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UNIVERSO

Curso de Enfermagem

A MULHER NA
REDE DE ATENÇÃO
À SAÚDE II
Prof.ª Ms. Thaís Moreira Oliveira
Enfermeira – Escola de Enfermagem da UFMG
Mestre em Saúde e Enfermagem – Escola de Enfermagem – UFMG
Pós-graduação em Terapia intensiva, urgência e trauma - CMMG
Objetivos aula 05/09
• Aproximação acerca das Recomendações da Organização Mundial da Saúde para
os períodos: pré natal, intraparto e pós parto.

• Entendimento das principais intercorrências da gestação que podem influenciar


no momento do parto
RECOMENDAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE (OMS)
Recomendações da OMS sobre
cuidados intraparto para uma
experiência de parto positiva

Recomendações da OMS sobre


cuidados pré-natais para uma
experiência de gravidez positiva Recomendações da OMS sobre
cuidados maternos e neonatais
para uma experiência pós-natal
positiva
INTERVENÇÕES NUTRICIONAIS

AVALIAÇÃO MATERNA E FETAL

MEDIDAS PREVENTIVAS

INTERVENÇÕES PARA SINTOMAS


FISIOLÓGICOS COMUNS

INTERVENÇÕES NOS SISTEMAS


DE SAÚDE PARA MELHORAR A
UTILIZAÇÃO E A QUALIDADE
DOS CUIDADOS PRÉ-NATAIS
A OMS (Organização Mundial de
Saúde) liberou uma publicação
denominada Intrapartum care for a
positive childbirth experience
(Cuidados intraparto para uma
experiência de parto positiva)
contendo recomendações para os
cuidados durante o trabalho de parto e
parto. Como metodologia, realizaram
uma extensa revisão dos estudos
publicados, além dos protocolos de
assistência de vários países. Foram
selecionados os 56 cuidados
considerados mais importantes e
abrangentes.
CUIDADOS RECOMENDADOS
PARA O PROCESSO DE
NASCIMENTO

CUIDADOS NO PRIMEIRO
ESTÁGIO DO TRABALHO DE
PARTO

CUIDADOS NO SEGUNDO
ESTÁGIO DO TRABALHO DE
PARTO

CUIDADOS NO TERCEIRO
ESTÁGIO DO TRABALHO DE
PARTO

CUIDADOS COM O RECÉM-


NASCIDO (RN)

CUIDADOS NO PUERPÉRIO
Cuidados intraparto para uma experiência
de parto positiva
• Cerca de 140 milhões de nascimentos ocorrem globalmente todos os anos entre
as mulheres sem fatores de risco para complicações para si ou seus bebês no início
e ao longo trabalho. No entanto, o momento do nascimento é crítico para a
sobrevivência das mulheres e seus bebês, risco de morbidade e mortalidade pode
aumentar consideravelmente se surgirem complicações.
• Agendas globais estão expandindo seu foco para garantir que as mulheres e seus
bebês não apenas sobrevivem ao parto complicações se ocorrerem, mas também
que prosperam e alcançar todo o seu potencial para a saúde e a vida.
Cuidados intraparto para uma experiência
de parto positiva
CUIDADOS RECOMENDADOS PARA O PROCESSO DE
NASCIMENTO

• Cuidados de maternidade respeitosos (mantendo a dignidade, privacidade e


confidencialidade, garantindo a ausência de maus-tratos e possibilitando apoio
à escolha informada).
• Comunicação eficaz entre os prestadores de cuidados e as parturientes.
• Garantia do acompanhante durante o trabalho de parto (TP) e o parto.
As recomendações nesta diretriz destinam-
se a informar o desenvolvimento de
políticas nacionais e políticas de saúde
subnacionais, protocolos clínicos e guias
programáticos.
Os termos mulher, mãe, companheiro, pais
e cuidadores foram usados ao longo desta
diretriz. Esses termos foram definidos na
tentativa de promover a inclusão de todos
os indivíduos que deram à luz, e em
reconhecimento dos diversos papéis de
todos os indivíduos envolvidos na prestação
de cuidados e apoio durante o período pós-
natal.
As reuniões do Grupo de Desenvolvimento
de Diretrizes levaram a 63 recomendações
para melhorar a provisão, utilização e
experiência de cuidados pós-natais.
cuidados: 31 são recomendações Grupo de
Desenvolvimento de Diretrizes
recentemente desenvolvidas e 32 são
recomendações integradas de Diretrizes da
OMS.
CUIDADOS
MATERNOS

