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UNIVERSIDADE DE BELAS

FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE DIREITO

TRABALHO DE HISTORIA DAS IDEIAS


POLITICAS
TEMA:

As principais ideias Politicas durante as guerras de libertação e formação


dos estados Nacionais (Angola)

Grupo nº 1

DOCENTE

___________________________

Luanda, 2023
UNIVERSIDADE DE BELAS
FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE DIREITO

TRABALHO DE HISTORIA DAS IDEIAS


POLITICAS
TEMA:

As principais ideias Politicas durante as guerras de libertação e formação


dos estados Nacionais (Angola)

Grupo nº 1

INTEGRANTES DO GRUPO

➢ Berthler J. C. da Silva :44023


➢ Noe Domingos
➢ João M. Januário
➢ Osvaldo P. Franciso
➢ Samuel S. Pedro – 49387 DOCENTE

___________________________

Luanda, 2023

1
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecemos a Deus por nos proporcionar vida e saúde para


podermos estar nesta magna academia que muito tem ensinado que é de extrema
importância que a todos sejam assegurados os seus direitos e deveres, e a justiça deve ser
vista como solução não como algo maléfico.

Reiteramos a nossa gratidão a nossa Doutora e Professora Márcia Quitumbo, por


nos conceder o privilégio de falar sobre este tema de extrema importância para nós os
estudantes de Direito.

Agradecer também aos caríssimos colegas, e companheiros de trabalho em dupla


pelo encorajamento na continuidade e na busca incessante de conteúdos para o trabalho.

Agradecemos em nome da turma ao Excelentíssimo delegado pelo uso das suas


faculdades mentais ao nos conceder o privilegio de sermos o primeiro grupo.

3
Resumo

Este trabalho tem como objectivo analisar o processo de construção dos Estados
Angolanos e as ideias políticas defendidas durante a guerra de libertação e a formação
dos Estados nacionais à luz da trajectória política dos Movimentos de Libertação de
Angola (MPLA, UPA/ FNLA, e apartirde1966, a UNITA) Tendo em vista que o MPLA
é o partido no poder desde a independência do país, em 1975, verifica-se importante
associação entre o mesmo e o Estado Angolano em si. Através de uma análise histórica
das relações internacionais, procurou-se demonstrar isso ao longo deste trabalho.

Uma ilustração histórica da política colonial portuguesa e das origens dos Movimentos
de Libertação Nacional., por sua vez, buscou-se compreender de forma sucinta as disputas
políticas entre esses Movimentos e, como eles impactaram o processo de construção do
Estado Angolano, e como o fim da Guerra Civil consagrou a hegemonia política do
MPLA no país., por fim, é feito um balanço da evolução política do MPLA no poder ao
longo da Guerra Civil. A partir da investigação do objecto de pesquisa.

1
SUMÁRIO

AGRADECIMENTO ....................................................................................................... ii
Resumo ............................................................................................................................ iii
Introdução ......................................................................................................................... 9
Delimitação ....................................................................................................................... 6
Problematica ..................................................................................................................... 6
Justificativa ....................................................................................................................... 6
Objectivos ......................................................................................................................... 1
Metódologia ...................................................................................................................... 7
Fundamentação teorica ..................................................................................................... 7
Invansão e colonnização de angola pelo os Portugueses ................................................ 11
Da invansão a conferencia de berlim (1884) .................................................................. 12
Da conferencia de Berlim ao inicio da guerra colonial (1961)....................................... 12
inicio dos conflitos greve da baixa do cassanje (1961) .................................................. 12
4 de Janeiro a revolta dos trabalhadores dos campos de algudão ................................... 15
4 De Fevereiro .................................................................................................................. 7
movimento indepedentistas formação dos movimentos de libertação nacional ............ 16
União dos povos de angola (UPA) FRENTE NACIONAL DA LIBERTAÇÃO DE
ANGOLA FNLA ............................................................................................................ 17
UNIÃO NACIONAL PARA INDEPENDECIA TOTAL DE ANGOLA (UNITA) ..... 20
Abertura da frente lesta 1966.......................................................................................... 21
Criação da UNITA.......................................................................................................... 21
Raizes politico-ideologicas da república e Angola a região .......................................... 23
Miguel Maria Nzau

JONAS MALHEIRO S. SAVIMBI 1934 2002

Alcides Sakala e sua ideologia

Lúcio Lara

Nito Alves

CONCLUSÃO

Bibliografia

5
INTRODUÇÃO

Em Angola, o primeiro a surgir foi o Movimento Popular de Libertação de


Angola (MPLA), em 1956, apoiado pelos Ambundos, várias outras etnias da região de
Luanda, Bengo, Cuanza Norte e Sul e Malange, brancos, mestiços, intelectuais angolanos
e membros da elite urbana. O MPLA era uma organização da esquerda política, resultado
da fusão do Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUAA) e do Partido
Comunista Angolano (PCA). Foi liderado por Agostinho Neto, secretariado por Viriato
da Cruz e apoiado, exteriormente, pela União Soviética e por Cuba; ainda tentou apoio
junto dos EUA mas sem sucesso pelo facto deste já estarem a ajudar a UPA/FNLA.Ao
longo da guerra, a organização política e militar do MPLA foi evoluindo a tal ponto que,
em 1970, ocupava uma grande área do país, que dividiu, militarmente, em Regiões
Militares (RM).

O marco histórico que inaugurou a luta anticolonial em Angola foram os ataques


as pressões em Luanda a 04 de Fevereiro de 1961. Embora não tenham sido coordenadas
por nenhum dos dois motivos, ambos reivindicaram sua autoria, já que existiam militantes
tanto do MPLA quanto da UNITA no grupo de revoltosos.O desenvolvimento do
nacionalismo a partir da sua origem Europeia, sempre baseou-se segundo René Remond,
em duas fontes nomeadamente a revolução Francesa considerada a primeira a suscitar o
nacionalismo moderno., o tradicionalismo ou historicismo que inspirou a tomada de
consciência e o desenvolvimento ao espírito patriótico.No caso de Angola não fugiu a
regra, movidos pelo espírito do nacionalismo e sentimento patriótico, alguns homens
defenderam suas ideologias não renunciando por nenhum motivo.

1
Mais adiante, abordaremos sobre as ideologias defendidas por alguns
nacionalistas angolanos durante o processo de libertação colonial. Nomeadamente: Jonas
Malheiro S. Savimbi; Alcides Sakala; Lúcio Lara; Migeuel Nzau Puna e Nito Alves.

7
DELIMITAÇÃO DO TERRITÓRIO ANGOLANO

A delimitação do território de Angola fez-se, no essencial, na Conferência de


Berlim onde Portugal teve que fazer pesadas concessões. Por um lado foi rejeitado
o Mapa cor-de-rosa que reclamava para Portugal uma extensa faixa que ligava Angola a
Moçambique, incluindo os territórios da (hoje) Zâmbia, do Maláui e do Zimbábue. Por
outro lado, teve que ceder ao Congo Belga uma faixa substancial ao longo da foz do Rio
Congo, de modo que o Congo Português ficou reduzido ao enclave de Cabinda.
Finalmente, teve que concordar em reconhecer o Rio Cunene como fronteira com a
colónia alemã do Sudoeste Africano. Acertos de detalhe levaram décadas, de modo que
as fronteiras definitivas de Angola só ficaram estabelecidas em meados dos anos 1920. É
esta também a data em que se pôde falar de uma "ocupação efectiva" de todo o território.

