Você está na página 1de 158

Área de Treinamento

“O lucro do nosso estudo é tornarmo-nos melhores e mais sábios.”


(Michel de Montaigne)

Você encontrará, nos próximos capítulos, questões dos últimos 5 anos dos concursos de Residência Médica.

Leia cada questão com muita atenção e aproveite ao máximo os comentários. Se necessário, retorne ao texto de sua apostila.

Sugerimos que você utilize esta Área de Treinamento fazendo sua autoavaliação a cada 10 (dez) questões. Dessa forma,
você poderá traçar um perfil de rendimento ao final de cada treinamento e obter um diagnóstico preciso de seu desempenho.

Estude! E deixe para responder as questões após 72 horas. Fazê-las imediatamente pode causar falsa impressão.

O aprendizado da Medicina exige entusiasmo, persistência e dedicação. Não há fórmula mágica. Renove suas energias e se
mantenha cronicamente entusiasmado.

Boa sorte! Você será Residente em 2017!

Atenciosamente,
Dr. Gama
Coordenador Acadêmico
SJT Medicina Preventiva 2016
Vol. 1

“Todos nós conhecemos pessoas que, em circunstâncias muito difíceis,


como no caso de uma doença terminal ou grave incapacidade física, man-
têm uma força emocional admirável. Como sua integridade nos inspira!
Nada causa impressão mais forte e duradoura no ser humano do que per-
ceber que alguém superou o sofrimento, transcendeu as circunstâncias
e abriga e expressa valores que inspiram, enobrecem e dão mais sentido
à vida.”
Os sete hábitos das pessoas altamente eficazes
Stephen R. Covey
Questões para Treinamento
10 Temas gerais

AMP – 2016 AMP – 2016


1. O artigo “High-sensitivity cardiac troponin I at pre- 2. Para o cálculo de indicadores de mortalidade pro-
sentation in patients with suspected acute coronary porcional por causa, em um dado local e período de
syndrome: a cohort study“, publicado em The Lancet tempo, o denominador expressa o valor:
em 8/10/2015, traz nos resultados que (...) In patients a) da população total
without myocardial infarction at presentation, tropo- b) de mortalidade até os 28 dias
nin concentrations were less than 5 ng/L in 2311 (61%) c) do total dos óbitos registrados
of 3799 patients, with a negative predictive value of d) de nascidos vivos
99·6% (95% CI 99·3–99·8) for the primary outcome. e) da proporção das doenças prevalentes
In two independent validation cohorts, troponin con-
centrations were less than 5 ng/L in 594 (56%) of 1061  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
patients, with an overall negative predictive value of
99·4% (98·8–99·9).
AMP – 2016
3. A mamografia em mulheres com mais de 40 anos
Sobre a aplicação prática que esses achados permi-
apresenta sensibilidade e especificidade em torno de
tem, avalie as asserções a seguir e a relação causal
75% e 94%, respectivamente, para câncer de mama.
proposta entre elas.
Isso mostra a possibilidade de o exame apresentar
a) 25% dos falsos positivos
I – A dosagem de troponina I é muito útil para con-
b) 75% dos verdadeiros negativos
firmar a suspeita de infarto do miocárdio
c) 6% dos falsos negativos
d) 94% dos verdadeiros negativos
PORQUE
e) 75% dos falsos positivos
II – Tem um valor preditivo negativo muito alto.  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

Acerca dessas asserções, assinale a opção CORRETA.


a) as asserções I e II são proposições verdadeiras, e a AMP – 2016
segunda é uma justificativa da primeira 4. A LNNC – Lista Nacional de Notificação Compulsó-
b) as asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a ria definida em Portaria do Ministério da Saúde em
segunda não é uma justificativa da primeira Junho de 2014, inclui
c) a asserção I é uma proposição verdadeira e a asser- a) diarreia aguda
ção II é uma proposição falsa b) violência doméstica
d) a asserção I é uma proposição falsa e a asserção II é c) diabetes gestacional
uma proposição verdadeira d) acidente de trânsito
e) as asserções I e II são proposições falsas e) acidente vascular cerebral

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


92
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

AMP – 2016 AMRIGS – 2016


5. A mais importante medida de controle epidemioló- 8. As medidas de efeito são utilizadas para expres-
gico da dengue é o(a) sar os riscos envolvidos na associação entre ex-
a) isolamento dos doentes posição e doença. Assinale a alternativa em que a
b) vacinação dos não imunes definição apresentada NÃO corresponde ao tipo
c) tratamento dos casos graves de risco citado.
d) diminuição da densidade de vetores a) o risco absoluto tem valor igual ao da incidência de
e) controle dos viajantes de áreas endêmicas um evento na população estudada
b) o risco atribuível é a incidência adicional de doença
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA devido à exposição, levando em consideração a inci
dência basal da doença por outras causas
AMRIGS – 2016 c) o risco relativo é a razão entre a incidência em ex-
6. Em relação ao viés em pesquisas clínicas, analise as postos e a incidência em não expostos
assertivas abaixo, conforme descrito por Fletcher d) o risco atribuível na população é o produto do risco
(2006): atribuível pela prevalência da exposição ao fator de
I. O viés de seleção ocorre quando são feitas com- risco em uma população
e) a fração atribuível na população é obtida dividindo
parações entre grupos de pacientes que diferem em
a incidência total da doença pelo risco atribuível na
outros determinantes do desfecho, além do que está
população
sendo estudado.
II. O viés de aferição ocorre quando os métodos de  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
aferição são iguais entre os grupos de pacientes.
III. O viés de confusão ocorre quando dois fatores
estão associados e seus efeitos não se confundem. AMRIGS – 2016
Quais estão corretas? 9. Sobre as expressões de tendência central e dispersão,
a) apenas I é CORRETO afirmar que:
b) apenas III a) a mediana é afetada por valores extremos
c) apenas I e II b) a moda tem como vantagem a simplicidade de signi-
d) apenas II e III ficado
e) I, II e III c) o desvio padrão é o intervalo do valor mais baixo ao
mais alto em uma distribuição
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA d) a média não é afetada por valores extremos
e) a moda é o ponto em que o número de observações
acima se iguala ao número abaixo
AMRIGS – 2016
7. Em relação aos conceitos sobre a prevenção, assinale  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
a alternativa INCORRETA.
a) prevenção primária é a ação tomada para remover
as causas e os fatores de risco de um problema de AMRIGS – 2016
saúde individual ou de uma população antes do de- 10. Estudos epidemiológicos são fundamentais para
senvolvimento de uma condição clínica, incluindo a programar ações em saúde pública. Em relação à pes-
detecção precoce desses agravos quisa com delineamento de coorte, é INCORRETO
b) prevenção secundária é a detecção de um problema afirmar que:
em estágio inicial, muitas vezes em estágio subclíni- a) inicia-se com definição prévia da população em risco
b) a exposição é medida anteriormente ao desenvolvi-
co, no indivíduo ou na população
mento da doença
c) prevenção terciária é a ação implementada para re-
c) os pacientes precisam ser acompanhados por um
duzir, em um indivíduo ou em uma população, os
período de tempo geralmente longo para a ocorrên-
prejuízos funcionais consequentes de um problema
cia de desfecho clínico importante
agudo ou crônico
d) analisa a incidência de determinada doença
d) prevenção quaternária é a detecção de indivíduos
e) analisa a prevalência de determinada doença
em risco de intervenções, diagnósticas e/ou terapêu-
ticas, excessivas, para protegê-los de novas interven-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
ções médicas inapropriadas
e) manutenção de baixo risco tem por objetivo assegu-
rar que as pessoas de baixo risco para problemas de FBHC – 2016
saúde permaneçam com essa condição e encontrem 11. A característica de um agente infeccioso, instala-
meios de evitar doenças do no organismo do homem ou de outros animais,
produzir sintomas em maior ou menor proporção no
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA hospedeiro infectado corresponde à definição de:

SJT Residência Médica – 2016


93
10 Temais gerais

a) dose infectante FBHC – 2016


b) poder invasivo 16. Em relação às causas externas de morte no Brasil, é
c) patogenicidade INCORRETO afirmar:
d) virulência a) representam a segunda causa mais frequente de
e) infectividade morte
b) a maioria das vítimas da violência urbana são ho-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA mens, jovens, da raça negra, e apresentam baixa es-
colaridade e baixo nível socioeconômico
FBHC – 2016 c) observa-se aumento na mortalidade entre os moto-
12. A indagação “Quantas vezes é mais provável que pes- ciclistas
soas expostas se tornem doentes, em relação às pesso- d) compreendem as lesões decorrentes a acidentes e de
as não expostas?” diz respeito a: violência
a) risco relativo e) a análise da série histórica da mortalidade por homi-
b) fração atribuível na população cídios identifica tendência crescente.
c) risco atribuível na população
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
d) risco absoluto
e) risco atribuível
FBHC – 2016
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
17. O estudo que aloca sujeitos para receber suplementos
de óleo de peixe ou placebo e então segue os grupos
FBHC – 2016 de tratamento e placebo por vários anos para obser-
13. Os vírus da raiva e do sarampo apresentam: var a incidência de doença coronariana, corresponde
a) alta virulência e baixa patogenicidade, respectivamente ao seguinte delineamento:
b) baixa virulência e baixa infectividade, respectivamente a) estudo de coorte
c) alta virulência b) ensaio clínico randomizado
d) alta virulência e baixa virulência, respectivamente c) estudo ecológico
e) baixa virulência d) estudo transversal
e) estudo caso-controle
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

FBHC – 2016
14. A Lista Nacional de Doenças de Notificação Compul- FBHC – 2016
sória foi atualizada em 2006, através da Portaria nº 05 18. Paciente de 78 anos de idade, hipertensa e diabética,
da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da sofreu acidente cerebrovascular isquêmico, apre-
Saúde. São Doenças de Notificação Compulsória: sentando hemiparesia. Nesse caso, o programa de
a) toxoplasmose e carbúnculo reabilitação física (neurológica) indicado para essa
b) leishmaniose tegumentar americana e criptococose paciente, corresponde ao(s) seguinte(s) nível(is) de
c) sífilis em gestante e hanseníase prevenção:
d) febre tifoide e brucelose a) primária e secundária
e) hepatites virais e hidatidose b) secundária e terciária
c) terciária
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA d) secundária
e) primária
FBHC – 2016
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
15. São características dos estudos de coorte, EXCETO:
a) permitem estabelecer a prevalência da doença
b) a exposição pode ser obtida sem o potencial viés de- FBHC – 2016
corrente de o desfecho já ser conhecido 19. O diagnóstico precoce e tratamento imediato do cân-
c) podem avaliar a relação da exposição com várias cer de útero é um exemplo de prevenção:
doenças a) primária e secundária
d) podem ser concorrentes ou históricos b) secundária e terciária
e) requerem o arrolamento de um número muito c) primária
maior de pessoas que os estudos que apresentam o d) secundária
evento de interesse e) terciária

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


94
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

FBHC – 2016
20. A vigilância epidemiológica tem importante papel na Saúde Pública. Dentre seus vários atributos, é INCORRETO:
a) trabalhar separadamente de comitês técnicos assessores e da sociedade científica local
b) avaliar o impacto de eventos para a Saúde Pública
c) medir fatores de risco para doenças
d) propor estratégias de intervenção e mudanças nas políticas de saúde
e) planejar e fornecer atenção aos doentes

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

FMABC – 2016
21. A revisão sistemática publicada em maio de 2013 na revista Plos Medicine, cujo título é “Intimate Partner Violen-
ce and Incident Depressive Symptoms and Suicide Attempts: A Systematic Review of Longitudinal Studies”, tenta
responder, dentre outras perguntas, a seguinte pergunta de pesquisa: Existe associação entre violência do parceiro
íntimo e incidência de sintomas depressivos em mulheres? A figura abaixo apresenta o forest plot da metanálise
com os estudos que tentaram responder a esta pergunta:

Odds %
Author Year Ratio (95% Cl) Weight

IPV-incident depression
Chowdhary 2008 0,88 (0,26, 3,00) 3,27
Suglia 2011 1,09 (0,60, 1,90) 11,41
Ackard 2007 1,92 (1,22, 3,00) 15,79
Salazar 2009 2,01 (1,08, 3,78) 10,11
Taft 2008 2,12 (1,69, 2,65) 28,68
Loxton 2006 2,51 (2,07, 3,06) 30,73
Subtotal (I-squared = 50,4%, p = 0,073) 1,97 (1,56, 2,48) 100,00

NOTE: Weights are from random effects analysis

-2 -5 1 2 5
Exposure is protective Exposure is a risk factor

Figura. – Retirado de Devries KM, Mak JY, Bacchus LJ, Child JC, Falder G, Petzold M, Astbury J, Watts CH. Intimate partner violence
and incident depressive symptoms and suicide attempts: a systematic review of longitudinal studies. PLoS Med. 2013;10(5):e1001439. doi:
10.1371/journal.pmed.1001439. Epub 2013 May 7.

Sobre o gráfico é CORRETO afirmar:


a) existe associação entre violência do parceiro íntimo e incidência de sintomas depressivos em mulheres, sendo que a
violência diminui o risco de sintomas depressivos
b) não existe associação entre violência do parceiro íntimo e incidência de sintomas depressivos em mulheres
c) existe associação entre violência do parceiro íntimo e incidência de sintomas depressivos em mulheres, sendo que a
violência aumenta o risco de sintomas depressivos
d) com base no gráfico, não é possível afirmar que existe associação entre violência do parceiro íntimo e incidência de sintomas
depressivos em mulheres, sendo que a violência aumenta o risco de sintomas depressivos

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

FMABC – 2016
22. Maahs et al estudaram o impacto das metástases cervicais na mortalidade por câncer de cavidade oral (Rev Bras
Otorrinolaringol 2007;73(1):93-100) e os resultados estão representados no gráfico abaixo.

SJT Residência Médica – 2016


95
10 Temais gerais

1,0 os pacientes positivos para HPV apresentam uma


Sem Metástase menor chance de morte pela doença. Dessa forma,
8 qual deverá ser a assertiva esperada como conclusão
do estudo a respeito do status positivo para HPV e o
Proporção de sobrevida

desfecho primário do trabalho?


6 Metástase
a) Hazard ratio = 0,54 (intervalo de confiança 95%:
0,36-0,68)
4 b) Odds ratio = 0,88 (intervalo de confiança 95%: 0,52-
1,22)
2 c) Odds ratio = 0,31 (intervalo de confiança 95%: 0,12-
0,49)
0,0
d) risco relativo = 0,44 (intervalo de confiança 95%:
0 20 40 60 80 100 120 0,26-0,73)
Tempo de seguimento (meses)
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

Os pesquisadores encontraram que os pacientes com


câncer de cavidade oral que apresentam metástases FMABC – 2016
linfonodais no diagnóstico apresentam uma maior 25. Seferin e colaboradores estudaram a associação de
mortalidade do que aqueles sem essa condição esta- tireoidite de Hashimoto e diversas apresentações do
belecendo um valor de “p” para essa associação de carcinoma papilífero da tireoide. Os resultados en-
p=0,006. Obviamente que este resultado só pode ser contrados estão descritos na Tabela 2 (abaixo). Assi-
empregada na prática clínica caso o teste estatístico nale a alternativa correta baseada na interpretação
adequado tenha sido empregado. Assinale a alterna- dos achados.
tiva com o teste estatístico correto que faz a compara-
ção dessas curvas. Distribuição das formas de apresentação do carcinoma
a) teste do qui-quadrado. papilífero segundo a presença ou a ausência de tireoidite
b) teste de Kaplan-Meier. de Hashimoto
c) regressão de Cox. Formato
com sem
d) teste de Log-Rank. de apre- % %
tireoidite tireoidite
sentação
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA Carcinoma
papilífero 62 (31,6) 134 (68,4)
clássico
FMABC – 2016
Microcar-
23. O estadiamento de qualquer neoplasia maligna é
cinoma 57 (52,8) 51 (47,2)
classificado em grupos que variam de I a IV, nos papilífero
quais os pacientes de estádio I apresentam tumores
Carcino-
mais “precoces” e assim sucessivamente até o estádio 26 (70,3) 11 (29,7)
ma multi-
IV nos quais os pacientes já apresentam doença avan- cêntrico
çada ou metastática. Assinale a alternativa que cor-
Teste qui-quadrado (p < 0,0001)
retamente classifica a natureza da variável “estadia-
mento” na condução da análise estatística dos dados
a) os pacientes com a forma clássica da doença apre-
de uma pesquisa.
sentam menores taxas de tireoidite
a) variável qualitativa ordinal.
b) o carcinoma multicêntrico está associado a uma
b) variável qualitativa descritiva. maior frequência de pacientes portadores de tireoi-
c) variável qualitativa nominal. dite
d) variável qualitativa discreta. c) não há relação entre a presença de tireoidite e as
apresentações do carcinoma papilífero uma vez que
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
a associação não foi estatisticamente significante
d) a tireoidite é um fator de risco importante na apre-
FMABC – 2016 sentação multicêntrica da doença
24. Um pesquisador está estudando variáveis de risco
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
para mortalidade por carcinoma espinocelular de
orofaringe. Foi então realizado um estudo retros-
pectivo com revisão de casos atendidos em um único FMABC – 2016
serviço ao longo de um período de tempo pré-estabe- 26. Os resultados de um estudo de coorte prospectivo
lecido e foi observada a ocorrência de óbitos ao longo com o objetivo de analisar a associação entre fumo e
do período de observação. O estudo identificou que hipertensão estão descritos abaixo:

SJT Residência Médica – 2016


96
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

Desfecho a) a transmissão da febre chicungunya não ocorre por


Hábito de contato pessoa a pessoa
fumar Desenvolveram Não desenvolveram
b) a febre hemorrágica pelo vírus ebola é transmitida
hipertensão hipertensão
pelo ar ou pela água
Fumante 40 60 c) todos os anos ocorrem epidemias de influenza nas
Não fumante 100 400 estações frias nos países do hemisfério norte e do
hemisfério sul
Sobre o estudo é correto afirmar: d) a vacina contra influenza tem a mesma composição
a) a incidência de hipertensão entre não fumantes é de desde sua síntese, na década de 1960
20%
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
b) a incidência de hipertensão entre fumantes é de
28,6%
c) a incidência de hipertensão entre fumantes é dada Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016
pelo quociente 40/60 30. Com relação à taxa de mortalidade infantil (TMI),
d) a incidência de hipertensão entre não fumantes é de assinale a alternativa correta:
25% a) o declínio da TMI, nas últimas décadas, foi expres-
sivo, reduzindo a níveis insignificantes as diferenças
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA entre as regiões do país, haja vista a melhoria uni-
versal das condições socioeconômicas e de acesso a
serviços de saúde
FMABC – 2016 b) é geralmente classificada em alta (50 ou mais por 1000
27. Em 2002, a revista científica Lancet publicou uma sé- nascidos vivos), média (20 a 49 por 1000 nascidos vi-
rie de artigos sobre pesquisa clínica. O primeiro, in- vos) e baixa (menos de 20 por 1000 nascidos vivos),
titulado “An overview of clinical research: the lay of em função da proximidade ou da distância de valores
the land”, dividiu a pesquisa clínica em duas grandes já alcançados em sociedades mais desenvolvidas, sen-
classes, que são diferenciadas pelo fato do pesquisa- do que atualmente o Brasil apresenta TMI baixa
dor alocar ou não a exposição. Tais classes são deno- c) taxas de mortalidade infantil reduzidas indicam
minadas de: boas condições de vida da população de uma ma-
a) ensaio clínico randomizado e não randomizado. neira global e homogênea entre grupos sociais
b) coorte e caso-controle. d) a mortalidade infantil compreende o total de soma
c) experimental e observacional. dos óbitos ocorridos do período neonatal precoce
d) metanálise e transversal. até os 2 anos de idade

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016


FMABC – 2016
31. Com relação às medidas de frequência em estudos
28. Sabendo-se que PREVALÊNCIA e INCIDÊNCIA são
epidemiológicos, é correto afirmar que:
medidas de ocorrência de doenças, é correto afirmar que:
a) a prevalência de uma doença varia conforme a sua in-
a) a incidência representa o número de casos presentes
cidência, sua duração e os movimentos migratórios
(novos e antigos) em uma determinada comunidade b) a prevalência de uma doença é função direta da sa-
num período de tempo zonalidade, isto é, a magnitude de uma doença varia
b) a prevalência representa número de casos presentes exclusivamente com o aparecimento dos casos no-
(novos e antigos) em uma determinada comunidade vos do agravo
num período de tempo especificado; a incidência, c) a prevalência e a incidência são conceitos antagônicos
número de casos novos d) a incidência de uma doença é caracteristicamente
c) a prevalência representa o risco de ocorrência (casos calculada em estudos transversais
novos) de doença na população sendo assim uma
medida estática  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
d) prevalência e incidência são: número de dados pre
sentes em uma determinada comunidade num pe- Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016
ríodo de tempo especificado e representa o risco de 32. As variações na incidência de uma doença cujos ci-
ocorrência em função do tempo clos coincidem com as estações do ano são denomi-
nadas de:
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA a) variações cíclicas
b) variações sazonais
Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016 c) variações irregulares
d) endemia
29. Sobre a situação epidemiológica de doenças emer-
gentes, pode-se afirmar que:  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


97
10 Temais gerais

Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016 a) o número necessário para tratar foi 3,3
33. Em um município com 50.000 habitantes, foram no- b) a eficácia foi de 30%
tificados 1.000 óbitos por todas as causas em 2012. c) o número necessário para tratar foi de 2,4
Além disso, foram notificados 500 casos de infarto d) a eficácia foi de 70%
agudo do miocárdio (IAM), com 50 óbitos por essa
causa. Entre os casos de IAM, 200 indivíduos eram  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
obesos. Entre esses pacientes, foram registrados 30
óbitos. De acordo com esses dados, é correto que o
Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016
coeficiente de:
38. Calcule a razão de chances em um estudo de caso-
a) mortalidade proporcional por IAM foi de 10%
-controle sobre fatores de risco para o nascimento de
b) incidência do IAM de 1/1.000 habitantes
crianças com defeitos do tubo neural em que a defi-
c) letalidade por IAM entre os obesos é mais que o do-
ciência de folato no sangue materno foi detectada em
bro do que entre os não obesos
15 das 100 mães de casos que participaram do estudo
d) mortalidade de IAM na população foi de 10%
e em 10 das 200 mães de controles que participaram
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA do estudo:
a) 3,05
b) 4,25
Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016 c) 3,75
34. O coeficiente ou taxa de mortalidade infantil neona- d) 3,35
tal é o número de óbitos ocorridos em:
a) menores de 7 dias de vida por 1000 nascidos vivos  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
b) menores de 28 dias de vida por 1000 nascidos vivos
c) menores de 7 dias de vida por 1000 habitantes
d) menores de 1 ano por mil habitantes Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016
39. São características dos exames de screening, exceto:
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA a) apresentam alta sensibilidade
b) apresentam alto valor preditivo positivo
c) são aplicados a pacientes assintomáticos
Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016 d) apresentam elevado impacto na incidência
35. Qual é o principal objeto da investigação de epidemia?
a) determinar a eficácia de vacinas em utilização  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
b) avaliar a eficácia de medidas de controle
c) identificar todas as pessoas infectadas
d) identificar formas de prevenir ou interromper a Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016
transmissão do agente 40. Os ensaios clínicos randomizados destacam-se como
o tipo de estudo com maior rigor metodológico exa-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA tamente por utilizar o processo de randomização na
amostragem, reduzindo principalmente o viés de:
a) aferição
Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016 b) seleção
36. Durante uma epidemia de dengue, a medida de maior
c) confusão
relevância a ser adotada pelo sistema de saúde é:
d) publicação
a) analisar semanalmente os dados de notificação e
acompanhar a tendência por meio de diagrama de  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
controle
b) facilitar o acesso da população com suspeita de den-
gue à assistência médica e qualificar os profissionais Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016
de saúde em todos os níveis para fins de redução da 41. O propósito do estudo duplo-cego é:
taxa de letalidade da doença a) reduzir o viés de seleção na alocação para o trata-
c) orientar a população sobre a eliminação de focos do mento
mosquito Aedes aegypti b) reduzir os erros da amostragem
d) realizar a rotina de monitoramento viral, aumentan- c) evitar viés do observador e o erro de amostragem
do o número de amostras coletadas durante a epide- d) prevenir o viés do observador e do paciente
mia
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016
Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016 42. Sobre os estudos de meta-análise, pode-se dizer que:
37. Em um ensaio clínico randomizado para avaliar o a) a revisão sistemática visa à seleção de estudos com
desempenho de uma vacina, o risco relativo foi de boa qualidade e associações estatisticamente signifi
0,30. A afirmativa CORRETA é: cativas

SJT Residência Médica – 2016


98
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

b) deve-se iniciar com uma clara questão de estudo, b) para o cálculo do coeficiente da mortalidade perinatal,
fazer uma revisão sistemática em várias bases de da- o numerador é composto pelos óbitos fetais e neonatais
dos e busca manual, com claros critérios de inclu- precoces com peso ao nascer a partir de 350 gramas e/
são/exclusão dos estudos ou 22 (vinte e duas) semanas de idade gestacional e o
c) se, entre os estudos selecionados na revisão sistemá- denominador pelo número de nascimentos totais
tica, houver resultados selecionados a favor e contra c) o índice de mortalidade perinatal tem sido recomen-
a intervenção, haverá heterogeneidade entre os estu- dado como indicador para análise da assistência obs-
dos, e a medida-sumário não deve ser calculada tétrica e neonatal e de utilização dos serviços de saúde
d) quando ocorrer heterogeneidade entre os estudos, d) os determinantes da mortalidade neonatal são, na
haverá maior chance de viés de publicação maioria das vezes, considerados de causas exógenas

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

HPM/MG – 2016
HPM/MG – 2016
46. Sobre o índice de Swaroop & Uemura, marque a al-
43. Sobre os aspectos diferenciais das epidemias, marque
ternativa CORRETA:
a alternativa CORRETA:
a) mensura a proporção de óbitos com 50 anos ou mais
a) a epidemia explosiva, também denominada epide- de idade em uma determinada população por uma
mia maciça, ocorre quando comunidades não sus- determinada causa
ceptíveis são acometidas, e seus membros são aco- b) quanto mais elevado for o índice, menor será a ex-
metidos em diferentes espaços de tempo pectativa de vida da população
b) na epidemia por fonte comum não existe propaga- c) considera que todos os óbitos ocorridos em deter-
ção de doença pessoa a pessoa, todos os afetados de- minada região ou população se distribuem de ma-
vem ter tido acesso direto ao veículo disseminador neira homogênea, refletindo a realidade da região
da doença d) é muito utilizado para fins de comparações locais
c) na epidemia progressiva ou propagada, a doença é (em épocas diferentes) ou inter-regionais e inter-
difundida por pessoa a pessoa por via respiratória, continentais em um mesmo período de tempo, não
anal, genital, mas nunca por vetores sofre distorções relacionadas com diferenças nas es-
d) na epidemia por fonte pontual, o critério para classi- truturas populacionais
ficação é a extensão geográfica na qual a população
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
afetada esteve em contato com a fonte disseminado-
ra da doença
HPM/MG – 2016
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA 47. Marque a alternativa CORRETA. O estudo mais in-
dicado para avaliar o prognóstico de determinada
HPM/MG – 2016 doença é:
44. Quanto aos estudos epidemiológicos, marque a alter- a) estudo caso controle
b) estudo transversal
nativa CORRETA:
c) estudo ecológico
a) nos estudos de Coorte, grupos de indivíduos, per-
d) estudo coorte prospectivo
tencentes à mesma população, são acompanhados
durante certo período de tempo, de forma prospec-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
tiva ou retrospectiva
b) nos estudos ecológicos a unidade de análise é repre HPM/MG – 2016
sentada por grupos, sendo pouco susceptível a vieses 48. Sobre as medidas para avaliação do efeito do tratamento
c) os estudos transversais têm um alto poder para esta- em investigação, marque a alternativa INCORRETA:
belecer relações causais a) o número necessário para tratar (NNT) informa
d) nos estudos caso-controle, o tamanho da amostra quantos pacientes são necessários tratar para preve-
tende a ser maior, exigindo maior tempo e acarre- nir um evento ruim
tando alto custo b) a desvantagem da redução do risco relativo (RRR)
e da redução do risco absoluto (RRA) é que essas
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA medidas não sofrem influência da taxa de desfecho
c) a redução do risco relativo (RRR) expressa a redução
da taxa de evento no grupo de tratamento em rela-
HPM/MG – 2016
ção à mesma taxa no grupo de controle
45. Sobre a mortalidade perinatal e neonatal, marque a
d) intervenções com número necessário para tratar
alternativa CORRETA: (NNT) pequeno têm impacto muito maior em rela-
a) a mortalidade perinatal representa os óbitos ocorri- ção às que apresentam NNT com valores altos
dos entre a 22ª semana completa de gestação até os 6
(seis) dias completos após o nascimento  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


99
10 Temais gerais

HPM/MG – 2016 IAMSPE – 2016


49. Sobre os modos de transmissão das doenças, marque 53. As dificuldades de realizar rastreamentos podem
a alternativa que contém a associação CORRETA: surgir de características operacionais dos testes
a) transmissão direta mediata – uretrite não gonocócica diagnósticos que podem dar verdadeiro/ falso po-
b) transmissão direta imediata – sarampo sitivos e negativos. Em relação ao teste laboratorial
c) transmissão direta mediata – tracoma aplicado, assinale a alternativa que apresenta um re-
d) transmissão direta imediata – hanseníase sultado que pode ser descartado no planejamento de
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA um rastreamento.
a) um valor preditivo negativo baixo
b) um teste com alta sensibilidade
IAMSPE – 2016 c) um teste com alta especificidade
50. Os dados sobre morbidade são utilizados, prefe- d) um valor preditivo positivo muito alto
rencialmente, para avaliação do nível de saúde e da e) um teste que diminui os resultados limítrofes ao má-
necessidade de adoção de medidas para melhorar a ximo possível
qualidade de vida. Sendo assim, assinale a alternativa
incorreta.  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
a) a incidência traduz a ideia de intensidade da morbida-
de em uma população em um determinado momento
b) a prevalência descreve a força com que subsistem as IAMSPE – 2016
doenças em coletividades 54. As medidas de risco são utilizadas em epidemiologia
c) a epidemia propagada é a ocorrência de doenças por para representar quantitativamente a relação entre os
uma fonte comum eventos. Sendo assim, assinale a alternativa incorreta.
d) a epidemia explosiva é aquela que apresenta rápida a) a taxa de incidência é uma medida de risco, sendo
progressão, atingindo a incidência máxima em curto esta o risco “absoluto” da ocorrência de um evento
período de tempo b) risco relativo é a razão entre dois riscos
e) a melhoria dos meios de transporte no mundo tem c) risco atribuível é a soma de dois riscos e é utilizado
favorecido o aparecimento de pandemias para prever o impacto de um programa de controle
de fatores de riscos
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA d) em estudos de caso-controle, a maneira estimada
indiretamente para calcular o risco relativo é pelo
IAMSPE – 2016 cálculo da razão dos produtos cruzados (odds ratio)
51. Alguns autores classificam medidas preventivas em e) tanto o risco relativo quanto o odds ratio medem a
prevenção primária, secundária, terciária e quater- associação entre fator de risco e doença
nária. Levando-se em consideração essa classificação,
em relação à prevenção de novos eventos e ao declínio
funcional em um idoso frágil/ vulnerável, assinale a  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
alternativa CORRETA.
a) é um tipo de prevenção terciária
b) a estratificação de risco não é útil nesses casos IAMSPE – 2016
c) as ações são apenas paliativas e quaternárias 55. Utilizando a tabela abaixo, assinale a alternativa que
d) a incontinência urinária não deve ser incluída na apresenta a sensibilidade do teste laboratorial.
avaliação, pois é transversal a todos os níveis de pre-
venção Teste Doentes Sadios Total
e) tratamento para distúrbio de marcha é apenas medi-
Positivo 98 10 108
camentoso, portanto, não se aplica
Negativo 2 90 92
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA Total 100 100 200

IAMSPE – 2016 a) 90%


52. Levando-se em consideração a classificação de medi- b) 98%
das preventivas em níveis de prevenção, é INCORRE- c) 49%
TO afirmar que d) 2%
a) a imunização é um tipo de prevenção primária e) 10%
b) a identificação de fatores de risco faz parte da pre-
venção secundária  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) rastreamento faz parte da prevenção secundária
d) prevenção de iatrogenia é um tipo de prevenção
IAMSPE – 2016
quaternária
e) modelos de gestão dos estados da doença são exem- 56. Em relação à vigilância epidemiológica das meningi-
plos de prevenção quaternária tes, assinale a alternativa correta.
a) a notificação compulsória é feita apenas em casos de
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA meningite bacteriana

SJT Residência Médica – 2016


100
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

b) a imunização é específica para cada agente etiológico PUC/PR – 2016


c) o SINAN (Sistema Nacional de Agravos Notificá- 60. Dona Djanira Santos, 57 anos, em menopausa, casada,
veis) deve ser utilizado apenas se a fonte de infecção IMC 28, PA 140x80, fumante de 12 a 15 cigarros ao
for interestadual dia, acaba de ouvir do seu médico que está em risco
d) os principais reservatórios das meningites bacteria- de tornar-se diabética, porque o seu exame de sangue
nas são o homem e os animais de estimação mostrou que a hemoglobina glicosilada está em 6,4.
e) tanto a meningite bacteriana quanto a viral têm via Dona Djanira diz ao médico que não quer tomar re-
de transmissão oral-fecal médios. O médico fez-lhe a proposta de não passar
medicamentos agora, refazer os exames em seis me-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA ses para decidirem as condutas, desde que ela se com-
prometa a cuidar da sua alimentação, modificando
hábitos como tomar refrigerante, substituir o trigo
Instituto de Olhos de Goiânia – 2016 branco pelo integral, diminuir a ingestão de açúcar
57. Assinale a alternativa correta: e carboidratos, parar de fumar, caminhar e perder
a) na hanseníase, o tatu, o macaco e o chimpanzé são os peso. Essas orientações referem-se ao conceito de:
principais reservatórios. Para ser considerado caso de a) promoção à saúde, porque se focam na participação
hanseníase, a pessoa deve apresentar lesões de pele, direta do paciente nas ações de saúde
acometimento de nervos e baciloscopia positiva b) recuperação da saúde, considerando que a paciente
b) a feminização da AIDS passou a ocorrer após os já apresenta o diagnóstico de diabetes, obesidade,
anos 1980, sendo a faixa etária mais acometida dos hipertensão e tabagismo
25 aos 34 anos c) proteção à saúde, pelo fato de as doenças ainda não
c) somente o mosquito da espécie Aedes aegypti pode estarem totalmente estabelecidas
transmitir a dengue d) autonomia do paciente, pelo fato do médico permi-
d) quando a gestante e o seu parceiro são HIV positi- tir que o paciente faça suas escolhas e as respeita
vos, a transmissão vertical da AIDS é inevitável e) prevenção secundária, porque o objetivo é impedir
e) nenhuma das anteriores os agravos que os fatores de risco sinalizam

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

Instituto de Olhos de Goiânia – 2016 PUC/PR – 2016


58. A única doença conhecida e erradicada pela inter- 61. Analise o gráfico a seguir, que correlaciona valores de
venção ativa do homem é a varíola. Outras doenças sensibilidade e especificidade (curva ROC – Recei-
que podem ser erradicadas pelos mesmos mecanis- ver Operator Characteristic), e assinale a alternativa
CORRETA.
mos são: Especificidade (%)
a) sarampo e poliomielite
100 50 0
b) tuberculose e hanseníase 100
c) coqueluche, difteria e tétano
Teste A
d) febre amarela, leptospirose e raiva humana
e) sarampo, rubéola e dengue
Teste B
Sensibilidade (%)

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


50

Instituto de Olhos de Goiânia – 2016


59. Assinale a alternativa correta:
a) todos os casos de doenças de Chagas (agudos e crô-
nicos) devem ser notificados
b) na leishmaniose visceral, a aplicação do inseticida 0
deve ser feita na região peridomiciliar
c) a transmissão percutânea ou parenteral dos vírus
das hepatites A e E não é rara, devido ao longo perí- a) o Teste B tem maior poder diagnóstico em relação
odo de viremia dos mesmos ao Teste A
d) os agentes etiológicos da AIDS são o HIV-1 e o HIV-2 b) o Teste A tem maior poder diagnóstico em relação
e) o emprego de inseticidas contra o mosquito Aedes é ao Teste B
factível em situações de transmissão peridomiciliar c) a área sobre a curva do Teste A é maior, por isso, esse
da leishmaniose visceral teste tem menor acurácia
d) a área sobre a curva do Teste B é menor, por isso,
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA esse teste tem maior acurácia

SJT Residência Médica – 2016


101
10 Temais gerais

e) informações sobre poder diagnóstico e acurácia não comprovar um determinado diagnóstico, uma vez
podem ser extraídas deste gráfico que a especificidade é definida como a proporção de
sujeitos com a doença para os quais o teste fornece a
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA resposta correta (teste positivo)

