reúso de água para fins não potáveis em
2020
novas edificações públicas federais e privadas residen-
ciais, comerciais e industriais, e dá outras providências.
Âmbito: federal
101
Ano Descrição
Lei 14.026/2020
Atualiza o Marco Legal do Saneamento Básico e altera a
Lei 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à ANA
2020
competência para editar normas de referência sobre o
serviço de saneamento.
Âmbito: federal
DN CERH-MG 65/2020
Estabelece diretrizes, modalidades e procedimentos para
2020 o reúso direto de água não potável proveniente de ETEs
de sistemas públicos e privados e dá outras providências.
Âmbito: Estado de Minas Gerais
Lei 17.383/2021
Dispõe sobre a criação de unidades regionais de sane-
amento básico, com fundamento nos artigos 2º, inciso
2021
XIV, e 3º, inciso VI, alínea “b”, da Lei Federal 11.445, de
5 de janeiro de 2007, e dá providências correlatas.
Âmbito: Estado de São Paulo
Secretaria do Estado do Ambiente e Sustentabilidade
Publicação: Panorama geral das oportunidades de reúso
2022 para fins industriais no Estado do Rio de Janeiro a partir
dos efluentes de estações de tratamento de esgotos.
Âmbito: Estado do Rio de Janeiro
Proposta Resolução S/N/2022
Estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para
2022
a prática de reúso direto não potável de água e dá outras
providências.
102
para otimizar os usos decorrentes do aumento da de-
manda pelo crescimento demográfico. Foram defini-
das quatro classes e respectivos padrões de qualidade
da água para reúso não potável, bem como orientação
sobre o nível de tratamento necessário;
2. Diversas leis estaduais e municipais sobre água para
reúso foram publicadas, incluindo de caráter restriti-
vo. O município de São Paulo (Lei nº 16.172/2015)89
proibiu o uso de água tratada ou potável fornecida
pela SABESP para lavagem de calçadas. O Ceará, pela
Lei nº 16.103/2016)90, instituiu a tarifa de contingên-
cia pelo uso dos recursos hídricos em períodos de es-
cassez hídrica. O Rio de Janeiro (Lei nº 7.599/2017)91
determina que as indústrias são obrigadas a instala-
rem sistemas de tratamento e reutilização de água.
Quanto à definição de parâmetros de qualidade
para o reúso não potável, em 2017 ainda foram publica-
das duas resoluções:
1. Resolução Conjunta SES/SMA/SSRH 1/2017, que
disciplina o reúso direto não potável de água para fins
urbanos proveniente de Estações de Tratamento de
Esgoto Sanitário e dá providências correlatas92;
2. Resolução COEMA 2 de 02/02/2017, que dispõe so-
bre padrões e condições para lançamento de efluen-
tes líquidos gerados por fontes poluidoras93.
103
Ainda em 2017 são publicados dois documentos
específicos para o reúso de água na indústria:
1. “O uso racional de água no setor industrial”, elabora-
do pela FIESP e pela CNI. Esse documento aborda um
conjunto de informações direcionando o uso eficiente
e as boas práticas da água de reúso nas indústrias94;
2. “Reúso de efluentes: metodologia para análise do po-
tencial do uso de efluentes tratados para abasteci-
mento industrial”95, elaborado pela CNI. Esse docu-
mento apresenta uma metodologia para análise do
potencial da água de reúso de efluentes sanitários.
O objetivo é indicar o reúso de efluentes sanitários
como fonte alternativa e solução de suprimento para
as demandas de água do setor industrial, principal-
mente em zonas de estresse hídrico.
O Programa de Desenvolvimento do Setor Água (In-
teráguas) nasceu em 2012 por meio de um acordo entre
o governo brasileiro e o Banco Mundial. O objetivo prin-
cipal foi propor planos de ações para a instituição da
água de reúso de estações de tratamento de efluentes
sanitários. Seu legado foi a elaboração de documentos
que trataram das experiências nacional e internacio-
nal do reúso, da definição de padrões de qualidade e da
avaliação do potencial do reúso no Brasil. Também são
apresentados possíveis modelos de financiamento e, por
fim, o plano de ação para criação de uma política da
água para reúso proveniente de estações de tratamento
104
de efluentes sanitários no Brasil. O Interáguas produziu
seis documentos, sendo o primeiro publicado em 2016
e o último em 2018.
Em 2019, foi publicada a NBR 16.78396, que orien-
ta sobre caracterização, dimensionamento, uso, opera-
ção e manutenção de sistemas de fontes alternativas de
água não potável em edificações. Também foram defini-
dos o rol de parâmetros e os respectivos limites a serem
atendidos para aplicações de usos não potáveis.
Em 2020, foi atualizada a lei federal do marco legal
do saneamento - Lei 14.02668. Nela foi determinada que
a água para reúso de estações de tratamento de efluen-
tes sanitários seja incorporada ao esgotamento sanitá-
rio. Nas metas foi incluído o reúso na expansão dos ser-
viços de saneamento, bem como na geração de receitas
entre contratante e contratado.
Ainda em 2020 foi publicada a Deliberação Nor-
mativa (DN) nº 65 do Conselho Estadual de Recursos
Hídricos de Minas Gerais, que estabelece diretrizes, mo-
dalidades e procedimentos para o reúso direto de água
não potável proveniente de ETE69. Como pontos positi-
vos, a DN 65 instrui o processo de cadastro e autoriza-
ção do reúso no Estado de Minas Gerais, determina os
padrões de qualidade mínimos a serem obedecidos, e dá
autonomia e responsabilidade à indústria para definir o
padrão de qualidade da água para reúso a ser utilizada
nos seus processos internos, desde que atenda às nor-
mas de segurança do trabalho. Ela representa um avan-
105
ço da legislação de reúso de água proveniente da ETE e
um incentivo do governo do Estado para que a prática
de reúso torne-se realidade em Minas Gerais.
Em Minas Gerais97, há um potencial instalado para
produzir água de reúso a partir de estações de efluen-
tes sanitários numa vazão da ordem de 13 m3/s, com
um cenário promissor para o futuro, podendo alcançar
uma produção na ordem de 12% da demanda do Es-
tado. Para tanto, é preciso que as metas estabelecidas
no novo marco legal do saneamento (Lei 14.026/2020)68
sejam cumpridas. Porém, recomenda-se que, para via-
bilizar empreendimentos produtores de água de reúso,
melhorias nas estações de tratamento de efluentes sa-
nitários sejam implementadas para a remoção de pató-
genos.
Diante desse contexto, verifica-se que algumas eta-
pas sobre as práticas de água para reúso não potável
proveniente de estações de tratamento de efluentes sa-
nitários foram cumpridas. Entretanto, é fundamental
avançar nas políticas públicas para institucionalizá-las
e fomentá-las. É responsabilidade do poder público ser
protagonista junto ao setor industrial e demonstrar que
tais ações são seguras e confiáveis mesmo em eventos
de crise hídrica, permitindo a manutenção da atividade
produtiva e até mesmo sua ampliação91.
A mineração apresenta muitos destes usos como des-
monte hidráulico, aspersão de vias para controle de emis-
são de particulados, lavagem de equipamentos e transpor-
106
te de materiais e lavagem do minério, podendo, portanto,
fazer uso dos padrões de qualidade já estabelecidos.
Definidas as atividades, o próximo passo é verificar
quais são os padrões de qualidade da água para reúso não
potável. Por meio de pesquisa foram compilados valores
para atividades industriais com base em referências na-
cionais e internacionais.
A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Uni-
dos (US EPA)98 recomenda cuidados e proteção à saú-
de pública para as atividades supridas com água para
reúso não potável, pois, como não necessita alcançar
padrões de qualidade para o uso potável, oferece riscos
aos usuários. Outros cuidados que devem ser atendidos
são a limitação da exposição por contato, inalação ou
ingestão, e o emprego de profissionais com treinamento
e equipamentos de proteção individual adequados.
