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O QUE É PRECISO SABER

PARA PRODUZIR
MICRORGANISMOS NA
FAZENDA - ON FARM, COM
MENORES RISCOS E MAIOR
EFICIÊNCIA

UM GUIA PRÁTICO
1ª EDIÇÃO
2023

ADAILSON FEITOZA DE J. SANTOS


SOPHIA SANTOS ELEFTHERIOS DINAS
ADRIANE FREIRE A. FEITOZA
Sumário
Introdução 03

CAPÍTULO 1 - Ambiente da biofábrica 07

CAPÍTULO 2 - O sistema de multiplicação 11

CAPÍTULO 3 - Sistema de aeração/oxigenação 13

CAPÍTULO 4 - Água 17

CAPÍTULO 5 - Sistema de monitoramento de pH, temperatura e


espuma 20

CAPÍTULO 6 - Meio de cultura 24

CAPÍTULO 7 - Inóculo 28

CAPÍTULO 8 - 8.1 - Controle de qualidade 31


8.2 - Responsável técnico 34

CAPÍTULO 9 - Assistência pós-venda 36

CAPÍTULO 10 - Rastreabilidade 38

Quadro 01. 41

dos ReSultados 43

CONSIDERAÇÕES 44

REFERÊNCIAS 46
INTRODUÇÃO
A agricultura moderna enfrenta grandes
desafios. Entre eles, a ocorrência de
pragas e doenças e os problemas
envolvidos com os fertilizantes, como
elevação dos preços, menor oferta, entre
outros.

Como medida para solucionar tais


problemas tem havido investimentos
consideráveis em novas tecnologias.
Entre as tecnologias aquecidas no
mercado, nos últimos anos, encontramos
os produtos biológicos. Tais produtos
podem ser categorizados como:
biofertilizantes, inoculantes,
bioestimulantes e biodefensivos.

De acordo com dados disponíveis no


aplicativo bioinsumos, do Programa de
Bioinsumos do Ministério da Agricultura,
Precuária e Abastecimento (MAPA)
instituído pelo Decreto N°10.375, de 26
de maio de 2020, há 524 produtos
registrados como inoculantes até o
momento. Entre os biodefensivos, são
registrados 501 produtos de acordo com
o Agrofit 2023.
INTRODUÇÃO
04

Os biodefensivos podem ser categorizados de


acordo com os seus ingredientes ativos conforme a
Figura 1 (CROPLIFE, 2022). Os produtos registrados
estão disponíveis para os produtores em todo o País
e apresentam resultados de eficiência e segurança
comprovados. Isso tem refletido no crescimento
exponencial tanto de registro de novos produtos
quanto na sua adoção. Todas as projeções apontam
para um crescimento significativo para os próximos
anos no uso de bioinsumos (IHS MARKIT apud
MEYER et al., 2022).
Figura 1 - Gráfico da categorização dos biodefensivos
Semioquímicos
8%
Bioquímicos
11%

Macrorganismos
17%
Microrganismos
64%

Junto com este crescimento, temos acompanhado o


desenvolvimento da adoção expressiva da produção
de microrganismos, com funções de inoculantes e
biodefensivos, na própria fazenda. Esta prática vem
sendo chama de produção on farm.
INTRODUÇÃO
05

A produção on farm, até a produção deste


documento, não possui uma regulamentação
aprovada com critérios para produção e/ou controle
de qualidade. No entanto o parágrafo 8º do artigo
8º no decreto 10.833/2021 diz que:

Ficam isentos de registro os produtos fitossanitários


com uso aprovado para a agricultura orgânica
produzidos exclusivamente para uso próprio em
sistemas de produção orgânica ou convencional.

É baseado neste texto que os produtores têm


encontrado suporte jurídico para a produção on
farm.

Com o crescimento desta prática tem havido grande


oferta da tecnologia no mercado. As tecnologias
disponíveis aos produtores são muito variáveis,
oscilando de tecnologias e processos muito
rudimentares até sistemas que se aproximam muito
dos sistemas industriais. Com essa diversidade e
com a baixa disseminação de informação técnica
sobre o processo e sobre os microrganismos
embarcados, o produtor encontra dificuldades em
saber quais as melhores opções para atender a sua
necessidade e muitas vezes opta por sistemas ruins.
INTRODUÇÃO
06

Então quais os critérios podem ser adotados para


uma melhor tomada de decisão? Como o produtor
pode escolher a melhor tecnologia? Existe algum
roteiro que ele pode seguir para entender e escolher
a melhor opção?

O objetivo deste documento é esclarecer quais os


principais pontos que devem ser observados durante
a análise de um sistema de produção de
microrganismos na fazenda, para facilitar a tomada
de decisão do produtor, seja na escolha do melhor
sistema ou na decisão de continuar utilizando os
produtos de prateleira. Assim, ao final de cada item
foram classificadas quais as opções disponíveis e
indicada uma pontuação baseada no nível da
tecnologia, onde notas mais baixas representam
menor eficiência e notas mais altas melhor
eficiência. Com esta classificação, ao final da
análise dos itens apresentados e da somatória das
notas obtidas, o sistema com a maior pontuação
será o que representará potencial de maior
eficiência e menores riscos de contaminação.
07
CAPÍTULO 1

AMBIENTE DA
BIOFÁBRICA
O princípio da produção on farm é a multiplicação
de microrganismos. E quando consideramos
trabalhar com microrganismos, um ambiente limpo é
o componente básico inicial.