Da Conferência de Berlim ao início da guerra colonial (1961)

Só no século XIX os portugueses fariam incursões maiores no actual território de


Angola. Nas últimas décadas daquele século o seu propósito central foi o da ocupação do
maior território possível, contra a resistência dos povos que lá residiam, para afirmar-se
contra outras potências europeias na "Corrida para África" que havia começado. No
entanto, dados os seus recursos escassos, esta expansão levou muito tempo; no início
do século XX, menos de 10% do território atribuído pela Conferência de Berlim estava
sob controlo português efectivo, e uma ocupação completa, pela força militar só foi
alcançada em meados dos anos 20.Em meados do século XIX, em Luanda viviam vários
intelectuais portugueses e brasileiros, ao lado de comerciantes de escravos e delinquentes.
Esta diversidade social ajudou ao lançamento de jornais de conteúdo mais libertário.
Embora efémera, por volta da década de 1880, aquando da Conferência de Berlim,
circulou um certo sentimento de uma possível independência.

A partir da Implantação da República, a política portuguesa tornou-se


mais democrática. No entanto, durante os anos da Primeira República Portuguesa, a
instabilidade governamental foi muito grande, com sucessivas mudanças de governo. Em
1912, é criada a Liga Angolana e o Grémio Africano, organizações políticas coloniais
que, no entanto, tinham pouca expressão. Em Angola, no período de 1910 a 1926,
ocorrem várias greves entre os trabalhadores brancos, e alguns historiadores vêem aqui o
início da luta anticolonialista. A década de 1920 marca precisamente uma luta do governo
português às ideias dos movimentos nacionalistas, Em 1919, é criada a Liga Africana,
por dissidentes da Junta de Defesa dos Direitos de África, à qual estava ligada a Liga
Africana de Luanda. Em 1921, a Junta foi reestruturada passando a designar-se por
Partido Nacional Africano. Em 1922, o general Norton de Matos, então Alto-comissário
da República de Angola, decide suspender tanto a Liga Africana como o Grémio
Africano, prender Assis Júnior, e proibir os jornais de conteúdo "nativo"; estas acções
tomadas por Norton de Matos terão como resultado a passagem à clandestinidade do
nacionalismo angolano.

No período de 1922 a 1925, algumas manifestações de trabalhadores da região


compreendida entre Luanda e Malange são reprimidas, o que põe um ponto final em
quaisquer movimentações intelectuais. A partir desta data, as associações africanas,
enfraquecidas com a repressão, passaram a ter uma atitude de cooperação com as
autoridades portuguesas, praticamente desaparecendo política e socialmente até 1945 O
período conturbado da I República culmina em 1926, com a Revolução de 28 de Maio, e
a subida ao poder dos militares, e de uma nova política conservadora. A nova política
colonial passa a ser regida pelo Ato Colonial de 1930. Angola deteve o estatuto de colónia
portuguesa desde 1655 até 11 de Junho de 1951, data em que as colónias portuguesas
passaram a ser designadas por províncias ultra marinas.

1
Alcides Sakala e sua ideologia
Ele nasceu no Bailundo em 23 de Dezembro de 1953, é um político angolano da
UNITA e membro da Assembleia Nacional de Angola. Ele nasceu na Missão Evangélica
do Chilume. Fez os estudos primários no Bailundo e os estudos liceais na outrora cidade
de Nova Lisboa, hoje Huambo. Nesta cidade ingressou em Dezembro de 1974, tendo dois
anos mais tarde integrado a coluna do falecido Jonas Savimbi.

Aos 66 anos ele defendia a ideologia da:

➢ Unidade
➢ Integridade
➢ Acção para Victoria
➢ Ele foi formado em Ciências Politicas e relações internacionais.

1,Ele defendia a ideologia baseada na unidade nacional, pois para ele um dos
fundamentos mais importantes era e sempre será a unidade nacional, pois unidos somos
mais fortes.

2 – Integridade: Para Alcides Sakala era e continuará sendo necessário a integração


social e política de todas as pessoas. Apesar de cada pessoa defender a sua ideologia é
necessário preferências distintas, ainda assim é necessário não separar esta pessoa e nem
velo como inimigo, pois a diferença faz o mundo, é uma sociedade é e sempre será
composta por pessoas com ideologias distintas.

3 – Acção para vitória: O caminho para a vitória é longo e árduo, mais é necessário
continuar tentando novas estratégias para assegurar a paz e garantir que a vitória esteja
sempre do lado de todos aqueles que optarem por escolher a justiça.

O nacionalista e deputado á Assembleia Nacional pela bancada do MPLA, Miguel


Maria N´zau Puna, faleceu hoje, 17 de Julho, na Clínica Girassol, em Luanda, vitima de
doença aos 90 anos de idade.
“Simões Alcides 2006 Publicações Dom Quixote “ cita no seu livro
(Memorias de um guerrilheiro) Este diário retrata o meu quotidiano,
enquanto guerrilheiro, político e diplomata. Escrevi-o num dos períodos
mais difíceis da história de Angola, entre os anos de 1998 a 2002, numa
fase que considero como a mais importante da minha vida,
relativamente à consolidação das minhas convicções políticas e
ideológicas. [...] Estas reflexões são produto da experiência que vivi ao
longo de muitos anos de luta política, armada e diplomáticas, por um
ideal em que sempre acreditei: a implantação em Angola de um Estado
de Direito Democrático multipartidário.

1
INVASÃO E COLONIZAÇÃO DE ANGOLA PELOS
PORTUGUESES

Depois de quatro séculos de presença em território africano, no final do século


XIX, Portugal achou-se no direito de reivindicar a soberania dos territórios desde Angola
a Moçambique, junto das outras potências europeias. Para tal, teria lugar a Conferência
de Berlim em 1884 A partir desta data, foram várias as expedições efectuadas aos
territórios africanos, às quais se seguiram campanhas militares com o objectivo de
"pacificar" as populações.

A população tentou resistir mas, dada a superioridade bélica de Portugal,


rapidamente abandonaram a resistência por meio das armas. Décadas depois, Portugal foi
colocado frente-a-frente com guerras de independência, a primeira das quais a de Angola,
que também marcou o início da Guerra Colonial Portuguesa. Seguir-se-iam as da Guiné-
Bissau (1963) e de Moçambique (1964).

Influenciadas pelos movimentos de autodeterminação africanos do pós-guerra, o


grande objectivo das organizações independentistas era "libertar Angola do colonialismo,
da escravatura e exploração", impostos por Portugal. Embora Angola fosse um território
de grande riqueza de recursos naturais, nomeadamente em café, petróleo, diamantes,
minério de ferro e algodão, para o Governo de Portugal, liderado por António de Oliveira
Salazar, o que era preciso defender era o regime e não a economia Muitas vezes
incentivados pelo próprio Estado português, cerca de 110 000 imigrantes foram para as
colónias africanas, a grande maioria para Angola, nas décadas de 1940 e 1950; em 1960,
dos cerca de 126 000 colonos residentes em Angola, 116 000 eram originários de Portugal
se adaptar com técnicas de contra-subversão a partir de 1966. Em relação à guerrilha, esta
estava completamente adaptada ao terreno e ao clima difícil de Angola: moviam-se sem
dificuldade em pequenos grupos (10 a 40 elementos), aproveitando-se, ao nível logístico
e operacional, do apoio das populações.

No entanto, uma das principais ameaças dos guerrilheiros vinha do seu interior:
disputas tribais, diferenças étnicas e culturais. Ao longo do conflito, a UPA/FNLA, o
MPLA e a UNITA, que actuavam em diferentes regiões de Angola, por vezes
defrontavam-se entre eles. Estas divergências iriam agudizar-se após a Independência de
Angola, com a Guerra Civil Angolana.

