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Apostila em Assistência

de Enfermagem no
Trabalho de Parto
Humanizado-120h.
PRÉ – NATAL HUMANIZADO: ESTRATÉGIAS DE ENFERMAGEM NA PREPRAÇÃO
PARA O PARTO ATIVO

O objetivo principal da atenção pré-natal é acolher a mulher desde o início do período


gravídico, garantindo-lhe no fim da gestação, o bem-estar materno e neonatal. O conceito de
humanização da assistência ao parto pressupõe a relação de respeito que os profissionais de saúde
estabelecem com as mulheres durante o processo de parturição e compreende: o parto como um
processo natural e fisiológico, respeito aos sentimentos, emoções, necessidades, valores culturais,
disposição dos profissionais para ajudar a mulher a diminuir a ansiedade, insegurança e outros
temores, promoção e manutenção do bem-estar físico e emocional ao longo do processo da gestação,
parto e nascimento, informação e orientação permanente à parturiente sobre a evolução do trabalho
de parto, espaço e apoio para a presença de um (a) acompanhante que ela deseje, direito da mulher
na escolha do local de nascimento e corresponsabilidade dos profissionais para garantir o acesso e a
qualidade dos cuidados de saúde. Método: Trata-se de um estudo descritivo, com base em estudos
teóricos, composto por artigos indexados, de acordo com levantamentos do banco de dados.
Considerações finais: Observou-se que para a assistência Pré-natal humanizada, com o objetivo de
capacitação da mulher no processo de parturição, é indispensável o acolhimento da enfermeira (o) e
equipe de enfermagem de forma a criar vínculo e esclarecer dúvidas desde a primeira consulta até o
puerpério, usando a educação em saúde como facilitadora de produção de conhecimentos e
autonomia para a mulher, tornando a experiência da gestação, trabalho de parto, parto e puerpério
como processo fisiológico, colocando-a como protagonista durante todo o processo.

PALAVRAS- CHAVE: pré-natal, humanização, educação em saúde, preparo para o parto, enfermagem
obstétrica, dor do parto, trabalho de parto.

1.Especialista Docente do Curso de Enfermagem da Faculdade Anhanguera de


Sorocaba. 2.Enfermeira Obstetra.

DESENVOLVIMENTO
O objetivo principal da atenção pré-natal é acolher a mulher desde o início do período
gravídico, garantindo-lhe, no fim da gestação, o bem-estar materno e neonatal (Ministério da Saúde,
2006).Uma atenção pré-natal humanizada e de qualidade dá-se por meio de incorporação de condutas
acolhedoras e sem intervenções desnecessárias, do fácil acesso aos serviços de saúde de qualidade,
com ações que integrem todos os níveis da atenção: promoção e assistência à saúde da gestante e do
recém- nascido, desde o atendimento ambulatorial básico até o hospitalar para alto risco (Ministério da
Saúde, 2006).
O preparo da gestante para o parto normal, dentro de um modelo humanístico, é uma prática
quase inexistente nos serviços de atendimento pré-natal, apesar de sua prática ser recomendada e
sua importância comprovada por inúmeros trabalhos científicos (Franco et al., 2004).
O condicionamento físico e emocional para o parto e o autocontrole, trabalhados durante a
gestação, vão se tornar tão importantes quanto uma atenção médica de qualidade durante o pré-natal
(Franco et al.,2004).
O conceito de humanização da assistência ao parto pressupõe a relação de respeito que os
profissionais de saúde estabelecem com as mulheres durante o processo de parturição e compreende:
o parto como um processo natural e fisiológico, respeito aos sentimentos, emoções, necessidades e
valores culturais, disposição dos profissionais para ajudar a mulher a diminuir a ansiedade, a
insegurança e outros temores, promoção e manutenção do bem-estar físico e emocional ao longo do
processo da gestação, parto e nascimento, informação e orientação permanente à parturiente sobre a
evolução do trabalho de parto, espaço e apoio para a presença de um (a) acompanhante que a
parturiente deseje e direito da mulher na escolha do local de nascimento e corresponsabilidade dos
profissionais para garantir o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde (Ministério da Saúde, 2000).
Muito tem se falado no meio profissional sobre melhor assistência pra se chegar ao parto
normal humanizado, usando as evidências científicas para o manejo adequado e fisiológico do parto
resgatando o protagonismo da mulher/parturiente (Franco et al.,2004).
O momento oportuno para estimular este processo de troca de informações é durante o
encontros de educação pré-natal e nas consultas pré-natais, deve ser feita no despertar do desejo de
ser mãe e durante a Assistência Pré-natal (Teixeira et al., 2010).
As atividades educativas (pelas quais as gestantes constituem o foco do processo de
aprendizagem a serem realizadas em grupo ou individualmente devem conter uma linguagem clara e
compreensível, a fim de promover orientações gerais sobre os cuidados na gestação, alterações
fisiológicas e emocionais, cuidados com o recém-nascido, amamentação e planejamento familiar,
assim como envolver o pai, respeitando a cultura e o saber popular para facilitar a participação ativa
no parto (Teixeira et al., 2010).
A promoção à saúde no pré-natal ocorre quando possibilitamos à mulher conhecimento sobre
seu corpo e compreensão das alterações ocorridas, atuando de forma mais consciente e positiva no
seu gestar (Teixeira et al., 2010).
É importante a realização de pré-natal que forneça as informações que a parturiente deve
receber durante o trabalho de parto e parto, pois no momento da internação as orientações dos
profissionais de saúde serão recebidas como reforço e não como uma nova informação. Do ponto de
vista obstétrico além do conhecimento fisiológico é necessário que a parteira tenha a arte de controlar
os aspectos emocionais. Para isso a gestante precisa também aprender sobre seu corpo e as
sequências de fenômenos naturais que no momento do parto ocorrerão, para poder receber com
confiança e segurança as orientações que irá receber (Sescato et al., 2008; Rezende, 1986).
O objetivo desta pesquisa é estudar a inserção da enfermagem no Pré-Natal na aplicação de
métodos de preparo para o parto visando à capacitação da mulher no processo da parturição.

MÉTODO

Trata-se de um estudo, descritivo com base em estudos teóricos, composto por artigos
indexados, de acordo com levantamentos do banco de dados. Foi considerado como critérios de
inclusão apresentar inter-relação com as palavras-chave escolhidas, disponibilidade na versão
completa por meio eletrônico ou impresso e aqueles que ofereciam contribuições para responder ao
objetivo do estudo.

REVISÃO DA LITERATURA

Assistência Pré- Natal Humanizada

A atenção neonatal e obstétrica deve ter como características essenciais a humanização e a


qualidade. É dever dos profissionais de saúde e serviços acolher com dignidade o recém - nascido e a
mulher, focando-os como sujeitos de direitos. Considerar o outro como sujeito e não como objeto
passivo da nossa atenção é a base que sustenta o processo de humanização (Ministério da Saúde,
2006).
O acompanhamento pré-natal tem como objetivo garantir o desenvolvimento da gestação,
permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive
abordando aspectos psicossociais, atividades preventivas e educativas (Ministério da Saúde, 2006).

Uma atenção pré-natal e puerperal humanizada e qualificada dá-se por meio da incorporação
de condutas acolhedoras e sem desnecessárias intervenções, do acesso fácil aos serviços de saúde
com qualidade, com ações que integrem todos os níveis de atenção: promoção, prevenção e
assistência à saúde do recém-nascido e da gestante, desde o atendimento básico até o hospitalar
para alto risco (Ministério da Saúde, 2006; Ministério da Saúde, 2012)
Segundo Ministério da Saúde (2012), os 10 Passos para o Pré-Natal de Qualidade na
Atenção Básicas são:
1° PASSO: Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à Saúde até a 12ª semana de gestação
(captação precoce).
2° PASSO: Garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à
atenção pré- natal.
3° PASSO: Toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação em
termo oportuno do resultado dos exames preconizados no atendimento pré-natal.
4° PASSO: Promover a escuta ativa da gestante e de seus (suas) acompanhantes,
considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não somente um
cuidado biológico: "rodas de
. gestantes".
5° PASSO: Garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento pré-natal,
quando necessário.
6° PASSO: É direito do (a) parceiro (a) ser cuidado (realização de consultas, exames e ter
acesso a informações) antes, durante e depois da gestação: "pré-natal do (a) parceiro (a)".
7° PASSO: Garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja necessário.
8° PASSO: Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico, incluindo a
elaboração do "Plano de Parto".
9° PASSO: Toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde
no qual irá dar à luz (vinculação).

É fundamental o início precoce do pré-natal para que haja assistência adequada e realização de
no mínimo 6 (seis) consultas, conforme preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo
preferencialmente uma no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro trimestre de
gestação, sendo que até 28ª semana – mensalmente, da 28ª até a 36ª semana – quinzenalmente, da
36ª até a 41ª semana – semanalmente (Ministério da Saúde, 2006; Ministério da Saúde, 2012).
Segundo Ministério da Saúde (2006;2012), assim que confirmada a gravidez
em consulta de enfermagem ou médica, inicia-se o acompanhamento da gestante, e os
principais componentes a serem verificados são: DUM (data da última menstruação),
cálculo da IG (idades gestacional), cálculo da DPP (data provável do parto), anamnese,
onde verifica-se regularidade dos ciclos, uso de anticoncepcionais, paridade,
intercorrências clínicas, obstétricas e cirúrgicas, detalhes de gestações prévias,
hospitalizações anteriores, uso de medicações, história prévia de doença sexualmente
transmissível, exposição ambiental ou ocupacional de risco, reações alérgicas, história
pessoal ou familiar de doenças hereditárias/malformações, gemelaridade anterior,
fatores socioeconômicos, atividade sexual, uso de tabaco, álcool ou outras drogas
lícitas ou ilícitas, história infecciosa prévia, vacinações prévias, história de violências.
No exame físico, os mais importantes componentes que precisam ser incluídos na
primeira visita pré-natal são os seguintes: peso, altura, pressão arterial, avaliação de
mucosas, da tireoide, das mamas, dos pulmões, do coração, do abdome e das
extremidades. No exame ginecológico/obstétrico, deve-se avaliar a genitália externa, a
vagina, o colo uterino e, no toque bidigital, o útero e os anexos.
Após a 12ª semana, deve-se medir a altura do fundo uterino. A ausculta fetal
será possível após a 10ª-12ª semana, com o sonar-doppler. Nas visitas subsequentes,
torna-se obrigatório medir a altura uterina, pesar a paciente, mensurar a pressão
arterial, verificar a presença de anemia de mucosas, a existência de edemas e
auscultar os batimentos cardíacos fetais. Deve-se avaliar o mamilo para lactação. A
definição da apresentação fetal deverá ser determinada por volta da 36ª semana. Os
fatores de risco levantados deverão ser identificados em destaque no Cartão da
Gestante, uma vez que tal procedimento contribui para alertar os profissionais de
saúde que realizam o acompanhamento pré-natal, o mesmo deve ser identificado e
preenchido como o nome completo da gestante, número do SISPRENATAL, número
do Cartão do Sus, nome do hospital de referência para o parto ou intercorrências .
Devem ser verificados também situação vacinal e orientação sobre a sua atualização,
caso seja necessário (São indispensáveis a solicitação de exames como: tipagem
sanguínea/fator Rh, sorologia para sífilis (VDRL), urina tipo I, urocultura, hemoglobina
(HB), hematócrito, coombs indireto (se for Rh negativo), teste rápido de triagem para
sífilis e/ou VDRL/RPR, teste rápido diagnóstico anti-HIV, glicemia de jejum, teste anti-
HIV, sorologia para hepatite B (HBsAg), sorologia para toxoplasmose (IgM e IgG),
ultrassonografia obstétrica (não é obrigatório), com a função de verificar a idade
gestacional, citopatológico de colo de útero (se necessário), exame da secreção
vaginal (se houver indicação clínica), parasitológico de fezes (se houver indicação
clínica), eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver antecedentes
familiares de anemia falciforme ou apresentar história de anemia crônica . As condutas
e procedimentos que se seguem devem ser realizadas sistematicamente e avaliadas
em toda consulta e os achados e condutas devem ser anotados no cartão da gestante
e na ficha perinatal.

Na primeira consulta é momento também da gestante receber todas as orientações


necessárias, minimizar a ansiedade do casal, informações sobre alimentação, hábito intestinal e
urinário, movimentação fetal, assim como presença de corrimentos ou outras perdas que podem
indicar risco, acompanhamento, sequência das consultas, visitas domiciliares, reuniões educativas,
instrumentos esses facilitadores de produção de conhecimento e autonomia para a mulher,
potencializando de forma positiva as experiências na gestação parto e puerpério e deve ser favorecida
através de um trabalho individual e coletivo de escuta e partilha que produzam encontro de ideias,
construção de consenso , desenvolvimento de vínculo e esclarecimento de dúvidas, processo esse
que oferece a mulher a possibilidade de vivenciar a experiência da gestação, trabalho de parto e parto
como processos fisiológicos, sentindo-se protagonista nos mesmos (Costa et al., Ministério da Saúde,
2006; Ministério da Saúde, 2012).
Enfermeiros nas Práticas Educativas no Pré - Natal

As práticas educativas desenvolvidas pelas enfermeiras(os) são um instrumento de suas ações


de cuidado que podem transformar a maneira de parir e nascer, compartilha saberes, atitudes,
vontades e reconhecer direitos (Costa et al., 2011).
A consulta de enfermagem é uma atividade realizada privativamente por esses profissionais, e
tem como objetivo propiciar condições para a promoção da saúde da gestante e a melhoria na sua
qualidade de vida, mediante uma abordagem contextualizada e participativa (Costa et al., 2011).
O profissional enfermeiro pode acompanhar inteiramente o pré-natal de baixo risco na rede
básica de saúde, de acordo com o Ministério de Saúde e conforme garantido pela Lei do Exercício
Profissional, regulamentada pelo Decreto nº 94.406/87. Durante a consulta de enfermagem, além da
competência técnica, o enfermeiro deve demonstrar interesse pela gestante e pelo seu modo de vida,
ouvindo suas queixas e considerando suas preocupações e angústias. Para isso, o enfermeiro deve
fazer uso de uma escuta qualificada, a fim de proporcionar a criação de vínculo. Assim, ele poderá
contribuir para a produção de mudanças concretas e saudáveis nas atitudes da gestante, de sua
família e comunidade, exercendo assim papel educativo, sendo estes através de atividades educativas
individuais e em grupos (Costa et al., 2011; Progianti; Costa, 2012; Couto, 2006).
A Educação em Saúde é uma prática centrada na população e um processo que contribui para
o desenvolvimento e formação da visão crítica das pessoas, a respeito de sua saúde, investigando a
busca de soluções e a organização para a ação coletiva e é uma estratégia valiosa enquanto alicerce
da negociação do cuidado humanizado, entendida como uma prática educativa que trabalha junto ao
indivíduo a visão crítica e libertadora das condições de vida, almejando estratégias de mudanças em
benefício próprio e da comunidade. É o ato de refletir a evidência de um cuidado. Sendo assim
partilhar saberes no intuito de promover, prevenir e recuperar a saúde através de ações educativas da
base à Educação em Saúde tornando - a uma prática positiva porque é construída junto com a
comunidade e não para ela, fomentando e instrumentalizando a percepção dos motivos e soluções
para os problemas de saúde de maneira crítica (Progianti; Costa, 2012, Damasceno; Said, 2008).

Estratégias de Preparo para o Parto


Através das atividades educativas durante o pré – natal, as mulheres visam aprender a
conhecer seu corpo, as mudanças ocorridas nele durante toda a gestação, durante o trabalho de parto
e parto. A busca de informações traz uma alternativa naturalista (Basso; Monticelli, 2010).
O preparo da gestante, e/ou mulher se deve pela construção de um saber próprio acerca do
parto. E isso se consegue através da estratégia de grupo utilizando uma metodologia
problematizadora. Através do Arco da problematização operacionalizado através de cincos etapas, a
1ª é o levantamento da realidade vivida, o 2º apontar os pontos chaves, a 3ª instrumentos práticos e
teóricos para a resolução dos problemas e o 4º a viabilidade das ações propostas e o 5º exercício
grupal de reflexão sobre as ações propostas e a serem vividas no futuro (Basso; Monticelli, 2010).
O fornecimento de informações e orientações durante o pré-natal para diminuir a ansiedade e
a insegurança, de maneira a criar atividades em grupo nos programas de preparo para o parto é de
suma importância (Basso; Monticelli, 2010).
Quando educadores de parto querem que alunos adultos aprendam, existem algumas regras.
Como: atender as necessidades do aluno, incentivar o aluno a assumir responsabilidades, integrar os
valores e experiências vivenciadas (Hotelling, 2004).

Segundo Hotelling (2004), existem algumas sugestões para educar e ter confiança no
parto normal. 1ª O trabalho começa em você, essa tarefa se trata das mudanças que
ocorrem no útero, feto, mãe e membranas nas últimas semanas de gestação, propósito:
demonstrar aos futuros pais as mudanças fisiológicas normais que não podem acontecer
se o trabalho de parto não começar por si próprio; 2º Liberdade de movimento durante o
trabalho de parto, propósito: utilidade das posições verticais no trabalho de parto e parto;
3º Suporte continuo no trabalho de parto, propósito: reforçar o aprendido sobre suporte
físico e emocional continuo; 4ª Não à intervenções de rotina, “A cascata de efeitos das
intervenções obstétricas”, propósito: demonstrar aos futuros pais como uma intervenção
aparentemente não-invasivo pode afetar aspectos físicos e emocionais do trabalho e, em
última instância, conduzir a um resultado inesperado. Discuta alternativas para essas
intervenções. Informar aos pais sobre o consentimento informado e recusa informada. 5º
Posições para o parto não-supinas, propósito: Demonstrar as melhor posições para se
parir. 6º Sem separação da mãe e do bebê com oportunidades ilimitadas para a
amamentação, propósito: Demonstrar a importância de mãe e bebê estarem juntos após o
nascimento a fim de aumentar a confiança na amamentação.

Quando se faz algum tipo de atividade física na gravidez poderá estar menos propensa a ter
dificuldades no trabalho de parto e parto, por isso os profissionais devem estimular as mulheres a
serem fisicamente ativas. O exercício físico aumenta as chances de um parto vaginal, e a escolaridade
elevada aumenta a adesão para esses exercícios. A utilização de um protocolo e ação
multiprofissional pode ser benéfica neste sentido (Davim et al., 2009, Silveira; Segre, 20012).