Nos trabalhos em laboratório de microbiologia,


mesmo seguindo todos os protocolos adequados, é
recorrente acontecer contaminação por diferentes
microrganismos. Em biofábricas industriais, mesmo
seguindo todos os protocolos essenciais, é comum
acontecer contaminações e muitas vezes tanques de
produção são descartados.

Então qual a base técnica para considerar que na


produção on farm não é necessário a preocupação
com o ambiente onde a biofábrica será instalada?

É muito comum encontrarmos sistemas de


multiplicação microbiana on farm instalados em
ambientes completamente inadequados. Entre as
inadequações encontramos: ambientes com telhado
aparente; diversas entradas de ar; ambientes com
CAPÍTULO 1 • AMBIENTE DA BIOFÁBRICA
08

múltiplos usos; sem refrigeração; com acesso de


animais; paredes e pisos sem acabamento e quando
com acabamento com cerâmicas que formam
espaços que acumulam contaminantes, entre outras
situações.

Quando consideramos o acabamento de pisos e


paredes estamos falando de áreas que possibilitem
uma higienização adequada, como por exemplo
paredes pintadas com tintas laváveis e pisos com
materiais que não tenham junções, os quais
facilitam o acúmulo de sujeiras e consequentemente
são fontes de contaminações. Ainda é possível
considerar os cantos das salas (biofábricas) como
sendo arredondados ao invés dos padrões de ângulo
de 90º, o que facilita a limpeza.

Qual a importância de um ambiente limpo para


produção de microrganismos na fazenda?

Vamos considerar apenas um elemento, como


exemplo. Para estimular o crescimento dos
microrganismos é utilizada a injeção de ar
(oxigênio) nos reatores (esse tema será discutido
com maiores detalhes nos próximos tópicos). O ar
que é injetado, em geral, é o ar do ambiente da
biofábrica, sabendo que o ar possui diversos
microrganismos em suspensão é fácil compreender
que estes microrganismos serão injetados nos
sistemas de multiplicação e desta forma configuram
CAPÍTULO 1 • AMBIENTE DA BIOFÁBRICA
09

um dos principais meios de contaminação que


podem ser encontrados na multiplicação on farm.

Na indústria, este ar passa por um sistema de


filtração que possibilita a injeção de ar esterilizado
para o adequando crescimento dos microrganismos.

Outro ponto importante é a climatização da


biofábrica. Os sistemas on farm, até o momento da
publicação deste documento, não possuem sistemas
de controle de temperatura, elevar e reduzir a
temperatura quando necessário. Naturalmente um
processo de fermentação produz, além dos
metabólitos de interesse, calor. O que eleva a
temperatura no reator. Caso essa temperatura não
seja controlada, poderá representar danos
significativos para os microrganismos, reduzindo
sua população e consequentemente a eficiência do
produto. Uma forma que pode ser adotada para
reduzir a elevação da temperatura nos reatores é
instalar sistema de condicionadores de ar na
biofábrica. Então sim, as biofábricas on farm
precisam ser climatizadas para melhorar a eficiência
da produção e até mesmo garantir o crescimento de
microrganismos que não toleram altas temperaturas.

Então, antes de considerar a possibilidade da


prática da multiplicação on farm é básico e
fundamental possuir um ambiente adequado para
esta atividade, seja aquele construído pelo produtor
CAPÍTULO 1 • AMBIENTE DA BIOFÁBRICA
10

ou já oferecido como serviço pelas empresas do


segmento. Assim podemos classificar os ambientes
como:

Opção Nota

Ambientes abertos com paredes e pisos sem


1
acabamento adequado

Ambientes fechados com paredes e pisos sem


2
acabamento adequado e sem climatização

Ambientes fechados com paredes e pisos com


3
acabamento adequado e sem climatização

Ambientes fechados com paredes e pisos com


4
acabamento adequado e com climatização
11
CAPÍTULO 2

O SISTEMA DE
MULTIPLICAÇÃO
Atualmente existem diferentes sistemas de
multiplicação disponíveis no mercado, variando na
complexidade de periféricos instalados e nos
materiais utilizados na sua fabricação. Os três
materiais mais utilizados, para construção dos
tanques dos reatores para produção on farm , são:
polietileno, fibra de vidro e inox. Um dos maiores
problemas na variação do componente de produção
está relacionado com o processo de sanitização e
durabilidade.

Tanques produzidos em polietileno e fibra de vidro


possibilitam maior aderência de compostos
orgânicos, como produtos da fermentação, espuma,
bem como a formação de biofilme microbiano,
devido as pequenas irregularidades na superfície do
material. Essas incrustações podem exigir maior
esforço laboral para remoção, dificultando a
sanitização, e constituindo uma fonte extra de
contaminação, uma vez que os biofilmes são
resistentes aos processos convencionais de
higienização por processos químicos e físicos.
CAPÍTULO 2 • O SISTEMA DE MULTIPLICAÇÃO
12

Já os tanques de inox, por apresentarem superfície


menos porosa, reduzem a adesão tornando-se mais
fáceis de higienizar e apresentam maior
durabilidade, considerando inclusive o uso de
processos mais abrasivos na limpeza.