3
Em Portugal, a guerra colonial era há muito tempo contestada: a população via os seus
familiares a morrer ou a ficarem deficientes; o país via os seus recursos financeiros a
esgotarem-se, a produção a decair e a inflação a subir; e surgiam vozes discordantes do
regime, desde a esquerda à direita, passando pela igreja católica, pelos movimentos
estudantis e pelas associações sindicais. Aliada a esta contestação social, e a uma pressão
internacional sobre a condução da Guerra Colonial Portuguesa, vai crescendo a influência
comunista sobre os militares portugueses.

O fim da guerra em Angola culminará com um golpe de Estado militar em


Portugal, a Revolução dos Cravos, a 25 de Abril de 1974.

A história de Angla encontra -se documentada do ponto de


vista arqueológico desde o Paleolítico, através de fontes escritas e orais,
desde meados do primeiro milénio. Este país da África
Austral constituiu-se na situação de uma colónia portuguesa, estatuto
que teve até 11 de Novembro de 1975, quando acedeu
à independência na sequência de uma guerra de libertação e de um
golpe militar na então "metrópole".

1
Da invasão à conferência de berlim (1884)

Em 1482, as caravelas do Reino de Portugal comandadas pelo navegador


português Diogo Cão chegaram ao Reino do Congo. Seguiram-se outras expedições e
estabeleceram-se relações entre os dois reinos. Os portugueses levaram armas de fogo,
diversos desenvolvimentos tecnológicos, a escrita e uma nova religião, o Cristianismo.
Em troca, o Reino do Congo ofereceu escravos, marfim e minerais e especiarias.

Em 1575, Paulo Dias de Novais funda Luanda com a designação de São Paulo da
Assunção de Loanda. Dispondo de cerca de 100 famílias e 400 soldados, Novais
estabelece uma "praça-forte" essencialmente destinada ao tráfico de escravos. Em 1605,
a coroa portuguesa atribui o estatuto de cidade a Luanda. Várias infra-estruturais
como fortes e portos foram construídas e mantidas pelos portugueses que, no entanto, não
procederam à ocupação de um território maior, fixando-se apenas em certos pontos do
interior imediato. Benguela, um forte desde 1587, passando a cidade em 1617, foi outro
ponto estratégico fundado e administrado por Portugal. A presença portuguesa nestes
pontos do litoral foi marcada por uma série de conflitos, tratados e disputas com as
unidades políticas próximas, nomeadamente o Reino do Congo, Reino do Dongo e
do Reino da Matamba.

A conquista portuguesa do território correspondente à actual Angola, a partir de


Luanda e de Benguela, teve início em começos do século XIX, abrandou durante várias
décadas, e retomou com força na segunda metade daquele século, já numa situação de
concorrência com as outras potências europeias.

A Conferência de Berlim decorreu entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de


Fevereiro de 1885 e participaram 14 países, entre os quais Portugal, incluindo
alguns Estados que não dispunham de colónias, como foi o caso dos países
escandinavos e dos EUA. Três aspectos principais constituíram a agenda: A
liberdade de comércio em toda a bacia do Rio Zaire e sua foz; A aplicação dos
princípios do Congresso de Viena quanto à navegação nos rios internacionais e
a definição de regras uniformes nas relações internacionais relativamente às
ocupações que poderão realizar-se no futuro nas costas do continente africano e
estatuir sobre o tráfico de escravos. A Conferência foi uma das mais importantes
realizadas na segunda metade do século XIX, visando, entre outras questões,
regular o designado “Direito Internacional Colonial”. A questão mais importante
para Portugal foi o capítulo VI do Acto Geral de Berlim, com a declaração
relativa às condições essenciais a preencher para que as novas ocupações na
costa do continente africano sejam consideradas efectivas, assim como é forçado
5
a reconhecer o princípio da livre navegação dos rios internacionais. Portugal
conseguiu ainda assegurar dois resultados da conferência: Impedir o
estabelecimento da “Associação Internacional Africana” na margem direita do
Zaire, a não inclusão no Acto Geral da referência inglesa à internacionalização
do Zambeze. Em 14 de Fevereiro de 1885 Portugal, por influência britânica,
assina uma convenção para regular as relações com a “Associação Internacional
do Congo”, onde reconhece a delimitação de fronteiras encontradas pelos seus
pares europeus. Em 23 de Fevereiro, este território viria a constituir o Estado
independente do Congo, recebendo como soberano Leopoldo II da Bélgica. Em
26 de Fevereiro de 1885, Portugal assina o Acto Geral da Conferência de Berlim.

Disponível em:
https://www.portaldiplomatico.mne.gov.pt/relacoesbilaterais/paisesgeral/confer
encia-de-berlim Os movimentos de libertação em Angola e a criação das
Forças Armadas Angolanas: contributos da ideologia política Luís Manuel
Brás Bernardino Tempo & Argumento, Florianópolis, v. 13, n. 34, e010 6,
set./dez. 2021 p.13 designa por “Colonialismo Moderno”.

1
1961 INICIO DOS CONFLITOS GREVE DA BAIXA DO
CASSANGE
4 De Janeiro: revolta dos trabalhadores dos campos de algodão

Revolta puramente laboral sem qualquer tipo de motivações políticas que nada
teve a ver com o início da guerra. A data de início do conflito não é consensual, embora,
para o Governo angolano, o 4 de Fevereiro de 1961 seja o dia oficial do início da Luta
Armada de Libertação Nacional. No entanto, um mês antes, a 4 de Janeiro, tem lugar a
Revolta da Baixa do Cassange (Malange), onde se dá um levantamento popular dos
milhares de trabalhadores dos campos de algodão da companhia Luso-Belga Cotonang.
As duras condições de trabalho e de vida, a constante repressão aliada à influência da
independência do Congo em Junho de 1960 (na região do Cassange viviam os congos que
tinham origens comuns com povos do Congo), foram os principais factores que deram
origem à sublevação destes angolanos. Os trabalhadores decidiram fazer greve e
armaram-se de catanas e canhangulos (espingardas artesanais). Designada por "Guerra de
Maria", por ter sido inspirada por António Marianoligado à UPA, os revoltosos destroem
plantações, pontes e casas.

A resposta das forças portuguesas é dura e violenta, através de companhias de


caçadores especiais e bombas incendiárias lançadas de aviões da Força Aérea
Portuguesa (FAP), tendo provocado um número bastante elevado de mortos: entre 200 a
300, ou mesmo alguns milhares. Todos estes acontecimentos são ocultados do público
em geral. Este dia é lembrado em Angola como o Dia dos Mártires da Baixa de Cassange,
e terá sido o acontecimento que "despertou consciência patriótica dos angolanos e de
unidade dos angolanos em prol da sua liberdade".

4 De Fevereiro

Enquanto duravam as operações de contenção da revolta de Cassange, a 4 de


Fevereiro, um grupo de cerca de 200 angolanos, alegadamente ligados ao MPLA, ataca
a Casa de Reclusão Militar, em Luanda, a Cadeia da 7ª Esquadra da polícia, a sede
dos CTT e a Emissora Nacional de Angola. O objectivo era libertar alguns detidos, mas
o ataque seria um fracasso, tendo morrido cinco polícias, um cipaio e um cabo da Casa
de Reclusão e 40 dos atacantes, e nenhum dos prisioneiros libertados. Este ataque
coincidiu com a presença de jornalistas estrangeiros que aguardavam por notícias do
navio Santa Maria, que tinha sido desviado pelo capitão Henrique Galvão e outros

7
oposicionistas ao regime português, e que, supostamente, iria atracar em Luanda. Deste
modo, ao contrário da revolta de 4 de Janeiro, os incidentes do 4 de Fevereiro foram do
conhecimento público.

