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GERENCIAMENTO DO CUIDADO A CLIENTES EM PERIOPERATÓRIO

Universidade Salgado de Oliveira


Projeto de Extensão: Estação do Cuidado

GERENCIAMENTO DO CUIDADO A CLIENTES EM PERIOPERATÓRIO DE


CIRURGIA ONCOLÓGICA

DOURADO, Adriana Costa1


MARTINS, Lucas Afonso Silva2
MOREIRA, Nayara Boari3
PIMENTEL, Gabriele Fernandes4
SANTOS, Betânia Rodrigues dos5
SANTOS, Leiliane de Jesus Freitas6
SILVA, Nathália Christina Custódio7

RESUMO
O presente estudo pretende expor de forma descritiva e explicativa o gerenciamento do
cuidado a clientes em perioperatório de cirurgia oncológica em diferentes situações. Neste
contexto, a sistematização da assistência de enfermagem perioperatória (SAEP) está
juntamente envolvida com o período pré-operatório, transoperatório e pós-operatório, se
tornando indispensável o uso do diagnóstico, da classificação dos resultados esperados e da
classificação das intervenções de enfermagem. Para a confecção deste trabalho foi realizada
uma síntese, tendo como suporte outros 05 artigos científicos atualizados e o uso de
ferramentas importantes, como o NANDA-I, NOC e NIC.

Palavras-chave: Avaliação constante. Intervenção de enfermagem. Cuidado efetivo e


sistematizado.

1
DOURADO, Adriana Costa. Graduando em enfermagem. E-mail: adrianacosta1919@gmail.com
2
MARTINS, Lucas Afonso Silva. Graduando em enfermagem. E-mail: lucas.saudeenfermagem@gmail.com
3
MOREIRA, Nayara Boari. Graduando em enfermagem. E-mail: nayaraboari@hotmail.com
4
PIMENTEL, Gabriele Fernandes. Graduando em enfermagem. E-mail: gabrielefpimentel@gmail.com
5
SANTOS, Betânia rodrigues dos. Graduando em enfermagem. E-mail: betaniasantos.r28@gmail.com
6
SANTOS, Leiliane de Jesus Freitas. Graduando em enfermagem. E-mail: leiliane.freitas23@outlook.com
7
SILVA, Nathália Christina Custódio. Graduando em enfermagem. E-mail: nathybocao87@gmail.com
1. INTRODUÇÃO

As doenças oncológicas há anos se tornaram uma questão de saúde pública, à nível


nacional e mundial. No decurso do tratamento contra o câncer, as estatísticas revelam que
aproximadamente 80% dos pacientes venham a carecer de algum procedimento cirúrgico,
onde o histórico é marcado por cirurgias consideradas agressivas e mutiladoras. Posto isto,
além do processo de adoecimento oriundo do câncer, os pacientes precisam conviver com os
impactos desfavoráveis da cirurgia no seu bem-estar diário.
Neste seguimento, a enfermagem desempenha um papel importante no cuidado com
o paciente, em todas as etapas que envolvem uma cirurgia oncológica, desde a admissão do
mesmo, à orientação do autocuidado e esclarecimento de dúvidas aos familiares do paciente.
Para prestar o gerenciamento ao cliente em perioperatório de cirurgia oncológica,
além de trabalhar os preceitos preconizados pela SAEP, é necessário conduzir o processo de
forma planejada e humanizada, visando minimizar sempre que possível os riscos impostos
pela cirurgia. Para isso, o enfermeiro (a) necessita recorrer à planos e ações, objetivando
conhecer e direcionar o atendimento ao paciente, de forma segura, qualificada e eficaz.
Partindo deste princípio, a visita de enfermagem no pré-operatório e no pós-operatório
oncológico se faz necessária, a mesma se torna uma ferramenta de assistência ao cliente, no
qual se obtém dados que são considerados indicadores de qualidade.

2. ANÁLISE E COMENTÁRIO DO CONTEÚDO

Na busca por minorar os impactos da cirurgia oncológica, a tecnologia é de grande