Parto Ativo
O Parto ativo nada mais é do que o parto ser conduzindo da forma fisiológica e onde os
instintos das mulheres são priorizados, onde a mulher reconquista o poder da parturição e o seu
preparo diminuirá a probabilidade de intercorrências na gestação, culminando em uma ótima condição
física (Balaskas, 2012).
O preparo para o parto ativo vai contra o modelo ocidental de assistência obstétrica, baseada
na suposição de que o parto é um evento médico, que deve estar presente a mais alta tecnologia.
Resgata a importância de se ter um nascimento espontâneo e tranquilo (Balaskas, 2012).
Tendo atitude ativa a mulher resgata seus instintos e consegue desenvolver uma atitude
mental nas diversas fazes do parto. Se uma mulher for deixada a sua própria mercê instintivamente
ela saberá o que fazer e como se comportar, usando toda sua forma de expressão e movimento para
se sentir mais confortável no seu trabalho. O parto ativo é melhor descrevendo as posições
verticalizadas sendo as mais ideais para se parir, tendo a seu favor a gravidade que coopera com as
contrações uterinas. Quando o útero se contrai ele se projeta para a frente estando na posição vertical
essa resistência será menor, minimizando também a dor. Na posição vertical a pressão sobre a cervix
uterina é maior na fase de repouso, a circulação placentária determina melhor suprimento de oxigênio
para o feto e há menor compressão dos nervos pélvicos e sem dúvidas promove um ângulo
conveniente da descida, existe menor pressão sobre as vertebras do pescoço do bebê enquanto
passa pelo arco púbico, favorece a dequitação e diminui a probabilidade de infecção (Balaskas, 2012).
É importante que a gestante conheça a anatomia feminina, e que seja explicado a ela a
evolução da gravidez, onde o conhecimento tanto da anatomia e fisiologia, trará capacidade de
entender os acontecimentos (Balaskas, 2012).
Incentivar exercícios de Yoga, que mistura exercício físico, respiratório e mental, que pretende
através deles alcançar o relaxamento físico e mental para enfrentar os desafios da gravidez e do parto.
A respiração, onde a respiração profunda é valorizada e se torna uma fonte concentração, conduzindo
a parturiente para o seu centro interior e realçando a presença de outro ser dentro de você. Em
conjunto com as outras técnicas a massagem é descrita como de grande valia na gravidez e no parto.
Ela pode ser intuitiva ou utilizando técnicas. O toque pode ser profundo ou deslizante com firmeza e
pressão, o calor produzido também amenizará a dor (Balaskas, 2012).
O trabalho de parto e parto é dividido em suas fases, explorando os acontecimentos corporais
e sentimentos expressos em cada etapa. Capacitando a mulher para entender e valorizar. O
entendimento sobre o início do trabalho de parto se dá de forma progressiva e pode começar de
diversas formas como a ruptura da membranas ou início das contrações fracas mais que são regulares
que se recomenda continuar com os afazeres e ou até mesmo dormir e descansar para estar
preparada para as contrações mais dolorosas (Balaskas, 2012).
Com intensificação das contrações sua atenção será mais exigida e poderão haver mudanças
no estado de consciência normal. O parto é uma experiência emocional muito profunda que envolve
uma regressão aos sentimentos mais básicos e primitivos, “O útero é o palco das suas mais profundas
emoções”. A dica é se render ao processo, se desligar e deixar acontecer e deixar que o corpo tenha o
controle (Balaskas, 2012).
Muitas sensações são vistas no trabalho de parto como agonia, êxtase, desespero e
debilidade e também determinação, vitalidade, energia e força. Com misto de emoções é natural que
as parturientes sintam náuseas, vômitos e diarreia que nada mais é o corpo se livrando das tensões e
isto trará um alívio e que pode significar um progressão na dilatação (Balaskas, 2012).
A dor é caracterizada como agudas e não pulsantes ou persistentes e a grande parte dessa
dor se dá pelo motivo de se permanecer muito tempo deitada. Outras posições devem ser estimuladas
como ficar de pé, ajoelhada, de cócoras ou sentada, para que o corpo produza os hormônios do parto
a mulher se sinta segura, relaxada, desinibida e livre. A presença de uma pessoa não desejada pode
impedir esta produção (Balaskas, 2012).
Em alguns momentos a mulher precisará de privacidade mas mantendo alguém por perto caso
ela precise. No período da dilatação a mudança da consciência acontece, e as necessidades da
mulher são pouca luminosidade, para se ter o mínimo de estímulo e um fundo musical pode ser
adicionado. Todos estas técnicas são utilizadas para relaxamento, pois se houver ansiedade e medo a
dor intensificará e através destes métodos elas se tornam suportáveis e até mesmo agradáveis.
“Quando se permanece ativa durante o trabalho de parto, quando o local coopera e quando as
pessoas são habilitadas, sensíveis e prestativas, a dor se torna muito mais suportável”, e os benefícios
de vivenciar este momento sem a utilização de alguma droga, serão um bebê, atento, saudável e
vigoroso e sem nenhum tipo de prejuízo, o que facilitará o primeiro convívio entre mãe e bebê
(Balaskas, 2012).

Estratégias não-farmacológicas de alívio da dor


As EADs (Estratégias não farmacológicas de alívio da dor) cada vez mais estão sendo
utilizadas no locais de parto, trazendo satisfação à parturiente, alívio da dor e melhor progressão ao
trabalho de parto, e com a vantagem de não serem invasivos e não terem efeito farmacológico (Davim
et al., 2009).

Entre eles podemos mencionar o banho de chuveiro, que em um estudo realizado em uma
maternidade de Natal em 2008, onde a ocitocina foi administrada em 81% das mulheres e apenas
15% não receberam qualquer medicação o uso do chuveiro foi efetivo no alívio da dor, neste a
parturiente era convidada e orientada a ficar no banho em temperatura ambiente o quanto desejasse
(Davim et al., 2009).
Para realizar a medida da dor foi usada a EAV (Escala analógica digital) que consiste em uma linha de
10 cm onde o indivíduo deve assinalar uma intensidade de dor que corresponda entre as extremidades
da linha. Outra estratégia a da respiração, onde é orientado uma respiração lenta e profunda, com o
exemplo de se cheirar uma flor na inspiração e apagar uma vela na expiração. No relaxamento muscular
a parturiente é orientada a soltar braços e pernas até o momento em que a contração cessasse.
Na massagem lombossacral a acompanhante coloca sua mão esquerda espalmada sobre a
projeção do fundo uterino da parturiente e a mão direita espalmada sobre a região lombossacral, com
movimentos circulares até a cessação da contração. A respiração, relaxamento e massagem podem
ser usada de maneira combinadas e o banho de chuveiro de forma isolada . Outros cuidados podem
tem efeito semelhante como estar ao lado, demostrar interesse, segurar a mão e enxugar a testa que
seria a estratégia do suporte contínuo (Davim et al., 2009, Davim et al., 2008).

O enfermeiro e sua especificidade na atenção e preparo


para o parto

Segundo a Lei do Exercício profissional (LEI 7.498/86) é assegurado ao enfermeiro:


1°) O direito de realizar a consulta de pré-natal de baixo risco, o que oferece a
possibilidade de ampliação da cobertura pré-natal de qualidade.
2°) Assistência de Enfermagem à gestante, parturiente puérpera,
acompanhamento da evolução e do trabalho de parto.
3°) Execução do parto sem distócia.
4°) Educação visando à melhoria de saúde da população.
Ao titular do diploma ou certificado de obstetriz ou de enfermeira obstétrica,
cabe ainda: 5 °) Assistência à parturiente e ao parto normal;
6°) Identificação das distocias obstétricas e tomada de providências até a chegada
do médico; 7°) Realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anestesia
local, quando necessária.

Cabe ao enfermeiro auxiliar as gestantes principalmente as primigestas que sofrem muita


interferência da família com conceitos culturais que não correspondem à realidade do parto,
construindo seu próprio saber, e garantindo autonomia nas suas decisões, bem como, reconhecer com
segurança as transformações e sensações que a gravidez e o parto trazem. Sendo assim o enfermeiro
desenvolve o papel ativo da mulher e fornecer informações sobre a evolução da gestação e parto para
que essa saiba o motivo da dor e o que fazer para que essa seja aliviada, para termos um nascimento
e parto humanizado através de um pré-natal humanizado (Nakano et al., 2008).

Algumas ações e intervenções podem ser usados pelos enfermeiros em seus locais de trabalho
para desenvolver o preparo da gestante durante o pré-natal para chegar no momento do parto,
confiante em sua capacidade natural e fisiológica de parir (Nakano et al., 2010).
Observou-se que para a assistência Pré-natal humanizada, com o objetivo de capacitação da
mulher no processo de parturição, é indispensável o acolhimento, preparo técnico e científico da
enfermeira (o) e equipe de enfermagem de forma a criar vínculo e esclarecer dúvidas desde a primeira
consulta até o puerpério, abordando todos os assuntos que envolvam as alterações anatômicas,
fisiológicas, psicológicas e familiar. Usando a educação em saúde como facilitadora de produção de
conhecimentos e autonomia para a mulher, tornando a experiência da gestação, trabalho de parto,
parto e puerpério como processo fisiológico, colocando-a como protagonista durante todo o processo.
Roteiro de estudo

Para que você, possa melhor aproveitar o conhecimento aqui enfocado, siga o que
apontamos:
Visão Holística
da Saúde
1. Faça a leitura do tema;

2. Em seguida pesquise mais sobre o tema em outros canais de mídia de acordo com
as orientações em hipertexto, assim, terá maior aprofundamento;

3. Realize trabalhos em grupo reunindo-se com colegas de equipe, e participe


dos fóruns;

Puericultura 4. Em relação aos trabalhos individuais, procure sempre praticar o que


= referenciamos nos itens “a” e “b”, em seguida, responda ao que lhe foi solicitado,
Conceitos-chaves lembrando, sempre, dos prazos estabelecidos, quando for o caso;

5. Sempre que necessário, recorra ao professor da disciplina;

6. Você pode também consultar o glossário que está na parte final deste material.

Estatuto da Criança
e do Adolescente

Crescimento e desenvolvimento
do adolescente normal
=
Princípios

Nutrição aplicada

Anotação de enfermagem Assistência à Saúde da Mulher e da Criança


em pediatria

=
Técnicas Competência

Compreender os aspectos biopsicossociais da saúde do


neonato para assegurar atendimento integral e assistência de
enfermagem humanizada.

Habilidade

Registrar ações que visem o acompanhamento do crescimento e


desenvolvimento da criança e do adolescente.
Bases Tecnológicas

1. Puericultura

2. Estatuto da criança e do adolescente

3. Aspectos do crescimento e desenvolvimento:


• Infância;
•puberdade;
•sexualidade;
•gravidez na adolescência.

4. Nutrição aplicada

5. Anotação de enfermagem em pediatria


Objetivos da Aprendizagem

Percebe as alterações comportamentais da criança e


adolescente e desenvolve a capacidade crítica para exercer
ações de enfermagem que possam subsidiar um crescimento e
desenvolvimento sadio.

Evidência de aprendizado

1. Planeja e realiza orientações sobre pré-concepção, concepção


e gestação, bem como os possíveis fatores de risco.

2. Organiza planos de incentivo e orientação sobre o aleitamento


materno.

3. Acompanha junto ao enfermeiro à consulta do pré-natal.

4. Registra os dados sobre o acompanhamento gestacional e


encaminha as informações ao órgão competente.

5. Detecta a deficiência do crescimento e desenvolvimento da


criança e do adolescente.

6. Interpreta a curva de crescimento da criança.

7. Aponta os direitos e prevenção aos maus tratos da criança e


do adolescente.

8. Seleciona a criança de acordo com os critérios necessários


para inclusão nos programas nutricionais.

9. Registra com clareza todas as ações de enfermagem


Sumário

1 Puericultura 13
1. 1 Planejamento da concepção 14
1. 2 Avaliação pré-concepcional 15
1. 3 Atenção ao pré-natal (concepção) 17

2 Desenvolvimento intra-uterino 19
2. 1 O ambiente fetal 20
2. 2 Alterações genéticas e ambientais 20
2. 3 Avaliação da vitalidade fetal 21

3. Ações no pré-natal 23
3. 1 Cálculo da idade gestacional (IG) 23
3. 2 Cálculo da data provável do parto (DPP) 24
3. 3 Avaliação do estado nutricional
e ganho de peso durante a gestação 24

4 Crescimento e desenvolvimento da criança e do adolescente 25


4. 1 Crescimento Infantil 26
4. 2 Desenvolvimento Infantil 27

5 Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA 29


5. 1 Título II - dos direitos fundamentais 30
5. 2 Título III - Da Prevenção 33

6 AIDPI 34
6. 1 Alimentação Saudável 36
6. 2 Aleitamento materno 36
6. 3 Definições de aleitamento materno 38
6. 4 Tipos de leite 38
6. 5 Propriedades do leite materno 39
6. 6 Desmame precoce 39
6. 7 Alimentação complementar 40
6. 8 Programa Viva Leite 41
6. 8. 1 Importância Nutricional do Viva leite 41

7 Anotações ou registro de enfermagem na saúde da criança 44


7. 1 Normas para as anotações de enfermagem 45

Glossário 50

Créditos das imagens e tabelas 53


1. PUERICULTURA

1. História da Puericultura

O termo Puericultura, que etimologicamente significa criação


– cultura – da criança – puer, surgiu em 1762, em um tratado do
suíço Jacques Ballexserd, sendo definida como um conjunto de
regras e noções sobre a arte de criar fisiológica e higienicamente
as crianças (ROCHA, 1987). Mais tarde, em 1865, o termo foi
reafirmado chegando ao Brasil, a partir da França, por Moncorvo
Filho, primeiro especialista em medicina pediátrica no país, funda,
em 1899, o Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Rio de
Janeiro, uma instituição filantrópica que busca amparar e proteger
a infância necessitada.

A puericultura envolve um conjunto de habilidades clinicas


e de educação em saúde usadas para favorecer o crescimento
e o desenvolvimento do ser humano para que este atinja a
plenitude de seu potencial, evitando doenças, protegendo-o de
fatores ambientais e sociais dentro de uma sociedade injusta,
agressiva, violenta, com muitas possibilidades de acidentes e
intercorrências. Portanto, é a medicina preventiva da criança e
do adolescente que caminha de mãos dadas com a pediatria,
construindo todas as ações e instrumentos que propiciem seu
pleno desenvolvimento biopsicossocial.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 13


2. Os vários estágios do desenvolvimento embrionário humano

1. 1 Planejamento da concepção

Toda “mulher tem direito a ser preparada e acompanhada”


adequadamente para a gravidez, entretanto para garantir a
evolução normal de uma futura gestação o casal deve passar
por avaliação pré-concepcional para identificar fatores de risco
ou doenças (MS, 2010).

3. A origem do vínculo mãe-bebê

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 14


1. 2 Avaliação pré-concepcional

Os procedimentos a serem desenvolvidas na avaliação pré-


concepcional devem incluir anamnese, exame físico geral e
específico, além de alguns exames laboratoriais e aconselhamento
genético se, o casal apresentar anormalidades reconhecidamente
hereditárias e transmissíveis.

Fatores relevantes para pré-concepção:

• Idade Materna Avançada como fator de risco à malformação


congênita, Síndrome de Down e aborto espontâneo;

• A Idade Materna Baixa como fator de risco a prematuridade e


para algumas malformações específicas como Gastrosquise e
outros defeitos;

• Ocupação alertando-se sobre exposições a agentes tóxicos


ambientais, como solventes orgânicos: Exposição Materna e
Paterna como fator de risco aborto, morte fetal, parto de pré-termo,
baixo peso ao nascer e alguns defeitos congênitos;

• Etnia: risco de malformações congênitas polidactilia, fenda


palatina e hipospádias, em crianças afro-americanas e uma
maior incidência de cardiopatia em crianças de raça branca.
Outros exemplos são as alterações das globinas, como a
Anemia Falciforme, em afro americano e a Beta Talassemia mais
freqüente em pessoas de origem mediterrânea.

• Índice de massa corporal (IMC) pré-gravídico inferior a 20 kg/m


têm como fator de risco maior o parto prematuro e baixo peso do
recém-nascido.

• As gestantes com IMC acima de 25 kg/m têm como fator de risco as


malformações fetais, diabetes, pré-eclâmpsia e tromboembolismo.
Deve-se realizar a profilaxia de defeitos abertos do tubo neural,
administrando-se ácido fólico. A dose necessária é de 0,4 mg via
oral diariamente, durante 60 a 90 dias antes da concepção e até 3
meses após. Recomenda-se que as pacientes com antecedentes
de anencefalia ou meningomielocele e em uso de antiepilépticos
ingiram doses maiores.

• Tabaco ativo e passivo como fator de risco a aborto espontâneo,


baixo peso ao nascer, restrição de crescimento fetal, risco de parto
pré-termo, descolamento de placenta, morte fetal e perinatal,
aumento do risco de infecções do trato respiratório do recém-
nascido.

• Bebidas alcoólicas como fator de risco a morte intra-uterina, baixo


peso ao nascer, alterações do sistema nervoso central e da conduta
e a Síndrome de Fetal do Álcool.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 15


• Dependência de drogas ilícitas como fator de risco as malformações
cardíacas e urológicas, além de restrição de crescimento fetal e
descolamento de placenta.

• Diabetes mellitus (DM): como fator de risco o aborto, malformação


fetal, macrossomia, morte perinatal e agravos maternos. Todas as
malformações que acontecem nos filhos de mães diabéticas afetam
órgãos que se formam nas oito primeiras semanas de vida intra-
uterina. Monitorização domiciliar da glicemia capilar é fundamental
a média é de quatro testes por dia. Além disso, deve ser feito um
exame de hemoglobina glicosilada a cada mês; microalbuminúria
(para verificar o estado dos rins) e exame de fundo de olho a cada
trimestre; eventualmente um mapa da pressão arterial; e as ultra-
sonografias (antes de 20 semanas, no segundo trimestre e no final
da gravidez).

• Hipertensão arterial crônica (HAC) é um fator de risco considerável


para o aparecimento de pré-eclâmpsia.

• Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV): é um fator


de risco materno e neonatal.

• Alterações genéticas: tanto em gestações prévias quanto na


condição de pais portadores, deveria ser realizado aconselhamento
genético, particularmente para casais com translocações
balanceadas, antecedente de filho com cromossomopatias e aborto
habitual. Especial atenção deveria ainda ser reservada aos casais
consanguíneos, considerando-se consanguinidade quando dois
indivíduos têm pelo menos um ancestral em comum, o que eleva o
risco de doenças autossômicas recessivas ou multifatoriais.

01. A incompatibilidade sanguínea perinatal pode ser


diagnosticada na seguinte condição, em relação à mãe, ao
feto e ao pai, respectivamente:

A. Rh+, Rh-, Rh+


B. Rh-, Rh+, Rh+
C. Rh-, Rh +, Rh-
D. Rh+, Rh+, Rh+

02. Uma gestante que desenvolve diabetes gestacional corre


o risco de ter em recém-nascido com:

A. Macrossomia
B. Microcefalia
C. Glicosúria
D. Hiperglicemia

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 16


03. A rubéola é uma doença infectocontagiosa e pode ser
teratogênica se a gestante for acometida no seguinte período
gestacional:

A. Após 6 meses de gestação


B. Após 4 meses de gestação
C. Durante os 4 primeiros meses
D. Após 8 meses de gestação
E. Em qualquer período gestacional

04. As gestantes tabagistas devem ser orientadas durante a


consulta de enfermagem ou orientações da equipe para os
malefícios que a nicotina pode causar ao concepto, tais como:

A. Abortamento e toxemia
B. Macropedia
C. Atrofia cerebral e convulsões
D. Prematuridade e baixo peso ao nascer

05. A futura gestante com hipertensão arterial crônica deve


ser orientada e acompanhada pela equipe de saúde para
prevenção a:

A. Pré-eclâmpsia
B. Derrame pleural
C. Convulsões
D. Parada cardíaca

1. 3 Atenção ao pré-natal (concepção)

A relação mãe e filho tem início tão logo ocorra o término da


fecundação e permanece ligada por toda a existência.
Pré-natal é o acompanhamento de saúde da gestante desde os
primeiros dias da gravidez até o momento do parto, para prevenir
com qualidade as doenças e situações de risco que repercute o
nascimento de uma criança saudável e o bem estar materno.

De forma sucinta há cinco hipóteses quanto ao início da vida


humana. Em sua opinião, quando se inicia a vida humana?

A. As que defendem que o início da vida começa com a fecundação;


B. Quando o embrião chega ao útero;
C. as que defendem que o início da vida começa com o início
da atividade cerebral (de 6 a 24 semanas de gestação) e
D. Quando feto pode sobreviver sozinho (de 25 a 27 semanas
de gestação);
E. Com o nascimento do bebê

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 17


A mãe e feto formam uma unidade fisiológica, por esse motivo o
organismo materno sofre a uma série de transformações físicas,
emocionais e psicológicas. As alterações são necessárias para que
inicialmente o embrião e, depois o feto tenham um desenvolvimento
dentro dos parâmetros de normalidade. Esta

experiência é vivenciada de forma única por cada mulher.