Qual o material utilizado na fabricação do seu


tanque?

Opção Nota

Polietileno 1

Fibra de vidro 2

Inox 3
13
CAPÍTULO 3

SISTEMA DE
AERAÇÃO/
OXIGENAÇÃO
Industrialmente os reatores em sistemas de
produção para fermentação submersa, considerando
a produção de células microbianas livres, podem ser
classificados em: reatores agitados mecanicamente,
reatores agitados pneumaticamente (coluna de
bolhas ou reatores “air-lift”) e reatores de fluxo
pistonado. Os sistemas mais comuns atualmente
presentes na produção on farm são: sistema venturi,
aeração com impelidores (hélice) mais oxigenação
por compressor e o terceiro tipo com apenas
oxigenação por compressor de ar (Figura 2). Um dos
principais problemas relacionados aos sistemas de
oxigenação é o tamanho das bolhas de ar formadas
dentro dos tanques de fermentação.

No geral a oxigenação por venturi e compressor


geram bolhas grandes, o que reduz a capacidade de
difusão de oxigênio (oxigênio dissolvido).
CAPÍTULO 3 • SISTEMA DE AERAÇÃO/OXIGENAÇÃO

14
Figura 2 - Sistema venturi (A), sistema eração com impelidores
mais oxigenação por compressor (B) e sistema com apenas
oxigenação por compressor de ar (C).

A B

Fonte: Autores.

Então, quanto maiores as bolhas, menos oxigênio


dissolvido no caldo fermentativo, o que leva a
deficiência de oxigenação e redução da taxa de
crescimento microbiano. Por sua vez os impelidores
na forma de hélices ou pás ajudam na dissolução do
oxigênio no meio (a partir da quebra das bolhas), o
que induz maior crescimento microbiano a partir da
respiração celular. No entanto, o sistema de hélice
CAPÍTULO 3 • SISTEMA DE AERAÇÃO/OXIGENAÇÃO

15
também cria um vórtice no centro do tanque e o
vórtice gera uma menor homogeneidade dos
componentes do meio cultura, por exemplo,
incluindo uma menor taxa de agitação, o que leva a
menor quebra das bolhas (SCHMIDELL et al., 2001).

Nos sistemas industriais o uso dos impelidores


(hélice ou pás) é regra nos biorreatores, e o possível
problema ocasionado pela formação do vórtice é
solucionado adicionando-se chicanas, nas paredes
dos tanques. As chicanas atuam quebrando a
formação dos vórtices e permitindo a agitação do
caldo em todas as direções, facilitando a
homogeneização dos componentes no tanque
(SCHMIDELL et al., 2001). Este seria o modelo mais
eficiente, no entanto, os sistemas mais utilizados,
com hélice, para produção on farm, não contam com
as chicanas instaladas. Ainda é importante
considerar que o fato de não haver esterilização em
tanques, fora da indústria, torna a presença da
hélice uma fonte extra de contaminação, devido a
formação de biofilme, que não são facilmente
removidos.

Assim um modelo adequado para esta prática seria o


sistema de oxigenação com compressor para injeção
de ar filtrado (estéril) e formação de microbolhas.
Devendo obviamente ser considerado a coluna de
líquido do reator. Uma coluna de líquido maior, ou
seja, um reator mais alto possibilita que as bolhas
CAPÍTULO 3 • SISTEMA DE AERAÇÃO/OXIGENAÇÃO

16
se rompam liberando o oxigênio para o sistema.

As principais opções de aeração e oxigenação


atualmente disponíveis são:

Opção Nota

Venturi 1

Oxigenação filtrada com formação de bolhas


2
grandes e impelidores

Oxigenação filtrada com formação de


3
microbolhas
17
CAPÍTULO 4

ÁGUA
Componente básico e primordial para o
desenvolvimento de microrganismos nos ambientes
naturais, mas também para a sua produção em larga
escala a partir de processos fermentativos
aeróbicos.

Em todos os ambientes, ar, solo e água, há a


presença de diferentes grupos microbianos. A
grande maioria inócuos para plantas e animais, e
uma pequena parcela responsável por causar
algumas doenças. Assim, existem regulamentações
sobre a qualidade microbiológica da água para ser
considerada potável, por exemplo.

De acordo com a portaria GM/MS nº 888/2021 do


Ministério da Saúde, o padrão bacteriológico para
cada 100 mL de água deve ser: ausente de
coliformes totais e Escherichia coli.

