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Especialização em Enfermagem Obstétrica

Disciplina: Enfermagem Obstétrica I

Aula:
P R É - N A T A L

Docente:
Carolina Costa Pacheco
Mestre em Enfermagem EEAN/UFRJ
Especialista em Enfermagem Obstétrica EEAN/UFRJ
Equipe de Parto Domiciliar – Sifrá Parteria
INTRODUÇÃO

A Rede Cegonha é uma estratégia do Ministério da Saúde, operacionalizada pelo SUS, fundamentada
nos princípios da humanização e assistência, onde mulheres, recém-nascidos e crianças tem direito a:
 
 
• Ampliação do acesso, acolhimento e melhoria da qualidade do pré-natal. 
• Transporte tanto para o pré-natal quanto para o parto. 
• Vinculação da gestante à unidade de referência para assistência ao parto - “Gestante não
peregrina!” e “Vaga sempre para gestantes e bebês!”. 
• Realização de parto e nascimento seguros, através de boas práticas de atenção. 
• Acompanhante no parto, de livre escolha da gestante. 
• Atenção à saúde da criança de 0 a 24 meses com qualidade e resolutividade. 
• Acesso ao planejamento reprodutivo.
INTRODUÇÃO

PORTARIA Nº 1.459, DE 24 DE JUNHO DE 2011


Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS - a Rede Cegonha

Art. 6° A Rede Cegonha organiza-se a partir de quatro (4) Componentes, quais sejam:
I - Pré-Natal
II - Parto e Nascimento
III - Puerpério e Atenção Integral à Saúde da Criança
IV - Sistema Logístico: Transporte Sanitário e Regulação
INTRODUÇÃO
Art. 7° Cada componente compreende uma série de ações de atenção à saúde, nos seguintes termos:
I - Componente PRÉ-NATAL:
a) realização de pré-natal na UBS com captação precoce da gestante e qualificação da atenção;
b) acolhimento às intercorrências na gestação com avaliação e classificação de risco e vulnerabilidade;
c) acesso ao pré-natal de alto de risco em tempo oportuno;
d) realização dos exames de pré-natal e acesso aos resultados em tempo oportuno;
e) vinculação da gestante desde o pré-natal ao local em que será realizado o parto;
f) qualificação do sistema e da gestão da informação;
g) implementação de estratégias de comunicação social e programas educativos relacionados à saúde sexual e à saúde
reprodutiva;
h) prevenção e tratamento das DST/HIV/Aids e Hepatites; e
i) apoio às gestantes nos deslocamentos para as consultas de pré-natal e para o local em que será realizado o parto, os
quais serão regulamentados em ato normativo específico.
AVALIAÇÃO PRÉ-CONCEPCIONAL

Entende-se por avaliação pré-concepcional a consulta que o casal faz antes de uma gravidez,
objetivando identificar fatores de risco ou doenças que possam alterar a evolução normal de uma
futura gestação.

A atenção em planejamento reprodutivo contribui para a redução da morbimortalidade materna e


infantil na medida em que:
• diminui o número de gestações não desejadas e de abortamentos provocados;
• diminui o número de cesáreas realizadas para fazer a ligadura tubária;
• diminui o número de ligaduras tubárias por falta de opção e de acesso a outros métodos;
• aumenta o intervalo entre as gestações;
• possibilita planejar a gravidez em mulheres adolescentes ou com patologias crônicas descompensadas, tais
como: diabetes, cardiopatias, hipertensão, portadoras do HIV, entre outras.
AVALIAÇÃO PRÉCONCEPCIONAL

O aconselhamento préconcepcional se caracteriza por um conjunto de medidas de

natureza médica, social e psíquica que visa permitir ao casal, preferencialmente,

ou à mulher, isoladamente, determinar o momento ideal para que a gestação

ocorra.

Assim, é recomendável que antes da decisão favorável à concepção sejam

discutidos com o casal aspectos como sexualidade, anticoncepção e a própria

gravidez, e paralelamente a ampla gama de mudanças que a gestação e a

maternidade podem acarretar ao organismo, nas relações familiares e sociais.


AVALIAÇÃO PRÉ-CONCEPCIONAL

O ideal é que a consulta pré concepcional ocorra pelo menos três meses antes da
suspensão da anticoncepção.
Exame físico:
• Avaliação ginecológica/ coleta de material para exame citopatológico do colo do utero
• Aferição de peso e altura
• Medida da pressão arterial
Exames laboratoriais:
 Hemograma completo
 Glicemia de jejum
 Vdrl
 Teste rápido para HIV
 Toxoplasmose IgG e IgM
 EAS
AVALIAÇÃO PRÉ-CONCEPCIONAL

Exames laboratoriais (FEBRASGO, 2014):

• Hemograma: para detectar possível anemia e infecção.


• Tipagem do casal: para rastrear a incompatibilidade sanguínea.
• Glicemia de jejum: é importante no rastreamento de diabetes. Vem sendo ressaltada a importância da hemoglobina glicada que hoje representa
importante critério clínico de avaliação do metabolismo dos carboidratos, permitindo inferir sobre oscilações da glicemia nas últimas doze
semanas.
• Sorologias para rastrear as seguintes infecções: sífilis, rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, herpes, HIV, hepatites A, B e C, doença de
Chagas, se necessário.
• Parasitológico de fezes.
• Prevenção do câncer ginecológico, genitalioscopia, pesquisa de HPV, se necessário.
• USG, se necessário: avaliar patologias ginecológicas.
• Exames específicos do parceiro: tipagem, HIV, hepatites, espermograma.
• Perfil hormonal: dosagem plasmática de FSH, LH, prolactina, estradiol, TSH, T4 livre.
PRÉ-NATAL
O acesso ao cuidado do pré-natal no primeiro trimestre da gestação tem sido incorporado

como indicador de avaliação da qualidade da Atenção Básica. A captação de gestantes para

início oportuno do pré-natal é essencial para o diagnóstico precoce de alterações e para a

realização de intervenções adequadas sobre condições que tornam vulneráveis a saúde da

gestante e a da criança.

