Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mas é no varejo que ocorrem as maiores perdas, o varejista deve evitar as pilhas de
produto, sendo preferível deixar em caixas para reduzir o manuseio e as pancadas,
oferecendo uma maior durabilidade. Outra maneira, a mais correta, é diminuir a
respiração, para isso é baixar a temperatura. “Essa é uma maneira eficiente de fazer o
produto durar mais, a cada 10 graus de redução na temperatura, a respiração chega a
baixar de duas a três vezes”, enfatiza Bittencourt acrescentando que este é o maior
entrave: “essa cadeia de frio é complicada, nem sempre é possível que o produtor tenha
câmara fria em seu galpão, caminhão refrigerado para transporte, chegando nas Centrais
de Abastecimento nem sempre tem câmara frias para todos e o varejo normalmente não
conta com câmaras frias”.
Bittencourt também afirma que “perdas no setor são ‘chutes’, são verdades criadas,
porém inverdades. “Geralmente se fala em torno de 40% de perdas, mas não se pode
dizer isso porque têm produtos que respiram mais, outros menos, além do que as
condições são muito variáveis. A maior parte das perdas ocorre no varejo, e grande
parte no domicílio dos consumidores por estes não aproveitarem as épocas certas de
cada produto, quando têm melhor qualidade e durabilidade. As pessoas também
compram produtos sem saber o que ocorreu para trás e a perda é consequência direta da
vida durante a colheita e no pós-colheita. Aí o produto apodrece antes de ser consumido,
gerando desperdício de produto e de dinheiro”.
“Na Ceagesp, com exceção do mamão formosa e do abacaxi, que vêm a granel no
caminhão, são recebidos cerca de 10 a 12 toneladas/dia e perde-se em torno de 100
toneladas, sendo a metade disso lixo orgânico, ou seja, é uma perda em torno de 0,5%”,
garante Gabriel Bittencourt.
Gilberto Figueiredo defende que o manejo e a adubação são fatores essenciais que
devem ser observados ainda no campo. “A aplicação correta de nitrogênio, fósforo e
potássio vai influenciar em toda a vida de prateleira, em especial das folhosas. O
nitrogênio vai evitar a perda de água e pragas, porém o excesso vai tornar a planta mais
sensível; o fósforo vai proporcionar um melhor enraizamento; e o potássio dará uma
melhor estrutura nas céluas, deixando as plantas mais firmes e crocantes”, explica o
técnico. Já em relação à irrigação, Figueiredo diz ser fundamental. “A irrigação já não é
um diferencial na produção de folhosas, porém é preciso ser feita de forma correta, seja
por gotejamento, aspersão ou outro método. E é importante que seja feita nas horas
certas do dia e na quantidade adequada, nem mais, nem menos”.
Já as telas e estufas Figueiredo acredita que devam ser utilizadas por produtores mais
tecnificados porque o uso errado ao invés de favorecer, pode atrapalhar e o
investimento, que costuma, ser alto, pode não resultar em ganhos. “Uma das telas com
resultado mais eficiente é a aluminizada, em especial para as condições do Estado de
São Paulo, com longas estiagens e pouca umidade nas principais regiões produtoras,
pois refletem o calor e a temperatura”. Outro fator, ainda no campo é a escolha das
variedades que irão influenciar na hora da colheita. “O produtor tem que estar atento em
qual situação climática vai ocorrer a colheita e escolher as variedades mais resistentes
para aquela determinada época. Depois de colhidas, principalmente em relação às FLV
(Frutas, Legumes e Verduras), o cuidado deve estar no transporte: “um caminhão
isotérmico ou o uso de uma lona isotérmica vão garantir que cheguem ao local de
comercialização em melhores condições.
Por último vão algumas recomendações. Para se inteirar sobre épocas de colheita o site
hortiescolha (http://www.ceagesp.gov.br/entrepostos/servicos/hortiescolha/) da Ceagesp
é muito interessante e tem informações relevantes para os produtores e, também, para os
profissionais que trabalham com políticas públicas para que saibam a melhor hora de
comprar cada produto, como a época de colheita, por exemplo, porque o produto da
época sempre será melhor. O site da Coordenadoria dos Agronegócios (Codeagro -
www.codeagro.sp.gov.br), órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento
também dá dicas importantes para o consumidor e para as políticas públicas na
montagem de cardápios para as escolas, por exemplo”, diz Sérgio Ishicava.