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MÓDULO 2:
ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL
Elaboração:
Se você for realizar uma única consulta de pré-natal, realize o agendamento entre 36 e 37
semanas de gestação para que você possa avaliar todos os exames de rotina do pré-natal,
inclusive do 3º trimestre. Nesse período, ainda há tempo para complementar exames,
realizar intervenções de ajustes (orientações) e tratamento em conjunto com o pré-natal
médico, como por exemplo anemia e infecção urinária. Esse é um momento oportuno para
corrigir falhas, tratar alterações, promover a saúde e prevenir outros agravos.
Antes de agendar a consulta de pré-natal, procure saber que serão as pessoas presentes
durante o trabalho de parto em casa. O ideal é que todos os envolvidos participem dessa
consulta para que se sintam incluídos e seguros nesse modelo de atenção diverso do
tradicional “primeiros sinais de trabalho de parto: hospital ou avaliação médica!”
Caso, não haja esse encontro, ou a família ainda assim não concorde com o atendimento, é
de suma importância alertar a mulher e seu parceiro para essa questão que pode interferir
na experiência e na condução do trabalho de parto.
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Na nossa experiência, percebemos que cada presença, em casa, durante o trabalho de parto,
interfere na percepção da mulher acerca do processo. O ambiente e as pessoas são
estímulos que geram tranquilidade ou tensão, confiança ou medo. A interferência negativa
das pessoas dentro de casa poderá determinar a condução do cuidado pela enfermeira, já
que ela também deve se sentir segura na sua assistência e nas suas decisões como
responsável técnica desse cuidado inicial.
O primeiro passo nesse encontro, dessa maneira, é abrir esse espaço de diálogo, a fim de
levantar as expectativas, preocupações, medos, tensões familiares etc. Para que os fatores
familiares e culturais sejam inseridos no plano de cuidado.
Pode ser que só esse momento leve um tempo que se prolongue além do esperado. Caso
isso ocorra, pode-se fazer uma pausa ou agendar novo encontro para seguir com o próximo
passo da consulta de enfermagem, propriamente dita: história, exame físico, classificação de
risco, intervenções e plano de cuidado.
Caso, todos estejam satisfeitos e confortáveis, com tempo disponível, seguirmos o pré-natal
clínico.
Inicia-se, aqui, uma primeira avaliação por parte da enfermeira para o levantamento dos
riscos/vulnerabilidades clínicas e obstétricas, além das psicoafetivas também. O objetivo
desse passo é levantar os riscos potenciais para planejar seu cuidado personalizado e
qualificado, observando seus limites legais e pessoais para o atendimento também.
Para avaliação de risco clínico é importante uma busca minuciosa nos dados do cartão de
pré-natal, ecografias e exames complementares. É comum as mulheres não levarem para a
consulta esses documentos, por ser ainda uma novidade a consulta de pré-natal com
enfermeira. Então vale lembrar com antecedência a importância de levá-los para os
encontros agendados.
Na tabela abaixo segue alguns marcadores de risco na gestação indicados pelo Cadernos de
Atenção Básica nº32 - Atenção ao Pré-natal de Baixo Risco do Ministério da Saúde (2013). Os
marcadores e fatores de riscos clínicos e gestacionais referentes à história anterior
(condições de saúde pregressa e atual; gestações e partos anteriores) se dividem em:
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1. Características individuais e condições sociodemográcas desfavoráveis:
- Idade maior que 35 anos;
- Idade menor que 15 anos ou menarca há menos de 2 anos*;
- Altura menor que 1,45m;
- Peso pré-gestacional menor que 45kg e maior que 75kg (IMC<19 e IMC>30);
- Anormalidades estruturais nos órgãos reprodutivos;
- Situação conjugal insegura;
- Conflitos familiares;
- Baixa escolaridade;
- Condições ambientais desfavoráveis;
- Dependência de drogas lícitas ou ilícitas;
- Hábitos de vida – fumo e álcool;
- Exposição a riscos ocupacionais: esforço físico, carga horária, rotatividade
de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos nocivos, estresse.
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1. Exposição indevida ou acidental a fatores teratogênicos.
3. Intercorrências clínicas:
- Doenças infectocontagiosas vividas durante a presente gestação (ITU, doenças do
trato respiratório, rubéola, toxoplasmose etc.);
- Doenças clínicas diagnosticadas pela primeira vez nessa gestação (cardiopatias,
endocrinopatias).
