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INTRODUÇÃO

Começa a debruça das causas e consequências na adolescência e na juventude é


importante, mas antes de falamos disso devemos saber o que é a gravidez e o que é
adolescência. Então o que são?

A gravidez é um evento resultante da fecundação do ovulo (ovócito) pelo


espermatozoide. Habitualmente, ocorre dentro do útero e é responsável pela geração de
um novo ser.
A adolescência é uma fase de amadurecimento: é um período de transição no
desenvolvimento físico e psicológico, em que o ser humano deixa de ser criança e entra
na idade adulta.
A gravidez na adolescência é considerada aquela que ocorre até antes dos 20
anos da adolescente. O presente estudo centra-se sobre as causas e consequências da
gravidez na adolescência em contexto angolano.

Tendo com objectivo fundamental analisar e sugerir as possíveis soluções para


mitigar este fenômeno social.
Gravidez precoce

A gravidez na adolescência é considerada a que ocorre entre os 10 e 20 anos, de


acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

É apontada como uma gestação de alto risco decorrente das preocupações que
traz à mãe e ao recém-nascido, a gravidez nesta faixa etária pode acarretar problemas
sociais e biológicos.

A gravidez na adolescência ocorre em um momento de intensas mudanças


corporais

A adolescência é um período da vida rico em manifestações emocionais,


caracterizadas por ambiguidade de papéis, mudança de valores e dificuldades face à
procura de independência pela vida.

A gravidez na adolescência é muitas vezes encarada de forma negativa do ponto


de vista emocional e financeiro das adolescentes e suas famílias, alterando
drasticamente suas rotinas.

Gravidez precoce (na adolescência): causas e consequências

Segundo a Organização Mundial de Saúde considera gravidez precoce sempre


que a menina engravida antes dos 19 anos, sendo que a maioria dos casos acontece entre
os 15 e os 19 anos. A gravidez precoce geralmente se deve à cultura, ao baixo nível
econômico e à dificuldade de acesso a métodos contraceptivos.

A gravidez numa fase precoce da vida, como a adolescência, pode resultar em


diversas consequências tanto para a gestante quanto para o bebê, como depressão
durante e após a gravidez, parto prematuro e aumento da pressão arterial.

Principais consequências da gravidez precoce na adolescência

A gravidez precoce na adolescência pode gerar várias consequências tanto para a


mãe quanto para o bebê, podendo ter impactos físicos, psicológicos e socioeconômicos:

Consequências físicas

Devido ao facto da mulher não estar totalmente pronta fisicamente para uma
gestação, há maior chance de parto prematuro, rompimento precoce da bolsa e aborto
espontâneo, por exemplo. Além disso, é possível que ocorra diminuição do peso,
anemia e alterações no processo de formação dos vasos sanguíneos da placenta,
podendo resultar em aumento da pressão arterial, cuja situação recebe o nome de pré-
eclâmpsia.

Consequências psicológicas

A maior parte das meninas que se encontram em uma gestação precoce não estão
preparadas emocionalmente para serem mães, por isso é comum o desenvolvimento de
depressão, tanto durante a gravidez, como no pós-parto. Pode ainda acontecer
diminuição da auto-estima e problemas afetivos entre a mãe o bebê.

Consequências socioeconômicas

É muito comum que durante e após a gravidez a mulher precise abandonar os


estudos ou o trabalho, pois pode ser difícil conciliar as duas coisas, além de sofrerem
imensa pressão da sociedade, muitas vezes, da própria família em relação ao casamento
e ao fato de estar grávida ainda na adolescência. Além disso, estar grávida é muitas
vezes considerado um motivo para empresas não contratarem, pois tende a representar
um maior gasto para a empresa, uma vez que dentro de alguns meses entrará em licença
maternidade.

Consequências para o bebê

O facto da mulher não estar preparada fisicamente e emocionalmente pode


aumentar as chances de parto prematuro, do nascimento com baixo peso e, até mesmo,
do risco de alterações no desenvolvimento da criança. Devido a todas as implicações
que a gravidez precoce pode provocar, este tipo de gestação é considerado uma gravidez
de alto risco e deve ser acompanhada por profissionais de saúde qualificados para evitar
ou diminuir o impacto das consequências.