Além dos cuidados com a saúde, os requisitos de
qualidade de água devem ser condizentes com a reque-
rida ao uso pretendido de forma a não prejudicar a per-
formance produtiva como também não danificar ou re-
duzir a vida útil dos equipamentos.
Diante desse contexto, apresentam-se a seguir al-
guns parâmetros que precisam de atenção afim de evi-
tar rejeição e problemas associados:
• Alumínio: aumento da turbidez ou descoloração da
água;
• Coliformes termotolerantes: risco à saúde;
107
• Cor: rejeição ou “yuck factor”, que pode ser traduzido
para “fator eca”, que é a repugnância ou a não aceita-
ção de produtos produzidos com água de reúso;
• PH, condutividade, alcalinidade, cálcio, sólidos
suspensos, turbidez, Demanda Química de Oxigê-
nio (DQO) e cloretos: incrustação, corrosão, deposi-
ção e contaminação microbiológica;
• Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO): efeitos es-
teticamente desagradáveis, como mau cheiro e cor,
além de servirem de alimento para os microrganismos;
• Ferro, sílica, dureza: mancha em equipamentos,
obstrução, incrustações, corrosão metálica e lama or-
gânica ou slime;
• Nitrogênio amoniacal, nitrito, nitrato e fósforo:
ocorrência de crescimento biológico, que pode ocasio-
nar depósitos de biofilmes indesejáveis e, com isso,
interferir na transferência de calor e causar a corro-
são induzida microbiologicamente. O biofilme pode
também obstruir os bicos de distribuição de água/
sprays. Presença de amônia ocasiona corrosão de li-
gas baseadas em cobre.
Na análise para definição dos padrões de qualidade
da água para reúso nas atividades industriais, verificou-
-se que não há uma homogeneidade quanto a quais ativi-
dades são consideradas de uso industrial. Com isso, não
é possível estabelecer critérios que atendam aos diversos
108
tipos de indústria e às diversas etapas do processo pro-
dutivo. Cada indústria possui características peculiares
que variam com o tipo e a etapa do processo produtivo,
e que, ainda, para um mesmo tipo, variam de indústria
para indústria. Logo, determinar os limites dos parâme-
tros quali-quantitativos requeridos da água para reúso é
uma tarefa complexa e onerosa, e particular a cada in-
dústria.
Por outro lado, foi possível identificar usos co-
muns às indústrias com parâmetros de reúso já esta-
belecidos, como as águas de utilidades. Estas podem
ser definidas como aquelas utilizadas em atividades
auxiliares aos processos industriais, sem serem par-
te ou entrarem em contato direto com os produtos fi-
nais produzidos95. Um exemplo é a água utilizada como
fluido de resfriamento e para sistemas de geração de
vapor, consideradas atividades comuns à maioria das
indústrias, além de serem as maiores consumidoras
de água cujas características de qualidade independem
do tipo de indústria95.
109
mento econômico, são observadas técnicas de otimiza-
ção e reúso mais avançadas.
Em contraponto, principalmente pela cultura na
maior parte do Brasil de que a água é abundante e cabe
à natureza fornecê-la para os diversos usos, resulta-se
no entendimento de que água não tem custo ou valor.
Assim fica o dilema, qual valor deve ser pago para o uso
da água?
Se essas questões ainda não estão bem resolvidas,
fica mais difícil impor valores à água para reúso. Pri-
meiro é preciso que o usuário entenda que água para
reúso é recurso e, dependendo do seu tratamento, sua
qualidade pode ser superior às captadas nos manan-
ciais.
No quadro 3 são indicados oito fatores inovadores
para o modelo de negócio da água para reúso, a saber77:
Fatores Justificativa
Órgão gestor responsável por
Criar estrutura de agência de
determinar diretrizes, normas e
reúso
regulamentos.
Estabelecer processos de plane- Identificar para qual setor na
jamento de reúso não potável, área de abrangência faz sentido
incluindo avaliações de mercado a aplicação do reúso.
Definir requisitos legais e res-
ponsabilidades associadas aos Dar segurança às partes envol-
direitos da água para reúso e vidas.
seus serviços
110
Fatores Justificativa
Não se limitar aos custos e be-
nefícios com a implantação da
estação de tratamento e a oferta
Analisar custos e benefícios de
de água de forma contínua. Por
forma ampla
exemplo, incluir na avaliação os
benefícios de segurança hídrica
para o processo produtivo.
Buscar estratégias em que o
Verificar a viabilidade financei-
preço seja um atrativo e não
ra e as estratégias de preços
uma restrição.
Cumprir as exigências e diretri- Dar segurança às partes envol-
zes regulamentares vidas.
Fomentar programas de educa- Eliminar a rejeição da prática
ção ambiental e participação da de reúso da água proveniente
sociedade de estações de esgoto.
Fomentar programas de acre-
Promover estratégias de marke-
ditação para obtenção do reco-
ting para o crescimento da água
nhecimento de práticas susten-
para reúso
táveis.
111
modelo de negócio para reúso de água proveniente de es-
tações de tratamento de esgoto para a indústria. Indica
também a necessidade de definir a governança para que
essa prática seja segura para as partes interessadas –
produtor, distribuidor, usuário e órgãos competentes. É
fundamental compreender as expectativas de todos para
estabelecer um modelo de negócio.
Estudo de caso
O município de Itabira está localizado no Estado de
Minas Gerais99 e possui uma população total de 121.717
habitantes, área de 1.253,704 km² e densidade popula-
cional de 87,57 hab/km².
Cabe destacar que, por meio da legislação vigente,
Itabira100 possui política e plano de saneamento básico,
sendo a primeira criada em 2016. O Serviço Autônomo
de Água e Esgoto (SAAE Itabira) é a autarquia responsá-
vel pelo sistema de abastecimento de água e pelo esgota-
mento sanitário do município e seus distritos. O índice
de esgotamento sanitário é de 92%99.
O Córrego Água Santa, afluente do Rio do Peixe na
bacia do Rio Santo Antônio, atravessa a cidade de Ita-
bira (figura 25). Por sua vez, o município está inserido
nas bacias hidrográficas dos rios Santo Antônio e Pira-
cicaba, ambas tributárias da Bacia Hidrográfica do Rio
Doce.
112
FIGURA 25 – Localização da cidade de Itabira e das barragens do estudo101
Barragem Santana
Barragem
Conceição Barragem Pontal
Barragem Itabiuçu
113
explorar, comercializar, transportar e exportar minérios
de ferro do Complexo de Itabira, em Minas Gerais, até o
porto de Vitória, localizado no Estado do Espírito Santo,
por meio da Estrada de Ferro Vitória a Minas. As minas
de ferro de Itabira fazem parte do Quadrilátero Ferrífero
e estão localizadas cerca de 100 km de Belo Horizonte.
Suas operações iniciaram em 1957.
A área total do empreendimento em Itabira é de
9.135 hectares, contém três minas, três plantas de be-
neficiamento, pilhas de estéril, barragens de contenção
de sedimentos e de rejeitos, prédio administrativo, entre
outras instalações.
Somente duas das três minas do Complexo de Ita-
bira estão em operação, a do Meio e a Conceição. A Cauê
não possui mais atividade de lavra e atualmente opera
como um reservatório de armazenamento e distribuição
de água para as atividades industriais.
Os principais usos de água no Complexo de Ita-
bira são: beneficiamento do minério, aspersão de vias,
umectação dos pátios de estocagem de minério, ofici-
nas, setores administrativos, e rebaixamento do lençol
freático para as atividades de lavra do minério.
Além desses usos, a Vale tem como condicionan-
te legal disponibilizar 160 L/s para o SAAE de Itabira,
a fim de complementar a demanda de água da cidade.