Conforme Silva et al. (2010), no grupo de Coliformes


totais estão enquadradas mais de 20 espécies de
enterobactérias. As quais podem ser provenientes
do trato gastrintestinal de humanos e de outros
animais de sangue quente (Escherichia coli), como
também bactérias não entéricas como aquelas per-
CAPÍTULO 4 • ÁGUA

18
-tencentes aos gêneros, Citrobacter, Enterobacter,
Klebsiella e Serratia, entre outras. Embora a
presença e número elevado destes grupos não
tenham uma relação direta com contaminação de
origem fecal, é um indicativo das condições
higiênicas insatisfatórias (CONTE et al., 2004). Já a
presença de E.coli, representa um indicador mais
específico de contaminação fecal e de eventual
presença de organismo patogênicos. A ingestão de
algumas cepas de E.coli, por humanos, pode resultar
em sintomas desagradáveis, brancos ou agressivos
(CRUZ et al., 2006).

Além dos microrganismos patogênicos é necessário


que a água de uso industrial tenha baixa carga de
outros microrganismos, pois quanto menor a
concentração de microrganismos mais eficiente se
tornam os processos de sanitização. Na indústria de
produção de inoculantes e biodefensivos os
sistemas de produção devem garantir,
obrigatoriamente, a eliminação de 100% de outros
microrganismos antes da adição do microrganismo
alvo na forma de inóculo. O qual irá se reproduzir e
compor o produto final. Ou seja, mesmo que água de
abastecimento dos biorreatores apresentem
contaminação, ela será removida pelo sistema de
esterilização.

Assim, quando consideramos a produção de


microrganismos nos sistemas on farm, a água repre-
CAPÍTULO 4 • ÁGUA
19

-senta um dos maiores gargalos, pois na grande


maioria das vezes os tanques são alimentados com
água de baixa qualidade microbiológica. E como os
sistemas não possuem um processo adequado de
esterilização da água, e a sanitização muitas vezes
não é eficiente, esta se torna uma das maiores
fontes de contaminação durante a produção.
Reduzindo, consequentemente, a qualidade e
eficiência agronômica do produto.

Desta forma é fundamental que as empresas que


comercializam os sistemas de produção on farm
instalem um sistema adequado de esterilização
(física e/ou química) da água antes da alimentação
do tanque de fermentação aeróbica. Podemos
classificar três tipos de sistema considerando o
tratamento adicional da água de alimentação dos
reatores:

Opção Nota

Sistema sem tratamento de esterilização da


1
água

Sistema com tratamento de esterilização


2
químico da água

Sistema com tratamento de esterilização


3
físico da água
20
CAPÍTULO 5

SISTEMA DE
MONITORAMENTO DE
PH, TEMPERATURA E
ESPUMA
A cinética do processo fermentativo é influenciada
por alguns fatores muito importantes como: pH,
temperatura, taxa de oxigênio dissolvido e outros
nutrientes como fonte de carbono e nitrogênio, os
quais podem ser otimizados para garantir um
melhor crescimento microbiano e produção de
compostos de interesse. Durante a fermentação os
microrganismos produzem metabólitos que podem
acidificar ou alcalinizar o meio fermentativo. Mesmo
que sejam formulados com tampão, os meios de
cultura, durante a fermentação podem sofrer
alteração do pH. Nestes casos é importante que o
pH durante a fermentação seja mantido na faixa
ideal para o crescimento do microrganismo alvo,
pois pode reduzir a taxa de atividade metabólica,
CAPÍTULO 5 • SISTEMA DE MONITORAMENTO DE PH,
21
TEMPERATURA E ESPUMA

causada por danos as proteínas ou até mesmo


influenciar na configuração de alguns componentes
como as proteínas Cry, produzidas por Bacillus
thuringiensis.

As proteínas Cry, são sintetizadas durante a


formação dos endósporos de B. thuringiensis e são
amplamente utilizadas na agricultura devido a sua
atividade letal contra alguns insetos considerados
pragas. Todas as toxinas Cry são expressas como
pró-toxinas as quais sofrem processamento
proteolítico no intestino do inseto, em pH alcalino,
liberando então a toxina ativa (SOBERON et al.,
2018). Então se durante o cultivo desta bactéria o
pH do meio de cultura se mantem na faixa de 8 –
8,5 (alcalino) a proteína pode ser solubilizada antes
do contato com o inseto alvo e perder sua função.

Da mesma forma, variações de temperatura podem


comprometer diretamente o crescimento dos
microrganismos. Os microrganismos são
programados geneticamente para tolerar algumas
variações de temperatura, porém cada espécie
apresenta uma temperatura ótima para seu
crescimento. Segundo Romero-Perdomo et al.,
(2015), Azospirillum brasilense C16 apresenta um
crescimento máximo na temperatura de 30 ºC. E
variações da temperatura para 34 e 36 ºC inibem
completamente o crescimento desta cepa. Esta
informação é muito importante pois influencia dire-
CAPÍTULO 5 • SISTEMA DE MONITORAMENTO DE PH,
22
TEMPERATURA E ESPUMA

-tamente no rendimento do cultivo.

O oxigênio dissolvido é fundamental para a correta


absorção e utilização para o metabolismo dos
microrganismos aeróbicos. O oxigênio participa
diretamente do processo de respiração celular,
sendo crucial na síntese de moléculas de ATP
(molécula energética das células), o que impulsiona
a atividade celular. Como apresentado
anteriormente, é fundamental que haja uma
eficiente difusão deste nutriente no meio de cultura.

