Deborah Moreira Lordelo – 93066 EIN331 – Maria de Lourdes
Desenvolvimento Físico e Motor e a Saúde
É necessário se atentar à saúde da mulher e do bebê desde a concepção, para que o desenvolvimento físico e motor das crianças possa ocorrer de maneira integral. Este começa a ser influenciado logo em seu nascimento, ou seja, no parto e na forma como o mesmo é realizado. No parto vaginal, ocorrem três etapas, a primeira sendo de contrações uterinas frequentes e dilatação da cérvix, a segunda de contrações ainda mais fortes e saída completa do bebê pelo canal vaginal, e a terceira etapa de saída da placenta e do restante do cordão umbilical. Já no parto cesariano, ocorre uma cirurgia na qual o abdômen é cortado para a retirada do bebê do útero. A escolha do parto deve privilegiar a saúde e segurança da mãe e do bebê, respeitando sempre as escolhas da mulher acerca e as suas necessidades como, por exemplo, o uso de medicamentos para sedação por anestesia local que ofereça alívio à mulher e nenhum risco ao bebê, ou ainda o acompanhamento por doulas. Partos de meninos tendem a ser mais complicados, mas, além disso, muitas outras complicações podem ocorrer no parto, como traumas no nascimento, ocorridos, por exemplo, por anóxia (falta de oxigenação), doenças, infecções, entre outros, que podem causar problemas gravíssimos e até mesmo o óbito. A pós maturação (bebês que nascem após a 42ª semana) também é outro fator de risco, considerando que pode complexificar o parto devido ao tamanho acima do normal do bebê, além da probabilidade de faltar oxigenação suficiente ao mesmo. Da mesma maneira, o baixo peso natal (menos de 2,5 kg ao nascer) oferece altos riscos de morte, principalmente se o caso for de bebês pré termos (nascidos antes de 37 semanas de gestação) e pequenos para a idade gestacional (que pesam menos de 90% da maioria dos bebês da mesma faixa de idade gestacional). O baixo peso natal pode ter várias influências como fatores demográficos e socioeconômicos, clínicos que precedem a gravidez e as associadas a ela, e pré natais tanto comportamentais quanto ambientais. Para tratar essa vulnerabilidade, o método canguru de acolher o filho entre os seios da mãe mantendo uma temperatura corporal e o contato pode ser eficaz, bem como o uso de incubadoras e a alimentação intravenosa quando não for possível a amamentação. Mesmo com tratamento, o bebê nessa condição pode ter consequências em longo prazo, como, por exemplo, risco de diabetes, de doença cardiovascular, de déficits cognitivos, neurológicos e sensoriais, baixo nível de QI, anomalias cerebrais e pressão sanguínea alta, porém, fatores ambientais são fundamentais para a superação dessas desvantagens. O natimorto (morte após a 23ª ou 24ª semana de gestação) é também um fator de complicação do parto, e pode ter como causa a insuficiência de crescimento fetal durante a gravidez, ou seja, a falta de nutrição suficiente que pode fazer com que o bebê se torne pequeno para a idade gestacional, mas essa fatalidade pode ser prevenida quando identificada nos acompanhamentos pré-natais. Para verificar a saúde do bebê e sua vitalidade são utilizadas medidas como a escala de Apgar, escala de Brazelton, Avaliação do Comportamento Neonatal e Triagem Neonatal para Condições Clínicas até mesmo logo após o nascimento. Na escala de Apgar, o bebê é avaliado no primeiro e no quinto minuto de vida segundo a aparência (cor), pulsação (frequência cardíaca), expressão facial (reflexos), atividade (tônus muscular) e respiração, atribuindo ao bebê uma pontuação em cada quesito de 0 a 2 e, sendo assim, o bebê pode atingir uma pontuação de até 10. De 7 a 10 pontos, o bebê é considerado saudável, abaixo de 7 o bebê precisa de auxílio para respirar e abaixo de 4 se faz necessária ressuscitação. Já a escala Brezelton e a Avaliação do Comportamento Neonatal auxiliam na identificação de vulnerabilidades do sistema neurológico. O primeiro avalia a organização motora, reflexos, mudanças de estado, capacidade de prestar atenção e interagir, e instabilidade no sistema nervoso central. Já o segundo leva apenas meia hora e são atribuídos pontos de acordo com a desenvoltura do bebê. As triagens Neonatais para Condições Clínicas podem descobrir condições atípicas como o distúrbio da fenilcetonúria, PKU, hipotireoidismo congênito e galactosemia, por exemplo, facilitando uma intervenção e tratamento precoces, uma vez que esses distúrbios podem causar danos irreversíveis aos bebês se não forem tratados adequadamente. Mesmo que o bebê nasça com alguma complicação, um ambiente