A vida começa realmente na fecundação do óvulo, a partir


da fecundação já há a vida? Qual é sua opinião em relação
ao inicio da vida humana?

2. DESENVOLVIMENTO

INTRA-UTERINO

A fase de crescimento e desenvolvimento no ambiente intra- uterino é


de vital importância para o ser humano, onde habitamos dentro do útero
das nossas mães e vivemos infinitas transformações em aproximadamente
280 dias, podendo variar de 38 a 42 semanas gestacionais até o
nascimento.

Assista ao vídeo.
“O desenvolvimento se dá em 3 estágios”
http://www.youtube.com/embed/iHz5qnt164U

• Estágio germinal: o período que vai da fecundação até completar


2 semanas, o óvulo fertilizado divide-se e torna-se mais complexo e
o organismo em crescimento é implantado na parede do útero. É
também nesta fase que algumas partes do blastocisto começam a
desenvolver-se em órgãos que irão alimentar e proteger a futura
criança: a placenta, o cordão umbilical e o saco amniótico.

• Estágio embrionário: o período que vai da 2 semana até a


8 semana, começa formar os sistemas internos e
externos,órgãos e partes do corpo, embora seja de forma
rudimentar, esse período é muito vulnerável às influências de
fatores como doenças maternas, uso de medicamentos ou de
drogas, em conseqüência deste rápido crescimento. É nessa fase
que ocorre a maior parte dos defeitos congênitos como: fenda
palatina, membros incompletos ou ausentes, cegueira, surdez entre
outros.
Estágio fetal: o periodo que vai da 8 semana até o nascimento,
o desenvolvimento durante o período fetal envolve basicamente
o rápido crescimento do corpo e a diferenciação dos tecidos,
órgãos e sistemas. Durante este período, o feto cresce
rapidamente para aproximadamente 20 vezes o seu
comprimento prévio e os órgãos e sistemas corporais tornam-se
mais complexos.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 18


2. 1 O ambiente fetal

Figura 4: Ambiente Pré-natal.

Hoje já sabemos que a vida dentro do útero é mais agitada do


que se pensava. O feto tem certas habilidades, como perceber
luz e som e reagir a esses estímulos, escolher sua posição
predileta, sugar, sonhar, sorrir, chorar, bocejar, esfregar os olhos,
piscar, espreguiçar-se e chutar, que são observadas através de
ultrassonografia e filmagem intrauterina.

A criança em desenvolvimento acha-se geralmente protegida no


interior do útero materno, entretanto, existem substâncias capazes
de atravessar a placenta e alterar o curso desse processo.

2. 2 Alterações genéticas e ambientais

É importante lembrar que a interação de dois fatores –


hereditariedade e ambiente – é o que determina de que maneira a
criança vai de desenvolver dentro do útero.

As substâncias químicas, liberadas pelos fatores genéticos ou


ambientais, são capazes de afetar e produzir danos no embrião e
no feto, causando anomalias tanto mentais quanto físicas

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 19


5. Meningocele (criança de dois meses com um
meningocele de Arnold-Chiari. Nota-se retração
esternal

6. Hidrocefalia

7. Microcefalia

8. Malformação dos pés (Malformação congênita


dos pés de uma criança causada pelo uso materno
de talidomida durante a gestação)

Pesquise sobre as alterações genéticas e ambientais que


interferem no desenvolvimento fetal.

2. 3 Avaliação da vitalidade fetal

É identificar o desenvolvimento adequado e, consequentemente,


a ausência de sofrimento fetal, quando em níveis normais,
garantindo e mantendo a vitalidade do feto até o fim da gestação.
Há vários métodos para se avaliar a vitalidade fetal durante a
gestação: clínicos, biofísicos e bioquímicos.

Métodos clínicos:

• Movimentação fetal: a diminuição da MF é prova indireta de


insuficiência placentária e adaptação fetal às condições de
balanço negativo. Valores menores que 10 movimentos em 12h
representam hipóxia fetal.

• Monitorização clinica da freqüência Cardíaca fetal (FCF): É feito a


ausculta do batimento cardíaco através de sonar Doppler.

• Considerar normal a freqüência cardíaca entre 120 a 160


batimentos por minuto.

• É considerado sinal de alarme: FCF entre as contrações inferiores


a l00bpm;

• Taquicardia (FCF>l60bpm) durante três ou mais contrações.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 20


Métodos biofísicos:

• Cardiotocografia: É a avaliação do bem estar fetal,

mediante monitoração e registro de sua frequência

cardíaca e dos seus movimentos, seja basal ou intraparto,

em gestante acima de 30ª semana. Possibilita a avaliação

da integridade dos mecanismos do SNC envolvidos no

controle da FC e da cinética fetal.

• Perfil biofísico fetal (PBF): Consiste na avaliação

integrada dos seguintes parâmetros: FCF (pela

cardiotocografia), volume do líquido amniótico

(ultrassonografia), tônus fetal, movimentação fetal e

movimentos respiratórios.

• Dopplervelocimetria: consiste na medida da velocidade do

fluxo sanguíneo.

• Amnioscopia: consiste na introdução por via vaginal de um tubo

estreito de acrílico (transparente), com intuito de avaliar o

líquido amniótico (sem risco de romper a bolsa) e verificar o

grau de maturidade fetal e presença de anomalias. A avaliação

da cor do líquido amniótico, sendo cor clara bom prognóstico e

presença de líquido escasso, verde ou sanguinolento, um

prognóstico não satisfatório. Este procedimento pode ser

realizado no final do período de gestação ou início do parto

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 21


3. AÇÕES NO
PRÉ-NATAL
3. 1 Cálculo da idade gestacional (IG)

Quando se sabe a data da última menstruação (DUM)

• Uso do calendário: contar o número de semanas a partir do 1º


dia da última menstruação até a data da consulta. A data provável
do parto corresponderá ao final da 40ª semana, contada a partir
do 1º dia da última menstruação;

• Uso de disco (gestograma): colocar a seta sobre o dia e mês


correspondente ao primeiro dia da última menstruação e observar
o número de semanas indicado no dia e mês da consulta atual.

Figura 9: Gestograma ou Disco Gestacional.

• Outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro dia da última


menstruação e adicionar nove meses ao mês em que ela ocorreu.

Exemplo: se a DUM for 06/10/2011, DPP (data provável do parto) será 13/07/2012

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 22


Quando a data da última menstruação é desconhecida, mas se
conhece o período do mês em que ela ocorreu:

Se o período foi no início, meio ou fim do mês, considerar como


data da última menstruação os dias 5, 15 e 25, respectivamente.
Proceder, então, à utilização de um dos métodos acima descritos.

Quando a data e o período do mês não forem conhecidos:

A idade gestacional e a data provável do parto serão, inicialmente,


determinadas por aproximação, basicamente pela medida
da altura do fundo do útero e informação a data de início dos
movimentos fetais.

3. 2 Cálculo da data provável do parto (DPP)

Calcula-se a data provável do parto levando-se em consideração


a duração média da gestação normal (280 dias ou 40 semanas a
partir da DUM), mediante a utilização de um calendário ou disco.
Outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro dia da última
menstruação e adicionar nove meses ao mês em que ela ocorreu.

Exemplo: se a DUM for 06/10/2011, DPP (data provável do parto) será 13/07/2012

Nos casos em que o número de dias encontrado for maior do que


o número de dias do mês, passar os dias excedentes para o mês
seguinte, adicionando 1 ao final do cálculo do mês.

Exemplo: se a DUM for 27/09/2011, DPP será 04/07/2012.

3. 3 Avaliação do estado nutricional e ganho de peso durante


a gestação

É o procedimento realizado que busca avaliar o estado nutricional


e o ganho de peso ponderal. O peso deve ser aferido em todas as
consultas do pré- natal. Já a estatura, apenas na primeira consulta.

Peso pré e/ou ganho de peso insuficiente: aumento do risco


de: BPN, mortalidade perinatal, neonatal e infantil, retardo no
crescimento intra-uterino.

Peso pré e/ou ganho de peso excessivo: aumento do risco de:


diabetes gestacional, dificuldades no parto, risco ao feto no período
perinatal, macrossomia, baixo índice de Apgar, obesidade infantil,
defeito no tubo neural (independente do ácido fólico).

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 23


4. CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO
DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
A criança e o adolescentes estão em contante crescimento
e desenvolvimento, e estes precisam de acompanhamento e
estimulação (motivação) para garantor o aproveitamento integral
de suas potencialidade.

O crescimento e desenvolvimento são geralmente citados


como sinônimos expressando um processo dinâmico de
alterações que engloba várias dimensões da vida de um indivíduo
sendo influenciado por fatores intrínsecos (relacionados à
hereditariedade e fatores neuroendócrinos) e extrínsecos
(relacionados ao ambiente, como condições sócio-econômicas
e estimulação biopsicossocial).

Genética CRESCIMENTO Alimentação


+ E +
Metabolismo DESENVOLVIMENTO Doenças

Fatores Fatores
Intrínsecos Extrínsecos

Contudo, podemos definir o crescimento como um processo


biológico de multiplicação e aumento do tamanho das células, já o
desenvolvimento é o aumento da capacidade do indivíduo em
realizar funções cada vez mais complexas através da maturação e
aprendizado.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 24


4. 1 Crescimento Infantil

O crescimento refere-se ao aumento físico, resultando na


evolução do tamanho e peso corporal, que pode ser mensurado
em centímetros e quilos.

O recém nascido tem uma altura média de aproximadamente


50 cm e um peso médio de 3,250kg. As crianças normalmente
crescem de 5 a 7,6 cm na primeira infância e ganham de 1,8 a
2,7 quilos anualmente, até o estirão do crescimento que ocorre na
puberdade (TOMPSON; ASHWILL, 1996).

O crescimento deve ser avaliado através da verificação das


medidas físicas da criança usando o método antropométrico
(verificação das medidas corporais, tais como peso, comprimento,
perímetros cefálico e braquial) e posterior comparação com curvas
de referência nacionais e internacionais.

Realize o levantamento do perfil antropométrico das


crianças de uma pré escola de sua região.

A caderneta da saúde da criança traz as curvas de crescimento


de meninos e meninas de 0 a 10 anos. As curvas dos gráficos
mostram padrões de crescimento infantil estabelecidos pela
Organização Mundial de Saúde (OMS). Os dados são separados
por faixas etárias e sexo. Para comparar o desenvolvimento
da criança com os modelos, encontre o ponto de intersecção
entre a altura (eixo vertical, em centímetros) e a idade dele (eixo
horizontal, em meses e anos).

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 25


4. 2 Desenvolvimento Infantil

Desde a concepção até a morte, o ser humano passa por


processos ordenados de mudanças que ocorrem em ciclos ou
fases de desenvolvimento, correspondendo a uma sequência
definida e previsível de alterações.

Entretanto, o profissional que avalia a criança deve levar


em consideração, as diferenças individuais e a capacidade de
adaptação do indivíduo (plasticidade), que pode ser aperfeiçoada
com treinamento e prática, até mesmo em idades avançadas.

Tabela 1: Principais características e fases do desenvolvimento infantil

Desenvolvimento Desenvolvimento Desenvolvimento


Faixa Etária
Físico Cognitivo Psicossocial

Período Capacidade de
Formam–se Resposta e
Pré-Natal aprendizado,
estruturas e órgãos preferência à voz
(da concepção lembrança e
corporais. materna.
ao nascimento) respostas sensoriais.

Desenvolvimento
Funcionamento
das capacidades
dos sentidos e Desenvolvimento
Primeira de: aprendizado;
Infância sistemas corporais. de vínculos afetivos,
lembrança;
Crescimento físico. autoconsciência,
(nascimento compreensão do
Desenvolvimento de autonomia e
aos 3 anos) uso de símbolos
habilidades motoras interesse por outras
e linguagem;
e complexidade crianças.
resolução de
cerebral.
problemas.
Desenvolve a
Crescimento
independência,
constante. Pensamento
Segunda iniciativa,
egocêntrico,
Infância autocontrole,
Desenvolvimento de desenvolvimento
(3 a 6 anos) identidade de
habilidades motoras da memória e
gênero, interesse
finas e gerais. linguagem.
pelo brincar
imaginativo e social.
Diminui o Deslocamento
egocentrismo. gradual do controle
Aumenta o dos pais para
Terceira
Aumento de pensamento a criança.
Infância
habilidades físicas. lógico, concreto Relacionamento
(6 a 11 anos)
e as habilidades interpessoal com
de memória e outras crianças
linguagem. ganha importância.

Desenvolve a
Mudanças rápidas Busca pela
Adolescência capacidade do
no crescimento identidade com
(11 a 21 anos) pensamento
físico e maturidade acentuada influência
abstrato e raciocínio
reprodutiva. das amizades.
científico.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 27


Conhecendo as fases acima, você pode acompanhá-las através de

observação do comportamento, habilidades e aprendizado. Este

acompanhamento permite promover e estimular o desenvolvimento típico

além de reconhecer possíveis sinais de alterações.

Entre os instrumentos de triagem geral para o desenvolvimento, o mais

conhecido é o teste de Triagem de Desenvolvimento de Denver II, que

avalia crianças de zero a seis anos de idade nas áreas pessoal-social,

motora adaptativa, linguagem e motora grosseira.

O instrumento de triagem geral do desenvolvimento, elaborado e

disponibilizado pelo Ministério da Saúde do Brasil, apresenta marcos típicos

do desenvolvimento maturativo, psicomotor, social e psíquico,

sequencialmente e de acordo com a evolução da idade da criança.

As atividades lúdico-educativas estimulam o desenvolvimento

biopsicossocial infantil. Durante a brincadeira, a criança desenvolve a

imaginação e a socialização, aprendendo a interagir e respeitar o outro.

Portanto, os pais devem inserir estas atividades no dia a dia da criança,

seja em situações individuais ou nas interações sociais.

Realizar uma atividade lúdico-educativa relacionada à


lavagem das mãos ou saúde bucal com crianças.

A caderneta da saúde da criança traz orientações sobre como avaliar

e estimular o desenvolvimento infantil, segundo a idade cronológica da

criança.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 28


5. ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO
No que diz respeito à promoção e defesa dos Direitos da Criança, o
ADOLESCENTE Brasil foi o primeiro país da América Latina - e um dos primeiros do mundo
– a criar uma legislação com o que há de melhor na normativa
(ECA) internacional. O Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei nº 8.069/1990,
sendo reconhecido por ser dedicados à garantia dos direitos da população
infanto-juvenil.

Então vamos entender o porquê de um estatuto para defender crianças


e adolescentes em meio a tantas leis. Este conjunto de leis veio para
cuidar, defender as crianças, porque foi necessário estabelecer regras de
defesa para especificamente cuidar de nossos pequenos, tão abandonados
à sua própria sorte.

Sempre desprotegidos sujeitos a maus tratos, trabalhos forçados, fora


da escola sem direitos e sem leis para os defender. Sofrendo abusos,
sendo violentados e explorados, descartados, enfim, tanto descaso.

No estatuto está regulamentado de quem é o dever de cuidar, proteger os


menores adolescentes e crianças, sendo considerada criança de 0 a 12 anos e
adolescente entre 12 anos e 18 anos de idade.

Nesta lei é lhes assegurado o pleno direito de oportunidade ao


desenvolvimento físico, moral, espiritual, social em condições de
liberdade e de dignidade.

E dever da família da comunidade e da sociedade em geral e do


poder público assegurar lhes com absoluta prioridade o acesso ao bem
estar, a vida, a saúde, a alimentação, a educação, esporte o lazer, a
cultura, a escola a dignidade o respeito, a liberdade a convivência na
família e na sociedade.

São leis completas e que lhes asseguram todos os direitos e proteção.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 29


O Estatuto se divide em 2 livros:

• O primeiro trata da proteção dos direitos fundamentais a pessoa


em desenvolvimento

• O segundo trata dos órgãos e procedimentos protetivos.

Dentre os tópicos principais, encontram-se os procedimentos


de: adoção (Livro I, capítulo V) e a aplicação de medidas sócio-
educativas (Livro II, capítulo II), do Conselho Tutelar (Livro II, capítulo
V), e também dos crimes cometidos contra crianças e adolescentes.

Neste grande contexto e complexidade do estatuto da criança e


adolescente, discutiremos as diretrizes na área da saúde:

5. 1 Título II - dos direitos fundamentais

Capítulo I - Do direito à vida e à saúde

O direito à vida e à saúde está previsto nos artigo 5º “caput”


e 227 da Constituição Federal, sendo que dentro do contexto
menorista da legislação (artigos 7º à 14 do ECA), revela-se como
prioridade absoluta, que deve ser efetivado através de políticas
sociais públicas que permitam o nascimento e desenvolvimento
sadio e harmonioso em condições dignas de existência das
crianças e adolescentes. Sendo através de políticas sociais
públicas que se garante o direito à vida e à saúde, o Estatuto não
se satisfaz apenas com a garantia do nascimento da criança, quer
ele propiciar meios para que a criança cresça e se desenvolva. E
que se oferecida a ela condições dignas de existência.

O Estatuto da Criança e do Adolescente apresenta, de forma


separada e didática, as situações que implicam na garantia do
nascimento da criança e as ações que devem ser executadas para
o seu desenvolvimento.

Assim, as normas elencadas nos artigos 8º, 9º e 10º do


Estatuto dão especial atenção ao nascimento, apresentando ações
direcionadas à gestante, para possibilitar um parto com dignidade;
regulamenta o atendimento pré e perinatal, apoio alimentar,
aleitamento materno, registro dos prontuários e identificação
do recém nascido, prevenção de anormalidades metabólicas e
alojamento conjunta do neonato e da mãe.

Essas regras, apesar de aparentemente estampar direitos


relativos à gestante, na verdade buscam garantir o direito do
nascituro (nascimento sadio e harmonioso), daí porque foram
inseridas no Estatuto da Criança e do Adolescente.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 30


Ao garantir a proteção à vida, procura afastar qualquer referência
ao aborto ou experiências genéticas que venham a afetar o
nascimento e a dignidade da criança. Garantindo a permanência
do neonato junto à mãe (alojamento Conjunto), busca humanizar
os ambientes dos hospitais e garantindo os exames visando ao
diagnóstico de anormalidades no metabolismo, promove os direitos
do paciente. Tais questões mostra a interface da bioética no ECA.

A seguir, após assegurar o nascimento, o referido estatuto


tratou de garantir o desenvolvimento dessa criança. As regras
dos artigos 11º, 12º, 13º e 14º referem-se ao atendimento médico
da criança e do adolescente através do SUS; o atendimento
especializado aos portadores de deficiência, inclusive com o
fornecimento de próteses e medicamentos; garantia de condições
para que, em caso de internação, permaneça na companhia
integral de um dos pais ou responsáveis, e que os casos de
suspeita ou confirmação de maus tratos sejam obrigatoriamente
comunicados ao Conselho Tutelar. Por fim, traçou normas sobre
a prevenção médica e odontológica e de vacinação obrigatória.

Conselhos Tutelares No Brasil...

Surgiram com a criação ...os Conselhos Tutelares são


da Lei Nº 8.069, de 13 orgãos municipais destina-
de julho de 1990. Esta dos a zelar pelos direitos das
Lei é conhecida como crianças e adolescentes. Sua
Estatuto da Criança e competência e organização
do Adolescente (ECA) estão previstas no Estatuto
da Criança e do Adolescente
(artigo131 a 140).