A 6 de Fevereiro, durante as cerimónias fúnebres dos polícias, foram mortos cerca


de duas dezenas de cidadãos negros devido a uma alegada provocação; ao mesmo tempo,
as autoridades portuguesas, e vários cidadãos brancos, atacaram violentamente os
cidadãos étnicos angolanos que viviam nos musseques (bairros degradados). Cinco dias
depois, os separatistas do MPLA atacaram, de novo, uma prisão, ao qual os portugueses
responderam violentamente, provocando mais vítimas mortais.

O historiador angolano Carlos Pacheco descreve, em “MPLA, um


Nascimento Polémico”, o fervilhar político em Luanda, no final da década
de 50 e início da de 60 do século passado, afirma que o MPLA nasceu no
início de 1960 e não em 1956, ano apontado pela história oficial, e sugere-
nos que este Movimento estava ainda, no início de 1961, numa fase
incipiente. Uns meses antes a PIDE prendera Agostinho Neto e alguns
simpatizantes das suas ideias. Sobre o “4 de Fevereiro” não mostra dúvida
de que “quem arregimentou os revoltosos de 61, maioritariamente do
concelho de Icolo e Bengo, foi a UPA pela mão de Neves Bendinha”.

1
CONCLUSÃO

Concluiu-se que ao longo desse processo o MPLA passou por amplas


transformações, abandonando o projecto político nacionalista inicial e adoptando uma
roupagem liberal, mas com manutenção de uma estrutura política altamente centralizada
no Presidente.

A Guerra de Independência de Angola, também conhecida como Luta Armada


de Libertação Nacional, foi um conflito armado entre as
forças independentistas de Angola -UPA/FNLA, MPLA e, a partir de 1966,
a UNITA — e as Forças Armadas de Portugal.

Na opinião de Angola, a guerra teve início a 4 de Fevereiro de 1961, quando um


grupo de cerca de 200 angolanos, supostamente ligados ao MPLA, atacou a Casa de
Reclusão Militar, em Luanda, a Cadeia da 7.ª Esquadra da polícia, a sede dos CTT e a
Emissora Nacional de Angola No entanto, para Portugal e para a FNLA, a data é 15 de
Março do mesmo ano, data do massacre perpetrado pelas forças de Holden Roberto, a
UPA, na região Norte de Angola.

A guerra prolongar-se-ia por mais 13 anos, terminando com um cessar-fogo em


Junho (com a UNITA) e Outubro (com a FNLA e o MPLA) de 1974. A independência
de Angola foi estabelecida a 15 de Janeiro de 1975, com a assinatura do Acordo do
Alvor entre os quatro intervenientes no conflito: Governo português, FNLA, MPLA e
UNITA. A independência e a passagem de soberania ficaram marcadas para o dia 11 de
Novembro desse ano.

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Resumo

Este trabalho tem como objectivo analisar o processo de construção dos Estados
Angolanos e as ideias políticas defendidas durante a guerra de libertação e a formação
dos Estados nacionais à luz da trajectória política dos Movimentos de Libertação de
Angola (MPLA, UPA/ FNLA, e apartirde1966, a UNITA) Tendo em vista que o MPLA
é o partido no poder desde a independência do país, em 1975, verifica-se importante
associação entre o mesmo e o Estado Angolano em si. Através de uma análise histórica
das relações internacionais, procurou-se demonstrar isso ao longo deste trabalho.

Uma ilustração histórica da política colonial portuguesa e das origens dos


Movimentos de Libertação Nacional., por sua vez, buscou-se compreender de forma
sucinta as disputas políticas entre esses Movimentos e, como eles impactaram o processo
de construção do Estado Angolano, e como o fim da Guerra Civil consagrou a hegemonia
política do MPLA no país., por fim, é feito um balanço da evolução política do MPLA no
poder ao longo da Guerra Civil. A partir da investigação do objecto de pesquisa.

1
MOVIMENTOS INDEPENDENTISTAS FORMAÇÃO DOS
MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO NACIONAL

Em Angola, o primeiro a surgir foi o Movimento Popular de Libertação de


Angola (MPLA), em 1956, apoiado pelos ambundos, várias outras etnias da região de
Luanda, Bengo, Cuanza Norte e Sul e Malange, brancos, mestiços, intelectuais angolanos
e membros da elite urbana. O MPLA era uma organização da esquerda política, resultado
da fusão do Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUAA) e do Partido
Comunista Angolano (PCA). Foi liderado por Agostinho Neto, secretariado por Viriato
da Cruz e apoiado, exteriormente, pela União Soviética e por Cuba; ainda tentou apoio
junto dos EUA mas sem sucesso visto este já estarem a ajudar a UPA/FNLA.[

Ao longo da guerra, a organização política e militar do MPLA foi evoluindo a tal


ponto que, em 1970, ocupava uma

Viriato da Cruz e apoiado, exteriormente, pela União Soviética e por Cuba; ainda
tentou apoio junto dos EUA mas sem sucesso visto este já estarem a ajudar a UPA/FNLA.

Ao longo da guerra, a organização política e militar do MPLA foi evoluindo a tal


ponto que, em 1970, ocupava uma grande área do país, que dividiu, militarmente, em
Regiões Militares (RM).

As forças do MPLA ascenderam a 4 500 elementos e estavam equipados com


armamento e munições soviéticos que era distribuído através da Zâmbia; era também a
partir deste país que o MPLA recebia medicamentos e alimentos enlatados.

O seu armamento incluía pistolas TokarevTT; pistolas-metralhadora


de calibres 9 mm M/25 e7,62 mm PPSH; espingardas
semiautomáticas Simonov e Kalashnikov; metralhadoras de diversos calibres; morteiro
de 82 mm; lança-granadas-foguete (a partir de 1970) e minas anticarro e antipessoal.

11
União dos Povos de Angola (UPA)/Frente Nacional de Libertação de Angola
(FNLA)

A 7 de Julho de 1954, é formada a União das Populações do Norte de Angola,


apoiada pelo Congo, pelo grupo étnico congo, do Noroeste e Norte de Angol e com fortes
ligações ao Zaire, através do seu líder Holden Roberto, amigo e cunhado do
Presidente Mobutu Sese Seko; em 1958 passa a designar-se, de forma mais abrangente,
por União das Populações de Angola (UPA). A partir de 1962, une-se ao Partido
Democrático de Angola criando a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA),
organização pró-americana e a facção armada da UPA/FNLA era o Exército de
Libertação Nacional de Angola (ELNA). Os seus Emblema da UPA apoios vinham do
Congo e da Argélia, e as suas tropas eram treinadas no Zaire as quais recebiam fundos
norte-americanos e armamento dos países do Leste Europeu, embora se considerassem
anticomunistas. Estavam armados com espingardas semiautomáticas Simonov e
Kalashnikov; pistolas; morteiros de 60 mm e 81 mm; e lança-granadas-foguete.

União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA)

anti-soviética. Em 1960, Holden Roberto assina um acordo com o MPLA para


juntos lutarem contra as forças portuguesas, mas acabou por lutar sozinho. A FNLA
chegou mesmo a criar um governo no exílio, o GRAE - Governo Revolucionário de
Angola no Exílio.