É fundamental abordar a história de vida dessa mulher, seus sentimentos, medos, ansiedades

e desejos, pois, nessa fase, além das transformações no corpo há uma importante transição

existencial. É um momento intenso de mudanças, descobertas, aprendizados e uma

oportunidade para os profissionais de saúde investirem em estratégias de educação e cuidado

em saúde, visando o bem-estar da mulher e da criança, assim como a inclusão do pai e/ou

parceiro (quando houver) e família, desde que esse seja o desejo da mulher.
PRÉ-NATAL

Atendimento multidisciplinar que objetiva alcançar e manter a integridade


das condições de saúde materna e fetal, cujos resultados devem ser avaliados a longo prazo,
com a formação de pessoas física e intelectualmente úteis à
comunidade e produtivas para o país.
PRÉ-NATAL

O objetivo é assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo


o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde
materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades
educativas e preventivas.
Talvez o principal indicador do prognóstico ao nascimento seja o
acesso à assistência pré-natal. Os cuidados assistenciais no primeiro
trimestre são utilizados como um indicador maior da qualidade dos
cuidados maternos.
PRÉ-NATAL

Se o início precoce do pré-natal é essencial para a adequada assistência, o número ideal de


consultas permanece controverso. Segundo a OMS, o número adequado seria igual ou superior
a 6. Pode ser que, mesmo com um número mais reduzido de consultas (porém, com maior ênfase
para o conteúdo de cada uma delas) em casos de pacientes de baixo risco, não haja aumento de
resultados perinatais adversos.
Atenção especial deverá ser dispensada às grávidas com maiores riscos.
PRÉ-NATAL

Recomendação
O modelo de acompanhamento de pré-natal de baixo risco por médicos generalistas
deve ser oferecido para as gestantes.
O acompanhamento periódico e rotineiro por obstetras durante o pré-natal não traz
melhoria aos desfechos perinatais em comparação com o encaminhamento destas pacientes
em casos de complicações durante o acompanhamento (grau de recomendação A – nível de
evidência I).
PRÉ-NATAL
10 Passos para o Pré-Natal de Qualidade na Atenção Básica
1° PASSO: Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à Saúde até a 12ª semana de gestação (captação
precoce)
• 2° PASSO: Garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-
natal.
• 3° PASSO: Toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação em termo
oportuno do resultado dos exames preconizados no atendimento pré-natal.
• 4° PASSO: Promover a escuta ativa da gestante e de seus(suas) acompanhantes, considerando
aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não somente um cuidado biológico: "rodas de
gestantes".
• 5° PASSO: Garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento pré-natal, quando
necessário.
PRÉ-NATAL

10 Passos para o Pré-Natal de Qualidade na Atenção Básica


• 6° PASSO: É direito do(a) parceiro(a) ser cuidado (realização de consultas, exames e ter acesso a
informações) antes, durante e depois da gestação: "pré-natal do(a) parceiro(a)".
• 7° PASSO: Garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja necessário.
• 8° PASSO: Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico, incluindo a elaboração do
"Plano de Parto".
• 9° PASSO: Toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde no qual
irá dar à luz (vinculação).
• 10° PASSO: As mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no período
gravídico-puerperal.
CONSULTAS

Acompanhamento periódico e contínuo de todas as gestantes, para assegurar seu


seguimento durante toda a gestação, em intervalos preestabelecidos, acompanhando-as
tanto nas unidades de saúde quanto em seus domicílios, bem como em reuniões
comunitárias, até o momento do pré-parto/parto, objetivando seu encaminhamento
oportuno ao centro obstétrico, a fim de evitar sofrimento fetal por pós-datismo.

Toda gestante com 41 semanas deve ser encaminhada para a avaliação do bem-
estar fetal, incluindo avaliação do índice do líquido amniótico e monitoramento cardíaco
fetal. DEVE
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O???
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CONSULTAS

As consultas de pré-natal poderão ser realizadas no consultório ou durante visitas domiciliares.


O calendário de atendimento durante o pré-natal deve ser programado em função dos períodos
gestacionais que determinam maior risco materno e perinatal.
O calendário deve ser iniciado precocemente (no primeiro trimestre) e deve ser regular.
O total de consultas deverá ser de, no mínimo, 6 (seis), com acompanhamento intercalado
entre médico e enfermeiro. As consultas devem ser realizadas conforme o seguinte cronograma:
• Até 28ª semana – mensalmente;
• Da 28ª até a 36ª semana – quinzenalmente;
• Da 36ª até a 41ª semana – semanalmente. Brasil, 2017
Recomendações da OMS sobre cuidados pré-natais

O novo modelo de atenção pré-natal da OMS aumenta o número de contatos que uma mulher
grávida deve ter com profissionais de saúde ao longo de sua gravidez de quatro para oito.
Evidências recentes indicam que uma maior frequência de contatos na atenção pré-natal de
mulheres e adolescentes com o sistema de saúde é associada a uma menor probabilidade de
natimortos.

Um mínimo de oito contatos pode reduzir as mortes perinatais em até 8 para cada mil nascidos
quando comparado ao mínimo de quatro visitas. Além disso, o novo modelo aumenta as avaliações da
mãe e do feto para detectar problemas.
A publicação recomenda que mulheres grávidas tenham seu primeiro contato nas 12 primeiras
semanas de gestação, com visitas subsequentes na 20ª, 26ª, 30ª, 34ª, 36ª, 38ª e 40ª semana de
gestação.
Recomendações da OMS sobre cuidados pré-natais

As novas diretrizes contêm 49 recomendações que descrevem os cuidados que as


gestantes devem receber a cada contato com o sistema de saúde, incluindo
aconselhamento sobre uma dieta saudável e nutrição ideal; atividade física; uso de
tabaco e outras substâncias; prevenção da malária e HIV; exames de sangue e
vacinação contra tétano; medições fetais, inclusive por meio de ultrassom; e conselhos
sobre como lidar com sintomas fisiológicos comuns, como náusea, dor nas costas e
constipação.
Recomendações da OMS sobre cuidados pré-natais

 Recomendações
As consultas técnicas sobre o guia da OMS levaram à elaboração de 39 recomendações relacionadas com cinco
tipos de intervenções:

A. Intervenções nutricionais,
B. Avaliação da mãe e do feto,
C. Medidas preventivas,
D. Intervenções para sintomas fisiológicos comuns e
E. Intervenções nos sistemas de saúde para melhorar a utilização e a qualidade dos cuidados pré-natais.
As intervenções foram classificadas como recomendadas, não recomendadas, ou recomendadas mediante
certas condições, com base nos pareceres do GDG, de acordo com os critérios DECIDE, que determinaram tanto
a orientação como o contexto, se for caso disso, da recomendação.
Ser mulher já é nascer
uma super-heroína
" Quais são as práticas baseadas em evidências durante o CPN que melhoram os
resultados e levam a uma experiência positiva de gravidez? 
Como essas práticas devem ser entregues ? ’’
Cuidado de pré natal
 Atenção baseada em evidências:
“Uso consciente, criterioso e explícito das melhores evidências atuais para tomar
decisões sobre o atendimento a pacientes individuais”.