Para atendimento desses usos são captados volumes de
águas superficiais e subterrâneas, considerando o limite
máximo outorgado de 1.102 L/s, sendo 441 L/s referen-
114
te às captações superficiais, 614 L/s para rebaixamento
do nível de água subterrânea e 47 L/s de captação de
água subterrânea para abastecimento conforme porta-
rias de outorgas deferidas pelo IGAM104. Cabe destacar
que parte da outorga de rebaixamento é restituída aos
cursos de água do entorno das atividades de lavra.
De forma a otimizar as captações dos mananciais
superficiais e subterrâneos, a unidade possui sistemas
de reúso macrointerno, que são constituídos por bar-
ragens de rejeitos e sistemas internos das plantas de
beneficiamento (espessadores e reservatórios).
Os volumes totais captados em 2021 pelo Complexo
de Itabira para suprimento dos usos industriais, comple-
mento do suprimento de água da cidade de Itabira e volu-
mes disponibilizados ao meio ambiente foi de 2.202 L/s.
A demanda total para suprir os usos de água das
atividades do Complexo de Itabira e a soma das parcelas
das captações nos mananciais e sistemas de reutilização
foram de 1.820 L/s diários em 2021, sendo 173,5 L/s
captados dos mananciais superficiais; 45,1 L/s dos ma-
nanciais subterrâneos e 1.601 L/s na barragem de rejei-
tos (sistema de reutilização).
A maior parcela captada na barragem de rejeitos
é água recuperada da polpa de rejeitos, provenientes
dos descartes da usina de beneficiamento, um total de
1.820 L/s. A taxa de reutilização em 2021 foi de 88%.
Do total captado em mananciais superficiais e subter-
râneos (218,6 L/s), 212 L/s são direcionados para o su-
115
primento das atividades industriais e 6,6 L/s são para
usos potáveis (consumo humano e higienização). Assim,
considerando os resultados do balanço hídrico da Vale,
em 2021, observa-se que há uma oportunidade de subs-
tituir parte das captações dos mananciais superficiais e
subterrâneos (um total de 212 L/s) por água para reúso
proveniente da ETE Laboreaux.
Além dos usos para as atividades do Complexo de
Itabira, a Vale possui um compromisso com a cidade de
Itabira de complementar o abastecimento de água do
município. Em 2021, foram direcionados para o SAAE a
vazão média diária de 148,8 L/s.
Por fim foram retornados ao meio ambiente 14,6
L/s referentes ao excedente dos volumes explotados do
rebaixamento do nível do lençol de água. Essa ativida-
de é necessária para drenar a água a fim de liberar as
frentes de lavra de minério das minas Conceição e do
Meio.
O macrofluxograma simplificado com os volumes
médios diários captados em 2021 para suprir as deman-
das de água do Complexo de Itabira, do SAAE e da de-
volução ao meio ambiente pode ser visualizado na figura
26. Ressalta-se que o objetivo deste fluxograma é quan-
tificar as demandas de todas as atividades do Complexo
de Itabira. Não foi objeto detalhar as perdas nos fluxos
apresentados.
116
FIGURA 26 – Fluxograma de captações, manejo e saídas do Complexo de
Itabira67
173,5 212
6,6 5,3
14,6 14,6
Água subterrânea
Meio ambiente
LEGENDA
Captações, manejo e saídas exclusivos para o Completo Itabira Água nova - outras águas gerenciadas
Água nova para usos operacionais Descartes e perdas
117
A Vale105 tem como compromisso:
• Implantar o monitoramento integrado, quantitativo e
qualitativo dos recursos hídricos, tendo como referên-
cia de gestão a bacia hidrográfica;
• Manter os balanços hídricos atualizados;
• Reduzir o uso da água e a geração de efluentes nas uni-
dades operacionais por meio do processo de redução,
recirculação ou reúso, principalmente em regiões de
estresse hídrico, observando que a prioridade de uso é
para o consumo humano e a dessedentação de animais;
• Reduzir e/ou eliminar as perdas (evaporação, água
retida nos rejeitos, vazamentos, entre outras); e
• Mapear e gerir os riscos e impactos relacionados aos
recursos hídricos, tendo como referência de gestão a
bacia hidrográfica e as áreas marinhas onde a Vale
opera.
Esses compromissos são desdobrados em metas
para as unidades operacionais da Vale S.A. Dessa for-
ma, buscar fontes alternativas para atendimento das
demandas de água para o Complexo de Itabira está em
linha com o compromisso da empresa de reduzir o con-
sumo de água como medida de segurança do processo
produtivo, além de ser um legado ambiental e social
que coopera com o Objetivo de Desenvolvimento Sus-
tentável (ODS) 6. A busca por fontes alternativas de
abastecimento apresenta-se como solução sustentável
para minimizar os conflitos pelo uso da água. Como
118
oportunidade, a ETE Laboreaux pode ser uma das al-
ternativas ao fornecimento de água de reúso ao Com-
plexo de Itabira.
Localizada no município de Itabira, Minas Gerais, a
ETE Laboreaux é operada pelo SAAE de Itabira. O princi-
pal objetivo dela é a remoção de sólidos em suspensão e
estabilização da matéria orgânica dos esgotos sanitários.
A ETE é composta por um sistema de tratamento em nível
secundário com capacidade de 170 L/s, podendo atender
até 60.000 habitantes106. Entretanto, segundo Matoso106,
a ETE ainda não alcançou a capacidade máxima de tra-
tamento e os volumes médios variaram de 70 L/s a 110
L/s no ano 2019. Ainda referente à capacidade de tra-
tamento, conforme o Sistema Nacional de Informações
sobre Saneamento (SNIS)107, foram coletados 163 L/s e
tratados 73 L/s pelo SAAE de Itabira no ano 2020.
O processo da ETE Laboreaux inicia com o trata-
mento preliminar por gradeamento de sólidos grossei-
ros, seguido pelos finos. Por meio de bombeamento da
elevatória 01, o efluente é encaminhado para o desare-
nador para retirar a areia. Após a retirada dos sólidos,
o líquido continua o percurso e passa por uma calha
parshall onde são registrados os volumes que serão tra-
tados. Novamente o líquido é bombeado pela elevatória
02 para o tratamento biológico anaeróbio - reator UASB
(Upflow Anaerobic Sludge Blanket) e filtro percolador.
Por último, é encaminhado para os decantadores e o
efluente tratado é descartado no Ribeirão do Peixe108.
119
O monitoramento dos efluentes bruto e tratado tem
frequência semanal e os parâmetros são: demanda bio-
química de oxigênio (DBO), demanda química de oxi-
gênio (DQO), coliformes termotolerantes (ou Escherichia
coli), pH, sólidos sedimentáveis (SS), sólidos suspensos
totais (SST), óleos vegetais e gorduras animais e con-
dutividade elétrica109. Os resultados, valores médios do
ano 2017, para o rol de parâmetros do monitoramento
de qualidade do efluente final da ETE Laboreaux estão
apresentados no quadro 4.
120
Nos itens anteriores foram apresentados os volumes
médios diários de água demandados pelas atividades do
Complexo de Itabira para usos não potáveis (212 L/s,
ano 2021). Já a vazão média diária dos efluentes tratados
da ETE Laboreaux esteve entre 70 L/s e 110 L/s.
Dessa forma, a demanda de água para usos não
potáveis das atividades do Complexo de Itabira supera
a oferta da ETE Laboreaux. Isso é positivo para o SAAE,
pois terá garantia de receita perene, pois a demanda do
Complexo de Itabira pela água de reúso é superior à ca-
pacidade de sua produção.
O Sistema de Barragens Pontal foi concebido para
o aporte dos rejeitos da planta de beneficiamento do mi-
nério da Usina Cauê e recuperação de água ao proces-
so. Esse foi constituído com um barramento principal e
diques internos, propiciando uma forma otimizada no
manejo de água e rejeitos dos reservatórios.