1966: abertura da frente Leste

Criação da UNITA

Em 1966, Jonas Savimbi cria a UNITA, depois de ter saído em conflito com
Holden Roberto da FNLA/GRAE. Praticamente limitado ao apoio dos ovimbundos,
Savimbi estabelece a sua base na Zâmbia, e em alguns pontos de Angola. A primeira
operação da UNITA data de Dezembro de 1966, com um ataque a Cassamba, no Leste,
seguido de outro a Teixeira de Sousa. De acordo com os militares portugueses, porém, o
MPLA reivindica para si a autoria deste ataque em Março desse ano. No entanto, um ano
depois, a organização de Savimbi é expulsa da Zâmbia após ter atacado o caminho-de-
ferro de Benguelae um comboio que transportava cobre. Embora frágil em relação ao
armamento, a força da UNITA baseava-se essencialmente na personalidade forte de
Savimbi que conseguia o apoio em massa das populações. Neste ano, a UNITA de
Savimbi, aumenta a sua actividade na zona Leste, rumo ao Bié. Em 1968, com o apoio da
1
população, a UNITA consegue infligir sérios danos ao caminho-de-ferro de Benguela,
destruindo vários metros de carris e fazendo descarrilar várias composições. De acordo
com Savimbi, a UNITA passa a ter a sua sede no interior de Angola.

Durante o ano de 1955, Mário Pinto de Andrade e o seu irmão Joaquim, criaram
o Partido Comunista Angolano (PCA). Em Dezembro de 1956 o PLUAA juntou-se ao
PCA, que funcionava na clandestinidade influenciado pelo Partido Comunista
Português (PCP),] para fundar o Movimento Popular de Libertação de
Angola (MPLA). Este, liderado por Viriato da Cruz, Mário Andrade, Ilidio
Machado e Lúcio Lara, obteve o apoio dos ambundos de Luanda. Em 1959, tem lugar a
Conferências dos Povos de África, em Acra. As forças nacionalistas aproveitam o evento
para, com o apoio das populações dos musseques de Luanda, se manifestarem nas ruas
contra a escravatura e exigindo a independência. As autoridades responderam à
manifestação com força e, nos dias seguintes, a polícia fez detenções nos
musseques. Em junho de 1960, no seguimento de reivindicações para uma solução
pacifica do problema colonial, vários membros do MPLA, entre eles Agostinho Neto e
Joaquim Pinto de Andrade, são presos em Lisboa; dois anos depois, Agostinho Neto
consegue evadir-se da sua residência, em Maio de 1962.

Em 1954, o governo português cria o Estatuto do Indigenato. Esta lei dividia a


população entre dois grupos: os "civilizados", vulgo cidadãos, e os "indígenas" (...) que
não possuíam ainda a instrução e os hábitos individuais e sociais pressupostos para a
aplicação integral do direito público e privado dos cidadãos portugueses. Desta forma,
os africanos das províncias ultramarinas não possuíam direitos políticos - não podiam
formar partidos nem sindicatos; podiam estabelecer associações de carácter cultural,
porém sempre sob a supervisão da PIDE. Por outro lado, o estatuto permitia que os jovens
africanos viajassem para Portugal para estudar nas universidades. Destaquem-se os casos
de Mário Pinto de Andrade e de seu irmão Joaquim, que ingressaram da Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa; Agostinho Neto, que estudou Medicina em Coimbra e
Lisboa; e Jonas Savimbi, que frequentou o liceu em Lisboa. Esta dupla situação, forçou
a que muitos cidadãos angolanos e moçambicanos se organizassem na clandestinidade e
definissem a luta armada como meio de atingir a independência. Em Portugal, os
estudantes das colônias criam a associação Casa dos Estudantes do Império, em 1943,
passando à tutela do governo em 1944. O objectivo era formar elites a partir de naturais
das províncias ultramarinas. No entanto, passam por esta associação vários estudantes,

13
que mais tarde seriam líderes nas guerrilhas de libertação, escritores e políticos como
Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Eduardo Mondlane, Luandino Vieira, Marcelino dos
Santos, Pepetela ou Mário Pinto de Andrade. Em 1961, cerca de 100 estudantes africanos
fogem de Lisboa para França, onde uns foram estudar e outros se juntar aos movimentos
independentistas. As casas dos Estudantes do Império de Coimbra e do Porto seriam
encerradas em 1961, e a de Lisboa em 1965.

Dos três movimentos nacionalistas, o MPLA era o de natureza mais elitista dado
ter nas suas fileiras membros que tinham estudado em Portugal e que faziam parte de
famílias afro-portuguesas de elite; o seu apoio não tinha origem étnica.[88] O fim deste
Estatuto data de 1961, ano em que Adriano Moreira, ministro do Ultramar, o
revoga. Com o fim do Estatuto, passa a ser possível aos angolanos "indígenas" terem
cidadania portuguesa, sem qualquer tipo de discriminação; e a puderem ser integrados no
sistema educacional nacional.

Conteúdo estraido da “wikpedia enciclopédia livre”


http://www.sciencemag.org/cgi/data/1172257/DC1/1Federal de
Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de
Pós-Graduação em Antropologia Social, Florianópolis, 2015.↑ Coca
de Campos , Rafael (2022). «Kakombola: O genocídio dos Mucubais
na Angola Colonial, 1930 – 1943». Atena Editora. ISBN 978-65-
5983-766-3. doi:10.22533/at.ed.663221201↑ Velez, Rui (2010).
Salazar e Tchombé. o apoio de Portugal ao Catanga (1961-1967),
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de
Lisboa.↑ Christine Messiant (2006). L'Angola colonial, histoire et
société: Les prémisses du mouvement nationaliste. Basileia:
Schlettwein↑ A situação em que Angola se encontrava naquela altura
é descrita em Victoria Brittain, Morte da Dignidade: A guera em
Angola, Lisboa: Dom Quixote, 1996.

1
JONAS MALHEIRO S. SAVIMBI 1934 2002

Natural de Bié, estudou em Portugal de 1958 a 1961, licencio se em ciências


políticas na universidade de Lousana Suica. Foi dirigente da UPA/FNLA alcançando o
cargo de M.N.E Ministério de Negócios Estrangeiros do GRAE e secretário-geral da
FNLA e em 1966 funda a UNITA. Foi o único dos presidentes dos movimentos políticos
de lebertacao nacional que viveu com a direcção do movimento no interior de angola
comandando directamente e pessoalmente a luta armada.Foi o segundo candidato mais
votado nas eleições gerais de multipartidárias realizadas em 29 a 30 de Setembro de 1992,

Nota: foi morto em combate.

Ideologias defendidas por Jonas M. Savimbe:Angolanidade: era apologista de que


deveria se valorizada, respeitada e acima de tudo, ser posto em primeiro lugar o angolano.