CUIDADOS AO
RECÉM-NASCIDO

SISTEMAS DE
SAÚDE E
INTERVENÇÕES DE
PROMOÇÃO DA
SAÚDE
Cuidados maternos e neonatais para uma
experiência pós-natal positiva
• O período pós-natal, aqui definido como o período que se inicia imediatamente
após o nascimento do bebê e se estende até seis semanas (42 dias), é um período
crítico para mulheres, recém-nascidos, parceiros, pais, cuidadores e famílias.
Ainda, durante este período, a carga de mortalidade e morbidade materna e
neonatal permanece inaceitavelmente alta, e as oportunidades para aumentar o
bem-estar materno e apoiar os cuidados com o recém-nascido não foram
totalmente utilizadas.
• Os serviços de cuidados pós-natais são um componente fundamental do
continuum de cuidados maternos, neonatais e infantis, e fundamental para
alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) sobre saúde
reprodutiva, materna e infantil, incluindo metas para reduzir as taxas de
mortalidade materna e acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos.
Recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS)
Recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS)

A1.1 Aconselhamento sobre alimentação saudável e manter-


se fisicamente ativo durante a gravidez é recomendado para
que as mulheres grávidas se mantenham saudáveis e evitem
ganho de peso durante a gravidez.
Recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS)

A.1.2 Em populações desnutridas, a educação nutricional sobre o


aumento ingestão diária de energia e proteína é recomendada
para mulheres grávidas reduzir o risco de recém-nascidos com
baixo peso ao nascer.
Recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS)

A.1.3 Em populações desnutridas, energia e proteína equilibradas a suplementação dietética é


recomendada para mulheres grávidas para reduzir o risco de natimortos e recém-nascidos
pequenos para a idade gestacional.
Recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS)

A.1.4 Em populações desnutridas, a suplementação de alta proteína


não é recomendado para mulheres grávidas para melhorar a saúde
materna e resultados perinatais
PRINCIPAIS INTERCORRÊNCIAS DA
GESTAÇÃO QUE PODEM
INFLUENCIAR NO MOMENTO DO
PARTO
Síndromes hemorrágicas
• Abortamento
• Gravidez ectópica
• Doença trofoblástica gestacional (mola hidatiforme)
• Descolamento prematuro de placenta (DPP)
• Placenta prévia (inserção baixa de placenta
Síndromes hemorrágicas

Primeira metade da Segunda metade da


gestação gestação
• Abortamento • Placenta prévia (PP)
• Gravidez ectópica • Descolamento
• Doença trofoblástica prematuro da placenta
gestacional benigna (DPP).
(mola hidatiforme)
Síndromes hemorrágicas
• Na avaliação do caso, o exame ginecológico deve ser realizado, particularmente o
especular, para o diagnóstico diferencial de outras possíveis causas de hemorragia
e como forma de se evitar o toque vaginal, que pode ser prejudicial no caso de
placenta prévia.

• Nos casos em que houver eliminação de material pelo colo uterino, compatível
com restos ovulares, providencie exame anatomopatológico.
Síndromes • Abortamento
hemorrágicas • Gravidez ectópica
• Doença trofoblástica
gestacional benigna (mola
Primeira hidatiforme
metade da
gestação
Abortamento
• É a morte ou expulsão ovular ocorrida antes de 22 semanas ou quando o concepto
pesa menos de 500g.
• Pode ser espontâneo ou provocado.
• O abortamento é dito precoce quando ocorre até a 12ª semana e tardio quando
ocorre entre a 13ª e a 22ª semanas.
Abortamento – Fatores etiológicos
Endocrinopatias (diabetes,
Alterações cromossomiais tireoidopatias, insuficiência Anemias graves
do corpo lúteo)

Ginecopatias (malformações
uterinas, miomatose uterina,
Anomalias do ovo e da alterações endometriais devido à
Sífilis na gestação
implantação curetagem uterina, infecções,
cicatrizes cirúrgicas,
incompetência istmo-cervical