 Apoio às gestantes:
“A melhor assistência não será efetiva se não estiver disponível para aqueles que
necessitam dela”

 Priorizar educação e comunicação

 Permitir controle da mulher = cartão de P.N. preenchido adequadamente

 criar vínculo: mesmo provedor ou equipe pequena


O ato de falar é como uma negociação entre quem fala e quem escuta, isto é, entre falantes e suas/seus innterlocutoras/es. Ouvir é, nesse sentido, o ato de autorização em
direção à/ao falante. Alguém pode falar (somente) quando sua voz é ouvida. Nessa dialética, aquelas/es que são ouvidas são também aquelas/es que “pertencem”.

(Grada Kilomba, 2019)


A DA CUIDADO PRÉ-NATAL
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CUIDADO PRÉ-NATAL
CADERNETA DA GESTANTE – MS
# Diferenças 2014 x 2016

• Layout
• Mais consultas (de 9 para 14) : exantema (zica) ou rash cutaneo e febre
• Exames
• dTpa
• Consulta de puerpério
• Pré-natal do Parceiro
• 29 e 31 paginas
CUIDADO PRÉ-NATAL
CUIDADO PRÉ-NATAL

• Teste Imunológico de Gravidez


• Gonadotrofina coriônica humana (ßHCG)
• DUM
• USG
CUIDADO PRÉ-NATAL

Sinais de presunção de gravidez:

• Atraso menstrual;
• Manifestações clínicas (náuseas, vômitos, tonturas, salivação excessiva, mudança de
apetite, aumento da frequência urinária e sonolência);
• Modificações anatômicas (aumento do volume das mamas, hipersensibilidade nos
mamilos, tubérculos de Montgomery, saída de colostro pelo mamilo, coloração violácea
vulvar, cianose vaginal e cervical, aumento do volume abdominal).
CUIDADO PRÉ-NATAL

Sinais de probabilidade:

• Amolecimento da cérvice uterina, com posterior aumento do seu volume;


• Paredes vaginais aumentadas, com aumento da vascularização (pode-se observar pulsação
da artéria vaginal nos fundos de sacos laterais);
• Positividade da fração beta do HCG no soro materno a partir do oitavo ou nono dia após a
fertilização.
CUIDADO PRÉ-NATAL

Sinais de certeza:

• Presença dos batimentos cardíacos fetais (BCF), que são detectados pelo sonar a partir de
12 semanas e pelo Pinard a partir de 20 semanas;
• Percepção dos movimentos fetais (de 18 a 20 semanas);
• Ultrassonografia: o saco gestacional pode ser observado por via transvaginal com apenas 4
a 5 semanas gestacionais e a atividade cardíaca é a primeira manifestação do embrião com
6 semanas gestacionais.
CUIDADO PRÉ-NATAL

Toda mulher com história de atraso menstrual de mais


de 15 dias deverá ser orientada a realizar o TIG, que será
solicitado pelo médico ou enfermeiro.
A dosagem de gonadotrofina coriônica humana (ßHCG)
para o diagnóstico precoce da gravidez, com a utilização de
medidas quantitativas precisas e rápidas, tornou este teste
mundialmente reconhecido para confirmar a ocorrência de
gravidez. O ßHCG pode ser detectado no sangue periférico
da mulher grávida entre 8 a 11 dias após a concepção.
CUIDADO PRÉ-NATAL

Considerando-se que 11% a 42% das idades gestacionais estimadas pela data da última
menstruação são incorretas, pode-se oferecer à gestante, quando possível, o exame
ultrassonográfico, que , além de melhor determinar a idade gestacional, auxilia na detecção
precoce de gestações múltiplas (inclusive, evidencia o tipo de placentação nestes casos) e de
malformações fetais clinicamente não suspeitas. Idealmente, o exame deve ser realizado entre
10 e 13 semanas, utilizando-se o comprimento cabeça–nádega para determinar a idade
gestacional.
CCN Idade Gestacional
2 mm 5 semanas e 5 dias
3 mm 5 semanas e 6 dias
4 mm 6 semanas e 1 dia
5 mm 6 semanas e 1 dia
CUIDADO PRÉ-NATAL

Classificação de risco gestacional

A gestação é um fenômeno fisiológico e deve ser vista como parte de uma experiência de vida
saudável que envolve mudanças dinâmicas do olhar físico, social e emocional. No entanto, devido a
alguns fatores de risco, algumas gestantes podem apresentar maior probabilidade de
evolução desfavorável. São as chamadas “gestantes de alto risco”.

Portanto, é indispensável que a avaliação do risco seja permanente, ou seja,


aconteça em toda consulta.
CUIDADO PRÉ-NATAL

Classificação de risco gestacional

Assim definida, a gravidez de baixo risco somente pode ser confirmada ao final
do processo gestacional, após o parto e o puerpério.
A caracterização de uma situação de risco, todavia, não implica necessariamente
referência da gestante para acompanhamento em pré-natal de alto risco.
As situações que envolvem fatores clínicos mais relevantes (risco real) e/ou fatores
evitáveis que demandem intervenções com maior densidade tecnológica devem ser
necessariamente referenciadas, podendo, contudo, retornar ao nível primário, quando se
considerar a situação resolvida e/ou a intervenção já realizada.
As situações que envolvem fatores clínicos mais relevantes
(risco real) e/ou fatores evitáveis que demandem intervenções
com maior densidade tecnológica devem ser
necessariamente referenciadas, podendo, contudo, retornar
ao nível primário, quando se considerar a situação resolvida
e/ou a intervenção já realizada.
CUIDADO PRÉ-NATAL
Fatores de risco que permitem a realização do pré-natal pela equipe de atenção
básica
• Idade menor do que 15 e maior do que 35 anos;
• Ocupação: esforço físico excessivo, carga horária extensa, rotatividade de horário, exposição a
agentes físicos, químicos e biológicos, estresse;
• Situação familiar insegura e não aceitação da gravidez, principalmente em se tratando de
adolescente;
• Situação conjugal insegura;
• Baixa escolaridade (menor do que cinco anos de estudo regular);
• Condições ambientais desfavoráveis;
• Altura menor do que 1,45m;
• IMC que evidencie baixo peso, sobrepeso ou obesidade.
CUIDADO PRÉ-NATAL
CUIDADO PRÉ-NATAL