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


PUC/PR – 2016
62. Um pesquisador iniciará uma investigação sobre PUC/PR – 2016
asma. Para verificar o risco relativo de indivíduos 64. Em relação aos tipos de estudo, assinale a alternativa
adultos obesos apresentarem a doença, os tipos de in- CORRETA.
vestigação que poderão ser planejadas são: a) estudos transversais são úteis para avaliar incidência,
a) caso-controle ou transversal que é a proporção de indivíduos que têm a doença ou
b) coorte ou ecológico condição clínica em um determinado momento
c) caso-controle ou coorte b) estudos transversais são úteis para avaliar prevalência,
d) ensaio clínico randomizado ou transversal que é a proporção de indivíduos que desenvolvem a
e) ecológico ou meta-análise doença ou condição clínica ao longo do tempo
c) estudos transversais são úteis para avaliar incidência,
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
que é a proporção de indivíduos que desenvolvem a
doença ou condição clínica ao longo do tempo
d) estudos de coorte são úteis para avaliar incidência,
PUC/PR – 2016 que é a proporção de indivíduos que desenvolvem a
63. Em relação aos testes que apresentem baixa sensibi- doença ou condição clínica ao longo do tempo
lidade e alta especificidade, assinale a alternativa e) estudos de coorte são úteis para avaliar a prevalência,
CORRETA. que é a proporção de indivíduos que têm a doença ou
a) são úteis para triagem de uma grande população, condição clínica em um determinado momento
uma vez que a especificidade é a proporção de su-
jeitos sem a doença para os quais o teste fornece res-
posta correta (teste negativo), porém não são bons  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
para comprovar um determinado diagnóstico, uma
vez que a sensibilidade é definida como a proporção
de sujeitos com a doença para os quais o teste forne- PUC/PR – 2016
ce a resposta correta (teste positivo) 65. A Dra. Fernanda passou a atender no ambulatório de
b) são úteis para comprovar um determinado diagnós- endocrinologia do Hospital X, que atende um total de
tico, uma vez que a sensibilidade é a proporção de 460 pacientes, sendo que destes, 200 têm diagnóstico
sujeitos sem a doença para os quais o teste forne- de diabetes mellitus. No ano de 2015, esse hospital foi
ce resposta correta (teste negativo), porém não são pioneiro no lançamento de um novo método labora-
bons para triagem de uma grande população, uma torial para diagnóstico da doença e a jovem médica
vez que a especificidade é definida como a propor- ficou interessada em avaliar os resultados do méto-
ção de sujeitos com a doença para os quais o teste do. Ela observou que entre os pacientes com diabetes,
fornece a resposta correta (teste positivo) 80 tinham positividade para o novo método e entre
c) são úteis para triagem de uma grande população, aqueles pacientes sem diabetes, o teste foi positivo em
uma vez que a sensibilidade é a proporção de sujei- 20. Portanto, a Dra. Fernanda pode constatar que o
tos sem a doença para os quais o teste fornece res- novo método apresenta sensibilidade (S) e especifici-
posta correta (teste negativo), porém não são bons dade (E) de:
para comprovar um determinado diagnóstico, uma a) S: 89%; E: 40%
vez que a especificidade é definida como a propor- b) S: 10%; E: 62%
ção de sujeitos com a doença para os quais o teste c) S: 35%; E: 76%
fornece a resposta correta (teste positivo) d) S: 87%; E: 50%
d) são úteis para comprovar um determinado diagnós- e) S: 40%; E: 92%
tico, uma vez que a especificidade é a proporção de
sujeitos sem a doença para os quais o teste forne-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
ce resposta correta (teste negativo), porém não são
bons para triagem de uma grande população, uma
vez que a sensibilidade é definida como a proporção Santa Casa-SP – 2016
de sujeitos com a doença para os quais o teste forne- 66. Para a apresentação e síntese de variáveis quan-
ce a resposta correta (teste positivo) titativas (por exemplo, idade, peso, glicemia)
e) não são úteis para triagem de uma grande popula- são utilizadas medidas de tendência central, das
ção, uma vez que a sensibilidade é a proporção de quais as mais utilizadas são a média aritmética,
sujeitos sem a doença para os quais o teste fornece a mediana e a moda. Sobre estas medidas NÃO é
resposta correta (teste negativo), nem são bons para correto afirmar:

SJT Residência Médica – 2016


102
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

a) a média utiliza os dados observados na amostra es- e) o VPP é 75%, que corresponde à probabilidade do
tudada paciente ter uma angiotomografia positiva (presença
b) a mediana é muito afetada por valores extremos ou de estenose), dado que a ultrassonografia coronaria-
discrepantes na foi positiva (presença de estenose)
c) a moda representa o valor mais frequentemente ob-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
servado
d) podem ser observadas mais de uma moda em uma
amostra SANTA CASA-SP – 2016
e) as medidas de tendência central devem ser apresenta- 68. Qual dos agravos listados abaixo NÃO é de notificação
compulsória nacional, segundo a Agência Nacional
das juntamente com medidas de dispersão dos dados
de Vigilância Sanitária (ANVISA)?
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA a) violência psicológica
b) febre Chikungunya
c) hantavirose
Santa Casa-SP – 2016 d) febre Marburg
67. A ultrassonografia intracoronária é considerada o e) gonorreia
método de referência (padrão-ouro) para diagnósti-
co de estenose da luz das artérias coronárias. Toda-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
via, por se tratar de um método invasivo, com risco
de complicações, diversos estudos têm comparado Santa Casa-SP – 2016
métodos de diagnóstico por imagem não invasivos 69. Novos medicamentos com finalidade terapêutica ou
(por exemplo, a angiotomografia coronária) aos re- preventiva são avaliados por meio de ensaios clíni-
sultados da ultrassonografia intracoronariana. Foi cos. Nesses estudos os participantes são alocados no
conduzido um estudo para comparar os resultados grupo que receberá o novo medicamento ou no grupo
dos dois métodos de diagnóstico, do qual participa- controle ao acaso e recomenda-se que durante o estu-
ram 80 pacientes, cujos resultados são apresentados do os participantes e os pesquisadores responsáveis
na tabela abaixo: pela coleta de informações não saibam a que grupo
os participantes pertencem. Esse procedimento me-
Ultrassonografia
todológico é chamado de cegamento (blinding) e so-
coronária bre ele é correto afirmar que:
Angiotomografia
Total a) trata-se de uma maneira de evitar a ocorrência de
coronária Sem
Estenose viés (bias) de seleção, pois dessa forma os partici-
estenose
pantes dos dois grupos terão características seme-
Estenose 45 5 50 lhantes
Sem estenose 15 15 30 b) é especialmente eficiente nos ensaios clínicos para
avaliação de dieta, psicoterapia e medicamentos
Total 60 20 80
com efeitos colaterais importantes
c) não é importante nas situações em que o efeito do
Admitindo que a presença de estenose coronaria- tratamento não depende de avaliação subjetiva (por
na seja corretamente avaliada pela ultrassono- exemplo, análises bioquímicas)
grafia coronária, o valor preditivo positivo (VPP) d) não é muito importante porque a análise estatística
da angiotomografia coronária, calculado a partir consegue corrigir todos os problemas decorrentes
dos dados da tabela acima, e sua respectiva inter- da ausência de cegamento
pretação são: e) deve ser usado apenas quando o ensaio clínico ava-
a) o VPP é 90%, que corresponde à probabilidade de liar intervenções terapêuticas, pois não é importan-
o paciente apresentar de fato estenose coronariana, te para a avaliação de intervenções preventivas, tais
caso o resultado da angiotomografia coronária seja como vacinas
positivo (presença de estenose)
b) o VPP é 90%, que corresponde à probabilidade de o  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
paciente não apresentar de fato estenose coronaria-
na, caso o resultado da angiotomografia coronária
seja negativo (ausência de estenose) Texto para as questões 70, 71 e 72:
c) o VPP é 50%, que corresponde à probabilidade de o
paciente não apresentar de fato estenose coronaria- Para monitorar e analisar as tendências dos princi-
na, caso o resultado da angiotomografia coronária pais fatores de risco e proteção para doenças crôni-
seja negativo (ausência de estenose) cas no Brasil, o Ministério da Saúde implantou em
d) o VPP é 50%, que corresponde à probabilidade de 2006 o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e
o paciente apresentar de fato estenose coronariana, Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Te-
caso o resultado da angiotomografia coronária seja lefônico (Vigitel). A cada ano, esse sistema utiliza
positivo (presença de estenose) amostras probabilísticas da população adulta (≥18

SJT Residência Médica – 2016


103
10 Temais gerais

anos) residente nas capitais dos estados brasileiros e ou diabetes). As estimativas das prevalências foram
no Distrito Federal, a partir do cadastro das linhas apresentadas em proporções (%), com seus respecti-
de telefone fi xo das cidades. O questionário do Vi- vos intervalos de confiança (IC) de 95%. Os resulta-
gitel em 2011 englobou os seguintes módulos: (I) dos foram calculados por sexo, faixa etária e nível
características demográficas e socioeconômicas dos de escolaridade. Para comparar as prevalências se-
indivíduos; (II) padrão de alimentação e de ativida- gundo sexo, idade e escolaridade, foram estimadas
de física; (III) peso e altura referidos; (IV) consu- as razões de prevalências ajustadas por idade, esco-
mo de cigarro e de bebidas alcoólicas; (V) autoava- laridade ou ambas, e seus respectivos IC de 95%. A
liação de seu estado de saúde e morbidade referida tabela abaixo mostra alguns resultados do Vigitel
(diagnóstico médico prévio de hipertensão arterial em 2011.

Prevalência e razão de prevalências (masculino/feminino) de alguns fatores de risco para doenças crônicas e de
morbidade referida na população adulta residente nas capitais brasileiras e no Distrito Federal,
segundo sexo – Vigitel, 2011
Sexo
Total Razão de
Masculino Feminino IC95%
prevalências
% IC95% % IC95% % IC95%
Fatores de risco e
morbidade referida
Tabagismo atual 14,8 13,9-15,7 18,1 16,6-19,5 12,0 10,8-13,1 1,5 1,3-1,7
Obesidade
15,8 15,0-16,6 15,6 14,4-16,8 16,0 14,9-17,0 1,0 0,9-1,1
(IMC ≥ 30 kg/m²)
Hipertensão
22,7 21,9-23,5 19,5 18,4-20,7 25,4 24,2-26,5 0,8 0,8-0,9
arterial

Diabetes 5,6 5,2-6,0 5,2 4,6-5,8 6,0 5,5-6,5 1,0 0,9-1,2

Santa Casa-SP – 2016 a) a prevalência de tabagismo atual é mais alta entre


70. Dentre as alternativas abaixo, qual tipo de estudo que os homens, pois a razão de prevalência (masculino/
corresponde ao Vigitel e qual é a principal caracterís- feminino) foi 1,5 e o IC95% (1,3 – 1,7) não inclui o
tica desse tipo de estudo? valor 1
a) estudo de coorte, pois o Vigitel acompanha a popu- b) a prevalência de obesidade foi semelhante entre o
lação das capitais brasileiras e do Distrito Federal sexo masculino e o sexo feminino, pois a razão de
desde 2006 prevalência (masculino/feminino) foi 1,0 e o IC95%
b) estudo ecológico, pois são comparadas as caracterís- (0,9 – 1,1) inclui o valor 1
ticas sócio demográficas das capitais brasileiras e do c) a prevalência de diabetes foi semelhante entre o sexo
Distrito Federal masculino e o sexo feminino, pois a razão de preva-
c) estudo de corte transversal, pois a presença de fatores lência (masculino/feminino) foi 1,0 e o IC95% (0,9
de risco e de morbidade referida foi avaliada simulta- – 1,2) inclui o valor 1
neamente nas capitais brasileiras e no Distrito Federal d) a prevalência de hipertensão arterial é mais alta en-
d) estudo de caso-controle, pois as pessoas com e sem tre os homens, pois a razão de prevalência (masculi-
morbidades referidas foram comparadas nas capitais no/feminino) foi 0,8 e o IC95% (0,8 – 0,9) não inclui
brasileiras e no Distrito Federal o valor 1
e) estudo de séries de casos, pois foram estudados os e) a prevalência de hipertensão arterial é mais alta en-
casos de hipertensão arterial e diabetes nas capitais tre as mulheres, pois a razão de prevalência (mas-
brasileiras e no Distrito Federal culino/feminino) foi 0,8 e o IC95% (0,8 – 0,9) não
inclui o valor 1
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
Santa Casa-SP – 2016
71. Sobre a comparação da prevalência dos fatores de ris- Santa Casa-SP – 2016
co para doenças crônicas e das morbidades referidas 72. De acordo com os resultados do Vigitel 2011, a preva-
entre o sexo masculino e feminino, NÃO é correto lência de obesidade foi 15,8% (IC95%: 15,0% - 16,6%).
afirmar: A interpretação deste resultado é:

SJT Residência Médica – 2016


104
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

a) a estimativa pontual da prevalência, obtida a partir Santa Casa-SP – 2016


da amostra estudada, foi 15,8%. Na população das 74. As variáveis estudadas (taxa de fecundidade de mães
capitais brasileiras e do Distrito Federal, há 95% adolescentes e taxa de analfabetismo funcional) po-
de probabilidade de que a prevalência esteja entre dem ser classificadas respectivamente como:
15,0% e 16,6% a) variável qualitativa e variável qualitativa
b) a estimativa pontual da prevalência, obtida a partir b) variável quantitativa e variável quantitativa
da amostra estudada, foi 15,8%. Na população das c) variável qualitativa e variável quantitativa
capitais brasileiras e do Distrito Federal, há 95% de d) variável quantitativa e variável qualitativa
probabilidade de que a prevalência seja menor que e) variável quantitativa e variável categórica
15,0% ou maior que 16,6%
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) a estimativa pontual da prevalência, obtida a partir a
partir da amostra estudada, foi 15,8%. A prevalência
observada em cada capital brasileira e no Distrito Santa Casa-SP – 2016
Federal variou de 15,0% a 16,6% 75. Os resultados do estudo permitem concluir que:
d) a estimativa pontual da prevalência, obtida a partir a) as regiões com maiores taxas de fecundidade de
da amostra estudada, foi 15,8% e apesar do cálculo mães de 15 a 19 anos também apresentaram as
do intervalo de confiança não é possível estimar a maiores proporções de analfabetismo funcional,
faixa de valores em que se situa a prevalência na po- como mostra o coeficiente de correlação maior que
pulação das capitais brasileiras e do Distrito Federal zero. Contudo, não é possível concluir que haja uma
e) a estimativa pontual da prevalência, obtida a partir relação de causa e efeito entre as duas variáveis
a partir da amostra estudada, foi 15,8% e há 95% de b) as regiões com maiores taxas de fecundidade de
probabilidade de que a prevalência observada em mães de 15 a 19 anos apresentaram as menores pro-
cada capital brasileira e no Distrito Federal também porções de analfabetismo funcional, como mostra o
tenha sido 15,8% coeficiente de correlação maior que zero. Contudo,
não é possível concluir que haja uma relação de cau-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA sa e efeito entre as duas variáveis
c) as mães de 15 a 19 anos de idade apresentavam altas
Texto para as questões 73, 74 e 75. proporções de analfabetismo, como mostra o coefi-
ciente de correlação maior que zero. É possível con-
cluir que exista uma relação de causa e efeito
Foi conduzido um estudo sobre a taxa de fecundida-
d) as mães de 15 a 19 anos de idade apresentavam
de de mães de 15 a 19 anos de idade e a proporção
baixas proporções de analfabetismo, como mos-
de analfabetismo funcional (escolaridade inferior a tra o coeficiente de correlação maior que zero. É
quatro anos) nas 11 microrregiões de saúde do estado possível concluir que exista uma relação de causa
de Mato Grosso do Sul, no ano de 2008. A taxa de e efeito
fecundidade de mães de 15 a 19 anos de idade de cada e) as regiões com maiores taxas de fecundidade de
microrregião foi calculada a partir da divisão do nú- mães de 15 a 19 anos também apresentaram as maio-
mero de filhos nascidos vivos de mulheres de 15 a 19 res proporções de analfabetismo funcional, como
anos pelo total de mulheres do mesmo grupo etário, mostra o coeficiente de correlação maior que zero.
multiplicado por 1000. A proporção (%) de analfabe- É possível concluir que haja uma relação de causa e
tismo foi calculada como a divisão entre o número efeito entre as duas variáveis
de mães de 15 a 19 anos com escolaridade menor que
quatro anos em relação ao total de mães dessa faixa  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
etária. A análise foi feita mediante cálculo do coefi-
ciente de correlação de Pearson. As taxas específicas
de fecundidade (15 a 19 anos) variaram de 73 a 116 SANTA CASA-SP – 2016
76. A tabela a seguir mostra o coeficiente de mortalida-
por mil habitantes entre as microrregiões de saúde
de anual por 100.000 habitantes, do sexo masculino,
estudadas e observou-se correlação significativa en-
padronizado por idade, segundo tabagismo e doença
tre taxas de fecundidade e o analfabetismo funcional
cardiovascular é o seguinte:
(r=0,72; p=0,013).

Santa Casa-sp – 2016 Não fumante Fumante


73. O estudo acima pode ser classificado como: Câncer de pulmão 15 150
a) estudo de corte transversal Doença cardiovascular 387 558
b) estudo de coorte
c) estudo caso-controle
d) estudo experimental Após a interpretação dos dados da tabela temos que:
e) estudo ecológico a) o Odds ratio associado ao câncer de pulmão é igual a 10
b) o risco relativo de um fumante desenvolver doença
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA cardiovascular é igual a 14

SJT Residência Médica – 2016


105
10 Temais gerais

c) fumantes têm maior risco relativo de desenvolver Mortalidade


doença cardiovascular que câncer de pulmão
Grupo que
d) os fumantes têm 10 vezes mais risco de desenvolver participou
Doença Grupo controle
câncer de pulmão que os não fumantes do teste de
(%)
e) o tabagismo está mais relacionado à doença cardio- rastreamento
vascular que ao câncer de pulmão (%)
A 5 4
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
B 0,5 0,4
C 0,05 0,04
Santa Casa-SP – 2016
77. Em um estudo sobre enxaqueca em uma cidade no in- Qual orientação deve ser transmitida ao secretário de
terior de São Paulo foi observado que 5 em cada 1000
saúde?
homens com idade entre 30 e 35 anos têm enxaqueca
a) a doença A tem o maior custo benefício de ser ras-
e que 10 em cada 1000 mulheres da mesma faixa etá-
treada, já que o Número Necessário para Rastrear a
ria têm enxaqueca. A afirmação que as mulheres têm
mesma é menor em relação às doenças B e C
risco duas vezes maior de desenvolver enxaqueca que
b) a doença B tem o maior custo benefício de ser ras-
os homens é:
a) correta treada, já que tem maior redução de Risco Absoluto
b) incorreta, porque temos que calcular o odds ratio em relação às doenças A e C
para comparar as taxas de enxaqueca entre homens c) a doença C tem o maior custo benefício de ser ras-
e mulheres treada, já que o Número Necessário para Rastrear é
c) incorreta, porque não considerou o efeito da idade o menor entre as três doenças
sobre os dois grupos d) as doenças A e C devem ser rastreadas, uma vez que
d) incorreta, pois não temos dados para comparação apresentam a mesma redução de Risco Relativo
nem grupo controle
e) incorreta, pois não houve distinção entre incidência  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
e prevalência
SURCE – 2016
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
80. Em uma consulta anterior, você solicitou à Marta, 58
anos, um exame específico para avaliar uma queixa
SURCE – 2016 clínica. Você pesou a relação entre custo e benefício
78. Dona Maria Helena tem 45 anos, é diabética, seden- em solicitar o exame X e decidiu-se pelo mesmo, pois
tária, fumante de meio maço de cigarros por dia. entendeu que a exclusão de neoplasia traria grande
Apresenta-se assintomática do ponto de vista cardio- proteção a Marta. Para esta decisão, você considerou
vascular, exceto pelo baixo condicionamento para seus conhecimentos de que o exame X é capaz de de-
exercícios evidenciado em teste de esteira que foi tectar sinais precoce de neoplasia. Você avaliou tam-
negativo para doença isquêmica. O risco cardiovas-
bém as consequências de um possível resultado alte-
cular da paciente, pelo critério de Framingham, é de
rado do exame, e pesquisou que uma biópsia poderia
13,1%. Que nível de prevenção estará sendo aplicado
ser necessária, o que lhe deixou apreensivo, uma vez
a esta paciente se for considerada terapia com aspiri-
que este procedimento pode ser doloroso e invasivo,
na em baixas doses (75-100 mg por dia)?
possui alguns riscos, e você conhece bem o medo de
a) primária
b) secundária Marta em realizar alguns procedimentos médicos.
c) terciária Marta volta para lhe mostrar o resultado do exame
d) quaternária X. Você não se recorda quais os valores considerados
para a suspeita de neoplasia, e por um erro, o exame
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA veio sem os índices normais de referência. Você expli-
ca a Marta a situação, diz que vai estudar o assunto,
SURCE – 2016 e pede para ela voltar no dia seguinte para que você
79. Você é recém-chegado para trabalhar em um PSF no a explique o resultado do exame. Você lê alguns arti-
interior e o secretário de saúde do município pede gos, e muitos deles trazem o gráfico abaixo, que de-
para você ajudá-lo a decidir sobre o custo benefício monstra os pontos de corte e suas relações probabi-
em rastrear 3 doenças (A, B e C) presentes na comu- lísticas com o diagnóstico de câncer. De acordo com a
nidade local. A tabela abaixo contém a mortalidade interpretação do gráfico e seus conhecimentos sobre
das três doenças, calculada a partir de estudo prévio sensibilidade e especificidade dos testes diagnósticos,
realizado na população em questão. qual seria o ponto de corte que indicaria a biópsia?

SJT Residência Médica – 2016


106
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

1,0
Exame A
4 mm 1
5 mm
0,8
10 mm
0,8
Taxa verdadeiros positivos

Sensibilidade
Exame B
0,6

0,6
15 mm

0,4
0,4

20 mm
0,2
0,2

25 mm

Teste inútil 0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
0,0

1-especificidade
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
Taxa falsos positivos a) (A) apresenta elevada sensibilidade e baixa especifi
a) o ponto de corte de 25 mm apresenta baixas especi- cidade
ficidade e sensibilidade, sendo o indicado para diag- b) (B) apresenta elevada sensibilidade e baixa especifi-
nóstico definitivo da doença cidade
b) o ponto de corte de 15 mm deve ser o escolhido por c) (B) apresenta maior poder de discriminar doentes e
apresentar elevada especificidade, o que diminuiria não doentes
indicações desnecessárias de biópsia d) (A) apresenta maior poder de discriminar doentes e
c) o ponto de corte de 10 mm deve ser o escolhido por não doentes
apresentar alta sensibilidade e alta especificidade,
sendo útil no rastreio da doença  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
d)o ponto de corte de 5 mm apresenta a maior sensi-
bilidade e pouca perda de especificidade, devendo
UERJ – 2015
ser escolhido na indicação da biópsia
83. Em relação ao mascaramento (blinding), procedimen-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA to frequentemente usado em ensaios clínicos rando-
mizados para evitar a identificação dos grupos em
comparação, é correto afirmar que:
UERJ – 2015 a) estudos que não utilizam essa técnica são reprová-
81. Em relação ao procedimento de padronização pela veis do ponto de vista ético
idade de taxas e coeficientes de mortalidade, é COR- b) ensaios do tipo “duplo cego” incluem mais de uma
RETO afirmar que: técnica de mascaramento
a) o coeficiente de mortalidade, padronizado para um c) é indicado em ensaios clínicos com mais de dois
dado país, depende da população de referência utilizada grupos de comparação
b) não é recomendada a utilização de população hipo- d) pode ser estendido ao analista de dados
tética como referência para padronização dos coefi-
cientes de mortalidade  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) ao comparar a mortalidade geral entre dois países
com tamanho populacional semelhantes, não há ne-
UERJ – 2015
cessidade de padronização dos coeficientes
84. O valor preditivo positivo de um exame diagnóstico
d) taxas não padronizadas poderiam servir, por exemplo,
expressa a probabilidade de um indivíduo ter a doen-
para comparar a mortalidade por doenças cardiovas-
ça que foi investigada. Em relação às características
culares no Brasil ao longo das últimas cinco décadas
desse conceito, é correto afirmar que:
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA a) aplica-se a qualquer fase da história natural das
doenças
b) aplica-se exclusivamente ao diagnóstico precoce das
UERJ – 2015 doenças
82. Uma forma de expressar graficamente a relação entre c) quanto maior a especificidade do exame, maior será
a sensibilidade e a especificidade de testes diagnósti- seu valor preditivo positivo do teste
cos é através da construção da curva ROC (receiver d) quanto menor for a prevalência da doença, maior
operator characteristic). Com base nos exames (A) será seu valor preditivo positivo do teste
e (B) representados pelos gráficos abaixo, é correto
afirmar que o exame:  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


107
10 Temais gerais

UFF – 2016 d) ensaio clínico randomizado / a eficácia foi calculada,


85. Estudo avalia mulheres com algum grau de compro- dividindo a taxa de risco entre vacinados pela de não
metimento isquêmico, de acordo com a pressão arte- vacinados
rial no baseline do estudo e com o desenvolvimento e) ensaio clínico randomizado / os vieses de informa-
de eventos cardiovasculares ou morte após 10 anos. A ção foram minimizados
tabela abaixo mostra os resultados da análise multi-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
variada, com estimativa de hazard ratio (HR), inter-
valo de confiança (CI) e p-valor.
UFF – 2016
Parameter HR (95% CI) p Value 87. Vários kits para o teste rápido de dengue – identifi-
cação de NS1 – foram avaliados. O teste A tem sen-
Age (per year) 1.03 (1.02 to 1.05) 0.0003
sibilidade de 92% e especificidade de 95%. O teste B
History of diabetes (yes VS no) 1.88 (1.31 to 2.72) 0.0007 tem sensibilidade de 83% e especificidade de 100%. A
History of smoking (yes VS no) 1.85 (1.29 to 2.65) 0.0009 adoção do teste A, comparada ao B, nos serviços de
Obstructive CAD (yes VS no) 1.83 (1.25 to 2.68) 0.002
urgência, poderá trazer:
a) maior valor preditivo negativo e aumento de resulta
Normotensive (reference) dos falsos negativos
Controlled HTN 4.24 (1.31 to 13.7) 0.017 b) maior valor preditivo positivo e aumento de resulta-
Uncontrolled HTN 3.83 (1 71 to 12 5) 0.026 dos falsos negativos
c) menor valor preditivo positivo e aumento de resul-
Resistant HTN 7.36 (2.16 to 25.1) 0.001
tados falsos negativos
d) menor valor preditivo e aumento de resultados fal-
De acordo com os dados apresentados, pode-se afir-
sos positivos
mar que:
e) maior valor preditivo negativo e aumento de resulta-
a) a análise multivariada foi realizada para controlar
dos falsos positivos
vieses de seleção do estudo, considerando a perda
no acompanhamento de 10 anos  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
b) o estudo foi uma coorte, com controle do confun-
dimento, e apenas a hipertensão resistente mostrou
associação positiva, pois a hipertensão controlada e UFF – 2016
não controlada tiveram resultados semelhantes e es- 88. Em São Paulo, pacientes com AIDS acompanhados
tatisticamente não significativos desde o início da epidemia foram estudados em rela-
c) o estudo foi uma coorte, com controle do confundi- ção à sobrevida. A figura abaixo mostra os resultados
mento, e a hipertensão resistente mostrou associa- comparando três períodos da epidemia.
ção positiva forte e estatisticamente significante
Probabilidade acumulada de sobrevida
1,00

d) o estudo foi uma coorte retrospectiva, sem contro- Log rank = 2257,99
le de confundimento, e com análise de sobrevida, já 1997-2003 p < 0,001
0,75

que a medida de associação foi hazard ratio


e) o estudo foi transversal, pois a pressão foi medida
em um único momento no baseline, e todas as vari-
0,50

áveis mostraram associação positiva e significante


1994-1996
0,25

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


1988-1993
0,00

UFF – 2016 0 50 100 150 200


86. Em um estudo sobre a vacina tetravalente contra den-
Tempo desde o diagnóstico de aids (meses)
gue em países latino-americanos, crianças de nove a
16 anos foram aleatoriamente alocadas em dois gru-
pos: um deles recebeu três doses da vacina de vírus É CORRETO afirmar:
vivo atenuado e o outro recebeu três doses de placebo. a) a mediana de sobrevida foi de 100 meses no período
O estudo, realizado ao longo de dois anos, constatou 1994-1996
b) a sobrevida média foi de 100 meses no período
que a eficácia da vacina foi de 64,7%. Está correta a
1997 2003
indicação do tipo de estudo, bem como o comentário
c) as diferenças de sobrevida nos três períodos não fo-
realizado, na seguinte alternativa:
ram estatisticamente significantes
a) coorte / a amostra do estudo foi aleatória, o que di- d) no início da epidemia, a sobrevida média alcançou
minui os vieses de seleção 200 meses
b) ensaio clínico randomizado / 64,7% das crianças va- e) as medianas de sobrevida foram próximas, e as dife-
cinadas não teriam dengue, segundo as estimativas renças na mortalidade ocorreram após 100 meses
c) coorte prospectiva / a amostra aleatória aumentou a
significância do resultado  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


108
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

UFF – 2016 UFG – 2016


89. Para decidir sobre incorporação de tecnologias (me- 93. Um teste de rastreamento deve ter
dicamentos, equipamentos, procedimentos técni- a) alta sensibilidade
cos, programas e protocolos assistenciais), o Mi- b) alta especificidade
nistério da Saúde analisa informações de diferentes c) alto valor preditivo
naturezas, tendo em conta o levantamento de estu- d) alta probabilidade pré-teste
dos considerados de boa qualidade metodológica,
bem como as informações epidemiológicas sobre o  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
problema que se propõe enfrentar. O tipo de estudo
que avalia as consequências (resultados) das tecno-
logias em saúde, medidas em unidades naturais em UFPR – 2016
saúde, tais como anos de vida ganhos ou eventos clí- 94. O resultado de um estudo numa empresa para ava-
nicos evitados, é: liar a prevalência de obesidade e o papel do seden-
a) custo-benefício tarismo como fator de risco apontou que funcio-
b) ensaio clínico controlado não randomizado nários sedentários tinham uma prevalência maior
c) coorte retrospectivo de obesidade que funcionários que realizavam ati-
d) custo-utilidade vidades físicas. O mesmo estudo mostrou que no
e) custo efetividade grupo de sedentários havia mais indivíduos com
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA idade superior a 50 anos e de baixa escolaridade.
As variáveis idade e escolaridade, nesse exemplo,
correspondem a um:
UFG – 2016 a) viés de seleção
90. É uma característica dos estudos de caso-controle: b) viés aleatório
a) os resultados são obtidos com lentidão quando com-
c) viés de determinação
parados aos estudos de coorte.
d) viés de informação
b) o custo de realização é elevado quando comparado
e) viés de confusão
aos estudos de coorte.
c) o uso é específico para estudar exposições raras.  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
d) a investigação de mais de uma exposição é possível
partindo-se de uma única doença.
UFPR – 2016
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
95. Assinale a alternativa que responde à seguinte pergun-
ta: “Quantos pacientes de uma determinada doença
UFG – 2016 precisam receber um novo esquema de tratamento
91. Um pesquisador foi ao serviço de arquivo médico de para se reduzir um desfecho desfavorável?”
um hospital e identificou as crianças internadas en- a) NRA – Número necessário do risco atribuível
tre 1975 e 1978 com diagnóstico de abscesso pulmo- b) NNE – Número necessário evitar
nar. Associou-se este evento ao risco de as crianças c) NNT – Número necessário tratar
virem a desenvolver alteração nos testes respiratórios d) RAR – Redução absoluta do risco
realizados em 2000. Trata-se de um estudo do tipo
e) RAP% – Proporção risco atribuível populacional
a) ecológico
b) prevalência  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) coorte
d) revisão sistemática de literatura
UFPR – 2016
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
96. Você aplica um teste num levantamento para diagnós-
tico de diabetes em uma amostra representativa da
UFG – 2016 população de adultos maiores de 40 anos na sua cida-
92. Em um ensaio clínico, a eficácia da intervenção pode de, de modo a obter uma estimativa da prevalência e
ser calculada pela seguinte fórmula: organizar um programa de controle da doença. Você
a) incidência do desfecho estudado entre os que recebe- encontra uma prevalência da doença de 6%, entre-
ram a intervenção / (dividido) incidência do desfecho tanto depois que utiliza o resultado para organizar o
entre aqueles que não receberam a intervenção programa e prover as Unidades Básicas de Saúde com
b) 1 – risco relativo (1 menos o valor do risco relativo) exames e medicamentos descobre que existem mais
c) 1 / redução absoluta do risco (1 dividido pelo valor diabéticos, na verdade 8%. Qual seria uma possível
da redução absoluta do risco) explicação para o ocorrido?
d) incidência do desfecho estudado entre os que não a) o teste utilizado tinha uma sensibilidade de 66,7% e
receberam a intervenção - (menos) incidência do especificidade de 100%
desfecho entre aqueles que receberam a intervenção
b) o teste utilizado tinha uma especificidade de 75% e
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA uma sensibilidade de 100%

SJT Residência Médica – 2016


109
10 Temais gerais

c) o teste utilizado tinha uma acurácia de 75% UFSC – 2016


d) o teste utilizado tinha uma sensibilidade de 75% e 100. Assinale a alternativa CORRETA. Você quer diag-
especificidade de 100% nosticar febre (temperatura igual ou superior 37,8
e) o valor preditivo do teste foi de 100% e a especifici- ºC) e está usando um termômetro que, por um defei-
dade de 75% to, sempre marca 37,8 ºC ou mais, indicando correta-
mente as temperaturas acima desta.
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA a) a sensibilidade deste termômetro é zero e a especifi-
cidade também é zero
UFRN – 2016 b) a sensibilidade deste termômetro é de 100% e a espe-
97. Alguns testes de rastreamento têm se mostrado pouco cificidade é zero
úteis na redução de desfechos orientados aos pacien- c) a sensibilidade deste termômetro é zero e a especifi-
tes. Estudos feitos no passado mostraram vieses im- cidade é de 100%
portantes em seu delineamento. Um exemplo disso é d) a sensibilidade deste termômetro é de 50% e a espe-
quando o tratamento precoce em pessoas assintomá- cificidade é de 50%
ticas não se mostra mais efetivo do que o tratamento e) como parte de um valor, não é possível afirmar nada
no momento da apresentação clínica. Nesse caso, o sobre sensibilidade nem especificidade
rastreamento, aparentemente, estaria ajudando as  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
pessoas a viver mais tempo, melhorando falsamente
as taxas de sobrevida. Na verdade, elas não estariam
ganhando mais “tempo de sobrevida”, e sim mais UFSC – 2016
“tempo de doença”. Esse viés é conhecido como 101. Em relação à aplicação da curva receiver operator
a) viés de aferição characteristic curve (ROC) na área de epidemiologia
b) viés de tempo de duração clínica, indique se são verdadeiras (V) ou falsas (F) as
c) viés de adesão afirmativas abaixo.
d) viés de tempo ganho ( ) Quanto mais próxima do canto superior esquerdo
do gráfico, melhor o poder discriminatório do teste.
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA ( ) É útil para comparar vários testes.
( ) Teste ideal (sensibilidade e especificidade=100%):
UFRN – 2016 área total sob a curva igual a 1.
98. Na intepretação dos resultados de um estudo, é neces- ( ) É construída plotando-se a sensibilidade (propor-
sário estar atento aos seus possíveis resultados falsos. ção verdadeiros positivos) no eixo Y e 1- especificida-
É possível, por exemplo, que um novo tratamento seja de (proporção falsos positivos) no eixo X.
eficaz, mas um estudo pode concluir que não. Em epi- Assinale a alternativa que apresenta a sequência
demiologia clínica, essa conclusão “falso-negativa” é CORRETA, de cima para baixo.
denominada de a) V – V – V – F
a) viés do observador b) V – F – F – F
b) erro tipo I c) F – V – F – V
c) erro tipo II d) F – F – F – V
d) viés de confusão e) V – V – V – V

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UFSC – 2016 UFSC – 2016


99. Assinale a alternativa que responde CORRETAMEN- 102. Assinale a alternativa que completa CORRETA-
TE à pergunta abaixo. Um estudo com Proteína C MENTE a frase abaixo. Homem de 62 anos, resi-
Ativada apresentou uma redução na mortalidade por dente em município de médio porte da Região Sul
sepse de 24,7% contra 30,8% dos que utilizaram o do Brasil, hipertenso há quatro anos e sem outras
placebo, com uma redução do risco relativo de 19,4% doenças diagnosticadas, vai à consulta médica na sua
(IC 95%, 6,6% - 30,5%) e uma redução do risco abso- Unidade de Saúde da Família por episódios esporádi-
luto de 6,1%. Tendo em vista o estudo relatado, qual é cos de parestesia e prurido de baixa intensidade em
o número de tratamentos necessários para evitar um abdome e tronco, sem localização definida e sem que
desfecho adicional? tenha percebido alteração cutânea. Os sintomas co-
a) 6 meçaram há cerca de dois meses e não relaciona seu
b) 12 aparecimento, exacerbação ou remissão a nenhuma
c) 32 atividade ou hora do dia. Perguntado, informa que o
d) 14 pai era diabético e que tem uma irmã diabética. Usa
e) 16 enalapril VO 25 mg/dia. Em consulta de retorno, traz
dois resultados de exame de glicemia de jejum, reali-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA zados com uma semana de intervalo, mostrando 120