Placentopatias Mecanismos imunológicos Cardiorrespiratórias


Abortamento - Diagnóstico
• O diagnóstico é clínico e ultrassonográfico. O atraso menstrual, a perda
sanguínea uterina e a presença de cólicas no hipogástrio são dados clínicos que
devem ser considerados.
• O exame genital é de grande importância. O exame especular permite a
visualização do colo uterino, para a constatação da origem intrauterina do
sangramento.
• Eventualmente, detectam-se fragmentos placentários no canal cervical e na
vagina. Pelo toque, é possível a avaliação da permeabilidade do colo.
• O exame ultrassonográfico é definitivo para o diagnóstico de certeza entre um
aborto evitável (presença de saco embrionário íntegro e/ou concepto vivo), um
aborto incompleto (presença de restos ovulares) ou aborto retido (presença de
concepto morto ou ausência de saco embrionário).
Classificações clínicas do abortamento

Na admissão hospitalar devido a


abortamento, evitável ou não,
Ameaça de deve-se solicitar o VDRL para
abortamento Aborto Aborto Aborto
ou aborto
afastar o diagnósticoretido
inevitável
de sífilis. infectado
evitável Em caso de resultado reagente,
inicie o tratamento
imediatamente !
Ameaça de abortamento ou aborto
evitável
• Caracteriza-se pela integridade do ovo, com útero compatível com a idade da
gravidez e colo impérvio.
A ameaça de abortamento pode
• Há presença de sangramento vaginal discreto ou moderado, sem que ocorra
evoluir para
modificação cervical, geralmente comgestação normal
sintomatologia ouou ausente (dor do
discreta
paradoabortamento
tipo cólica ou peso na região hipogástrio). inevitável.

O exame especular identifica sangramento


em pequena quantidade proveniente do O repouso no leito é medida aconselhável
canal cervical ou apenas coletado no fundo para todas as situações e deve ser
de saco posterior. Ao toque vaginal, o colo preferencialmente domiciliar. O repouso
uterino apresenta-se fechado e bem diminui a ansiedade, favorecendo o
formado e os anexos e fundos de saco estão relaxamento e reduzindo os estímulos
normais e livres. Em casos de dúvida, contráteis do útero. Deve-se orientar
solicite ultrassonografia. abstinência sexual.
Aborto inevitável
• Caracteriza-se por perda da integridade do ovo, sangramento moderado a
acentuado contendo coágulos e/ou restos ovulares, colo uterino permeável, dor
em cólica de forte intensidade e redução do volume uterino em relação à idade
gestacional. Pode culminar em abortamento completo ou incompleto.

Encaminhe a paciente para o


hospital de referência obstétrica,
para a realização de curetagem
uterina, quando necessária, e
ofereça tratamento de suporte, se
for preciso, para estabilização
hemodinâmica.
Aborto retido
• Caracteriza-se pela interrupção da gestação com permanência do produto
conceptual na cavidade uterina. Pode ocorrer discreto sangramento, com colo
impérvio, regressão dos fenômenos gravídicos e redução do volume uterino em
relação à idade gestacional.