Durante o cultivo dos microrganismos há formação


de espumas, que se não controladas vazam dos
reatores causando maior possibilidade de
contaminação e redução do rendimento no processo.
Assim, este é um parâmetro que precisa ser
monitorado, automático ou manualmente e, sempre
que necessário utilizar antiespumantes, os quais
também são fonte de contaminação caso não sejam
esterilizados.

Desta forma é importante que os sistemas de


fermentação aeróbica possibilitem ao usuário
monitorar tais parâmetros e que de forma
automática ou manual possam realizar os ajustes
necessários para garantir a melhor cinética de
crescimento microbiano, a partir da correção de pH,
controle de temperatura, injeção de oxigênio e
adição de antiespumante. Aqui, vale a pena abrir um
CAPÍTULO 5 • SISTEMA DE MONITORAMENTO DE PH, 23
TEMPERATURA E ESPUMA

parêntese, na grande maioria das vezes, sistemas


automatizados que injetam reagentes esterilizados
no tanque apresentam menores riscos de
contaminação.

Estes parâmetros são básicos e avaliados


rotineiramente quando consideramos a produção de
microrganismos em escala industrial, no entanto, na
produção on farm é muito raro encontrar tais
sistemas. Sistemas de fermentação mais
tecnificados tendem a apresentar custo mais
elevado, porém possibilitam uma melhor condução
do processo da multiplicação microbiana.

Podemos classificar, pelo menos, quatro tipos


distintos de sistemas considerando estes
parâmetros:

Opção Nota

Sistema sem monitoramento dos parâmetros 1

Sistema com monitoramento, porém sem a


2
possibilidade de ajustes

Sistemas com monitoramento e com ajuste


3
manual

Sistemas com monitoramento e com ajuste


4
automático
24
CAPÍTULO 6

MEIO DE
CULTURA
Este item talvez seja o mais complexo quando
consideramos a possibilidade de produzir
microrganismos seja na indústria ou na propriedade
rural. Um meio de cultura é um conjunto de
nutrientes que irá garantir o atendimento das
necessidades nutricionais de um microrganismo,
contribuindo desta forma com o seu crescimento e a
consequente produção de compostos de interesse.

Os microrganismos, de maneira geral, irão


apresentar necessidades nutricionais distintas.
Quando comparamos bactérias e fungos, fica mais
clara e já está consolidada pela indústria e pela
produção on farm, que são grupos que apresentam
necessidades distintas. No entanto, de forma geral,
para a produção de bactérias, as empresas da
tecnologia on farm, possuem um único meio de
cultura que seria capaz de atender as necessidades
nutricionais de todas as espécies bacterianas
multiplicadas na fazenda. É importante considerar
que existem meios de cultura, generalistas, que
possibilitam de fato o crescimento de uma gama de
CAPÍTULO 6 • MEIO DE CULTURA 25

bactérias, no entanto, para se atingir o máximo do


potencial de espécies diferentes, será necessário
adaptar os meios de cultura para atender as
demandas individuais ou de grupo relacionados.

Ainda, é importante considerar se o processo visa


produzir células microbianas ou metabólitos com
funções específicas. Produzir células é menos
problemático, embora hajam especificidades para
melhorar o rendimento. Já a síntese de metabólitos
secundários tem relação direta com os parâmetros
nutricionais e ambientais. Desta forma, é
extremamente relevante utilizar meios de cultura
específicos para indução da síntese de metabólitos
de interesse para a agricultura.

Um dos microrganimos mais produzidos na produção


on farm tem sido a Chromobacterium subtsugae. Esta
espécie tem sido muito utilizada como inseticida, e
há comprovação na literatura de que a espécie
produz metabólitos tóxicos para insetos pragas. Foi
constatado que a atividade inseticida não depende
diretamente da manutenção da massa celular, uma
vez que se demonstrou que culturas contendo
poucas células viáveis, se assemelham a culturas
com concentração maior que 10 8 UFC mL,-1 em termos
de toxicidade para os insetos (US 2007/0172463
A1). Isto evidencia a importância da síntese dos
metabólitos produzidos pelas bactérias.
CAPÍTULO 6 • MEIO DE CULTURA 26

A violaceína, pigmento violeta, produzido por C.


subtsugae tem recebido ampla atenção devido a sua
ação antibacteriana, antiviral, antifúngica e
antioxidante (ARULDASS et al., 2017; PAUER et al.,
2018). A violaceína é um metabólito secundário e
tem como precursor o L-triptofano (HOSHINO,
2011). Ou seja, para a bactéria produzir o pigmento
ela precisa de L-triptofano disponível no meio de
cultura (Figura 3).
Figura 3 - C. subtsugae cultivada em meio de cultura sem L-
triptofano (A) e com L-triptofano (B)

A B

Fonte: Autores.

Assim, fica claro pontuar que é necessário,


obrigatoriamente, considerar o tipo de meio de
cultura para a multiplicação de microrganismos,
seja na indústria ou no on farm.