OBS: Para o Dr. Jonas Savimbi o mais importante era resolver e organizar o povo
angolano e que nunca mais e sob nenhuma condição retroceder para escravatura ou
opressão. Africanidade: os negros possuem os mesmos valores que os brancos. Todos
eram detentores da liberdade e livre expressão as culturas e tradições deveriam ser
respeitadas valorizadas e ensinadas as gerações futuras valorizadas como um legado
deixado para todas gerações.Para Dr. Jonas Savimbi a oprssao e a escrevatura bem como
todas formas de descriminação deriam ser erradicadas do meio dos angolanos pois são
todos negros.Frase em 1 angolano em 2 angolano em 3 angolano e em último angolano
não sei aonde poderiam ficar os estrangeiros! Deveriam voltar em suas terras.


m Angola, o MPLA enfrentou duramente a União Nacional para a
Independência Total de Angola (UNITA), fundada em 1964 por Jonas
Savimbi e de ideologia antimarxista. Em Moçambique, a luta armada
contra os portugueses deu-se a Em Moçambique, a luta armada contra
os portugueses deu-se a partir de 1964, com a Frente de Libertação de
Moçambique (FRELIMO), coordenando as ações, sob a liderança de
Eduardo Chivambo Mondlane, um soba que fora educado na África do
Sul e nos Estados Unidos. Em São Tomé e Príncipe, bem como
na Guiné-Bissau, os movimentos pela libertação foram tomando corpo
e exigindo a presença de tropas cada vez mais numerosas para conter
os revolucionários.
- Como citado in: História Da Literatura Portuguesa - Página 61,
José Édil de Lima Alves - Editora da ULBRA,
2001, ISBN 8575280074, 9788575280072 -
134páginas

15
AS RAÍZES POLÍTICO-IDEOLÓGICAS DA REPÚBLICA DE
ANGOLA A REGIÃO

Que designamos actualmente por República de Angola foi um território habitado


já desde a pré-história, como atestam vestígios encontrados na região das Lundas, no
Congo e mais a sul, no deserto do Namibe, entre outras áreas geográficas de Angola e
regiões limítrofes. Porém, só milhares de anos mais tarde, em plena proto-história,
receberia povos paleontologicamente relevantes, tendo sido os primeiros a instalarem-se
na região, os “Bochimanes” (ou Boximanes), considerados grandes caçadores, de estatura
pigmóide e claros (cor acastanhada) que, segundo John Reader, povoaram e dominaram
as regiões do norte de Angola.

(READER, 1999, p. 371-375). A afirmação desses povos deu-se primeiramente


com a demarcação de territórios, leis e pela afirmação de costumes próprios e
pela assunção de culturas e ritos distintos, garantindo uma grande unidade
política do seu território, que passaria à história do continente e de Angola como
o afamado “Reino do Congo”. 3 No início do século VI d.C., povos mais
evoluídos e também mais aguerridos inseridos tecnologicamente na designada
“Idade dos Metais”, empreenderam uma das maiores e mais significativas
migrações da História de África. Eram os povos “Bantu”, originários dos
“Bakongos”, que vieram do Norte, provavelmente da região da atual República
dos Camarões. Esses povos, ao chegarem à região que hoje conhecemos por
Angola encontraram os “bochimanes“ Bochimanes” e outros grupos menores,
bem mais primitivos e rudimentares, impondo-lhes as suas tecnologias nos
domínios da metalurgia, cerâmica e na agricultura, com reflexos ao nível do
domínio territorial e das zonas de caça, e consequentemente, em termos de um
maior poderio militar e de liderança regional. A instalação dos Bantu na região
decorreu ao longo de vários séculos (nem sempre pacíficos), gerando diversos
subgrupos (que se digladiavam constantemente pela posse de territórios de caça
e controlo de zonas com água ou abundante alimentação) e que viriam a
estabilizar-se em etnias e grupos étnicos que perduram até aos dias de hoje,
explicando a complexa diversidade do mosaico étnico que caracteriza Angola e
toda a região subsariana. (ZERBO, 2010, p. 302) (MOKHTAR, 2010, p. 587).
Os movimentos de libertação em Angola e a criação das Forças Armadas
Angolanas: contributos da ideologia política Luís Manuel Brás Bernardino
Tempo & Argumento, Florianópolis, v. 13, n. 34, e010 6, set./dez. 2021 p.10
Este Império surgiu no início do século XIII, estendendo-se até ao Gabão a norte,
ao Rio Kwanza a sul e para o interior do continente até ao Rio Cuango, afetando
as dinâmicas regionais da época, marcando o espaço e o tempo de um reinado
que teve uma importância significativa na História de Angola, na maioria dos
países da região subsariana e em África. Mais tarde, com o advento das
“Descobertas”, no início do século XV d.C., a presença portuguesa na região
foise intensificando, eram, por uma razão que se dirá, inclinadas à guerra […]”
(LIMA, 1946, p. 130), estando esta razão associada a “[…] que os congoleses,
angolas, dembos, jagas, jingas, libolos, etc. procuravam sucessivamente alianças
com os portugueses para diminuir questiúnculas de libalas […]” (LIMA, 1946,
p. 130), em que a conflitualidade era um elemento intrínseco e sempre presente
na relação entre os povos da região (COQUERYVIDROVITCH, 2011). Os
movimentos de libertação em Angola e a criação das Forças Armadas
Angolanas: contributos da ideologia política Luís Manuel Brás Bernardino
Tempo & Argumento, Florianópolis, v. 13, n. 34, e010 6, set./dez. 2021 p.11
Como refere Richard Patte, a presença dos portugueses

1
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Guerrilla Warfare (1962-1976), Cambridge, Mass. & Londres, MIT Press, 1978
• René Pélissier, Les Guerres Grises: Résistance et revoltes en Angola (1845-1941),
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17
• René Pélissier, La colonie du Minotaure: Nationalismes et revoltes en Angola (1926-
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• René Pélissier, Les campagnes coloniales du Portugal, Paris: Pygmalion, 2004
• Graziano Saccardo, Congo e Angola con la storia dell'antica missione dei Cappuccini,
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• Adelino Torres, O Império Português entre o real e o imaginário, Lisboa: Escher, 1991
• Douglas Wheeler & René Pélissier, História de Angola, Lisboa: Tinta da China, 2009

Delimitação do tema

A presente pesquisa enquadra-se no âmbito sócio histórico. As presentes pesquisa


enquadra-se no âmbito sócio histórico da história das ideias politicas e contextualiza-se
no território angolano.

Problema científico

Como compreender As principais ideias Politicas durante as guerras de libertação


e formação dos estados Nacionais (Angola)

Justificativa

Para os académicos a presente pesquisa vai contribuir para uma maior e melhor
compreender como e quais foram as principais ideias politicas durante a guerra de
libertação colonial em Angola e na satisfação do pesquisador com base ao assunto.

Para os pesquisadores científicos vai contribuir para o aumento dos seus interesses
e conhecimento a respeito do assunto em causa.

Para sociedade a pesquisa vai contribuir para a melhor relação e interesse nas
histórias de Angola e não só.

Objectivos gerais

Explicar as principais ideias política durante as guerras de libertação e formação dos


estados nacionais.

Objectivo específico

Conceituar o tema a luz da cadeira de histórias das ideias políticas.

Enquadrar o tema a luz do território nacional angolano.

1
Abordar o tema a luz da revisão da literatura.

Métodos utilizados

Para a efetivação dos objectivos preconizados, a pesquisa serviu-se de métodos


bibliográficos, documental e histórico.

Metodologia
Para a efectivação dos objectivos preconizados a pesquisa serviu-se de métodos
bibliográfico, documental e histórico.

19
Miguel Maria N'Zau
Puna (Cabinda, 23 de fevereiro de 1933 — Luanda, 17 de julho de 2022) foi
um militar, diplomata e político angolano. Serviu como Secretário-Geral da UNITA de
1966 até 1992, ocupando vários cargos no governo angolano já como filiado
ao MPLA.N'Zau Puna nasceu em 23 de março de 1933, em Cabinda.[2] Seu pai era José
Cabinda e sua mãe era Margarida Swaly.

Fez seus estudos primários na Escola da Missão Católica de Cabinda, e o


secundário na Escola da Missão Católica de Malanje.

Exilou-se no Congo-Léopoldville, em 1961, onde filiou-se à Frente Nacional de


Libertação de Angola (FNLA). Foi enviado pela direção do partido para estudar na
Escola de Agricultura de Moghrane, Tunísia, e na Escola Superior de Cooperação, tendo
recebido treino militar na China.