Roteiro da primeira consulta:


• Anamnese
• História clínica
• Exame físico
• Exames complementares
• Condutas gerais
CUIDADO PRÉ-NATAL

Anamnese na primeira consulta, deve-se pesquisar:

o Aspectos epdemiológicos (Número de gestações, partos e abortos)


o Antecedentes familiares e pessoais (Atenção especial para os antecedentes
ginecológicos e obstetricos)
o Data da ultima menstruação
o Gravidez planejada??
o Queixas????
CUIDADO PRÉ-NATAL
• Anamnese
data precisa da última menstruação;  reações alérgicas;
regularidade dos ciclos;  história pessoal ou familiar de doenças
 uso de anticoncepcionais; hereditárias/malformações;
 paridade;  gemelaridade anterior;
 intercorrências clínicas, obstétricas e cirúrgicas;  fatores socioeconômicos;
 detalhes de gestações prévias; atividade sexual;
 hospitalizações anteriores;  uso de tabaco, álcool ou outras drogas lícitas ou
 uso de medicações; ilícitas;
 história prévia de doença sexualmente  história infecciosa prévia;
transmissível;  vacinações prévias;
 exposição ambiental ou ocupacional de risco;  história de violências.
CUIDADO PRÉ-NATAL

• Anamnese
As anotações deverão ser realizadas tanto no prontuário da unidade (Ficha Clínica
de Pré- Natal) quanto no Cartão da Gestante.

Em cada consulta, o risco obstétrico e perinatal deve ser reavaliado

Os fatores de risco deverão ser identificados em destaque no Cartão da Gestante,


uma vez que tal procedimento contribui para alertar os profissionais de saúde que
realizam o acompanhamento pré-natal.
CUIDADO PRÉ-NATAL
• História clínica

Identificação: Dados socioeconômicos: Antecedentes familiares:


Nome; Grau de instrução; Hipertensão arterial;
Número do CNS; Profissão/ocupação; Diabetes mellitus;
Idade; Estado civil/união; Malformações congênitas e anomalias
Cor; Número e idade de dependentes; genéticas;
Naturalidade; Renda familiar; Gemelaridade;
Procedência; Pessoas da família com renda; Câncer de mama e/ou do colo uterino;
Endereço atual; Condições de moradia; Hanseníase;
Unidade de referência. Condições de saneamento; Tuberculose e outros contatos domiciliares;
Distância até a unidade de saúde. Doença de Chagas;
Parceiro sexual portador de infecção pelo
HIV.
CUIDADO PRÉ-NATAL
• História clínica Hanseníase, tuberculose, malária, sífilis ou outras doenças
Antecedentes pessoais gerais: infecciosas;
Hipertensão arterial crônica; Portadora de infecção pelo HIV (deve-se anotar se a paciente
Diabetes mellitus; está em uso de antirretrovirais e especificar o esquema
Cardiopatias; utilizado);
Doenças renais crônicas; Doenças neurológicas e psiquiátricas;
Anemias e deficiências de nutrientes específicos; Cirurgia (tipo e data);
Desvios nutricionais; Transfusões de sangue;
Epilepsia; Alergias (inclusive medicamentosas);
Doenças da tireoide e outras endocrinopatias; Doenças neoplásicas;
Viroses (rubéola, hepatites); Vacinação;
Infecção do trato urinário; Uso de medicamentos;
Uso de drogas, tabagismo e alcoolismo.
CUIDADO PRÉ-NATAL
• História clínica
Antecedentes ginecológicos:
Sexualidade:
Ciclos menstruais;
Início da atividade sexual (idade da primeira relação);
Uso de métodos anticoncepcionais prévios;
Dispareunia (dor ou desconforto durante o ato sexual);
Infertilidade e esterilidade (tratamento);
Prática sexual na gestação atual ou em gestações
Doenças sexualmente transmissíveis, inclusive
anteriores;
doença inflamatória pélvica;
Número de parceiros da gestante e de seu parceiro em
Cirurgias ginecológicas (idade e motivo);
época recente ou pregressa;
Malformações uterinas;
Uso de preservativos masculinos e/ou femininos (“uso
Mamas (patologias e tratamento realizado);
correto” e “uso habitual”).
Última colpocitologia oncótica (papanicolau ou
“preventivo”, data e resultado).
CUIDADO PRÉ-NATAL
• História clínica
Mortes neonatais precoces: até sete dias de vida (número
Antecedentes obstétricos:
e motivo dos óbitos);
Número de gestações;
Mortes neonatais tardias: entre sete e 28 dias de vida
Número de partos;
(número e motivo dos óbitos);
Número de abortamentos;
Natimortos (morte fetal intraútero e idade gestacional em
Número de filhos vivos;
que ocorreu);
Idade na primeira gestação;
Recém-nascidos com icterícia, transfusão, hipoglicemia,
Intervalo entre as gestações (em meses);
ex-sanguíneo- transfusões;
Isoimunização Rh;
Intercorrências ou complicações em gestações anteriores
Número de recém-nascidos: pré-termo, pós-termo;
(deve-se especificá-las);
Número de recém-nascidos de baixo peso (menos de 2.500g)
Complicações nos puerpérios (deve-se descrevê-las);
e com mais de 4.000g;
Histórias de aleitamentos anteriores (duração e motivo do
Número de recém-nascidos prematuros ou pequenos para a
desmame).
idade gestacional;
CUIDADO PRÉ-NATAL
• História clínica
Gestação atual:
Data do primeiro dia/mês/ano da última menstruação – DUM (anotar certeza ou dúvida);
Peso prévio e altura;
Sinais e sintomas na gestação em curso;
Hábitos alimentares;
Medicamentos utilizados na gestação;
Internação durante a gestação atual;
Hábitos: fumo (número de cigarros/dia), álcool e drogas ilícitas;
Ocupação habitual (esforço físico intenso, exposição a agentes químicos e físicos potencialmente nocivos, estresse);
Aceitação ou não da gravidez pela mulher, pelo parceiro e pela família, principalmente se for adolescente; - Identificar
gestantes com fraca rede de suporte social;
Cálculo da idade gestacional e data provável do parto.
CUIDADO PRÉ-NATAL
• Procedimentos técnicos:

 Métodos para cálculo da idade gestacional (IG) e da data provável do parto (DPP)
Os métodos para esta estimativa dependem da data da última menstruação (DUM), que corresponde ao
primeiro dia de sangramento do último ciclo menstrual referido pela mulher.