Um outro ponto que tem levantado uma séria


discussão sobre os meios de culturas é o fato de
serem esterilizados ou não. Na indústria, não preci-
CAPÍTULO 6 • MEIO DE CULTURA 27

-samos trabalhar com meios de cultura


esterilizados, uma vez que o sistema dos
biorreatores garante a esterilização dos
componentes que serão utilizados. No entanto, não
há no mercado, nenhum sistema, recomendado para
on farm que tenha a capacidade de esterilizar a
mistura água e meio de cultura. Assim,
obrigatoriamente, é necessário iniciar a fermentação
com um meio de cultura previamente esterilizado.

Os meios de cultura são misturas de compostos


orgânicos ricos, do ponto de vista nutricional, assim,
se tornam excelentes substratos para o
desenvolvimento de microrganismos e de formas
macroscópicas como larvas de alguns insetos, como
temos visto na prática no dia a dia. Iniciar um
processo fermentativo com um meio de cultura
contendo microrganismos é o primeiro passo para
um processo desastroso. Podemos classificar os
meios de cultura em:

Opção Nota

Meios generalistas ou específicos não


1
esterilizados

Meios generalistas esterilizados 2

Meios específicos esterilizados 3


28
CAPÍTULO 7

INÓCULO
Inóculo ou semente, é a matriz biológica de onde se
originarão os demais microrganismos de interesse.
Atualmente existem duas principais fontes de
inóculos acessados pelos produtores: 1– produtos
comerciais registrados e 2– inóculos produzidos por
empresas que comercializam a tecnologia on farm.

Existe algum problema nessas fontes de inóculo?


Eles podem se tornar um gargalo para o
desenvolvimento da prática?

Na verdade, todos os aspectos que abordamos neste


texto são gargalos da tecnologia, no entanto, podem
ser ajustados. Mas voltemos ao tópico. Utilizar
produtos registrados como inóculo podem
representar dois problemas, o primeiro é de ordem
ética/moral, não parece muito correto utilizar uma
tecnologia disponível no mercado e que houve
investimento de recursos financeiros e humanos, e
transformar 1 litro de um determinado produto em
1000 litros. Aqui vale a pena abrir um parêntese, ao
realizar a multiplicação, a partir de um produto
comercial, na fazenda, não está sendo feita uma
cópia do produto e sim, em caso de um processo
eficiente, a multiplicação do microrganismo utiliza-
CAPÍTULO 7 • INÓCULO 29

-do como princípio ativo. Isto acontece, pois, um


produto biológico, além do microrganismo
embarcado, possui diversos outros componentes que
potencializam, protegem e garantem o prazo de
validade e estes componentes não são
multiplicados.

O segundo problema está relacionado com a


potencialização de multiplicação de contaminantes,
provenientes do inóculo comercial. Considerando
inoculantes:

De acordo com a Instrução Normativa SDA 13/2021,


o produto final deverá estar livre de microrganismos
não especificados no fator de diluição 1X10.-5

Já para o biodefensivos, não há uma regulamentação


da quantidade mínima ou máxima de contaminantes
(outros microrganismos) que poderiam estar
presentes no produto. Ou seja, é possível que os
produtos comerciais, tenham, mesmo que em
concentrações reduzidas, a presença de
microrganismos que não só os alvos. Uma pequena
concentração, desde que não sejam patógenos de
plantas e/ou animais, não representariam riscos
potenciais e não afetariam a viabilidade do produto
devido a estabilização garantida pela formulação.
No entanto, quando um produto como este é
utilizado para a multiplicação, tanto o ingrediente
ativo como os contaminantes também serão multi-
CAPÍTULO 7 • INÓCULO 30

-plicados.

Desta forma, é um problema considerar a utilização


de produtos comerciais registrados como fonte de
inóculo para produção de microrganismos na
propriedade rural.

A outra opção, acessada pelos produtores, é adquirir


o inóculo de empresas que comercializam tais
microrganismos e asseguram a qualidade e pureza.
Para esta opção, diferente dos produtos industriais,
não pode haver qualquer contaminante no inóculo,
com o risco de que tais contaminantes também
sejam multiplicados, reduzindo a qualidade do
produto. Assim, podemos classificar os inóculos para
produção on farm em:

Opção Nota

Produto comercial 1

Inóculo próprio sem garantia de pureza 2

Inóculo próprio com garantia de pureza 3


31
CAPÍTULO 8

8.1 CONTROLE DE
QUALIDADE
A discussão sobre a qualidade de produtos de
origem microbiológica é longa. Enquanto os
inoculantes possuem uma legislação mais completa
sobre como deverá ser a qualidade de um produto
com microrganismos como ingrediente ativo, os
biodefensivos não possuem ainda uma legislação
própria sobre o tema. Enquanto no segmento
industrial há uma menor discussão sobre o tema,
uma vez que se entende que a indústria deve
manter um controle de qualidade frequente para
cada lote produzido, no segmento on farm é uma das
discussões mais relevantes e motivo para
posicionamentos contrários a esta prática.

Mas o que seria o controle de qualidade para o on


farm?