saudável e favorável ao seu desenvolvimento pode compensar as desvantagens nas quais os bebês se encontram. Para famílias desfavorecidas economicamente, essa situação fica ainda mais problemática, porém, ainda assim, se houver acompanhamento e aconselhamento realizados por programas, e se a criança tiver fatores de proteção como qualidades individuais, ligação afetiva com algum membro da família e retribuições positivas dos ambientes que ela frequenta, essas vulnerabilidades tem sim a possibilidade de serem superadas. Mesmo com as tentativas de recuperação em casos de complicação, existem inúmeros riscos para a criança na primeira infância, por exemplo, que fazem com que haja uma taxa de mortalidade infantil elevada, principalmente em países periféricos. A mortalidade infantil pode ser causada por diversos fatores como as anomalias congênitas, os distúrbios relativos à prematuridade ou o baixo peso, a síndrome da morte súbita, complicações na gravidez, disparidades étnico-raciais e morte por lesões, por exemplo. Nos casos de morte súbita, se faz necessário destacar que ela pode, muitas vezes, ser evitada através da não exposição ao tabaco e bebidas alcoólicas, à cafeína, colocando o bebê de barriga para cima ao dormir, em berços firmes, limpos e não cheios de objetos ao invés de coloca-lo na cama, além da prática da amamentação. Nas mortes por lesões vale ressaltar que boa parte delas ocorre dentro de casa por meio de quedas, ingestão de substâncias prejudiciais e queimaduras, podendo, portanto, serem evitadas. Muitas doenças podem ser prevenidas por meio da vacinação, uma vez que elas favorecem na criação de anticorpos, auxiliando o sistema imunológico na defesa dessas doenças e não causando transtornos no desenvolvimento como muitas vezes é acreditado pelos pais de muitas crianças. É necessário estar atento ainda à nutrição das crianças na segunda infância, pois a forma como elas se alimentam pode influenciar no desempenho da atenção e no desenvolvimento. Comidas excessivamente gordurosas, muitos doces, embutidos e industrializados não devem ser consumidos pelas crianças, pois pode causar obesidade, o que é prejudicial à sua saúde. Da mesma maneira, a subnutrição também é extremamente nociva para o desenvolvimento da criança, mas seus efeitos podem ser amenizados por meio de um ambiente favorável. A saúde bucal deve ser visada sempre, mesmo antes da formação e descida dos dentes, considerando que somente por volta dos três anos de idade a dentição primária já está completa e aos seis os dentes permanentes estão se desenvolvendo. Hábitos como chupar o dedo e não escovar os dentes após ingerir principalmente alimentos adocicados pode causar cáries e uma saúde bucal precária. Distúrbios do sono podem acontecer nesse período, como o terror noturno, que ocorre normalmente entre três e treze anos, no qual a criança age como se estivesse acordada, de maneira agitada, mas está de fato dormindo. Sonambulismo (falar e andar durante o sono) é comum também no período da segunda infância. Pesadelos são ainda mais recorrentes e podem ser causados por estresses ou excessos antes de dormir. Urinar na cama durante a noite no período dos cinco anos de idade é comum por essas crianças terem dificuldade em identificar a necessidade de esvaziar a bexiga e de acordar para fazê-lo quando preciso, porém, esse deve ser um processo tratado com naturalidade, sem culpabilização da criança ou repreensão. Esses distúrbios, sendo persistentes, devem ser acompanhados com atenção uma vez que podem indicar irregularidades emocionais, psicológicas e neurológicas. O uso de andadores para a fase de transição do bebê do engatinhar para o andar é extremamente prejudicial ao desenvolvimento da criança, uma vez que ela precisa do processo de exploração do ambiente e fortalecimento dos músculos propiciados pelo engatinhar para que possa de fato andar por conta própria, sem forçar a musculatura e nem pular etapas para que a criança ande. É necessário se atentar à saúde das crianças, às lesões e mortes acidentais e a propensão a problemas de saúde em um geral a partir do nível sócio econômico, da raça e da exposição a agentes maléficos como a fumaça de cigarro, a poluição do ar, os pesticidas e a exposição ao chumbo, que podem ser extremamente danosas ao desenvolvimento das mesmas. Entender a relevância da saúde e os cuidados relativos a ela é de extrema importância para que o educador consiga auxiliar na construção da autonomia da criança, do cuidado consigo mesma e com o outro, podendo se desenvolver de maneira saudável.