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Pós Colheita de Alimentos Obtidos em Ambientes Protegidos

Marina Ribeiro do Val Engenheira Agrônoma pós graduada em biotecnologia de alimentos –


NATIS Consultoria e Coordenação do Curso Alimentos Perecívies UNITAU - marina.val@uol.com.br

Em época de verdadeira obsessão pelo controle do peso e pelo aspecto físico, existe sempre
um grande mercado remunerador para novidades que tratem de alimentos saudáveis,
agradáveis ao paladar, ao olfato e à visão e que contribuam para as dietas, contexto em que
se insere uma hortifruticultura pronta a oferecer variedade e qualidade. Haja vista as listas
de itens dos supermercados crescentes ao longo do tempo e os mais variados pratos dos
restaurantes.

Existe principalmente em virtude da plasticultura ou cultivo protegido a expectativa de


encontrar frutas, verduras e legumes durante o ano todo.

A tecnologia de produção vegetal em ambientes protegidos está disponível e globalizada.

Independente do tipo, as estufas concentram elevado número de plantas promovendo


maior risco de contaminações comparado ao cultivo no campo e consequentemente exigem
controle rigoroso das condições do ambiente interno e externo.

No Brasil as principais técnicas a desenvolver, em larga escala, são os cuidados básicos pós
colheita. Estes procedimentos podem reduzir drásticamenteas as perdas e aumentar
considerávelmente a produtividade e competitividade de mercado dos produtos .

Distribuição das perdas no pós-colheita de frutas e hortaliças

10 %

10 %

Varejo e Consumidor Final


Campo
50 %
Comercialização
Manuseio e Transporte

30 %

PRINCIPAIS PERDAS DOS HORTIFRUTÍCOLAS


Fonte: SOARES, A.G. Perdas Pós-colheita de Frutas e Hortaliças, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fórum Agronegócios da Unicamp 2009.

A técnica de pré resfriamento ou retirar de ambientes com temperaturas elevadas


imediatamente pós colheita para “retirar o calor da roça” , como por exemplo dos
morangos, é fator determinante para manter a qualidade em toda cadeia do produto - da
colheita até a comercialização e a mesa do consumidor. A textura delicada do morango
exposta a oscilções de temperatura poderá resultar em perdas fisiológicas .

O cloro é um ótimo sanitizante. Lavar sempre o produto com água clorada é um


importante controle fitosanitário.

Manter os vegetais de modo geral, após colhidos em ambientes com temperatura entre 5 e
10 C , evita inúmeras perdas fitopatológicas. Essa faixa de temperatura não oferece
condições ideais para o desenvolvimento da maioria dos fungos e bactérias, principais os
agentes contaminantes e deteriorantes.

As características da célula vegetal são mantidas em ambientes com umidade do ar entre


85 e 95%. As frutas, legumes e verduras mantidas nessas condições mantém o padrão de
qualidade ( cor, sabor, aroma, textura e valor nutricional ), resultando em mais tempo de
”vida de prateleira “ para o produto.

Realizar o máximo de esforço para preservar a estrutura física, específica de cada tipo de
vegetal, durante a prática da colheita evita as perdas por injúrias mecânicas . Quando
este tipo de perda ocorre , desencadeiam-se outros processos que terminam em perdas
fitopatológicas e fisiológicas e por consequência reduz-se a “ vida de prateleira ou shelf
life”. “Manter os cabinhos “ na colheita das solanáceas é a principal barreira para evitar
entrada de agentes contaminantes e deteriorantes - o modo ideal “selar “o produto,
mantendo sua boa sanidade e valor.

Na TABELA 01 demonstram-se os principais danos que ocorrem em frutas e hortaliças e a


forma de evitá-los. Além dos impactos causarem danos diretos, há o estimulo ao aumento
da taxa de respiração e produção de etileno que acaba levando a senescência, reduzindo a
vida útil do produto (CHITARRA & CHITARRA 1990).

TABELA 01. Principais causas e meios de controle de perdas em frutos e hortaliças.

Causas de Perdas Meios de Prevenção

Esmagamento Colheita e manuseio cuidadosos,


embalagem protetora.

Apodrecimento Manter a casca intacta, boa sanidade,


armazenamento a frio.

Senescência Armazenamento a frio, comercialização


imediata, processamento em produto
estável.

Murchamento Manter em ambiente com elevada umidade


relativa.

Fonte: Chitarra & Chitarra 1990


A utilização de embalagens adequadas é outro fator a considerar. Protege o produto contra
danos posteriores, facilita a logística e transporte através do uso de sistemas paletizados
de carga, promove a relação custo/benefício gerando maior economia no processo e dá a
possibilidade do produto ser colocado na gôndola do supermercado dentro da própria
embalagem, a fim de evitar seu manuseio.

A nova geração de consumidores têm acesso a todas as informações sobre saúde e


qualidade de vida de forma imediata, não está apenas preocupada com os aspectos
econômicos na hora da compra, mas também em saber a origem dos produtos que nutrirão
seus próprios organismos .

Satisfazer as necessidades do consumidor não é só garantir que o produto tenha bom


sabor e boa apresentação. É importante a garantia de qualidade referente à saúde,
aos processos de produção e o tratamento do produto do campo até a mesa.

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