Quando a data da última menstruação (DUM) é conhecida e certa: É o método de escolha para se
calcular a idade gestacional em mulheres com ciclos menstruais regulares e sem uso de métodos
anticoncepcionais hormonais:
• Uso do calendário: some o número de dias do intervalo entre a DUM e a data da consulta, dividindo o total
por sete (resultado em semanas);
• Uso de disco (gestograma): coloque a seta sobre o dia e o mês correspondentes ao primeiro dia e mês do
último ciclo menstrual e observe o número de semanas indicado no dia e mês da consulta atual.
CUIDADO PRÉ-NATAL

• Procedimentos técnicos:

 Métodos para cálculo da idade gestacional (IG) e da data provável do parto (DPP)

Quando a data da última menstruação é desconhecida, mas se conhece o período do


mês em que ela ocorreu:
• Se o período foi no início, meio ou fim do mês, considere como data da última
menstruação os dias 5, 15 e 25, respectivamente.
CUIDADO PRÉ-NATAL

• Procedimentos técnicos:

 Métodos para cálculo da idade gestacional (IG) e da data provável do parto (DPP)

Quando a data e o período da última menstruação são desconhecidos:


Quando a data e o período do mês não forem conhecidos, a idade gestacional e a data
provável do parto serão, inicialmente, determinadas por aproximação, basicamente pela
medida da altura do fundo do útero e pelo toque vaginal, além da informação sobre a
data de início dos movimentos fetais, que habitualmente ocorrem entre 18 e 20 semanas.
CUIDADO PRÉ-NATAL
• Procedimentos técnicos:

 Métodos para cálculo da idade gestacional (IG) e da data provável do parto (DPP)
Calcula-se a data provável do parto levando-se em consideração a duração média da
gestação normal (280 dias ou 40 semanas, a partir da DUM), mediante a utilização de
calendário.
Com o disco (gestograma), coloque a seta sobre o dia e o mês correspondentes ao
primeiro dia e mês da última menstruação e observe a seta na data (dia e mês) indicada
como data provável do parto.
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Regra de Naegle

Somar 07 dias ao
primeiro dia da última
menstruação e subtrair
três meses ao mês em
que ocorreu a última
menstruação (ou
adicionar nove meses,
se corresponder aos
meses de janeiro a
março).

Calculo da data provável do parto


Exame físico no pré natal
São indispensáveis os seguintes procedimentos:

avaliação medida da verificação da registro dos


nutricional (peso pressão arterial presença de movimentos fetais
e cálculo do IMC) edema
medida da altura ausculta dos palpação realização do teste de
uterina batimentos abdominal estímulo sonoro
cardiofetais simplificado
exame ginecológico exame clínico das toque vaginal de percepção dinâmica
e coleta de material mamas acordo com as
para colpocitologia necessidades de
oncótica cada mulher
Exame físico no pré natal
São indispensáveis os seguintes procedimentos:

Inspeção da pele e Sinais vitais: aferição Palpação da região Ausculta


das mucosas do pulso, frequência tireoide cervical, cardiopulmon
cardíaca, frequência supraclavicul ar
respiratória, ar e axilar
temperatura axilar

Exame do abdome Exame dos membros Determinação Determinação Cálculo do IMC


inferiores do peso da altura

Avaliação do estado Medida da pressão Pesquisa de


nutricional e do ganho arterial edema
de peso gestacional (membros,
face, região
sacra, tronco)
CUIDADO PRÉ-NATAL

• Exame físico

São indispensáveis os seguintes procedimentos: avaliação nutricional (peso e


cálculo do IMC), medida da pressão arterial, palpação abdominal e percepção
dinâmica, medida da altura uterina, ausculta dos batimentos cardiofetais, registro dos
movimentos fetais, verificação da presença de edema, exame ginecológico e coleta de
material para colpocitologia oncótica e exame clínico das mamas.
CUIDADO PRÉ-NATAL
• Exame físico

Exame físico geral: - Inspeção da pele e das mucosas; - Sinais vitais: aferição do pulso, frequência
cardíaca, frequência respiratória, temperatura axilar; - Palpação da tireoide , região cervical,
supraclavicular e axilar (pesquisa de nódulos ou outras anormalidades); - Ausculta cardiopulmonar; -
Exame do abdome; - Exame dos membros inferiores; - Determinação do peso; - Determinação da altura;
- Cálculo do IMC; - Avaliação do estado nutricional e do ganho de peso gestacional; - Medida da pressão
arterial; - Pesquisa de edema (membros, face, região sacra, tronco). o Exame físico específico (gineco-
obstétrico): - Palpação obstétrica; - Medida e avaliação da altura uterina; - Ausculta dos batimentos
cardiofetais; - Registro dos movimentos fetais; - Teste de estímulo sonoro simplificado (Tess); - Exame
clínico das mamas; - Exame ginecológico (inspeção dos genitais externos, exame especular, coleta de
material para exame colpocitopatológico, toque vaginal).
CUIDADO PRÉ-NATAL

Devem ser solicitados os seguintes exames


complementares:

 hemoglobina e hematócrito;  teste rápido para sífilis ou VDRL;


 eletroforese de hemoglobina;  teste rápido para HIV ou sorologia (anti-HIV I e II);
 tipagem sanguínea e fator Rh;  sorologia para hepatite B (HBsAg);
 Coombs indireto;  toxoplasmose IgG e IgM;
 glicemia de jejum;  malária (gota espessa) em áreas endêmicas;
 teste de tolerância à glicose;  parasitológico de fezes;
 urina tipo I;  ultrassonografia obstétrica
 urocultura e antibiograma;
 teste de proteinúria;
Gestantes com diagnóstico de DM no primeiro trimestre da
gestação (critérios diagnósticos de DM em não gestantes) devem
ser consideradas portadoras de DM preexistente; elas apresentam
maior risco de malformações fetais e outras complicações
gestacionais e neonatais. Vale ressaltar que o valor de corte da
glicemia em jejum durante a gestação difere do considerado
normal para não gestantes, sendo < 92 mg/dL em qualquer fase
da gestação. Valores entre 92 e 126 mg/dL são diagnósticos
de DMG em qualquer fase da gestação.
A investigação de DMG deve ser feita em todas as gestantes sem diagnóstico
prévio de diabetes. Entre a 24a e 28a semanas de gestação, deve-se realizar
o teste oral de tolerância à glicose (TOTG) com dieta sem restrição de
carboidratos ou com, no mínimo, ingestão de 150 g de carboidratos nos 3
dias anteriores ao teste, com jejum de 8 horas.