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 31


O Conselho Tutelar é composto por Importante Esclarescer...
cinco membros, eleitos pela comu-
nidade para acompanhamento as ... que a autonomia do Conselho funcional não é abso-
crianças e os adolescentes, e decidi- luta. As decisões devem ser tomadas após o consenso
rem em conjunto sobre qual medida de no mínimo 3 conselheiros, não podendo ser decidi-
de proteção para cada caso. Devido das por apenas um ou dois membros. Em relação aos
ao seu trabalho de fiscalizacão a todos procedimentos administrativos, o Conselho tem o dever
os entes de proteção (Estado, comu- de emitir relatórios periódicos ao órgão administrativo
nidade e família), o Conselho goza de superior imediato, assim como é dever do Conselho
autonomia funcional, não tendo nen- Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
huma relação de subirdunação com (CMDCA) fiscalizar a permanência dos pré-requisitos
qualquer outro órgão do Estado. exigidos pelo ECA aos Conselheiros Tutelares, em es-
pecial o da idoneidade moral e residência no município,
podendo suspender ou mesmo, pelo voto de censura,
demitir Conselheiro que comprovadamente está em
processo jurídico que assegure direito de defesa e/ou
contraditório, e pelo voto da maioria dos Conselheiros
(sugerindo-se 2/3 dos membros para maior segurança
da deliberação) perca os pré-requisitos.

Estas ações, em sua totalidade, estão voltadas para a proteção


e qualidade da vida de crianças e adolescentes, que devem almejar
condições dignas de existência.

A aplicabilidade da lei, no que diz respeito a estes direitos, requer


a possibilidade de sancionar o infrator, no caso de descumprimento.
Assim, para a efetividade de tais dispositivos, estabeleceu o
Estatuto, a ocorrência de crime e infração administrativa para
algumas situações.

Os crimes previstos, referem-se aos encarregados de serviço ou


dirigente de Hospitais que não cumprirem as obrigações impostas
no ECA. Quanto à manutenção de registro de suas atividades,
fornecimento da declaração de nascimento (Art. 10), respondendo
pela infração penal prevista no artigo 228 da citada lei.

O médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de


atenção à gestante que não identificar corretamente o neonato e a
parturiente na ocasião do parto ou não realizar os exames visando
ao diagnóstico de anormalidades no metabolismo, também são
responsabilizados criminalmente, por força da infração prevista no
artigo 229 do ECA.

Como infração administrativa, a garantia do direito à saúde e à


vida foi regulamentado no artigo 245 do Estatuto, que estabelece
a obrigatoriedade do médico ou responsável por estabelecimento

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 32


de atenção à saúde, entre outros, de comunicar à Autoridade
competente, os casos envolvendo suspeita ou confirmação de
maus tratos.

Observa-se do citado dispositivo, que diante da preocupação


com a integridade física da criança e do adolescente, até os casos
de suspeita de maus tratos, obrigam a comunicação imediata as
autoridades competentes.

5. 2 Título III - Da Prevenção

Capítulo I - Da Prevenção Especial

Seçâo II dos produtos e serviços

Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao


adolescente de:

I - armas, munições e explosivos;

II - bebidas alcoólicas;

III - produtos cujos componentes possam causar


dependência física ou psíquica ainda que por
utilização indevida;

IV - fogos de estampido e de artifício, exceto


aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam
incapazes de provocar qualquer dano físico em
caso de utilização indevida;

V - revistas e publicações a que alude o art. 78;

VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.

Art. 82. É proibida a hospedagem de criança


ou adolescente em hotel, motel, pensão ou
estabelecimento congênere, salvo se autorizado
ou acompanhado pelos pais ou responsável.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 33


6. AIDPI

Figura 11. AIDPI

No Brasil, assim como na maioria dos outros países em


desenvolvimento, a taxa de mortalidade está reduzindo a cada ano,
conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a mortalidade infantil no Brasil segue em declínio. Em uma
década (1998 – 2010) passou de 33,5 crianças mortas por mil
nascidas vivas, para 22.

Figura 12: Logo da AIDPI

Esse declínio considerável se deu por estratégias a saúde infantil


para melhorar a qualidade de vida no desenvolvimento da criança,
sendo assim, preocupada com a prevalência de morbimortalidade
infantil, a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), em 2007,
cria a estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na
Infância (AIDPI) que atende a criança doente em sua totalidade,
padronizando assim normas internacionais que contribuísse,
significativamente, para a redução dos elevados índices de
mortalidade na infância encontrados em muitos países. Ao mesmo
tempo, propõe uma melhor organização dos serviços de saúde,
tomando mais resolutivo e eficiente o atendimento prestado

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 34


na atenção primária, prioritariamente, e secundária, bem como
desenvolver um trabalho de educação em saúde entre os familiares
de crianças assistidas e a comunidade onde residem.

De acordo com a organização mencionada acima, as condições


de morbimortalidade atualmente contribuem para um controle difícil
das doenças e, é preciso observar adequadamente as condições de
vida desta criança, como exemplo o fornecimento de água, adesão
a uma boa higienização e aglomeração familiar, que promovem a
disseminação rápida de doenças.

Nesta estratégia criada, a OPAS, menciona as práticas


alimentares deficientes e o uso de substitutos do leite materno
que elevam o risco de infecção e de morte, especialmente para as
crianças menores de um ano de idade.

Para isso, é preciso capacitar profissionais da área de saúde


para realizar um somatório de ações preventivas e curativas que
contemple o monitoramento do crescimento e a recuperação
nutricional, incentivo ao aleitamento materno e a imunização, sendo
fundamental para a melhoria das condições de saúde das crianças.

A aplicação da AIDPI tem importantes benefícios para a qualidade


da atenção prestada às crianças tanto nos serviços de saúde como
em casa e na comunidade. Entre eles, pode-se considerar como um
dos mais importantes o fortalecimento de uma visão integrada da
saúde infantil, que muda o foco de atenção das doenças específicas
que podem afetá-la.

Segundo Nascimento, Mendes, Morais, et. al. (2004), o programa


AIDPI tem como enfoque o atendimento à crianças de 1 semana a
5 anos, e seu objetivo fundamenta-se em promover a minimização
dos riscos que desencadeiam a morte por desnutrição.

Os mesmos autores citados acima, afirmam que a avaliação é


feita quando são identificados os sinais, por meio de avaliações e
classificações, e por indicação da mãe ou responsável pela criança.

Quando é identificado o risco nutricional da criança inicia-


se o tratamento em ambulatório, indicando preferencialmente,
o tratamento dietético e orientações básicas para reestabelecer
o equilíbrio nutricional e prevenir o agravamento do grau de
desnutrição, neste último o tratamento é hospitalar.

13. Bucheli (1998) citado por Nascimento,


Mendes, Morais, et. al. (2004)

A desnutrição é uma condição patológica que determina grande


parte da morbimortalidade infantil nos países em desenvolvimento
e no Brasil, notadamente, nas regiões Norte e Nordeste. Vários
fatores podem interferir no sucesso do aconselhamento nutricional:
a intensidade da intervenção; sua potencial capacidade de mudar

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 35


comportamentos; o tempo a ser gasto; a existência de fatores externos
limitantes, como a disponibilidade de alimentos; e a possibilidade de
substituição, ou seja, que os alimentos recomendados substituam a
dieta habitual, incluindo a amamentação.

Após analisar os dados*, explique o porquê do índice


elevado de óbitos de crianças na região Nordeste.

Centro-
Norte Nordeste Sudeste Sul
Oeste

ano
2010 23,5 33,2 16,6 15,1 18,8

*Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

6. 1 Alimentação Saudável

Ninguém duvida, depois da respiração, a alimentação é vital


ao ser humano. A alimentação e nutrição adequada têm um papel
fundamental para a prevenção de várias doenças na infância e
na futura vida adulta, entre as quais, as deficiências nutricionais,
doenças crônicas, sobrepeso e obesidade. Há milhares de anos,
Hipócrates já afirmava: “que teu alimento seja teu remédio e que teu
remédio seja teu alimento”. É isso mesmo. São direitos humanos
fundamentais, pois representam a base da própria vida.

6. 2 Aleitamento materno

Figura 14: Alimentação Exclusiva

A amamentação favorece um contato mais íntimo entre a mãe e


o bebê, confere segurança emocional, estreitando o vínculo entre
mãe e o filho, construindo um momento insubstituível.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 36


O leite humano é um alimento completo, natural e nutricional
adequado para o recém-nascido, salvo raras exceções, adaptado
ao metabolismo deste.

Pesquisar sobre doença infectocontagiosa que são contra


indicado para o aleitamento materno.

Devido a sua capacidade protetora contra doenças, o


aleitamento materno é capaz de reduzir a mortalidade e morbidade
no grupo de crianças amamentadas. Isso é de fundamental
importância em populações subdesenvolvidas, como é o caso do
Brasil, onde a mortalidade infantil é alta, causada principalmente
pela desnutrição e pelas doenças infecciosas.

Além de diminuir a mortalidade, o leite materno diminui a incidência


e a gravidade de doenças como diarreias, infecções respiratórias,
otites médias, infecções urinárias e doenças alérgicas. Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), a amamentação exclusiva
salva atualmente cerca de 6 milhões de crianças a cada ano por
prevenir doenças infecciosas agudas e crônicas, principalmente
respiratórias e intestinais.

Um dos aspectos mais importantes do benefício do leite


humano para o lactente é a presença de componentes
imunológicos no leite materno. Entre estes destacam-se
a lactoferrina, uma proteína ligadora de ferro que limita
a disponibilidade deste elemento às bactérias entéricas
potencialmente patogênicas, possuindo também forte efeito
bacteriostático sobre a Escherichia coli e o estafilococos.
As imunoglobulinas, entre as quais a IgA secretora, estão
presentes em quantidades significativas durante o primeiro
ano de vida, prevenindo a ligação de agentes infecciosos
não só à mucosa entérica como também à do trato
respiratório. A lisozima, um fator protetor inespecífico que
influencia a flora do trato intestinal, elimina os patógenos
através da lise da parede celular.

Desde 1991, a Organização Mundial de Saúde, em associação


com a UNICEF, tem vindo a empreender um esforço mundial no
sentido de proteger, promover e apoiar o aleitamento materno.
As recomendações da Organização Mundial de Saúde relativas à
amamentação são as seguintes:

• As crianças devem fazer aleitamento materno exclusivo até aos


6 meses de idade. Ou seja, até essa idade, o bebé deve tomar

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 37


apenas leite materno e não deve dar–se nenhum outro alimento
complementar ou bebida.

• A partir dos 6 meses de idade todas as crianças devem receber


alimentos complementares (sopas, papas, frutas e sucos) e manter
o aleitamento materno.

• As crianças devem continuar a ser amamentadas, pelo menos, até


completarem os 2 anos de idade. A partir desta idade, as refeições
podem ser semelhantes às dos adultos, evitando a utilização de
alimentos artificiais e corantes, estimulando hábitos saudáveis.

Promova um debate um “Fórum de Discussão”:

01 RN de 20 dias é trazido para consulta de puericultura. A


criança nasceu a termo, com peso adequado para a idade
gestacional. A mãe menciona que há 5 dias introduziu uma
mamadeira de leite de vaca integral pois a criança chorava
muito. O exame físico não demonstrava anormalidades e
o ganho ponderal em relação ao peso de alta hospitalar foi
de 15g/dia. Além do controle de peso em uma semana, qual
seria a conduta alimentar em seu ponto de vista?

Deve ser...

6. 3 Definições de aleitamento materno

• Aleitamento Materno Exclusivo: Quando a criança só recebe leite


materno, seja diretamente do seio ou ordenhado da própria mãe,
ou ainda, leite humano de banco de leite e não recebe nenhum
outro líquido ou alimento sólido.

• Aleitamento Materno Predominante: principal fonte de alimento da


criança é o leite materno, sendo permitido apenas receber água,
chá, medicamentos ou soro de reidratação oral.

• Aleitamento Materno total: medida ou índice que reflete o período


de aleitamento materno exclusivo e predominante.

• Aleitamento Materno parcial: quando a criança, além da


amamentação ao peito, recebe, antes da época adequada, outros
alimentos (leite, cereais, frutas, legumes, etc.)

6. 4 Tipos de leite

• Colostro: 1º a 7 ºdia, produção de 100ml/dia.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 38


• Leite de Transição: 8º a 15º dia, produção de 500 ml/dia.

• Leite Maduro: 16º dia em diante. Redução da produção no 6º mês.

• Leite Prematuro: maior teor de gordura, lipídeos e calorias, menor


teor de lactose, maior quantidade de IgA e lactoferrina, menor
quantidade de cálcio e fósforo.

6. 5 Propriedades do leite materno

• Nutricionais

Fornece todos os nutrientes que a criança precisa como: proteínas


e gorduras, lactose, vitaminas, ferro, água, sais, cálcio, e fosfato,
em quantidade suficiente para suprir todas as necessidades do
bebê.

• Imunológicas

É a primeira vacina do bebê, pois fornece anticorpos, protegendo


contra muitas doenças. A criança que está sendo amamentada tem
menos diarréia, infecção respiratória e de ouvido. E se a criança
estiver sendo amamentada durante uma infecção, ela deve ter
uma recuperação mais rápida. O leite materno continua ajudando
a evitar doenças e facilita a recuperação durante o 2o e 3o ano de
vida. Protege também o bebê contra problemas alérgicos.

• Psicológicos

Fortalece o laço afetivo entre a mãe e o filho, que vêm sendo


formados durante a gestação, fazendo com que o bebê se sinta
mais seguro e amado, crescendo mais tranqüilo.

6. 6 Desmame precoce

No Brasil ainda são bastante


elevados os índices de
desmame precoce (introdução
de qualquer outro tipo de
alimento além do leite materno)
e requer atenção por parte dos
profissionais de saúde. Cabe ao
profissional acompanhamento
e envolvimento, voltado
principalmente para o apoio, Figura 15: Casos reais de
a orientação e o incentivo ao confusão de bicos.
aleitamento materno, mas
para isso ele precisa estar preparado, pois, por mais competente
que ele seja nos aspectos técnicos relacionados à lactação, o seu
trabalho de promoção e apoio ao aleitamento materno não

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 39


será bem sucedido se ele não tiver um olhar atento, abrangente,
sempre levando em consideração os aspectos emocionais, a
cultura familiar, a rede social de apoio à mulher, entre outros.
Entretanto, para algumas mulheres, amamentar é muito difícil.

É importante deixar claro que o sucesso da amamentação


depende da decisão da mulher, e pode ser facilitada por um
trabalho de acompanhamento e envolvimento de toda a equipe,
voltado principalmente para o apoio, a orientação, incentivo ao
aleitamento materno e que a ajude a superar medos, dificuldades
e inseguranças.

• A equipe de saúde deve incentivar e promover a


amamentação ainda na sala de parto.

• Orientar à mãe sobre os reflexos do bebê que auxiliam a


mamar: Reflexo de busca ou de procura; Reflexo de sucção;
Reflexo de deglutição.

• Orientação sobre como colocar o bebê no peito, as


posições que facilitam a mamada, sobre a importância da
livre demanda das mamadas, do esvaziamento das mamas,
evitando complicações.

6. 7 Alimentação complementar

Figura 16:
Alimentação
Complementar

É definida como a alimentação no período em que outros


alimentos ou líquidos são oferecidos à criança, junto ao leite
materno, para atender às habilidades e necessidades da
criança. Uma alimentação complementar adequada compreende
alimentos ricos em energia e micronutrientes (particularmente
ferro, zinco, cálcio, vitamina A, vitamina C e folatos), sem
contaminação (isentos de germes patogênicos, toxinas ou
produtos químicos prejudiciais), sem muito sal ou condimentos,
de fácil consumo e boa aceitação pela criança, em quantidade
apropriada, fáceis de preparar e com custo acessível as famílias.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 40


6. 8 Programa Viva Leite

Figura 17 E 18: Logos do programa “Viva Leite”

A prioridade são crianças de seis meses a seis anos e onze


meses de idade, cujas famílias tenham “chefes” desempregados e
mães sejam arrimos de família com prioridade para as crianças de 06
a 23 meses de idade. O leite oferecido gratuitamente pelo programa
é enriquecido com vitaminas A e D e ferro e possui teor de gordura
mínimo de 3% - o que oferecer um complemento alimentar seguro e
de alto valor nutricional as crianças e idosos que vivem em situações
de risco nutricional, auxiliando na prevenção da anemia. O Vivo Leite
não é apenas uma ação social, é uma ação de saúde pública.

O Programa é coordenado numa parceria entre Secretaria de


Desenvolvimento Social, Secretaria de Agricultura e Secretaria
da Saúde, por meio de convênio estabelecido com o Governo
de Estado. Até o 6º mês de vida a criança deve ser amamentada
de forma exclusiva, ou seja, somente com o leite materno, sem
outros alimentos, nem mesmo água, chás e sucos. Assim, o
Projeto viva leite não permite o cadastramento de crianças
menores de 6 meses.

6. 8. 1 Importância Nutricional do Viva leite

Composição do Viva Leite Vitamina A, Vitamina D, Cálcio,


Proteínas e Ferro

• Cálcio: é importante para a formação e manutenção de ossos e


dentes, coagulação sanguínea e regulação dos batimentos cardíacos.

• Vitamina A: importante para uma boa visão, crescimento e


desenvolvimento adequados, aumentando a resistência contra
doenças infecciosas.

•Vitamina D: importante para absorção de cálcio pelo organismo.


Ajuda na formação e conservação de ossos e dentes.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 41


• Ferro: importante para a formação do sangue. A carência:
provoca anemia ferropriva.

É importante ressaltar que apesar de todas as evidências


comprovarem sobre a importância do aleitamento materno,
que suas propriedades nutricionais são mais eficazes que
outras formas de alimentar a criança, o Brasil, ainda, não
alcançou as metas ideias para minimizar as consequências de
desenvolvimento da criança por falta do leite materno.

Muitos são os esforços para ampliar as campanhas de promoção


da saúde da criança em relação ao aleitamento materno, e o
profissional de saúde deve perceber sua importância para empregar
esforços na reversão dos casos de desnutrição infantil.

Abaixo segue uma citação direta longa:

Mas para isso ele precisa estar preparado [...] por mais competente
que ele seja nos aspectos técnicos relacionados à lactação, o seu
trabalho de promoção e apoio ao aleitamento materno não será
bem sucedido se ele não tiver um olhar atento, abrangente, sempre
levando em consideração os aspectos emocionais, a cultura familiar,
a rede social de apoio à mulher, entre outros.
19. BRASIL, 2009

Neste momento o profissional de saúde precisa interagir


com a população, identificando as prioridades de orientação e
compreendendo o contexto histórico da dupla mãe/bebê para
prestar uma assistência integral e eficaz, só assim será possível
obter um retorno das ações de saúde empregadas à população.

01. Em relação ao leite materno é correto afirmar que:

a) todas as vitaminas são encontradas em boas quantidades


b) a maior digestibilidade se deve à grande concentração
de caseína
c) o conteúdo de ferro é baixo, mas é bem absorvido.
d) a concentração de lactose é menor do que a do leite de vaca.

02. Quanto ao aleitamento materno é correto afirmar que:

a) o aleitamento materno exclusivo deve ser mantido


até quatro a seis meses de idade. Pois a partir desta
data a criança necessita de aporte protéico só atingido
completando-se a dieta com leite de vaca
b) a partir dos quatro a seis meses de idade deve-se iniciar
o processo de desmame lento e gradual das crianças em

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 42


aleitamento exclusivo, pois se torna necessário aporte calórico só
alcançado oferecendo-se um alimento de maior aporte calórico.
c) as crianças em aleitamento materno exclusivo até seis
meses devem sempre receber complemento de vitamina D e
ferro a partir do segundo ou terceiro mês de vida, pois o leite
materno não garante um aporte adequado desses nutrientes.
d) nas crianças em aleitamento materno exclusivo não
se deve retardar o início do desmame após o sexto mês
de vida, porque isto dificulta a introdução de alimentos
salgados e/ou semi-sólidos.
e) crianças com baixo peso ao nascimento devem sempre
receber complemento de leite de vaca, pois o leite
materno exclusivo poderia impedir a recuperação de seu
crescimento estatural.