valia, a cirurgia robótica oncológica atenua cicatrizes e dores, diminui as chances de
transfusões sanguíneas, abrevia o tempo de recuperação, além de contribuir para a autoestima
no pós-operatório. É importante elucidar que mesmo diante dos benefícios expostos, tal
recurso implica em preocupações para os pacientes oncológicos, principalmente por muitos
deles ainda desconhecerem essa modalidade.
No período pré-operatório, tanto mediato, quanto imediato, o paciente oncológico
pode ser observado com dor, estresse e preocupação, seja pelos riscos competentes à anestesia
ou pelo próprio medo de possíveis sequelas. Outros sinais podem ser conferidos pelo
enfermeiro (a) no exame físico, ou através de relatórios médicos, ou até mesmo por queixas
esboçadas pelo paciente. Baseando-se nestas informações um dos possíveis diagnósticos de
enfermagem a ser elaborado é o de fadiga (sensação opressiva e prolongada de exaustão,
capacidade diminuída de realizar trabalho físico e mental no nível habitual). Fundamentado
pelo NANDA-I, a fadiga (código 00093) encontra-se no domínio 4 (Atividade/repouso),
classe 3 (Equilíbrio de energia). Possui como características definidoras: introspecção,
letargia, padrão de sono não restaurador, entre outros. Pode ser relacionado à: depressão,
ansiedade, desnutrição, etc. Resultados esperados de enfermagem (NOC) - Título: Nível de
Fadiga (código 0007), se localiza no domínio I (Saúde Funcional), classe A (Manutenção da
Energia). Indicadores: nível de estresse (código 000714) e atividades de vida diária (código
000715), são os mais pertinentes no contexto. Os resultados esperados a serem alcançados são
traçados com o auxilio da Escala de Likert, que varia de 1 (gravemente comprometido) a 5
(não comprometido). Intervenções de enfermagem (NIC) – Título: Controle de Energia
(código 0180 – definido como regulação do uso de energia para tratamento ou prevenção de
fadiga e otimização de funções) - Sugere corrigir déficits na condição fisiológica (p. ex.,
anemia induzida por quimioterapia) como itens prioritários; oferecer atividades recreativas
calmantes para promover relaxamento.
O diagnóstico de enfermagem anterior, geralmente é acompanhado de ansiedade
(código 00146), definida por sentimento vago de incômodo, desconforto ou temor, causado
pela antecipação do perigo. Situa-se no domínio 9 (Enfrentamento/tolerância ao estresse) e
classe 2 (Respostas de enfrentamento). Características definidoras: inquietação, agonia,
insônia, tremores, diarreia, desmaio, esquecimento, etc. Possui como um dos fatores
relacionados, a ameaça à condição atual. Classificação dos resultados de enfermagem (NOC)
– Título: Nível de Ansiedade (código 1211), está localizado no domínio III (Saúde
Psicossocial), classe M (Bem-estar Psicossocial). Os indicadores mais condizentes são os de
agitação (código121101) e nervosismo (código 121104), os mesmos devem ser trabalhados a
nível de não comprometimento. Intervenções de enfermagem (NIC) – Título: Terapia de
RELAXAMENTO (código 6040 – definida como uso de técnicas de encorajamento e
provocação de relaxamento para reduzir sinais e sintomas indesejados, como dor, tenção
muscular ou ansiedade). Recomenda descrever ao paciente as razões para relaxamento, seus
benefícios, limites e tipos disponíveis (p. ex., relaxamento com música, meditação, respiração
ritmada, mandibular e progressivo dos músculos); criar um ambiente calmo e sem
interrupções, com iluminação difusa e temperatura confortável, sempre que possível.
A fase transoperatória oncológica também envolve riscos, principalmente quando
alguns tipos de cânceres requerem uma cirurgia de laparotomia exploratória. Este exemplo
possibilita a aplicação pelo enfermeiro (a) do diagnóstico de risco de infecção no sítio
cirúrgico (código 00266), o mesmo é definido como suscetibilidade à invasão de organismos
patógenos no sítio cirúrgico, que pode comprometer a saúde. Está localizado no domínio 11
(Segurança/proteção), classe 1 (Infecção). Mantém como fator de risco: obesidade, alcoolismo
e tabagismo. A contaminação de ferida cirúrgica é um dos componentes de populações em
risco. Possibilita relação à duração da cirurgia. Resultados esperados (NOC) – Título:
Controle de Riscos/Processo Infeccioso (código 1924). Os indicadores mais pertinentes são:
monitoração do ambiente com relação a fatores associados a riscos de infecção (código
192409), e manutenção de um ambiente limpo (código 192411), ambos se situam no domínio
IV (Conhecimentos e Comportamentos de Saúde), classe T (Controle de Riscos e Segurança).
Intervenções de enfermagem (NIC) – Título: Controle de INFECÇÃO transoperatória (código
6545 – definido como prevenção de infecção hospitalar na sala de cirurgia). Algumas das
sugestões são: monitorar e manter a temperatura ambiente entre 20 e 24º G; limitar e controlar
o fluxo de pessoas; certificar-se da administração de antibióticos profiláticos conforme
apropriado; verificar os indicadores de esterilização.
De domínio 11 (Segurança/proteção) e classe 2 (Lesão física), o risco de aspiração
(código 00039), do mesmo modo é eminente em cirurgia oncológica no transoperatório. Sua
definição contém: suscetibilidade a entrada de secreções nas vias traqueobrônquicas que pode
comprometer a saúde. A tosse ineficaz também é um fator de risco. As condições associadas
abordam: cirurgia do pescoço, face, oral, etc. Resultados esperados (NOC) – Título: Estado
Respiratório/Permeabilidade das Vias Aéreas (código 0410), situa-se no domínio II (Saúde
Fisiológica), classe E (Cardiopulmonar). Indicadores em destaque: capacidade de expelir
secreções (código 041012), e acúmulo de secreção pulmonar (código 041020). Intervenções
de enfermagem (NIC) – Título: Precauções conta a ASPIRAÇÃO (código 3200 – definido
como prevenção ou redução de fatores de risco em paciente com risco de aspiração).
Atividades sugeridas: monitorar a condição pulmonar; manter uma via aérea; manter
disponível o aparelho de aspiração.
O diagnóstico de enfermagem mais evidente no pós-operatório oncológico
denomina-se risco de glicemia instável (código 00179), é definida como suscetibilidade à
variação dos níveis séricos de glicose em relação à faixa normal que pode comprometer a
saúde. De domínio 2 (Nutrição), classe 4 (metabolismo), possui como um dos fatore de risco,
a ingestão alimentar insuficiente. Achados no NOC – Título: Estado Nutricional/Indicadores
bioquímicos (código 1005), se encontra no domínio II (Saúde Fisiológica), classe K (Digestão
e Nutrição). A melhor seleção de indicador foi o de glicose do sangue (código 100507).
Intervenções de enfermagem (NIC) – Título: Controle de HIPOGLICEMIA (código 2130 –
definido como prevenção e tratamento de níveis baixos de glicose no sangue). Marcadores
recomendados: monitorar os níveis de glicose sanguínea se indicado; monitorar o surgimento
de sinais e sintomas de hipoglicemia (p. ex., falta de firmeza, tremores, transpiração...).
A hipotermia (código 00006), também é passível de ser diagnosticada pelo
enfermeiro, principalmente no pós-operatório imediato. Sua definição abarca: temperatura
corporal central abaixo dos parâmetros diurnos normais devido a falha na termorregulação. O
diagnóstico de domínio 11 (Segurança/proteção) e classe 6 (Termorregulação), possui como
características definidoras: acrocianose, hipóxia, bradicardia, etc. Geralmente relaciona-se a
baixa temperatura ambiental. Extremos de idade e de peso fazem parte de populações em
risco. Condições associadas: agente farmacêutico, controle vascular ineficaz e radioterapia.
Resultados esperados (NOC) – Título: Termorregulação (código 0800), domínio II (Saúde
Fisiológica), classe I (Regulação Metabólica). Indicadores: redução de temperatura da pele
(código 080018) e hipotermia (código 080020). Intervenções de enfermagem (NIC) – Título:
Tratamento da HIPOTERMIA (código 3800 – definido como reaquecimento e vigilância de
paciente cuja temperatura central está abaixo de 35º G). Recomendações: colocar o paciente
em monitor cardíaco se apropriado; cobri-lo com cobertores aquecidos se adequado:
administrar oxigênio aquecido como convier.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O exame físico e a coleta de dados são algumas das etapas a serem exercidas pelo
profissional de enfermagem, tais quando realizadas com qualidade e excelência resultam em
grande benefício para o paciente/cliente, principalmente no âmbito de cirurgia oncológica.
Porém é importante acentuar que existem outros pontos a se completarem na sistematização,
que quando não executados ou mal realizados comprometem a efetividade do processo. Desta
forma, a SAEP requer do enfermeiro (a) maestria para diagnosticar o que é pertinente a seu
ofício, o planejamento do resultado que se almeja alcançar, e a implementação do cuidado ao
paciente em perioperatório oncológico, contribuindo assim para o conforto, bem-estar e
dignidade do mesmo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: definições e classificação 2018-2020/