SJT Residência Médica – 2016


110
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

mg/dl e 115 mg/dl, e o médico diagnostica diabetes ( ) Deve ter gerado uma amostra representativa da
Mellitus. Entre as alternativas abaixo, a que permite população, uma vez que a amostra foi selecionada
uma avaliação mais acurada sobre a probabilidade de aleatoriamente.
acerto do diagnóstico médico é a que considera a sen- ( ) Pode sofrer o chamado “viés de Bergson”, uma
sibilidade e a especificidade do teste e vez que os sujeitos hospitalizados não puderam ser
a) a proporção de pessoas com diabetes entre as resi- entrevistados.
dentes naquela Área de Saúde da Família ( ) Pode sofrer viés de seleção, uma vez que as pes-
b) nenhum outro elemento soas que não estavam em casa durante o horário de
c) a prevalência de diabetes na Região Sul do Brasil trabalho do ACS não puderam ser entrevistadas.
d) a proporção de pessoas com diabetes entre as resi- ( ) Pode sofrer viés de seleção, se o cadastro da popu-
dentes naquele município lação não estiver atualizado.
e) não há mais dúvida sobre o diagnóstico médico, seu Assinale a alternativa que apresenta a sequência
acerto já está comprovado pelos resultados do exa- CORRETA, de cima para baixo.
me de glicemia a) F V V F
b) V – V – F – V
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) F – F – F – V
d) V – F – V – F
UFSC – 2016 e) F – F – V – F
103. Assinale a alternativa que completa CORRETA-
MENTE a frase abaixo. Durante uma consulta, um  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
paciente com hipertensão arterial sistêmica pede
ao médico que o ajude a calcular o “risco cardíaco” UFSC – 2016
pelo Escore de Risco de Framingham, pois viu na 105. Assinale a alternativa que responde CORRETA-
internet que tal escore informa o risco de uma pes- MENTE à pergunta abaixo. Considerando a popula-
soa sofrer doença isquêmica do coração ou morrer ção brasileira no ano de 2013, foi estimado que 11,3%
por causa cardiovascular nos próximos dez anos. O dos adultos das capitais dos 26 estados brasileiros e
resultado encontrado foi de 22%, valor considerado do Distrito Federal são fumantes. De qual taxa isso
alto, pelo que o médico deve informar ao paciente é um exemplo?
que sua probabilidade de vir a sofrer um evento car- a) incidência-período
díaco grave: b) incidência-cumulativa
a) é de 22% a cada dez anos, ou de 11% a cada cinco anos c) risco relativo
b) é de 22% nos próximos de dez anos d) odds ratio
c) é de cerca de 22% nos próximos dez anos, com uma e) prevalência-ponto
variação que pode ser conhecida pelos intervalos de
confiança dos estudos utilizados  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
d) é impossível de ser calculada para uma pessoa espe-
cífica, mas é de 22%, em geral, para as pessoas com
as mesmas características avaliadas nesse paciente UFSC – 2016
específico 106. Assinale a alternativa que responde CORRETA-
e) seria de 22% nos próximos dez anos, com uma va- MENTE à pergunta abaixo. Qual fator aumentaria a
riação definida pelos intervalos de confiança dos es- prevalência observada de uma doença?
tudos, se ele morasse em Framingham a) redução da incidência da doença
b) aumento da letalidade da doença
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA c) diminuição da sobrevida dos pacientes com a doença
d) aumento da incidência da doença
e) redução no tempo de duração da doença
UFSC – 2016
104. Considere a seguinte situação: uma Equipe de Saú-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
de da Família resolve pesquisar o uso de seus servi-
ços por parte da população residente na sua Área de
Saúde da Família. Para tanto, calcula o tamanho de UFSC – 2016
amostra adequado aos objetivos do estudo e selecio- 107. Assinale a alternativa que completa CORRETA-
na uma amostra aleatória da população cadastrada MENTE a frase abaixo. A representatividade de uma
na Ficha A do SIAB. Os sujeitos de estudo são entre- amostra em relação a uma população previamente
vistados através de um questionário com perguntas definida e especificada corresponde a uma condição
fechadas, aplicado pelos Agentes Comunitários de necessária para
Saúde (ACS) durante seu horário de trabalho (o ho- a) que as estimativas de um estudo científico sejam
rário de funcionamento da Unidade de Saúde). Sobre sempre calculadas com a máxima precisão desejada,
a pesquisa realizada, indique se são verdadeiras (V) e, portanto, norteadoras das decisões dos profissio-
ou falsas (F) as afirmativas abaixo. nais de saúde

SJT Residência Médica – 2016


111
10 Temais gerais

b) qualquer investigação na área da saúde, indepen- UFSC – 2016


dentemente de seus objetivos ou da capacidade de 110. Assinale a alternativa que completa CORRETA-
generalização que se pretenda obter com os dados MENTE a frase abaixo. Doll e Hill acompanharam
c) que os valores de probabilidade (valores-p) ou os in- por uma década médicos fumantes e não fumantes
no Reino Unido, incluídos no estudo com a certeza de
tervalos de confiança (de 90% ou 95%, por exemplo)
que não tinham câncer de pulmão, e estabeleceram
sejam válidos definitivamente a relação entre fumar e ter câncer de
d) incluir todos os indivíduos com a patologia de in- pulmão. Este estudo é
teresse na pesquisa científica, com os seus variados a) de casos
graus de gravidade e estágios de desenvolvimento b) de coorte
e) estudos de natureza clínica, apenas, na medida em c) de casos e controles
que inquéritos populacionais geralmente se utilizam d) transversal sucessivo
de censos e não de amostras para analisar os proble- e) ecológico coletivo
mas em questão  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
UFSC – 2016
111. Numere a coluna 2 de acordo com a coluna 1.
UFSC – 2016
108. Assinale a alternativa que completa CORRETA-
MENTE a frase abaixo. As propriedades da distribui- Coluna 1 Coluna 2
ção Normal são bastante apreciadas na área da saúde, 1) risco relativo ( ) casos novos
incluindo a medicina, pois 2) odds ratio ( ) desvio padrão
a) a estatística inferencial dispõe de técnicas e recursos
3) teste de associação ( ) estudo de casos e controles
capazes de analisar características e parâmetros com
4) incidência ( ) estudos de coortes
propriedades Normais, exclusivamente
5) curva de Gauss ( ) qui-quadrado
b) permitem indicar quais são os indivíduos que, em
uma população, apresentam estado normal ou pato-
Assinale a alternativa que apresenta a sequência
lógico para qualquer problema de saúde de interesse
CORRETA, de cima para baixo.
c) tornam possível executar uma das principais ativi- a) 5 – 4 – 3 – 2 – 1
dades da estatística, isto é, a inferência de resultados b) 4 – 5 – 2 – 1 – 3
da população para a amostra c) 4 – 5 – 1 – 2 – 3
d) diversas características e parâmetros biológicos d) 4 – 5 – 2 – 3 – 1
apresentam comportamento estatístico que se apro- e) 5 – 4 – 2 – 1 – 3
xima daquele observado para a curva Normal como,
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
por exemplo, altura e peso
e) esta distribuição tem características muito seme-
lhantes às de outros fenômenos em saúde, como a UNICAMP – 2016
contagem de internações diárias em uma unidade 112. Na fase III de um ensaio clínico identificou-se a taxa
de emergência, independentemente do tamanho da de incidência de recidiva tumoral de 2 por 1000 pes-
amostra soas/ano no grupo submetido à terapia convencional
e de 1 por 1000 pessoas/ano com nova terapia. O Ris-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA co Relativo do tratamento novo foi de 0,5 (IC 95% de
0,34 – 1,23). Pode-se afirmar que:
a) o risco de recidiva atribuível à droga convencional
UFSC – 2016 foi de 2
109. Assinale a alternativa que completa CORRETA- b) a nova droga tem um efeito protetor sobre a ocor-
MENTE a frase abaixo. O valor de X no conjunto de rência de recidiva tumoral
valores 1; 4; X; 7; 5; 3 que determina para o conjunto c) um estudo fase III não permite obter resultados de-
uma mediana equivalente a 4 é finitivos sobre novas drogas
a) 4 d) não é possível atribuir efeito benéfico da nova terapia
b) 1
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) 3
d) 0
e) 5 UNICAMP – 2016
113. A figura abaixo mostra resultados de um estudo epi-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA demiológico.

SJT Residência Médica – 2016


112
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

Taxa de mortalidade 20 a) casual simples


b) sistemática
15 c) casual estratificada
doença “Y”

d) por conglomerados, simples


10 e) por conglomerados, etapas múltiplas
países
5  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

0
0 2 4 6 8 10 UNIFESP– 2016
Consumo per capita de alimentos “x” 116. De 20 mulheres com tensão pré-menstrual que rece-
beram extrato de soja, seis melhoraram em seis me-
Assinale a alternativa CORRETA sobre o delinea- ses. De outras 20 mulheres com tensão pré-menstru-
mento do estudo: al que receberam placebo, duas melhoraram em seis
a) Coorte retrospectivo de mortalidade meses. Os dois parâmetros resultantes foram, então,
b) inquérito de consumo alimentar e mortalidade comparados. Qual teste estatístico deve ser aplicado
c) ecológico de agregados espaciais na análise?
d) longitudinal de mortalidade e multicêntrico a) teste t para duas médias provenientes de amostras
independentes
b) teste exato de Fisher para duas proporções prove-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA nientes de amostras independentes
c) teste t para duas médias provenientes de amostras
relacionadas (teste t pareado)
UNICAMP – 2016 d) teste de McNemar para duas proporções provenien-
114. Em um estudo epidemiológico tipo caso-controle tes de amostras independentes
para investigar fatores de risco para câncer colorre- e) teste exato de Fisher para duas proporções prove-
tal em mulheres obteve-se os estimadores na análise nientes de amostras relacionadas
univariada e múltipla apresentados na tabela:
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
ORbru- ORajus-
IC 95% IC 95%
to tado UNIFESP– 2016
0,92- 117. Um estudo recrutou 60 pessoas com certo tipo de cân-
Vitamina C 1,32 0,87-2,3 1,33
2,53 cer (grupo X) e 180 pessoas sem essa doença (grupo
Dieta rica 0,96- Y). Foi aplicado questionário em todas as 240 pesso-
1,29 1,1-3,41 1,19 as, que revelou o seguinte: no grupo X, 35% estavam
em cereais 2,91
expostos a um determinado fator de interesse e, no
Polipose he- 1,48- grupo Y, 40%. O valor da OR bruta foi
1,77 1,3-6,21 1,54
redo-familiar 6,92
a) 2,79
1,15- b) 1,24
Uso aspirina 1,32 0,92-3,81 1,19
2,98 c) 0,11
d) 0,81
Assinale a alternativa CORRETA: e) 0,36
a) a vitamina C apresentou associação significativa
com o câncer colorretal em 33%  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
b) a dieta rica em cereais não apresentou associação
com câncer no estudo UNIFESP– 2016
c) o antecedente familiar de polipose perdeu a associa- 118. Homocisteinemia plasmática (em micromol/L) na se-
ção com o câncer após ajuste das variáveis guinte amostra de 30 homens com idade 51-64 anos,
d) o uso de aspirina foi associado ao câncer apenas na sorteados entre aqueles matriculados em 2015 no
análise univariada Ambulatório de Saúde Coletiva da UNIFESP.
(valores já ordenados):
10,2 12,4 14,8 15,0 16,3 18,5 19,1 19,9 20,0 20,4
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA 20,8 21,5 21,7 21,9 22,0 23,4 24,4 24,6 24,9 25,0
25,9 26,3 27,7 28,5 28,9 29,8 30,0 31,0 32,0 33,0
Qual o valor da mediana dessa amostra (em
UNIFESP– 2016
micromol/L)?
115. Pesquisadores da Secretaria Estadual da Saúde de São
a) 22,7
Paulo planejaram estudar o prognóstico clínico da b) 21,6
tuberculose pulmonar usando amostragem proba- c) 22,0
bilística. Decidiram selecionar para o estudo todos d) 23,4
os pacientes cujos prontuários tivessem número de e) 23,0
inscrição terminado com o algarismo 7. Que tipo de
amostra probabilística foi essa?  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


113
10 Temais gerais

UNIFESP– 2016 UNIFESP– 2016


119. 121. No estudo citado na questão anterior, o valor da fra-
1 3 ção atribuível à hipertensão não tratada na frequ-
ência de casos de acidente vascular cerebral foi (em
porcentagem):
5 a) 60,0
b) 3,0
c) 1,6
6 d) 37,5
e) 17,0

4  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


2
UNIFESP– 2016
122. Rastreamentos de cânceres precisam ser adequada-
mente avaliados antes de serem recomendados em
programas preventivos. Considere as três respostas
abaixo (I, II e III), todas relacionadas à pergunta: “O
que prova que um teste de rastreamento de câncer é
capaz de salvar vidas?”:
I. Mais cânceres serem detectados em populações
Usando a curva ROC mostrada na figura, assinale a rastreadas do que em não rastreadas.
alternativa correta. II. Cânceres detectados por rastreamentos terem me-
a) no eixo 3 vão os valores falsos negativos lhores taxas de sobrevida em 5 anos do que cânceres
b) no eixo 2 vão os valores da especificidade detectados por sintomas.
c) o ponto 1 é a curva ROC de um exame perfeito III. Taxas de mortalidade serem mais baixas em pes-
d) a linha 4 é a curva ROC de um exame com grande soas rastreadas do que em pessoas não rastreadas, em
um ensaio randomizado
poder discriminatório
Qual(ais) a(s) resposta(s) correta(s)?
e) a linha 6 mostra a curva ROC de um exame com
a) I
melhor desempenho que o da linha 5
b) II
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA c) III
d) I e II
e) II e III
UNIFESP– 2016
120. Considere as duas situações a seguir:  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
I. De cada 100 homens com idade ≥ 60 anos com hi-
pertensão arterial não tratada e inicialmente sem UNIFESP– 2016
sinais de acidente vascular cerebral, 8 deles tiveram 123. Em Florada da Serra, todas as crianças nascidas no
um episódio de acidente vascular cerebral em cinco ano de 1989 foram avaliadas quanto ao tipo de alei-
anos de acompanhamento. tamento recebido nos primeiros 6 meses de vida.
II. 100 pacientes hipertensos do sexo masculino e Dez anos depois, estas mesmas crianças tiveram
idade ≥ 60 anos sem sinais de acidente vascular ce- seu coeficiente de inteligência mensurado. Cons-
rebral receberam droga ativa para tratamento da hi- tatou-se que o aleitamento materno exclusivo nos
pertensão arterial. Após cinco anos de acompanha- primeiros 6 meses de vida reduziu em seis vezes
mento houve 5 casos incidentes de acidente vascular o risco de deficiência intelectual nestas crianças,
cerebral. uma década após. Qual foi o desenho de estudo re-
Com relação às duas situações relatadas acima e, con- alizado nesta cidade?
siderando o tipo de estudo epidemiológico realizado, a) caso-controle
a melhor medida para inferir a força da associação b) coorte
entre hipertensão arterial não tratada e frequência de c) transversal
acidente vascular cerebral é: d) ensaio clínico
a) odds ratio e) ecológico
b) risco relativo  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) razão de prevalências
d) risco atribuível
e) número necessário a ser tratado UNIFESP– 2016
124. Encontre a natureza correspondente a cada variável
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA apresentada na primeira coluna

SJT Residência Médica – 2016


114
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

Variável Para verificar uma possível relação entre mortalida-


1. Peso ao nascer de de crianças com menos de 5 anos de idade e renda
2. Número de Filhos familiar per capita deve-se utilizar o gráfico de:
3. Grau de queimadura a) curvas
4. Sexo b) setores circulares
5. Nacionalidade c) barras ou colunas
6. Classe social d) dispersão
e) histograma
Natureza  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
a. quantitativa contínua
b. quantitativa discreta
c. qualitativa ordinal UNIFESP– 2016
d. qualitativa nominal 127. Cem mulheres obesas foram convidadas e aceitaram
participar de um protocolo de pesquisa. Metade das
a) 1.a, 2.a, 3.d, 4.c, 5.d, 6.d mulheres recebeu uma droga recém-criada para agir
b) 1.a, 2.b, 3.c, 4.d, 5.d, 6.c na diminuição do apetite e a outra metade recebeu
c) 1.b, 2.a, 3.c, 4.d, 5.c, 6.d placebo durante 2 meses. O estudo realizado foi du-
d) 1.b, 2.a, 3.d, 4.c, 5.c, 6.c plo cego. Para a visualização de um possível compor-
e) 1.a, 2.b, 3.d, 4.c, 5.d, 6.c tamento diferencial da perda de peso por tipo de dro-
ga deve-se utilizar o gráfico:
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA a) histograma
b) frequências acumuladas
c) diagrama de Lexis
d) Box-plot
UNIFESP– 2016 e) pizza
125. Na população norueguesa, o ferro sério tem distri-
buição aproximadamente normal com µ = 100 mcg/  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
dL e σ2 = 25 mcg/dL. Sendo assim, pode-se afirmar
que 95% dos noruegueses apresentam valores de fer-
UNIFESP– 2016
ro sérico variando entre (mcg/dL):
128. Duzentas mulheres foram convidadas e aceitaram
a) 90,2 e 109,8
participar de um protocolo de pesquisa sobre perda
b) 5,1 e 150 de peso. Metade das mulheres recebeu uma droga
c) 62,5 e 137,5 recém-criada para agir na diminuição do apetite e a
d) 92,5 e 107,5 outra metade recebeu placebo durante 1 mês. O es-
e) para esse tipo de afirmação deve-se conhecer o ta- tudo realizado foi duplo cego. Para testar a hipótese
manho da amostra (n) de que a droga viabiliza maior perda de peso que o
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA placebo deve-se recorrer ao teste:
a) Wilcoxon
b) T de “Student” pareado
UNIFESP– 2016 c) qui-quadrado para amostras dependentes
126. Em um estudo sobre mortalidade de crianças com d) qui-quadrado para amostras independentes
e) T de “Student” não pareado
menos de 5 anos de idade em grandes cidades do Bra-
sil coletaram-se dados sobre várias características  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
demográficas, incluindo-se o relativo a renda mensal
per capita (em reais). Os dados encontrados foram os
seguintes: UNITAU – 2016
129. Com relação aos Testes Diagnósticos, assinale a alter-
nativa INCORRETA.
Mortalidade por 1000 Renda mensal per capita
a) utilizam-se as Curvas ROC (Receiver Operator Cha-
habitantes (reais)
racteristic Curve) para representar a relação entre
5,0 42 sensibilidade e especificidade
2,3 75 b) para se construir uma Curva ROC (Receiver Opera-
tor Characteristic Curve), traça-se um mapa que re-
2,8 64
presente a sensibilidade e a especificidade para um
4,3 51 conjunto de valores
5,4 40 c) quando se tem uma variável contínua após a apli-
cação de um teste diagnóstico quantitativo (ex.: gli-
2,8 71
cemia de jejum) e se pretende transformá-la numa
4,2 55 variável dicotômica, do tipo doente/não doente,
3,0 63 temos de utilizar um determinado valor, na escala
contínua, considerado discriminatório entre essas
3,6 60
duas classes: o cut off (ponto de corte)

SJT Residência Médica – 2016


115
10 Temais gerais

d) testes mais sensíveis estão indicados para rastrea- a) força de associação


mento de doenças e estão sujeitos a encontrar falso- b) relação dose-resposta
-positivos c) sequência temporal
e) o ponto, numa curva ROC, em que há maior oti- d) consistência de resultados
mização das propriedades do teste é aquele que se e) plausibilidade biológica
encontra mais longe do canto superior esquerdo do
diagrama  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UNIOESTE – 2016
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
132. A população da cidade Bonita foi acometida pela
Doença YYY. Estudos têm apontado que o período
AMP – 2016 de incubação para esta doença é de 9 dias. Com base
130. Combine de forma coerente as colunas com os tipos nessa informação, estime a data provável de expo-
de estudos epidemiológicos e as características res- sição ao agente causal conforme a curva epidêmica
pectivas. Agora assinale a alternativa que tem a sequ- apresentada.
ência CORRETA.
Doença YYY, casos por data de início, Cidade
Bonita, agosto de 2014
( ) Parte de indivíduos com doença e 60

a) Ecológico sem doença e busca no passado a pre 50


sença ou ausência do fator de exposição.
Número de casos 40
( ) Parte se de grupos com ou sem
b) Coorte fator de exposição e que ainda não de- 30
senvolveram o desfecho de interesse.
20
( ) Estudos prospectivos utilizados
c) Transversal para comparar determinada inter- 10

venção com outra ou com placebo 0


7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 22
( ) Unidade de análise é uma popu-
Data de início dos sintomas (dias)
lação ou um grupo de pessoas, que
d) Caso-controle
geralmente pertence a uma área geo-
gráfica definida (cidade, estado, país).
a) 8 de agosto
( ) Importante para avaliar a b) 9 de agosto
e) Ensaio clínico
prevalência das doenças. c) 10 de agosto
( ) São importantes para analisar d) 11 de agosto
doenças raras e situações de sur- e) 12 de agosto
tos ou agravos desconhecidos.
( ) Os grupos são seguidos longi-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
tudinalmente e observa-se quem
desenvolve ou não o desfecho.
UNIOESTE – 2016
133. Diversos estudos encontraram que aproximadamen-
a) E, B, E, B, D, D, B
te 85% dos casos de câncer de pulmão são devidos ao
b) C, B, D, C, B, D, D
tabagismo. Essa medida é um exemplo de
c) B, E, C, D, A, D, C
a) uma taxa de incidência
d) D, C, B, E, E, D, A b) um risco atribuível
e) D, B, E, A, C, D, B c) um risco relativo
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA d) uma taxa de letalidade
e) uma razão de proporção de mortalidade

NIOESTE – 2016  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


131. Em um estudo de coorte sobre a relação entre a
massa ventricular esquerda determinada pela eco- UNIOESTE – 2016
cardiografia e a incidência de infarto de miocár- 134. Numa investigação de surto epidêmico, a sequência
dio, é observado que, em relação a uma massa ven- de ações mais apropriada é
tricular esquerda normal, os riscos relativos são a) testar as hipóteses; determinar se existe uma epide-
para uma elevação leve 1,5 (intervalo de confiança mia; caracterizar a epidemia por tempo, lugar e pes-
95%, IC 1,0 a 2,2), elevação moderada 1,9 (IC 95% soa; estabelecer o diagnóstico
1,4 a 2,4) e elevação severa 3,0 (IC 95% 2,1 a 4,3). b) estabelecer a definição de caso; testar hipóteses; ini-
Escolha o critério mais adequado para estabelecer ciar as medidas de controle; caracterizar a epidemia
uma relação causal. por tempo, lugar e pessoa; e estabelecer o diagnóstico

SJT Residência Médica – 2016


116
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

c) determinar se existe uma epidemia; iniciar as medi- As duas populações re-


das de controle; caracterizar a epidemia por tempo, cebem o mesmo peso
lugar e pessoa; e estabelecer o diagnóstico por grupo etário, que é ( ) Frequentemente é usada
d) então aplicado às taxas como índice geral da condi-
d) estabelecer a definição de caso; caracterizar a epide-
de mortalidade específi- ção sanitária de uma nação.
mia por tempo, lugar e pessoa; desenvolver hipóte- cas para grupos etários
ses quanto à disseminação; e dar início as medidas de cada população.
de controle
e) estabelecer o diagnóstico; conduzir um estudo de A partir dessa análise, assinale a alternativa que
caso-controle; e dar início às medidas de controle apresenta a sequência de letras correta.
a) (a), (b), (c), (d)
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA b) (b), (c), (d), (a)
c) (c), (d), (a), (b)
d) (d), (a), (b), (c)
UNIOESTE – 2016 e) (a), (c), (b), (d)
135. Durante um período de 3 meses, foram divulgados
nove casos de Dengue Hemorrágico, sendo três casos  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
fatais. Qual dos cálculos abaixo resulta em 33%?
a) a taxa de ataque UNIOESTE – 2016
b) a taxa bruta de morte 138. Qual o desenho de estudo onde apenas um resultado
c) a proporção de fatalidade do caso pode ser estudado, mas muitos fatores de risco ou ex-
d) a proporção de mortalidade padronizada posições podem ser avaliados?
a) estudo de caso controle
e) a taxa de morte ajustada
b) estudo ecológico longitudinal
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA c) estudo de coorte prospectivo
d) estudo de casos
e) estudo transversal
UNIOESTE – 2016
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
136. São doenças de notificação compulsória, segundo a
Portaria no 1.271, de 6 de junho de 2014, EXCETO,
a) a febre Chikungunya UNITAU – 2016
b) a toxoplasmose 139. A escolha do Estudo Epidemiológico depende,
c) os eventos adversos graves ou óbitos pós-vacinação EXCETO,
a) da frequência do desfecho a ser investigado
d) o acidente de trabalho com exposição a material bio
b) do tipo de exposição
lógico c) do conhecimento existente sobre a relação exposi-
e) a intoxicação exógena por substâncias químicas, in- ção-desfecho
cluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados d) do resultado da pesquisa que se pretende realizar
e) dos recursos disponíveis
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UNIOESTE – 2016
137. Analise as seguintes afirmativas concernentes a indi- UNITAU – 2016
cadores e coeficientes em saúde. Em relação às afir- 140. Assinale a alternativa que NÃO apresenta uma afir-
mação relacionada aos Estudos Descritivos.
mações apresentadas, numere a coluna II de acordo
a) investigam a frequência e a distribuição de um agravo
com a coluna I associando cada definição ao termo
à saúde da população segundo suas características
correspondente. b) investigam a frequência e a distribuição de um agravo à
saúde da população segundo as características do lugar
Coluna 1 Coluna 2 c) investigam a associação entre fatores de risco ou
proteção (variáveis independentes) e o agravo à saú-
( ) Mortes totais observadas
Número de nascimentos de (variável dependente)
nessa população, divididas
a) vivos dividido pela po- d) investigam a frequência e a distribuição de um agra-
pelo número de mortes es-
pulação no meio do ano. vo à saúde da população segundo as características
peradas nessa população.
Taxa de mortali- ( ) Padronização direta das do período (tempo)
b) e) são exemplos de Estudos Descritivos: Relatos de Ca-
dade infantil. taxas de mortalidade.
sos e Série de Casos
Taxa de mortalida-
c) ( ) Taxa de natalidade (bruta).
de padronizada
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


117
10 Temais gerais

UNITAU – 2016 e) a maioria das mortes maternas é evitável. Razões de


141. Assinale a afirmativa INCORRETA. mortalidade materna elevadas são observadas em
a) o objetivo das medidas de ocorrência (ou de frequ- contextos caracterizados por baixos níveis de saúde
ência) é responder se existe uma associação entre da população feminina
uma exposição e um desfecho
b) risco relativo é uma medida de associação e corres-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
ponde à razão entre os riscos dos indivíduos expos-
tos e os riscos dos não expostos UFPI – 2015
c) quanto mais rara for uma doença, mais o odds ratio 144. As variações na incidência de uma doença, cujos ciclos
(OR) se aproxima do Risco Relativo (RR) coincidem com as estações do ano, é denominada de:
d) razão de prevalência é a relação entre a prevalência a) variações cíclicas
nos expostos dividida pela prevalência nos não ex- b) variações sazonais
postos, e é a medida de associação característica do c) variações irregulares
estudo transversal d) epidemia
e) em um estudo, 20% (0,20) dos doentes do grupo e) endemia
controle morreram, comparados a 15% (0,15) dos
que receberam o tratamento em avaliação (interven-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
ção); assim, o valor do Risco Relativo (RR) é 0,75

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA UFPI – 2015


145. A lista de doenças de notificação é atualizada sis-
tematicamente, de forma a responder às novas de-
UFPI – 2015 mandas e mudanças na situação epidemiológica.
142. Leia atentamente o conceito relacionado a seguir: “é Uma série de critérios norteia a escolha das doenças
a frequência de casos novos de uma determinada do- que fazem parte da lista de notificação compulsória,
ença ou problema de saúde num determinado perío- EXCETO:
do de tempo, oriundos de uma população sob risco a) magnitude
de adoecimento no início da observação” (MEDRO- b) potencial de disseminação
NHO, 2002:14). Este conceito faz referência à: c) vulnerabilidade
a) incidência d) compromissos internacionais
b) prevalência e) previsão de cura
c) sobrevida
d) incidência acumulada  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
e) vulnerabilidade

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA UFPI – 2015


146. Dentre os diversos tipos de estudos epidemiológicos,
marque a opção que faz referência ao conceito rela-
UFPI – 2015 cionado a seguir: “tipo de estudo observacional que
143. Sobre os indicadores de saúde baseados em medidas se inicia com a seleção de um grupo de pessoas por-
de mortalidade, NÃO se pode afirmar: tadoras de uma doença ou condição específica e um
a) indicadores baseados em dados sobre mortalidade outro grupo de pessoas que não sofrem esta doença
não são isentos de erros. Falhas no registro dos óbi- ou condição” (MEDRONHO, 2002:221).
tos e/ou no preenchimento das declarações de óbito a) estudo de coorte
comprometem a validade das medidas de mortali- b) estudo caso-controle
dade utilizadas como indicadores de saúde c) estudo de caso
b) a análise da mortalidade, segundo o local de resi- d) estudo ecológico
dência, em vez de ocorrência, tende a maximizar e) estudo comunitário
as distorções do Coeficiente Geral de Mortalidade
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
(CGM), associadas à evasão e à invasão de óbitos,
restando, entretanto, os erros relativos aos registros
do local de residência na declaração de óbito, assim UFPI – 2015
como ao sub-registro de mortes 147. Dentre os diversos tipos de estudos epidemiológicos,
c) a mortalidade pode ser analisada segundo a causa marque a opção que faz referência ao conceito rela-
específica, segundo o agrupamento de causas afins cionado a seguir: “tipo de estudo observacional em
ou grupamentos de causas ou capítulos do CID que a situação dos participantes quanto à exposição
d) a taxa, ou coeficiente de mortalidade segundo cau- de interesse determina sua seleção para o estudo, ou
sa, é a expressão da estimativa do risco de morte sua classificação para a inclusão no estudo. Estes in-
por uma causa específica, ou um grupo de causas, divíduos são monitorados ao longo do tempo para
ao qual esteve exposta uma determinada população avaliar a incidência de doença ou de outro desfecho
durante um certo período de tempo de interesse” (MEDRONHO, 2002:237).

SJT Residência Médica – 2016


118
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

a) estudo de coorte a) malária


b) estudo caso-controle b) tuberculose
c) estudo de caso c) leishmaniose visceral e tegumentar (com expansão
d) estudo ecológico em áreas urbanas)
e) estudo comunitário d) esquistossomose
e) tétano acidental
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
UFPI – 2015
148. A Ficha Individual de Investigação (FII) constitui UFPI – 2015
um instrumento para o registro dos dados da inves- 151. No que diz respeito à temática de transição epidemio-
tigação distinto para cada tipo de agravo. Os dados lógica no Brasil, algumas doenças são caracterizadas
registrados na ficha permitem a análise de cada caso com tendência decrescente, EXCETO:
suspeito, subsidiando o raciocínio epidemiológico a) difteria
do profissional envolvido na investigação epidemio- b) rubéola
lógica. A ficha deve ser utilizada pelos serviços mu- c) coqueluche
nicipais de vigilância epidemiológica ou unidades d) febre amarela silvestre
referendadas para realização da investigação epide- e) febre tifoide
miológica. Os dados gerados nas áreas de abrangên-
cia dos respectivos Estados e Municípios e registra-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
dos no Sinan devem ser consolidados e analisados
considerando aspectos relativos à organização, sen-
AMP – 2015
sibilidade e cobertura do próprio sistema de notifi-
152. Quanto aos desenhos de pesquisas epidemiológicas,
cação e das atividades de vigilância epidemiológica.
combine as colunas abaixo segundo tipo e descrição
Na estrutura básica das fichas, estão contidos, além
do estudo.
daqueles que aparecem na Ficha Individual de Noti-
ficação (FIN), alguns itens, EXCETO:
a) antecedentes epidemiológicos de seus familiares ( ) Baixo custo, medidas to- A. Caso-controle
mais próximos madas de uma só vez. B. Ensaio clínico
b) dados clínicos ( ) Medida de magnitude é a C. Transversal
odds ratio.
c) a realizado
( ) Observa o efeito das intervenções
d) dados de laboratório ( ) Parte do desfecho, re
e) tratamento, evolução e conclusão do caso trospectivamente.
( ) Estuda prevalência ou associações.
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
Escolha a sequência correta das combinações.
UFPI – 2015 a) C, B, A, A, C
149. Um aspecto que se sobressai nos textos recentes da legis- b) B, C, A, B, A
lação sobre notificação de doenças é aquele identificado c) C, A, B, A, C
com os procedimentos tático-operacionais para viabilizar d) A, B, C, C, A
a notificação imediata dos eventos em algumas ocasiões ao e) A, C, B, C, B
Ministério da Saúde. Sendo assim, devem ser notificados
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
ao Cievs, em até 24 horas, a partir da suspeita inicial, todos
os agravos relacionados no Anexo II da Portaria SVS/MS
no 5, de 21 de fevereiro de 2006, EXCETO: AMP – 2015
a) caso suspeito ou confirmado de botulismo 153. Assinale a alternativa que completa o conceito corre-
b) caso suspeito de tétano neonatal tamente.
c) surto ou agregação de casos ou de óbitos por Doen- Epidemia (lato sensu) é a ocorrência de doença ou
ça de Chagas aguda agravo em grande número de pessoas ao mesmo tem-
d) surto ou agregação de casos ou de óbitos por Doen- po. Endemia é a ocorrência coletiva de determinada
ça meningocócica doença que, no decorrer de um
e) caso suspeito ou confirmado de Carbúnculo ou Antraz a) período isolado e determinado, avança progressiva-
mente, dizimando populações de determinada área
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
geográfica e declinando ao longo do tempo ou pela
intervenção terapêutica humana
UFPI – 2015 b) curto período histórico, acomete sistematicamente
150. No que diz respeito à temática de transição epidemio- populações em determinado espaço em dado mo-
lógica no Brasil, algumas doenças são caracterizadas mento específico, com prevalência dependente de
com tendência de persistência, EXCETO: variações sazonais

SJT Residência Médica – 2016


119
10 Temais gerais

c) tempo específico e delimitado, incide em populações, d) associou-se a menor chance de referir história ante-
independente da delimitação geográfica, habitualmen- rior de sífilis
te presente entre os membros de determinado grupo e) promoveu uma proteção de 65% contra o risco de
d) período indeterminado, assalta de forma intensa um contrair sífilis
grupo populacional definido, com incidência in-
dependente das variações sazonais e que apresenta  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
consequências de grandes repercussões
e) largo período histórico, acomete sistematicamente AMP – 2015
grupos humanos distribuídos em espaços delimita- 156. Analise a tabela 2 X 2 abaixo e assinale a alternativa que
dos e caracterizados, mantendo sua incidência cons- apresenta o devido valor preditivo positivo do exame.
tante, permitidas variações sazonais

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA Doença


+ -
AMP – 2015 + 180 220
Exame
154. Uma mesma medida de incidência ou de prevalência - 20 580
tem nomes específicos ao exercer diferentes funções e
forma. Combine de forma coerente as colunas abaixo. a) 94%
b) 73%
( ) Descreve, quanti- c) 63%
A. Coeficiente d) 45%
fica e dimensiona.
e) 27%
( ) Medidas relativas. B. Índice
( ) Orienta decisões. C. Indicador  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
( ) Compara riscos.
( ) Medidas absolutas ou relativas. Grupo Hospitalar Conceição – 2015
157. As revisões sistemáticas são revisões rigorosas de
a) B, A, C, A, C questões clínicas específicas, em relação às revisões
b) A, C, A, B, A sistemáticas está INCORRETO afirmar:
c) C, A, B, A, C a) o viés de publicação é a tendência dos estudos pu-
d) B, B, C, C, A blicados de serem sistematicamente diferentes do
e) A, C, B, C, B conjunto da maioria dos estudos realizados sobre
um determinado tema
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA b) o gráfico em funil é uma forma de detectar o viés na
seleção de estudos para revisões sistemáticas
c) os resultados de uma revisão sistemática são tipi-
AMP – 2015
camente apresentados como um gráfico de floresta,
155. Comparação entre história de sífilis, segundo uso de
mostrando a estimativa-ponto e o intervalo de con-
condom, entre voluntários. Complete o raciocínio es-
fiança para cada um dos estudos
colhendo a assertiva correta.
d) em geral, os estudos publicados estão mais propensos a
serem “positivos”, mas isso não se correlaciona nas re-
Com Sem visões sistemáticas como possível viés de publicação
Total OR IC 95%
história história e) abordagens para encontrar todos os estudos que
0,48- tratam uma questão, para realização de uma revisão
Condom 122 4017 4139 0,65
0,90 sistemática, inclui somar as ferramentas como ME-
Sem DLINE, ler revisões e livros-texto recentes, buscar
67 1444 1511 1
Condom conselhos de especialistas na área em questão, con-
Total 189 5461 5650 siderar artigos citados nos artigos que já foram lo-
calizados por outras abordagens, consultar The Co-
chrane Library e revisar registros de ensaios clínicos
No quadro acima, o OR foi calculado como menor  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
que 1 (OR = 0,65). Portanto, a exposição ao uso de
condom
a) neste caso-controle mostrou associação com 35% a Hospital Albert Einstein – 2015
mais de história de sífilis 158. Um determinado teste diagnóstico A foi aplicado num
b) mostrou que, neste caso, o OR é uma medida insufi- grupo de 300 indivíduos suspeitos de determinada afec-
ciente para a análise ção. O teste constatou positividade em 90% deles. Um
c) não alterou o risco, segundo o intervalo de confiança teste alternativo B, de menor custo, foi aplicado conco-
(0,48-0,90) mitantemente nesse grupo de indivíduos e detectou a