Causas da gravidez precoce

As principais causas da gravidez precoce devem-se a vários fatores diferentes, mas


podem incluir:
 Primeira menstruação muito cedo;
 Desinformação sobre gravidez e métodos contraceptivos;
 Baixo nível financeiro e social;
 Famílias com outros casos de gravidez precoce;
 Conflitos e mau ambiente familiar.
A gravidez precoce pode acontecer em qualquer classe social, mas é mais
frequente nas famílias de baixa renda, já que muitas vezes as jovens, devido a falta de
objetivos ou incetivos da família em relação aos estudos, passa a acreditar que ter um
filho representa um projeto de vida.

O que fazer em caso de gravidez na adolescência

Em caso de gravidez precoce na adolescência, o que a jovem pode fazer é


marcar uma consulta médica para iniciar o pré-natal e contar a sua família para obter o
apoio necessário.

Médicos psicólogos e obstetras, assim como enfermeiro e assistente social


devem ser informados para que haja uma correta vigilância pré-natal para reduzir as
complicações na mãe e no bebê. Este tipo de acompanhamento também ajuda a evitar
uma nova gravidez na adolescência e a incentivar a jovem mãe a voltar à escola.
CAUSAS DA GRAVIDEZ PRECOCE NA ADOLESCÊNCIA
As principais causas da gravidez precoce devem-se a vários factores diferentes, mas
podem incluir:

 Primeira menstruação muito cedo;


 Desinformação sobre gravidez e métodos contraceptivos;
 Baixo nível financeiro e social;
 Conflitos e mau ambiente familiar.

PRIMEIRA MENSTRUAÇÃO MUITO CEDO

Antes da década de 70 a primeira menstruação vinha entre os 16-17 anos, mas


ultimamente a meninas apresentam menstruação muito mais cedo, à partir dos 9 anos de
idade em diversos países, e as causas nem sempre são claras. Algumas possíveis causas
da 1ª menstruação muito cedo são:

 Sem causa definida (80% dos casos);


 Obesidade infantil leve à moderada;
 Existe a suspeita da exposição ao plástico contendo bisfenol A desde o
nascimento.

Quando a menina apresenta a primeira menstruação antes dos 8 anos de idade o pediatra
pode desconfiar de alguma alteração em sua saúde, e por isso normalmente avalia o
corpo da menina observando o crescimento das mamas, de pelos nas axilas e virilha.
Além disso, o médico pode solicitar exames como LH, estrogênio, TSH e T4, idade
óssea, ultrassom pélvico e das suprarrenais. A primeira menstruação é uma
consequência de mudanças hormonais iniciadas cerca de dois anos antes dela. No início,
a variação desses hormônios é muito grande, resultando em irregularidade menstrual,
mas, aos poucos, o corpo vai amadurecendo e os ciclos se regularizam.

Quando a menina começa a menstruar, seu corpo está bem desenvolvido, com mamas e
pelos. Porém, ainda haverá aumento dos seios, os pelos pubianos atingirão as virilhas e
o corpo ganhará curvas.

DESINFORMAÇÃO SOBRE GRAVIDEZ E MÉTODOS CONTRACEPTIVOS

Quinze milhões entre 16,7 milhões de gravidezes indesejadas acontecem todos os anos
em mais principalmente no continente africano, 35 países de baixa renda porque as
mulheres não fazem uso de métodos contraceptivos considerados modernos, como a
pílula e a camisinha.

Muitas das mulheres que engravidam nesses países enfrentam, no futuro, problemas
como morte precoce, deficiências, redução de oportunidades de emprego ou interrupção
nos estudos. Eles compararam o uso de contraceptivos entre 12.874 mulheres que
ficaram grávidas sem querer e 111 mil mulheres sexualmente ativas que não
engravidaram e nem queriam isso. Métodos tradicionais, como tabelinha e coito
interrompido, mostraram-se quase três vezes menos eficazes do que os modernos.

A mulheres mais pobres e com menos grau de educação estão entre as que menos fazem
uso desses contraceptivos. Em meio às 14,8 mil grávidas da pesquisa que não usavam
contraceptivos e não queriam ser mães, a principal razão para não recorrer a métodos de
prevenção era o medo dos efeitos colateiras, apontado como motivo por 5,5 mil, ou 37%
das mulheres. Oposição, da família ou da igreja, foi o motivo para 22,4% delas. E
17,6% subestimavam o risco de engravidar. Outras razões citadas foram o custo desses
métodos e a falta de informação sobre eles.