Encaminhe a paciente para o hospital de


referência obstétrica, para a realização de
curetagem uterina.
Aborto infectado
Caracteriza-se
• Conduta: por quadro infeccioso
fluidoterapia (para amaterno, com presença
estabilização de ovo íntegro eou
hemodinâmica)
não e quadro hemorrágico variável. Associa-se, habitualmente, à manipulação
encaminhamento
uterina. Pode apresentarparasecreção
o hospital
fétidadeendovaginal,
referênciadorobstétrica, alémà
pélvica intensa
de calor
palpação, antibioticoterapia,
local e febre, além depara a coberturavariável
comprometimento da infecção
do estado geral.
polimicrobiana.
Graudo
Na dependência da gravidade 1: équadro
o mais frequente; a infecção
clínico, podeestáserlimitada ao
conteúdo da cavidade uterina;
Na dependência do empregado tratamento cirúrgico.
Grau 2: a infecção já se expande à pelve (pelviperitonite);
estádio clínico, pode Grau 3: peritonite generalizada e infecção sistêmica com
ser dividido grave comprometimento do estado geral, coagulação
intravascular generalizada, insuficiência renal, falência de
múltiplos órgãos e choque séptico
Isso permite dizer que o aborto é comum no Brasil. Os números de mulheres que declaram ter
realizado aborto na vida são eloquentes: em termos aproximados, aos 40 anos, quase uma em cada
cinco das mulheres brasileiras fez um aborto; no ano de 2015 ocorreram cerca de meio milhão de
abortos. Considerando que grande parte dos abortos é ilegal e, portanto, feito fora das condições
plenas de atenção à saúde, essas magnitudes colocam, indiscutivelmente, o aborto com um dos
maiores problemas de saúde pública do Brasil. O Estado, porém, é negligente a respeito, sequer
enuncia a questão em seus desenhos de política e não toma medidas claras para o enfrentamento do
problema.
Os profissionais que são especialistas ou trabalham na área obstétrica, estão habituados a lidar com
a vida, recepcionar com alegria, mas quando têm que lidar com situações de adversidade como o
aborto, sentimentos negativos podem incomodá-los.
Mostram que há uma diferença de tratamento por parte dos profissionais de acordo com o tipo de
abortamento sofrido pela mulher.
• Quando se trata de um abortamento espontâneo, há mais complacência por parte dos
profissionais, colocando a mulher em posição de vítima.
• No abortamento provocado, mas com permissão judicial há um tratamento com a visão de que a
mulher sofre com esse evento.
• Já no abortamento provocado de maneira ilegal, observa-se uma mudança de tratamento por
parte da equipe, nesta modalidade a mulher é vista e julgada como culpada pelo acontecido
Síndromes • Abortamento
hemorrágicas • Gravidez ectópica

Primeira
metade da
gestação
Gravidez ectópica
• Nidação do ovo fora da cavidade uterina, sendo mais frequente a prenhez tubária
na sua porção ampular.

A mulher, frequentemente,
apresenta história de atraso
menstrual, teste positivo para
gravidez, perda sanguínea
uterina e dor pélvica
intermitente, na fase inicial,
evoluindo para dor contínua e
intensa, com sinais de irritação
peritoneal.
Gravidez ectópica
• As repercussões hemodinâmicas podem ser discretas, apenas com lipotímia, até
quadros graves com choque hipovolêmico, na dependência do volume de
sangramento intracavitário.
• No exame físico, avaliam-se as condições gerais e os sinais de irritação peritoneal.
O exame especular pode mostrar a presença do sangramento. Pelo toque
vaginal, verifica-se o amolecimento do colo e a presença ou não de aumento
uterino. A palpação das zonas anexiais pode provocar dor e demonstrar presença
de tumor.

Encaminhe a mulher para um hospital de referência obstétrica, para exame


ultrassonográfico, definição e tratamento.
Diante de quadro hemorrágico secundário à rotura de
prenhez ectópica, o tratamento será cirúrgico.
Síndromes • Placenta prévia (PP)
hemorrágicas • Descolamento prematuro da
placenta (DPP).

Segunda
metade da
gestação
Placenta prévia (inserção baixa de
placenta)
• Corresponde a um processo patológico em que a implantação da placenta, inteira
ou parcialmente, ocorre no segmento inferior do útero. A incidência gira em torno
de 0,5% a 1% de todas as gestações.
Placenta prévia (inserção baixa de
placenta)
• As mulheres multíparas e com antecedentes de cesáreas são consideradas de
maior risco.
• Também são considerados fatores de risco:
• Placenta prévia anterior
• Gestação múltipla
• Multiparidade
• Idade materna acima de 35 anos
• Tabagismo/Uso de cocaína
• Curetagens e cirurgias uterinas anteriores
• Abortos eletivos e espontâneos
Placenta prévia - Quadro clínico
• Geralmente pautado pela • O sangramento ocorre,
presença de sangramento mais frequentemente, na
vermelho vivo, de início e segunda metade da
cessar súbitos, indolor, gestação, na ausência de
imotivado, reincidente e
progressivo. contrações uterinas.