A avaliação de risco é dinâmica e pode ser alterada no decorrer da gestação de acordo com
a sua evolução ou novos exames. Na Nascentia, solicitamos à mulher para nos deixar
informadas sobre todas as alterações, condutas médicas fora da rotina e exames realizados
após o encontro. Assim, nos possibilita a avaliação e acompanhamento continuados da
gestação até o dia da assistência ao trabalho de parto.
Uma boa escuta ativa e qualificada possibilita, de forma leve, adentrar o contexto familiar
como também favorece uma segura avaliação dos riscos e um planejamento de qualidade.
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A profissional deve promover uma comunicação clara, evitando uso de termos técnicos ou
gírias. Deve estar atento a sua postura e linguagem corporal, eviando expressões que podem
traduzir discriminação, negação ou julgamento.
É importante preparar o ambiente, o qual deve ser acolhedor e propício para realização dos
exames físico e obstétrico. Atenção com conforto e intimidade da mulher durante a avalição.
Será uma boa oportunidade para incluir o parceiro (a) no apoio e envolvê-lo (a) em cada
etapa do exame dando informações e escutando suas dúvidas.
Recentemente foi lançado o Guia de Atenção ao Homem durante o pré-natal pelo MS, e
inserir o cuidado ao parceiro no pré-natal pode qualificá-lo ainda mais, levando a um
diferencial atrativo para os potenciais clientes.
Avalie o seu tempo e recursos disponíveis para tal assistência, acreditamos ser um outro
grande diferencial na assistência.
Antes de seguir com a avaliação física e obstétrica é necessário levantar queixas e sintomas
da mulher gestante a fim de direcionar a sua avaliação caso seja necessário. Entre os sinais
de alerta mais importantes nessa etapa é inquirir sobre: movimentação fetal, perda de
secreções vaginais, incluindo sangramento ou líquido, febre, dor abdominal, cefaléia, visão
turva ou mal estar.
Outros padrões de saúde devem ser levantados também, como: qualidade do sono,
eliminação, hábito alimentar, atividade física, lazer, característica do trabalho desenvolvido,
medicações em uso, queixas urinárias e vaginais. Um diálogo sobre a prática de atividade
sexual e possíveis desconfortos também podem ser importante para a mulher e o para o seu
plano de cuidado.
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conceito que foi muito utilizado no passado e ainda é utilizado por alguns.
Entretanto, apresenta alto índice de falsos positivos, sendo utilizado de melhor
forma como sinal de alerta e para agendamento de controles mais próximos.
A técnica adequada para a verificação da pressão arterial está descrita no quadro abaixo, de
acordo com as recomendações dos especialistas do Portal de Boas Práticas da Fiocruz
(maio/2021).
Devido a hipertensão arterial ser a causa número 1 de mortalidade materna no Brasil (21%),
é importante estar alerta às alterações que possam ocorrer. O pré-natal inadequado ainda é
um dos fatores de risco mais importantes para a ocorrência dos desfechos negativos. E a
consulta com a EO para o atendimento de APH pode ser uma oportunidade crítica e
determinante dos resultados. Veja a seguir a tabela de fatores de risco, abaixo. Caso você
identifique as alterações descritas aqui, ou alterações limites com fatores de riscos
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associados, você deve fazer o encaminhamento oportuno para a emergência médica ou
referenciar ao profissional de referência.
2. Palpação obstétrica
A técnica de palpação do útero para verificar a estática fetal é realizada através da conhecida
manobra de Leopold, descrita abaixo. Este exame permite avaliar o crescimento fetal,
diagnosticar os desvios da normalidade a partir da relação entre a altura uterina e a idade
gestacional e identificar a situação e a apresentação fetal.
A técnica consiste em um método palpatório do abdome materno em 4
passos:
- Delimite o fundo do útero com a borda cubital de ambas as mãos e
reconheça a parte fetal que o ocupa;
- Deslize as mãos do fundo uterino até o polo inferior do útero, procurando
sentir o dorso e as pequenas partes do feto;
- Explore a mobilidade do polo, que se apresenta no estreito superior
pélvico;
- Determine a situação fetal, colocando as mãos sobre as fossas ilíacas,
deslizando-as em direção à escava pélvica e abarcando o polo fetal, que se
apresenta. As situações que podem ser encontradas são: longitudinal
(apresentação cefálica e pélvica), transversa (apresentação córmica) e
oblíquas.