SJT Residência Médica – 2016


120
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

afecção em 240 casos, sendo que destes, 20 tinham apre- Hospital Albert Einstein – 2015
sentado resultado negativo pelo teste A. Uma vez que o 161. O risco relativo (RR) é uma medida de associação
teste diagnóstico A apresenta-se como a melhor tecno- utilizada em estudos epidemiológicos. Em relação à
logia para diagnóstico dessa referida afecção, pode-se sua interpretação pode-se afirmar que:
afirmar que o teste alternativo B apresenta: a) valores menores que 1 (um) excluem uma associa-
a) sensibilidade de 85% e prevalência de 80% ção estatística
b) valor preditivo positivo de 96% e valor preditivo ne- b) o calculo do RR deve ser utilizado tanto em estudos
gativo de 33% de coorte como em estudos de caso-controle
c) sensibilidade de 96% e especificidade de 67% c) o RR não é utilizado para se obter o NNT (Numero
d) sensibilidade de 67% e valor preditivo negativo de Necessário para Tratar)
33% d) a interpretação do RR só pode ser feita em conjunto
com a de odds ratio (OR)
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

Hospital Albert Einstein – 2015


159. Para investigar a possível influência da melatonina Hospital Albert Einstein – 2015
com câncer, foi desenvolvido um estudo de base po- 162. Pesquisadores alemães com o intuito de avaliar
pulacional em Montreal, entre 1979 e 1985. Foi abor- a relação entre estresse emocional e a incidência
dado o histórico de trabalho de três mil homens com de eventos cardiovasculares, utilizaram-se de um
câncer incidente em 11 locais anatômicos. Confron- evento organizado pela Federation Internationale
tou-se os dados com homens sem câncer. de Football Association (FIFA) – Copa do Mundo
de Futebol - no ano de 2006. Para tanto contatou os
Avaliação de risco de diferentes tipos de cânceres em centros de emergências médicas na área de Muni-
homens que trabalham à noite, em Montreal entre os que, onde coletaram informações dos eventos aten-
anos de 1978 e 1985. didos nos períodos de maio a julho de 2006; e como
Variável OR IC95% controle coletaram os mesmos dados nos períodos
de maio a julho dos anos de 2003 e 2005. Foram co-
Pulmão 2,03 1,43 – 2,89
lhidas informações de 4279 pacientes. Segue tabela
Bexiga 2,77 1,96 – 3,92 com dados de razão de incidência.
Melanoma 1,04 0,49 – 2,22
Esôfago 1,51 0,80 – 2,84 Características do paciente que tiveram emergência
cardíaca aguda durante a Copa do mundo da FIFA compa-
OR= odds ratio; IC95% = Intervalo de 95% de confiança
rado com período controle.
Variável RI IC95%
Os resultados sugerem que neste estudo epidemio-
lógico de ______o trabalho noturno pode aumen- Masculino* 3,26 2,78 – 3,84
tar o risco de câncer de ___________. De acordo Feminino* 1,82 1,44 – 2,31
com o apresentado, complete as lacunas com a al- Masculino# 1,16 1,00 – 1,35
ternativa correta.
a) coorte; melanoma Feminino# 1,04 0,87 1,44
b) caso-controle; esôfago Não saber DC1
2,05 1,72 – 2,44
c) transversal; bexiga anterior*
d) caso-controle; pulmão RI= Razão de incidência; IC95%=Intervalo de 95% de con-
fiança; *eventos com jogos da Alemanha; #eventos sem
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA jogos da Alemanha; 1= (DC) Doença coronariana

Hospital Albert Einstein – 2015 A partir dessas informações assinale a alternativa correta:
160. Um estudo epidemiológico, do tipo Ensaio Clini- a) nos dias de jogos da Alemanha a incidência de
co Randomizado ou Aleatorizado é realizado para emergência cardíaca foi 3,26 vezes maior entre ho-
verificar a ação de determinado tratamento. A mens que entre as mulheres
aleatorização é feita para a escolha dos indivíduos b) não saber sobre doença coronariana anterior foi fa-
que receberão ou não este tratamento. Este proce- tor de risco durante os jogos da Alemanha na Copa
dimento, a aleatorização, é realizado tendo como do Mundo
principal objetivo minimizar: c) o risco de emergência cardíaca aguda foi maior tanto
a) erros aleatórios em homens e mulheres durante a Copa do Mundo
b) viés de seleção d) nos dias de jogos da Copa do Mundo a incidência
c) viés de confusão de emergência cardíaca foi 1,82 vezes maior em
d) questões éticas mulheres

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


121
10 Temais gerais

Hospital Albert Einstein – 2015 Hospital da Cruz Vermelha – 2015


163. Uma das vantagens do uso da mortalidade propor- 167. Um exame para detectar um determinado câncer
cional em relação aos coeficientes de mortalidade, apresenta uma sensibilidade de 80% e uma taxa de
geral e específico é que a mortalidade proporcional: falso positivos de 2%.
a) pode ser calculada ano a ano e independe de dados Determine:
populacionais, difíceis de obter Entre 25 pacientes com câncer, quantos terão testes
b) pode ser calculada, no Brasil, mas depende de várias negativos.
bases de dados, difíceis de obter Entre 50 pacientes saudáveis, quantos terão testes
c) por ser expressa em percentuais permite uma me- negativos.
lhor interpretação de uma série histórica Se este exame é usado para rastreamento numa po-
d) permite calcular o risco de uma pessoa morrer com pulação de 5000 pacientes, com uma prevalência de
menor custo operacional 1% desse câncer, quantos, entre toda essa população,
terão exames positivos.
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
A alternativa que apresenta respectivamente as res-
postas corretas é:
Hospital Albert Einstein – 2015 a) 20, 2, 99
164. Assinale a alternativa correta: b) 5, 49, 149
a) coeficientes de mortalidade específicos por causa e c) 10, 1, 40
por idade, referentes ao mesmo ano, mas de regiões d) 15, 48, 50
diferentes podem ser comparados diretamente, sem e) 20, 40, 150
necessidade de padronização
b) coeficientes de mortalidade geral semelhantes entre  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
dois países indicam que esses países possuem apro-
ximadamente o mesmo nível de saúde Hospital da Cruz Vermelha – 2015
c) a padronização de coeficientes de mortalidade espe- 168. Um paciente com história de uso de droga injetável
cíficos por causa é necessária para analisar a tendên- e compartilhamento de seringa em 3 ocasiões vem à
cia histórica de doenças ligadas ao envelhecimento, consulta com um exame de HIV positivo. Conside-
exceto quando se trata de um mesmo país ou região rando sensibilidade de 96% e especificidade de 98%
d) a razão entre o número de óbitos de uma doença X desse exame e assumindo uma probabilidade de 30%
e o número de casos existentes dessa doença, num de infecção nessas circunstâncias, determine qual a
determinado período e numa dada região mede a probabilidade desse exame, de fato, estar correto.
mortalidade proporcional pela doença X a) 100%
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA b) 98%
c) 96%
d) 95%
Hospital da Cruz Vermelha – 2015 e) 90%
165. Com relação ao valor diagnóstico de um teste labora-
torial, assinale a afirmativa correta:  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
a) a precisão de um teste é determinada pela compara-
ção com um valor padrão
Hospital Infantil Varela Santiago – 2015
b) a probabilidade de que um teste laboratorial resulte
169. As flutuações, na incidência de uma doença, ocorridas
alterado em um indivíduo saudável é de 12,5%
em um período maior que um ano denominam-se:
c) o valor normal de um exame inclui somente 95% da
a) endemias
população saudável
b) surtos
d) o estabelecimento da acurácia de um teste depende
c) variações sazonais
de repeti-lo com as mesmas variáveis e condições
e) o valor preditivo de um teste coincide com sua sen- d) variações cíclicas
sibilidade, se for positivo e) epidemias

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

Hospital da Cruz Vermelha – 2015 Hospital Infantil Varela Santiago – 2015


166. Se a taquicardia está sempre presente em pacientes por- 170. Quantificar ou medir a frequência com que os problemas
tadores de Hipertireoidismo, podemos afirmar que: de saúde ocorrem em populações humanas é um dos obje-
a) a presença do sinal diagnostica a doença tivos da Epidemiologia. A esse respeito, é correto afirmar:
b) o sinal é 100% específico a) incidência é definida como a frequência de casos
c) não haverá falsos positivos existentes de uma determinada doença, em uma de-
d) a ausência do sinal exclui a doença terminada população e em um dado momento
e) o sinal é pouco sensível b) taxa de incidência é a expressão da frequência com
que surgem novos casos de uma doença por unidade
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA de tempo e com relação ao tamanho da população

SJT Residência Médica – 2016


122
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

c) prevalência é a frequência de casos novos de uma de- Hospital Infantil Varela Santiago – 2015
terminada doença ou problema de saúde num deter- 174. Gestante portadora de cardiopatia desencadeia insufi-
minado período de tempo em uma dada população ciência cardíaca congestiva na 1ª hora do parto e vai a
d) a incidência acumulada é calculada com a razão entre óbito. Como deve ser classificada essa morte materna?
o número de casos novos de uma determinada doença a) morte materna indireta
e o total de pessoa-tempo gerado a partir da população b) morte materna direta
e) a prevalência pontual expressa a proporção de pes- c) morte materna não obstétrica
soas que apresentam uma determinada doença em d) morte materna tardia
algum momento desde o nascimento e) nenhuma das anteriores
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

Hospital Infantil Varela Santiago – 2015 Hospital Infantil Varela Santiago – 2015
171. Em relação à vigilância epidemiológica é correto 175. Marque a alternativa CORRETA. A sequência correta
afirmar: para investigação de uma epidemia é: 1 – Determina-
a) rumores e comentários dos habitantes de uma loca- ção do grupo afetado; 2 – Confirmação da existência
lidade não se constituem fontes de informação de epidemia; 3 – Verificação do diagnóstico; 4 – Histó-
b) a divulgação das informações não se constitui em ria epidemiológica individual dos doentes e contatos.
uma de suas atividades
a) 1 – 2 – 3 – 4
c) um único caso de um dano à saúde desconhecido
b) 2 – 3 – 1 – 4
numa região não é justificativa para se realizar uma
c) 3 – 2 – 1 – 4
investigação epidemiológica
d) 3 – 1 – 2 – 4
d) a esquistossomose não é doença de notificação com-
e) 2 – 1 – 4 – 3
pulsória em áreas endêmicas
e) os estudos de coorte e casos controle não são indica-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
dos para elucidação de uma epidemia

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA Hospital Infantil Varela Santiago – 2015


176. São doenças ou agravos de notificação compulsória
Hospital Infantil Varela Santiago – 2015 imediata, mesmo em casos suspeitos:
172. A relação entre o número de casos de uma doença e a po- a) tuberculose, hanseníase, leptospirose e rubéola
pulação exposta a adoecer denomina-se coeficiente de: b) meningite, leishmaniose tegumentar e esquistos-
a) ataque somose
b) letalidade c) botulismo, sarampo e paralisia flácida
c) mortalidade d) hepatite B e C, leishmaniose visceral e tétano
d) morbidade e) botulismo, Hepatite C e paralisia flácida
e) mortalidade infantil
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
INCA – 2015
Hospital Infantil Varela Santiago – 2015 177. Corresponde à proporção de pacientes com exame
173. É sabido que a mortalidade infantil no Brasil encon- positivo que têm efetivamente a doença:
tra-se em declínio. Há vários fatores que têm contri- a) sensibilidade
buído para isso, entre eles a extensão de cobertura da b) especificidade
atenção básica. Com referência à mortalidade infan- c) valor preditivo negativo
til, assinale a opção correta: d) valor preditivo positivo
a) a taxa de mortalidade infantil é a soma das taxas de
mortalidade neonatal precoce, neonatal tardia, pós-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
-neonatal e mortalidade perinatal
b) a mortalidade neonatal precoce refere-se aos óbitos
INCA – 2015
de crianças de zero a 27 dias de vida completos
178. Além das fontes regulares de coleta de dados e
c) no Brasil, atualmente, o valor da taxa de mortalidade
neonatal é menor do que o valor da taxa de mortali- informações para analisar, do ponto de vista epi-
dade pós-neonatal demiológico, a ocorrência de eventos sanitários,
d) a mortalidade neonatal tardia refere-se aos óbitos de pode ser necessário, em determinado momento
crianças de 7 a 27 dias de vida completos ou período, recorrer diretamente à população ou
e) a taxa de mortalidade infantil relaciona o número de aos serviços para obter dados adicionais ou mais
óbitos de menores de 1 ano de idade com o número representativos, que podem ser coletados por in-
de óbitos em determinado lugar e período quérito, levantamento epidemiológico ou investi-
gação. Enumere a segunda coluna de acordo com
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA a primeira:

SJT Residência Médica – 2016


123
10 Temais gerais

1ª Coluna INCA – 2015


1 - Inquérito epidemiológico. 181. De acordo com a Portaria Nº 104, de 25 de Janei-
2 - Levantamento epidemiológico. ro de 2011, enumere a segunda coluna de acordo
3 - Investigação epidemiológica. com a primeira:
2ª Coluna 1ª Coluna
( ) Método de trabalho utilizado para esclarecer a 1 – Doença.
ocorrência de doenças transmissíveis ou de agravos 2 – Agravo.
inusitados à saúde, a partir de casos isolados ou rela- 3 – Evento.
cionados entre si. 2ª Coluna
( ) Estudo seccional, geralmente do tipo amostral, ( ) Significa uma enfermidade ou estado clínico, in-
levado a efeito quando as informações existentes são dependentemente de origem ou fonte, que represente
inadequadas ou insuficientes em virtude de diversos ou possa representar um dano significativo para os
fatores. seres humanos.
( ) Estudo realizado com base nos dados existentes ( ) Significa qualquer dano à integridade física, men-
tal e social dos indivíduos provocado por circunstân-
nos registros dos serviços de saúde ou de outras insti-
cias nocivas, como acidentes, intoxicações, abuso de
tuições. Não se trata de um estudo amostral.
drogas, e lesões auto ou heteroinfligidas.
Assinale a sequência correta:
( ) Significa manifestação de doença ou uma ocor-
a) 1, 2, 3
rência que apresente potencial para causar doença.
b) 3, 1, 2
Assinale a sequência correta:
c) 3, 2, 1 a) 1, 2, 3
d) 1, 3, 2 b) 3, 1, 2
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA c) 3, 2, 1
d) 1, 3, 2

INCA – 2015  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


179. Com relação às medidas quantitativas e qualitativas
de avaliação de um sistema de vigilância epidemio- INCA – 2015
lógica, assinale a alternativa incorreta: 182. É um estudo no qual um conjunto de indivíduos sem a
a) a simplicidade deve ser utilizada como princípio doença de interesse é classi昀椀cado em grupos segundo
orientador dos sistemas de vigilância, tendo em vista o grau de exposição a um possível fator de risco ou
facilitar a operacionalização e reduzir os custos de prognóstico, sendo então acompanhados para se
b) a sensibilidade é a capacidade do sistema em detec- comparar a ocorrência da doença em cada um desses
tar os casos grupos. Assinale a qual tipo de estudo se refere:
c) a aceitabilidade se refere à disposição de indivíduos, a) transversal
profissionais ou organizações, participarem e utili- b) caso-controle
zarem o sistema c) ecológico
d) a oportunidade diz respeito à possibilidade do sis- d) coorte
tema identificar todos os subgrupos da população
onde ocorrem os casos  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


INCA – 2015
183. Assinale a alternativa que corresponde a uma medi-
INCA – 2015 da de tendência central que não é sensível à presença
180. Com relação ao processo de randomização em en- de valores extremos:
saios clínicos, assinale a alternativa incorreta: a) média
a) a randomização tem o intuito de gerar grupos com- b) especificidade
paráveis c) mediana
b) a probabilidade de homogeneidade entre os grupos d) amplitude
de comparação independe do número de partici-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
pantes do estudo
c) o ocultamento do processo de randomização é im-
portante para evitar manipulações da alocação que INCA – 2015
podem comprometer a comparabilidade dos grupos 184. Um estudo pode ter seus resultados enviesados devido
d) em ensaio clínico bem conduzido, a decisão de in- à falta de comparabilidade entre populações expostas
cluir ou não um paciente no estudo deve anteceder a e não expostas no que diz respeito ao risco de adoecer,
sua randomização ou seja, mesmo se a exposição sob estudo estivesse au-
sente em ambas às populações, esta diferença conti-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA nuaria existindo. Como se denomina este fenômeno?

SJT Residência Médica – 2016


124
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

a) viés de memória a) viés de seleção


b) viés de informação b) viés de aferição
c) situação de confusão c) viés de confusão
d) causalidade reversa d) variação aleatória
e) erro sistemático
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
Instituto de Olhos de Goiânia – 2015
185. O cumprimento de metas internacionais de controle, PUC-RS – 2015
eliminação ou erradicação de doenças, assumidas por 189. Assinale a alternativa correta, considerando as pro-
força do Regulamento Sanitário Internacional, im- priedades de um teste-diagnóstico:
plica o compromisso da notificação compulsória, no a) um teste sensível raramente classificará de forma er-
Brasil, das seguintes doenças: rônea as pessoas como sendo portadoras da doença
a) peste, AIDS e poliomielite quando, na verdade, não são
b) cólera, poliomielite e AIDS b) um teste específico raramente deixará de diagnosti-
c) cólera, febre amarela e peste car portadores da doença
d) peste, febre amarela e AIDS c) um teste altamente sensível é muito útil para o clíni-
e) dengue, tuberculose e AIDS co quando o resultado é negativo
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA d) os testes específicos são úteis nos estágios iniciais de
um processo diagnóstico, quando diversas possibili
dades estão sendo consideradas
Instituto de Olhos de Goiânia – 2015 e) os testes com bom poder discriminatório concen-
186. A única doença conhecida e erradicada pela inter- tram-se no canto inferior direito da curva ROC (re-
venção ativa do homem é a varíola. Outras doenças ceiver operator characteristic)
que podem ser erradicadas pelos mesmos mecanis-
mos são:  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
a) sarampo e poliomielite
b) tuberculose e hanseníase
c) coqueluche, difteria e tétano PUC-RS – 2015
d) febre amarela, leptospirose e raiva humana 190. Numere a segunda coluna de acordo com a primeira,
e) sarampo, rubéola e dengue considerando as medidas de associação que se apli-
cam aos estudos.
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA 1. Risco relativo
2. Odds ratio
3. Razão de prevalência
PUC-RS – 2015
( ) Estudo transversal
187. Marque verdadeiro (V) ou falso (F), levando em conta
( ) Estudo de coorte
as características de um estudo de coorte.
( ) Estudo de caso-controle
( ) O risco relativo da exposição pode ser estimado
( ) Estudo ecológico
através da razão de chances.
( ) Ensaio clínico
( ) Os casos não são selecionados, mas determinados
A sequência correta de preenchimento dos parênte-
por meio de vigilância contínua.
( ) O risco ou incidência da doença não podem ser ses, de cima para baixo, é:
medidos diretamente. a) 3 - 1 - 2 - 3 - 1
( ) O início se dá com uma população definida em risco. b) 1 - 3 - 2 - 1 - 3
( ) A exposição é medida ao mesmo tempo da doença. c) 3 - 2 - 1 - 1 - 3
A sequência correta de preenchimento dos parênte- d) 1 - 3 - 1 - 2 - 2
ses, de cima para baixo, é: e) 2 1 3 3 1
a) F - V - F - V - F
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
b) F - V - V - F - V
c) V - V - F - V - F
d) V - V - F - F - F PUC-RS – 2015
e) F - F - F - V – V 191. Relacione a segunda coluna de acordo com os concei-
tos apresentados na primeira.
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
1. Viés de seleção
2. Viés de confusão
PUC-RS – 2015 3. Validade interna
188. A divergência resultante da observação entre uma 4. Validade externa
amostra e o valor verdadeiro na população, devida ( ) É o grau de veracidade dos resultados de uma ob-
exclusivamente ao acaso, chama-se: servação em outros cenários.

SJT Residência Médica – 2016


125
10 Temais gerais

( ) É o grau em que os resultados de um estudo estão Santa Casa-BH – 2015


corretos para a amostra de pacientes sob análise. 194. “As medidas voltadas a fornecer serviços adequados
( ) Ocorre quando são feitas comparações entre gru- de apoio e reabilitação para minimizar a morbidade
pos de pacientes que diferem em outros determinan- e maximizar a qualidade de vida após uma doença ou
tes de desfecho, além do que está sendo estudado. lesão de longo prazo.”
( ) Ocorre quando dois fatores estão associados e o O trecho acima pode ser definido CORRETAMENTE por:
efeito de um é distorcido pelo efeito do outro, ou com a) prevenção primária
esse se confunde. b) prevenção secundária
a) 4 - 3 - 1 - 2 c) prevenção terciária
b) 2 - 1 - 4 - 3 d) prevenção quaternária
c) 2 4 1 3  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
d) 4 - 1 - 3 - 2
e) 4 - 3 - 2 – 1
Santa Casa-BH – 2015
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA 195. Assinale a alternativa que apresenta o tipo de pesqui-
sa MAIS adequado para ser utilizado nos estudos de
tipo ecológico e de casos e controles.
Hospital da Polícia Militar-MG – 2015
a) Pesquisa de causa rara
192. Em relação ao índice de Swaroop & Uemura, é COR-
b) Pesquisa de doença rara
RETO afirmar que:
c) Teste de múltiplos efeitos de causa
a) mensura a proporção de pessoas que viveram até os
d) Mensuração direta da incidência
50 anos em relação ao total de óbitos
b) é pouco utilizado em saúde pública e sofre distor-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
ções relacionadas com diferenças nas estruturas po-
pulacionais
c) foi desenvolvido na segunda metade da década de Santa Casa-BH – 2015
196. Em relação aos indicadores de saúde, assinale a alter-
1950 pelo indiano Swaroop e pelo japonês Uemura
nativa INCORRETA.
d) nos países desenvolvidos este índice pode ficar em
a) anos de Vida Perdidos – AVP – calcula-se a partir do
50% ou menos
número de mortes de cada idade multiplicado pela
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA expectativa de vida global padronizada por idade
em que a morte ocorreu
b) anos Perdidos por Incapacidade – API – calcula-se
Hospital da Polícia Militar-MG – 2015 multiplicando o número de casos incidentes devido
193. Marque “V” para as assertivas verdadeiras e “F” a acidentes e doenças pela duração média da doença
para as falsas e, a seguir, marque a alternativa que e um fator de ponderação, refletindo a severidade da
contém a sequência de respostas CORRETA, na or- doença em uma escala, variando de 0 (saúde perfei-
dem de cima para baixo. ta) a 1 (óbito)
( ) Para os estudos do prognóstico, os estudos de c) mortalidade proporcional – total de óbitos por uma
coorte prospectivos são os mais adequados, quando determinada causa dividido pelo total de óbitos por
indivíduos são seguidos longitudinalmente após o todas as causas no mesmo período, expressos por
diagnóstico da doença por determinado tempo e os 100% ou por 1000%
eventos de interesse são registrados. d) taxa de mortalidade materna – total de óbitos de
( ) Estudos de caso-controle não podem ser usados gestantes ou puérperas dividido pelo total de óbitos
para estudo de fatores prognósticos. de mulheres em idade fértil no mesmo período, ex-
( ) A maioria dos estudos de prognóstico é feita com pressos por 100% ou por 1000%
amostras de pacientes de centros universitários ou
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
centros de referência da doença, onde existe possibili-
dade de inclusão de pacientes mais graves, com mais
comorbidades e portanto, prognóstico pior. Santa Casa-BH – 2015
( ) Uma forma quantitativa de expressar o prognósti- 197. Em relação à prevalência e a incidência das doenças,
co é calculando-se a proporção de pacientes do estudo assinale a alternativa INCORRETA.
que são diagnosticados em determinado tempo. a) a taxa de prevalência é a proporção da população
a) F,F,V,F afetada por uma doença ou condição em um deter-
b) V,V,F,V minado momento no tempo
c) V,F,V,F b) a taxa de incidência mede a velocidade na qual ocor-
d) F,V,F,F rem novos casos de doença em uma população, le-
vando em conta diferentes períodos de tempo em
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA que os indivíduos estiverem livres da doença

SJT Residência Médica – 2016


126
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

c) a Diabetes é um exemplo de alta incidência e baixa existentes no SUS. Para o acompanhamento da evo-
prevalência lução de uma endemia, como a dengue hemorrágica
d) a incidência cumulativa mede o denominador, isto que apresenta um padrão cíclico de incidência, o me-
é, a população em risco em apenas um momento do lhor sistema de informação será o Sistema de:
tempo (geralmente no início do estudo), medindo, a) informação hospitalar (SIH/SUS)
portanto, o risco de os indivíduos contraírem a do- b) informação sobre mortalidade (SIM)
ença durante um período específico de tempo c) informações ambulatoriais (SIA/SUS)
d) informação de agravos de notificação (SINAN)
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SURCE – 2015
198. Paciente de 60 anos, diabética há 10 anos, procura UFF – 2015
o seu médico de família e comunidade para avalia- 201. O Programa Nacional de Imunização incorporou a va-
ção de rotina. Durante a consulta, o médico propõe cina contra varicela no calendário vacinal, usando uma
a substituição do hipoglicemiante oral que usa há 8 combinação tetraviral: sarampo, rubéola, caxumba e
anos (droga “A”) por outro mais efetivo (droga “B”), varicela. Esta conduta foi baseada em estudos que com-
porém logo é questionado sobre os reais benefícios da pararam a aplicação combinada com a aplicação conco-
troca. Para ajudar na decisão, são apresentadas as in- mitante da tríplice viral e da vacina contra varicela. As
cidências de complicações associadas ao diabetes de características desses estudos, que conferem validade
um ensaio clínico randomizado realizado por 10 anos: interna e respaldam a adoção da vacina, são, além do
Grupo que utilizou a droga “A”: 20%. mascaramento dos participantes e dos médicos:
Grupo que utilizou a droga “B”: 5%. a) aleatorização da amostra, p-valor elevado
Que percentual de complicações associadas ao diabe- b) seleção enviesada, p-valor baixo
tes previstas no Grupo “A” seriam evitadas nas pesso- c) aleatorização da alocação, ocultamento da sequên-
as do Grupo “B”? cia aleatória
a) 15% d) randomização, p-valor elevado
b) 25% e) intervalo de confiança de 95%, análise multivariada
c) 75%
d) 85%  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


UFF – 2015
202. Em relação aos tipos de desenho epidemiológico, a
UERJ – 2015 afirmativa correta é:
199. O uso de indicadores epidemiológicos contribui para a) estudos caso-controle aninhados têm maior valida-
que um país avalie as condições de saúde de sua po- de interna que estudos caso controle convencionais,
pulação. O indicador Swaroop e Uemura ou Razão porque minimizam os vieses de seleção
de Mortalidade Proporcional (RMP) é usado para b) estudos transversais, de coorte e caso-controle são
diferenciar essas condições de saúde. Sobre as carac- adequados ao estudo de fatores de risco
terísticas desse indicador, é correto a昀椀rmar que: c) ensaios clínicos randomizados são a melhor opção
a) é calculado pela razão de óbitos de pessoas com ida- para medir acurácia
de ≥ 50 anos e população ≥ 50 anos d) estudos de meta-análise se aplicam a estudos obser-
b) é calculado pela razão de óbitos de pessoas com ida- vacionais, não sendo recomendados para estudos
de ≥ 50 anos e o total de óbitos experimentais
c) níveis elevados são encontrados em países mais sub- e) estudos de prognóstico são realizados com estudos
desenvolvidos seccionais e utilização da curva de Kaplan-Meier
d) níveis baixos são encontrados em países mais desen-
volvidos  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


UFF – 2015
203 Pesquisa em cinco cidades da América Latina (Mene-
UERJ – 2015 zes et al., 2014) está acompanhando pacientes diag-
200. A vigilância epidemiológica (VE) é de昀椀nida pelo SUS nosticados com doença pulmonar obstrutiva crônica
como um conjunto de ações que proporciona o conhe- (DPOC) para avaliar função respiratória, comorbida-
cimento, detecção ou prevenção dos fatores determi- des e mortalidade. O corpus do estudo é constituído
nantes e condicionantes de saúde individual e coletiva, de pacientes do período de 2002 a 2004. Após alguns
com a 昀椀nalidade de adoção de medidas de prevenção anos de follow-up, foram avaliados cerca de 80% dentre
e controle. Para efetivar a VE, pro昀椀ssionais e gestores eles. Os exames de espirometria foram realizados após
devem utilizar informações coletadas, armazenadas e treinamento dos observadores e alcançaram alta quali-
processadas pelos Sistemas de Informação em Saúde dade, podendo-se afirmar em relação ao estudo que:

SJT Residência Médica – 2016


127
10 Temais gerais

a) é uma coorte retrospectiva, porque os pacientes já UFSC – 2015


têm a doença diagnosticada e deverá ser calculado o 206. Em relação ao tema da inferência estatística, assinale
risco relativo como medida de associação a alternativa CORRETA.
b) a medida de associação que deverá ser calculada a) não é possível realizar qualquer inferência estatísti
para mortalidade é a razão de prevalências ca a partir de amostras de reduzido tamanho, isto é,
c) é um caso-controle, porque parte da doença (DPOC) com menos de 500 indivíduos
e a medida de associação serão a odds ratio (razão b) cabe ao profissional de saúde julgar se é possível
de chances) fazer inferência em relação aos dados de alguma
d) a qualidade dos exames espirométricos garante a va- amostra, não sendo possível empregar qualquer re-
lidade externa do estudo curso estatístico em sua realização
e) é uma coorte prospectiva e poderá haver viés de se- c) o tamanho de uma amostra não guarda qualquer
leção, dependendo das características dos pacientes relação com a capacidade de extrapolar seus resulta-
perdidos no seguimento dos para uma população de referência
d) a inferência estatística está baseada na representa-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA tividade das amostras e na estimação de valores de
probabilidade (valores-p) ou do cálculo de interva-
UFSC – 2015 los de confiança para os parâmetros de interesse
204. Em relação ao rastreamento populacional em saúde e) por inferência estatística entende-se o processo de
coletiva, sua recomendação, seu estudo e sua avalia- seleção de uma amostra que seja representativa da
ção, é CORRETO afirmar que: população-alvo em uma investigação
a) os oportunísticos são mais onerosos e menos efeti-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
vos sobre a morbimortalidade atribuída à condição
rastreada do que os programas organizados de ras-
treamento UFSC – 2015
b) a sobrevida em 5 ou 10 anos (conforme a doença) é o 207. Assinale a alternativa que completa CORRETAMEN-
melhor critério de avaliação para comparação entre TE a frase abaixo.
grupos nos ensaios clínicos sobre rastreamento Um teste estatístico pode ser empregado quando se deseja:
c) a diminuição do risco relativo nos grupos rastreados a) saber se os resultados de um estudo são aplicáveis à
é o melhor indicador para avaliação da eficácia do amostra investigada
rastreamento b) eliminar a possibilidade de que os resultados de uma
d) como relativamente poucas evidências de boa quali- pesquisa sejam devidos a um determinado tipo de viés
dade estão disponíveis, na medicina em geral as de- c) divulgar um trabalho em um periódico científico,
cisões sobre recomendação de rastreamentos reca- tendo em vista que este é um requisito para os traba-
em no bom senso e ética dos profissionais de saúde e lhos acadêmicos serem publicados
gestores de sistemas de saúde d) examinar a validade dos resultados de uma pesquisa
e) quando os vieses dos ensaios clínicos de rastreamen- realizada com a totalidade dos indivíduos perten-
to (de seleção, de tempo de antecipação, de duração centes à população de referência (censo)
e de sobrediagnóstico) são controlados e avaliados, e) conhecer a probabilidade com que uma diferença
as recomendações têm se mostrado otimistas e con- observada em algum estudo pode ser atribuída ao
solidadas acaso ou ao erro amostral
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UFSC – 2015 UFSC – 2015


205. Assinale a alternativa que responde CORRETAMEN- 208. Assinale a alternativa que completa CORRETAMEN-
TE à pergunta abaixo. TE a frase abaixo.
Qual o significado do valor 1,0 para a razão de chances As medidas estatísticas interdependentes empregadas na
(odds ratio) em uma tabela 2x2 que representa os resul- construção de um diagrama de controle de doenças são:
tados de um estudo planejado para verificar a associa- a) média, mediana e desvio padrão
ção entre uma determinada exposição e uma doença? b) média e desvio padrão
a) o risco/chance dos expostos é 10% maior do que o c) média, moda e amplitude de variação
dos não expostos d) mediana e desvio padrão
b) o risco/chance dos expostos é 100% maior do que o e) desvio médio e desvio
dos não expostos
c) não foi encontrada associação entre exposição e efeito  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
d) o risco/chance dos expostos é uma vez maior do que
o risco/chance dos não expostos
e) o risco/chance não pode ser calculado nestes casos UFSC – 2015
209. Assinale a alternativa que completa CORRETAMEN-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA TE a frase abaixo.