Em muitos casos, a placenta prévia é diagnosticada durante o


pré-natal, no exame de ultrassonografia solicitado na rotina.
Placenta prévia

A hemorragia espontânea produz- Habitualmente, os batimentos


se porque o bordo placentário se Na anamnese, é relatada perda cardíacos fetais estão mantidos. O
descola na formação do segmento sanguínea por via vaginal, súbita, exame especular revela presença
inferior. A placenta, não podendo de cor vermelha viva, de de sangramento proveniente da
acompanhar, arranca as conexões, quantidade variável, não cavidade uterina e, na suspeita
o que provoca hemorragia acompanhada de dor. clínica, deve-se evitar a realização
materna. de toque vaginal.

O diagnóstico de certeza é dado pelo exame ultrassonográfico. O profissional de saúde deve


referenciar a gestante para continuar o pré-natal em centro de referência para gestação de alto risco.
Placenta prévia - Diagnóstico
• A ultrassonografia transvaginal é considerada o padrão-ouro para confirmação
diagnóstica.

Placenta baixa
A placenta
1. Placenta baixa apresenta
2. Placenta prévia marginal inserção baixa,
3. Placenta prévia parcial mas não chega a
4. Placenta prévia total encobrir a saída
do útero
Placenta prévia Total

A placenta cobre
totalmente a saída do
útero.
Placenta prévia parcial

A placenta cobre
parcialmente a saída do
útero
Placenta prévia
marginal

A borda da placenta
chega a encostar na
abertura do colo do
útero, mas não chega a
obstruí-lo.
Placenta prévia - Condutas
• A avaliação do bem-estar fetal é obrigatória, pois a anemia materna pode
promover a hipóxia fetal.
• A internação hospitalar prolongada oferece à paciente a garantia do repouso, a
avaliação contínua da saúde materno-fetal e o atendimento imediato em caso de
nova hemorragia.
• Nos casos de hemorragia grave, a interrupção imediata da gestação é
obrigatória, independentemente da idade gestacional, pelo elevado risco
materno e fetal. A cesariana é o parto preferencial.
Placenta prévia - Condutas
• O prognóstico materno é favorável, e a morbidade materna está relacionada
principalmente à hemorragia pré-parto e/ou pós-parto. Há maior propensão a
transfusões de sangue, histerectomia pós-parto.

• O diagnóstico precoce da placenta prévia permite o adequado planejamento no


cuidado materno e fetal. O momento da resolução da gestação deve ser
individualizado, ponderando os riscos da hemorragia materna e do parto
prematuro.
Depende da
presença e
intensidade do
sangramento
vaginal e da idade
gestacional (IG)
Síndromes • Placenta prévia (PP)
hemorrágicas • Descolamento prematuro da
placenta (DPP).

Segunda
metade da
gestação
Descolamento prematuro de placenta
(DPP)
• É a separação intempestiva da placenta do seu sítio de implantação no corpo
uterino antes do nascimento do feto, em uma gestação de 20 ou mais semanas
completas. Sua incidência está em torno de 0,5% a 3% das gestações, sendo
responsável por altos índices de mortalidade perinatal e materna.
Retração uterina após
Fatores mecânicos, Alterações
Estados hipertensivos o esvaziamento rápido
como traumas placentárias
do polidrâmnio

• Placenta circunvalada
• Infartos placentários
Principais decorrentes do
fatores tabagismo
predisponentes • Má nutrição
incluem • Alcoolismo
• Diabetes com
vasculopatia
Descolamento prematuro de placenta
(DPP)
O DPP inicia-se com um sangramento no interior da decídua,
acarretando a formação de um hematoma e o descolamento
abrupto da placenta do seu sítio normal de implantação

O sangue fica represado e se coagula atrás da placenta,


caracterizando o hematoma retroplacentário.

Em cerca de 80% dos casos, o sangue desloca ou rompe as


membranas e flui para o exterior, ocasionando o sangramento
vaginal, causando a hemorragia externa. Nos 20% restantes, o
sangue fica totalmente retido atrás da placenta,
caracterizando a hemorragia oculta.
Descolamento prematuro de placenta
Sinais e sintomas
• Dor abdominal de início súbito
• Sangramento vaginal caracteristicamente escurecido
• Hipersensibilidade à palpação uterina
• Hipertonia uterina e alterações na vitalidade fetal.