Foram propostos, então, novos pontos de corte para o jejum, em 1 e 2


horas, que são ≥ 92 mg/dL, ≥ 180 mg/dL e ≥ 153 mg/dL,
respectivamente. Segundo esses novos critérios, um valor anormal já leva ao
diagnóstico de DMG.
Antibióticos de escolha no tratamento da bacteriúria assintomática e ITU não
complicada em gestantes:
• Nitrofurantoína (100 mg), uma cáp., de 6/6 horas, por 10 dias (evitar após a 36ª
semana de gestação);
• Cefalexina (500 mg), uma cáp., de 6/6 horas, por 7 a 10 dias;
• Amoxicilina-clavulanato (500 mg), uma cáp., de 8/8 horas, por 7 a 10 dias .

Enfermeiro(a)/médico(a)

Repetir urinocultura sete a dez dias após o termino do tratamento.  Verificar


se o quadro de infecção urinária é recorrente ou de repetição.  Na
apresentação de um segundo episódio de bacteriúria assintomática ou ITU não
complicada na gravidez, a gestante deverá ser encaminhada para avaliação e
acompanhamento médico.
Teste de Proteinúria de Fita

ATENÇÃO!
CUIDADO PRÉ-NATAL
• Exames complementares
Segundo as evidências científicas disponíveis, o rastreamento de condições clínicas pode ser ou não
recomendado rotineiramente durante o pré-natal:
• Vaginose bacteriana assintomática: não deve ser oferecido, pois as evidências sugerem que a
identificação e o tratamento dessa condição não diminuem o risco de parto prematuro e outros
problemas reprodutivos (grau de recomendação A);
• Cytomegalovirus: a evidência disponível não embasa o rastreamento de rotina;
• Estreptococcus do grupo B: não deve ser realizado, pois a evidência de sua efetividade clínica
permanece incerta (grau de recomendação A);
• Vírus da hepatite C: não há evidência suficiente da sua efetividade como rastreamento de rotina (grau
de recomendação C). Deve ser solicitado em situações especiais de alto risco, como uso de drogas
injetáveis e/ou parceiro usuário, transfusões de sangue ou múltiplos parceiros de um ou de ambos;
CUIDADO PRÉ-NATAL
• Consultas subsequentes
Anamnese atual sucinta
Exame físico direcionado (deve-se avaliar o bem-estar materno e fetal);
Verificação do calendário de vacinação;
Deve-se avaliar o resultado dos exames complementares;
Devem ser feitas a revisão e a atualização do Cartão da Gestante e da Ficha de Pré-Natal;
Cálculo e anotação da idade gestacional;
Determinação do peso e cálculo do índice de massa corporal (IMC)
Medida da pressão arterial (observe a aferição da PA com técnica adequada);
Palpação obstétrica e medida da altura uterina;
Pesquisa de edema;
Exame ginecológico, incluindo das mamas, para observação do mamilo;
Ausculta dos batimentos cardiofetais e avaliação dos movimentos percebidos pela mulher e/ou detectados no exame
obstétrico;
CUIDADO PRÉ-NATAL
• Consultas subsequentes
Interpretação dos dados da anamnese e do exame clínico/obstétrico;
Avaliação dos resultados de exames complementares e tratamento de alterações encontradas ou encaminhamento, se
necessário;
Prescrição de suplementação de sulfato ferroso (40mg de ferro elementar/dia) e ácido fólico (5mg/dia), para
profilaxia da anemia;
Oriente a gestante sobre alimentação e faça o acompanhamento do ganho de peso gestacional;
Incentive o aleitamento materno exclusivo até os seis meses;
Oriente a gestante sobre os sinais de risco e a necessidade de assistência em cada caso;
Faça o acompanhamento das condutas adotadas em serviços especializados, pois a mulher deverá continuar a ser
acompanhada pela equipe da atenção básica;
Proceda à realização de ações e práticas educativas individuais e coletivas;
Faça o agendamento das consultas subsequentes.
CUIDADO PRÉ-NATAL

• Procedimentos técnicos:

 Avaliação do estado nutricional (EN) e do ganho de peso gestacional


A avaliação do estado nutricional da gestante consiste na tomada da medida do peso e da altura e o cálculo da
semana gestacional, o que permite a classificação do índice de massa corporal (IMC) por semana gestacional.
Com base no IMC obtido na primeira consulta de pré-natal, é possível conhecer o estado nutricional atual e
acompanhar o ganho de peso até o final da gestação.
Recomenda-se que a gestante seja pesada em todas as consultas. A estatura pode ser aferida apenas na
primeira consulta, desde que não seja gestante adolescente (menor de 20 anos), cuja medida deverá ser realizada
pelo menos trimestralmente.
CUIDADO PRÉ-NATAL
• Procedimentos técnicos:

 Avaliação do estado nutricional (EN) e do ganho de peso gestacional


Classifique o estado nutricional (EN) da gestante, segundo o IMC, por semana gestacional, da seguinte forma:
• Baixo peso: quando o valor do IMC for igual ou menor do que os valores apresentados na coluna correspondente a
baixo peso;
• Adequado: quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de valores;
• Sobrepeso: quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de valores
• Obesidade: quando o valor do IMC for igual ou maior do que os valores apresentados.