Em princípio são as técnicas necessárias para


garantir que não haja ou que haja, em menor escala,
contaminação durante o processo da multiplicação.
CAPÍTULO 8 • 32
8.1 CONTROLE DE QUALIDADE
Aquisição de insumos de qualidade e com garantia
do fabricante reduzem as possibilidades de
contaminação. No entanto é imprescindível que haja
monitoramento constante da qualidade do produto
após a multiplicação. Este cuidado é importante
devido a natureza do processo, no geral com baixo
investimento tecnológico, sem monitoramento e
sem pessoal capacitado. Nesta prática é possível
haver a multiplicação de patógenos de humanos
como apresentado nos trabalhos de (VALICENTE et
al., 2018; LANA et al., 2019; SANTOS et al., 2020),
bem como a possibilidade de veiculação de
patógenos de diversas culturas. Assim, esses devem
ser os principais focos no monitoramento durante o
controle de qualidade.

E onde fazer o controle de qualidade? Quais


laboratórios estão capacitados para estas análises?

Atualmente muitos produtores têm recorrido a


Universidades, Institutos Federais e Laboratórios
Profissionais para realizar este controle. No entanto,
um ponto importante a ser considerado é a logística
para este procedimento, entre eles: a forma de
coleta do produto, o acondicionamento e o tempo
de envio das amostras. Todos estes pontos
comprometem o resultado da análise e podem levar
a interpretações equivocadas.

Para contornar este problema o mais recomendado é


CAPÍTULO 8 • 33
8.1 CONTROLE DE QUALIDADE
que seja investido em uma unidade laboratorial
básica de controle de qualidade na própria fazenda
e com pessoal técnico qualificado. Assim podemos
classificar estes pontos em:

Opção Nota

Produção sem controle de qualidade 1

Produção com controle de qualidade


2
terceirizado

Produção com controle de qualidade próprio 3


34
CAPÍTULO 8

8.2 RESPONSÁVEL
TÉCNICO
A produção e o controle de qualidade das
biofábricas, sejam industriais ou on farm, precisam
ser conduzidos por um responsável técnico
capacitado. Embora possa representar um
investimento elevado, a contratação de pessoal com
formação na área é um critério indispensável. Temos
visto que as biofábricas on farm, no geral, são
operadas por funcionários sem instrução, ou qual-
quer formação na área.

E quando são treinados pelas empresas, muitas


vezes quando há a necessidade de troca de pessoal,
são substituídos por funcionários que não passam
pelo treinamento adequado. Um profissional com
formação na área é crucial para a tomada de decisão
durante a produção e o controle de qualidade dos
microrganismos. Assim, classificamos:
CAPÍTULO 8 • 35
8.2 RESPONSÁVEL TÉCNICO

Opção Nota

Ausência de profissional técnico qualificado 1

Presença de profissional com treinamento na


2
área

Presença de profissional com formação e


3
treinamento na área
36
CAPÍTULO 9

ASSISTÊNCIA PÓS-
VENDA
Vendeu e sumiu! Não prestam assistência depois da
venda!

São algumas reclamações que temos ouvido de


muitos produtores que optam pela produção on
farm. A vocação do produtor rural é a produção
agrícola. Ele não tem que se preocupar com a
produção de microrganismos, por este motivo uma
equipe qualificada na fazenda e uma empresa com
assistência pós-venda e com um programa
continuado de treinamento deve ser considerado
como elemento decisivo para a adoção da prática do
on farm.

A assistência no pós-venda deve cobrir atualização


da tecnologia, envolvendo sistema de multiplicação,
meios de cultura, novos inóculos e treinamento da
equipe da fazenda. Ainda, devem ser realizadas
visitas regulares às biofábricas para monitorar o
desenvolvimento da produção e atender as
deficiências técnicas do pessoal responsável.
CAPÍTULO 9 • ASSISTÊNCIA PÓS-VENDA 37

Caso a fazenda opte por não construir um


laboratório próprio para desenvolver protocolos de
controle de qualidade, a assistência no pós-venda
deverá possuir um laboratório central que auxilie os
produtores ou uma lista de laboratórios cadastrados
que possam prestar este tipo de serviço.

Desenvolver programas continuados em parcerias


com os clientes é fundamental para estabelecer a
cultura do manejo biológico nas propriedades rurais,
e pode ser mais um serviço prestado pelas empresas
que desenvolvem a tecnologia on farm.

Para este item podemos classificar duas situações:

Opção Nota

Tecnologia sem assistência técnica no pós-


1
venda

Tecnologia com assistência técnica no pós-


2
venda
38
CAPÍTULO 10

RASTREABILIDADE
De acordo com Dulley e Toledo (2002),
rastreabilidade é um conjunto de medidas que
possibilitam controlar e monitorar sistematicamente
todas as entradas e saídas nas unidades, sejam elas
produtivas, processadoras ou distribuidoras, visando
garantir a origem e a qualidade do produto final.

Vamos imaginar o seguinte cenário hipotético: um


container de uva produzidas no Brasil, chega à
Europa e é distribuída nos mercados. Os
consumidores consomem o produto e desenvolvem
quadros de cólica, vômito e diarreia, sintomas
compatíveis com infecções causadas pela ingestão
de alimentos contaminados. Após estudos e
monitoramento se conclui que a origem do surto foi
o consumo das uvas do Brasil. Inicia-se então uma
investigação para rastrear a fonte da contaminação.