• Importante salientar que não há correlação entre o volume de sangue externado e


o acometimento fetal, uma vez que um em cada cinco casos pode simplesmente
não manifestar sangramento vaginal.
Descolamento prematuro de placenta
Diagnóstico é, preferencialmente, clínico:

• Feito pelo aparecimento de dor abdominal súbita, com intensidade variável, perda sanguínea
Na suspeita
de cor vermelho-escura, com coágulos e em quantidade, às vezes, pequena, que pode ser diagnóstica,
incompatível com quadro materno de hipotensão ou de choque. encaminhe a
paciente, como
Fase inicial emergência, ao
hospital de
• Taquihipersistolia, seguida de hipertonia uterina e alteração dos batimentos cardíacos fetais,
referência
caracterizando o sofrimento fetal pela diminuição da superfície de trocas e a morte iminente.
obstétrica.
Exame obstétrico

• O útero, em geral, encontra-se hipertônico, doloroso, sensível às manobras palpatórias; os


batimentos cardíacos fetais podem estar alterados ou ausentes. Há comprometimento variável
das condições gerais maternas, desde palidez de pele e mucosas até choque e distúrbios da
coagulação sanguínea.
Descolamento prematuro de placenta -
Condutas
• Uma vez estabelecido o
diagnóstico ou a forte suspeita
de DPP-NI, duas questões devem
balizar a tomada de decisão pelo
médico-assistente: a
estabilidade hemodinâmica
materna e a presença de feto
vivo.
Doenças e/ou • Alterações do volume de líquido
problemas que amniótico
afligem a mulher • Alterações da duração da
durante a gravidez gestação
• Desvios do crescimento fetal
• Amniorrexe prematura
Oligoidrâmnio
• Definido como o volume de líquido amniótico abaixo do esperado para idade
gestacional. Sua incidência é de aproximadamente 1% das gestações.
• As principais causas de oligoâmnio podem ser assim enumeradas:
Maternas Fetais
Patologias maternas ou obstétricas Cromossomopatias;
associadas à insuficiência placentária Anomalias congênitas, especialmente
(como pré-eclâmpsia, hipertensão arterial relacionadas ao
crônica, colagenoses, nefropatias e trato urinário;
trombofilias) Restrição de crescimento fetal
Medicações: como inibidores da enzima Gestação prolongada;
de conversão da angiotensina, inibidores Rotura prematura de membranas
da prostaglandina sintetase,
trastuzumabe.
Oligoidrâmnio
• A suspeita clínica de oligoâmnio é feita quando a altura uterina está menor que a
esperada para a idade gestacional.
• O diagnóstico ultrassonográfico pode ser feito por critérios subjetivos,
descrevendose, qualitativamente, como líquido amniótico reduzido; ou por
critérios objetivos, quantitativamente, pela medida do índice líquido amniótico
(ILA) .

ILA: consiste na soma das medidas verticais dos maiores bolsões de quatro
quadrantes da cavidade amniótica em centímetros.
Oligoidrâmnio - Classificação do ILA
Oligoidrâmnio -Conduta
Expectante Amnioinfusão Hiperhidratação materna

• nos casos de • a infusão de 200 mL de • a ingestão de 2 L de água


malformações fetais, solução salina na por via oral em
como agenesia renal cavidade duas horas aumenta em
bilateral, para as quais amniótica por punção média 30% dos valores do
não há intervenção que pode ser realizada na ILA. Essa conduta pode
melhore o prognóstico suspeita de ser adotada nos casos da
fetal. O aconselhamento malformações suspeita de oligoâmnio
do casal deve ser graves para permitir secundário a doenças
realizado sob o adequada avaliação transitórias (infecções,
prognóstico adverso da morfológica fetal. diarreia aguda, vômitos)
gestação.
Polidrâmnio
• Definido como o excesso na quantidade de líquido amniótico, com incidência na
população geral de 1% a 2%. Sua etiologia pode ser idiopática (60% dos casos) ou
associada a diversas condições.