Obs.: O ideal é que o IMC considerado no diagnóstico inicial da gestante seja o IMC pré- gestacional referido ou o IMC
calculado a partir de medição realizada até a 13ª semana gestacional.
CUIDADO PRÉ-NATAL
• Procedimentos técnicos:

 Controle da pressão arterial (PA)


Os guidelines recomendam a medida da PA em todas as consultas de pré-natal. Conceitua-se hipertensão
arterial na gestação a partir dos seguintes parâmetros:
• A observação de níveis tensionais absolutos iguais ou maiores do que 140mmHg de pressão sistólica e iguais ou
maiores do que 90mmHg de pressão diastólica, mantidos em medidas repetidas, em condições ideais, em pelo
menos três ocasiões.
• O aumento de 30mmHg ou mais na pressão sistólica (máxima) e/ou de 15mmHg ou mais na pressão diastólica
(mínima), em relação aos níveis tensionais pré-gestacionais e/ou conhecidos até a 16ª semana de gestação,
representa um conceito que foi muito utilizado no passado e ainda é utilizado por alguns. Entretanto, apresenta
alto índice de falsos positivos, sendo utilizado de melhor forma como sinal de alerta e para agendamento de
controles mais próximos.
CUIDADO PRÉ-NATAL
• Procedimentos técnicos:
 Controle da pressão arterial (PA)
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) na gestação é classificada nas seguintes categorias principais:
• Pré-eclâmpsia: caracterizada pelo aparecimento de HAS e proteinúria (> 300 mg/24h) após a 20ª semana de
gestação em mulheres previamente normotensas;
• Eclâmpsia: corresponde à pré-eclâmpsia complicada por convulsões que não podem ser atribuídas a outras causas;
• Pré-eclâmpsia superposta à HAS crônica: definida pela elevação aguda da PA, à qual se agregam proteinúria,
trombocitopenia ou anormalidades da função hepática, em gestantes portadoras de HAS crônica com idade
gestacional superior a 20 semanas;
• Hipertensão arterial sistêmica crônica: é definida por hipertensão registrada antes da gestação, no período que
precede à 20ª semana de gravidez ou além de doze semanas após o parto;
• Hipertensão gestacional: caracterizada por HAS detectada após a 20ª semana, sem proteinúria, podendo ser
definida como “transitória” (quando ocorre normalização após o parto) ou “crônica” (quando persistir a hipertensão).
PA PA
Classificaç
sistólica diastólica
ão
(mmHg) (mmHg)
Normal < 120 E < 80
Elevada 120-129 E < 80
Hipertens
ão estágio 130-139 e/ou 80-89
1
Hipertens
ão estágio ≥ 140 e/ou ≥ 90
2
Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults
(American College of Cardiology)

Diretriz para Prevenção, Detecção, Avaliação e Controle da Pressão Arterial Alta em Adultos (American College of Cardiology)

 O objetivo do tratamento anti-hipertensivo durante a gravidez inclui a prevenção da hipertensão


grave e a possibilidade de prolongar a gestação para permitir ao feto mais tempo para amadurecer
antes do parto.

 A pré-eclâmpsia é uma condição potencialmente perigosa para a mulher grávida e o feto, ocorrendo
em 3,8% das gestações. Sendo a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia responsáveis ​por 9% das mortes
maternas nos Estados Unidos.

 A pré-eclâmpsia está associada a um risco aumentado de parto prematuro, restrição de crescimento


intra-uterino, descolamento de placenta e mortalidade perinatal e é duas vezes mais provável de
ocorrer na primeira gravidez.

https://www.ahajournals.org/doi/pdf/10.1161/HYP.0000000000000065
CUIDADO PRÉ-NATAL

• Procedimentos técnicos:

 Palpação obstétrica e medida da altura uterina (AU)


A palpação obstétrica deve ser realizada antes da medida da altura uterina. Ela deve
iniciar-se pela delimitação do fundo uterino, bem como de todo o contorno da superfície
uterina (este procedimento reduz o risco de erro da medida da altura uterina).
Técnica para palpação abdominal (Manobras de Leopold): Consiste em um método
palpatório do abdome materno em 4 passos (grau de recomendação B).
CUIDADO PRÉ-NATAL
• Procedimentos técnicos:

 Palpação obstétrica e medida da altura uterina (AU)


Visa ao acompanhamento do crescimento fetal e à detecção precoce de alterações. Use como
indicador a medida da altura uterina e sua relação com o número de semanas de gestação (grau de
recomendação B).
Ponto de corte: serão considerados parâmetros de normalidade para o crescimento uterino o
percentil 10 (para o limite inferior) e o percentil 90 (para o limite superior). Representação do indicador
por meio de gráfico constituído de duas linhas: a inferior representa o percentil 10, e a superior, o
percentil 90.
O resultado estará adequado quando estiver contido entre as duas linhas: excessivo (acima do
percentil 90) e deficiente (abaixo do percentil 10).
CUIDADO PRÉ-NATAL
• Procedimentos técnicos:

 Palpação obstétrica e medida da altura uterina (AU)


I. Técnica para medida da altura uterina: - Posicione a gestante em decúbito dorsal, com o abdome
descoberto; - Delimite a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino; - Por meio da palpação,
procure corrigir a comum dextroversão uterina; - Fixe a extremidade inicial (0cm) da fita métrica,
flexível e não extensível, na borda superior da sínfise púbica com uma das mãos, passando-a entre os
dedos indicador e médio. - Deslize a fita métrica entre os dedos indicador e médio da outra mão até
alcançar o fundo do útero com a margem cubital da mesma mão; - Proceda à leitura quando a borda
cubital da mão atingir o fundo uterino; - Anote a medida (em centímetros) na ficha e no cartão e
marque o ponto na curva da altura uterina.
CUIDADO PRÉ-NATAL

• Procedimentos técnicos:

 Ausculta dos batimentos cardíacos fetais (BCF)


Constatar a cada consulta a presença, o ritmo, a frequência e a normalidade dos
batimentos cardíacos fetais (BCF). Deve ser realizada com sonar, após 12 semanas de
gestação, ou com Pinard, após 20 semanas (grau de recomendação C).
É considerada normal a frequência cardíaca fetal entre 110 a 160 batimentos por minuto.
CUIDADO PRÉ-NATAL
• Procedimentos técnicos:

 Verificação da presença de edema


Detectar precocemente a ocorrência de edema patológico (grau de recomendação C).
• Nos membros inferiores
• Na região sacra
• Na face e nos membros superiores, identifique a presença de edema pela inspeção.
A presença de edema ocorre em 80% das gestantes e ele é pouco sensível e específico
para o diagnóstico de pré-eclâmpsia.
CUIDADO PRÉ-NATAL
• Procedimentos técnicos:

 Exame ginecológico e coleta de material para colpocitologia oncótica


O exame ginecológico inclui a inspeção vulvar, o exame especular e o toque vaginal. Não se deve
perder a oportunidade para a realização do rastreamento do câncer do colo do útero nas gestantes.
Não está contraindicada a realização deste exame em mulheres grávidas, podendo ser feito em
qualquer período da gestação, preferencialmente até o 7º mês.
A coleta do material do colo do útero para exame colpocitopatológico deve ser realizada a partir de
uma amostra da parte externa, a ectocérvice, e da parte interna, a endocérvice.
Não há contraindicação no uso da escova endocervical, não havendo mudanças na
coleta da gestante.
CUIDADO PRÉ-NATAL
• Procedimentos técnicos:

 Exame clínico das mamas


O exame clínico das mamas é realizado com a finalidade de se detectar anormalidades nas mamas e/ou avaliar
sintomas referidos pelas gestantes para, assim, identificar possíveis lesões malignas palpáveis num estágio precoce de
evolução.
É também uma boa oportunidade para o profissional de saúde educar a população feminina sobre:
 o câncer de mama, seus sintomas, seus fatores de risco e sua detecção precoce;
 sobre a composição e a variabilidade da mama normal; e
 sobre a importância do aleitamento materno para a criança, para a própria gestante e para a família e a
sociedade, pois nesta fase a mulher e sua família estão mais atentas e dispostas a receber informações e realizar

atividades de promoção e prevenção à sua saúde .