SJT Residência Médica – 2016


128
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

Mulher de 55 anos vai à consulta por percepção de b) aumenta a probabilidade a priori da identificação do
nódulo na mama esquerda. Na anamnese, refere ter caso, e assim o valor preditivo dos testes diagnósticos
tido dois filhos, que amamentou até os quatro meses c) aumenta a probabilidade a posteriori da identificação
de idade cada um, e não menstruar há cinco anos. do caso, e assim a sensibilidade dos testes diagnósticos
Ao exame, o médico palpa nódulo no quadrante d) aumenta a probabilidade a priori da identificação do
superior esquerdo de forma irregular, densidade caso, e assim a especificidade dos testes diagnósticos
homogênea e não infiltrado. Solicitada biópsia, a e) depois da crise epidêmica o número de casos diminui
histologia revela limites irregulares e o resultado e não há mais interesse na confirmação diagnóstica
é inconclusivo. Para aumentar a especificidade do
diagnóstico de câncer de mama, o médico deve con-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
siderar essas informações:
a) apenas em série UFSC – 2015
b) apenas em paralelo 212. Um estudo publicado em 2012 e conduzido na Norue-
c) primeiro em série e depois em paralelo ga acompanhou por mais de uma década aproximada-
d) em série e conhecer também a prevalência de câncer mente 100 mil pessoas. O objetivo dos pesquisadores
de mama na região era avaliar a eficácia do screening (rastreamento) do
e) em paralelo e conhecer também a prevalência de câncer colorretal por sigmoidoscopia flexível. As pes-
câncer de mama no seu consultório soas foram distribuídas pelos pesquisadores em dife-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA rentes grupos, sendo que num deles todos realizaram
periodicamente sigmoidoscopia isoladamente ou em
combinação com pesquisa de sangue oculto nas fezes.
UFSC – 2015 Já o grupo controle não recebeu nenhuma intervenção.
210. Considere duas populações de crianças menores de Ao final do estudo, observou-se menor incidência e
cinco anos de idade, uma em que a prevalência de mortalidade por câncer colorretal no grupo que rece-
anemia ferropriva (AF) é de 53% e outra em que essa beu a intervenção. Assinale a alternativa CORRETA,
prevalência é de 20%. Vêm à consulta duas crianças, que descreve o tipo de estudo descrito no enunciado.
uma de cada uma dessas populações, trazendo um a) caso-controle
resultado de hemoglobina sérica de 10 g/dl. Em vista b) transversal
dessas afirmações, é CORRETO afirmar que: c) coorte
a) a probabilidade de ter AF é a mesma para as duas d) ensaio clínico
crianças, uma vez que a sensibilidade e especificida- e) ecológico
de do teste diagnóstico independe da prevalência do
evento  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
b) a probabilidade de ter AF é maior na população com
menor prevalência, uma vez que nessa população a UFSC – 2015
sensibilidade do teste é maior 213. Um estudo epidemiológico de base hospitalar ana-
c) a probabilidade de ter AF é maior na população com lisou a associação entre a ingestão de determinados
maior prevalência, uma vez que nessa população a nutrientes e o carcinoma de nasofaringe. No modelo
especificidade do teste é maior ajustado por variáveis demográficas, socioeconômi-
d) é impossível avaliar se a probabilidade de ter AF de cas e comportamentais, os autores relataram Odds
uma criança é maior do que a da outra sem conhecer Ratio igual a 1,85 (IC95% 1,12-3,05), 1,09 (IC95%
os valores de sensibilidade e especificidade do teste 0,67-1,78) e 0,42 (IC95% 0,24-0,75) entre os grupos
e) a probabilidade de ter AF é maior na população com de maior consumo de colesterol, açúcar e β-caroteno,
maior prevalência, uma vez que a probabilidade a respectivamente, quando comparados aos grupos de
priori do evento é maior menor consumo desses nutrientes. Com base nesses
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA resultados, é CORRETO afirmar que:
a) o grupo que apresentou maior consumo de
β-caroteno apresentou menor chance de apresentar
UFSC – 2015 o carcinoma de nasofaringe
211. No início de uma epidemia provocada por agente in- b) a associação entre o carcinoma de nasofaringe e o
feccioso, o diagnóstico de um caso só é confirmado consumo de açúcar é estatisticamente significante
após a identificação do agente ou seu marcador. En- c) não se pode afirmar que o consumo desse nutrientes está
tretanto, ao aumentar o número de casos na popula- associado com o desfecho, pois apenas estudos popula-
ção, é comum prescindir da identificação do agente e cionais – e não hospitalares – permitem tal conclusão
confirmar o diagnóstico apenas com as manifestações d) a possível associação entre o carcinoma de nasofa-
clínicas e certas características do paciente. É COR- ringe e o consumo dos nutrientes não pode ser veri-
RETO afirmar que isso acontece porque: ficada com os dados apresentados, pois ela só pode
a) acabam os “bolsões de suscetíveis”, e assim todos os ser analisada no modelo bruto, e não no modelo
casos suspeitos são logicamente casos da doença ajustado

SJT Residência Médica – 2016


129
10 Temais gerais

e) o grupo que reportou maior ingestão de colesterol PUC-PR – 2015


apresentou chance 85% maior de ocorrência de car- 217. Há uma quantidade de evidência construída ao longo
cinoma de nasofaringe, porém o resultado não é es- dos anos sobre a eficácia da aspirina na prevenção pri-
tatisticamente significativo pois o intervalo de con- mária de doenças cardiovasculares. Metanálises cumu-
fiança é muito elástico lativas têm mostrado esse efeito. Sobre as vantagens da
metanálise cumulativa, analise as proposições a seguir:
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA I. É possível constatar quando cada novo estudo alte-
rou os efeitos reunidos.
II. Olhando um gráfico forest plot de uma metanálise
UFSC – 2015
cumulativa, tem-se certeza de que todos os estudos
214. Assinale a alternativa que completa CORRETAMEN-
analisaram a mesma pergunta.
TE a lacuna da frase abaixo.
III. É possível saber o número de estudos publicados
Uma limitação importante do estudo
sobre a mesma pergunta, caso uma revisão sistemáti-
_____________________ é a dificuldade em estabele-
ca tenha sido feita.
cer a cronologia dos eventos e determinar se a exposi-
IV. Resultados discrepantes são esperados em 5% dos
ção precedeu o desfecho.
estudos.
a) transversal
Estão CORRETAS as proposições:
b) de coorte
a) I, III e IV
c) de intervenção
b) II e III
d) ensaio-clínico
c) I, II e IV
e) experimental
d) I, II e III
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA e) I, II, III e IV

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


UFSC – 2015
215. Assinale a alternativa que completa CORRETAMEN-
UNAERP – 2015
TE a frase abaixo.
218. É considerado o instrumento mais poderoso de pes-
Nos anos de 2001 e 2002, as taxas anuais de incidên-
quisa, no qual os pacientes são alocados, por sorteio,
cia de dengue no município de São Sebastião, em São
para receberem uma de várias intervenções clínicas.
Paulo, foram iguais a 80,3 e 211,1 por 100.000 habi-
O desenho de estudo que melhor se enquadra nessa
tantes. Isso significa que:
definição é
a) morreram 211,1 pessoas a cada 100 mil habitantes
a) coorte prospectiva
em 2002
b) coorte retrospectiva
b) havia 211,1 pessoas com a doença a cada 100 mil ha-
c) caso-controle
bitantes em 2002
d) ensaio Clínico Randomizado
c) surgiram 80,3 casos novos da doença a cada 100 mil
e) transversal
habitantes em 2001
d) morreram 80,3 pessoas a cada 100 mil habitantes  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
doentes em 2001
e) receberam tratamento no SUS 211,1 pessoas a cada
100 mil habitantes em 2002 UNAERP – 2015
219. O SINAN (Sistema Nacional de Agravos de Notifica-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA ção) é o Sistema de Informação utilizado pelo Minis-
tério da Saúde no armazenamento e processamento
de dados referentes às doenças de Notificação Com-
PUC-PR – 2015 pulsória. Das doenças descritas, assinale a alternativa
216. A metanálise é um método estatístico. A obtenção do das que devem ser notificadas.
resultado dos estudos reunidos envolve duas etapas. a) Aids / febre reumática / hantavirose/ hepatite A e B
São elas: b) doença de chagas / caxumba / hepatite A e B / malária
a) primeira– análise quantitativa dos estudos; Segunda c) cólera / febre amarela / dengue /hantavirose
etapa – análise qualitativa dos estudos d) febre maculosa / hepatite A, B e C / poliomielite /
b) primeira– revisão sistemática; Segunda etapa – sín- gonorreia
tese dos dados e) varíola /escarlatina /difteria /pediculose / meningite
c) primeira etapa – cálculo do resultado de cada estudo;
Segunda etapa – cálculo do tamanho do efeito global  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
d) primeira– ampla busca de artigos relevantes com
uma estratégia otimizada; Segunda etapa – seleção
dos estudos a partir de critérios pré-estabelecidos UNAERP – 2015
e) primeira– revisão da literatura; Segunda etapa – 220. A elevação do número de casos de uma doença ou
análise quantitativa dos estudos agravo, em determinado lugar e período de tempo,
caracterizando de forma clara um excesso em relação
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA à frequência esperada, denomina-se:

SJT Residência Médica – 2016


130
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

a) surto UNAERP – 2015


b) epidemia 224. Em relação aos estudos experimentais, podemos afirmar:
c) endemia a) as variáveis confusionais podem ser equilibradas
d) epizootia pela randomização
e) endemia b) a variável dependente é representada pela intervenção
c) o desfecho é também chamado de variável independente
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA d) os grupos teste e controle são selecionados de popu-
lações diferentes
e) os estudos controlados e randomizados apresentam
UNAERP – 2015
qualidade inferior
221. Em ordem decrescente de confiabilidade, podemos
citar os seguintes estudos:  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
a) coorte, transversais e caso-controle
b) experimentais, caso-controle e transversais
UNAERP – 2015
c) caso-controle, coorte e experimentais 225. Em relação aos estudos de coorte podemos afirmar:
d) transversais, caso-controle e coorte a) são transversais
e) coorte, experimentais e caso-controle b) os grupos são definidos em relação ao desfecho
c) os pacientes são randomizados para exposição e não
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA exposição
d) são observacionais
UNAERP – 2015 e) não são capazes de definir as incidências
222. São características dos exames de screening, exceto:  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
a) apresentam alta sensibilidade
b) apresentam alto valor preditivo positivo
c) são aplicados a pacientes assintomáticos UNAERP – 2015
d) apresentam elevado impacto na incidência 226. Na investigação descrita a seguir, procurou-se examinar o
papel da deficiência materna de folato para o desenvolvi-
e) devem ser de baixo custo e fácil execução
mento de malformação congênita de tubo neural. Foram
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA incluídos 80 recém-nascidos (RN) com malformação de
tubo neural e 160 RN sem esta malformação. Encontrou-
-se deficiência de folato em 20 mães de RN com malfor-
UNAERP – 2015 mação congênita de tubo neural e em 16 mães de RN sem
223. Associe corretamente o tipo de investigação com o esta malformação. Assinale a alternativa correta:
melhor desenho de estudo: a) o risco relativo de malformação congênita de tubo neu-
a) relação de causa e efeito para doenças prevalentes – ral associado à deficiência materna de folato foi 1,9
trials b) o risco relativo de malformação congênita de tubo
associado à deficiência materna de folato foi 1,1
b) precisão de métodos diagnósticos – coorte
c) nas mães com deficiência de folato, o risco atribuível
c) relação de causa e efeito para doenças raras – caso
de malformação congênita de tubo neural foi 26%
controle d) nas mães com deficiência de folato, o risco atribuível
d) eficácia de medicamentos no tratamento de doenças de malformação congênita de tubo neural foi 4%
– transversal e) o odds ratio (“razão de chances”) de malformação
e) relação de causa e efeito para fatores de risco imutá- congênita de tubo neural associado à deficiência
veis – ensaios clínicos materna de folato foi 3,0

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UNITAU – 2015
227. Os dados abaixo mostram o resultado de uma pesquisa sobre a ocorrência de óbitos neonatais precoces, na
qual foram estudadas as seguintes variáveis: peso do recém-nascido, sexo e idade gestacional em semanas.
Variáveis Óbitos Neonatais precoces
OR bruto IC 95% p OR ajustado p
Peso ao nascer*
≥ 2.500 g 1,00 < 0,001 1,00 < 0,001
< 2 500 g 50,77 28,30 - 91,08 18,43

SJT Residência Médica – 2016


131
10 Temais gerais

Variáveis Óbitos Neonatais precoces


Sexo**
Feminino 1,00 0,044 1,00
Masculino 1,51 1,02 - 2,25 1,44 0,065

Pré-termo (semanas de gestação)***


≥ 37 1,00 - < 0,001 1,00 < 0,001
< 37 25,76 15,30 - 43,37 4,87
Nota: OR = odds ratio = razão de chances
*ajustado por sexo e idade gestacional (pré-termo):
**ajustado por peso ao nascer e idade gestacional; ***ajustado por peso ao nascer e sexo.

A análise da tabela permite afirmar que


a) a associação entre peso ao nascer e óbito neonatal desaparece com a OR ajustada
b) a chance de ocorrência de óbitos neonatais precoce é maior no sexo feminino
c) a chance de ocorrência de óbitos neonatais precoce é menor para idade gestacional abaixo de 37 semanas
d) peso abaixo de 2.500 g ao nascer está associado à ocorrência de óbito neonatal
e) a associação entre sexo masculino e óbito neonatal precoce manteve-se com resultado estatisticamente significante,
mesmo após ajuste (OR ajustado)

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UNITAU – 2015 mero de óbitos de menores de um ano de idade, por


228. A ocorrência de um terremoto comprometeu as usinas mil nascidos vivos, na população residente em deter-
nucleares de um determinado país. Diante disso, pes- minado espaço geográfico, no ano considerado.
quisadores decidiram avaliar eventuais impactos desse III. Taxa de Mortalidade Infantil estima o risco de
evento sobre a saúde da população residente nessa re- morte dos nascidos vivos durante o seu primeiro ano
gião. Considerou-se grupo exposto aqueles que resi- de vida, expressando um conjunto de causas de morte
diam num raio mais próximo às usinas e, não exposto, cuja composição é homogênea entre os subgrupos de
aqueles que residiam em áreas mais distantes. Esses dois idade dessa faixa etária.
grupos foram acompanhados por muitos anos para ve- a) as afirmações I, II, III estão corretas
rificar a ocorrência de câncer como desfecho do estudo. b) somente a afirmação I está incorreta
Diante do exposto, assinale a alternativa CORRETA. c) somente a afirmação II está correta
a) trata-se de um estudo caso-controle, que é o mais d) somente a afirmação III está incorreta
adequado para situações raras e) somente as afirmações II e III estão corretas
b) o tipo de estudo epidemiológico mais apropriado
para analisar fatores de risco nessa situação é o en-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
saio clínico
c) trata-se de um estudo epidemiológico observacional UNITAU – 2015
de coorte 230. Analise as afirmações abaixo e assinale a alternativa
d) esse tipo de situação não caracteriza nenhum tipo de CORRETA.
estudo epidemiológico I. Vigilância em Saúde é a observação contínua da
e) trata-se de um estudo ecológico, pois um país está distribuição e das tendências da incidência de doen-
sendo estudado e, além disso, envolve uma questão ças, mediante coleta sistemática, consolidação e ava-
ambiental liação de dados, assim como a disseminação regular
das informações produzidas.
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
II. Cabe à Secretaria de Vigilância em Saúde coorde-
nar o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde em
UNITAU – 2015 todo o território brasileiro.
229. No que diz respeito aos indicadores de saúde, ana- III. A Vigilância Epidemiológica compreende um
lise as afirmações a seguir para assinalar a alter- conjunto de ações que proporcionam o conheci-
nativa CORRETA. mento, a detecção ou a prevenção de qualquer mu-
I. Taxa Bruta de Mortalidade corresponde ao número to- dança nos fatores determinantes e condicionantes
tal de óbitos por mil habitantes, na população residente de saúde individual ou coletiva, com a finalidade
em determinado espaço geográfico, no ano considerado. de recomendar e adotar medidas de prevenção e
II. Taxa de Mortalidade Infantil corresponde ao nú- controle de doenças ou agravos.

SJT Residência Médica – 2016


132
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

a) somente a afirmação I está correta c) ensaio clínico controlado


b) somente a afirmação II está correta d) ensaio tipo antes e depois
c) somente a afirmação III está correta
d) as afirmações I, II e III estão corretas  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
e) as afirmações I, II e III estão incorretas

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA UFRN – 2015


232. O serviço em que um médico é residente decide ela-
UFRN – 2015 borar diretrizes clínicas para tratamento dos princi-
231. Foi feito um estudo com 200 hipertensos e diabéti- pais problemas apresentados e o convida para ajudar
cos vinculados a uma unidade da Estratégia Saúde da na elaboração. Ele fica responsável por fazer a busca
Família do município de Natal que se disponibiliza- das evidências nas principais bases de pesquisa. As
ram a participar do mesmo. Avaliaram-se, antes da bases de dados nas quais ele teria a probabilidade de
intervenção, as medidas pressóricas, peso, controle
encontrar mais artigos de revistas e de maior impacto
glicêmico e lipídico. Procedeu-se a uma intervenção
indexadas são:
educacional com seis sessões educacionais com cada
hipertenso (uma por mês). Ao final dos quatro meses, a) SCIELO, LILACS e ABEC
realizou-se nova avaliação das medidas antropomé- b) LILACS, ABEC e EBSCO.
tricas e laboratoriais, comparando-as com as primei- c) MEDLINE, EMBASE e SCIELO
ras medidas. O tipo de delineamento utilizado foi d) LILACS, LATINDEX e ABEC
a) estudo ecológico
b) ensaio comunitário (por conglomerado)  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UFRN – 2015
233. Avalie a seguinte metanálise sobre o efeito do controle intensivo da hipertensão na redução de eventos cardiovascu-
lares: Lv J et al., Effects of intensive blood pressure lowering on cardiovascular and renal outcomes: a systematic review
and meta-analysis, PLoS Med. 2012.

2c: Stroke

ABCD (N) 2001 136 -9/-6 0,32 (0,10, 0,95)

REIN-2 2005 137 -4,1/-2,8 0,33 (0,04, 3,17)

ACCORD 2010 139 -14,2/-6,7 0,58 (0,39, 0,88)

AASX 2010 150 -13/-7 0,96 (0,64, 1,44)

ABCD(H) 2000 155 -6/-8 0,98 (0,40, 2,43)

UKPDS-HDS 159 -10/-5 0,58 (0,37, 0,90)

Cardio-Sis 2009 163 -3,8/-1,5 0,44 (0,14, 1,42)

VANLISH 2010 170 -5,4/-1,7 0,70 (0,37, 1,32)


HOT 1998 170 -2,9/-3,1 0,87 (0,68, 1,11)

JATOS 2008 172 -9,7/-3,3 1,04 (0,69, 1,59)

Overall 8,2/-4,2 0,76 (0,63, 0,92), p = 0,004


Events/population: 282/14962 vs. 444/20880
P = 23,2%, 95%Cl: -57,8% to 62,6%, p = 0,230

-1 -5 1 1,5 2,5

Favours more intensive regimen Favours less intensive regimen

Observando o gráfico em floresta, a redução do risco relativo em se ter um AVC (acidente vascular cerebral) utili-
zando-se regime intensivo de controle pressórico comparado ao grupo controle, é
a) 92%
b) 76%
c) 63%
d) 24%

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


133
10 Temais gerais

UFRN – 2015 UNESP – 2015


234. Foi realizado um estudo de caso-controle sobre o risco de 239. A clientela de um centro de saúde é de 20 000 adultos
desenvolvimento de obesidade em adultos, tendo sido apli- (cadastrados). Uma avaliação inicial dos prontuários
cado um questionário de avaliação do padrão alimentar revelou 3 000 pessoas com diagnóstico de hiperten-
nos últimos 5 anos para os casos e para o controle. Sabe-se são arterial em tratamento na unidade. O seguimento
que, nesses estudos, os casos tendem a recordar-se mais que
dessas pessoas indicou 200 novos diagnósticos por
os controles dos detalhes da história pregressa. Isso é consi-
derado, nos estudos de caso-controle, um viés de ano. A estimativa aproximada da prevalência de hi-
a) Berkson pertensão em 1 ano é de:
b) memória a) 15%
c) detecção b) 16%
d) confusão c) 32%
d) 0,16%

O estudo a seguir servirá de base para as questões 235 e  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
236.
Um estudo hipotético testou a acurácia do teste rápi-
UNICAMP – 2015
do oral para detecção de infecção por HIV, utilizan-
do-se outro teste sérico como padrão-ouro. 240. Foi iniciado um ensaio clínico fase III para avaliar uma
nova droga antineoplásica em comparação a um medica-
mento usual. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
UFRN – 2015 a) o acompanhamento do grupo controle deverá ser
235. A sensibilidade e especificidade do teste são, respecti- feito com placebo e duplo cego
vamente: b) os pacientes devem ser aleatorizados nos grupos de
a) 50% e 99% seguimento antes da administração dos esquemas
b) 99% e 90% terapêuticos
c) 99% e 82% c) por motivos éticos, é desejável que os pacientes sai
d) 90% e 9% bam a qual esquema terapêutico estão submetidos
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA durante o seguimento
d) a nova droga deve ser administrada preferencial-
mente aos pacientes com estádios menos avançados
UFRN – 2015
236. A acurácia do teste e a prevalência da doença entre  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
esses pacientes são, respectivamente:
a) 99% e 9%
b) 82% e 18% UNICAMP – 2015
c) 90% e 9% 241. Em um estudo fase III para avaliar uma nova dro-
d) 90% e 18% ga antineoplásica em comparação a um medica-
mento usual, obteve-se a taxa de recidiva de 5,0
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA casos por 100 pacientes/ano no grupo com a nova
droga e de 6,1 casos por 100 pacientes/ano no
UNESP – 2015 grupo controle. A razão entre as taxas foi de 1,2
237. O delineamento epidemiológico mais apropriado (Intervalo de Confiança-IC 95% 0,9-1,5) para o
para o estudo de uma doença que ocorre com alta fre- grupo de intervenção. A incidência de efeitos ad-
quência (15%) na população geral, ainda que a expo- versos graves foi de 10,0 por 100 pacientes/ano (IC
sição seja pouco frequente, é 95% 7,1 – 12,2) entre os tratados com a nova droga
a) estudo caso-controle e de 9,0 por 100 pacientes/ano (IC 95% 8,2 – 14,0)
b) série de casos no grupo controle. ASSINALE A ALTERNATIVA
c) estudo de coorte
CORRETA:
d) ensaio clínico aleatorizado
a) o estudo não demonstrou diferenças significativas
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA de taxas de recidiva e de incidência de efeitos adver-
sos graves entre as drogas
b) o aumento da taxa de recidiva de 20% entre os trata-
UNESP – 2015
dos contra indica a sua utilização
238. A melhor medida para estimar risco de óbito em pa-
cientes diagnosticados com H1N1 é c) o estudo demonstrou que a frequência de efeitos ad-
a) coeficiente de mortalidade por causa versos graves é maior entre os pacientes com a nova
b) coeficiente de mortalidade geral droga
c) taxa de ataque d) a redução absoluta de riscos de efeitos adversos com
d) coeficiente de letalidade a nova droga foi de 10%

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


134
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

UNICAMP – 2015 UNICAMP – 2015


242. Um estudo comparando a mortalidade por doenças 245. Existe um forte engajamento social em relação ao
cerebrovasculares em 2 regiões de uma cidade, apre- câncer de mama. A avaliação do impacto deste enga-
sentou os seguintes resultados. jamento seguramente deve considerar a mortalidade
pela doença na população feminina. Em relação aos
Região 1 indicadores brasileiros, assinale a alternativa correta:
Região 2 a) o câncer de mama é primeira causa de morte entre
Faixa População
População Óbitos (n) mulheres
etária óbitos (n)
(n) b) a letalidade da doença é 5 por cem mil habitantes
(n)
0–14 anos 50.000 2 20.000 1
c) a mortalidade proporcional é de 20%
d) o coeficiente de mortalidade reflete o risco de mor-
15–59 anos 300.000 50 40.000 10 rer por câncer de mama
≥ 60 anos 200.000 500 10.000 50
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
Coeficien
te geral de
óbitos por 100,4 87,1 UNIOESTE – 2015
100.000
246. De acordo com a Portaria nº 1.271, de 6 de junho de
habitantes
2014, são Doenças de Notificação Compulsória Ime-
diata, EXCETO a
EM RELAÇÃO À DOENÇA CEREBROVASCULAR, a) raiva humana
ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: b) malária na região amazônica
a) o risco de doença é maior na região 1 em todas as c) influenza humana produzida por novo subtipo viral
faixas etárias d) varíola
b) o maior número de mortes indica o maior risco de e) febre amarela
morrer
c) não é possível comparar a mortalidade por faixas  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
etárias, pois as populações são heterogêneas
d) o coeficiente de mortalidade na população total de
cada região não permite comparar o risco de morrer UNIOESTE – 2015
entre as regiões 247. De acordo com a Portaria nº 1.271, de 6 de junho de
2014, são Doenças de Notificação Compulsória Se-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA manal, EXCETO a(s)
a) Leishmaniose Tegumentar Americana
b) intoxicação exógena por substâncias químicas
UNICAMP – 2015 c) hepatites virais
243. Dentre as situações epidemiológicas abaixo, assinale d) tularemia
a alternativa que se refere a epidemia/surto: e) esquistossomose
a) aumento brusco da prevalência de Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida em uma população que  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
passa a ter acesso à assistência médica
b) triplicação do número de internações por doenças
respiratórias em julho e agosto em comparação com UNIOESTE – 2015
janeiro e fevereiro 248. De acordo com a Portaria nº 1.271, de 6 de junho de 2014,
c) aumento da incidência de diarreia entre os partici- são Doenças de Notificação Compulsória, EXCETO
pantes de uma festividade a) a perda auditiva induzida por ruído
d) aumento das notificações de sífilis no adulto após b) o acidente de trabalho com exposição a material bio-
implantação de um ambulatório de doenças sexual- lógico
mente transmissíveis c) o óbito infantil e/ou materno
d) a violência sexual e a tentativa de suicídio
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA e) a tuberculose

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


UNICAMP – 2015
244. Homem, 16a, cortador de cana, estava trabalhando e
no retorno para a casa, sofreu queda do caminhão, se- UNIOESTE – 2015
guido de atropelamento, com múltiplas escoriações e 249. Em relação às Epidemias, assinale a alternativa IN-
fraturas em membros inferiores. A NOTIFICAÇÃO É: CORRETA.
a) compulsória em até 12 horas a) a epidemia explosiva caracteriza-se pela alta veloci-
b) compulsória em até 24 horas dade de progressão
c) facultativa b) na epidemia de fonte persistente, a existência de foco
d) compulsória em até 7 dias é continuado
c) na epidemia progressiva, há existência de transmis-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA são direta

SJT Residência Médica – 2016


135
10 Temais gerais

d) na epidemia de fonte pontual, o foco é circunscrito e UNIOESTE – 2015


volta a se repetir em ciclos 254. Dos seguintes riscos relativos (RR) e respectivos in-
e) na epidemia lenta, há baixa velocidade de progressão tervalos de confiança de 95% (IC), pode ser conside-
rado fator protetor contra determinada doença:
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA a) RR = 0,5; IC [0,3 – 0,8]
b) RR = 0,8; IC [ 0,4 -1,1]
c) RR = 0,9; IC [0,6 – 1,3]
UNIOESTE – 2015
d) RR = 1,0; IC [ 1,5 – 2,5]
250. São alguns parâmetros para inclusão de doenças e
e) RR = 2,0; IC [ 1,5 – 2,5]
agravos na Lista de Doenças de Notificação Compul-
sória, EXCETO as  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
a) doenças de elevada frequência, que afetam grandes
contingentes populacionais, com altas taxas de inci-
dência, prevalência e mortalidade UNIOESTE – 2015
255. De um estudo de 800 pacientes que receberam transfusão
b) doenças com elevado poder de transmissão, através
de sangue e 900 que não a receberam, 80 e 20, respectiva-
de vetores e outras fontes de infecção
mente, desenvolveram hepatite B durante os três anos de
c) doenças que se traduzem com altas taxas de letalidade
seguimento. Portanto, o desenho desta pesquisa é:
d) doenças com pouca relevância social, econômica e
a) série de casos
severidade b) casos e controles
e) doenças que atendem aos compromissos internacionais c) ecológico
d) coorte
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
e) ensaio clínico

UNIOESTE – 2015  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


251. Em uma curva ROC (Receiver Operator Characteris-
tic Curve), os testes diagnósticos de bom poder dis- Santa Casa-SP – 2015
criminatório concentram-se no 256. Considerando as diretrizes nacionais para notifica-
a) canto superior esquerdo ção compulsória, é INCORRETO afirmar:
b) canto superior direito a) casos suspeitos de doença meningocócica devem ser
c) canto inferior esquerdo notificados pelo responsável pelo serviço de saúde
d) canto inferior direito ou profissional que assistiu o paciente, em no máxi-
e) centro mo 24 horas
b) as autoridades de saúde garantirão o sigilo das infor-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA mações pessoais integrantes da notificação compul
sória que esteja sob sua responsabilidade
c) as autoridades de saúde garantirão a divulgação atu-
UNIOESTE – 2015
alizada dos dados públicos da notificação compul-
252. Em um ensaio clínico ‘duplo cego’, a distribuição dos
sória para profissionais de saúde, órgãos de controle
indivíduos aos grupos experimental e de controle é
social e população em geral
desconhecida por d) linfoadenopatia regional não supurada com diâme-
a) observado e observador tro superior a 3 cm que apareceu nos primeiros três
b) observado e analista de dados meses subsequentes à imunização BCG deve ser ob-
c) observador e analista de dados jeto de notificação de evento adverso a vacinação
d) observador e pesquisador principal e) recém-nascido de mãe HIV positiva não deverá ser
e) observado, observador e analista de dados notificado antes de completar 18 meses, quando será
factível descartar a possibilidade de persistência de
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA anticorpos maternos

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


UNIOESTE – 2015
253. Considerando que a investigação de doenças raras
através de estudos de coortes é caríssima, o estudo Santa Casa-SP – 2015
substituto ideal é o 257. Um serviço de atenção primária resolve implementar
a) ensaio clínico randomizado uma ficha para os atendimentos de demanda espon-
b) de coorte não controlada tânea, a qual chamou «ficha de acesso». Nessa ficha
c) de casos e controles além de dados epidemiológicos e de condições de
d) ecológico vida, são inquiridos dados sobre sintomático respira-
e) transversal não controlado tório, antecedentes de hipertensão arterial e diabetes.
Quais a ações de atenção primária são contempladas
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA nessa ação?

SJT Residência Médica – 2016


136
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

a) prevenção terciária e busca ativa doença. Ao final da pesquisa, identificou-se 15 casos da


b) centralidade na família e prevenção quaternária doença. Essa mesma população foi testada pelos testes
c) promoção de saúde e primeiro contato habituais e verificou-se um aumento de 40% no número
d) busca ativa e prevenção secundária de casos. Essa diferença de dados pode se dever a:
e) territorialização e controle social a) alta sensibilidade e baixa especificidade do novo teste
b) o valor preditivo positivo para o teste é de 0,7
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) valor preditivo positivo baixo do teste demonstra
sua baixa acurácia
Santa Casa-SP – 2015 d) houve viés de amostragem
258. Em um distrito de saúde da capital paulista com 200.000 e) nesse tipo de estudo não podemos demonstrar a
habitantes e cobertura de 100% pela estratégia saúde acurácia do método
da família realizou-se uma busca ativa de hanseníase
utilizando-se um teste experimental para a detecção da  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

Santa Casa-SP – 2015


259. Após analisar o gráfico abaixo, indique a alternativa que melhor interpreta as variações mensais ocorridas na Razão de
Mortalidade Materna nos dois anos observados:

Razão de Mortalidade Materna (RMM)


(óbitos declarados) Brasil, 2008 e 2009
Razão de Mortalidade Materna
(por 100 mil nascidos vivos)

100
90
80
70
60
50 2008
40
30 2009
20
10
0
Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ag Set Out Nov Dez
Fonte: Ministério da Saúde. Painel de Monitoramento da Mortalidade Materna e DATASUS.SINASC. (acesso em 3/9/2014)

a) a epidemia de Influenza A H1N1 foi provavelmente responsável pela elevação da RMM entre julho e agosto de 2009
b) o aumento do número de óbitos neonatais por coqueluche nos meses de inverno pode ter contribuído para a
elevação da RMM entre julho e agosto de 2009
c) a elevação da RMM observada em 2009 é compatível com a sazonalidade habitualmente observada, uma vez que o
número de mulheres que engravida a cada mês, é variável
d) como 60 a 70% dos óbitos maternos decorrem de causas obstétricas diretas, é possível que desorganizações na assis-
tência obstétrica, intensas, mas temporárias tenham ocorrido no país em 2009
e) a elevação da RMM observada em 2009 pode decorrer da associação de dois fatores: grande parte das mulheres en-
gravida em fevereiro e a elevada frequência de partos prematuros entre a 23ª e 34ª semanas de gestação

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

Santa Casa-SP – 2015


260. Segundo artigo publicado no British Medical Journal de julho de 2014, um estudo ecológico longitudinal realizado entre
2000 e 2009, mostra que a Atenção Primária à Saúde do Brasil reduziu em aproximadamente 40% a mortalidade relativa
a doenças cardiovasculares no país. Um estudo ecológico tem as seguintes características:

SJT Residência Médica – 2016


137
10 Temais gerais

a) é realizado com um pequeno número de casos, em USP-RP – 2014


locais determinados e sem grupo de comparação 263. Observe o gráfico a seguir:
b) são estudos prospectivos nos quais os pacientes são
identificados segundo características de exposição a
determinado fator ou doença
c) estudo que seleciona dois grupos de indivíduos com
e sem doença e compara a proporção de expostos 50,0%
DIP
d) são estudos onde são selecionados indivíduos Neoplasias
com a condição de interesse onde propõe-se uma 37,5% Circulatório
Externas
intervenção
e) estudo no qual a unidade de análise não é o indiví- 25,0%
duo e sim a população e os grupos são comparados
quanto à exposição e à doença 12,50%

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990

USP-RP – 2014 Mortalidade proporcional por quatro causas de óbitos em ca-


261. A tabela a seguir mostra os resultados de um estudo pitais brasileiras de 1930 a 1990.
epidemiológico do tipo caso-controle que avalia o uso
diário de celular como possível fator associado a neo-
plasias do sistema hematopoético.
Causas 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990
Uso médio Grupo DIP 45,7% 43,5% 35,9% 25,9% 15,7% 11,4% 6,3%
Total
(horas/dia) Casos Controles Neo- 2,7% 3,9% 5,7% 8,1% 9,7% 11,2% 14,3%
plasias
≥2 750 650 1.400
<2 150 250 400 Circu- 11,8% 14,5% 14,2% 21,5% 24,8% 30,8% 32,0%
latório
Total 900 900 1.800
Exter 2,6% 2,4% 3,3% 4,8% 7,5% 7,7% 14,3%
nas
Distribuição dos casos e controles segundo uso médio
diário (em horas) de computador. Ao se analisar os da-
Analisando os dados apresentados anteriormen-
dos da tabela chegaram-se aos seguintes resultados:
te, observa-se a evolução temporal das causas de
Medida de associação (X) = 1,92 (intervalo de con-
mortalidade no decorrer de 60 anos. O mesmo
fiança a 95% = 1,53 a 2,42).
comportamento é visto também em países desen-
De acordo com tais resultados e levando-se em con-
volvidos. O quadro observado é devido a dois fe-
sideração tratar-se de estudo caso-controle, a medida
nômenos denominados:
de associação (X) APROPRIADA, deverá ser:
a) transição nutricional e demográfica
a) risco relativo, pois, está se calculando a incidência
b) transição demográfica e epidemiológica
da doença
c) transição nutricional e epidemiológica
b) razão de prevalência, pois, trata-se de estudo trans-
versal d) transição sanitária e nutricional
c) odds ratio, pois se procura estimar a chance de ex-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
posição entre casos e controles
d) risco atribuível, pois, é possível estimar o risco de
tumores de cérebro atribuível ao uso de celulares USP-RP – 2014
264. Um surto de meningite meningocócica determinou a
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA ocorrência de 700 casos, sendo que ao final havia 616
sobreviventes entre os que adoeceram. Diante dessas
USP-RP – 2014 informações podemos afirmar que a taxa de letalida-
262. A fluoretação da água e as imunizações são exemplos de: de da doença foi de:
a) prevenção primária a) 12%
b) prevenção secundária b) 12,2%
c) prevenção terciária c) 0,12%
d) prevenção quaternária d) 1,2%

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


138
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

USP-RP – 2014
265. Observe o gráfico a seguir:

16

14

12

10

0
1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Razão 14 13 10 9 6 6 5 5 5 3 3 2 3 2 2 2
Distribuição de casos de Aids, segundo a razão Masculino/Feminino, de 1987 a 2002.