Causas de polidrâmnio
Idiopático
Anomalias que interferem na deglutição fetal
Obstrução gastrointestinal
Diabete melito materno e macrossomia fetal
Síndromes genéticas
Polidrâmnio - Diagnóstico
• É suspeitado clinicamente pela altura uterina acima da curva de referência para
idade gestacional.
• Associa-se, frequentemente, a: falta de ar, irritabilidade ou contrações uterinas,
desconforto e distensão abdominal, edema nas porções inferiores do ventre, pele
do abdome lisa e brilhante, e presença de estrias.
• O diagnóstico ultrassonográfico é baseado na visualização do aumento do volume
de líquido amniótico.
Polidrâmnio - Diagnóstico
Polidrâmnio - Condutas
• O polidrâmnio idiopático, principalmente quando leve, apresenta resolução
espontânea.
• A amniodrenagem visa descompressão da cavidade amniótica até normalização
do seu volume. O objetivo do procedimento é melhorar o desconforto materno.
Polidrâmnio - Condutas
• Recomenda-se acompanhamento cuidadoso do trabalho de parto com
polidrâmnio, devido ao risco de descompressão brusca do volume de líquido
amniótico por rotura espontânea das membranas e risco de prolapso de cordão
umbilical ou de partes fetais.
• Em casos de polidrâmnio leve e moderado, pode-se esperar o parto espontâneo.
Nos casos de polidrâmnio grave, o parto deve ocorrer em centro terciário e a
indução, se não houver contraindicações, está indicada com 37 semanas.
Doenças e/ou • Alterações do volume de líquido
problemas que amniótico
afligem a mulher • Alterações da duração da
durante a gravidez gestação
• Desvios do crescimento fetal
• Amniorrexe prematura
Gestação prolongada
• Conceitua-se gestação prolongada, aquela cuja idade gestacional na mulher
encontra-se entre 40 e 42 semanas. Gravidez pós-termo é aquela que ultrapassa
42 semanas.

• A função placentária atinge sua plenitude em torno da 36ª semana, declinando a


partir de então. A placenta senil apresenta calcificações e outras alterações que
são responsáveis pela diminuição do aporte nutricional e de oxigênio ao feto,
associando-se, dessa maneira, com o aumento da morbimortalidade perinatal.
Gestação prolongada - Conduta
• O controle da gestante nessa situação objetiva identificar a eventualidade de
hipóxia consequente à insuficiência placentária. Desta forma, os cuidados
dirigem-se ao controle das condições de vitalidade fetal.

• Por volta da 41ª semana de idade gestacional ou antes disso, se houver


diminuição da movimentação fetal, encaminhe a gestante para um centro de
referência para outros testes de vitalidade fetal.
Trabalho de parto prematuro (TPP)
• Conceitua-se gravidez pré-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre
22 semanas (ou 154 dias) e 37 semanas (ou 259 dias). Para o diagnóstico de
trabalho de parto prematuro, deve-se considerar a contratilidade uterina e as
modificações cervicais.

• O trabalho de parto é definido pela presença de duas a três contrações uterinas a


cada dez minutos, com ritmo e frequência regulares. Podem ser acompanhadas
de modificações cervicais caracterizadas pela dilatação maior ou igual a 2cm.
Trabalho de parto prematuro (TPP) -
Condutas
• . Na presença de contrações uterinas rítmicas e regulares, porém sem modificação
cervical, caracteriza-se o falso trabalho de parto prematuro. Tais casos costumam
evoluir bem apenas com o repouso, principalmente se identificada e tratada a
causa de base. Na eventualidade de as contrações persistirem, há necessidade de
uso de tocolíticos e, portanto, a mulher deverá ser encaminhada para hospital de
referência

• Na presença de TPP com colo modificado, encaminhe a mulher para um hospital


de referência.
Doenças e/ou • Alterações do volume de líquido
problemas que amniótico
afligem a mulher • Alterações da duração da
durante a gravidez gestação
• Desvios do crescimento fetal
• Amniorrexe prematura
Crescimento intrauterino restrito (Ciur)
• Refere-se a qualquer processo capaz de limitar o potencial intrínseco de
crescimento fetal intraútero.
Crescimento intrauterino restrito (Ciur)