No presente estudo, os barramentos de interesse
são os diques Principal e 6:
• Dique Principal: barragem de rejeitos. Atualmente
não recebe mais os rejeitos da Usina de Cauê, devido
a sua capacidade ter esgotado;
• Dique 6: barragem de armazenamento de água. Nes-
sa não há disposição de rejeitos.
A Mina Cauê está exaurida e sem atividades de lavra.
Atualmente recebe os rejeitos da Usina de Cauê e aportes
de água do sistema de barragens Pontal e dos poços tu-
121
bulares. Nessa há sistema de bombeamento para direcio-
nar a água ao reservatório de concreto Cauê e desse para
suprir as demandas da Usina Cauê, planta de beneficia-
mento de minério. A Mina Cauê também pode direcionar
a água para a Barragem Conceição e, dessa, para a Usina
de Conceição, ambas por meio de bombeamento.
Conforme estimativas preliminares, para o desenvol-
vimento do projeto de adução e sistema de bombeamento
da água de reúso da ETE Laboreaux para o Complexo
de Itabira, a extensão da adutora é da ordem de 4km e
o desnível entre os pontos mais baixo (ETE) e mais alto
de chegada da água para reúso no Complexo de Itabira é
da ordem de 200 m (figura 27). Da ETE ao Complexo de
Itabira, o traçado da adutora passará por acessos, vales
e divisores de bacia.
FIGURA 27 – M
acrofluxograma do uso da água da Usina Cauê do
Complexo de Itabira110
Canal da usina
Poços
Usina Cauê
122
A partir do ponto de chegada da água para reúso
no Complexo de Itabira e considerando o arranjo atu-
al (figura 28), foram definidas três alternativas, consi-
derando a localização das estruturas existentes e seus
componentes (adutora, sistema de bombeamento, vál-
vulas, entre outros) e o padrão de qualidade da água
exigido para cada destino. As alternativas de reúso es-
tão apresentadas na figura 28.
A Alternativa 01 é composta pelas seguintes estru-
turas: ETE Laboreaux, Dique 6, Mina Cauê, Reserva-
tório Cauê e Usina Cauê, sistemas de bombeamento e
adutoras existentes e novos. Nessa alternativa, consi-
derou-se que a água de reúso da ETE será direcionada
até o reservatório do Dique 6. Desse ponto, por meio de
novo sistema de bombeamento e nova adutora, conecta-
-se a adutora existente do Dique Principal à Mina Cauê.
Dela, para os usos, será utilizado o sistema de bombea-
mento e adução existentes.
Os padrões de qualidade exigidos para essa solu-
ção são aqueles aplicados a ambiente lêntico e Classe 2
por se tratar de um reservatório de água superficial111. O
único parâmetro de qualidade de água do ambiente lên-
tico que difere dos outros é o fósforo total com limite de
até 0,030 mg/L. Essa alternativa é interessante pois há
possibilidade de utilizar o reservatório do Dique 6 como
regularização das vazões para o processo.
A Alternativa 02 é composta pelas seguintes estru-
turas: ETE Laboreaux, Mina Cauê, Reservatório Cauê,
123
Usina Cauê, sistemas de bombeamento, adutoras exis-
tentes e nova conexão entre a adutora da água para re-
úso da ETE com a existente do Dique Principal à Mina
Cauê. Nessa alternativa, a água de reúso da ETE é di-
recionada para a adutora existente do Dique Principal
e Mina Cauê. Nesse ponto, é necessária uma nova co-
nexão para as duas adutoras. A jusante desse ponto,
a água segue o fluxo até a Mina Cauê. Da Mina Cauê
para os usos, mantém-se a solução adotada para a Al-
ternativa 01. Referente aos parâmetros de qualidade,
são exigidos que sejam no mínimo iguais à da água do
reservatório da Mina Cauê.
A Alternativa 03 é composta pelas seguintes es-
truturas: ETE Laboreaux, sistema de adução do Dique
Principal, Reservatório Cauê e Usina Cauê, nova cone-
xão e nova adutora. Nessa alternativa, a água de reúso
da ETE é direcionada para a adutora existente do sis-
tema Dique Principal e, por meio de nova conexão, as
adutoras se conectam. Após o ponto de conexão entre
elas, o fluxo segue até o ponto mais próximo do reserva-
tório de concreto Cauê. Ao se aproximar dele, é preciso
nova conexão para direcionar o fluxo por meio de uma
nova adutora ao reservatório de concreto Cauê. A partir
desse reservatório, a água será distribuída para os res-
pectivos usos das atividades industriais na Usina Cauê.
Dessa forma, o padrão de qualidade da água de reúso
exigido são aqueles de usos industriais não potáveis.
124
Os trabalhos adicionais a respeito das oportunida-
des de reúso no Complexo de Itabira estão em desen-
volvimento, sendo objeto da dissertação de mestrado do
autor David Veiga Soares, junto ao Programa de Mestra-
do Profissional em Engenharia Hídrica, da Universidade
Federal de Itajubá, sob orientação da professora Márcia
Viana Lisboa Martins e coorientação do professor Val-
mir Pedrosa. A defesa da dissertação ocorrerá no mês
de março de 2023.
125
FIGURA 28 – Alternativas de água para reúso110
A. Alternativa 01
Desinfecção
LEGENDA
Componentes existentes
ETE Laboreaux
Usina Cauê Componentes novos
B. Alternativa 02
Desinfecção
Canal da usina
reservatório 2
Poços
LEGENDA
Componentes existentes
ETE Laboreaux
Usina Cauê Componentes novos
C. Alternativa 03
Desinfecção
Canal da usina
reservatório 1
LEGENDA
Poços
ETE Laboreaux Componentes existentes
126
4
CONCLUSÃO
Considerando que o escopo planejado para este
livro foi alcançado, cabe agora umas poucas palavras
finais. Como o leitor percebeu, os autores, ao invés de
manter o foco nas desavenças envolvendo a água, de-
cidiram ir por outro caminho, por um viés propositivo
e expositivo de conceitos e boas práticas. Neste livro, o
foco foram as ações que aconteceram na escala da bacia
hidrográfica, mostrando que há um campo amplo e pro-
fícuo de ação para além do perímetro industrial.
O desejo foi servir ao leitor – pondo-o como um ob-
servador de soluções de conflitos pela água ao redor do
mundo –, dando-lhe exemplos contemporâneos exitosos
do setor industrial que contaram, sobretudo, com a par-
ticipação da sociedade civil, dos governos e dos demais
usuários de água.
Defendemos que as soluções de conflitos pela água
sejam flexíveis, que possam ser corrigidas, refeitas,
quando passarem do abstrato para o concreto e enfren-
tem a experiência diária dos governos, dos usuários da
água e da sociedade civil organizada.
Desejamos que o leitor, que empregou seu tempo e
atenção neste livro, sinta-se recompensado.
129
REFERÊNCIAS
1
SARNI, Will; GRANT, David. Water stewardship and
business value: creating abundance from scarcity.
New York: Routledge, 2018.
2
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO
BÁSICO (Brasil). Produtor de água. Disponível em:
https://www.gov.br/ana/pt-br/acesso-a-informacao/
acoes-e-programas/programa-produtor-de-agua.
Acesso em: 10 jan. 2022.
3
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
(Brasil). Edital de chamamento público nº 02/2021
SNSH-MDR. 2021. Disponível em: https://www.gov.
br/mdr/pt-br/noticias/inscricoes-para-o-segundo-
edital-de-selecao-do-programa-aguas-brasileiras-
podem-ser-feitas-ate-19-de-novembro. Acesso em:
12 jan. 2022.
4
ESG: entenda o significado da sigla... Disponível em:
https://www.pactoglobal.org.br/pg/esg. Acesso em:
10 jan. 2022.