CUIDADO PRÉ-NATAL
Prescrição de suplementos alimentares
Ferro e folato: a suplementação rotineira de ferro e folato parece prevenir a instalação de baixos
níveis de hemoglobina no parto e no puerpério. Existem poucas informações em relação a outros
parâmetros de avaliação da mãe e de seu recém-nascido.
O Programa Nacional de Suplementação de Ferro, do Ministério da Saúde, criado por meio da
Portaria MS nº 730, de 13 de maio de 2005, recomenda a suplementação de 40mg/dia de ferro
elementar (200mg de sulfato ferroso).
Folato peri-concepcional: tem forte efeito protetor contra defeitos abertos do tubo neural. Deve
ser usado rotineiramente pelo menos dois meses antes e nos dois primeiros meses da gestação. Esta
informação deve ser difundida por programas educacionais de saúde. Mulheres que tiveram fetos ou
neonatos com defeitos abertos do tubo neural têm que usar folato continuamente se ainda desejam
engravidar
73 pg
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD006896.pub2/abstract
CUIDADO PRÉ-NATAL

A vacinação durante a gestação objetiva não somente a proteção da gestante, mas


também a proteção do feto.
Não há evidências de que, em gestantes, a administração de vacinas de vírus
inativados (raiva humana e influenza, por exemplo), de bactérias mortas, toxoides
(tetânico e diftérico) e de vacinas constituídas por componentes de agentes infecciosos
(hepatite B, por exemplo) acarrete qualquer risco para o feto.
Sinais de Advertência Durante a Gravidez
Sinal de Advertência Possível Causa
Sangramento vaginal aborto, placenta prévia, descolamento de
placenta, sinais de parto
Escape de líquido vaginal Incontinência urinária, rompimento da
bolsa
Disúria Infecção do trato urinário
Dor de cabeça DHEG
Visão alterada, visão embaçada e /ou DHEG
flashes de luz
Cólicas abdominais Sinais de parto
Dor epigástrica persistente DHEG
Redução do movimento fetal Sofrimento fetal e/ou Morte fetal
Temperatura elevada Infecção
Vômitos persistentes Hiperêmese gravídica
CUIDADO PRÉ-NATAL
Temas pra grupo: Pai e Paternidade:

Gestação: - Papel do pai na gestação, parto e pós parto 

- Desenvolvimento da gestação e do feto - Desenvolvimento do vínculo – pai e filho

- Modificações e desconfortos gestacionais Medos, realidades e fantasias da gestação e do parto:


- Práticas de atividade física na gestação e nutrição - Sinais de alerta e quando procurar atendimento
saudável - Medo da dor
- Sexualidade durante a gestação - E se romper a bolsa?
Parto: - Colonização por streptococcos - o que diz a evidência?

- O que esperar? - Gestação prolongada e líquido com mecônio

- Indução de trabalho de parto Pós-parto:


- Direitos das gestantes x Violência obstétrica - Pós Parto é realmente a sombra?
- Indicações de cesariana - Primeiros dias do bebê (testes e vacinas)
- Como escolher o local do parto? - Amamentação e seus desafios
- Planejamento familiar
OBJETIVO: Estimar se o uso de maconha na gravidez aumenta os riscos de resultados neonatais adversos e
esclarecer se algum risco aumentado é atribuível ao uso de maconha em si ou a fatores de confusão, como o uso
do tabaco.
MÉTODOS DE SELEÇÃO DE ESTUDO: Analisamos estudos observacionais que compararam as taxas de
resultados neonatais adversos pré-especificados em mulheres que usaram maconha durante a gravidez com
mulheres que não usaram.
RESULTADOS: Dois autores extraíram independentemente os dados dos estudos selecionados. Os desfechos
primários foram baixo peso ao nascer (menos de 2.500 g) e parto prematuro com menos de 37 semanas de
gestação. Os desfechos secundários foram peso ao nascer, idade gestacional no parto, pequeno para a idade
gestacional, nível II ou maior admissão no berçário, natimorto, aborto espontâneo, baixo índice de Apgar,
descolamento prematuro da placenta e morte perinatal.
CONCLUSÃO: O uso de maconha materna durante a gravidez não é um fator de risco independente para
desfechos neonatais adversos após o ajuste para fatores de confusão. Assim, a associação entre o uso de maconha
materna e os resultados adversos parece ser atribuível ao uso concomitante do tabaco e a outros fatores de
confusão.

Maternal Marijuana Use and Adverse Neonatal


Outcomes: A Systematic Review and Meta-analysis.
Futuro…

Pre-natal em grupo ???


Como?
Onde?
Por que?
Funciona?
Referencias:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas.
Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada – manual
técnico/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas –
Brasília: Ministério da Saúde, 2005.

Mulheres grávidas devem ter acesso aos cuidados adequados no momento certo, afirma OMS
http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5288:mulheres-gravidas-devem-ter-
acesso-aos-cuidados-adequados-no-momento-certo-afirma-oms&Itemid=821

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal
de baixo risco / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília :
Editora do Ministério da Saúde, 2012.

Organização Pan-Americana da Saúde. Ministério da Saúde. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia. Sociedade Brasileira de Diabetes Rastreamento e diagnóstico de diabetes mellitus gestacional no Brasil.
Brasília, DF: OPAS, 2016.

https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/44703/9789248548338_por.pdf?sequence=11
Atenção ao Pré-Natal. Rotinas para gestantes de baixo risco. Superintendência de Atenção Primária. Guia de
Referência Rápida. Versão PROFISSIONAIS. 2013.

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