Ao se analisar o gráfico anterior pode-se afirmar:


a) devido a maior transmissão do HIV por via vertical houve uma nítida diminuição da razão da prevalência de Aids entre os
sexos masculino e feminino, a este fenômeno dá-se o nome de heterossexualização da epidemia
b) devido a maior transmissão do HIV por via heterossexual, observa-se uma inversão da razão da prevalência de Aids
entre os sexos masculino e feminino, a este fenômeno dá-se o nome de feminização da epidemia
c) devido a maior transmissão do HIV por via homossexual entre homens, houve uma grande diminuição da razão da
prevalência de Aids entre os sexos masculino e feminino, a este fenômeno dá-se o nome de juvenização da epidemia
d) devido a maior transmissão do HIV pelo uso de drogas injetáveis entre mulheres, houve uma grande diminuição da
razão da prevalência de Aids entre os sexos masculino e feminino, a este fenômeno dá-se o nome de feminização da
epidemia

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

USP-RP – 2014 ver pneumonia adquirida na comunidade (PAC) reali-


266. A seguir estão listadas algumas doenças de notifica- zado com crianças de 0 (zero) a 2 (dois) anos de idade.
ção compulsória em todo o território nacional (não
considerando as listagens regionais, estaduais ou lo-
Fatores de risco Risco relativo IC 95%
cais). Está correta a opção:
a) febre amarela, peste, cólera, varíola, poliomielite, té- Escolaridade da mãe
tano, meningites, difteria, raiva, febre tifoide Até 4 anos 3,5 (1,8-4,8)
b) sarampo, leishmaniose, coqueluche, varicela, filario- De 4 a 8 anos 2,0 (1,5-5,0)
Acima de 8 anos 0,5 (0,3-0,8)
se, doença meningocócica
c) difteria, raiva, febre tifoide, Aids, leptospirose, onco- Aleitamento
cercose, dengue, febre reumática Natural (leite materno) 0,6 (0,3-0,8)
d) cólera, tuberculose, hanseníase, tétano, meningites, Vacinação contra influenza
difteria, escabiose, brucelose, filariose, Aids, raiva, (gripe) em crianças > 6 meses
leptospirose Sim 0,5 (0,3-0,8)

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA Fatores de risco associados ao desenvolvimento de


PAC em crianças com até 24 meses de idade após
USP-RP – 2014 acompanhamento de 2 anos.
267. Analise na tabela a seguir os resultados de um estudo de Como fator(es) de proteção para o desenvolvimento
coorte sobre os fatores associados ao risco de desenvol- de PAC, encontrou(ram)-se:

SJT Residência Médica – 2016


139
10 Temais gerais

a) apenas aleitamento materno Medida


b) apenas vacinação contra influenza Fatores de exposição IC 95%
de risco
c) aleitamento materno e vacinação contra influenza
d) aleitamento materno, vacinação contra influenza e Tabagismo
escolaridade materna acima de 8 anos
Consumo diário de bebi-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA 3,0 (0,8-5,0)
da alcoólica > 6 g/dia

Não consumo de bebida alcoólica 1,0 (Ref) –


USP-RP – 2014
268. Hipoteticamente, no ano de 2004 ocorreram no Brasil Dislipidemia
3.060.000 nascimentos com 60.000 natimortos. A po- Colesterol total > 200 mg/dL 6,5 (3,5-8,0)
pulação de crianças menores de 1 ano de idade no mes-
mo ano era de 3.399.251, sendo registrados 80.200 óbi- Triglicérides > 200 mg/dL 4,5 (3,0-6,0)
tos nessa faixa etária. Com base nessas informações, a
taxa de mortalidade infantil (TMI) foi de: LDL > 100 mg/dL 9,0 (4,5-12,0)
a) 266,73/1.000
b) 0,267/1.000 HDL > 100 mg/dL 0,8 (0,3-0,9)
c) 2,67/1.000
d) 26,73/1.000 Colesterol < 180 mg/dL 1,0 (Ref)

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


Fatores de risco associados ao desenvolvimento de in-
farto agudo do miocárdio (IAM) em indivíduos na faixa
USP-RP – 2014 etária de 40–60 anos, no período de 2000 a 2010.
269. Um exame físico foi usado para rastrear câncer de
mama em 2.500 mulheres com adenocarcinoma de
mama confirmado por biópsia (casos) e em 5.000 mu- USP-RP – 2014
lheres comprovadamente sem a doença (controles) e 270. Pela descrição da pesquisa anterior, pode-se afirmar
que foram selecionadas com pareamento pela idade que o estudo em questão é do tipo:
e etnia. O exame foi positivo em 1.800 casos e em 800 a) caso-controle
controles. Considerando-se tais informações e saben- b) transversal
do-se que a prevalência real da doença na população c) coorte
de onde foi retirada a amostra é de 5%, a sensibilida- d) ensaio clínico
de do exame físico como teste diagnóstico na situação
anteriormente descrita, foi de:  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
a) 72%
b) 84%
c) 69,2% USP-RP – 2014
d) 85,7% 271. Sobre o estudo anterior, podemos afirmar que a me-
dida de associação mais apropriada é:
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA a) risco atribuível
b) risco relativo
c) razão de prevalência
O enunciado a seguir diz respeito às Questões 270 e d) odds ratio
271.  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
Realizou-se um estudo para verificação dos fa-
tores associados ao desenvolvimento de Infarto USP-RP – 2014
Agudo do Miocárdio (IAM)durante um período 272. Na investigação de surto de intoxicação alimentar
de 10 anos. Os resultados são mostrados na tabela ocorrida após uma festa do 6º ano do Curso de Me-
a seguir. dicina, a unidade de vigilância epidemiológica, le-
vantando os alimentos consumidos, constatou as se-
Medida guintes taxas de ataque (pessoas que apresentaram
Fatores de exposição IC 95% vômitos e diarreia) entre os participantes da festa:
de risco
Tabagismo
Alimento Exposto (%) Não exposto (%)
< 10 cigarros/dia 1,0 (Ref) –
10-20 cigarros/dia 3,5 (2,5-5,0) Churrasco bovino 90 92

> 20 cigarros/dia 6,0 (4,5-7,5) Pão de alho 80 78

SJT Residência Médica – 2016


140
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

c) as mulheres em idade fértil que receberam 2 doses


Alimento Exposto (%) Não exposto (%)
da vacina na infância deverão receber outra dose de
Vinagrete 52 59 reforço, preferencialmente antes da gestação
Doce de leite 88 20 d) a sorologia para rubéola não deve mais ser realizada
rotineiramente no pré-natal, já que resultados falsos
positivos podem gerar sofrimento desnecessário às
De acordo com os dados anteriores, o alimento que
gestantes
provavelmente causou a intoxicação foi:
a) churrasco bovino  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
b) pão de alho
c) vinagrete
d) doce de leite FMABC – 2014
276. Sabendo-se que PREVALÊNCIA e INCIDÊNCIA são
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA medidas de frequência, é correto afirmar que:
a) a incidência representa o número de casos presentes
USP-RP – 2014 (novos e antigos) em uma determinada comunidade
273. No teste de hipóteses, a hipótese nula (H0) se refere à em um período de tempo e prevalência representa o
condição de: número de novos casos
a) superioridade entre as alternativas avaliadas b) a prevalência representa número de casos presentes
b) inferioridade de uma das alternativas avaliadas (novos e antigos) em uma determinada comunidade
c) igualdade entre as alternativas avaliadas em um período de tempo especificado; a incidência
d) ausência de relação entre as alternativas avaliadas representa o número de casos novos relacionado a
um período de tempo especificado
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA c) a prevalência representa o risco de ocorrência (casos
novos) de doença na população sendo assim uma
medida estática
USP-RP – 2014
d) prevalência e incidência são sinônimos, ou seja, am
274. Considerando que em muitas localidades brasileiras
bos representam o número de casos presentes (no-
o inverno seco é rigoroso o suficiente para reduzir
vos e antigos) em uma determinada comunidade
drasticamente as formas aladas do Aedes aegypti e que
um período de tempo especificado
nessa época praticamente inexistem pessoas em fase
aguda da doença. A explicação para a perpetuação da  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
dengue nessas localidades ao longo do tempo é:
a) a transmissão transovariana do vírus da dengue e a
migração de novos casos FMABC – 2014
b) a circulação do vírus da dengue entre macacos 277. Em um estudo de CASOS e CONTROLES, o grupo
brasileiros, cujo ciclo silvestre continua durante o CONTROLE é integrado pelos:
inverno a) doentes expostos à causa
c) que fêmeas infectadas de A. aegypti em estado de b) sadios expostos à causa
dormência aguardam as chuvas para a oviposição c) sadios expostos ou não à causa
d) que algumas pessoas se tornam portadores crônicos d) doentes expostos ou não à causa
do vírus da dengue, permitindo a contaminação de
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
mosquitos por semanas ou meses

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


FMABC – 2014
278. Um pesquisador está conduzindo um trabalho cien-
USP-RP – 2014 tífico que visa estudar a proporção de adolescentes
275. Sobre a situação epidemiológica da Rubéola no Brasil de 15 anos do sexo masculino que já apresentaram
e as recomendações para prevenção da rubéola congê- atividade sexual. Para isso ele reúne todos os alunos
nita. Pode-se afirmar que: do colégio em que trabalha que apresentam essas ca-
a) apesar de ter interrompido a circulação endêmica racterísticas no anfiteatro da escola e faz o seguinte
da doença em 2008, o Brasil convive com o risco de questionamento em voz alta: “Os alunos que forem
importação de casos da América Central e da África virgens levantem a mão”. Surpreendentemente nin-
b) apesar de ter importado alguns casos de rubéola nos guém levanta a mão e o pesquisador conclui, portan-
últimos 5 anos, o Brasil não viveu surtos nesse perí to, que todos esses adolescentes já tiveram relações
odo devido o percentual elevado de cobertura vaci sexuais. Quanto ao tipo de amostragem e um possí-
nal da população (imunidade de rebanho) vel viés neste estudo, assinale a alternativa correta:

SJT Residência Médica – 2016


141
10 Temais gerais

a) trata-se de uma amostra por conglomerados que d) observação – dúvida – formular hipótese – testar a
apresenta um viés de confusão devido à possível fal- hipótese – analisar os resultados – na não confirma-
sa resposta ção da hipótese comunicar os resultados
b) trata-se de uma amostra não probabilística com viés
de informação do tipo prevaricação  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) trata-se de uma amostra por quotas e que apresenta
viés de seleção devido à não aleatoriedade dos casos FMABC – 2014
d) trata-se de uma amostra sistemática com viés de 281. Um passo fundamental na interpretação dos resulta-
aferição devido ao constrangimento dos alunos em dos de um trabalho científico é a correta avaliação do
levantar a mão no caso de ainda não terem praticado P-Valor. Pinto e colaboradores (Rev Assoc Med Bras.
sua primeira relação sexual
2011 Mar-Apr;57(2):171-6) estudaram o hábito de
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA tabagismo após o tratamento de pacientes com cân-
cer de cabeça e pescoço, exceto laringectomias. Fo-
ram comparados pacientes que receberam quimio e
FMABC – 2014 radioterapia (grupo “clínico”) e que foram operados
279. O conhecimento científico nos dias atuais é muito
(grupo “cirúrgico”) e os resultados encontram-se des-
vasto. Dessa maneira um residente deve estar atento a
critos na tabela a seguir.
buscar informações de fontes seguras e especialmente
baseadas em evidência científica. Dessa maneira, as-
Tabagismo total – grupo clínico x grupo cirúrgico.
sinale a alternativa correta:
Números absolutos e percentagem
a) na busca de um conhecimento resumido e de quali-
Total
dade, deve-se procurar por revisões narrativas publi- Tabagismo Total
cadas em periódicos da área, especialmente os que se Clínico Cirúrgico
encontram na sua língua nativa para facilitar a leitura Sim 14 (58,3%) 14 (25%)
b) as metanálises de ensaios clínicos randomizados são Não 10 (41,7%) 42 (75%)
bons exemplos de trabalhos de nível de evidência 1A Total 24 (100%) 56 (100%) 80
cujos resultados são sintetizados em uma curva de
Kaplan-Meier P = 0,004 – teste qui-quadrado.
c) o funnel plot de uma metanálise é indicado na ava- Analise a tabela, interprete corretamente o seu resul-
liação de viéses de publicação tado e assinale a resposta certa.
d) as revisões narrativas, mesmo que escritas por gran- a) os pacientes tratados sem cirurgia tiveram maiores
des e renomados especialistas, têm pouca importân- taxas estatisticamente significantes de manutenção
cia na literatura mundial e hoje em dia são cada vez do tabagismo após o término do tratamento
menos publicadas b) o tratamento cirúrgico resultou em maiores taxas
estatisticamente significantes de cessação de taba-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA gismo quando comparado ao grupo tratado com
quimio e radioterapia exclusivamente
FMABC – 2014 c) a modalidade de tratamento empregada não foi fa-
280. As pesquisas em ciências biológicas, especialmente tor determinante na cessação do tabagismo, uma vez
que a chance de resultado ao acaso é alta (p = 0,004
as da área médica, são pautadas em meios de deline-
pelo teste de qui-quadrado)
amento bem estabelecidos. Baseado nisso assinale a
d) o teste estatístico está incorretamente empregado
alternativa que compreende a correta sequência das
uma vez que a casuística é pequena e para este caso
etapas do método científico:
deveria ser empregado o teste exato de Fisher
a) resultado demonstrado clinicamente – formular a
hipótese que justifique o fenômeno – testar a hipóte-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
se – comunicar os resultados
b) observação científica – formulação de hipótese –
INCA–RJ – 2014
testar a hipótese – analisar os resultados estatisti-
282. A medida de tendência central que corresponde ao
camente – se p > 0,05 a hipótese é confirmada e se
percentil 50 de um conjunto de dados chama-se:
comunica os resultados
a) moda
c) dúvida científica mediante a observação de um fe-
b) média aritmética
nômeno – formular hipótese – testar a hipótese –
c) mediana
analisar os resultados estatisticamente – na não con-
d) desvio-padrão
firmação da hipótese deve-se abandonar a linha de
pesquisa e tentar outro projeto  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


142
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

INCA–RJ – 2014 INCA–RJ – 2014


283. Entre os mais importantes indicadores de saúde de 287. Quanto a seu potencial de produzir resultados confiá-
uma população destaca-se o Coeficiente Geral de veis, são propriedades de um teste diagnóstico:
Mortalidade (CGM). No entanto, sua mensuração a) factibilidade, sensibilidade e especificidade
e uso podem estar sujeito aos seguintes erros, que b) sensibilidade, especificidade e valor preditivo
podem incidir no seu numerador ou denominador, c) especificidade, padrão-ouro, valor preditivo
EXCETO: d) valor preditivo, factibilidade, padrão-ouro
a) subenumeração de óbitos por falhas no registro dos
óbitos  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
b) falta de acurácia na estimativa do tamanho popula-
cional
c) superestimação de óbitos em áreas com melhores UERJ – 2014
condições de assistência à saúde 288. Ao iniciar sua atividade em uma Unidade de Saú-
d) erros de preenchimento da causa de morte no ates- de da Família um médico recebe a informação que
tado de óbito no território em que atua estão ocorrendo vários
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA casos de Sífilis Neonatal. Ele decide reforçar com
os profissionais de todas as equipes da unidade a
utilização no pré-natal de um teste de diagnóstico
INCA–RJ – 2014 para a sífilis. A principal característica deste teste
284. A metanálise vem sendo muito utilizada nas publi- diagnóstico deve ser:
cações epidemiológicas. Como características desse a) alta sensibilidade
método incluem-se as seguintes, EXCETO: b) alta especificidade
a) análise estatística c) valor preditivo negativo elevado
b) obtenção de medidas-sumário d) razão de probabilidade positiva baixa
c) trabalho de campo
d) discussão dos resultados  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UERJ – 2014
INCA–RJ – 2014
289. Alguns agravos precisam ter sua ocorrência rapi-
285. Estudos de coorte e de caso-controle são desenhos de
damente conhecida pelo sistema de saúde, para
estudo epidemiológicos do tipo:
que medidas de controle que impeçam sua difusão
a) experimentais
entre a população possam ser desencadeadas de
b) observacionais
forma pronta, adequada e efetiva. São doenças ou
c) quasi-experimentais
agravos de notificação compulsória imediata (tam-
d) naturalísticos
bém chamadas notificação em 24 horas), mesmo
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA em casos suspeitos de:
a) meningites, leishmaniose tegumentar e esquistos-
somose
INCA–RJ – 2014 b) rubéola, esquistossomose e leishmaniose tegu-
286. Na América Latina, e em particular no Brasil, a cha- mentar
mada Transição Epidemiológica apresenta as seguin- c) botulismo, sarampo e paralisia flácida
tes características distintas às observadas em outros d) tuberculose, hanseníase e leptospirose
países, EXCETO:
a) o perfil de morbimortalidade se mantém caracterís-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
tico de distintos padrões
b) patologias pouco prevalentes em países industriali-
zados podem adquirir grande importância
UERJ – 2014
c) destacam-se distintos padrões de acordo com a re-
290. Observe o gráfico a seguir, que mostra a evolução a
gião geográfica
partir de 1990 da mortalidade infantil brasileira e de
d) aumento da importância das doenças crônico-dege-
seus componentes, e responda a questão.
nereativas e causas externas
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


143
10 Temais gerais

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Infantil 47,1 44,6 42,3 40,2 38,2 35,7 33,7 30,4 30,4 28,4 27,4 26,3 24,9 22,6 22,6 21,4 20,7 20,0 19,0
Neonatal precoce 17,7 18,2 16,8 15,8 15,7 15,8 15,8 14,3 14,3 14,3 13,8 13,4 12,7 12,0 11,5 11,0 10,6 10,4 10,0
Neonatal tardia 5,4 5,3 4,6 4,5 4,3 4,1 4,2 3,7 3,8 3,7 3,7 3,7 3,7 3,6 3,5 3,3 3,1 3,3 3,0
Pós-neonatal 24,0 21,1 20,9 20,1 18,2 15,5 12,1 12,3 12,1 10,4 9,9 9,2 8,5 8,4 7,6 7,1 6,7 6,4 6,0

Mortalidade infantil e seus componentes, Brasil, 1990-2008. Fonte: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – Relatório
Nacional de Acompanhamento – Brasília: IPEA, 2010.

Considerando as características da mortalidade infantil, sua evolução apresentada no gráfico anterior e a


contribuição que a Atenção Primária pode dar na melhoria destes indicadores nos próximos anos, é COR-
RETO afirmar que a melhora da mortalidade neonatal será mais influenciada por melhora da(s):
a) cobertura do pré-natal
b) condições de saneamento básico
c) cobertura vacinal na primeira infância
d) condições socioeconômicas das famílias

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UERJ – 2014 a) influenza humana por subtipo conhecido


291. “O envelhecimento da população é um fenômeno b) toxoplasmose adquirida na gestação e congênita
mundial. O Brasil é um dos países com ritmo mais c) acidente de trabalho em crianças e adolescentes
acentuado de envelhecimento. (...) As doenças do d) botulismo
aparelho circulatório e as neoplasias malignas são as e) doença de origem desconhecida
principais causas da mortalidade entre idosos. A taxa
de mortalidade por doença cerebrovascular diminuiu  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
de 871 para 439 por 100 mil entre 1991 e 2010 (queda
de 49,7%), e a taxa correspondente para doença isquê-
mica do coração, de 669 para 404 por 100 mil (queda UFF-RJ – 2014
de 39,6%)” Saúde Brasil, 2011. p. 213-214. 293. O tipo de estudo epidemiológico caracterizado pela
O indicador que corresponde às taxas citadas ante- falta de controle e pelo número pequeno de indivídu-
riormente é: os nele incluídos é conhecido por:
a) letalidade por doença cardiovascular a) coorte retrospectivo
b) mortalidade por causa b) coorte não concorrente
c) Swaroop & Uemura c) série de casos
d) mortalidade geral d) caso controle
e) ensaio clínico controlado

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UFF-RJ – 2014 UFG-GO – 2014


292. Constitui situação de notificação compulsória ime- 294. Os doentes em surto de doença infecciosa são apre-
diata caso em que haja suspeita de: sentados em função do tempo em uma:

SJT Residência Médica – 2016


144
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

a) figura de tendência secular a) o medicamento A não apresenta efeito sobre o risco


b) figura de tendência sazonal de morte por câncer de próstata
c) curva epidêmica b) o medicamento A diminui de forma significativa o
d) curva endêmica risco de morte por câncer de próstata
c) os resultados do estudo podem ser explicados pelo
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
índice de massa corporal
d) a incidência de câncer de próstata foi semelhante
UFG-GO – 2014 nos dois grupos
295. A taxa de ataque em indivíduos suscetíveis expostos a
um caso primário de doença é denominada:  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
a) taxa de ataque primária
b) taxa de ataque pós-primária
UFG-GO – 2014
c) taxa de ataque secundária
d) taxa de ataque de pessoa a pessoa 299. Em um surto de gastroenterite que ocorreu durante um
cruzeiro, os seguintes resultados foram observados:
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
Comeram o alimento
Alimento
UFG-GO – 2014 Adoeceram Não adoeceram
296. Um estudo realizado em Goiânia, utilizando as bases Salada de frutos do mar 200 800
de texto do IBGE, avaliou uma amostra de indivíduos
Frango 650 350
quanto aos fatores sociodemográficos e à sorologia po-
sitiva para rubéola. Foram avaliadas 400 pessoas sorte- Sorvete de frutas 450 550
adas aleatoriamente, que concordaram em participar
do estudo. Durante uma visita domiciliar, foi aplicado Não comeram o alimento
um questionário e colhida amostra de sangue dos par- Alimento
ticipantes. Considerando-se o desenho desse estudo, a Adoeceram Não adoeceram
associação entre vacinação prévia e sorologia positiva Salada de frutos do mar 300 900
para rubéola pode ser avaliada por meio: Frango 600 600
a) do risco relativo
b) da razão de riscos Sorvete de frutas 500 700
c) do risco absoluto
d) da razão de prevalência O risco relativo observado para pessoas que comeram
o sorvete de frutas foi de:
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA a) 0,91
b) 1,08
UFG-GO – 2014 c) 1,14
297. Em um estudo epidemiológico, foram incluídas 100 d) 2,11
crianças com a doença de Kawasaki e 100 crianças sem
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
essa doença. Entre as crianças com a doença, 50 foram
expostas ao composto químico C nas três semanas pré-
vias ao diagnóstico. Entre as crianças sem a doença, 25 UFG-GO – 2014
foram expostas ao composto químico C nas três sema- 300. O Sistema de Informações de Mortalidade do Sistema
nas prévias ao diagnóstico. Nesse estudo, a melhor es-
Único de Saúde registrou para o estado de Goiás, no ano
timativa de associação entre exposição ao composto C
de 2000, a ocorrência de 23.175 óbitos de residentes no
e desenvolvimento de doença de Kawasaki é:
a) 1,0 estado. Desse total, 3.650 óbitos apresentaram a causa bá-
b) 1,5 sica de óbito dentro do Capítulo XX – Causas Externas da
c) 2,0 Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e 1.381
d) 3,0 óbitos por acidentes de transporte terrestre. No ano de
2011, esses quantitativos foram 34.154 óbitos totais, 5.542
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA óbitos por causas externas e 1.906 óbitos por acidentes de
transporte terrestre. A população do estado de Goiás foi
de 5.003.228 e 6.080.716 habitantes nos anos de 2000 e
UFG-GO – 2014
2011, respectivamente. Esses dados indicam que:
298. Um estudo conduzido para investigar a associação entre
o medicamento A e a mortalidade por câncer de prósta- a) a taxa de mortalidade por causas externas no estado de
ta foi realizado com base nos registros de pacientes que Goiás foi de 46,32%, em 2000, e de 56,17%, em 2011
morreram por esse câncer e os registros de controles pa- b) a mortalidade proporcional pelo grupo de cau-
reados. O odds ratio não ajustado foi de 0,45 (IC 95%, sa acidente de transporte terrestre em Goiás foi de
0,31-0,69). O odds ratio apresentou um valor de 0,37 (p 15,75%, no ano de 2000, e de 16,23%, em 2011
< 0,001) após o ajuste para as seguintes variáveis: índice c) o risco de morrer por acidente de transporte terres-
de massa corporal, comorbidades, educação e tratamen- tre em Goiás foi de 27,60% por 100 mil habitantes,
to com hipertensivos. É possível, então, concluir que: no ano de 2000, e de 31,34%, no ano de 2011

SJT Residência Médica – 2016


145
10 Temais gerais

d) a variação percentual do risco de morte por acidente Categoria ao nascer Número de nascidos vivos
de transporte terrestre em Goiás, entre os anos de
4.000 g e mais 3.997
2000 e 2011, foi de 20%
Ignorado 2
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA Total 89.742

UFG-GO – 2014 De acordo com a tabela, qual foi a prevalência de nas-


301. A doença A é considerada sem cura e sua incidência per- cidos vivos de baixo peso ao nascer?
maneceu constante ao longo dos últimos 30 anos. Entre- a) 1,00 por cem nascidos vivos
tanto, a prevalência atual da doença é maior que há 15 b) 1,20 por 1.000 nascidos vivos
anos. Com base nesse cenário, pode-se concluir que: c) 5,45 por 1.000 nascidos vivos
a) o risco relativo para adoecer diminuiu ao longo dos d) 8,25 por cem nascidos vivos
últimos 15 anos
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
b) a letalidade era menor há 15 anos
c) a sobrevida dos pacientes é, atualmente, maior que
há 15 anos SUS-SP – 2014
d) a razão de prevalência diminuiu ao longo dos últi- 304. A Lista Nacional de Doenças de Notificação Compul-
mos 15 anos sória foi atualizada em 2006, por meio da Portaria n.
5 da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
da Saúde. São doenças de Notificação Compulsória:
a) hepatites virais e hidatidose
UFG-GO – 2014 b) toxoplasmose e carbúnculo
302. Uma revisão sistemática e metanálise sobre o consu- c) leishmaniose tegumentar americana e criptococose
mo de ovos e doenças cardiovasculares foi realizada d) sífilis em gestante e hanseníase
com dados de 16 estudos. Os resultados obtidos para e) febre tifoide e brucelose
o consumo diário de um ou mais ovos, quando com-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
parado ao grupo que consumia menos de um ovo por
semana, apresentaram risco relativo de 0,96 (IC 95%
0,88 - 1,05) para todas as doenças cardiovasculares e SUS-SP – 2014
de 0,93 (IC 95% 0,81 - 1,07) para doença isquêmica do 305. A definição de caso suspeito: “Indivíduo que apresen-
coração, respectivamente. A partir desses resultados, te febre de início súbito, cefaleia e mialgia, seguido de
o consumo de um ou mais ovos por dia: aparecimento de exantema maculopapular, entre o 2º
a) é um fator de risco para doenças cardiovasculares, e 5º dias de evolução e/ou manifestações hemorrági-
incluindo a doença isquêmica do coração cas” refere-se a:
b) não é um fator de risco para todas as doenças cardio a) febre purpúrica brasileira
vasculares e nem para a doença isquêmica do coração b) malária
c) é um fator de risco para doença isquêmica do cora- c) febre maculosa brasileira
ção, mas não para todas as doenças cardiovasculares d) dengue hemorrágico
d) não é um fator de risco para todas as doenças car- e) leptospirose ictero-hemorrágica
diovasculares, mas é um fator de risco para doença
isquêmica do coração  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


SUS-SP – 2014
306. Entre 1981 e 1983, pesquisadores dos Centers for
UFG-GO – 2014 Disease Control, reuniram informações sobre 1.000
303. A tabela a seguir apresenta dados do Sistema de In- pacientes residentes nos Estados Unidos que preen-
formações sobre Nascidos Vivos (SINASC) de mães chiam uma definição usada para a vigilância da Aids.
residentes em Goiás no ano de 2011. Com esses dados eles descreveram as características
demográficas e comportamentais dos pacientes e as
Categoria ao nascer Número de nascidos vivos complicações da doença. O tipo de estudo realizado é
Menos de 500 g 106 denominado:
a) série de casos
500 a 999 g 376
b) ensaio clínico randomizado
1.000 a 1.499 g 639 c) coorte
1.500 a 2.499 g 6.283 d) caso-controle
2 500 a 2 999 g 21.595 e) estudo transversal
3.000 a 3.999 g 56.744
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


146
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

SUS-SP – 2014 e) podem ser concorrentes ou históricos


307. Em relação aos parâmetros para validação de testes
diagnósticos, o conceito de precisão é definido como  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
parâmetro que:
a) se refere à proporção de resultados verdadeiros ne- SUS-SP – 2014
gativos 309. Nos níveis de evidência científica, segundo a Classifi-
b) determina a capacidade do teste em fornecer resul cação de Oxford Centre for Evidence-Based Medici-
tados muito próximos ao verdadeiro valor do que se ne, o nível 3B corresponde a:
está medindo a) relato de casos
c) determina existir concordância dos resultados obti- b) ensaio clínico controlado e randomizado com inter
dos quando um mesmo teste é feito várias vezes valo de confiança estreito
d) se refere à obtenção de resultados iguais em testes c) estudo de coorte (incluindo ensaio clínico randomi-
realizados com a mesma amostra do material bioló- zado de menor qualidade)
gico, quando feitos por diferentes pessoas em dife- d) estudo ecológico
rentes locais e) estudo caso controle
e) se refere à proporção de resultados verdadeiros positivos
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SUS-SP – 2014
SUS-SP – 2014 310. A proporção de sadios (sem a doença) entre os negati-
308. São características dos estudos de coorte, EXCETO: vos ao teste, corresponde à definição de:
a) requerem o arrolamento de um número maior de a) precisão
pessoas que os estudos que apresentam o evento de b) valor preditivo negativo
interesse c) eficiência
b) permitem estabelecer a prevalência da doença d) sensibilidade
c) a exposição pode ser obtida sem o potencial viés de- e) especificidade
corrente de o desfecho já ser conhecido
d) podem avaliar a relação da exposição com várias doenças  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UNICAMP – 2014
311. Em relação ao gráficoa seguir, assinale a correta:

Sulfato de magnésio Placebo

Desfechos Odds Ratio


(IC 95%) OR IC 95%
Eclâmpsia 0,41 (0,29-0,58)

Depressão respiratória materna 1,98 (1,24-3,15)

0,1 0,5 1 5 10
Sulfato de magnésio versus placebo na pré-eclâmpsia grave: revisão sistemática.

a) o sulfato de magnésio é uma intervenção capaz de reduzir em 41% a ocorrência de eclâmpsia em mulheres com pré-
-eclâmpsia grave
b) o efeito do uso de sulfato de magnésio na prevenção da eclâmpsia é inversamente proporcional à depressão respira-
tória materna
c) o sulfato de magnésio é uma intervenção capaz de reduzir o risco de eclâmpsia em mulheres com pré-eclâmpsia grave
d) o aumento de depressão respiratória contraindica a aplicação do sulfato de magnésio no manejo da pré-eclâmpsia
grave

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


147
10 Temais gerais

UNICAMP – 2014 b) o coeficiente de mortalidade total aumentou, porém


312. Em um município com 50.000 habitantes foram notifi- diminuiu por faixa etária, indicando redução do ris-
cados 1.000 óbitos por todas as causas em 2012. Além co de morte por doenças respiratórias
disso, foram notificados 500 casos de infarto agudo do c) não é possível a comparação precisa, pois a estrutura
miocárdio (IAM), com 50 óbitos por esta causa. Entre etária da população é diferente nos dois períodos
os casos de IAM, 200 indivíduos eram obesos. Entre d) o coeficiente de mortalidade total, indicado na tabe-
estes pacientes foram registrados 30 óbitos. De acordo la, foi obtido após a padronização dos coeficientes
com estes dados, é correto que o coeficiente de: nas duas décadas
a) mortalidade proporcional por IAM foi de 10%
b) incidência do IAM foi de 1/1.000 habitantes  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) letalidade por IAM nos obesos é mais que o dobro
que os não obesos
d) mortalidade por IAM na população foi de 10% UNICAMP – 2014
315. Sobre o desempenho de testes diagnósticos, assinale a
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
alternativa correta:
a) um teste para rastreamento na população em busca
UNICAMP – 2014 de doença com grande número de casos oligossinto-
313. Dois estudos epidemiológicos realizados em 2013 máticos deve ter alta especificidade
avaliaram, respectivamente: b) suspeita clínica potencialmente grave que indica
I. Risco de internação em unidade de terapia intensi- uma intervenção invasiva exige teste diagnóstico
va (UTI) de 10.000 gestantes acompanhadas até o par- com alta sensibilidade
to, no período de 1992 a 2012. A análise incluiu grupos c) testes diagnósticos em paralelo têm sua sensibilida
com e sem comorbidades durante a gravidez e a ocor- de aumentada comparada com testes em sequência
rência da internação em UTI durante o seguimento. d) testes diagnósticos utilizados em sequência ou em
II. Características sociodemográficas e a percep- paralelo possuem o mesmo potencial para confir-
ção sobre o risco de complicações clínicas e de mação diagnóstica
morte durante a gravidez em uma amostra de ges-
tantes que tiveram o parto em um hospital univer-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
sitário, em 2012.
Os desenhos dos estudos respectivamente são:
a) caso controle; estudo prospectivo UNICAMP – 2014
b) coorte; estudo transversal 316. Em um estudo de coorte de 6.000 trabalhadores da
c) ensaio clínico; estudo qualitativo indústria foi analisada a associação entre exposição
d) caso controle; inquérito epidemiológico a ruído e acidente de trabalho. Foram registrados 100
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA acidentes durante o ano, sendo 60 acidentes entre os
2.000 trabalhadores expostos e 40 entre os 4.000 tra-
balhadores não expostos ao ruído. Assinale a alterna-
UNICAMP – 2014 tiva correta:
314. Os coeficientes de mortalidade por 1.000 habitantes a) o risco relativo foi de 3 casos por 100 trabalhadores
por doenças respiratórias em idosos na década de expostos
1970-80 e 2000-10 estão apresentados na tabela a se- b) o risco atribuível entre expostos foi de 1 por 100 tra-
guir. Assinale a alternativa correta: balhadores
c) o risco atribuível à exposição foi de 67%
Década 70-80 Década 2000-10 d) a incidência de acidentes na indústria foi de 3%
Faixa
etária Número Coeficiente Número Coeficiente
de de de de  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
(anos)
indivíduos mortalidade indivíduos mortalidade
60-69 2 000 15 2.000 10
70-79 800 20 1.500 13,3 UNICAMP – 2014
≥80 200 50 2.000 37,5 317. A figura a seguir apresenta resultados de metanálise
Total 3.000 18,6 5.500 20,1 sobre os benefícios de uma droga na redução da mor-
talidade por complicação de uma doença crônica. São
a) o coeficiente de mortalidade na população idosa na apresentados os riscos relativos (RR) de morrer, com
década de 2000-10 foi maior que 1970-80, indicando intervalo de confiança de 95% (IC 95%). Assinale a al-
maior risco de morrer por doenças respiratórias ternativa correta:

SJT Residência Médica – 2016


148
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

b) manutenção da incidência e aumento da prevalência


Risco Relativo (IC 95%) c) diminuição da incidência e manutenção da prevalência
d) aumento da incidência e diminuição da prevalência
Estudo 1: 0,44 (0,14-0,87)
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
Estudo 2: 0,63 (0,04-1,57)

Estudo 3: 0,31 (0,01-0,97) UNESP – 2014


321. Assinale a alternativa correta em relação à Validação
Estudo 4: 0,72 (0,02-1,3)
de Critério em testes diagnósticos.
a) a magnitude dos valores da sensibilidade e a da
RR Geral: 0,65 (0,4-0,8) especificidade de um teste são diretamente pro-
0 ∞ porcionais
1 b) especificidade do teste é o percentual de acerto do
a) a droga tem por efeito o aumento da mortalidade pela teste entre os testes negativos
doença, porém não estatisticamente significativo c) as curvas denominadas “Curvas ROC – Curvas de
b) todos os estudos demonstraram resultados benéfi- Características de Operação do Receptor” demons-
cos significativos tram a variação dos valores do Valor Preditivo Posi
c) o estudo número 2 é o que apresentou maior amostra tivo do teste de acordo com a prevalência da doença
de doentes, sendo o de maior peso no estimador final d) para a decisão de adoção de um teste para screening,
d) há evidências sobre o efeito significativo da droga na o valor mais importante a ser considerado é o Valor
prevenção da mortalidade Preditivo Positivo
e) a razão de verossimilhança do teste mede a probabi-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA lidade pré-teste de uma determinada doença

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


UNICAMP – 2014
318. Na avaliação de dois pacientes, um de 19 anos e outro
UNESP – 2014
de 49 anos, ambos com pesquisa de sangue oculto nas
322. Considere um estudo de coorte sobre a associação en-
fezes positiva, um médico considera que a probabili-
tre um determinado tipo de cirurgia ocular e a ocor-
dade de câncer do trato gastrintestinal é maior para rência de acidentes automobilísticos. Para isso, deci-
o paciente de 49 anos. O raciocínio desse médico está diu-se investigar dois grupos, um de 175 motoristas
correto porque: que passaram pelo procedimento cirúrgico (C+) e ou-
a) o valor preditivo negativo do teste independe da es- tro de 105 motoristas sem história de cirurgia ocular
pecificidade do teste (C–). O acompanhamento desses dois grupos de indi-
b) o número de falsos positivos é o mesmo nas duas víduos computou 25 acidentes em 5.500.000 quilôme-
faixas etárias tros dirigidos em C+ e 20 acidentes em 2.500.000 qui-
c) a sensibilidade do teste varia conforme a faixa etária lômetros dirigidos em C–. Assumindo que os grupos
d) o valor preditivo positivo do teste é maior na popu- são comparáveis em suas características, a alternativa
lação com maior prevalência que exprime, respectivamente, a medida de associa-
ção mais indicada e o seu valor aproximado é:
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA a) razão de taxas de incidência; 0,56
b) risco atribuível; 0,21
UNICAMP – 2014 c) razão de odds; 1,41
319. Com o objetivo de identificar o maior número de porta- d) razão de proporções de incidência; 0,76
dores de uma determinada doença, independentemente e) taxa de prevalências; 0,75
de saber se os indivíduos são realmente doentes ou não,  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
deve-se utilizar um exame laboratorial que tenha:
a) elevada sensibilidade
b) elevada especificidade Santa Casa-SP – 2014
c) elevado valor preditivo positivo 323. Em relação ao estudo transversal ou seccional pode-
d) elevada acurácia -se afirmar que é utilizado para estimar:
a) a prevalência de fatores de risco ou doenças
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA b) a incidência de fatores de risco ou doenças
c) a associação causal entre fatores de risco e doenças
raras
UNICAMP – 2014 d) a associação causal entre fatores de risco e doenças
320. Ao implantar um programa de assistência ao paciente comuns
com infecção pelo HIV/Aids em um município, com e) indiretamente a associação causal entre fatores de
oferta de medicamentos e terapias profiláticas secun- risco e doenças comuns
dárias, deve-se esperar:
a) aumento da incidência e aumento da prevalência  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


149
10 Temais gerais

Santa Casa-SP – 2014


324. Considerando as diretrizes nacionais para o rastreamento das lesões precursoras do câncer de colo do útero no Bra-
sil é correto afirmar que:
a) a população-alvo é constituída por mulheres com idade entre 15 e 64 anos
b) o subgrupo de mulheres com 35 a 49 anos de idade devem realizar uma colposcopia a cada três anos
c) o exame citopatológico deve ser realizado a cada três anos, após duas colpocitologias normais com intervalo anual
d) a colpocitologia deve ser realizada anualmente em mulheres que já iniciaram a atividade sexual
e) é considerada insatisfatória para análise citopatológica a amostra de material que não contenha células da junção
escamo-colunar

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

Santa Casa-SP – 2014


325. Os dados da tabela a seguir permitem afirmar que:
Número e distribuição percentual de óbitos de homens e de mulheres de 15 a 49 anos de idade, residentes nas Loca-
lidades A e B, segundo Capítulos da CID 10 correspondentes às causas básicas:

Localidade A Localidade B
Causas (Capítulo CID-10) Homens Mulheres Homens Mulheres
nº % nº % nº % nº %
XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 1.117 55,41 158 20,87 12 981 40,96 1 968 14,60
IX. Doenças do aparelho circulatório 268 13,29 140 18,49 4 543 14,33 2.811 20,85
II. Neoplasias (tumores) 154 7,64 193 25,50 2.817 8,89 3.291 24,41
XI. Doenças do aparelho digestivo 113 5,61 39 5,15 2.509 7,92 682 5,06
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 105 5,21 56 7,40 2.483 7,83 1.174 8,71
X. Doenças do aparelho respiratório 59 29,93 28 3,70 1.776 5,60 949 7,04
XV. Gravidez parto e puerpério 0 0,00 20 2,64 0 0,00 262 1,94
XVIII. Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat 20 0,99 15 1,98 2 156 6,80 732 5,43
DEMAIS CAPÍTULOS 180 8,93 108 14,27 2.420 7,64 1.613 11,96
TOTAL 2.016 100,00 757 100,00 31.692 100,00 13.484 100,00

a) o risco de morte por câncer é pelo menos duas vezes maior nas mulheres do que nos homens nesta faixa etária nas
duas localidades
b) a mortalidade materna é discretamente mais elevada na localidade A do que na B
c) a razão de mortalidade por sexo é maior na localidade B do que na A
d) os dados apresentados são insuficientes para comparar riscos de mortalidade entre as duas localidades
e) embora a violência seja quase três vezes mais fatal para os homens, o risco relativo é maior para as mulheres

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

Santa Casa-SP – 2014


326. Um estudo realizado em diversos países demonstra uma correlação estatisticamente significante (r = 0,72; p = 0,02)
entre as prevalências de tabagismo e os PIBs dos países. Com base nisso podemos afirmar que:
a) trata-se de um estudo de prevalência
b) indivíduos pobres fumam menos em função do preço relativo do cigarro
c) este estudo contradiz achados anteriores que apontam maiores prevalências em pessoas pobres
d) trata-se de um estudo ecológico
e) a indústria do cigarro não contribui para o PIB do país