5
CLIMATE Bonds Initiative. Disponível em: https://
www.climatebonds.net/. Acesso em: 13 jan. 2022.
6
DISCLOSURE INSIGHT ACTION. A wave of change:
the role of companies in building a water-secure
131
world. London, 2021. Disponível em: https://www.
cdp.net/en/research/global-reports/global-water-
report-2020. Acesso em: 13 jan. 2022.
7
INTERNATIONAL COUNCIL ON METALS & MINING.
Shared water, shared responsibility, shared
approach: water in the mining sector. 2021. Disponível
em: https://www.icmm.com/website/publications/
pdfs/environmental-stewardship/2017/research_
shared-water-shared-responsibility.pdf. Acesso em
17 jan. 2022.
8
WHAT IS THE MANDATE? CEO Water Mandate.
Disponível em: www.ceowatermandate.org. Acesso
em: 5 jan. 2022.
9
CONSELHO EMPRESARIAL BRASILEIRO PELO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Compromisso
empresarial brasileiro para a segurança hídrica. Rio
de Janeiro, 2018. Disponível em: https://cebds.org/
publicacoes/compromisso-empresarial-brasileiro-
pela-seguranca-hidrica/#.Yc11fGjMI2w. Acesso em:
7 jan. 2022.
10
MINERAÇÃO DO BRASIL. Sobre o IBRAM. Belo
Horizonte, 2022. Disponível em: https://ibram.org.
br/publicacoes/. Acesso em: 5 jan. 2022.
11
AGUIAR NETTO, Antenor de Oliveira. Noções de
hidrologia. Aracajú, 2011. Disponível em: http://
132
www.cpatc.embrapa.br/publicacoes_2011/
anais_4enrehse/Minicursos/Aula_CursoSWAT_1.
pdf. Acesso em: 22 jan. 2022.
12
PESQUISA FAPESP: papel da Amazônia no clima
do Brasil e do mundo. Apresentação: Paulo Artaxo.
Publicado pelo canal Youtube. Disponível em: https://
youtu.be/n6lgUKycLso. Acesso em: 20 jan. 2022.
13
ESTUDO de monitoramento do nível de água das
planícies altas. Disponível em: https://ne.water.
usgs.gov/projects/HPA/index.html. Acesso em: 12
jan. 2022.
14
TAGHVAEIAN, Saleh; FRAZIER, Robert Scott;
LIVINGSTON, Dustin; FOX, Garev. The Ogallala
Aquifer. 2017. Disponível em: https://extension.
okstate.edu/fact-sheets/the-ogallala-aquifer.html.
Acesso em: 30 jan. 2022.
15
AMBEV. Bringing people together for a better world:
Ambev annual and ESG report 2020. São Paulo,
2021. Disponível em: https://www.ambev.com.br/
conteudo/uploads/2021/06/Ambev-Annual-and-
ESG-Report-2020_digital-en.pdf. Acesso em: 9 jan.
2022.
16
ANHEUSER-BUSCH INBEV. Conheça miPáramo:
o extraordinário programa preservando uma bacia
hidrográfica colombiana ameaçada. 2021. Disponível
133
em: https://www.ab-inbev.com/news-media/water-
stewardship/meet-miparamo-the-extraordinary-
program-preserving-an-endangered-colombian-
watershed/. Acesso em: 13 jan. 2022.
17
LINKING two realities through water. Disponível
em: https://wateractionhub.org/media/files/2021/
02/09/20.11._miP%C3%A1ramo_brochure_EN.pdf.
Acesso em: 30 jan. 2022.
18
AGUA Zalva. Disponível em: https://www.aguazalva.
co/. Acesso em: 30 jan. 2022.
19
COCA-COLA. [...] revela estratégia de segurança
hídrica 2030. 2021. Disponível em: https://www.
coca-colacompany.com/news/2030-water-security-
strategy. Acesso em: 23 jan. 2022.
20
COCA-COLA. Atingindo um equilíbrio: Coca-
Cola atinge meta de reabastecimento de água para
2020. 2016. Disponível em: https://www.coca-
colacompany.com/au/news/striking-a-balance-
coca-cola-achieves-2020-water-replenishment-goal.
Acesso em: 20 jan. 2022.
21
HEINEKEN. [...] anuncia ambição de água “Every
Drop” para 2030. 2019. Disponível em: https://www.
theheinekencompany.com/newsroom/heineken-
announces-every-drop-water-ambition-for-2030/.
Acesso em: 5 jan. 2022.
134
22
HARD TRAVELIN’. Disponível em: http://www.
hardtravelin.net/2017/11/25/46-the-great-barrier-
reef/barrier-reef-map1/. Acesso em 30 jan. 2022.
23
AL AHRAM. Mais de 100% de água balanceada.
Disponível em: https://www.alahrambeverages.
com/sustainability/water-balanced-egypt/. Acesso
em: 2 jan. 2022.
24
HEINEKEN. Grupo Heineken anuncia mudança
de localização de sua nova cervejaria no Brasil.
Disponível em: https://www.heinekenbrasil.com.
br/noticias/grupo-heineken-anuncia-mudanca-de-
localizacao-de-sua-nova-cervejaria-no-brasil. Acesso
em: 18 jan. 2022.
25
O SÍTIO arqueológico – Lapa do Santo. Disponível em:
https://sites.usp.br/lapadosanto/o-sitio-arqueologico-
lapa-santo/. Acesso em: 30 jan. 2022.
26
É O FIM! PEDRO Leopoldo perde a fábrica da
Heineken. 2021. Disponível em: https://www.
minasdefato.com.br/heineken-desiste-de-construir-
sede-em-pedro-leopoldo/. Acesso em: 30 jan. 2022.
27
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (Brasil). A gestão
dos recursos hídricos e a mineração. Brasília,
2006. Disponível em: https://www.gov.br/ana/pt-
br/centrais-de-conteudos/publicacoes. Acesso em:
20 jan. 2022.
135
28
VALE. A Vale em Canaã dos Carajás. 2014.
Disponível em: http://www.vale.com/pt/aboutvale/
sustainability/links/linksdownloadsdocuments/
relatorio-vale-ca naa-carajas-2014.pdf. Acesso em
22 jan. 2022.
29
OBRAS do ramal ferroviário S11D já podem ser
iniciadas. 2013. Disponível em: http://www.vale.
com/brasil/pt/aboutvale/news/paginas/obras-do-
ramal-ferroviario-s11d-ja-podem-ser-iniciadas.aspx.
Acesso em: 29 jan. 2022.
30
LUZ, Gustavo. Que ano foi 2021! Disponível em:
https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:
activity:6885972233722830848/. Acesso em: 2 jan.
2022.
31
VALE. Relato integrado 2020. 2021. Disponível em:
http://www.vale.com/brasil/pt/business/reports/
siteassets/relato-integrado-2020/assets/docs/vale_
relato_integrado_2020.pdf. Acesso em: 20 jan. 2022.
32
CERRO VERDE. Reporte de sostenibilidad 2020.
Disponível em: https://www.cerroverde.pe/assets/
img/publicaciones/mineria-cobre-molibdeno-
arequipa-minera-cerro-verde-peru-reporte-2020.pdf.
Acesso em: 15 jan. 2022.
33
EMPRESA DE GENERACIÓN ELÉCTRICA DE
AREQUIPA. Misión. Disponível em: http://www.egasa.
136
com.pe/index.php/features/2014-06-25-09-39-35/
mision/9-uncategorised/136-historia. Acesso em: 16
jan. 2022.
34
CERRO VERDE. El círculo virtuoso del agua.
Disponível em: https://www.cerroverde.pe/desarrollo
/mineria-cobre-molibdeno-arequipa-minera-circulo-
virtuoso-del-agua. Acesso em 28 jan. 2022.