A adoção de práticas on farm com uso de insumos de


baixa qualidade, sem informações como número de
lote, validade ou qualquer outra especificação que
permita rastrear sua origem, produção sem controle
de qualidade e sem registro detalhado dos lotes,
impossibilitam que sejam excluídas suspeitas de
contaminação microbiológica provenientes de al-
CAPÍTULO 10 • RASTREABILIDADE 39

-guma área de produção que faça uso destes


bioinsumos. O que inviabiliza o processo de
rastreabilidade na cadeia de produção de
microrganismos na fazenda.

Por este motivo é importante que a prática on farm


seja desenvolvida seguindo as boas práticas de
produção e com um rigoroso controle de qualidade,
além da adoção de procedimentos que permitam o
processo de rastreabilidade.

Assim, antes de optar pelo uso desta prática é


fundamental que seja considerada a possibilidade,
garantida pela empresa detentora da tecnologia, de
rastreabilidade durante o processo de produção.
Aqui, como critérios para rastreabilidade podemos
considerar: nº do lote e data de fabricação e
validade de meios de cultura e inóculos, ainda
informações sobre a qualidade do produto após a
fermentação.

Opção Nota

Sem possibilidade de rastreabilidade 1

Com possibilidade de rastreabilidade 2


40

Para avaliar a tecnologia on farm que está sendo


considerada para instalação, utilize o Quadro (01)
como um guia para pontuar cada um dos critérios
apresentados ao longo do texto. Ao final, some as
notas obtidas e quanto mais o valor se aproximar de
33 (soma das notas máximas de cada critério)
melhor será a tecnologia, com maior probabilidade
de eficiência e menor probabilidade de
contaminação. Quanto mais a nota obtida se afastar
de 33, pior será a tecnologia, com menor
probabilidade de eficiência e maior probabilidade
de contaminação.

Embora tenhamos elencado 10 critérios com


pontuações que variam de 1 a 4, alguns deles devem
obrigatoriamente ter nota máxima para que a
produção on farm possa ser considerada como uma
tecnologia viável.

Ainda é imprescindível considerar que os itens


foram separados, mas que na verdade fazem parte
de um conjunto que integram boas práticas de
produção on farm. Assim, é importante que um
especialista seja consultado para uma avaliação
final sobre a tecnologia que se pretende instalar
para a produção de microrganismos na fazenda.
41

QUADRO 01.
Critérios técnicos que devem ser avaliados quando
considerar a possibilidade da produção de
microrganismos na fazenda. O quadro dever ser
utilizado avaliando-se as discussões técnicas
apresentadas ao longo do texto. Ao lado de cada
critério deverá ser atribuída a nota para o sistema
que está sendo analisado. E ao final deverá ser feita
a somatória de todos os itens.

Item Descrição Nota obtida

1 Ambiente da biofábrica

2 O sistema de multiplicação*

3 Sistema de areação/oxigenação*

4 Água*

Sistema de monitoramento de pH,


5

temperatura e espuma

6 Meio de cultura*

7 Inóculo*

8.1 Controle de qualidade

8.2 Responsável Técnico

Continua...
42

Continuação.
Item Descrição Nota obtida

9 Assistência pós-venda

10 Rastreabilidade

Total de pontos obtidos

*itens que obrigatoriamente devem apresentar nota máxima


para que seja considerada a possibilidade de uma produção
eficiente.
43

DOS
RESULTADOS:
25 a 33 pontos – melhor nível tecnológico: maior
potencial de eficiência e menor risco de
contaminação
15 a 25 pontos – nível tecnológico de baixo a
médio: médio potencial de eficiência e maior risco
de contaminação
1 a 15 pontos – nível tecnológico baixo: menor
potencial de eficiência e maior risco de
contaminação
44

CONSIDERAÇÕES
Este documento não visa incentivar a prática on
farm, mas sim possibilitar que os usuários consigam
comparar o operacional da produção de
microrganismo na fazenda, da forma adequada, com
a possibilidade de adquirir esses produtos de
qualidade já finalizados e disponíveis em revendas
espalhadas por todo o território nacional (produtos
de prateleiras).

Este documento visa auxiliar produtores,


consultores e gestores de fazendas para que possam
avaliar criticamente, com embasamento técnico, a
melhor ferramenta que poderá ser adotada na
produção de microrganismos de forma eficiente para
o manejo biológico das diversas culturas. É
importante que o público, ao qual se destina este
material, tenha o entendimento claro dos efeitos de
uma produção sem orientação adequada, com
potencial para causar sérios danos às lavouras e aos
manipuladores/consumidores dos produtos.
45

Esta primeira edição do documento certamente será


revisada uma vez que a tecnologia de produção de
microrganismos pode ser constantemente atualizada
gerando sempre novas considerações para serem
feitas, mantendo o produtor sempre atualizado em
relação ao cenário da produção on farm.

Não é porque é biológico que é 100% seguro. Não é


porque é biológico que poder ser manipulado e
produzido sem critérios técnicos. Uma produção on
farm só será segura e eficiente, se forem
considerados alguns critérios técnicos apresentados
aqui.

Aproveite o conteúdo e tenha o poder da decisão nas


suas mãos!
Referências
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