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


150
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

Santa Casa-SP – 2014 a) estudo transversal


327. Um estudo realizado em 20 países europeus para ava- b) ecológico
liar a relação entre o consumo de “gordura trans” (kg/ c) ensaio clínico randomizado
per capita/ano) e o índice de massa corpórea (IMC), d) coorte
encontrou uma correlação positiva, com um r = 0,75 e) caso-controle
(p = 0,03). Com base nestes resultados, é possível afir-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
mar que:
a) 75% dos casos de obesidade nestes países podem ser
explicados pelo alto consumo de “gordura trans” Albert Einstein – 2014
b) 75% das pessoas que consomem “gordura trans” tem 331. Segundo o Guia de Vigilância Epidemiológica do Mi-
alto IMC nistério da Saúde do Brasil, a seguinte definição de
c) o consumo de “gordura trans” está correlacionado caso suspeito: “Indivíduo com quadro febril agudo
com a prevalência de obesidade (até 7 dias), de início súbito, acompanhado de icterícia
d) 49% dos casos de obesidade nestes países podem ser e/ou manifestações hemorrágicas, residente ou proce-
explicados pelo alto consumo de “gordura trans” dente de área de risco para a doença ou de locais com
e) 75% da variabilidade observada para o IMC pode ocorrência de epizootias em primatas não humanos ou
ser explicada pela variabilidade observada para o isolamento do agente infeccioso em vectores nos últi-
consumo de “gordura trans” mos 15 dias, não vacinados contra essa doença ou com
estado vacinal ignorado”, se adequa melhor para:
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA a) leptospirose íctero-hemorrágica
b) febre maculosa brasileira
c) malária
Santa Casa-SP – 2014 d) febre amarela
328. Um estudo obteve uma prevalência de diabetes melli- e) dengue hemorrágico
tus de 7,5%. O que significaria o Intervalo de confian-
ça de 95% desta prevalência?  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
a) que o tamanho da amostra só permite uma confian-
ça de 95%
Albert Einstein – 2014
b) que 95% das amostras apresentaram uma prevalên-
332. Em relação aos parâmetros para validação de testes
cia de 7,5% diagnósticos, a alternativa que melhor se adequa ao
c) que o valor da amostra está dentro deste intervalo conceito de acurácia ou exatidão é:
com uma precisão de 95% a) parâmetro que se refere à proporção de resultados
d) que o teste estatístico utilizado obteve um p = 0,05 verdadeiros positivos
e) o valor estimado para população deve estar dentro b) parâmetro que se refere à proporção de resultados
deste intervalo verdadeiros negativos
c) parâmetro que determina a capacidade do teste em
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA fornecer resultados muito próximos ao verdadeiro
valor do que se está medindo
Santa Casa-SP – 2014 d) parâmetro que determina existir concordância dos
329. O indicador DALY (Disability Adjusted Life of Years resultados obtidos quando um mesmo teste é feito
– Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacida- várias vezes
de) tem sido utilizado mais recentemente para avaliar e) refere-se a obtenção de resultados iguais em testes
realizados com a mesma amostra do material bioló-
a carga global da doença. Para calcular este indicador,
gico, quando feitos por diferentes pessoas em dife-
estima-se:
rentes locais
a) os anos vividos com incapacidade e as mortes pre-
maturas  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
b) a expectativa de vida e o custo social da doença
c) a mortalidade geral e incidência de incapacidades
d) os anos de vida perdidos e a mortalidade geral Albert Einstein – 2014
e) a mortalidade específica por faixa etária e prevalên- 333. A seguinte frase: “Pode ser calculado pela proporção
cia de incapacidades de indivíduos doentes entre os resultados positivos
obtidos no teste em estudo, portanto, se refere à pro-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA babilidade de doença quando o resultado do teste é
positivo”, corresponde melhor ao seguinte parâmetro:
a) especificidade
Albert Einstein – 2014 b) precisão
330. O estudo no qual o investigador parte do fator de ex- c) sensibilidade
posição (causa) para descrever a incidência e analisar d) eficiência
associações entre causas e doenças e que fornece me- e) valor preditivo positivo
lhores informações sobre as causas de uma doença,
corresponde ao seguinte tipo de estudo:  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


151
10 Temais gerais

PUC-RS – 2014 PUC-RS – 2014


334. Analise a figura a seguir, que representa o delinea- 337. O coeficiente de letalidade da doença X em uma co-
mento de um determinado estudo. munidade foi de 10% no ano de 2012. Durante esse
ano, ocorreram 2.000 óbitos pela doença. O número
de casos da doença X nessa comunidade, no ano de
Exposição a
Doença 2012, foi de:
determinado(s)
fator(es) de risco a) 100
Expostos Sim b) 200
Não c) 1.000
d) 2.000
e) 20.000
População Amostra tempo

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


Sim
Não-Expostos Não
Para resolver a questão 338, considere as informações
a seguir, acerca de um exame que apresenta sensibi-
lidade de 80% e especificidade de 85%, e selecione as
palavras que preenchem corretamente as lacunas.
O esquema evidencia que se trata de um estudo do tipo:
A possibilidade de um exame _____________ em um
a) coorte indivíduo _____________ é de _____________.
b) ecológico I. negativo – doente – 20%.
c) transversal II. positivo – doente – 85%.
d) caso-controle III. negativo – não doente – 80%.
e) ensaio controlado
PUC-RS – 2014
338. Está/Estão correta(s) a(s) afirmativa(s):
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA a) I, apenas
b) II, apenas
PUC-RS – 2014 c) I e III, apenas
d) II e III, apenas
335. Em relação à razão de verossimilhança (likelihood ra-
e) I, II, III
tio), são feitas as seguintes assertivas:
I. Não leva em consideração a sensibilidade do teste.  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
II. Expressa quantas vezes o resultado de um teste
diagnóstico é mais (ou menos) provável em pessoas
PUC-RS – 2014
doentes em comparação com não doentes.
339. Em relação aos estudos de prevalência, são feitas as
III. Quanto menor a razão de verossimilhança positi-
assertivas seguintes:
va e maior a razão de verossimilhança negativa, me-
I. As doenças de longa duração são bem representa-
lhor o teste.
das, exceto quando sua incidência é baixa.
Está/Estão correta(s) a(s) afirmativa(s): II. Uma doença de curta duração terá maior proba-
a) I, apenas bilidade de passar despercebida.
b) II, apenas III. Estes estudos apresentam evidências fracas de
c) I e III, apenas causa e efeito.
d) II e III, apenas Está/Estão correta(s) a(s) afirmativa(s):
e) I, II, III a) I, apenas
b) II, apenas
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) I e III, apenas
d) II e III, apenas
PUC-RS – 2014 e) I, II, III
336. Uma doença de longa duração e baixo grau de infecti-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
vidade geralmente apresenta _________ prevalência,
incidência e letabilidade.
a) baixa – alta – baixa AMP-PR – 2014
b) baixa alta alta 340. Os autores norte americanos Leavell e Clark propuse-
c) alta – baixa – baixa ram o modelo da História Natural das Doenças e con-
d) alta – baixa – alta sequente níveis de aplicação das medidas preventivas,
e) baixa – baixa – baixa o que propiciou grande incremento do preventivis-
mo. Entre as ações preventivas de nível secundário
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA encontra-se:

SJT Residência Médica – 2016


152
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

a) triagem de erros inatos do metabolismo AMP-PR – 2014


b) proteção individual contra riscos ocupacionais 344. “Um dos passatempos favoritos de estudiosos da
c) atenção ao desenvolvimento da personalidade teoria da decisão é testar médicos em questões
d) vacinação em massa em períodos de epidemia que envolvem estatísticas e os resultados são as-
e) fisioterapia para pacientes vítimas de sequelas de sustadores. Em um trabalho de 1982, David Eddy
acidentes pediu a profissionais de saúde que estimassem a
chance de uma paciente que apresentou mamogra-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA fia positiva para neoplasia de fato ter a doença,
considerando que a probabilidade de uma mulher
AMP-PR – 2014 ter câncer é de 1%, a sensibilidade do exame, de
341. Uma mesma medida de incidência ou de prevalência 80%, e a taxa de falsos positivos, de 9,6%. Cerca
tem nomes específicos ao exercer diferentes funções. de 95% dos médicos cravaram que o risco era de
Assim, chama-se: 75%, quando a resposta certa é 7,7%. Se você fizer
a) razão, para etiologia a conta, verá que de cem mulheres testadas, qua-
b) índice, para orientar decisões se dez (9,6%) apresentarão falso positivo e menos
c) taxa, para descrever e quantificar de uma (80% de 1%) será um positivo real. Não
d) indicador, para descrever e quantificar vou explicar aqui os vieses cognitivos que fazem
e) coeficiente, para comparação entre riscos os médicos e as pessoas em geral interpretarem
números tão mal, mas, decididamente, é algo com
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA que devemos nos preocupar.“
Fonte: Schwartsman, Hélio. Cegueira Estatística. FO-
LHA DE SÃO PAULO, 12/10/2013.
AMP-PR – 2014
Considerando exatamente os parâmetros citados nes-
342. Em medicina, prevalência refere-se a determinada
sa simulação, verifica-se que:
morbidade que se sobressai, por sua casuística em
a) a especificidade é de 90,3%, pois a prevalência é de 1%
valores maiores que zero, sobre os eventos de saúde,
b) a taxa de falsos negativos é de 92,3%, pois a especifi-
destacando-se sobre os demais casos passados, coinci-
cidade é de 7,7%
dentes com eles no tempo e no espaço, e que já não são
c) o valor preditivo negativo é de 7,7%, pois a especifi-
mais casos, por terem desaparecido ou evoluído para
cidade é de 92,3%
morte ou cura. O cálculo desse indicador se dá pela (o):
d) o valor preditivo positivo é de 99,8%, pois a especifi-
a) razão entre frequência de uma doença e a constância
cidade é de 0,2%
de sua etiologia
e) o valor preditivo positivo é de 7,7%, pois a especifi-
b) diferença entre o número de casos expostos e não
cidade é de 90,3%
expostos aos fatores de risco
c) relação entre o número de casos conhecidos de uma  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
doença e a população de referência
d) quociente entre o número total de casos expostos e o
tempo de exposição ao determinado fator de risco UFRN – 2014
e) produto do número atual de casos conhecidos de 345. O tipo de estudo que deve ser escolhido para avaliar
uma doença pelo tempo de exposição aos fatores de risco de desenvolvimento de eventos cardiovasculares
risco em pessoas ao longo do tempo é:
a) ecológico
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA b) coorte
c) transversal
d) caso-controle
AMP-PR – 2014
343. Os estudos epidemiológicos diferenciam-se segundo  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
seu delineamento. Assim,
a) o estudo ecológico compara grupos populacionais
b) o ensaio clínico é um estudo que fotografa o mo- UFRN – 2014
mento da exposição 346. Para ajudar o clínico na escolha de um teste diagnós-
c) o estudo de coorte estabelece a relação entre os des- tico para investigar um paciente, a propriedade do
fechos após a intervenção teste que deve ser levada em consideração é:
d) o estudo transversal parte do desfecho e segue para a) prevalência da doença
os desencadeantes de risco b) valor preditivo
e) o estudo de caso-controle parte dos fatores de risco, c) probabilidade pós teste
comparando expostos e não expostos d) acurácia

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


153
10 Temais gerais

UFRN – 2014
347. Analise o gráfico em floresta da metanálise sobre o uso de estatina em pacientes de alto risco e redução de morta-
lidade por todas as causas: Rey KK et al. Statins and All-Cause Mortality. In: High-Risk Primary Prevention, Arch
internal medicine, 2010.

B Statin/Placebo
Source Participants, No. Events, No. Risk ratio (95% CI)

JUPITER,7 2008 8901/8901 198/247 0.80 (0.66-0.96)

19
ALLHAT, 2002 4475/4405 521/513 1.00 (0.88-1.13)

ASCOT,20 2003 4391/4324 155/156 0.98 (0.79-1.22)

MEGA,16 2006 3866/3966 43/66 0.68 (0.46-1.00)

AFCAPS/TexCAPS,17 1998 3304/3301 80/77 1.04 (0.76-1.42)

WOSCOPS,18 1995 2998/2983 88/113 0.77 (0.58-1.02)

PROSPER,21 2002 1585/1654 139/135 1.08 (0.85-1.37)

PREVEND IT,13 2004 433/431 13/12 1.08 (0.49-2.38)

HYRIM,14 2005 283/285 4/5 0.80 (0.21-3.01)

Overall †

Random-effects 0.92 (0.84-1.02)


30 236/30 250 1241/1324
Fixed-effect 0.94 (0.86-1.01)

0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8

Levando-se em consideração a análise por efeito fixo, a redução do risco relativo sobre mortalidade por todas as
causas, pelo uso de estatina comparado ao de placebo é:
a) de 14% de redução e com significância estatística
b) de 6 % de redução e com significância estatística
c) de 0% de redução, pois não houve significância estatística
d) de 8% de redução, porem sem significância estatística

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UFRN – 2014
348. A avaliação crítica sobre a validade interna e qualidade metodológica de um Ensaio Clínico Randomizado deve
considerar, principalmente,
a) a aplicabilidade externa do estudo
b) a análise por intenção de tratar
c) o fator de impacto da revista
d) o conflito de interesse dos autores

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UFRN – 2014
349. Você tem uma dúvida clínica de enfoque terapêutico sobre qual o tratamento mais adequado para um paciente com
vertigem posicional benigna. A base de dados disponível na literatura, na qual se tem a chance de encontrar maior
amplitude de estudos e que representa a melhor evidência é:
a) Latindex
b) Lilacs
c) Scielo
d) Pubmed

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UFRN – 2014
350. O teste estatístico utilizado para comparar duas variáveis qualitativas é:
a) correlação de Pearson
b) teste T de student
c) qui-quadrado
d) ANOVA

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


154
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

Os dados a seguir servem de referência para respon- Hospital Municipal São José-SC – 2014
der as Questões 351 e 352. 355. Analisar o resumo do estudo a seguir:
Colesterol sérico e mortalidade por doença arte-
Um estudo hipotético testou o desempenho do peptí- rial coronariana em homens e mulheres jovens, de
deo atrial natriurético tipo B (BNP) > 18 pg/mL para meia-idade, e idosos de três estudos epidemiológi-
diagnosticar a disfunção ventricular esquerda (DVE), cos de Chicago.
utilizando-se o ecocardiografia como padrão ouro. A associação do colesterol total sérico com mortalidade
Observe a tabela a seguir. por doença arterial coronariana foi avaliada em 1.210
homens entre 42 e 60 anos de idade, no período de 1959
Status da doença (DVE) a 1963, e em 1.008 homens entre 45 e 64 anos de idade,
Resultado do no período de 1959 a 1969, seguidos por 25 anos de estu-
Não Total
teste BNP sérico Doente do da Chicago Peoples Gas Company; em 1.903 homens
doente
entre 41 e 57 anos de idade, em 1959, seguidos por 24
Positivo 35 57 92 anos no estudo Chicago Western Electric Company, e
Negativo 5 29 34 17.880 homens entre 25 e 74 anos de idade, e 8.327 mu-
Total 40 86 126 lheres entre 40 e 74 anos de idade, no período de 1967 a
1973, seguidos por 18 anos de estudo da Chicago Heart
Association Detection Project in Industry.
UFRN – 2014
DYER, A. R.; STAMLER, J.; SHEKELLE, R. B. Ann
351. A especificidade do teste é:
Epidemiol. 1992 Jan-Mar;2(1-2):51-7.
a) 85%
Nesses estudos, o nível de colesterol total foi relacio-
b) 88%
nado positivamente para mortalidade por doença ar-
c) 32%
terial coronariana em homens jovens e de meia-idade
d) 34%
e em homens e mulheres idosos. Pode-se concluir que
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA se trata de um(a):
a) estudo caso-controle
b) estudo de coorte
UFRN – 2014 c) estudo transversal
352. O valor preditivo positivo do teste é: d) metanálise
a) 85% e) ensaio clínico randomizado
b) 38%
c) 32%  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
d) 34%

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA Hospital Municipal São José-SC – 2014


356. São estudos epidemiológicos nos quais é possível ob-
ter o Risco Relativo (RR) de forma direta como medi-
UFRN – 2014 da de associação entre um fator e o desfecho:
353. O tipo de gráfico que melhor representa uma variável I. Estudo de coorte.
quantitativa em dois ou mais grupos de distribuição II. Estudo transversal.
assimétrica é: III. Estudo de caso-controle.
a) box plot IV. Ensaio clínico.
b) histograma Estão CORRETOS:
c) dispersão de pontos a) somente os itens I e III
d) setores b) somente os itens I e IV
c) somente os itens II e III
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA d) somente os itens I, II e III
e) somente os itens I, III e IV
UFRN – 2014  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
354. Um profissional médico está realizando análises des-
critivas de uma amostra de pacientes e identifica que
a variável peso apresenta uma distribuição simétrica Hospital Municipal São José-SC – 2014
(normal). As medidas de tendência central e de dis- 357. Qual é a principal fonte de informação e de coleta de
persão que devem ser utilizadas para descrever essa dados da vigilância epidemiológica?
variável são, respectivamente: a) atestados de óbitos
a) mediana e intervalo interquartil b) indicadores socioeconômicos
b) média e variância c) prontuário médico
c) moda e desvio-padrão d) arquivo nosológico
d) média e desvio-padrão e) notificação compulsória

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


155
10 Temais gerais

Hospital Municipal São José-SC – 2014 b) um dos fatores analisados pode ser considerado
358. Associando as doenças aos tipos de distribuição na como causa do outro
população, numerar a 2ª coluna de acordo com a 1ª e, c) foi observada no contexto de um ensaio clínico rando-
após, assinalar a alternativa que apresenta a sequên- mizado, no qual todos os possíveis fatores que influen-
cia CORRETA: ciam a associação foram devidamente controlados
d) os valores de uma variável dependem dos valores da
(1) Endemia. outra, havendo uma situação de dependência esta-
(2) Epidemia. tística entre elas
(3) Pandemia. e) a probabilidade de que esta associação tenha ocor
rido ao acaso seja menor do que algum valor crítico
( ) Gripe A. previamente definido como, por exemplo, 5% ou 1%
( ) Febre amarela na Amazônia.  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
( ) Infecção pelo HIV.
( ) Dengue no Rio de Janeiro.
( ) Tuberculose. UFSC – 2014
362. Assinale a alternativa CORRETA.
a) 3-1-3-2-3 Diversos parâmetros biológicos, entre eles o peso e a
b) 2-1-3-1-3 altura dos indivíduos, apresentam comportamento
c) 2-2-1-3-1 semelhante ao que se costuma rotular, em bioestatís-
d) 3-2-2-1-3 tica, como distribuição normal. São propriedades da
e) 1-3-3-2–2 distribuição normal:
a) ter forma simétrica e apresentar média, mediana e
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA moda com valores semelhantes
b) apresentar área constante sob a curva, que impede o
cálculo de probabilidades relacionadas à ocorrência
Hospital Municipal São José-SC – 2014 de observações situadas em alguma faixa de valor
359. Um estudo realizado para avaliar um novo método de c) permitir, para os parâmetros que possuem distri-
rastreamento para o câncer de colo uterino verificou que buição normal, o cálculo de diferenças de médias a
o seu valor preditivo positivo era mais alto do que o ob- partir de testes estatísticos não paramétricos
servado pelo exame citopatológico do colo uterino (mé- d) refletir a distribuição de parâmetros ou variáveis,
todo de referência). Considerando-se esse novo método, que se apresentam altamente concentrados em uma
em comparação ao método de referência, é CORRETO parcela da população, como a renda familiar
afirmar que há uma probabilidade maior de: e) ter sua distribuição completamente determinada
a) falso-positivo pela mediana e pelo desvio-padrão
b) falso-negativo
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) existir doença em um paciente com resultado positivo
d) não existir doença em um paciente com resultado
negativo UFSC – 2014
e) ocorrer resultado positivo 363. Assinale a alternativa CORRETA.
O valor de p (probabilidade) e o intervalo de confian-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA ça são recursos estatísticos que permitem:
a) avaliar se a pesquisa foi realizada com rigor, definin-
Hospital Municipal São José-SC – 2014 do a qualidade dos resultados obtidos
b) extrapolar ou generalizar os resultados observados em
360. O desenho de estudo mais apropriado para estimar a
uma amostra para alguma população de referência
prevalência populacional de uma doença é o:
c) identificar se os fatores de risco investigados em
a) de caso-controle
uma pesquisa são, de fato, as verdadeiras causas da
b) transversal
doença em questão
c) longitudinal d) conferir se os testes estatísticos empregados no estu-
d) ecológico do estão corretos
e) de coorte e) examinar se as variáveis analisadas são categóricas
ou numéricas
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
UFSC – 2014
361. Assinale a alternativa CORRETA. UFSC – 2014
Em bioestatística, é denominada como estatisticamente 364. Assinale a alternativa CORRETA.
significativa a associação entre duas variáveis, quando: A mortalidade infantil é importante indicador social
a) as variáveis apresentam uma relação que pode ser em saúde coletiva. Quando ela é baixa, em torno de 10
considerada relevante em termos clínicos ou popu- por 1.000 nascidos vivos, predominam as mortes no
lacionais período:

SJT Residência Médica – 2016


156
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

a) infantil tardia (após 6 meses) Santa Casa-BH – 2013


b) neonatal tardia (de 7 até 28 dias) 368. Constituem objetivos da investigação epidemiológi-
c) infantil precoce (até 10 dias) ca, EXCETO:
d) infantil tardia (28 dias até 1 ano) a) identificar a fonte de infecção e o modo de transmissão
e) perinatal (0 a 6 dias) b) confirmar o diagnóstico
c) prover tratamento e reabilitação física aos doentes
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
d) identificar os grupos expostos a maior risco e os fa-
tores de risco
UNICAMP – 2013
365. O cálculo do coeficiente de mortalidade infantil neo-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
natal, na área A e no ano T é:
a) número de óbitos fetais maiores de 22 semanas e de Santa Casa-BH – 2013
óbitos de crianças menores de 28 dias, dividido pelo 369. Com relação à epidemiologia, assinale a afirmativa
número de nascidos vivos de mães residentes, na área INCORRETA:
A no ano T, multiplicado por 1.000 a) não se preocupa com a história natural da doença
b) número de óbitos de crianças menores de 7 dias, di-
nos grupos populacionais
vidido pelo número de nascidos vivos de mães resi-
b) está interessada em descrever o estado de saúde da
dentes, na área A no ano T, multiplicado por 1.000
população
c) número de óbitos de crianças maiores de 7 dias, di-
c) preocupa-se com as causas das doenças, levando à
vidido pelo número de nascidos vivos de mães resi-
dentes, na área A no ano T, multiplicado por 1.000 identificação de métodos preventivos
d) número de óbitos de crianças menores de 28 dias, d) pode ser utilizada para avaliar intervenções em saúde
dividido pelo número de nascidos vivos de mães re  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
sidentes, na área A no ano T, multiplicado por 1.000

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA Santa Casa-BH – 2013


370. Uma fábrica de cerâmica realiza, por meio de seu Ser-
UFRN – 2013 viço de Medicina do Trabalho, exame periódico de
366. Foi realizado um estudo em uma indústria de tecidos saúde dos empregados anualmente. A avaliação dos
e constatou-se que, entre os 10.000 trabalhadores par- resultados durante dez anos de implantação dessa ro-
ticipantes, 320 deles tinham problemas visuais. Esses tina revelou que, dos 500 empregados examinados ao
trabalhadores foram acompanhados por mais dez raio X, 100 tinham silicose. A medida anterior trata
anos e, nesse período, mais 204 desenvolveram novos de um coeficiente de:
problemas visuais. Quando for questionado sobre as a) incidência
taxas de prevalência e a incidência dos distúrbios vi- b) prevalência
suais nessa população, o médico do trabalho deverá c) letalidade
responder que as taxas relativas a esse estudo são: d) tendência
a) prevalência 3,2% e incidência 5,24%
b) prevalência 5,24% e incidência 2,04%  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) prevalência 2,04% e incidência 5,24%
d) prevalência 3,2% e incidência 2,04%
Santa Casa-BH – 2013
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA 371. A sensibilidade é um atributo de qualidade da vigi-
lância epidemiológica e de testes diagnósticos e mede
a capacidade de:
Albert Einstein – 2013 a) identificar a proporção de casos negativos do evento
367. Em relação aos processos epidêmicos é INCORRETO b) identificar a ocorrência do evento em qualquer momento
afirmar: c) detectar casos verdadeiros do evento em estudo
a) epidemia lenta acontece, em geral, com doenças d) detectar a capacidade de medidas de controle do
com longo período de incubação evento
b) epidemia explosiva é a que apresenta uma rápida
progressão até atingir a incidência máxima em um  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
curto espaço de tempo
c) Aids e exposição a agrotóxicos constituem exemplos
de epidemia explosiva Santa Casa-BH – 2013
d) epidemia progressiva ou propagada ocorre quando 372. Estudo realizado em uma amostra de alunos in-
o mecanismo de transmissão é de hospedeiro a hos- gressantes nas escolas públicas de um determinado
pedeiro município no ano de 1991. Realizou-se a avaliação
e) a epidemia de sarampo de 1997 foi um exemplo de antropométrica e a ocorrência de desnutrição foi as-
epidemia propagada sociada com sexo, idade, local de residência e esco-
laridade do pai. Essa modalidade de estudo pode ser
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA classificada como:

SJT Residência Médica – 2016


157
10 Temais gerais

a) estudo transversal
b) estudo de coorte ( ) Instantâneos sobre pre-
(1) Estudo de coorte
valência de agravos
c) estudo de caso controle
d) ensaio clínico
( ) Produz medidas de incidên
(2) Caso-controle
cia e de fatores de risco.
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
( ) Associações etiológicas em
(3) Ensaio clínico
UEL – 2013 agravos de baixa incidência
373. Em 2009, ocorreu a primeira onda de uma pandemia
( ) Estudo experimental para ava-
causada pelo vírus Influenza H1N1 (Influenza A). No (4) Estudo seccional
liar intervenção terapêutica
México, entre janeiro e maio de 2009, foram diagnos-
ticados 2.059 casos da doença com 56 óbitos (2,7%).
Esse valor representa que medida de frequência? A sequência numérica mais adequada de preenchi-
a) coeficiente de mortalidade mento dos parênteses da coluna, de cima para baixo é:
b) letalidade a) 1 – 2 – 4 – 3
c) incidência b) 1 – 2 – 3 – 4
d) indicador de Swaroop e Uemura c) 4 – 3 – 1 – 2
e) mortalidade específica por causa d) 4 – 1 – 2 – 3
e) 3 – 2 – 4 – 1
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

AMP – 2013
374. A vigilância epidemiológica é um importante instru- AMP – 2013
mento para normatização de atividades técnicas, bem 376. Em relação à possibilidade de erros (vieses) nos estu-
como para o planejamento, a organização e a opera- dos clínicos, assinale a correta:
cionalização dos serviços de saúde. Assinale a alterna- a) o viés de confusão pode ocorrer quando o fator de
tiva que contenha estritamente funções da vigilância confusão está distribuído de maneira igual entre os
epidemiológica: grupos
a) coleta e processamento de dados; tomada de decisão b) o viés de aferição acontece quando o processo de co
clínica a partir dos dados coletados; proteção dos leta das variáveis do estudo é sistematicamente igual
dados coletados para evitar sua publicidade; forne- nos dois grupos
cimento de fármacos básicos para os agravos de in- c) o viés de seleção distorce os resultados pelo modo
teresse epidemiológico com que os participantes são recrutados
b) coleta, processamento, análise e interpretação de da- d) o erro tipo I ou alfa acontece quando o teste não
dos de saúde; recomendação e promoção de ações mostra significância quando na verdade existe
de controle indicadas; avaliação da efetividade das e) o erro tipo II ou beta quando o teste estatístico mos-
medidas eventualmente adotadas tra diferença quando na verdade ele não existe
c) coleta, processamento, interpretação e divulgação
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
de dados epidemiológicos; disposição de treinamen-
to para profissionais de saúde na atenção primária;
fornecimento de vacinas e antídotos para acidentes AMP – 2013
peçonhentos 377. Em relação aos modelos de estudos epidemiológicos
d) fornecimento de vacinas e antídotos para acidentes assinale a correta:
peçonhentos; recomendação e vigilância sobre des- a) a amostragem probabilística concede a cada membro
carte de material hospitalar; aquisição de material do grupo a mesma chance de integrar da amostra
adequadamente esterilizado para distribuição nas b) o estudo observacional seccional apresenta alto po-
unidades de saúde da atenção primária der analítico
e) intervenção terapêutica individual e coletiva em c) o estudo de coorte tem como vantagens o baixo cus-
casos de surtos ordinários e inusitados; recomen- to e a facilidade de estudar doenças raras
dações e fornecimento do material adequado para d) o estudo de caso controle tem alto poder analítico,
controle de doenças infectocontagiosas bem como porém inadequado para estudar doenças raras
de acidentes por animais peçonhentos e) o pareamento significa o processo de controles indi-
viduais de forma randômica
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
AMP – 2013
375. Numere a segunda coluna de acordo com a primeira, UFF-RJ – 2013
com relação às características de cada desenho de es- 378. Em relação às medidas de associação usadas nos estu-
tudo epidemiológico. dos epidemiológicos, escolha a opção CORRETA.

SJT Residência Médica – 2016


158
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

a) nos desenhos longitudinais prospectivos, tanto o RR d) para minimizar o efeito do viés de perda seletiva, os
(risco relativo) quanto a RT (razão de taxas) são me- grupos randomizados em um ensaio clínico devem
didas mais precisas do risco do desfecho ter o mesmo número de componentes
b) o OR (odds ratio) não pode ser usado quando o de- e) em estudo de coorte, a saída de mais indivíduos ex-
senho do estudo é coorte, pois essa medida de asso- postos/doentes pode gerar um viés de aferição, pois
ciação é exclusiva de estudos caso-controle os médicos que acompanham não poderão fazer o
c) em estudos de coorte, a melhor medida é o RR (risco diagnóstico
relativo), o qual, nos ensaios clínicos randomizados
ou nos estudos caso-controle, não pode ser calculado  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
d) caso utilizada, a análise de sobrevida possibilitaria o
cálculo do OR (odds ratio) ou do HR (hazard ratio)
e) o RR (risco relativo) é a melhor medida de associa- UFF-RJ – 2013
ção somente nos estudos em que a medida de frequ- 381. Sobre estudos de meta-análise pode-se dizer que:
ência trabalha com pessoa tempo a) a revisão sistemática visa à seleção de estudos com
boa qualidade e com associações estatisticamente
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA significativas
b) deve-se iniciar com uma clara questão de estudo, fa-
UFF-RJ – 2013 zer uma revisão sistemática em várias bases de dados
379. A hipertensão arterial sistêmica é prevalente entre pa- e busca manual, com claros critérios de inclusão/ex
cientes com apneia obstrutiva do sono. Estudos de cur- clusão dos estudos
to prazo indicam que a pressão positiva contínua nas c) se, entre os estudos selecionados na revisão sistemá
vias aéreas (CPAP) reduz a hipertensão nestes pacien- tica, houver resultados selecionados a favor e contra
tes, mas não há estudos de longo acompanhamento. A a intervenção, há heterogeneidade e a medida sumá
alternativa em que se indica e justifica o melhor tipo de rio não deve ser calculada
estudo (JAMA, 2012) para resolver essa questão é: d) quando ocorrer heterogeneidade entre os estudos ha
a) estudo caso-controle, porque, com esse desenho, os
verá maior chance de viés de publicação
pacientes não se arriscam a um tratamento possivel-
e) somente os estudos experimentais podem ser objeto
mente inócuo, além de ser a possibilidade de viés de
de meta-análise, na medida em que a combinação de
seleção menor que nos demais desenhos
b) estudo de coorte, por ser o único desenho que per- resultados de diferentes estudos observacionais pode
mite a observação de indivíduos segundo o nível de superestimar a associação real
exposição (presença/ausência de hipertensão), pos-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
sibilitando o cálculo da taxa de incidência (casos/
pessoa/ano de exposição)
c) estudo caso-controle, porque permite a comparação UFF-RJ – 2013
de pacientes com apneia do sono aos controles (sem 382. Estudo realizado em São Paulo (J. Bras. Pneumologia,
apneia), com casos incidentes, por diminuir o risco 2012) avaliou o desempenho da broncoscopia para
de viés de memória diagnóstico de tuberculose pulmonar em pacientes
d) estudo transversal, porque se faz necessário traba
com RX suspeito e baciloscopia negativa ou não re-
lhar com medidas de prevalência
alizada por escassez de material. A sensibilidade e a
e) ensaio clínico randomizado, porque a aleatoriedade
especificidade do exame foram, respectivamente, 60%
da alocação dos pacientes diminui a possibilidade de
viés de seleção e confundimento e 100%. Assim, é possível afirmar que:
a) os resultados obtidos dependem da prevalência de
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA tuberculose nos pacientes estudados, devendo ser
validados em diferentes populações
b) devem-se investigar outras patologias pulmonares
UFF-RJ – 2013
380. Com respeito aos vieses, uma das maiores preocupa- quando o resultado da broncoscopia é negativo, pois
ções em estudos epidemiológicos, afirma-se que: não há falsos-negativos nesse exame
a) quando não é possível fazer duplo-cego – por exem- c) a solicitação de exame de biópsia pulmonar, dian-
plo, em estudos de diferentes técnicas cirúrgicas –, é te de broncoscopia negativa, está indicada para au-
importante cegar quem avalia o desfecho, para mini- mentar a especificidade
mizar o viés de seleção d) o tratamento deve ser iniciado quando a broncosco-
b) em um ensaio clínico randomizado é importante pia é positiva, pois não há falsos-positivos
fazer o ocultamento da sequência da randomização e) os resultados desse estudo foram obtidos por
visando minimizar o viés de aferição meio da comparação entre a broncoscopia, o raio
c) em estudo caso-controle é importante fazer o mas- X e a baciloscopia
caramento da exposição visando minimizar o viés
de aferição  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


159
10 Temais gerais

UNESP – 2013 c) experimental, pois foram avaliados os medicamen-


383. Sabendo que a aleatorização, nos estudos de interven- tos utilizados no período
ção, tem por finalidade tornar os grupos semelhantes, d) ensaio clínico, pois foram avaliadas variáveis clínicas
a homogeneidade entre grupos a serem comparados no período
em estudos não experimentais é buscada por meio de:
a) randomização  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
b) estratificação
c) análise estatística
UNICAMP – 2013
d) amostras convenientes
388. Os coeficientes brutos de mortalidade geral de dois
e) restrição
hospitais, A e B, são respectivamente 0,6 e 1,7 para
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA cada 1.000 pacientes internados. Você considera que
a comparação destes indicadores:
a) é suficiente para afirmar que o hospital A presta me-
UNESP – 2013 lhor assistência que o hospital B
384. O número necessário para tratar (NNT), nos ensaios b) é suficiente para afirmar que o hospital B presta me-
clínicos randomizados, é a medida de: lhor assistência que o hospital A
a) incidência c) deve ser feita com o coeficiente bruto de mortalida-
b) risco absoluto de geral de um terceiro hospital considerado como
c) relativização dos riscos padrão-ouro
d) eficácia comparada das intervenções d) deve ser feita a partir de coeficientes específicos de
e) prevalência mortalidade dos hospitais A e B
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UNESP – 2013 Unificado-MG – 2013


385. A principal característica dos estudos de intervenção 389. Ensaios clínicos bem conduzidos é o padrão-ouro entre
é a alta: os estudos para guiar a prática clínica diária, constituin-
a) validade externa do uma poderosa ferramenta para a avaliação de inter-
b) capacidade de generalização dos resultados venções para a saúde, sejam elas medicamentosas ou não.
c) validade interna Sobre esse tipo de estudo, É CORRETO afirmar que:
d) relevância científica a) a randomização consiste na distribuição não aleató-
e) precisão ria dos casos em grupos a serem comparados para
determinada intervenção
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
b) é um estudo prospectivo experimental que compara
o efeito e o valor de uma intervenção contra um con-
UNICAMP – 2013 trole, cujos resultados são de significância estatística
386. Você é médico de uma unidade de saúde e vai iniciar se P < 0,5
o monitoramento da saúde de pequenos agricultores c) ensaios clínicos randomizados são projetados para
identificados na população adscrita. O teste laborato- avaliar os mecanismos pelos quais uma terapia pode
rial a ser usado para avaliar a exposição à inibidores produzir benefícios ou prejuízos
de colinesterase deve ter: d) permite o cálculo da redução de risco relativo (RRR),
utilizado para medir a eficácia da intervenção
a) alta sensibilidade
b) alta especificidade  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) alto valor preditivo positivo
d) alto valor preditivo negativo
Unificado-MG – 2013
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA 390. Mediante a redução dos casos de difteria na popula-
ção brasileira e crescentes desafios em sua vigilância e
controle, estudo avaliou a eficácia do método “bacte-
UNICAMP – 2013 rioscopia” no diagnóstico da infecção pelo C. diphthe-
387. Um estudo foi realizado, em hospitais de uma re- riae em uma população da grande São Paulo. Leia as
gião, acompanhando uma amostra de crianças nas- assertivas a seguir:
cidas com baixo peso e outra de crianças nascidas I. A “bacterioscopia” foi positiva em 23 dos 34 pa-
com peso adequado para a idade gestacional. Foram cientes com cultura positiva para C. diphtheriae,
coletados dados sobre o uso de medicamentos e in- definindo uma sensibilidade de 67,6%.
ternações nos três primeiros anos de vida. Trata-se II. Dos 905 pacientes com “bacterioscopia” nega-
de um estudo: tiva, 894 estavam com cultura negativa para C.
a) coorte, pois o baixo peso foi considerado exposição diphtheriae, determinando um valor preditivo
b) transversal, pois foi coletada amostra da população negativo do teste diagnóstico para difteria na po-
em um dado período pulação estudada de 98,7%.