03. O leite materno fornece proteção contra infecção por


enterovírus e bactérias entéricas por:

a) promover crescimento de lactobacilos bífidos


b) ação da lactoferrina
c) presença de IgA secretora
d) presença de lisozimas
e) todas as alternativas anteriores estão corretas

04. Segundo o conceito atual, desmame é:

a) parada total e definitiva da amamentação


b) utilização de outros leites industrializados
c) introdução de papa de frutas e sopa de legumes
d) suspensão do uso de mamadeiras de leite de vaca
e) introdução de outro alimento além de leite materno

05. O aleitamento materno está sempre contra-indicado


quando a mãe é portadora de:

a) HIV positivo
b) tuberculose
c) hepatite A
d) HIV positivo, tuberculose e hepatite B
e) não se justifica a contra indicação dele

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 43


7. ANOTAÇÕES
OU REGISTRO DE
ENFERMAGEM
NA SAÚDE DA
CRIANÇA
É a comunicação escrita que se refere à criança e ao seu
cuidado registrado no prontuário pela equipe de enfermagem,
sendo fonte inestimável de informações sobre os procedimentos
executados, intercorrências a cada plantão, além das condições e
observações do seu estado de saúde.

Esses dados são utilizados por todos os membros da equipe de


saúde com a finalidade de assegurar a comunicação entre os
profissionais e garantir a continuidade das informações nas 24
horas, condição indispensável para a compreensão do paciente
de modo global (COREN, 2009).

As informações devem ser organizadas de maneira que não


dificultem a compreensão da leitura, ou seja, devem ser sucintas,
completas, exatas, objetivas e livres de julgamentos, e redigir,
com clareza, sem rasuras, datadas, assinadas e carimbadas
ao termino de cada anotação, é, e tem sido a principal peça
de defesa da equipe de saúde nos casos de denúncia por mau
atendimento com indícios de imprudência, negligência e imperícia.
É considerado documento legal de defesa dos profissionais,
devendo, portanto, estar imbuídos de autenticidade, pois é
testemunho escrito do cuidado prestado.

O registro de enfermagem para ser considerado autêntico e


válido deverá estar legalmente constituído, ou seja:

• Possuir assinatura do autor do registro e número do Coren.

• Inexistência de rasura, entrelinhas, emenda, borrão ou


cancelamento, características que poderá gerar desconsideração
jurídica do documento.

• Todas as declarações escritas e assinadas no documento do


paciente são consideradas verdadeiras em relação a quem o
assinou, fator importante na defesa profissional em processos
judiciais e éticos.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 44


1. Deve ser precedidas de data e hora, conter assinatura e número
do Coren ao final de cada registro. Não deixar espaços entre a
anotação e a assinatura;

2. Anotar informações completas, de forma objetiva, para evitar a


possibilidade de dupla interpretação: não usar termos que dêem
conotação de valor (bem, mal, muito, bastante, entre outros);

3. Utilizar frases curtas e exprimir cada observação em uma frase;

4. Anotar imediatamente após a prestação do cuidado, recebimento


de informação ou observação de intercorrências;

5. Nunca rasurar a anotação por ter essa, valor legal; no caso de


engano, usar “digo”, entre vírgulas. Não deixar linhas em branco ou
espaços;

6. Não utilizar termo “o paciente”, no inicio de cada frase, já que a


folha de anotação é individual;

7. Deixar claro na anotação se a observação foi feita pela pessoa


que anota ou se é informação transmitida pelo paciente, familiar ou
outro membro da equipe de saúde;

8. Evitar o uso de abreviaturas que impeçam a compreensão do que


foi anotado; Observação: As abreviaturas podem ser eventualmente
utilizadas, desde que seu uso seja consagrado na instituição.

Segundo Decisão do COREN

Artigo 1º O registro deve ser claro, objetivo, preciso, com letra


legível e sem rasuras.

Artigo 2º Após o registro deve constar à identificação do autor


constando nome, COREN.

Artigo 3º O registro deve constar em impresso devidamente


identificado com dados do cliente ou paciente, com data e hora.

Artigo 4º O registro deve conter subsídios para permitir a


continuidade do planejamento dos cuidados de enfermagem

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 45


nas diferentes fases e para planejamento assistencial da equipe
multiprofissional.

Artigo 5º O registro deve permitir e favorecer elementos


administrativos e clínicos para a auditoria em enfermagem.

Artigo 6º O registro deve fazer parte do prontuário do cliente ou


paciente e servir de fonte de dados para processo administrativo,
legal, de ensino e pesquisa.

Artigo 7º Os registros podem ser do tipo:- manual (escrito à tinta


e nunca a lápis) e eletrônico (de acordo com a legislação vigente).

01. As anotações de enfermagem são os registros realizados


pelos integrantes da equipe de enfermagem sobre todas
as ocorrências e todos os cuidados prestados ao paciente.
Sobre este tema, assinale a afirmativa correta:

a) Cada registro deve vir acompanhado da assinatura da


pessoa que o realizou.
b) As anotações ou registros de enfermagem devem ser
escritos no prontuário do paciente de maneira completa, clara
e precisa, abordando os aspectos biológicos, psicológicos,
sociais e espirituais.
c) Os profissionais de enfermagem são, na maioria das vezes,
os primeiros a observar sinais e sintomas que podem ajudar no
diagnóstico, ou colaborar no tratamento ou no planejamento
de ações curativas em favor do paciente. Assim o mais
importante não é “notar”, e sim anotar as observações.
d) Todas as afirmativas estão corretas.

02. O Técnico de Enfermagem deve conscientizar-se do


valor dos registros claros e concisos das:

a) ordens de serviços e memorandos;


b) condições, reações e tratamento do paciente;
c) escalas funcionais de distribuição de serviços;
d) relações de materiais e de funcionários da unidade.

03. Na Lei do Exercício Profissional 7.498/86 e no Decreto


94.406/86, estão determinadas as incumbências a todo o
pessoal de Enfermagem, dentre elas, está a de anotar, no
prontuário do paciente, as atividades da assistência de
Enfermagem. Assim, assinale a opção INCORRETA.

a. É proibido assinar as ações de Enfermagem que não


executou, bem como permitir que outro profissional assine as
que executou.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 46


b. As Anotações de Enfermagem devem ser claras, objetivas e
livres de julgamento.
c) As Anotações de Enfermagem, no prontuário do paciente,
quando rasuradas, devem ser corrigidas com o uso de
corretivo.
d) A utilização dos seguintes sinais gráficos, na anotação de
enfermagem, significa: (/) – para checar quando a ação foi
realizada e o circular (O) – para assinalar o horário em que a
ação prescrita não foi realizada.

O que anotar

Informações subjetivas e objetivas, problemas/preocupações


do cliente, sinais/sintomas, eventos ou mudanças significativas
do estado de saúde, cuidados prestados, ação e efeito das
intervenções de Enfermagem baseadas no plano de cuidados e
respostas apresentadas.

Quando anotar

Sempre que ações de assistência forem executadas, mantendo o


planejamento de enfermagem atualizado.

Onde anotar

Em impressos próprios, segundo modelo adotado pelo serviço de


enfermagem da instituição.

Como anotar

O registro deve ser feito de forma clara e objetiva, com data e


horário específico, com a identificação (nome, COREN) da
pessoa que faz a anotação. Quando o registro for manual, deve
ser feito com letra legível, sem rasuras. Na vigência de uma
anotação errada, colocar entre vírgulas a palavra digo e anotar
imediatamente após o texto correto.

Para que anotar

Para historiar e mapear o cuidado prestado; facilitar o rastreamento


das ocorrências com o cliente a qualquer momento e reforçar
a responsabilidade do profissional envolvido no processo de
assistência de Enfermagem.

Quem deve anotar

Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 47


Exemplo de uma sequência de anotações

1. Sinais subjetivos (e o que o paciente relata o que ele fala para


o profissional).

2. Sinais objetivos (e o que você vê. Ex, edema, feridas, mantendo


acesso venoso, etc...).

3. O que foi feito (os cuidados prestados por você).

4. Dieta, alimentação (que tipo de dieta o paciente esta fazendo).

5. Eliminação (anote o volume urinário, aspecto das fezes).

6. Sinais vitais (Peso, PA, TAX, FC, FR).

Promova um debate um “fórum de discussão” sobre anotação


de enfermagem na pediatria, baseado no exemplo abaixo:

09/09/2011 – 9h. Criança deu entrada na unidade


de pediatria, procedente do PS de cadeira de roda
acompanhada pela enfermagem e mãe. Apresenta-se
irritada, chorosa, descorada. Informa dor abdominal e
diarréia a dois dias. Mantendo acesso periférico em MSE
com tala para soroterapia e medicações. Sic da menor,
diurese presente e fezes ausentes a 2 dias. Mãe orientada
sobre as rotinas da unidade, uso dos sanitários, permissão
para visita, PA 120x70 TAX36. 5 FR 20 FC 90 P 32Kg. Segue
sob os cuidados da enfermagem. Às 11h apresentou
temperatura de 39,2ºC e foi medicada com antitérmico
CPM e encaminhada para um banho morno. Às 12h aceitou
50 ml de suco e toda a gelatina, recusou a refeição. Às 13h
apresentou vômito em média quantidade com coloração
da gelatina, enfermeira Marisa foi comunicada. Maria Joana
da Silva – COREN-SP-111111-AE

Agora, responda:

O que o técnico em enfermagem precisa ressaltar na


anotação de enfermagem em pediatria?

Analisar todas as falhas que se encontrar na anotação abaixo:

M- menor ativo, calmo, comunicativo, deambulando,


normocárdico, normotenso, eupneíco, afebril, informou
que dormiu bem. Aceitou desjejum, tomou banho de
aspersão com ajuda da mãe. Apresentou evacuação liquida
de odor fétido, recebendo soroterapia em MSE. PA 120x70
mmHg T= 36, 5ºc R= 20 rpm P= 90 Bpm. Segue sob os

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 48


cuidados da enfermagem. Ana Carolina

10h – realizado punção venoso em dorso da mão


direita, com gelco nº 24, coleta de sangue para exame e
instalada o item 2 da prescrição médica. As 10h30min foi
encaminhada amostra de sangue para laboratório. Sonia
Araujo – COREN-SP-8765-TE

11:30 Apresentou T= 39,5 ºC e foi medicada com


antitérmico CPM e encaminhada ao banho morno.

12:00 Mensurado T=37,2ºC. Aceitou suco e toda gelatina,


recusou a refeição. Bruna Lombarde

13:00 Apresentou vomito em média quantidade com


coloração da gelatina, enfermeira Marisa foi comunicada.
Bruna Lombarde – COREN- SP 7777- TE

13: 45 Medicada com o item 5 da prescrição médica.

18:00 Passado o plantão sem intercorrências.COREN- SP - TE

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 49


Glossário

1. Aborto habitual: ou recorrente é definido como a perda seguida de 3 ou mais


gestações, antes da 20ª semana da gravidez. Disponível em: www.crh.com.br.

2. Alteração nas Globinas/Talassemia: a Talassemia (forma de anemia crônica)


resulta de mutações genéticas nos genes das globinas (proteínas globulares).
Disponível em: www.alert-online.com.

3. Anamnese: entrevista realizada por um médico que busca relembrar todos os


fatos que se relacionam com a doença e à pessoa doente, a fim de ajudar no seu
diagnóstico. Disponível em: pt.wiktionary.org.

4. Anemia Falciforme: é uma doença hereditária caracterizada pela alteração dos


glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice, daí o nome
falciforme. Disponível em: bvsms.saude.gov.br.

5. Anemia Ferropriva: é um tipo de anemia causada por deficiência de ferro no


organismo. Ela causa sintomas como fraqueza, desânimo, palidez cutânea e nas
mucosas, sensação de desmaio e nos casos mais graves irritabilidade e ansiedade.
Disponível em: http://www.tuasaude.com.

6. Anencefalia: é a ausência de grande parte do cérebro e do crânio. Disponível em:


saude.hsw.uol.com.br.

7. Antiepilépticos: Droga ou outra substância utilizada para prevenir ou impedir


ataques ou convulsões. Também chamado de anticonvulsivante. Disponível em:
http://wikbio.com.

8. Apgar: Este índice foi criado por uma anestesista inglesa, Dra. Virgínia
Apgar, na década de 50. É o método mais comumente empregado para
avaliar o ajuste imediato do recém-nascido à vida extra-uterina, avaliando
suas condições de vitalidade. Consiste na avaliação de 5 itens do exame
físico do recém-nascido, com 1, 5 e 10 minutos de vida.
Disponível em: www.uff.br/disicamep/escala_de_apgar.htm.

9. Autossômicas: Doenças autossômicas são aquelas passadas de pais para


filhos através dos genes. Disponível em: http://br.answers.yahoo.com.

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 50


10. Colostro: líquido segregado pelas glândulas mamárias, após o parto, rico em
proteínas, e que contém importantes fatores imunológicos para o recém-nascido.
Disponível em: www.infopedia.pt.

11. Consanguíneos: São pessoas ligadas pelo vínculo de sangue, ou seja,


vínculo biológico, que dá origem ao parentesco natural. Disponível em: http://
www.dicionarioinformal.com.br.

12. Cromossomopatias: doença cromossômica (do cromossomo).

13. Fenda Palatina: A fissura labial e a fenda palatina, conhecidas popularmente


como lábio leporino e goela de lobo, são malformações congênitas que ocorrem
durante o desenvolvimento do embrião. É uma abertura que começa sempre
na lateral do lábio superior, dividindo-o em dois segmentos. Essa falha no
fechamento das estruturas pode restringir-se ao lábio ou estender-se até o sulco
entre os dentes incisivo lateral e canino, atingir a gengiva, o maxilar superior e
alcançar o nariz. Disponível em: drauziovarella.com.br.

14. Gastrosquise: é uma malformação fetal decorrente de um defeito na formação


da parede abdominal. Disponível em: pt.wikipedia.org.

15. Gestação: A geração de uma vida dentro do útero é um processo fisiológico


que ocorre com as fêmeas da classe de animais mamíferos, O período de
gestação pode variar entre uma espécie e outra, a gravidez dura por volta de 40
semanas. Disponível em: http://www.suapesquisa.com.

16. Gestograma: ferramenta utilizada para auxiliar o cálculo da DPP (data


provável do parto) durante o Pré-Natal.

17. Hemoglobina glicosilada (ou glicada): é uma forma de hemoglobina


presente naturalmente nos eritrócitos humanos que é útil na identificação de altos
níveis de glicémia durante períodos prolongados. Disponível em: pt.wikipedia.org.

18. Hipospádia: é uma malformação congênita caracterizada pela abertura


em posição anormal, na face ventral do pênis ou mais raramente na bolsa
escrotal. Geralmente o prepúcio passa a ter formato de capuz.
Disponível em: pt.wikipedia.org.

19. Macrossomia fetal: é uma doença que se caracteriza, principalmente, pelo


excesso de peso de recém-nascidos. Foi definida de várias formas, incluindo o peso
de nascimento de 4 kg - 4,5 kg. Fatores associados à macrossomia fetal incluem
genética; duração da gestação, presença de diabetes gestacional, etc. Disponível
em: pt.wikipedia.org.

20. Meningomielocele: caracteriza-se por uma falha no fechamento do tubo neural


que compromete a medula, os arcos vertebrais e o manto cutâneo, localizando-se
na linha média, em qualquer nível da coluna vertebral, tendo, no entanto, predileção
pela região lombo- sacra, onde ocorrem 75% dos casos. A lesão pode estar
completamente coberta por pele ou apresentar uma área de tecido róseo, ricamente
vascularizado. Disponível em: www.portaleducacao.com.br.

21. Perinatal: recém-nascido com menos de 37 semanas de idade gestacional

CENTRO DE ESTUDOS LIVRES 51


CENTRO DE ESTUDOS LIVRES
(36 semanas e 6 dias ou menos - abaixo
dos 9 meses). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org.

22. Polidactilia: é uma anomalia genética( do grego,


polys= muitos,daktylus=dedos) geralmente
caracterizada pela presença de um dedo
extranumerário próximo ao quinto dedo,seja no
membro inferior ou superior. Disponível em:
www.brasilescola.com.

23. Pré Eclâmpsia: é um problema grave, marcado pela


elevação da pressão arterial e presença de proteína na
urina, que pode acontecer a qualquer momento da segunda
metade da gravidez, ou seja, a partir de 20 semanas.
Disponível em: brasil. babycenter.com.

24. Pré-termo: O período perinatal começa em 22


semanas completas (154 dias) de gestação (época em
que o peso de nascimento é normalmente de 500g) e
termina com sete dias. Disponível em:
http://www.sesa.pr.gov.br.

25. Síndrome de Down: (Trissomia do Cromossomo 21)


é a forma mais frequente de retardo mental causada
por uma aberração cromossômica microscopicamente
demonstrável. Disponível em:
http://www.abcdasaude.com.br.

26. Síndrome de Fetal do Álcool ou a Síndrome do


Alcoolismo Fetal, SAF: termo usado para descrever o
dano sofrido por alguns fetos quando a mãe ingere bedidas
alcoólicas durante a gravidez, foi identificada pela primeira
vez por volta de 1970. A ingestão de álcool pela mãe
durante a gravidez atinge a corrente sanguínea dela,
passando, em seguida, para o feto através das trocas de
nutrientes na placenta. Não há quantidade segura de álcool
que possa ser ingerido durante a gravidez.
Mas a quantidade e a fase da gravidez podem aumentar
o risco de surgimento da síndrome, o filho pode ser
submetido a uma dose tóxica de álcool durante sua
gestação. O álcool pode ocasionar defeitos que variam de
leve a grave, causando gestos desajeitados, problemas de
comportamento e falta de crescimento. Um dos reflexos
mais graves da toxicidade do álcool na gravidez podem
ocasionar rosto desfigurado e retardo mental. Disponível
em: http://pt.wikipedia.org.

27. Talassemias: são defeitos hereditários


caracterizadas pela redução ou ausência da síntese de
uma das cadeias de globinas, podem ser maior, menor
ou intermediária. Disponível em:
http://www.saude.pr.gov.br.
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28. Toxemia-gravidica: (vide pré-eclâmpsia).

29. Tromboembolismo: Na gravidez, a capacidade de


coagulação (formar coágulos) aumenta conforme o
avançar da gestação. Essa é a forma do corpo da
gestante se preparar para hora do parto, para que
possa controlar seu sangramento mais rapidamente.
Porém, algumas mulheres podem ter uma facilidade
natural de formar trombos (que são os coágulos dentro
da veia),
e acabar tendo quadro de trombose (formação de
coágulo dentro da veia) durante a gravidez.
Disponível em: mulhersaude.wordpress.com.

30. Tubo Neural: O tubo neural é a estrutura


embrionária que dará origem ao cérebro e a medula
espinal. A falta do ácido fólico durante a gestação pode
causar má formação do tubo neural do feto. Disponível
em: guiadobebe.uol. com.br e pt.wikipedia.org.