35
PERU. Disponível em: https://www.queroviajarmais.
com/peru/. Acesso em: 29 jan. 2022.
36
WORLD BANK. Wastewater: from waste to
resource: the case of Arequipa, Peru. Disponível
em: https://openknowledge.worldbank.org/handle/
10986/33110?locale-attribute=fr. Acesso em: 18 jan.
2022.
37
CERRO VERDE. Sustainability report 2019.
Disponível em: https://www.cerroverde.pe/assets/
img/publicaciones/mineria-cobre-molibdeno-
arequipa-minera-cerro-verde-peru-reporte-ingl%C3
%A9s-2019.pdf. Acesso em: 10 jan. 2022.
38
MPUMALANGA: província, África do Sul. 2020.
Disponível em: https://delphipages.live/pt/geografia-
e-viagens/estados-e-outras-subdivisoes/mpumalanga.
Acesso em: 28 jan. 2022.
39
EMALAHLENI water reclamation plant: consolidated
environmental management programme. Bryanston: WSP,
137
2021. Disponível em: https://www.wsp.com/-/media/
Service/South-Africa/Document/41102615_20210907_
EWRP-EMPr-Amendment_Final_Public-Review_Signed.
pdf?la=en-ZA&hash=AC460F1E66CD5295E9E27D9AEB
74A4148C9D28C6. Acesso em: 23 jan. 2022.
40
ANGLO AMERICAN. 100 years of Anglo American.
Disponível em: https://southafrica.angloamerican.
com/~/media/Files/A/Anglo-American-Group/
South-Africa/about-us/history/centenary-hub-city-
press.pdf. Acesso em: 22 jan. 2022.
41
BHP BILLITON. Redução da dependência de águas
subterrâneas em Escondida. 2018. Disponível em:
https://www.bhp.com/news/case-studies/2018/08/
reducing-reliance-on-groundwater-at-escondida.
Acesso em: 21 jan. 2022.
42
SANDERSON, Henry. Chile: Copper bottomed. 2015.
Disponível: https://www.ft.com/content/b9f15790-
eaa0-11e4-96ec-00144feab7de. Acesso em: 30 jan.
2022.
43
BHP BILLITON. Escondida Consejo de Defesa del
Estado Peine y Consejo de Pueblos Atacameeos
llegan a um acuerdo medioambiental en el Salar
de Punta Negra. 2021. Disponível em: https://www.
bhp.com/es/news/articles/2021/06/escondida-
llegan-a-un-acuerdo-medioambiental-en-el-salar-de-
punta-negra. Acesso em: 16 jan. 2022.
138
44
FIRMADO acordo de cooperação técnica para o primeiro
projeto do Observatório de Águas do Estado. 2021.
Disponível em: https://www.espiritosantonoticias.
com.br/firmado-acordo-de-cooperacao-tecnica-para-
o-primeiro-projeto-do-observatorio-de-aguas-do-
estado/. Acesso em: 8 jan. 2022.
45
AUDIÊNCIA de conciliação da Subseção de Campo
Formoso soluciona conflito de mais de 5 anos referente
ao uso de açude público situado no município de
Andorinha/BA. 2019. Disponível em: https://portal.
trf1.jus.br/sjba/comunicacao-social/imprensa/
noticias/audiencia-de-conciliacao-da-subsecao-de-
campo-formoso-soluciona-conflito-de-mais-de-5-
anos-referente-ao-uso-de-acude-publico-situado-no-
municipio-de-andorinha-ba.htm. Acesso em: 20 jan.
2022.
46
WHERE we are. Disponível em: http://www.ferbasa.com.
br/conteudo_eni.asp?idioma= 1&conta=46&tipo=56410.
Acesso em: 28 jan. 2022.
47
RALPH LAUREN. Design the change: 2019 global
citizenship & sustainability report. Disponível em:
https://corporate.ralphlauren.com/on/demandware.
static/-/Sites-RalphLauren_Corporate-Library/
default/dw8af4fcf2/documents/Ralph_Lauren_2019_
Global_Citizenship.pdf. Acesso em: 18 jan. 2022.
139
48
GIVE me tap! mais do que uma garrafa. Disponível em:
https://givemetap.com/. Acesso em: 22 jan. 2022.
49
OWUSUISM: give me tap! Disponível em: https://
owusuism.com/give-me-tap/. Acesso em: 28 jan. 2022.
50
RALPH LAUREN. Give me tap! water bottle.
Disponível em: https://www.ralphlauren.com/home-
dining-barware/give-me-tap-water-bottle/552215.
html. Acesso em: 29 jan. 2022.
51
INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES. Cuidar da
água é cuidar do futuro de todos. Disponível em:
https://www.iba.org/datafiles/publicacoes/outros/
final-relatorio-agua-iba.pdf. Acesso em: 27 jan. 2022.
52
USINA CORURIPE. Relatório de sustentabilidade
2020/2021. Disponível em: https://www.usina
coruripe.com.br/storage/app/media/RS%20
2021%20PT.pdf. Acesso em: 20 jan. 2022.
53
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO
BÁSICO (Brasil). PSA. Disponível em: https://www.
gov.br/ana/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-
programas/programa-produtor-de-agua/psa-1.
Acesso em: 25 jan. 2022.
54
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO
BÁSICO (Brasil). Anexo B: diretrizes projetos produtores
água: contrato ANA x CAIXA. 2018. Disponível em:
https://www.gov.br/ana/pt-br/todos-os-documentos-
140
do-portal/documentos-sip/produtor-de-agua/
documentos-relacionados/anexo-b-diretrizes-projetos-
produtores-agua-contrato-ana-x-caixa. Acesso em: 28
jan. 2022.
55
AGÊNCIA REGULADORA DE ÁGUAS, ENERGIA E
SANEAMENTO BÁSICO DO DISTRITO FEDERAL. Edital
de chamamento público nº 01/2021: pagamento
por serviços ambientais a produtores rurais. 2021.
Disponível em: https://lnkd.in/e7YvdPZ. Acesso em: 8
jan. 2022.
56
BACIA do Pipiripau receberá mais de 650 mil novas
mudas de árvores. 2015. Disponível em: http://
www.upsa.com.br/2015/06/02/bacia-do-pipiripau-
recebera-mais-de-650-mil-novas-mudas-de-arvores/.
Acesso em: 29 jan. 2022.
57
ABERTAS inscrições para Produtor de Água no Pipiripau.
2021. Disponível em: https://www.agenciabrasilia.
df.gov.br/2021/08/05/abertas-inscricoes-para-
produtor-de-agua-no-pipiripau/. Acesso em: 29 jan.
2022.
58
INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO. A gestão
dos recursos hídricos e a mineração. 2006.
Disponível em: https://www.terrabrasilis.org.br/
ecotecadigital/pdf/a-gestao-dos-recursos-hidricos-
e-a-mineracao.pdf. Acesso em: 20 jan. 2022.
141
59
WORLD RESOURCE INSTITUTE. New study raises
question: what don’t we know about water scarcity?
2013. Disponível em: https://www.wri.org/insights/
new-study-raises-question-what-dont-we-know-
about-water-scarcity. Acesso em: 20 jan. 2022.
60
AVELAR, P. S. et al. Proposição de uma metodologia
estruturada de avaliação do potencial regional de
reúso de água: planejamento técnico e estratégico.
Revista Eletrônica de Gestão e Tecnologias
Ambientais, v. 9, n. 2, p. 18-35, set. 2021.
61
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO
BÁSICO (Brasil). Conjuntura de recursos hídricos no
Brasil 2020. Brasília, 2020. Disponível em: https://
www.snirh.gov.br/portal/centrais-de-conteudos/
conjuntura-dos-recursos-hidricos. Acesso em: 28
maio 2021.