[NANDA Internacional]. 10 ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. [16] BEZERRA, G; KARLLA
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MAKIYAMA, Ana Carolina de Oliveira; MIRAND, Fernanda Moura D’Almeida; SARY,


Dhebora Luiza Zollner; SCHERER, Andressa Blitzkow; SILVA, Mariana Nunes da;
KALINK, Luciana Puchalski. RECOMENDAÇÕES DE ENFERMAGEM PARA O
CUIDADO EM CIRURGIAS ONCOLÓGICAS ROBÓTICAS: REVISÃO DE ESCOPO.
Revista SOBECC, São Paulo. 30, novembro, 2021.

MONTEZELLO, Débora; PALAZZO, Soraya: SOUZA; Anderson de. CONHECIMENTO


DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE CENTRO CIRÚRGICO SOBRE
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Oliveira MM, Mota DDCF, Souza-Talarico JN. Fadiga pré-operatória em pacientes com
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Research, Society and Development, v. 10, n. 5, e31310514798, 2021 (CC BY 4.0) | ISSN
2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i5.14798

SILVA, Sara Soares Ferreira da. PÓS OPERATÓRIO DE PACIENTE ONCOLÓGICO EM


JEJUM PROLONGADO: DIAGNÓSTICOS E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM.
Revista Enfermagem UERJ, Mercedes Neto. 04, dezembro, 2020.

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