1.1 Cuidados gerais durante o trabalho de parto


Informações e comunicação
1 Mulheres em trabalho de parto devem ser tratadas com respeito, ter acesso às informações baseadas em evidências e serem
incluídas na tomada de decisões. Para isso, os profissionais que as atendem deverão estabelecer uma relação de confiança com
as mesmas, perguntando-lhes sobre seus desejos e expectativas. Devem estar conscientes da importância de sua atitude, do
tom de voz e das próprias palavras usadas, bem como a forma como os cuidados
são prestados.

2 Para estabelecer comunicação com a mulher os profissionais devem:


- cumprimentar a mulher com um sorriso e uma boa acolhida, se apresentar e explicar qual o seu papel nos cuidados e indagar
sobre as suas necessidades, incluindo como gostaria de ser chamada;
- manter uma abordagem calma e confiante, demonstrando à ela que tudo está indo bem;
- bater na porta do quarto ou enfermaria e esperar antes de entrar, respeitando aquele local como espaço pessoal da mulher e
orientar outras pessoas a fazerem o mesmo;
- perguntar à mulher como ela está se sentindo e se alguma coisa em particular a preocupa;
- se a mulher tem um plano de parto escrito, ler e discutir com ela, levando-se em consideração as condições para a
sua implementação tais como a organização do local de assistência, limitações (físicas, recursos) relativas à unidade e a disponibiidade de
certos métodos e técnicas;
- verificar se a mulher tem dificuldades para se comunicar da forma proposta, se possui deficiêcia auditivia, visual ou intelectual;
perguntar qual língua brasileira (português ou libras) prefere utilizar ou, ainda, para o caso de mulheres estrangeiras ou
indígenas verificar se compreendem português;
- avaliar o que a mulher sabe sobre estratégias de alívio da dor e oferecer informações balanceadas para encontrar quais abordagens
são mais aceitáveis para ela;
- encorajar a mulher a adaptar o ambiente às suas necessidades;
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- solicitar permissão à mulher antes de qualquer procedimento e observações, focando nela e não na tecnologia ou
documentação;
- mostrar à mulher e aos seus acompanhantes como ajudar e assegurar-lhe que ela o pode fazer em qualquer momento e quantas
vezes quiser. Quando sair do quarto, avisar quando vai retornar;
- envolver a mulher na transferência de cuidados para outro profissional, tanto quando solicitar opinião adicional ou no final de um
plantão.

3 Durante o pré-natal informar as mulheres sobre os seguintes assuntos:


- riscos e benefícios das diversas práticas e intervenções durante o trabalho de parto e parto (uso de ocitocina, jejum,
episiotomia, analgesia farmacológica, etc.);
- a necessidade de escolha de um acompanhante pela mulher para o apoio durante o parto. Este acompanhante deve receber as
informações importantes no mesmo momento que a mulher;
- estratégias de controle da dor e métodos disponíveis na unidade, descrevendo os riscos e benefícios de cada método
(farmacológicos e não farmacológicos);
- organização e indicadores assistenciais do local de atenção ao parto, limitações (física, recursos disponíveis) relativos à unidade,
bem como disponibilidade de certos métodos e técnicas;
- os diferentes estágios do parto e as práticas utilizadas pela equipe para auxiliar as mulheres em escolhas bem
informadas.

Apoio físico e emocional


4 Todas as parturientes devem ter apoio contínuo e individualizado durante o trabalho de parto e parto, de preferência por pessoal que
não seja membro da equipe hospitalar.

5 O apoio por pessoal de fora da equipe hospitalar não dispensa o apoio oferecido pelo pessoal do hospital.

6 Uma mulher em trabalho de parto não deve ser deixada sozinha, exceto por curtos períodos de tempo ou por sua solicitação.

7 As mulheres devem ter acompanhantes de sua escolha durante o trabalho de parto e parto, não invalidando o apoio dado por pessoal
de fora da rede social da mulher (ex. doula).

Dieta durante o trabalho de parto


8 Mulheres em trabalho de parto podem ingerir líquidos, de preferência soluções isotônicas ao invés de somente água.

9 Mulheres em trabalho de parto que não estiverem sob efeito de opióides ou não apresentarem fatores de risco iminente para
anestesia geral podem ingerir uma dieta leve.

10 Os antagonistas H2 e antiácidos não devem ser utilizados de rotina para mulheres de baixo risco para anestesia geral durante o
trabalho de parto.

11 As mulheres que receberem opióides ou apresentarem fatores de risco que aumentem a chance de uma anestesia geral devem
receber antagonistas H2 ou antiácidos.
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Medidas de assepsia para o parto vaginal


12 A água potável pode ser usada para a limpeza vulvar e perineal se houver necessidade, antes do exame vaginal.

13 Medidas de higiene, incluindo higiene padrão das mãos e uso de luvas únicas não necessariamente estéreis, são
apropriadas para reduzir a contaminação cruzada entre as mulheres, crianças e profissionais.

Avaliação do bem-estar fetal


14 A avaliação do bem-estar fetal em parturientes de baixo risco deve ser realizada com ausculta intermitente, em todos os locais de
parto:

Utilizar estetoscópio de Pinard ou sonar Doppler:


- realizar a ausculta antes, durante e imediatamente após uma contração, por pelo menos 1 minuto e a cada 30 minutos,
registrando como uma taxa única;
- registrar acelerações e desacelerações se ouvidas;
- Palpar o pulso materno se alguma anormalidade for suspeitada para diferenciar os batimentos fetais e da mãe.

1.2 Alívio da dor no trabalho de parto


Experiência e satisfação das mulheres em relação à dor no trabalho de
parto
15 Os profissionais de saúde devem refletir sobre como suas próprias crenças e valores influenciam a sua atitude em lidar com a
dor do parto e garantir que os seus cuidados apoiem a escolha da mulher.

Estratégias e métodos não farmacológicos de alívio da dor no trabalho de


parto
16 Sempre que possível deve ser oferecido à mulher a imersão em água para alívio da dor no trabalho de parto.

17 Os gestores nacionais e locais devem proporcionar condições para o redesenho das unidades de assistência ao parto visando a
oferta da imersão em água para as mulheres no trabalho de parto.

18 Se uma mulher escolher técnicas de massagem durante o trabalho de parto que tenham sido ensinadas aos seus
acompanhantes, ela deve ser apoiada em sua escolha.

19 Se uma mulher escolher técnicas de relaxamento no trabalho de parto, sua escolha deve ser apoiada.

20 A injeção de água estéril não deve ser usada para alívio da dor no parto.

21 A estimulação elétrica transcutânea não deve ser utilizada em mulheres em trabalho de parto estabelecido.

22 A acupuntura pode ser oferecida às mulheres que desejarem usar essa técnica durante o trabalho de parto, se houver profissional
habilitado e disponível para tal.

23 Apoiar que sejam tocadas as músicas de escolha da mulher durante o trabalho de parto.
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24 A hipnose pode ser oferecida às mulheres que desejarem usar essa técnica durante o trabalho de parto, se houver
profissional habilitado para tal.

25 Por se tratar de intervenções não invasivas e sem descrição de efeitos colaterais, não se deve coibir as mulheres que
desejarem usar audio-analgesia e aromaterapia durante o trabalho de parto.

26 Os métodos não farmacológicos de alívio da dor devem ser oferecidos à mulher antes da utilização de métodos
farmacológicos.

Analgesia inalatória
27 O óxido nitroso a 50% em veículo específico pode ser oferecido para alívio da dor no trabalho de parto, quando possível e disponível,
mas informar às mulheres que elas podem apresentar náusea, tonteiras, vômitos e alteração da memória.

Analgesia intramuscular e endovenosa


28 Os opióides não devem ser utilizados de rotina pois estes oferecem alívio limitado da dor e apresentam efeitos colaterais
significativos para a mulher (náusea, sonolência e tonteira) e para a criança (depressão respiratória ao nascer e sonolência
que pode durar vários dias) assim como interferência negativa no aleitamento materno.

29 Diante da administração de opióides (EV ou IM) utilizar concomitantemente um anti-emético.

30 Até duas horas após a administração de opióides (EV ou IM) ou se sentirem sonolentas, as mulheres não devem entrar em
piscina ou banheira.

31 Analgesia com opióides é acompanhada de aumento na complexidade da assistência ao parto, como por exemplo: maior necessidade
de monitorização e acesso venoso.

32 Uma vez que a segurança da realização de analgesia farmacológica no ambiente extra-hospitalar ainda não foi estabelecida,
esta é restrita ao complexo hospitalar, seja bloco cirúrgico ou PPP (sala de pré-parto, parto e pós-parto).

Analgesia regional
33 A analgesia regional deve ser previamente discutida com a gestante antes do parto, e seus riscos e benefícios devem ser
informados.

34 As seguintes informações devem ser oferecidas à mulher:


- a analgesia regional só está disponível no ambiente hospitalar;
- é mais eficaz para alívio da dor que os opióides;
- não está associada com aumento na incidência de dor lombar;
- não está associada com primeiro período do parto mais longo ou aumento na chance de cesariana;
- está associada com aumento na duração do segundo período do parto e na chance de parto vaginal instrumental;
- necessita de nível mais elevado de monitoração e a mobilidade pode ser reduzida.

35 Uma vez que a segurança da realização de analgesia farmacológica no ambiente extra-hospitalar ainda não foi estabelecida,
esta é restrita ao complexo hospitalar, seja bloco cirúrgico ou PPP (sala de pré-parto, parto e pós-parto).
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36 A solicitação materna por analgesia de parto compreende indicação suficiente para sua realização, independente da fase do parto e do
grau de dilatação. Isto inclui parturientes em fase latente com dor intensa, após esgotados os métodos não farmacológicos.

37 A analgesia peridural e a analgesia combinada raqui – peridural (RPC) constituem técnicas igualmente eficazes para alívio da dor
de parto. A escolha entre elas será influenciada pela experiência do anestesiologista com a técnica.

38 Iniciar a analgesia peridural com as substâncias usuais (bupivacaína, ropivacaína e levobupivacaína) diluídas na dose: volume 13 a
20 ml em concentração de 0,0625% a 0,1%, acrescidos de fentanila (2 mcg/ml), ou opióide lipossolúvel em dose equipotente.

39 Quando se pretende fornecer alívio rápido da dor, sem elevação da dose de anestésico, a via intratecal é a técnica de escolha.

40 Quando se utilizar a RPC, adequar a dose ao momento do parto:


- fase não avançada do parto (doses próximas a 15 mcg de fentanila intratecal ou outro opióide lipossolúvel em dose
equivalente);
- fase avançada do parto (bupivacaína 1,25 mg intratecal ou outro anestésico em dose equivalente, associada ao opióide lipossolúvel).

41 A manutenção da analgesia via cateter peridural deve ser iniciada com a menor concentração efetiva de cada anestésico; como exemplo
bupivacaína 0,0625% ou ropivacaína 0,1%, ambos acrescidas de fentanila (2 mcg/ml) ou doses equipotentes de outro
opióide lipossolúvel.

42 A manutenção da analgesia via cateter peridural deve ser iniciada com volumes próximos a 10 ml/h.

43 A manutenção da analgesia via cateter peridural deve ser individualizada, levando em consideração a resposta à solução inicial,
assim como particularidades da mulher. Mediante resposta insatisfatória na primeira hora de infusão, deve-se elevar a dose de
anestésico, aumentando a taxa de infusão de forma escalonada até no máximo 20 ml/h.
Mediante resposta persistentemente insatisfatória deve-se elevar a concentração do anestésico, após revisar posicionamento do
cateter.

44 A manutenção da analgesia peridural em bolus intermitente ou sob regime de PCA (“analgesia peridural controlada pela paciente”) são
os modos preferidos de administração para a manutenção da analgesia peridural.

45 A utilização de um ou outro modo dependerá da disponibilidade de recursos locais.

46 Não se recomendam rotineiramente altas concentrações de soluções de anestesia local (0,25% ou acima de bupivacaína ou
equivalente) para estabelecer ou manter a analgesia peridural.

47 Antes da realização da analgesia regional de parto deve haver acesso venoso pré-estabelecido.

48 Pré-hidratação não deve ser utilizada de forma rotineira mas apenas em casos selecionados.
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49 Toda gestante após analgesia regional deve ser avaliada quanto à ocorrência de hipotensão arterial, sendo a necessidade de hidratação
ou suporte com substâncias vasoativas avaliada individualmente.

50 A manutenção da hidratação deve obedecer a recomendação citada no ítem dieta no trabalho de parto. Convém ressaltar que, em função
da administração de opióides, a oferta de dieta com resíduos é proscrita após anestesia regional.

51 A gestante sob analgesia peridural, quando se sentir confortável e segura, deve ser encorajada a deambular e adotar posições
mais verticais.

52 A administração da solução peridural não deve ser interrompida no intuito de se otimizar desfechos, mas deve obedecer as
necessidades e desejo materno, ainda que no período expulsivo.

53 O cateter peridural, instalado durante o parto, poderá ser utilizado no terceiro estágio do parto, como, por exemplo, na reparação
perineal.

54 Após confirmados os 10 cm de dilatação, não se deve incentivar a gestante a realizar puxos, exceto se tardiamente (sugere-se
no mínimo após 1 hora de dilatação total) ou quando a cabeça fetal se tornar visível.

55 Os puxos devem ser sempre durante a contração.

56 Após constatado 10 cm de dilatação, devem ser estabelecidas estratégias para que o nascimento ocorra em até 4 horas,
independente da paridade.

57 A administração de ocitocina após analgesia regional não é recomendada de rotina e deve obedecer as recomendações referentes ao
uso de uterotônicos expostas nas seções específicas.

58 A técnica de analgesia no parto deve visar o controle adequado da dor com o menor comprometimento possível das funções
sensoriais, motoras e autonômicas. Para isto a iniciação e manutenção da analgesia com baixas concentrações de anestésico local
constitui fator fundamental, particularmente importante para que as parturientes se mantenham em movimento.

59 Toda gestante submetida a analgesia de parto deverá estar com monitorização básica previamente instalada (Pressão Arterial Não
Invasiva - PANI a cada 5 minutos e oximetria de pulso).

60 Estando sob monitorização, após 15 minutos da administração do(s) agente(s), a gestante deverá ser avaliada quanto à resposta
(nível do bloqueio, sensibilidade perineal, testes de função motora , teste do equilíbrio e de hipotensão postural). Caso a avaliação
seja desfavorável à mobilização ou se constate “estado de anestesia” (hiposensibilidade e bloqueio motor) a gestante deverá
permanecer no leito sob vigilância constante até nova reavaliação. Caso a avaliação seja favorável, somente “estado de analgesia“, a
gestante estará sem impedimentos para deambular e assumir a posição
que desejar.

61 Caso a avaliação seja desfavorável à mobilização ou se constate estado de anestesia (hiposensibilidade e bloqueio motor), os
quais persistem mesmo após o terceiro estágio, a gestante deverá ser encaminhada a SRPA (Sala de Recuperação Pós-
Anestésica) e permanecer no leito sob vigilância constante até alta pelo médico anestesiologista.
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62 A rotina de monitoração para iniciação da analgesia de parto deve ser repetida nos momentos de doses de resgate via cateter
peridural.

63 Se após 30 minutos do início da analgesia ou dose de resgate for constatada inefetividade, o anestesiologista deverá considerar
falha técnica ou revisar individualmente as necessidades de alívio da parturiente.

64 Uma vez realizada analgesia de parto, ainda que não ocorram doses de resgate, o anestesiologista deverá acompanhar a parturiente,
com avaliação horária, até o terceiro período.

65 Considerando a possibilidade de complicações, todo cateter peridural deve ser retirado pelo médico anestesiologista.
A gestante não poderá receber alta do bloco obstétrico, unidade PPP ou SRPA com cateter instalado, exceto com a autorização do
anestesiologista.

66 Toda parturiente submetida a início de analgesia regional ou doses adicionais de resgate, seja qual for a técnica, deve
sersubmetida a ausculta intermitente da FCF de 5 em 5 minutos por no mínimo 30 minutos. Uma vez alterado deve- se instalar
CTG, assim como proceder a cuidados habituais como decúbito lateral esquerdo e avaliar necessidade de
otimização das condições respiratórias e circulatórias. Caso não ocorra melhora, seguir diretrizes próprias para conduta no estado
fetal não tranquilizador.

67 Se ocorrerem anormalidades graves da FCF, não transitórias, considerar outra causa que não analgesia regional e seguir diretrizes
próprias para conduta no estado fetal não tranquilizador.

Ruptura prematura de membranas (RPM) no termo


68 Não realizar exame especular se o diagnóstico de ruptura das membranas for evidente.

69 Se houver dúvida em relação ao diagnóstico de ruptura das membranas realizar um exame especular. Evitar toque vaginal na
ausência de contrações.

70 Explicar às mulheres com ruptura precoce de membranas no termo que:


- o risco de infecção neonatal grave é de 1%, comparado com 0,5% para mulheres com membranas intactas;
- 60% das mulheres com ruptura precoce de membranas no termo entrará em trabalho de parto dentro de 24 horas;
- a indução do trabalho de parto é apropriada dentro das 24 horas após a ruptura precoce das membranas.

71 Até que a indução do trabalho de parto seja iniciada ou se a conduta expectante for escolhida pela gestante para além de 24
horas:
- aconselhar a mulher a aguardar em ambiente hospitalar;
- medir a temperatura a cada 4 horas durante o período de observação e observar qualquer alteração na cor ou cheiro das perdas
vaginais;
- se a mulher optar por aguardar no domicílio manter as mesmas recomendações anteriores e informá-la que tomar banho não está
associado com um aumento da infecção, mas ter relações sexuais pode estar.

72 Avaliar a movimentação fetal e a frequência cardíaca fetal na consulta inicial e depois a cada 24 horas após a ruptura precoce das
membranas, enquanto a mulher não entrar em trabalho de parto, e aconselhá-la a comunicar imediatamente qualquer diminuição nos
movimentos fetais.
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73 Se o trabalho de parto não se iniciar dentro de 24 horas após a ruptura precoce das membranas, a mulher deve ser
aconselhada a ter o parto em uma maternidade baseada em hospital, com serviço de neonatologia.

Eliminação de mecônio imediatamente antes ou durante o trabalho de


parto
74 Não se aconselha o uso de sistemas de gradação e classificação de mecônio para a conduta na eliminação de mecônio
imediatamente antes ou durante o trabalho de parto, exceto quando se considerar a amnioinfusão ou como critério de transferência.
Ver recomendações 87, 96 e 97.

75 Tanto a monitoração eletrônica contínua da frequência cardíaca fetal, se disponível, como a ausculta fetal intermitente, seguindo
técnicas padronizadas, podem ser utilizadas para avaliação do bem-estar fetal diante da eliminação de mecônio durante o
trabalho de parto.

76 Considerar a realização de amnioinfusão diante da eliminação de mecônio moderado a espesso durante o trabalho de parto, se não
houver disponibilidade de monitoração eletrônica fetal contínua.

77 Não existem evidências para recomendar ou não recomendar a cesariana apenas pela eliminação isolada de mecônio durante o
trabalho de parto.

1.3 Assistência no primeiro período do parto


Diagnóstico do início do trabalho de parto e momento de
admissão para assistência ou início da assistência no
domicílio
78 Incluir o seguinte quando da avaliação precoce ou triagem de trabalho de parto em qualquer local de assistência:
- indagar à mulher como ela está e sobre os seus desejos, expectativas e preocupações;
- indagar sobre os movimentos da criança, incluindo qualquer mudança nos mesmos;
- oferecer informações sobre o que a mulher pode esperar na fase de latência do trabalho de parto e o que fazer se sentir
dor;
- oferecer informações sobre o que esperar quando procurar assistência;
- estabelecer um plano de cuidados com a mulher, incluindo orientação de quando e com quem contatar posteriormente;
- oferecer orientação e apoio para o(s) acompanhante(s) da mulher.