62
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO
BÁSICO (Brasil). Conjuntura dos recursos hídricos
no Brasil 2021. Brasília, 2021. Disponível em:
https://relatorio-conjuntura-ana-2021.webflow.io/
capitulos/usos-da-agua. Acesso em: 04 jun. 2022.
63
CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS
(Brasil). Resolução nº 29, de 11 de dezembro de
2002. Disponível em: https://cnrh.mdr.gov.br/
outorga-de-direito-de-uso-de-recursos-hidricos/72-
142
resolucao-n-29-de-11-de-dezembro-de-2022/file.
Acesso em: 15 jan. 2022.
64
FREITAS, S. P. O impacto do uso e consumo de água
na mineração sobre o bloco de energia assegurada
em empreendimentos hidrogeradores: estudo de
caso da PCH Bicas. 2012. Dissertação (Mestrado em
Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos) –
Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio
Ambiente e Recursos Hídricos, Universidade Federal
de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012.
65
ASANO, T. et al. Water reuse issues, technologies,
and applications. Metcalf & Eddy, 2007.
66
THE INTERNATIONAL WATER ASSOCIATION. Alter-
native water resources: a review of concepts, solu-
tions and experiences. London, 2015.
67
VALE. Relato integrado - 2021. 2022. Disponível
em: http://www.vale.com/PT/sustainability/relato-
-integrado-2021/SiteAssets/assets/Vale_Relato_In-
tegrado_2021_PT.pdf. Acesso em: 23 jun. 2022.
68
BRASIL. Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020.
Atualiza o marco legal do saneamento básico e al-
tera a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, para
atribuir à Agência Nacional de Águas e Saneamen-
to Básico (ANA) competência... 2020. Disponível
em: https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legisla-
143
cao/875819060/lei-14026-20. Acesso em: 20 out.
2021.
69
MINAS GERAIS. Deliberação Normativa nº 65, de
18 de junho de 2020. Estabelece diretrizes, moda-
lidades e procedimentos para o reúso direto de água
não potável, proveniente de estações de tratamento
de esgotos sanitários (ETE) de sistemas públicos e
privados e dá outras providências. Belo Horizonte:
Conselho Estadual de Recursos Hídricos, 2020. Dis-
ponível em: http://www.siam.mg.gov.br/sla/down-
load.pdf?idNorma=52040. Acesso em: 20 out. 2021.
70
COMPANHIA DE ÁGUA A E ESGOTO DO CEARÁ.
Planta de dessalinização de Fortaleza. 2022. Dis-
ponível em: https://www.cagece.com.br/wp-con-
tent/uploads/PDF/EditaisContratacoes/PPP1/
DocumentosdeLicita%C3%A7%C3%A3o/Estudos-
Pr%C3%A9vios/3-Estudos-de-Alternativas-de-Lo-
ca%C3%A7%C3%A3o-Ver_Licita%C3%A7%C3%A3o.
pdf. Acesso em: 30 jun. 2022.
71
HUESKE, A. K.; GUENTHER, E. What hampers in-
novation? external stakeholders, the organization,
groups and individuals: a systematic review of em-
pirical barrier research. Management Review Quar-
terly, v. 65, p. 113-148, 2015.
72
REÚSO de água. 2022. Disponível em: https://reu-
sodeagua.org/. Acesso em: 10 jun. 2022.
144
73
HEATON, R. D. Wastewater reclamation and reuse.
GeoJournal, v. 5, n. 5, p. 483-501, 1981.
74
ZHANG, C.; ZHONG, L.; FU, X.; ZHAO, Z. Managing
scarce water resources in China’s coal power indus-
try. Environmental Management, v. 57, p. 1188-
1203, jun. 2016.
75
LEE, K.; JEPSON, W. Drivers and barriers to urban
water reuse: a systematic review. Water Security,
2020. Disponível em: www.sciencedirect.com/jour-
nal/water-security. Acesso em: 5 jun. 2022.
76
MANCUSO, P. Reúso de água, sua importância e
aplicações: aspectos conceituais, técnicos, legais e
de saúde pública. 2013. Disponível em: https://tra-
tamentodeagua.com.br/artigo/prof-dr-pedro-man-
cuso-reuso-de-agua-sua-importancia-e-aplicacoes/.
Acesso em: 5 mar. 2022.
77
MANTOVANI, P.; ABU-ORF, M.; O’CONNOR, T. Nonpo-
table water reuse management practices. In: WORLD
WATER CONGRESS, 2001, Berlin. [Annals], 2001.
78
HESPANHOL, I. Um novo paradigma para a gestão de
recursos hídricos. Portal de Revista da USP, v. 22,
n. 63, 2008.
79
BISCHEL, H. N.; SIMON, G. L.; FRISBY, T. M., LU-
THY, R. G. Management experiences and trends for
water reuse implementation in Northern California.
145
Environmental Science & Technology, 2011. Dis-
ponível em: https://pubs.acs.org/journal/esthag.
Acesso em: 10 mar. 2022.
80
MORRIS, J. C.; GEORGIOU, I.; GUENTHER, E.;
CAUCCI, S. Barriers in implementation of wastewa-
ter reuse: identifying the way forward in closing the
loop. Circular Economy and Sustainability, v. 1, p.
4123-433, jun. 2021.
81
CONSELHO EMPRESARIAL BRASILEIRO PARA O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Água de reú-
so de estação de tratamento de efluentes: oportu-
nidades e riscos para o setor empresarial. Disponível
em: https://cebds.org/publicacoes/. Acesso em: 4
set. 2022.
82
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE
SÃO PAULO. Conservação e reúso da água em edi-
ficações. 2005.
83
TELLES, D. D’A.; COSTA, R. P. Reúso da água con-
ceitos, teorias e práticas. 2. ed. São Paulo: Ed. Ed-
gard Blucher, 2010.
84
BÜTLER, R.; MACCORMICK, T. Opportunities for de-
centralized treatment, sewer mining and effluent re-
-use. Desalination, v. 106, p. 273-283,1995.
85
POLLUTION prevention services: effluent reuse in
power generation. 1996. Disponível em: https://
146
p2infohouse.org/ref/10/09108.htm. Acesso em: 30
jul. 2022.
86
CH2M. Avaliação do potencial de reúso (RP01C):
elaboração de proposta do plano de ações para insti-
tuir uma política de reúso de efluente sanitário trata-
do no Brasil. Ministério das Cidades; Instituto Inte-
ramericano de Cooperação para a Agricultura, 2017.
87
SANTOS, A. S. P. et al. Proposição de uma metodo-
logia estruturada de avaliação do potencial regional
de reúso de água: terminologia e conceitos de base.
Revista Eletrônica de Gestão e Tecnologias Am-
bientais, v. 9, n. 2, p, 1-17, set. 2021.
88
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
NBR 13969: tanques sépticos: unidades de trata-
mento complementar e disposição final dos efluentes
líquidos: projeto, construção e operação. Rio de Ja-
neiro, 1997.
89
SÃO PAULO (Município). Lei nº 16.172 de 17 de
abril de 2015. Proíbe a lavagem de calçadas com
água tratada ou potável e fornecida por meio da rede
da Sabesp que abastece o Município de São Paulo, e
dá outras providências. 2015. Disponível em: http://
legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/lei-16172-de-17-
de-abril-de-2015. Acesso em: 15 mar. 2022.
147
90
CEARÁ. Lei nº 16.103, de 02 de setembro de 2016.
Cria a tarifa de contingência pelo uso dos recursos
hídricos em período de situação crítica de escassez
hídrica. Disponível em: https://www.legisweb.com.
br/legislacao/?id=328185. Acesso em: 10 fev. 2022.