Para usar a tabelinha para não engravidar, é importante ter atenção ao período fértil e
evitar ter relações sexuais durante esse período, pois assim é possível diminuir a
probabilidade de gravidez. No entanto, a tabelinha não é um método totalmente eficaz
para evitar a gravidez, isso porque algumas mulheres podem ter o ciclo menstrual
irregular ou terem o período fértil influenciado por situações emocionais, por exemplo.

Assim, a melhor forma para evitar a gravidez é associar a tabelinha ao uso de outros
métodos contraceptivos, como uso de pílulas anticoncepcionais e camisinha,
principalmente, pois além de evitar a gravidez indesejada evita a transmissão de
doenças sexualmente transmissíveis.

FAMÍLIAS COM OUTROS CASOS DE GRAVIDEZ PRECOCE

Inicialmente, a família da adolescente não reage favoravelmente à gravidez da filha,


afirmando que ela é muito jovem. Entretanto, após esse primeiro momento, algumas
famílias aceitam o fato, posicionando-se inclusive contra o aborto. A gravidez então
passa a ser vivida por toda a família, sendo o filho um traço de união entre os seus
membros. É também nesta fase do desenvolvimento que o indivíduo passa por diversas
mudanças: físicas, psíquicas e, principalmente, no relacionamento com os responsáveis.
Essas mudanças nas quais perde a sua identidade de criança implicam a busca de uma
nova identidade que vai se construindo e também à busca por novos ideais (Bareiro,
2005).

Neste sentido, compreende-se que a gravidez na adolescência não implica apenas


problemas individuais, mas afeta todo o contexto de vida da adolescente, sendo a
família um elemento-chave para a organização ou desorganização desse processo, assim
como a ausência ou presença do companheiro, um elemento crucial na aceitação e
condução da maternidade.

Falar em família implica considerar a pluralidade de condições sociais, econômicas,


culturais e religiosas em que cada família é constituída, para que se possa entender
como cada uma delas possa reagir frente a uma gestação precoce.

Assim, a gravidez na adolescência pode representar um momento de conflito para a


família, exigindo uma redefinição de crenças, valores e atitudes, além da necessidade de
novos arranjos no espaço físico no lar, de tempo e de finanças. Para a adolescente, a
gravidez pode significar uma reformulação sobre seus projetos de vida e a necessidade
de assumir o papel de mãe para o qual ainda não está e muitas vezes não se sente
preparada.

Para a família a experiência de ter uma adolescente solteira e grávida, pode ser marcada
por sentimentos diversificados, de alegria, surpresa, decepção, raiva, culpa e também
questionamentos: Por que isso aconteceu? Onde foi que eu errei? Será que dei liberdade
demais para minha filha? Será que não conversei suficientemente com ela.

A gravidez na adolescência pode acontecer em qualquer classe social, mas é mais


frequente nas famílias de baixa renda, já que muitas vezes as jovens, devido a falta de
objectivos ou incentivos da família em relação aos estudos, passa a acreditar que ter um
filho representa um projecto de vida.

A incidência de gravidez na adolescência ainda é um fato que preocupa a Saúde e outros


setores da sociedade. São diversos factores que implicam na intervenção e debate acerca
do assunto. Alguns deles são a propensão de riscos na gestação devido a falta de preparo
do corpo de uma adolescente, além de comprometer o desenvolvimento social das
jovens mães.

A adolescente não tem maturidade do sistema reprodutor, pois ele ainda não foi
totalmente desenvolvido. Em geral, os riscos de uma gravidez na adolescência são o
abortamento espontâneo, o parto prematuro e o desenvolvimento de hipertensão arterial.
O grupo mais propenso a esse risco está na faixa etária de 11 a 15 anos.

No entanto, esses excessos que são, principalmente, para que a filha não abandone os
estudos, podem ser prejudiciais. Pois, quando a adolescente não assume as
responsabilidades com a nova vida, ela pode encontrar facilidade em cuidar de uma
criança e acaba engravidando de novo. Porém, vale frisar que é importante a mãe
incentivar os estudos sem eximi-las da responsabilidade da maternidade. Mais de seis
milhões de adolescentes no mundo engravidam de forma precoce e indesejada. Angola
é um dos países onde houve um aumento crescente, em particular dos adolescentes,
entre os 11 e os 14 anos de idade.

Há também pouca literatura e a ilusão de que ter um filho cedo se fica com mais
responsabilidades.