79 Se uma mulher busca orientação ou assistência em uma maternidade ou unidade de parto extra, peri ou intra-hospitalar:

• E não está em trabalho de parto estabelecido (≤ 3 cm de dilatação cervical):


- ter em mente que a mulher pode estar tendo contrações dolorosas, sem mudanças cervicais, e embora ainda não esteja em
trabalho de parto ativo, ela pode sentir que está pela sua própria definição;
- oferecer apoio individual e alívio da dor se necessário;
- encorajar e aconselhar a mulher a permanecer ou retornar para casa, levando em consideração as suas
preocupações, a distância entre a sua casa e o local do parto e o risco deste acontecer sem assistência.

• Estar em trabalho de parto estabelecido (≥ 4 cm de dilatação cervical):


- Admitir para assistência
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Definição e duração das fases do primeiro período do trabalho de parto


80 Para fins destas Diretrizes, utilizar as seguintes definições de trabalho de parto:
• Fase de latência do primeiro período do trabalho de parto – um período não necessariamente contínuo quando:
- há contrações uterinas dolorosas E
- há alguma modificação cervical, incluindo apagamento e dilatação até 4 cm.

• Trabalho de parto estabelecido – quando:


- há contrações uterinas regulares E
- há dilatação cervical progressiva a partir dos 4 cm.

81 A duração do trabalho de parto ativo pode variar:


- nas primíparas dura em média 8 horas e é pouco provável que dure mais que 18 horas;
- nas multíparas dura em média 5 horas e é pouco provável que dure mais que 12 horas.

Observações e monitoração no primeiro período do parto


82 Registrar as seguintes observações no primeiro período do trabalho de parto:
- frequência das contrações uterinas de 1 em 1 hora;
- pulso de 1 em 1 hora;
- temperatura e PA de 4 em 4 horas;
- frequência da diurese;
- exame vaginal de 4 em 4 horas ou se houver alguma preocupação com o progresso do parto ou em resposta aos desejos da mulher
(após palpação abdominal e avaliação de perdas vaginais).

83 Um partograma com linha de ação de 4 horas deve ser utilizado para o registro do progresso do parto, modelo da OMS ou
equivalente.

84 Transferir a mulher para uma maternidade baseada em hospital ou solicitar assistência de médico obstetra, se o mesmo não for o
profissional assistente, se qualquer uma das seguintes condições forem atingidas, a não ser que os riscos da transferência
superem os benefícios.

• Observações da mulher:
- pulso >120 bpm em 2 ocasiões com 30 minutos de intervalo;
- PA sistólica ≥ 160 mmHg OU PA diastólica ≥ 110 mmHg em uma única medida;
- PA sistólica ≥ 140 mmHg OU diastólica ≥ 90 mmHg em 2 medidas consecutivas com 30 minutos de intervalo;
- proteinúria de fita 2++ ou mais E uma única medida de PA sistólica ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 90 mmHg;
- temperatura de 38°C ou mais em uma única medida OU 37,5°C ou mais em 2 ocasiões consecutivas com 1 hora de intervalo ;
- qualquer sangramento vaginal, exceto eliminação de tampão;
- presença de mecônio significativo;
- dor relatada pela mulher que difere da dor normalmente associada às contrações;
- progresso lento confirmado do primeiro e segundo períodos do trabalho de parto;
- solicitação da mulher de alívio da dor por analgesia regional;
- emergência obstétrica – incluindo hemorragia anteparto, prolapso de cordão, convulsão ou colapso materno ou
necessidade de ressuscitação neonatal avançada.
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• Observações fetais:
- qualquer apresentação anômala, incluindo apresentação de cordão;
- situação transversa ou oblíqua;
- apresentação cefálica alta (-3/3 De Lee) ou móvel em uma nulípara;
- suspeita de restrição de crescimento intra-uterino ou macrossomia;
- suspeita de anidrâmnio ou polihidrâmnio;
- frequência cardíaca fetal (FCF) < 110 ou > 160 bpm;
- desacelerações da FCF à ausculta intermitente.

85 Se mecônio significativo (verde escuro ou preto, grosso, tenaz, contendo grumos) estiver presente assegurar que:
-profissionais treinados em suporte avançado de vida neonatal estejam presentes no momento do parto.

86 Se mecônio significativo estiver presente, transferir a mulher para uma maternidade baseada em hospital de forma segura
desde que seja improvável que o parto ocorra antes da transferência se completar.

Intervenções e medidas de rotina no primeiro período do parto


87 O enema não deve ser realizado de forma rotineira durante o trabalho de parto.

88 A tricotomia pubiana e perineal não deve ser realizada de forma rotineira durante o trabalho de parto.

89 A amniotomia precoce, associada ou não à ocitocina, não deve ser realizada de rotina em mulheres em trabalho de parto que
estejam progredindo bem.

90 As mulheres devem ser encorajadas a se movimentarem e adotarem as posições que lhes sejam mais confortáveis no trabalho
de parto.

Falha de progresso no primeiro período do trabalho de parto


91 Se houver suspeita de falha de progresso no primeiro estágio do trabalho de parto levar em consideração:
- o ambiente onde a mulher está sendo assistida;
- a atitude da mulher, se postura mais ativa ou não;
- estado emocional da mulher;
- o tipo de apoio e suporte físico e emocional que a mulher estiver recebendo;
- paridade;
- dilatação e mudanças cervicais;
- contrações uterinas;
- altura e posição da apresentação;
- necessidade de referência ou solicitação de assistência profissional apropriada.

92 Se houver suspeita de falha de progresso na fase ativa do trabalho de parto considerar também para o diagnóstico todos os
aspectos da evolução do trabalho de parto , incluindo:
- dilatação cervical menor que 2 cm em 4 horas para as primíparas;
- dilatação cervical menor que 2 cm em 4 horas ou um progresso lento do trabalho de parto para as multíparas;
- descida e rotação do pólo cefálico;
- mudanças na intensidade, duração e frequência das contrações uterinas.
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93 Diante da suspeita de falha de progresso no primeiro estágio do trabalho de parto, considerar a realização de amniotomia
se as membranas estiverem íntegras. Explicar o procedimento e avisar que o mesmo irá diminuir o trabalho de parto por
cerca de 1 hora e pode aumentar a intensidade e dor das contrações.

94 Se a amniotomia for ou não realizada, realizar um exame vaginal após 2 horas e confirmar falha de progresso se a dilatação
progredir menos que 1 cm.

95 Se for confirmada falha de progresso no primeiro estágio do parto:


- A mulher deve ser transferida para assistência sob responsabilidade de médico obstetra, se não estiver sob seus
cuidados. O mesmo deverá realizar uma revisão e diagnosticar a falha de progresso e decidir sobre as opções de conduta,
incluindo o uso de ocitocina.
- Explicar que o uso de ocitocina após a ruptura das membranas irá diminuir o tempo para o parto mas não
influenciará no tipo de parto ou outros desfechos.

96 Se as membranas estiverem íntegras e o diagnóstico de falha de progresso for confirmado, aconselhar à mulher a ser submetida
a uma amniotomia e repetir o exame vaginal 2 horas após, independente do estado das membranas.

97 Oferecer apoio e controle efetivo da dor a todas as mulheres com falha de progresso no primeiro estágio do trabalho de parto.

98 Informar às mulheres que a ocitocina irá aumentar a freqüência e intensidade das contrações e que a criança deverá ser
monitorada continuamente ou com mais freqüência.

99 Oferecer analgesia peridural, se disponível, se for indicado o uso de ocitocina.

100 Se a ocitocina for utilizada assegurar que os incrementos na dose não sejam mais frequentes do que a cada 30
minutos. Aumentar a dose de ocitocina até haver 4-5 contrações em 10 minutos.

101 Realizar exame vaginal 4 horas após o início da ocitocina:


- se a dilatação cervical aumentou menos que 2 cm após 4 horas, uma revisão obstétrica adicional deve ser realizada para
avaliar a necessidade de cesariana;
- Se a dilatação cervical aumentou 2 cm ou mais após 4 horas, continuar observação do progresso do parto.

1.4 Assistência no segundo período do parto


Ambiente de assistência, posições e imersão em água
102 Deve-se desencorajar a mulher a ficar em posição supina, decúbito dorsal horizontal, ou posição semi-supina no segundo
período do trabalho de parto. A mulher deve ser incentivada a adotar qualquer outra posição que ela achar mais confortável
incluindo as posições de cócoras, lateral ou quatro apoios

103 Informar às mulheres que há insuficiência de evidências de alta qualidade, tanto para apoiar como para desencorajar o parto na
água.
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Puxos e manobra de Kristeller


104 Deve-se apoiar a realização de puxos espontâneos no segundo período do trabalho de parto em mulheres sem analgesia,
evitando os puxos dirigidos.

105 Caso o puxo espontâneo seja ineficaz ou se solicitado pela mulher, deve-se oferecer outras estratégias para auxiliar o
nascimento, tais como suporte, mudança de posição, esvaziamento da bexiga e encorajamento.

106 Em mulheres com analgesia regional, após a confirmação da dilatação cervical completa, o puxo deve ser adiado por pelo menos 1
hora ou mais, se a mulher o desejar, exceto se a mulher quiser realizar o puxo ou a cabeça do bebê estiver visível. Após 1 hora
a mulher deve ser incentivada ativamente para realizar o puxo durante as contrações.

107 A manobra de Kristeller não deve ser realizada no segundo período do trabalho de parto.

Definição e duração do segundo período do trabalho de parto


108 Para fins destas Diretrizes, o segundo período do parto deverá ser definido como:

•fase inicial ou passiva: dilatação total do colo sem sensação de puxo involuntário ou parturiente com analgesia e a cabeça do
feto ainda relativamente alta na pelve;

•fase ativa: dilatação total do colo, cabeça do bebê visível, contrações de expulsão ou esforço materno ativo após a confirmação
da dilatação completa do colo do útero, na ausência das contrações de expulsão.

109 Se a dilatação completa do colo uterino for confirmada em uma mulher sem analgesia regional e não for identificado puxo, uma nova
avaliação mais aprofundada deverá ser realizada em 1 hora para identificação da fase do segundo período.

110 A distribuição dos limites de tempo encontrados nos estudos para a duração normal da fase ativa do segundo período do trabalho
parto é a seguinte:

• primíparas: cerca de 0,5–2,5 horas sem peridural e 1–3 horas com peridural.

• multíparas: até 1 hora sem peridural e 2 horas com peridural.

111 Para a conduta na falha de progresso do segundo período deve-se considerar a paridade, da seguinte maneira:

• Nulíparas:
- na maioria das mulheres o parto deve ocorrer no prazo de 3 horas após o início da fase ativa do segundo período;
- a confirmação de falha de progresso no segundo período deve ser feita quando este durar mais de 2 horas e a mulher
deve ser encaminhada, ou assistência adicional solicitada, a médico treinado na realização de parto vaginal operatório, se o
nascimento não for iminente.

• Multíparas:
- na maioria das mulheres o parto deve ocorrer no prazo de 2 horas após o início da fase ativa do segundo período;
- A confirmação de falha de progresso no segundo período deve ser feita quando este durar mais de 1 hora e a mulher
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deve ser encaminhada, ou assistência adicional solicitada, a médico treinado na realização de parto vaginal operatório, se o
nascimento não for iminente.

Falha de progresso no segundo período do parto


112 Se houver prolongamento do segundo período do trabalho de parto, ou se a mulher estiver excessivamente estressada, promover
medidas de apoio e encorajamento e avaliar a necessidade de analgesia/anestesia.

113 Se as contrações forem inadequadas no início do segundo período, considerar o uso de ocitocina e realização de analgesia
regional.

114 Para as nulíparas, suspeitar de prolongamento se o progresso (em termos de rotação ou descida da apresentação) não for
adequado após 1 hora de segundo período ativo. Realizar amniotomia se as membranas estiverem intactas.

115 Para as multíparas, suspeitar de prolongamento se o progresso (em termos de rotação ou descida da apresentação) não for
adequado após 30 minutos de segundo estágio ativo. Realizar amniotomia se as membranas estiverem intactas.

116 Um médico obstetra deve avaliar a mulher com prolongamento confirmado do segundo período do parto antes do uso de ocitocina.

117 Após a avaliação obstétrica inicial, manter a revisão a cada 15-30 minutos.

118 Considerar o uso de parto instrumental (vácuo-extrator ou fórceps) se não houver segurança quanto ao bem estar fetal ou
prolongamento do segundo período.

119 Reconhecer que, em algumas ocasiões, a necessidade de ajuda por parte da mulher no segundo estágio pode ser uma indicação
para o parto vaginal assistido quando o apoio falhar.

120 A escolha do instrumento para o parto instrumental dependerá das circunstâncias clínicas e da experiência do
profissional.

121 Por ser um procedimento operatório, uma anestesia efetiva deve ser oferecida para a realização de um parto vaginal instrumental.

122 Se a mulher recusar anestesia ou a mesma não estiver disponível, realizar um bloqueio de pudendo combinado com anestesia
local do períneo durante o parto instrumental.

123 Mesmo se houver preocupação com o bem-estar fetal, uma anestesia efetiva pode ser realizada mas, se o tempo não permitir,
realizar um bloqueio de pudendo combinado com anestesia local do períneo durante o parto instrumental.

124 Orientar a mulher e realizar uma cesariana se o parto vaginal não for possível.

Cuidados com o períneo


125 Não se recomenda a massagem perineal durante o segundo período do parto.
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126 Considerar aplicação de compressas mornas no períneo no segundo período do parto.

127 Não se recomenda a aplicação de spray de lidocaína para reduzir a dor perineal no segundo período do parto.

128 Tanto a técnica de ‘mãos sobre’ (proteger o períneo e flexionar a cabeça fetal) quanto a técnica de ‘mãos prontas’
(com as mãos sem tocar o períneo e a cabeça fetal, mas preparadas para tal) podem ser utilizadas para facilitar o parto espontâneo.

129 Se a técnica de ‘mãos sobre’ for utilizada, controlar a deflexão da cabeça e orientar à mulher para não empurrar nesse
momento.

130 Não realizar episiotomia de rotina durante o parto vaginal espontâneo.

131 Se uma episiotomia for realizada, a sua indicação deve ser justificada, recomendando-se a médio-lateral originando na fúrcula
vaginal e direcionada para o lado direito, com um ângulo do eixo vertical entre 45 e 60 graus.

132 Assegurar analgesia efetiva antes da realização de uma episiotomia.

1.5 Assistência no terceiro período do parto


133 Reconhecer que o período imediatamente após o nascimento é um período bastante sensível, quando a mulher e seus
acompanhantes vão finalmente conhecer a criança. Assegurar que a assistência e qualquer intervenção que for realizada
levem em consideração esse momento, no sentido de minimizar a separação entre mãe e filho.

134 Para efeito destas Diretrizes, utilizar as seguintes definições:


O terceiro período do parto é o momento desde o nascimento da criança até a expulsão da placenta e membranas.

• A conduta ativa no terceiro período envolve um conjunto de intervenções com os seguintes


componentes:
- uso rotineiro de substâncias uterotônicas;
- clampeamento e secção precoce do cordão umbilical; e
- tração controlada do cordão após sinais de separação placentária.

• A conduta fisiológica no terceiro período do parto envolve um conjunto de cuidados que inclui os
seguintes componentes:
- sem uso rotineiro de uterotônicos;
- clampemento do cordão após parar a pulsação;
- expulsão da placenta por esforço materno.

135 Considerar terceiro período prolongado após decorridos 30 minutos. Seguir recomendações 164-172 no caso de placenta
retida.

136 Manter observação rigorosa da mulher, com as seguintes avaliações:


- condição física geral, através da coloração de pele e mucosas, respiração e sensação de bem-estar;
- perda sanguínea
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137 Se houver hemorragia, retenção placentária, colapso materno ou qualquer outra preocupação quanto ao bem-estar da mulher:
- solicitar assistência de médico obstetra para assumir o caso, se este não for o profissional assistente no momento;
- instalar acesso venoso calibroso e informar a puérpera sobre a situação e os procedimentos previstos;
- se o parto ocorreu em domicilio ou unidade de parto extra ou peri-hospitalar, a puérpera deve ser transferida
imediatamente para uma maternidade baseada em hospital.

138 Explicar à mulher, antes do parto, as opções de conduta no terceiro período, com os riscos e benefícios de cada uma.

139 Explicar à mulher que a conduta ativa:


- encurta o terceiro período em comparação com a conduta fisiológica;
- está associado a náusea e vômitos em cerca de 100 mulheres em 1.000;
- está associado com um risco aproximado de 13 mulheres em 1.000 de uma hemorragia de mais de 1 litro; e
- está associada com um risco aproximado de 14 em 1.000 de uma transfusão de sangue.

140 Explicar à mulher que a conduta fisiológica:


- está associada a náusea e vômitos em cerca de 50 mulheres em 1.000;
- está associada com um risco aproximado de 29 mulheres em 1.000 de uma hemorragia de mais de 1 litro; e
- está associada com um risco aproximado de 40 mulheres em 1.000 de uma transfusão de sangue.

141 A conduta ativa é recomendada na assistência ao terceiro período do parto pois está associado com menor risco de hemorragia e
transfusão sanguínea.

142 Se uma mulher com baixo risco de hemorragia pós-parto solicitar conduta expectante, apoiá-la em sua escolha.

143 Para a conduta ativa, administrar 10 UI de ocitocina intramuscular após o desprendimento da criança, antes do
clampeamento e corte do cordão. A ocitocina é preferível, pois está associada com menos efeitos colaterais do que a ocitocina
associada à ergometrina.

144 Após a administração de ocitocina, pinçar e seccionar o cordão.

• Não realizar a secção do cordão antes de 1 minuto após o nascimento, a menos que haja necessidade de manobras de
ressuscitação neonatal.

• Pinçar o cordão antes de 5 minutos após o nascimento para realizar a tração controlada do cordão como parte da conduta
ativa.

• Se uma mulher solicitar o clampeamento e secção do cordão após 5 minutos, apoiá-la em sua escolha.

145 Após a secção do cordão realizar tração controlada do mesmo.

146 A tração controlada do cordão, como parte da conduta ativa, só deve ser realizada após administração de ocitocina e sinais de
separação da placenta.
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147 Documentar o momento do clampeamento do cordão tanto na conduta ativa quanto na conduta expectante.

148 Mudar da conduta expectante para a conduta ativa se ocorrer:


- hemorragia;
- a placenta não dequitou 1 hora após o parto.

149 Oferecer a conduta ativa, quando a mulher prefere encurtar o terceiro estágio do trabalho de parto.

150 Não usar injeção de ocitocina na veia umbilical rotineiramente.

151 As mulheres que apresentarem fatores de risco para hemorragia pós-parto devem ser orientadas a ter o parto em uma
maternidade baseada em hospital, onde existem mais opções de tratamentos emergenciais;

152 Se uma mulher apresentar fatores de risco para hemorragia pós-parto, isso deve ser registrado no seu prontuário e cartão de
pré-natal, para que um plano de assistência no terceiro período do parto seja realizado.