Em 1966 participou na fundação da União Nacional para a Independência Total


de Angola (UNITA), um grupo rebelde que lutou contra o Movimento Popular de
Libertação de Angola (MPLA) na Guerra Civil Angolana.

De 1968 a 1989 foi secretário-geral da UNITA e em 1982 foi comandante da


Frente Noroeste. Promovido a general das Forças Armadas de Libertação de Angola
(FALA), foi nomeado Ministro do Interior no Governo das Terras Livres de Angola (ou
Conselho Nacional da Revolução), a entidade conta-governamental responsável
pela República Popular Democrática de Angola.

Pouco antes das eleições gerais de Angola em 1992 deixou a UNITA


com António da Costa Fernandes denunciando o facto do líder do partido, Jonas Savimbi,
ter ordenado os assassinatos de Wilson dos Santos, delegado da UNITA em Portugal,
e Tito Chingunji, um dos principais estrategistas políticos e chefe dos negócios
estrangeiros do partido. As mortes de Dos Santos e Chingunji e as deserções de Fernandes
e Puna enfraqueceram as relações entre os Estados Unidos e a UNITA e prejudicaram
seriamente a reputação internacional de Savimbi.

Após a sua deserção, ingressou no MPLA, com o qual foi nomeado vice-ministro
da administração territorial de 1997 a 1999. De 28 de Setembro de 2000 a 2008, foi
embaixador de Angola no Canadá[1] e deputado pelo MPLA na Assembleia
Nacional Angolana, eleito nas eleições legislativas angolanas de 2008. Faleceu em
Luanda em 17 de Julho de 2022.

1
Lúcio Lara

Lúcio Rodrigo Leite Barreto de Lara (Caála, 9 de abril de 1929 — Luanda, 27


de fevereiro de 2016), também conhecido por seu nome de guerra Tchiweka, foi
um físico-matemático, político, professor, ideólogo anticolonial e um dos membros
fundadores (e presidente) do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

Foi presidente interino de Angola por dez dias, em setembro de 1979, entre a
morte de Agostinho Neto e a posse de José Eduardo dos Santos. Foi membro do
parlamento angolano desde a independência até 1992.

Nascido na cidade de Caála, na província do Huambo (até então chamada de Nova


Lisboa), em 9 de abril de 1929, era filho de Lúcio Gouveia Barreto de Lara, um português
da Malhada Sorda que trabalhava como gerente de fazenda e depois como comerciante,
e Clementina Pinto Leite (após casada seu sobrenome tornou-se Leite Barreto de Lara),
uma luso-angolana nascida no Bailundo que era neta do soba Tchiweka (de quem
inclusive Lúcio Lara tomou o nome de guerra).

Fez seus estudos primários na cidade do Huambo, com sua família deslocando-se
para o Lubango para que pudesse completar o ensino secundário no Liceu Diogo Cão
(atual Escola Rei Mandume ya Ndemufayo).

Juventude: entre a vida académica e a militância política

Em 1949 rumou para Portugal, aportando em Lisboa, donde decidiu cursar


licenciatura em matemática na Universidade de Lisboa. Ficou albergado na Casa dos
Estudantes do Império, que já era o berço do pensamento anticolonial. Foi ali que
conheceu António Agostinho Neto, com quem construiria um longo laço de
amizade, além do núcleo ideológico que daria suporte à formação do Movimento Popular
de Libertação de Angola (MPLA).

Neste ínterim, em 1951 alista-se para prestar serviço militar em Portugal, não
concluindo o período por ficar muito doente.

Nisto, continuou seus estudos até formar-se matemático em Lisboa, já em 1952.


Ingressa na Universidade de Coimbra em 1954 para estudar físico-química, albergando-
se na unidade da Casa dos Estudantes do Império de Coimbra. Neste período funda, com
vários estudantes anticoloniais e operários africanos na metrópole, o Clube Marítimo
Africano em Lisboa, entidade recreativa-desportiva que também servia como centro de

21
debates acerca do problema colonial, elemento importante para burlar a vigilância dos
serviços secretos portugueses e evitar a interceptação de correspondências.

Em 1955 filia-se ao Partido Comunista Angolano (PCA) e passa a organizar o


Movimento Anticolonial (MAC), com o apoio do Movimento de Unidade Democrática-
Juvenil, mantendo convivência muito próxima aos quadros do Partido Comunista
Português (PCP). Participou do V Congresso do PCP, realizado na clandestinidade em
setembro de 1957, com suas teses influenciando o voto favorável à autodeterminação dos
povos das colônias. A Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) toma
conhecimento de sua liderança ideológica, e passa a ser monitorado. Vai ao congresso do
PCP já como signatário-fundador do Manifesto do MPLA (fundado em Dezembro de
1956), tornando-se seu principal ideólogo, sendo inclusive atribuído a ele a construção
marxista-leninista e sua fixação definitiva como corrente dominante até a década de 1990.

No seio do MAC e do PCP conhece em Lisboa a Ruth Pflüger, filha de pai alemão
e de mãe judia-alemã (que haviam fugido do nazismo), com quem casa-se naquela
capital em 1955. Na data da morte de Agostinho Neto, Lara era o mais alto membro do
bureau político e vice-presidente do MPLA. Com isto, assumiu interinamente as funções
de presidente do partido, e, por extensão, de presidente da República Popular de Angola.

1
Nito Alves

A 23 de Julho de 1945m na aldeia do piri concelho dos dembos (actual província


do Kwanza Norte) nasceu em Angolam Alves Bernardo Baptistam filho de Bernardo
Baptista Panzo e de Maria Joao Pauo.

Teve uma infância e adolescência profundamente marcadas pela agressão e


hostilidade permanentes de condicionalismos sociais e políticos que o rodeavam e
comprimiam frutos malditos do colonialismo opressor que mantinha ferozmente
dominada a sua pátria e o seu povo.

Nito Alves lutava nas fileiras do MPLA desde 1961. Quando em 1974 se dá o 25
de Abril em Portugal, era o comandante militar das Forças Armadas Populares de
Libertação de Angola (FAPLA) na I Região Político-Militar, responsável pelos combates
nos Dembos, Luanda e Norte de Angola.

Durante o período do Conselho Presidencial do Governo de Transição, organismo


criado pelo Acordo do Alvor em janeiro de 1975, transformou-se no líder dos militantes
do MPLA nos musseques de Luanda, onde organizou os comités denominados "Poder
Popular", que lutaram durante os primeiros momentos da guerra civil em Luanda contra
a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA).

Neto tinha dado a Alves a tarefa de reprimir as dissidências dos Comitês Amílcar
Cabral (CAC) e Henda, e depois a Organização Comunista de Angola (OCA). Enquanto
tinha sucesso na empreitada repressiva, expandia sua própria influência dentro do MPLA
por meio do controle dos jornais e da televisão estatais do país.

Fraccionismo, também chamado de grupo de Nito ou nitismo, foi o nome dado


ao movimento político angolano de cariz comunista ortodoxo, liderado por Nito Alves,
ex-dirigente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). O movimento
articulou-se como dissidência no seio do MPLA após a independência de Angola, em
oposição ao Presidente Agostinho Neto, e lançou em Luanda uma tentativa de golpe de
Estado a 27 de maio de 1977.

Na concepção dos Fraccionistas, quando Angola conquista a independência em


1975 já havia no seio do MPLA uma "desvirtuação" dos ideais pelos quais muitos
militantes haviam lutado. Houve uma grave cisão no seio do movimento entre os
chamados moderados, empenhados num crescimento cuidadoso e gradual, congregados

23
à volta de Agostinho Neto, Lúcio Lara, Iko Carreira, Saíde Mingas e Lopo do
Nascimento,[2] e uma facção radical, com Nito Alves e José Jacinto Van-Dúnem à
cabeça, que opunha-se a uma suposta predominância de mestiços e brancos no governo e
contra as políticas socioeconômicas, a que atribuíam a pobreza em massa do pós-guerra
de independência e guerra civil recém-iniciada.

