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A grande maioria das produções agropecuárias apresenta sazonalidade na

produção, caracterizada pela concentração dos diversos produtores na mesma


etapa do ciclo produtivo na mesma época. Especialmente devido às questões
climáticas, a produção fica limitada à períodos determinados. Por exemplo,
quase todos os produtores de soja plantam na mesma época para aproveitar o
calendário agrícola e o clima e disponibilidade de chuvas adequados.

Consequentemente, os produtores colhem na mesma época, e a disponibilidade


do produto fica vinculada a esses ciclos. Isso gera uma produção sazonal, onde há
muita oferta em uma época do ano e pouca oferta em outras épocas. Isso
influencia a cadeia como um todo, gerando alterações na oferta e demanda, no
preço, na disponibilidade do produto, nos processos de armazenagem, transporte
e beneficiamento. Um exemplo muito visível é logística de distribuição, onde as
estradas ficam cheias de caminhões carregados na época de safra, formando
gigantescas filas nestes períodos.

Semelhante à sazonalidade de produção, o consumo de alguns produtos apresenta


variações ao longo do ano, alterando os padrões de consumo normais,
aumentando ou diminuindo sua demanda e oferta no mercado. O aumento do
consumo de chocolate na páscoa, o aumento do consumo de peixes e diminuição
de carnes vermelhas na quaresma, a procura por bebidas quentes como caldos e
sopas no inverno e bebidas geladas como cerveja e sucos no verão, são exemplos
que mostram essa sazonalidade e a importância da empresa fazer a gestão
adequada para se organizar. Além disso, esse ciclo do consumo pode ser
diferente do ciclo de produção (épocas diferentes), e a organização deve ser
ainda maior para gerenciar isso.

Perecibilidade da matéria-prima
Diversos produtos do agronegócio são perecíveis e podem deteriorar em curto
espaço de tempo. Isso faz com que seja necessário controlar e adaptar os
principais processos, para evitar ou diminuir a deterioração do produto,
mantendo a qualidade e características normais dos produtos. A perecibilidade
exige que a cadeia produtiva se organize para atender essas necessidades e crie
soluções, como o transporte de leite e algumas frutas que precisam de
refrigeração, o transporte de peixes e frutos do mar que precisam de
congelamento, produtos em geral que precisam evitar o calor excessivo, grãos
que não podem ter contato com muita umidade. Ainda assim, com toda a
organização possível, as perdas e desperdícios de produtos do agronegócio são
muito comuns, e a perecibilidade tem muita influência. Portanto, o
planejamento deve ser muito bem feito pelo gestor para que o sistema funcione
de forma eficiente.

Perecibilidade do produto final


Mesmo após passar por beneficiamento e industrialização, diversos produtos do
agronegócio ainda apresentam perecibilidade, como por exemplo carnes, lácteos,
produtos de panificação, etc. Eles precisam de armazenagem adequada e muitas
vezes precisam de ambientes controlados para manter a qualidade, por exemplo,
queijos que precisam de ambientes com pouca umidade, carnes e lácteos que
precisam de refrigeração constante. A embalagem, estocagem, conservação e
transporte desses alimentos são essenciais para manter a qualidade do produto
final. Essa especificidade, assim como as demais, deve receber muita atenção do
gestor, para que todos os processos ocorram da forma adequada, equilibrando a
produção, distribuição e demanda do consumidor para que diminua as perdas.

Qualidades e questões sanitárias


Segundo Batalha (2007) é fundamental que todos os elementos que integram o
sistema de produção (desde a produção de insumos, produtores rurais, indústria e
distribuição) conheçam profundamente os atributos de qualidade que os
consumidores necessitam nos produtos e serviços oferecidos por esta empresa.
Além da qualidade ser um diferencial competitivo e fator de escolha do produto,
os produtos do agronegócio, principalmente alimentos, possuem diversas
legislações e normas que definem sua produção, beneficiamento, distribuição e
consumo. Há um forte controle em todos os processos, tanto formal (pelos órgãos
envolvidos na vigilância sanitária) como informais (quando o consumidor verifica
os aspectos de qualidade na hora da compra). O controle sanitário e da qualidade
é essencial para a continuidade da empresa rural, pois os alimentos que não
estão nas condições adequadas podem gerar problemas aos consumidores
(produtos contaminados, por exemplo) e problemas para as marcas (quando a
qualidade não está aceitável, gerando um marketing negativo).

Aspectos ambientais
Grande parte das empresas rurais utilizam os recursos naturais como fatores de
produção, assim o agronegócio apresenta uma relação muito forte com o meio
ambiente. Para que as empresas continuem produzindo, é necessário diversas leis
e normas para orientar e controlar a utilização destes recursos, mantendo a
sustentabilidade do sistema. Todos os agentes das cadeias produtivas devem se
atentar a essas leis e aos riscos de produção, a fim de evitar que possam
acontecer problemas que danifiquem o meio ambiente de forma irreversível, ou
que prejudique a sociedade de alguma forma. Todos os envolvidos devem ter uma
visão sistêmica e voltada para a sustentabilidade, ou seja, produzir agora de
forma que seja possível continuar produzindo ao longo do tempo, dando
condições às gerações futuras de também continuarem produzindo de forma
equilibrada, sem prejuízos à sociedade. O gestor tem grande importância nesse
papel, pois é necessário sempre controlar esses recursos visando o equilíbrio
entre produção e meio ambiente.

Aspectos culturais e sociais de consumo


O consumo de serviços e produtos está muito ligado aos aspectos culturais e
sociais. É preciso entender isso para que a produção esteja adequada ao
consumidor que será direcionada. Por exemplo, algumas pessoas não comem
carne suína devido à religião, outras não se alimentam de bovinos, em alguns
grupos é muito comum o alto consumo de peixes, já em outros grupos é pouco
consumido, com o aumento da renda do consumidor houve o aumento do
consumo de carnes e principalmente o aumento de carnes nobres, recentemente
houve um aumento muito grande no consumo de alimentos orgânicos com
tendência de continuar crescendo. Os aspectos sociais e culturais interferem
muito na escolha e consumo de produtos, assim é necessário que todos os agentes
estejam atentos à esses aspectos sociais e culturais, bem como nas tendências
que isso pode fomentar.

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