• Sempre que houver discrepância entre a idade gestacional e a medida de fundo


uterino, deve haver suspeita de Ciur.
• Na anamnese, é recomendado identificar possíveis causas maternas, inclusive
abordando doenças associadas, uso de drogas, infecções, história obstétrica
anterior.
• O diagnóstico ultrassonográfico é considerado fundamental frente à suspeita de
Ciur
• É importante ressaltar que, diante de um caso suspeito de Ciur, a gestante deve
ser encaminhada ao pré-natal de alto risco para avaliação e conduta específicas
Macrossomia Fetal

• A macrossomia, caracterizada pelo peso fetal superior a 4 kg, é a principal


complicação da hiperglicemia materna no segundo e no terceiro trimestre
da gestação, logo a terapêutica do diabetes na gestação tem como objetivo
o controle rígido da glicemia.
• A circunferência abdominal fetal pela ultrassonografia igual ou superior ao
percentil 75 para a idade gestacional é indicativo de crescimento fetal
excessivo e é marcador indireto do hiperinsulinismo fetal.
Macrossomia Fetal

• A macrossomia associa-se a complicações maternas e perinatais, tais


como: trabalho de parto disfuncional, lacerações perineais importantes,
hemorragia pós-parto, distocia de ombros, fratura de clavícula, asfixia
neonatal, baixos índices de Apgar e necessidade de admissão em UTI
neonatal.
Doenças e/ou • Alterações do volume de líquido
problemas que amniótico
afligem a mulher • Alterações da duração da
durante a gravidez gestação
• Desvios do crescimento fetal
• Amniorrexe prematura
Amniorrexe prematura / Rotura
prematura de membranas

• A rotura prematura de membranas (RPM) é definida como a saída espontânea de


líquido amniótico pela vagina, após a perda da integridade das membranas
ovulares, na ausência de sinais de trabalho de parto, em gestações acima de 20 a
22 semanas.

• Importante salientar o conceito do chamado período de latência: é o tempo


decorrido entre a rotura e o início espontâneo do trabalho de parto.
Amniorrexe prematura / Rotura
prematura de membranas

• Não constitui tarefa fácil determinar com exatidão alguns aspectos da etiologia da
Muitos outros fatores de risco podem
rotura prematura pré-termo das membranas.
contribuir para o surgimento da
RPM,
• Sabe-se que há vários fatores causais, como com destaque
aumento da pressãopara inserção
intrauterina,
baixa de placenta, infecções do trato
fraqueza estrutural do insuficiência urinário,istmocervical
tabagismo,eexcesso
processo
de
inflamatório/infeccioso local. movimentação fetal.
Amniorrexe prematura / Rotura
prematura de membranas - Diagnóstico
• Na grande maioria das vezes (85%), o diagnóstico é fundamentalmente clínico.
Baseia-se na anamnese, no relato de perda de líquido em quantidade variada, mas
frequentemente contínua, pelos genitais. O exame físico costuma confirmar o
diagnóstico; a palpação obstétrica pode revelar sensação de pouco líquido, e deve-
se buscar a visualização direta do líquido amniótico saindo pelo orifício externo do
colo uterino no exame especular.
Amniorrexe prematura / Rotura
prematura de membranas - Condutas
• Na admissão da gestante com RPM, principalmente naquelas antes do termo,
com vitalidade fetal assegurada e que serão designadas a conduta expectante, o
toque não deve ser realizado, pois é ato facilitador de infecção.

• Todas devem ser, inicialmente, internadas, avaliadas clinicamente (pulso,


temperatura, pressão arterial, tônus uterino, presença de fisometria).
Referências
https://www.scielo.br/j/csc/a/8LRYdgSMzMW4SDDQ65zzFHx/#
Research, Society and Development, v. 9, n. 12, e18991210728, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i12.10728
1 Assistência de enfermagem à mulher em risco iminente de abortamento ou aborto efetivo
http://www.revistanursing.com.br/revistas/244-Setembro2018/A_contextualizacao_aborto.pdf
https://opas.org.br/mola-hidatiforme-gravidez-molar-o-que-e-tratamento-e-mais/
WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth
experience. Geneva: World Health Organization; 2018. Licence: CC BYNC - SA 3.0
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Organization; 2016. Licence: CC BYNC - SA 3.0 IGO.
WHO WHO recommendations on maternal and newborn care for a positive postnatal experience. . Geneva:
World Health Organization; 2022. Licence: CC BYNC - SA 3.0 IGO.

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