Outro factor é o aparecimento precoce do ciclo menstrual, causado pela má


alimentação, pois a nível da agricultura muitos alimentos desenvolvem-se rapidamente
com produtos hormonais. Esses produtos influenciam precocemente a sexualidade dos
jovens.

O ciclo menstrual aparecia a partir dos 12 ou 13 anos de idade, actualmente aparece aos
oito anos. “Uma rapariga a que o ciclo menstrual aparece entre os dez e os 11 anos de
idade, em primeiro lugar vai deixar de crescer, porque a hormona de crescimento vai ser
substituída pela hormona sexual, logo, aumenta o interesse pelo sexo oposto”,
sublinhou Eurídice Chongolola. A médica disse que o factor hereditariedade também é
uma das causas, porque existe uma grande influência na aparição da primeira gravidez
na progenitora da adolescente. Se a mãe da menor teve o seu primeiro filho na
adolescência, também há probabilidades de a filha ter o primeiro bebé na mesma idade.

SEGUNDA GESTAÇÃO
Durante as consultas externas na Maternidade Lucrécia Paim constatou-se que a maior
parte das jovens entre os 17 e 19 anos de idade já têm a segunda gestação (mãe pela
segunda vez), porque as mesmas já realizaram uma cesariana aos 14 ou 15 anos.

Eurídice Chongolola disse que no primeiro semestre de 2013, um total 62 por cento dos
partos por cesariana na Maternidade Lucrécia Paim foram feitos a adolescentes, e o
número tem crescido. No primeiro semestre de 2017, um total de 50 por cento dos
partos por cesariana foram feitas a jovens.

A médica explicou que a maior parte das cesarianas são realizadas devido à pouca
estrutura corporal das jovens. As que têm bom porte físico conseguem ter um parto
normal.
Repercussão social da gravidez na adolescência
Uma vez constatada a gravidez, se a família da adolescente for capaz de acolher o novo
facto com harmonia, respeito e colaboração, esta gravidez tem maior probabilidade de
ser levada a termo normalmente e sem grandes transtornos.

Porém, havendo rejeição, conflitos traumáticos de relacionamento, punições atrozes e


incompreensão, a adolescente poderá sentir-se profundamente só nesta experiência
difícil e desconhecida, poderá correr o risco de procurar abortar, sair de casa, submeter-
se a toda sorte de atitudes que, acredita, resolverão seu problema.

O bem-estar afectivo da adolescente grávida é muito importante para si própria, para o


desenvolvimento da gravidez e para a vida do bebé. A adolescente grávida,
principalmente a solteira e não planejada, precisa encarar sua gravidez a partir do valor
da vida que nela habita, precisa sentir segurança e apoio necessários para seu conforto
afectivo, precisa dispor bastante de um diálogo esclarecedor e, finalmente, da presença
constante de amor e solidariedade que a ajude nos altos e baixos emocionais, comuns na
gravidez, até o nascimento de seu bebé.

As tentativas de suicídio anteriores ocorrem em 13% das adolescentes grávidas. A


severidade dessas tentativas de suicídio teve associação significativa com o grau da
depressão, bem como com o estado civil das pacientes (solteira sem namorado). Outra
repercussão importante da gravidez precoce tem a ver com a escola. O debate sobre se a
gravidez na adolescência provoca ou não evasão escolar é um tanto quanto repetitivo,
entretanto, questionamos se a baixa escolaridade e evasão seriam causa ou efeito deste
fenómeno.

Sem enveredar pelo caminho do fatalismo ou determinismo, das transformações


societárias ocorridas nas últimas décadas emergiu um novo paradigma para produção,
denominado por Havey (1989) de acumulação flexível o qual apoia-se na flexibilização
dos processos produtivos e dos padrões de consumo promove profundas mudanças na
estrutura da sociedades que extrapolam a estrutura de classes, exigindo cada vez mais a
capacitação e o aperfeiçoamento da força de trabalho em potencial para sua inserção na
esfera produtiva. Uma investigação brasileira sobre relação gravidez precoce e a evasão
escolar aponta que a incidência de gestações foi decrescendo e a incidência da evasão
manteve-se estável: em 1999 foram informadas pelos directores das unidades escolares
114 gravidezes para 25 casos de evasão; em 2000 foram 108 gestações para 19 evasões
e em 2001 registrou-se 82 casos de gravidezes para 21 casos de abandono da escola em
decorrência de gravidez.

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