91
RIO DE JANEIRO (Estado). Lei nº 7.599, de 24 de
maio de 2017. Dispõe sobre a obrigatoriedade de in-
dústrias situadas no Estado do Rio de Janeiro insta-
larem equipamentos de tratamento e reutilização de
água. Disponível em: https://gov-rj.jusbrasil.com.
br/legislacao/462625216/lei-7599-17-rio-de-janei-
ro-rj. Acesso em: 10 mar. 2022.
92
SÃO PAULO (Estado). Resolução Conjunta SES/
SMA/SSRH nº 01, de 28 de Junho de 2017. Dis-
ciplina o reúso direto não potável de água, para fins
urbanos, proveniente de estações de tratamento de
esgoto sanitário e dá providências correlatas. Dis-
ponível em: http://arquivos.ambiente.sp.gov.br/
legislacao/2017/06/resolucao-conjunta-ses-sma-s-
srh-01-2017-agua-de-reuso.pdf. Acesso em: 3 mar.
2022.
93
CEARÁ. Resolução COEMA nº 2, de 02 de fev. de
2017. Dispõe sobre padrões e condições para lança-
mento de efluentes líquidos gerados por fontes polui-
doras, revoga as Portarias SEMACE nº 154, de 22 de
julho de 2002 e nº 111, de 05 de abril de 2011, e alte-
148
ra a Portaria SEMACE nº 151, de 25 de novembro de
2002. Disponível em: https://www.legisweb.com.br/
legislacao/?id=337973. Acesso em: 10 mar. 2022.
94
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA (Brasil);
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO
PAULO. O uso racional da água no setor industrial.
2. ed. Brasília, 2017. Disponível em: https://www.
portaldaindustria.com.br/publicacoes/2018/7/o-u-
so-racional-da-agua-no-setor-industrial/#:~:text=U-
so%20Racional%20da%20%C3%81gua%20buscou-
,e%20a%20competitividade%20do%20setor.
95
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA (Bra-
sil). Reúso de efluentes: metodologia para análise
do potencial do uso de efluentes tratados para abas-
tecimento industrial. 2017. Disponível em: https://
static.portaldaindustria.com.br/media/filer_publi-
c/38/25/38258d1e-92e6-4141-9f0b-d7e3e787c4be/
reuso_de_efluentes_metodologia_para_analise_do_po-
tencial_do_uso_de_efluentes_tratados_para_abasteci-
mento_industrial.pdf. Acesso em: 28 mai. 2022.
96
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
NBR 16783: uso de fontes alternativas de água não
potável em edificações. Rio de Janeiro, 2019.
97
MELO, M. C. Avaliação quantitativa do potencial de
reúso no Estado de Minas Gerais. Revista Eletrôni-
149
ca de Gestão e Tecnologias Ambientais, v. 9, n. 2,
2021.
98
UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION
AGENCY. Guidelines for water reuse. Washington:
Agency for International Development, 2012. Dis-
ponível em: https://www.epa.gov/waterreuse/guide-
lines-water-reuse. Acesso em: 3 maio 2021. 2012.
99
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTA-
TÍSTICA. Cidades e estados. 2022. Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/pr/
curitiba.html. Acesso em: 27 jun. 2022.
100
INSTITUTO ÁGUA E SANEAMENTO (Brasil). Municí-
pios e saneamento. 2020. Disponível em: https://
www.aguaesaneamento.org.br/municipios-e-sanea-
mento/mg/itabira. Acesso em: 30 jul. 2022.
101
BARIFOUSE, R. Mineração: cidade onde Vale nas-
ceu vive cercada por 33 vezes o volume de rejeitos
de barragem que se rompeu em Brumadinho. 2019.
Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/
brasil/mineracao-cidade-onde-vale-nasceu-vive-
-cercada-por-33-vezes-o-volume-de-rejeitos-de-bar-
ragem-que-se-rompeu-em-brumadinho,1732c-
4d38486c24d71f1852e12c04093mqvfh6ux.html.
Acesso em: 28 jul. 2022.
150
102
WASYLYCIA-LEIS, J.; FITZPATRICK, P.; FONSECA,
A. Mining communities from a resilience perspective:
managing disturbance and vulnerability in Itabira,
Brazil. Environmental Management, v. 53, p. 481-
495, 2014.
103
NOTÍCIAS DE MINERAÇÃO BRASIL. Vale terá que
investir R$ 160 milhões em captação de água
em Itabira. 2022. Disponível em: https://www.no-
ticiasdemineracao.com/empresas/news/1394066/
vale-ter%C3%A1-que-investir-rusd-160-milh%-
C3%B5es-em-capta%C3%A7%C3%A3o-de-%C3%A-
1gua-em-itabira. Acesso em: 29 jun. 2022.
104
INSTITUTO MINEIRO DE GESTÃO DAS ÁGUAS.
Consulta de decisão de outorgas de direito de uso.
2021. Disponível em: http://sistemas.meioambiente.
mg.gov.br/licenciamento/site/lista-outorgas. Acesso
em: 10 jul. 2022.
105
VALE. Política de água e recursos hídricos (POL-
-0032-G). 2020. Disponível em: http://www.vale.
com/brasil/PT/investors/corporate-governance/
policies/Documents/POL-0032-G_%C3%81gua%20
e%20recursos%20h%C3%ADdricos_P.pdf. Acesso em:
3 jul. 2022.
106
MATOSO, S. E. A. Avaliação do desempenho dos
reatores anaeróbios de fluxo ascendente (UASB)
tratando esgoto doméstico e lodo de retorno dos
151
decantadores secundários: estudo de caso da esta-
ção de tratamento de esgoto de Itabira/MG: ETE
Laboreaux. 2020. Trabalho de conclusão de curso
- Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas
Gerais, Belo Horizonte.
107
SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE
SANEAMENTO (Brasil). Diagnóstico dos serviços
de água e esgotos – 2020: tabela completa de in-
formações agregadas. 2020. Disponível em: http://
www.snis.gov.br/diagnosticos. Acesso em: 10 jul.
2022.
108
SERVIÇO AUTÔNOMO DE ÁGUA E ESGOTO DE
ITABIRA. Tratamento de esgoto. Disponível em: ht-
tps://www.saaeitabira.com.br/tratamento-de-esgo-
to. Acesso em: 28 jun. 2022.
109
DIVINO, M. G. Avaliação do efluente tratado da
ETE Laboreaux para reúso não potável. 2018. Tra-
balho de conclusão de curso. Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, Fortaleza.
110
VALE. Plano de segurança hídrica - Complexo Ita-
bira: relatório de disponibilidade hídrica. 2021.
Circulação restrita.
111
MINAS GERAIS. Deliberação Normativa Conjunta
COPAM/CERH-MG nº 1, de 05 de Maio de 2008.
2008. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
152
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem
como estabelece as condições e padrões de lançamen-
to de efluentes, e dá outras providências. Disponível
em: http://pnqa.ana.gov.br/Publicacao/Delibera%-
C3%A7%C3%A3o%20Normativa%20Conjunta%20
COPAM%20CERH%20N.%C2%BA%201,%20de%20
05%20de%20Maio%20de%202008.pdf. Acesso em: 2
jul. 2022.
153
Há farta literatura a respeito de
ações para o uso eficiente da água
dentro das unidades industriais.
Muitas empresas de consultoria, ser-
viços, equipamentos e insumos com-
petem neste ramo. Todavia, um novo
conjunto de ações na escala da bacia
hidrográfica está ocorrendo em várias
partes do mundo. Trata-se de buscar
soluções para além do perímetro in-
dustrial. Não há muita literatura téc-
nica em português a respeito. Ajudar
a suprir esta lacuna foi a motivação
para escrever este livro, que traz con-
ceitos contemporâneos e fartos exem-
plos exitosos para diversos segmen-
tos industriais. O livro busca ser uma
fonte de inspiração para todos que
trabalham diariamente para ampliar
a segurança hídrica das operações in-
dustriais, operando na escala da ba-
cia hidrográfica.
PATROCÍNIO PARCEIRA