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Tempos da Manobra de Leopold:
Técnica:
- Posicione a gestante em decúbito dorsal, com o abdômen descoberto;
- Identifique o dorso fetal;
- Procure o ponto de melhor ausculta dos BCF na região do dorso fetal;
-Controle o pulso da gestante para certificar-se de que os batimentos
ouvidos são os do feto, já que as frequências são diferentes;
- Conte os batimentos cardíacos fetais por no mínimo um minuto,
observando sua frequência e seu ritmo.
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Observação: após uma contração uterina, movimentação fetal ou o estímulo mecânico sobre
o útero, um aumento transitório na frequência cardíaca fetal é sinal de boa vitalidade. Por
outro lado, uma desaceleração ou a não alteração da frequência cardíaca fetal,
concomitante a estes eventos, é sinal de alerta, o que requer aplicação de metodologia para
avaliação da vitalidade fetal.
Apesar desse registro ser uma etapa da história obstétrica, esse é um momento oportuno
para identificar o padrão dos movimentos do bebê percebido pela gestante e para orientar a
observação, principalmente se a gestação for de risco (hipertensão, diabete, CIUR, etc.).
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Tem como objetivo detectar precocemente a ocorrência de edema patológico. Pode ser
verificado nos membros inferiores e na região sacra.
Técnica em membros inferiores:
- Posicione a gestante em decúbito dorsal ou sentada, sem meias;
- Pressione a pele na altura do tornozelo (região perimaleolar) e na perna, no
nível do seu terço médio, face anterior (região pré-tibial). O edema fica
evidenciado mediante presença de depressão duradoura no local
pressionado.
Técnica na região sacra:
- Posicione a gestante em decúbito lateral ou sentada;
- Pressione a pele, por alguns segundos, na região sacra, com o dedo polegar.
O edema fica evidenciado mediante presença de depressão duradoura no
local pressionado.
Para além da avaliação física mínima recomendada pelo MS, descrita até o momento, é
importante avaliar os sinais de trombose venosa profunda (TVP) e condições da circulação
sanguínea nos membros inferiores, como preenchimento capilar. Apesar da baixa taxa de
ocorrência, a trombose venosa profunda na gravidez pode ser uma situação dramática para
o binômio mãe/feto.
Os sinais e sintomas clínicos para a TVP são altamente variáveis e, por vezes, inespecíficos,
mas permanecem como a base da estratégia diagnóstica. Os sintomas incluem dor, edema e
empastamento muscular presentes em cerca de 87% dos casos; outros sintomas são dor no
trajeto venoso, dilatação venosa superficial, cianose e calor local.
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7. Avaliação das mamas:
8. Avaliações complementares
Atividade e tônus uterino: diante de queixas de dor aguda, cólica ou contrações uterinas,
realizar avaliação do tônus e da dinâmica uterina.
Genitália externa: inspeção em caso de queixas como prurido, dor ou perdas transvaginais.
Em caso de dúvidas sobre a secreção vaginal, realizar inspeção interna através de exame
especular e teste de pH.
PLANO DE CUIDADO
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● Identificação do Hospital de preferência da mulher como também o
mapeamento dos hospitais próximo da residência em caso de emergência
(verificação de rotas alternativas);
● Disponibilidade do veículo que irá realizar o transporte na
transferência para o hospital;
● Organização das malas da maternidade com antecedência;
● Disponibilizar em um lugar acessível uma roupa da preferência da
mulher para a transferência de casa para o hospital;
● Providenciar alimentos leves que possam hidratar e proporcionar
energia calórica durante a assistência no trabalho de parto;
● Compartilhar endereço e localização da residência;
● Rever o papel de todos envolvidos no dia, como: quem vai ficar com
as crianças mais velhas, quem ligará para fotografia, entre outras
demandas, se for o caso.
O formato deve conter espaço para todos os registros, sem rasuras e assinado manualmente
ou eletronicamente em caso de prontuário eletrônico.
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A versão impressa está em anexo no seu arquivo de material complementar ao curso.
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Referências: veja links destacados no corpo do texto.
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