Retenção placentária
153 Explicar para a mulher o que está acontecendo e quais serão os procedimentos necessários

154 Providenciar um acesso venoso calibroso.

155 Não usar Ocitocina IV adicional de rotina para desprendimento da placenta.

156 Usar Ocitocina IV adicional de rotina para desprendimento da placenta, se houver hemorragia.

157 Realizar exame vaginal minucioso. Oferecer analgesia para este procedimento e providenciar, se a mulher demandar.

158 Providenciar transferência antes da exploração uterina, se o parto ocorreu em uma modalidade extra-hospitalar.

159 Não realizar remoção manual ou cirúrgica sem analgesia adequada.

1.6 Cuidados maternos imediatamente após o parto


Observação e monitoração da mulher imediatamente após o parto
160 Realizar as seguintes observações da mulher logo após o parto:
- temperatura, pulso e pressão arterial;
- lóquios e contrações uterinas;
- examinar a placenta e membranas: avaliar suas condições, estrutura, integridade e vasos umbilicais;
- avaliação precoce das condições emocionais da mulher em resposta ao trabalho de parto e parto;
- micção bem sucedida.
- Transferir a mulher ou solicitar assistência de médico obstetra, se este não for o profissional responsável, se qualquer
das seguintes situações forem atingidas, a não ser que os riscos da transferência superem os benefícios:
- pulso >120 bpm em 2 ocasiões com 30 minutos de intervalo;
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- PA sistólica ≥ 160 mmHg OU PA diastólica ≥ 110 mmHg em uma única medida;


- PA sistólica ≥ 140 mmHg OU diastólica ≥ 90 mmHg em 2 medidas consecutivas com 30 minutos de
intervalo;
- proteinúria de fita 2++ ou mais E uma única medida de PA sistólica ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 90 mmHg;
- temperatura de 38°C ou mais em uma única medida OU 37,5°C ou mais em 2 ocasiões consecutivas com 1 hora
de intervalo;
- bexiga palpável e ausência de micção 6 horas após o parto;
- emergência obstétrica – hemorragia pós-parto, convulsão ou colapso materno;
- placenta retida ou incompleta;
- lacerações perineais de terceiro e quarto graus ou outro trauma perineal complicado.

Cuidados com o períneo


161 O trauma perineal ou genital deve ser definido como aquele provocado por episiotomia ou lacerações, da seguinte
maneira:

• Primeiro grau – lesão apenas da pele e mucosas

• Segundo grau – lesão dos músculos perineais sem atingir o esfínciter anal

• Terceiro grau – lesão do períneo envolvendo o complexo do esfíncter anal:


- 3a – laceração de menos de 50% da espessura do esfíncter anal
- 3b – laceração de mais de 50% da espessura do esfíncter anal
- 3c – laceração do esfíncter anal interno.

• Quarto grau – lesão do períneo envolvendo o complexo do esfíncter anal (esfíncter anal interno e externo) e o
epitélio anal.

162 Antes de avaliar o trauma genital:


- explicar à mulher o que será realizado e o porquê;
- ofereça analgesia adequada;
- assegurar boa iluminação;
- posicionar a mulher de maneira confortável e com boa exposição das estruturas genitais.

163 Realizar o exame inicial de maneira gentil e sensível. Isto pode ser feito imediatamente após o parto.

164 Se for identificado trauma perineal, uma avaliação sistemática do mesmo deve ser realizada.

165 Na avaliação sistemática do trauma genital:


- explicar novamente o que será realizado e porque;
- providenciar analgesia local ou regional efetiva;
- avaliar visualmente toda a extensão do trauma, incluindo as estruturas envolvidas, o ápice da lesão e o
sangramento;
- na suspeita de qualquer lesão da musculatura perineal, realizar exame retal para verificar se ocorreu algum dano ao esfíncter
anal externo e interno.
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166 Assegurar que o momento para essa avaliação sistemática não interfira na relação mãe-filho exceto se houver
sangramento que requeira medidas de urgência.

167 Ajudar a mulher a adotar uma posição que permita uma visualização adequada do grau do trauma e para o reparo Manter essa
posição apenas pelo tempo necessário para a avaliação sistemática e reparo do períneo. Se não for possível uma avaliação
adequada do trauma, a mulher deverá ser assistida por médico obstetra, se esse não for o profissional que assistiu o parto.
Se o parto ocorreu fora do hospital, a mesma deverá ser transferida para uma maternidade baseada em hospital.

168 Solicitar avaliação de um profissional mais experiente se houver incerteza quanto à natureza e extensão do trauma Transferir a
mulher (com a criança) para uma maternidade baseada em hospital, se o parto ocorreu fora da mesma e se o reparo necessitar de
avaliação cirúrgica ou anestésica especializada.

169 Documentar a avaliação sitemática e os seus resultados.

170 Tanto as enfermeiras obstétricas ou obstetrizes, como os médicos obstetras envolvidos na assistência ao parto
devem estar adequadamente treinados na avaliação e reparo do trauma genital, certificando-se que essas habilidades sejam
mantidas.

171 Aconselhar a mulher que, no caso de trauma de primeiro grau, a ferida deve ser suturada, a fim de melhorar a
cicatrização, a menos que as bordas da pele estejam bem apostas.

172 Aconselhar a mulher que, no caso de um trauma de segundo grau, o músculo deve ser suturado, a fim de melhorar a
cicatrização.

173 Durante o reparo perineal:


- assegurar analgesia efetiva com a infiltração de até 20 ml de lidocaína 1% ou equivalente ou;
- realizar nova dose de anestéscio peridural se a mulher estiver com catéter, ou realizar uma anestesia espinhal.

174 Se a mulher relatar alívio inadequado da dor, a qualquer momento, levar isso em consideração imediatamente e
providenciar método mais eficaz de alívio.

175 Não há necessidade de sutura da pele se as suas bordas se apõem após a sutura do músculo, em trauma de segundo grau ou
episiotomia.

176 Se houver necessidade de sutura da pele, utilizar uma técnica subcutânea contínua .

177 Realizar a reparação perineal usando uma técnica de sutura contínua para a camada de parede vaginal e músculo.

178 Recomenda-se a utilização de material de sutura sintética absorvível para suturar o períneo.

179 Observar os princípios básicos seguintes ao realizar reparos perineais.


- Realize a reparação do trauma perineal utilizando técnicas assépticas.
- Verifique os equipamentos e conte as compressas, gazes e agulhas antes e depois do procedimento.
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- Uma boa iluminação é essencial para identificar as estruturas envolvidas.


- O trauma de difícil reparação deve ser reparado por um médico experiente sob anestesia local ou geral.
- Inserir um cateter vesical permanente por 24 horas para evitar retenção urinária.
- Certifique-se de que um bom alinhamento anatômico da ferida foi alcançado e que se dê atenção aos resultados
estéticos.
- Realizar exame retal após a conclusão do reparo em casos de trauma de difícil abordagem ou de 3o ou 4o graus, para
garantir que o material de sutura não foi acidentalmente inserido através da mucosa retal.
- Após a conclusão do reparo, documentar detalhadamente a extensão do trauma, o método de reparação e os materiais
usados.
- Dar a informação à mulher sobre a extensão do trauma, o alívio da dor, dieta, higiene e a importância dos exercícios do
assoalho pélvico.

180 Recomenda-se oferecer supositórios retais de anti-inflamatórios não esteróides rotineiramente após o reparo do trauma perineal
de primeiro e de segundo grau, desde que esses medicamentos não sejam contraindicados.

1.7 Assistência ao recém-nascido


Assistência imediatamente após o parto
181 O atendimento ao recém-nascido consiste na assistência por profissional capacitado, médico (preferencialmente pediatra ou
neonatologista) ou profissional de enfermagem (preferencialmente enfermeiro obstétrico/obstetriz ou neonatal), desde o período
imediatamente anterior ao parto, até que o RN seja encaminhado ao Alojamento Conjunto com sua mãe, ou à Unidade Neonatal, ou
ainda, no caso de nascimento em quarto de pré-parto parto e puerpério (PPP) seja mantido junto à sua mãe, sob supervisão da
própria equipe profissional responsável pelo PPP.

182 É recomendada a presença de um médico pediatra adequadamente treinado em todos os passos da reanimação neonatal.

183 Em situações onde não é possível a presença de um médico pediatra, é recomendada a presença de um profissional médico ou
de enfermagem adequadamente treinado em reanimação neonatal.

184 Os estabelecimentos de saúde que mantenham profissional de enfermagem habilitado em reanimação neonatal no momento do
parto, deverá possuir em sua equipe de retaguarda, durante 24 horas, ao menos um médico que tenha realizado
treinamento teórico-prático em reanimação neonatal.

185 Realizar o índice de Apgar ao primeiro e quinto minutos de vida, rotineiramente.

186 Coletar sangue de cordão para análise de pH em recém-nascidos com alterações clínicas, tais como respiração irregular e tônus
diminuído. Não fazer a coleta de maneira rotineira e universal.

187 Não se recomenda a aspiração orofaringeana e nem nasofaringeana sistemática do recém-nascido saudável.

188 Não se recomenda realizar a passagem sistemática de sonda nasogástrica e nem retal para descartar atresias no recém-
nascido saudável.
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189 Realizar o clampeamento do cordão umbilical entre 1 a 5 minutos ou de forma fisiológica quando cessar a pulsação, exceto se
houver alguma contra indicação em relação ao cordão ou necessidade de reanimação neonatal.

190 A profilaxia da oftalmia neonatal deve ser realizada de rotina nos cuidados com o recém-nascido.

191 O tempo de administração da profilaxia da oftalmia neonatal pode ser ampliado em até 4 horas após o nascimento.

192 Recomenda-se a utilização da pomada de eritromicina a 0,5% e, como alternativa, tetraciclina a 1% para realização da profilaxia
da oftalmia neonatal. A utilização de nitrato de prata a 1% deve ser reservado apenas em caso de não se dispor de eritromicina
ou tetraciclina.

193 Todos os recém-nascidos devem receber vitamina K para a profilaxia da doença hemorrágica.

194 A vitamina K deve ser administrada por via intramuscular, na dose única de 1 mg, pois este método apresenta a melhor relação de
custo-efetividade.

195 Se os pais recusarem a administração intramuscular, deve ser oferecida a administração oral da vitamina K e eles devem ser
advertidos que este método deve seguir as recomendações do fabricante e exige múltiplas doses.

196 A dose oral é de 2 mg ao nascimento ou logo após, seguida por uma dose de 2 mg entre o quarto e o sétimo dia.

197 Para recém-nascidos em aleitamento materno exclusivo, em adição às recomendações para todos os neonatos, uma dose de 2 mg
via oral deve ser administrada após 4 a 7 semanas, por causa dos níveis variáveis e baixos da vitamina K no leite materno e a
inadequada produção endógena.

198 Ao nascimento, avaliar as condições do recém-nascido – especificamente a respiração, frequência cardíaca e tônus
– no sentido de determinar se a ressuscitação é necessária de acordo com diretrizes reconhecidas de reanimação neonatal.

199 Todos os profissionais que prestam cuidados diretos no nascimento devem ser treinados em reanimação neonatal de acordo
com diretrizes reconhecidas de reanimação neonatal.

200 Em todas os locais de parto:


- planejar o cuidado e ter em mente que pode ser necessário chamar por ajuda se o recém-nascido precisar de
ressuscitação;
- assegurar que existam recursos para ressuscitação e para transferência do recém-nascido para outro local se
necessário;
- desenvolver fluxogramas de referência de emergência e implementá-los se necessário.

201 Se o recém-nascido necessitar de ressuscitação básica, iniciar com ar ambiente.

202 Minimizar a separação do recém-nascido e sua mãe, levando em consideração as circunstâncias clínicas.

203 Se houver mecônio significativo e o recém-nascido não apresentar respiração, frequência cardíaca e tônus normais o
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mesmo deve ser assistido segundo diretrizes reconhecidas de reanimação neonatal, incluindo realização precoce de
laringoscopia e sucção sob visão direta.

204 Se houver mecônio significativo e a criança estiver saudável, a mesma deve ser observada em uma unidade com
acesso imediato a um neonatologista. Essas observações devem ser realizadas com 1 e 2 horas de vida e depois
de 2 em 2 horas por 12 horas.

205 Se não houver mecônio significativo, observar o recém-nascido com 1 e 2 horas de vida em todos os locais de parto.

206 Se qualquer um dos seguintes sinais forem observados, com qualquer grau de mecônio, o recém-nascido deve
ser avaliado por um neonatologista/pediatra (o recém-nascido e a mãe devem ser transferidos se não estiverem em
uma maternidade):
- frequência respiratória > 60 ipm;
- presença de gemidos;
- frequência cardíaca < 100 bpm ou > 160 bpm;
- enchimento capilar acima de 3 segundos;
- temperatura corporal ≥ 38°C ou 37,5°C em 2 ocasiões com 30 minutos de intervalo;
- saturação de oxigênio < 95% (a medida da saturação de oxigênio é opcional após mecônio não significativo);
- presença de cianose central confirmada pela Oximetria de pulso se disponível.

207 Explicar os achados para a mulher e informá-la sobre o que procurar e com quem falar se tiver qualquer preocupação.

208 Estimular as mulheres a terem contato pele-a-pele imediato com a criança logo após o nascimento.

209 Cobrir a criança com um campo ou toalha morna para mantê-la aquecida enquanto mantém o contato pele-a-pele.

210 Evitar a separação mãe-filho na primeira hora após o nascimento para procedimentos de rotina tais como, pesar,
medir e dar banho, a não ser que os procedimentos sejam solicitados pela mulher ou sejam realmente necessários
para os cuidados imediatos do recém-nascido.

211 Estimular o início precoce do aleitamento materno, idealmente na primeira hora de vida.

212 Registrar a circunferência cefálica, temperatura corporal e peso após a primeira hora de vida.

213 Realizar exame físico inicial para detectar qualquer anormalidade física maior e para identificar problemas que
possam requerer transferência.

214 Assegurar que qualquer exame, intervenção ou tratamento da criança seja realizado com o consentimento dos pais e
também na sua presença ou, se isso não for possível, com o seu conhecimento.
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RESPONDA:

01. As mulheres morrem como resultado de complicações que ocorrem durante ou depois da gestação e do
parto. Assinale a alternativa que apresenta apenas as condições associadas aos riscos e às causas de mortes
maternas.
A) A mortalidade materna é maior entre mulheres que vivem em grandes metrópoles, com elevada
densidade demográfica, em locais onde elas têm dificuldades de acesso à assistência ao pré-natal.
B) Em comparação com outras mulheres, aquelas com idades entre 25 e 35 anos enfrentam um maior
risco de complicações e morte como resultado da gravidez.
C) Doenças infecciosas durante a gravidez, como a malária ou infecção pelo HIV, são associadas a altas
taxas de morte materna.
D) Historicamente, a identificação de mortes maternas no Brasil tem dois problemas: o sub-registro
(quando o óbito é registrado com outra causa) e o sub-diagnóstico (quando o óbito propriamente não
é notificado).
E) As mortes maternas são evitáveis, mas ocorrem, na maioria dos casos, em países em
desenvolvimento, onde são classificadas como ocorrências obstétricas indiretas.

02. Conforme as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal, no primeiro período clínico do parto, é
recomendado o seguinte cuidado:

A) avaliação da frequência das contrações uterinas de 2 em 2 horas.

B) exame vaginal de 4/4 horas ou mais frequente, se houver alguma preocupação com o progresso do
parto ou em resposta aos desejos da mulher.

C) início do registro no partograma quando a dilatação atingir 3cm, com linha de alerta traçada 4 horas
após e linha de ação, 6 horas depois.

D) amniotomia precoce, associada à ocitocina, em caso de o trabalho de parto não estar progredindo
bem, ou seja, quando não há dilatação igual ou superior a 2cm a cada 4 horas.

E) em parturientes de baixo risco, avaliação do bem-estar fetal com base em ausculta intermitente.

03. A prevenção da Hemorragia Pós-parto (HPP) durante a terceira fase do parto é recomendada para todos
os partos e, na vigência de um quadro hemorrágico, é fundamental atentar para o cuidado indicado a seguir.

A) A massagem uterina sustentada não é recomendada como intervenção para prevenir a HPP, em
mulheres que receberam ocitocina profilática.
B) A ocitocina (intravenosa ou intramuscular) é o farmaco úterotônico recomendado para prevenir a
HPP em partos vaginais. Nas cesáreas, o ideal é o uso do misoprostol via retal.
C) A remoção manual da placenta é indicada nos casos de cesáreas ao invés da tração controlada do
cordão umbilical. Esse cuidado reduz o sangramento no ato cirúrgico.
D) A massagem uterina não é recomendada para o tratamento da HPP.
E) O uso da embolização da artéria uterina não é recomendado como tratamento para a HPP
resultante da atonia uterina.
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04. A hemorragia pós-parto (HPP) é um problema sério que pode levar muitas mulheres ao óbito. Diante da
necessidade de prevenção e controle deste problema para evitar desfechos fatais, assinale a alternativa
correta.
A) A HPP pode ocorrer devido a retenção de restos placentários, lacerações de trajeto do parto;
hipotonia uterina e coagulopatias. A principal causa, no entanto, é a hipotonia uterina.
B) A HPP é a perda sanguínea acima de 700 ml, após parto vaginal; ou acima de 1500 ml, após parto
cesariana nas primeiras 24 horas; ou qualquer perda de sangue pelo trato genital, capaz de causar
instabilidade hemodinâmica.
C) O principal fator de risco para a ocorrência da HPP é o parto prolongado com toques repetidos,
devido ao aumento do risco de lacerações no colo, vagina, períneo e vulva.
D) A principal forma de prevenir a HPP é a utilização de sulfato ferroso na gestação.
E) A administração de ocitocina para a prevenção da HPP deve ser, de preferência, por via
endovenosa.

05. São fatores de natureza fetal que levam ao parto cesariana, EXCETO

A) Tamanho fetal extremamente pequeno.


B) Situação fetal transversa.
C) Sofrimento fetal.
D) Placenta prévia.
E) Condições compostas, como feto macrossômico em situação pélvica.

06. A mortalidade materna é um bom indicador de saúde. A partir das análises das condições de óbitos de
mulheres, pode-se avaliar o grau de desenvolvimento de uma determinada sociedade. Para elaborar o
cálculo desse indicador de saúde, o número de óbitos de mulheres em decorrência de situações associadas à
gravidez deve ser dividido pelo(a)
A) total de óbitos.
B) população local.
C) número de nascidos vivos.
D) total de óbitos de população adulta.
E) número de habitantes da macrorregião de saúde

07. Os óbitos relacionados a gravidez, parto e pós-parto estão entre as 10 principais causas de morte de
mulheres entre 10 e 49 anos de idade, segundo dados do Ministério da Saúde.” Em relação às causas
evitáveis da morte materna, tem-se, respectivamente,
A) hemorragia e hipertensão gestacional.
B) hemorragia, hipertensão gestacional e aborto.
C) hipertensão gestacional, hemorragia, infecção puerperal e aborto.
D) aborto, hipertensão gestacional, infecção puerperal e hemorragia.
E) hipertensão gestacional, aborto, infecção puerperal e hemorragia.

08. Toda mulher gestante encaminhada ao centro cirúrgico tem o direito de ser acompanhada por um
membro da família até a sala operatória e na unidade de recuperação. Nesse tempo, é responsabilidade da
equipe de enfermagem:

I. Conferir e checar a administração de drogas pré-anestésicas.


II. Conferir o preparo pré-operatório prescrito pelo médico e enfermeiro.
III. Colocar a pulseira de identificação no punho direito (nome, sexo e registro).

Está(ão) correta(s) a(s) alternativa(s)

A) I, II e III. B) I, apenas. C) II, apenas. D) I e II, apenas. E)II e III, apenas.


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09. O período clínico do trabalho de parto normal deve ser visto na seguinte sequência:

A) Greenberg, apenas.

B) Greenberg, expulsão e dequitação.

C) Dilatação, expulsão, Greenberg e dequitação.

D) Dequitação, dilatação, expulsão e Greenberg.

E) Dilatação, expulsão, dequitação e Greenberg.

10. Após um parto de emergência, o coto umbilical de recém-nascido deve ser envolvido em gaze embebida
com:

A) Vaselina

B) Álcool

C) Água oxigenada

D) Tintura de iodo.
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