O foco de divisão surge entre novembro de 1975 e janeiro de 1976, com os


primeiros discursos de Nito Alves nos meios de comunicação Estatal sobre injustiças e
condições socioeconômicas da população angolana, criticando certos privilégios a alguns
setores da sociedade que ainda persistiam do período colonial, Em pouco tempo seu
discurso inflamado nos veículos de comunicação angolanos tinha deixado de ser contra o
imperialismo e os movimentos rivais ao MPLA (classificados como "traidores" da
revolução) e rumado para uma suposta luta de classes que na verdade era traduzida em
Angola como uma luta dos negros contra uma "elite branco-mestiça". Segundo os radicais
nitistas, mestiços e brancos desempenhavam um papel extremamente desproporcionado
no funcionamento do governo de uma nação predominantemente negra. Embora o
presidente Agostinho Neto defendesse a implantação de um governo multirracial, alguns
membros do governo, como Nito Alves, lançavam abertamente um apelo racista às
massas.

Nito Alves era considerado por alguns o segundo homem do poder, logo a seguir
a Agostinho Neto, e fora nomeado Ministro da Administração Interna quando o MPLA
formou o primeiro governo de Angola. Porém, o seu descontentamento com a alegada
orientação de Agostinho Neto a favor dos intelectuais urbanos mestiços como Lúcio Lara,
Presidente do Conselho da Revolução, influente histórico e um dos principais ideólogos
do partido; o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Teixeira Jorge, e; o
Ministro da Defesa, Iko Carreira, fomentou um foco de divisão no seio do Governo.

O discurso nitista de uma luta de classes com roupagem racial radicalizou quando
retornou da missão diplomática partidária que realizou com seu mais próximo aliado, José
Jacinto Van-Dúnem, ao XXV Congresso do Partido Comunista da União
Soviética (PCUS), entre o final de fevereiro e o início de Março de 1976. No retorno em
Março de 1976, discursou defendendo que deveria ocorrer a "transformação do MPLA
em partido político armado com a teoria científica-revolucionária", indicando uma visão
de implantação da linha marxista-leninista e do modelo soviético no programa do partido
e nas políticas de Estado. Utilizando-se de forte propaganda midiática entre os setores

1
populares, a temática racial ganhava destaque nos debates nitistas, havendo uma clara
separação ao final de 1976 entre a ala de Nito e o grupo dirigente de Neto.

Esta divisão tornou-se mais evidente quando em Luanda na 3ª Reunião Plenária


do Comité Central do partido, realizada de 23 a 29 de outubro de 1976, se decidiu a
suspensão por seis meses de Nito Alves e de José Jacinto Van-Dúnem, acusados
formalmente de "fraccionismo" por terem sido protagonistas da criação de um 2º MPL.
Nesta reunião plenária, o Comité Central do MPLA extinguiu o Ministério da
Administração Interna (chefiado por Alves).

Em consequência da suspensão, Nito Alves e José Jacinto Van-Dúnem


propuseram a criação de uma comissão de inquérito para averiguar se havia ou não
fraccionismo no seio do partido. O trabalho da comissão — presidida por José Eduardo
dos Santos — caracterizou-se pela morosidade da apresentação das suas conclusões sobre
o Fraccionismo, levando a alastrar a divisão no seio do MPLA. É de referir que devido a
morosidade dessa comissão de inquérito, algumas suspeitas chegaram a recair sobre o
próprio José Eduardo dos Santos, dado que tinha certa simpatia pelo nitismo e nutria as
mesmas visões raciais do movimento. No entanto, José Eduardo dos Santos foi ilibado
pelo comissário provincial da Huíla, Belarmino Sabugosa Van-Dúnem. A esposa de José
Jacinto Van-Dúnem, Sita Valles, com ligações ao PCUS, foi também expulsa do MPLA,
acusada de ser uma agente infiltrada da polícia secreta Comitê de Segurança do Estado
da URSS, o famoso KGB.

A expulsão de Nito e Van-Dúnem agitou a massa apoiante do movimento


Fraccionista-Nitista, que organizou-se para sair em manifestação no país a 27 de maio de
1977 contra a linha de orientação de uma suposta "elite branco-mestiça" e contra a
deterioração da vida do povo e carência generalizada de géneros alimentares, procurando
obter o apoio de Agostinho Neto às suas pretensões de depurar o partido para garantir o
aprofundamento da revolução popular. Facto é que a massa popular apoiante de Nito
Alves não tinha conhecimento total de que o plano era orquestrado, com elementos bem
colocados em locais e organismos do Estado e do MPLA, inclusive com manipulação de
mídias e das bases populares, para aplicar um golpe de Estado e de tomada de poder no
partido.

Em 27 de maio de 1977 Nito Alves liderou um movimento de protesto que se


dirigiu para o Palácio Presidencial, supostamente para apelar ao Presidente Neto para que

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tomasse uma posição contra uma suposta conspiração ou "santa aliança" entre a social-
democracia e o maoísmo que estavam a definir os rumos do MPLA, defendendo que se
alterasse essa tendência com o retorno à linha marxista-leninista pura.

Paralelamente as forças Fraccionistas-Nitistas dirigem o assalto à cadeia de São


Paulo, a tomada da Rádio Nacional de Angola e a incitação popular dos operários e das
massas populares à revolta. Os Nitistas conseguiram capturar importantes elementos da
liderança do Estado angolano, do partido e militares contrários à revolta, levando-os para
os musseques, onde são, posteriormente, assassinados.

No final da tarde de 27 de maio a tentativa de golpe já tinha sido debelada na


cidade de Luanda e os organismos de repressão entram nas zonas rebeldes da capital em
busca dos participantes da intentona. Na Rádio Nacional, Agostinho Neto resume os
acontecimentos, anuncia o retorno do controle da capital e dá o tom da purga que se inici.

Logo nessa mesma noite, a DISA, sob comando de Ludy Kissassunda e Henrique
Onambwé, começou as buscas às casas à procura dos líderes Nitistas. No rescaldo do
golpe, muitas pessoas foram submetidas a prisões arbitrárias, torturas, condenações sem
julgamento ou execuções sumárias, levadas a cabo pelo Tribunal Militar Especial ou
Comissão Revolucionária.

A purga nacional contra o Fraccionismo durou cerca de dois anos. Tipicamente,


após os julgamentos sumários, os ditos "traidores" eram apresentados na TV angolana
antes de serem fuzilados. Foram mortos combatentes experientes, jovens militantes,
intelectuais e estudantes.

Estas acções de depuração do partido provocaram milhares de mortos não


existindo um número oficial, oscilando segundo as fontes, entre os 10.000 e os 40.000.

Não se sabe a data exata em que Nito Alves foi preso, mas sabe-se que foi
fuzilado e que se fez desaparecer o seu corpo. Sita Valles e José Jacinto Van-
Dúnem foram aprisionados a 16 de junho de 1977. Em 1978, o jornalista e
escritor australiano Wilfred Burchett afirmou, com base em sua investigação
particular, que Nito Alves fora executado bem como Sita Valles, José Jacinto
Van-Dúnem, o Ministro do Comércio Interno David Minerva Machado, além
dos comandantes superiores do exército do MPLA “Jacob Monstro”
Imortal e “Eduardo Ernesto Bakalof.”

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