SJT Residência Médica – 2016


160
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

III. O valor preditivo depende da acurácia do teste e da UFRN – 2013


prevalência da doença na população em estudo. 393. “Muitas doenças apresentam aumento do número de
A opção CORRETA é: casos em uma determinada época do ano.” Essa afir-
a) apenas a assertiva I é verdadeira mação trata do conceito de:
b) apenas as assertivas I e II são verdadeiras a) variação cíclica
c) apenas as assertivas II e III são verdadeiras b) variação sazonal
d) todas as assertivas são verdadeiras c) variação epidêmica
d) variação endêmica
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
Unificado-MG – 2013
391. Para verificar uma possível associação entre o car- UFRN – 2013
cinoma epidermoide de terço médio de esôfago e os
394. Em um estudo, o pesquisador resolve avaliar o efei-
hábitos de beber e fumar, foi realizado um estudo no
to da quantidade de álcool ingerida sobre a inci-
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, no período
dência de câncer. Em relação a esse estudo é correto
de agosto de 1980 a outubro de 1981. Os seguintes re-
sultados foram encontrados: afirmar que:
a) o álcool é fator de exposição e o câncer é desfecho
b) o câncer é fator de exposição e desfecho
Fator de exposição: Câncer de esôfago c) o álcool é fator de exposição e desfecho
Total
tabagismo Sim Não d) o câncer é fator de exposição e o álcool é desfecho
Positivo 16 42 58  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
Negativo 3 15 18
Total 13 57 76
UFRN – 2013
Fator de exposição: Câncer de esôfago 395. Em um determinado estudo, o pesquisador selecio-
ingestão de bebida Total nou as variáveis a seguir.
alcoólica Sim Não

Positivo 15 7 22 a) taxa de satisfação no trabalho


Negativo 4 50 54 b) cor favorita
Total 19 57 76 c) estado civil
d) número de palavras relembradas
É ERRADO afirmar:
a) no estudo, o risco relativo de se ter carcinoma de
Posteriormente, o pesquisador classificou as variá-
esôfago em relação à ingestão de bebidas alcoólicas,
veis, de acordo com a natureza, em:
foi de 26,7%
b) o estudo não permite o cálculo das taxas de incidência
c) o estudo realizado foi observacional do tipo trans- 1 Quantitativa
versal retrospectivo 2 Qualitativa
d) o risco relativo da ocorrência de carcinoma de esôfa-
go, em relação ao tabagismo, no estudo foi de 0,9%, A opção que apresenta corretamente a relação entre
sugerindo um efeito de proteção pela exposição ao cada variável e a respectiva natureza é:
fator em questão a) a2, b1, c1, d2
b) a2,b1,c1, d1
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) a1, b2, c2, d2
d) a1, b2, c2,d1
UFRN – 2013
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
392. Um médico está testando a efetividade de uma nova
droga para o tratamento da Doença de Parkinson.
Vinte indivíduos com a doença foram tratados com
a nova droga e vinte receberam placebo. Na avaliação Os dados da tabela abaixo servem de referência para
dos resultados, verificou-se a melhora da sintomato- as duas questões a seguir.
logia da doença. Em relação ao caso anterior descrito
é correto afirmar que se trata de um estudo: Crianças desnutridas
Situação da ama-
a) observacional do tipo estudo transversal Total
mentação Sim Não
b) intervencional do tipo coorte
c) intervencional do tipo ensaio clínico Amamentadas 20 232 252
d) observacional do tipo estudo caso-controle Desmamadas 176 412 588
Total 196 644 840
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


161
10 Temais gerais

UFRN – 2013 Albert Einstein – 2013


396. Os dados da tabela indicam que a diferença de risco de 401. Todos os conceitos citados a seguir, usados em Epide-
desnutrição entre os dois grupos é de aproximadamente: miologia, estão corretos, EXCETO:
a) 21,99% a) epidemia por fonte comum: existência do mecanis-
b) 29,30% mo de transmissão hospedeiro a hospedeiro
c) 23,31% b) epidemia: alteração, espacial e cronologicamente
d) 29,92%
delimitada, do estado de saúde-doença de uma po-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA pulação, caracterizada por uma elevação progressi-
vamente crescente, inesperada e descontrolada dos
coeficientes de incidência de determinada doença,
UFRN – 2013
devido a alterações relacionadas ao agente infeccio-
397. Os dados indicam que o risco relativo de desnutrição
so e/ou ao ambiente e/ou ao hospedeiro
nas crianças desmamadas, quando comparadas às
c) endemia: refere-se à doença habitualmente presente
amamentadas, é de:
a) 4,90% entre os membros de um determinado grupo, em uma
b) 1,43% determinada área, presente em uma população definida
c) 3,78% d) pandemia: ocorrência epidêmica caracterizada por uma
d) 1,25% larga distribuição espacial, atingindo várias nações
e) surto epidêmico: ocorrência epidêmica restrita a um
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA espaço bem delimitado

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


UFRN – 2013
398. Um exemplo de relação de causalidade entre uma va-
riável independente e outra dependente é: Albert Einstein – 2013
a) consumo de café e câncer de pulmão 402. Os coeficientes de mortalidade são definidos como quo-
b) uso de anticoncepcional e tromboembolismo cientes entre as frequências absolutas de óbitos e o número
c) hábito de barbear-se e infarto do miocárdio de expostos ao risco de morrer. É INCORRETO afirmar:
d) mancha nos dedos do fumante e bronquite crônica
a) a principal vantagem da taxa de mortalidade geral é
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA o fato de não levar em conta que o risco de morrer
varia conforme o sexo, a idade, entre outros fatores
b) em Saúde Pública, o coeficiente de mortalidade geral é
UFRN – 2013
utilizado na avaliação do estado sanitário de áreas de-
399. Alguns pesquisadores afirmam que “Doenças podem
terminadas, associado a outros coeficientes e índices
parecer associadas entre si em estudos do tipo casos-
-controle, em decorrência, somente, das altas taxas de c) o índice de mortalidade infantil é calculado dividindo-se
hospitalização entre pacientes com mais de uma do- o número de óbitos em crianças menores de 1 ano pelos
ença”. Essa afirmação trata: nascidos vivos naquele ano, em uma determinada área,
a) do viés de Berkson e multiplicando-se por 1.000 o valor encontrado
b) do viés de aferição d) letalidade é o maior ou o menor poder que tem uma
c) da vituação de confusão doença em provocar a morte das pessoas que adoe-
d) do efeito Hawthorne ceram por essa doença
e) quanto mais elevado o índice de Swaroop & Uemu-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
ra melhores são as condições de saúde da região em
estudo
UFRN – 2013
400. A maioria dos ensaios clínicos é realizada com popu- Albert Einstein – 2013
lações que foram submetidas a critérios de inclusão e 403. Pertencem à nova lista de notificação compulsória
exclusão, com o objetivo de diminuir a heterogenei- (LNC) do Ministério da Saúde de 2011:
dade da amostra. O uso desses critérios a) paralisia flácida aguda, atendimento antirrábico e
a) aumenta a validade interna e aumenta a capacidade
candidíase disseminada
de generalização
b) carbúnculo, doença meningocóccica e doença cito-
b) aumenta a validade interna e diminui a capacidade
de generalização megálica
c) diminui a validade interna e aumenta a capacidade c) febre amarela, eventos adversos por vacinação e do-
de generalização ença de Lyme
d) diminui a validade interna e diminui a capacidade d) hanseníase, criptococose pulmonar e hepatites virais
de generalização e) dengue, difteria e botulismo

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


162
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

Santa Casa-BH – 2013


(B) Começa com um grupo de pesso-
404. Recentemente, um município paraense registrou nú-
as que são aleatoriamente divididas
meros não esperados de casos de malária e casos cir- (II)
em grupos (em geral, dois grupos);
cunscritos de dengue em grupos familiares vivendo Estudo
um grupo recebe uma intervenção e
em determinado local da cidade. Ao analisar as duas caso-controle
outro não a recebe, para fins de com-
situações, assinale a afirmativa CORRETA. paração em relação ao desfecho.
a) no Pará houve uma endemia de dengue
b) no Pará houve uma epidemia de malária e um surto (C) Começa pelo desfecho (grupo de ca-
de dengue sos de uma doença), com seleção de um
(III)
c) a situação da malária foi epidemiologicamente clas- grupo de pessoas sem a respectiva doen-
Estudo de corte
sificada como surto ça, para comparar, nesses dois grupos,
d) a situação do dengue foi epidemiologicamente classi- exposições a fatores de risco no passado.
ficada como pandemia e a da malária, como endemia
(D) É um estudo de agregados (taxas)
(IV) em que as medidas sobre fator (expo-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA Estudo ecológico sição) e desfecho (por exemplo, do-
ença) são feitas ao mesmo tempo.

UEL – 2013 (E) É um estudo individualizado em


405. Na definição da Epidemiologia como “O estudo: (I) da (V) que as medidas sobre fator (exposi-
frequência, (II) da distribuição e (III) das causas das Estudo transversal ção) e desfecho (por exemplo, doen-
doenças na população”, assinale a alternativa correta. ça) são coletadas ao mesmo tempo.
a) (I) e (II) referem-se à epidemiologia descritiva e (III)
à epidemiologia analítica
b) (I) e (III) referem-se à epidemiologia descritiva e (II) Assinale a alternativa que contém a associação correta.
à epidemiologia analítica a) I-A, II-B, III-D, IV-E, V-C
c) (I) e (III) referem-se à epidemiologia analítica e (II) b) I-A, II-C, III-D, IV-B, V-E
à epidemiologia descritiva c) I-B, II-D, III-A, IV-E, V-C
d) (I), (II) e (III) referem-se à epidemiologia analítica d) I-B, II-D, III-C, IV-A, V-E
e) (I), (II) e (III) referem-se à epidemiologia descritiva
e) I-E, II-A, III-C, IV-B, V-D
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


UEL – 2013
406. Leia o texto a seguir.
Conjunto de ações que proporcionam o conhecimen- UEL – 2013
to, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos 408. A mortalidade proporcional por idade também
fatores determinantes e condicionantes de saúde indi- pode ser representada em gráfico, sendo conheci-
vidual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e da como Curva de Mortalidade Proporcional (ou
adotar as medidas de prevenção e controle das doen-
Curva de Nelson de Moraes). O tipo de curva pode
ças ou agravos. Essa definição refere-se à vigilância:
revelar o nível de saúde de determinada população.
a) ambiental
b) de medicamentos Relacione as curvas apresentadas nos gráficos com
c) patrimonial os níveis de saúde.
d) sanitária
e) epidemiológica
30
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

%
UEL – 2013 20
407. Relacione a denominação corrente do estudo, na co-
luna da esquerda, com a informação sobre o estudo,
na coluna da direita. 10

(A) Caracteriza-se por separar pes-


(I) soas em expostos e não expostos a 0
<1 1a4 5 a 19 20 a 49 50 e mais
Ensaio clínico determinado fator de risco e acom-
randomizado panhá-las no tempo para obser- Idade (em anos)
var se o desfecho ocorrerá ou não

SJT Residência Médica – 2016


163
10 Temais gerais

UEL – 2013
30 409. Sobre o conceito de risco, considere as afirmativas a seguir.
I. Na Epidemiologia, o conceito de risco pode
se referir a algo positivo como, por exemplo,
% 20 chance de cura ou recuperação de uma deter-
minada doença.
II. O risco é uma proporção definida como a razão
10 entre duas grandezas, na qual o numerador se en-
contra necessariamente contido no denominador.
III. Risco designa uma probabilidade de adoecer que
0 se desvia das ocorrências puramente aleatórias.
<1 1a4 5 a 19 20 a 49 50 e mais IV. Risco relativo mostra quantos casos novos de
Idade (em anos) uma doença aparecem em um grupo em um
dado período.
Assinale a alternativa correta.
a) somente as afirmativas I e II são corretas
30
b) somente as afirmativas I e IV são corretas
c) somente as afirmativas III e IV são corretas
% 20 d) somente as afirmativas I, II e III são corretas
e) somente as afirmativas II, III e IV são corretas

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


10

UEL – 2013
0 410. Entre 2004 e 2007, foi realizado um ensaio clínico con-
<1 1a4 5 a 19 20 a 49 50 e mais trolado e randomizado com recém-nascidos prematuros
Idade (em anos) internados na Maternidade Escola da UFRJ. Esse estudo
buscou avaliar o efeito da musicoterapia nos índices de
aleitamento materno entre mães de recém-nascidos pre-
maturos. Seus principais resultados foram:
O aleitamento materno foi significativamente mais
30 frequente no grupo da musicoterapia na primeira
consulta de seguimento [risco relativo (RR) = 1,26;
intervalo de confiança de 95% (IC95%) = 1,01-1,57; p
% 20
= 0,03]. Esse grupo também apresentou índices mais
elevados de aleitamento materno na ocasião da alta
do bebê (RR = 1,22; IC95% = 0,99-1,51; p = 0,06). (J.
10
Pediatria 2011; 87(3):206-12. Resumo modificado
para fins didáticos.)
Com base nos resultados apresentados, considere as
0
<1 1a4 5 a 19 20 a 49 50 e mais afirmativas a seguir.
I. A musicoterapia é o fator (variável independen-
Idade (em anos) te) desse ensaio clínico.
II. A musicoterapia representou um incremento de
(A) Nível de saúde elevado. 26% no risco do aleitamento materno no grupo
(B) Nível de saúde regular. que sofreu a intervenção.
(C) Nível de saúde baixo. III. A musicoterapia influenciou de forma estatisti-
(D) Nível de saúde muito baixo. camente significativa no aleitamento materno na
ocasião da alta do bebê.
Assinale a alternativa que contém a associação COR- IV. O termo randomizado indica que os recém-nas-
cidos foram agrupados de acordo com critérios
RETA.
clínicos definidos pelos pesquisadores.
Assinale a alternativa correta.
a) I A, II B, III C, IV D a) somente as afirmativas I e II são corretas
b) I-A, II-C, III-D, IV-B b) somente as afirmativas I e IV são corretas
c) I-B, II-C, III-D, IV-A c) somente as afirmativas III e IV são corretas
d) I-B, II-D, III-A, IV-C d) somente as afirmativas I, II e III são corretas
e) I-C, II-D, III-B, IV-A e) somente as afirmativas II, III e IV são corretas

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


164
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

UEL – 2013 UFPR – 2013


411. A epidemiologia descritiva é o estudo da distribuição 413. Com o objetivo de avaliar as mortes por câncer em tra-
de um agravo à saúde e exige a organização das in- balhadores da indústria da borracha de acordo com o
formações no tocante às características da pessoa, do tamanho da empresa, realizou-se um estudo com 9.188
lugar e do tempo. Com base na epidemiologia descri- trabalhadores masculinos, matriculados em sindicato
tiva, considere as afirmativas a seguir. de trabalhadores da indústria de borracha do Estado
I. Doenças respiratórias tendem a apresentar va- de São Paulo entre 1975 e 1985, sobreviventes em ja-
riações sazonais (tempo) em suas frequências. neiro de 1990 e acompanhados até o final de 2000. As
II. Variações cíclicas são oscilações periódicas de mortes por câncer foram comparadas internamente no
frequências e podem ser observadas na análise
grupo, cujos membros foram subdivididos em estratos
das variáveis relacionadas à pessoa.
por porte e sub-ramo da empresa, setor de trabalho e
III. São exemplos de variáveis relacionadas ao tem-
qualificação profissional. A abordagem por conjuntos
po: ano-calendário, semana e dias.
IV. São exemplos de variáveis relacionadas à pes- de risco, ajustados por idade, tempo desde o primeiro
soa: idade, sexo e escolaridade. emprego e tempo de trabalho na indústria da borracha
Assinale a alternativa correta. apresentou evidências de aumento do risco de tumores
a) somente as afirmativas I e II são corretas de estômago e do trato aerodigestivo superior e, pos-
b) somente as afirmativas I e IV são corretas sivelmente, por câncer, em geral, em trabalhadores de
c) somente as afirmativas III e IV são corretas empresas de pequeno porte da indústria da borracha
d) somente as afirmativas I, II e III são corretas quando comparados aos trabalhadores das grandes
e) somente as afirmativas II, III e IV são corretas empresas. Considerando as características do estudo
relatado, assinale a alternativa mais adequada ao tipo
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
de estudo epidemiológico e à medida utilizada para es-
timativa do risco.
UFPR – 2013 a) estudo transversal analítico com medida de associa-
412. “Apesar de representarem a maioria dos óbitos pe- ção apresentada em odds ratio
rinatais, os óbitos fetais são pouco compreendidos b) estudo ecológico analítico de múltiplos grupos com
e estudados, e mantêm-se quase invisíveis em todo medida de correlação
o mundo. O registro sistemático e confiável desses c) estudo de coorte histórico com medida do risco
eventos é essencial para o dimensionamento inicial do relativo
problema. Todavia, sua quantificação apenas é insufi- d) estudo de caso-controle com medida de odds ratio
ciente, são necessárias informações detalhadas para o e) estudo de prevalência com medida de associação
apoio às ações de prevenção da mortalidade fetal. As apresentada em razão de prevalências
informações provenientes dos sistemas de informa-
ção de mortalidade são importante ferramenta para a  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
identificação de possíveis fatores de risco, a exemplo
dos estudos que identificaram a contribuição da ge-
melaridade, idade materna e duração da gestação na UFPR – 2013
mortalidade fetal” (Rev. Saúde Pública, v. 45, n. 5, São 414. No que diz respeito ao trabalho de vigilância epide-
Paulo, oct. 2011 Epub Aug 12, 2011). Sobre as normas miológica e profilaxia antirrábica para orientar um
definidas para as estatísticas de mortalidade no Bra- paciente que chega a um pronto atendimento com
sil, assinale a alternativa correta. história de contato com um morcego caído no chão
a) óbitos perinatais são aqueles que ocorrem no perío (pegou com a mão sem proteção e colocou em uma
do de 0 a 6 dias de vida caixa), identifique as ações a seguir como adequadas
b) a taxa de mortalidade fetal é calculada obtendo-se o (A) ou inadequadas (I):
número de óbitos fetais por mil nascimentos totais ( ) Lavar a mão com água e sabão.
(nascidos vivos e óbitos fetais)
( ) Notificar o caso como suspeito de raiva humana.
c) o registro sistemático dos óbitos fetais é realiza-
( ) Prescrever profilaxia da raiva com uso de soro.
do pelo Sistema de Informação de Nascidos Vivos
(SINASC) ( ) Prescrever profilaxia da raiva com uso de vacina.
d) o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) baseia ( ) Notificar como atendimento antirrábico.
-se no preenchimento da declaração de óbito, que, no ( ) Orientar o paciente que em contato com a Secre-
caso dos óbitos fetais, não é obrigatório a não ser que a taria Municipal da Saúde para enviar o morcego para
idade gestacional do feto seja superior a 28 semanas identificação e diagnóstico laboratorial da raiva.
e) o uso do indicador de mortalidade fetal estima o ris Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-
co de morte da criança durante o seu primeiro ano reta, de cima para baixo.
de vida e reflete, de maneira geral, as condições de a) A – A – I – A – I – I
desenvolvimento socioeconômico e de infraestrutu- b) I – A – I – I – I – A
ra ambiental, bem como o acesso e a qualidade dos c) A – I – A – A – A – A
recursos disponíveis para atenção à saúde materna e d) A – I – A – I – A – A
da população infantil e) I – A – I – A – I – I
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


UFPR – 2013 A sequência numérica mais adequada de preen-
415. A avaliação do colo uterino por ultrassonografia chimento dos parênteses da coluna, de cima para
transvaginal entre a 20ª e a 24ª semana da gesta- baixo, é:
ção pode ser útil na identificação do risco para o a) 2 – 4 – 1 – 2 – 3 – 4 - 3
parto prematuro espontâneo. Estudo realizado na b) 4 2 2 3 1 2 2
Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas da Fa- c) 3 - 3 – 4 - 1 – 2 – 1 – 4
culdade de Medicina da Universidade de São Pau- d) 2 - 3 – 4 - 1 – 1 – 1 – 3
lo (Ultrasound Obstet Gynecol. 2007;29(5):562-7) e) 2 - 4 – 4 - 1 – 1 – 1 – 4
avaliou 1.958 gestantes entre 34 e 37 semanas de
gestação. Aquelas com comprimento do colo infe-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
rior a 20 mm foram classificadas como risco para
o parto prematuro espontâneo. Os resultados do
estudo na predição de parto prematuro mostraram AMP – 2013
valores preditivos negativos superiores a 90%, en- 417. Alguns agravos e doenças constam da lista de noti-
quanto que os valores preditivos positivos foram ficação compulsória. Analise as alternativas a seguir,
baixos, entre 42% e 58%. Acerca desse estudo, con- assinalando a que contenha exclusivamente critérios
sidere as seguintes afirmativas:
para inclusão nessa lista.
1. O valor preditivo positivo de um teste depende
a) compromissos internacionais, cronicidade, persis-
da prevalência da doença em uma população es-
tência e resposta terapêutica efetiva
pecífica e da especificidade do teste.
b) magnitude, potencial de disseminação, transcen-
2. Considerando os resultados do estudo, diante de
dência e vulnerabilidade
um teste negativo podem-se evitar internações e
c) severidade, surtos disseminados, capacidade de res-
intervenções desnecessárias.
posta dos hospedeiros e falta de recursos médicos
3. O baixo valor preditivo positivo indica uma sen-
d) ausência de medidas profiláticas, ocorrência de epi-
sibilidade baixa.
demia inusitada, potencial infectante e falta de res-
4. O valor preditivo negativo de um exame é o po-
posta à terapia ordinariamente indicada
der de distinguir os verdadeiros negativos em re-
e) agravos que alteram usos e costumes, potencial in
lação ao total de doentes.
fectante e falta de resposta à terapia ordinariamente
indicada, solicitação médica e interesse de seguran-
Assinale a alternativa CORRETA.
ça nacional
a) somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras
b) somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras
d) somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras
e) as afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras
AMP – 2013
418. Em relação ao estudo de validação de um teste diag-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA nóstico é correto afirmar:
a) a sensibilidade de um teste é a capacidade do teste
AMP – 2013 acertar em indivíduos sem a doença em questão
416. Em Epidemiologia, a incidência traduz a ideia de b) os testes altamente sensíveis são utilizados no rastre-
intensidade com que acontece a morbidade em uma amento de doenças e apresentam poucos resultados
população. Numere a segunda coluna de acordo com falsos-positivos
a primeira, com relação à incidência, duração e mor- c) utiliza-se um teste específico quando o ônus de um
talidade de agravos: diagnóstico errôneo é alto e o mesmo apresenta
poucos resultados falso-negativos
(1) Baixa incidên- d) o valor preditivo positivo de um teste diagnóstico é
( ) Clamidíase influenciado pela prevalência da doença na popula-
cia e alta letalidade
( ) Conjuntivite viral ção testada
(2) Baixa incidência e cura
relativamente rápida e) a especificidade é a capacidade de o teste acertar em
( ) Leucemia aguda
indivíduos com a doença
(3) Caráter epidêmi- ( ) Pediculose
co e alta letalidade ( ) Febre amarela  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
(4) Doenças epidêmicas ca ( ) Gripe
racterizadas por cura rápida ( ) Doença meningocócica UNICAMP – 2012
419. Analise o gráfico a seguir.
166
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

MENINGITES POR HAEMPHILUS INFLUENZAE B EM MENORES DE 5 ANOS DE IDADE:


INCIDÊNCIA E LETALIDADE, ESTADO DE SÃO PAULO, 1 9 9 8 A 2 0 1 0
14,0 30,0
COEF LET
11,8 11,9
12,0 25,0

10,0
20,0
COEF, POR 100.000 HAB

8,0

LETALIDADES
15,0

6,0

10,0
4,0 3,7

1,9 5,0
2,0
1,4
1,0 0,9 0,7 1,1
0,7 0,4 0,6
0,5
0,0 0,0
8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0
199 199 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 201

Fonte: SINAN / D.D.I.R / CVE - (ATUALIZAÇÃO EM 19/07/2011)

É possível afirmar que a redução de incidência:


a) obedece a uma tendência secular
b) deve-se à introdução da vacina anti-haemophilus
c) relaciona-se ao diagnóstico mais precoce dos casos
d) deve modificar-se após a introdução da vacina antimeningocócica

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UNICAMP – 2012
420. Os manuais de Medicina Baseada em Evidências hierarquizam os diferentes tipos de estudos. Em ordem crescente
de evidência, estes estudos são:
a) metanálises de ensaios clínicos, ensaios clínicos aleatorizados, estudos de coorte, estudos caso-controle, estudos transver-
sais, estudos ecológicos e estudos de casos
b) estudos de casos, estudos transversais, estudos caso-controle, estudos ecológicos, estudos de coorte, metanálises de
ensaios clínicos e ensaios clínicos aleatorizados
c) ensaios clínicos aleatorizados, metanálises de ensaios clínicos, estudos de coorte, estudos caso-controle, estudos
transversais, estudos ecológicos e estudos de casos
d) estudos de casos, estudos ecológicos, estudos transversais, estudos caso-controle, estudos de coorte, ensaios clínicos
aleatorizados e metanálises de ensaios clínicos

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

UNICAMP – 2012
421. Houve um aumento significativo do número de internações por asma em crianças no último ano em uma determi-
nada região. Considerando a restrição de leitos e de recursos, e a necessidade de planejamento para o próximo ano,
será realizado um estudo para avaliar os fatores preditores de internação. O delineamento deste estudo epidemioló-
gico deve ser:
a) avaliação da qualidade da atenção e seguimento clínico das crianças internadas após alta hospitalar
b) estudo de série de casos internados no hospital de referência da região
c) estudo do tipo caso-controle de asma de crianças internadas e não internadas na região
d) investigação dos casos de exposição e não exposição à poeira doméstica e ocorrência de asma entre crianças da região

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


167
10 Temais gerais

UNICAMP – 2012
422. Analise o gráfico e assinale a alternativa correta:
Estimativa do número de casos de câncer segundo estadiamento, direção Regional de Saúde 7, 2011.

3500
3.063

3000
2.381

2500 2.147

2000

1500
1.132

1000
426
500 284 322
20
0
T0 T1 T2 T3 T4 TX TY TZ

Base de cálculo IBGE 2010 e INCA 2009.


a) os casos de estádio 0, 1 e 2 mostram a eficácia das ações de prevenção e promoção da saúde que vêm sendo implanta-
das na região
b) os tumores evidenciados por TY mostram que é necessário melhorar as ações de rastreamento dos tumores sólidos
c) pode-se inferir que os municípios da região de Campinas estão investindo em diagnósticos mais precoces
d) em torno de 50% dos casos são diagnosticados em fases avançadas da doença, comprometendo as chances de cura e
sobrevida por câncer na região

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SUS-SP – 2012 a) anomalias congênitas


423. Um ensaio clínico foi desenhado para comparar a efi- b) causas originadas no período neonatal
cácia de dois regimes terapêuticos com sulfato ferro- c) complicações da desnutrição
so no tratamento da anemia na gravidez. As gestantes
d) complicações de gastroenterocolites
que aceitaram participar do estudo foram alocadas nos
e) doenças do aparelho respiratório
dois grupos por meio de sorteio com o propósito de:
a) diminuir o tamanho amostral (número) de gestantes
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
necessário ao estudo
b) aumentar a adesão das gestantes aos tratamentos
durante o estudo
c) controlar o viés de aferição que ocorre frequente- SUS-SP – 2012
mente nos estudos experimentais 425. A análise da situação de saúde a partir de coeficientes
d) diminuir o efeito de fatores de confundimento nos de mortalidade geral encontram restrições, porque
resultados da comparação entre os dois grupos as populações podem apresentar composições dife-
e) permitir que o estudo fosse realizado sem a necessi-
rentes em relação a fatores como idade e sexo. Nesta
dade de aprovação pelo comitê de ética em pesquisa
da instituição sede da pesquisa afirmativa a asserção é:
a) verdadeira e a razão, verdadeira, a justifica
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA b) verdadeira, mas a razão, embora verdadeira, não a
justifica
SUS-SP – 2012 c) falsa, embora a razão seja verdadeira
424. Os valores do coeficiente de mortalidade infantil in- d) verdadeira, mas a razão, falsa, não a justifica
dicam que, nas últimas décadas, a tendência é de de- e) falsa e a razão também falsa
clínio no Brasil. No estado de São Paulo essas mortes
decorrem principalmente de:  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


168
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

SUS-SP – 2012 SUS-SP – 2012


426. No Brasil, sucessivas epidemias de dengue vêm ocor- 429. Em artigo científico publicado em revista médica ar-
rendo desde 1986 com grande impacto econômico, bitrada, os autores afirmam que o risco relativo (RR)
social e de saúde pública para as comunidades onde de adquirir sífilis congênita sob determinadas condi-
ocorrem. Os gestores de saúde têm promovido me- ções de parto, em maternidades públicas, de bairro
didas para diminuir a alta letalidade por dengue que periférico, em capital estadual da região sudeste, foi
tem sido registrada. É mais eficaz na redução da leta- de 0,97 com intervalo de confiança de 95% entre 0,92
lidade por dengue, e 1,18, em comparação com a maternidade de referên-
cia. Tal valor deve ser interpretado como indicativo
a) prever as epidemias, treinar equipes multidisciplina-
de que, em relação à maternidade de referência, o ris-
res e organizar a rede de serviços de saúde antes do
co de sífilis congênita é estatisticamente:
início delas a) 8% menor
b) disponibilizar para a rede de serviços de saúde os tes- b) 18% maior
tes sorológicos e isolamento viral para a confirmação c) maior
laboratorial precoce do diagnóstico de dengue d) menor
c) instruir a rede de serviços de saúde a internar os casos e) igual
de doença febril aguda com mais de 7 dias de duração
d) vacinar os contactantes dos casos confirmados con  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
tra os quatro sorotipos do vírus da dengue
e) garantir a disponibilidade de antivirais e hemoderi- SUS-SP – 2012
vados para a rede de serviços para que sejam admi- 430. É obrigatória a notificação de doenças, agravos e
nistrados nos casos graves eventos em saúde pública de notificação compulsória,
em todo o território nacional, por parte apenas de:
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA a) médicos, enfermeiros, odontólogos, médicos veteri-
nários e farmacêuticos, bem como os responsáveis
SUS-SP – 2012 por organizações e estabelecimentos públicos e par-
ticulares de saúde
427. São doenças de notificação compulsória no Brasil:
b) médicos, enfermeiros, odontólogos, médicos vete
a) botulismo, raiva humana, sarampo, etilismo e taba-
rinários, biólogos, biomédicos, farmacêuticos, bem
gismo como os responsáveis por organizações e estabeleci-
b) dengue, raiva humana, sarampo, periodontopatia e mentos públicos e particulares de saúde e de ensino
leptospirose c) médicos, enfermeiros, odontólogos, médicos veteri-
c) dengue, raiva humana, sarampo, leptospirose e ca- nários, biólogos, biomédicos, farmacêuticos, psicólo-
xumba gos, engenheiros e advogados, bem como os respon-
d) botulismo, dengue, raiva humana, sarampo e leptos- sáveis por organizações e estabelecimentos públicos e
pirose particulares de saúde, de alimentação e de ensino
e) dengue, raiva humana, sarampo, leptospirose e eti- d) médicos, enfermeiros, odontólogos, médicos veteri-
lismo nários, biólogos, biomédicos e farmacêuticos
e) médicos, enfermeiros, odontólogos, médicos veteri-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA nários e farmacêuticos

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA


SUS-SP – 2012
428. Na abordagem teórica conhecida como História Na-
tural da Doença, o primeiro nível de prevenção está SUS-SP – 2012
431. Embora o Brasil tenha recebido da Organização Pan-
localizado no período:
-Americana de Saúde, em setembro de 1994, o certi-
a) concomitante ao horizonte clínico, que se caracteri-
ficado de interrupção da transmissão dos vírus sel-
za pelo prognóstico vagens, a vacinação contra a poliomielite prossegue
b) imediatamente posterior ao horizonte clínico, que em todo o país, inclusive com campanhas anuais de
se caracteriza pelo diagnóstico precoce e tratamento imunização em massa. Essa vacinação é:
imediato a) desnecessária como medida preventiva, pois não há
c) anterior ao horizonte clínico, que se caracteriza pelo mais poliovírus no país
aparecimento dos primeiros sinais e sintomas b) necessária como medida preventiva específica, pois
d) anterior ao horizonte clínico, que se caracteriza pela os poliovírus seguem circulando
fase de incubação c) necessária devido à má qualidade dos serviços pú-
e) concomitante ao horizonte clínico, que se caracteriza blicos de saúde, não sendo possível assegurar a efi-
pelo aparecimento dos primeiros sinais e sintomas cácia da vacina brasileira
d) necessária como medida preventiva inespecífica,
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA pois os poliovírus seguem circulando

SJT Residência Médica – 2016


169
10 Temais gerais

e) necessária como medida preventiva inespecífica, USP-RP – 2012


mesmo que não haja mais poliovírus em circulação 434. Paciente, 53 anos de idade, é hipertenso, dia-
bético, dislipidêmico e tabagista de 1 maço por
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA dia. Neste caso, o médico sugeriu a prescrição de
ácido acetil- salicílico 100 mg/dia, como medida
de prevenção para eventos cardiovasculares. Que
USP-RP – 2012
tipo de medida de prevenção representa a pres-
432. Mulher, 50 anos de idade, vem ao seu consultório pre-
crição do antiagregante plaquetário para este pa-
ocupada, pois realizou um exame anti-HIV e o mes-
ciente?
mo resultou positivo. Estudos preliminares realiza-
a) prevenção primária
dos na mesma população de onde provem a paciente
b) prevenção secundária
mostraram prevalência da doença igual a 20%, com
c) prevenção terciária
valores de sensibilidade e de especificidade respec-
d) prevenção quaternária
tivamente iguais a 90% e 80%. Dado o teste positivo
dessa paciente, qual é a probabilidade da mesma real-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
mente ser portadora do HIV?
a) 20%
b) 24% USP-RP – R1 – 2012
c) 53% 435. Em um estudo de investigação de fatores de risco as-
d) 92% sociados ao câncer de laringe, os investigadores pare-
aram os pacientes que tiveram a doença com indiví-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA duos do grupo controle segundo a idade, sexo, local
de residência e classe social. Feito isso, a porcentagem
de indivíduos que fumavam foi comparada nos dois
USP-RP – 2012
grupos. Assinale a alternativa que corresponde ao
433. Em ensaio clínico, investigadores notaram diminui-
ção da pressão arterial no grupo tratado com uma tipo de estudo realizado.
nova droga anti-hipertensiva, comparado com o gru- a) coorte retrospectiva
po que usou placebo. Contudo, durante a análise dos b) coorte prospectiva
dados, foi percebido que os indivíduos que compuse- c) ensaio clínico
ram o grupo tratado com a nova droga tinham idade d) caso-controle
média menor. Que tipo de problema pode ter ocorri-
do neste estudo?  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
a) viés de seleção
b) erro aleatório
USP-RP – 2012
c) viés de memória
d) erro tipo I 436. A figura a seguir retrata a evolução dos casos de raiva
humana no Brasil em uma série histórica de 1980 a
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA 2011 (parciais).

Controle, vigilância e profilaxia da raiva


180
160
N = 1.454
140
120
100
80
60
40
20

80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01
20 3
20 4
20 5
20 6
20 7
20 8
20 9
20 0
11
20 2

19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 20 20
0
0
0
0
0
0
0
1
0
20

Ignorado Herbívoro Silvestre terrestre Morcego Felina Canina

Fonte: Sinan
*Dados atualizados em 24 de janeiro de 2011
*Dados sujeitos a alterações

SJT Residência Médica – 2016


170
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

Da sua observação e com base na evolução recente da raiva no Brasil pode-se inferir que:
a) a doença apresenta um padrão de variação cíclica, podendo-se antecipar nova elevação no número de casos ao redor
do ano 2020
b) a doença mostra tendência de redução no número de casos, com elevações acidentais tendo ocorrido nos anos de
2004 e 2005
c) nada se pode antecipar acerca da sua evolução nos próximos anos, dado que a doença tem mostrado variações errá-
ticas ao longo do tempo
d) o controle da raiva ainda é uma realidade distante no Brasil, visto que os dados da figura mostram apenas a ponta de
um iceberg relativo aos casos no país

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

USP-RP – 2012
437. Ao ler um artigo científico desenhado para testar a hipótese que exposição intensa a telefone celular está associada com
câncer do cérebro, depara-se com a seguinte conclusão: “... da comparação entre os grupos expostos e não expostos ao
fator de risco resultou um odds ratio igual a 4,98, com intervalo de confiança (95%) de 0,95 a 7,98”. A partir disso, pode-se
concluir que:
a) existe indicação de associação causal, uma vez que o intervalo de confiança mostra probabilidade quase oito vezes
maior entre expostos
b) não há elementos para se falar em associação causal, uma vez que o odds ratio está contido no intervalo de confiança
c) não há elementos para se falar em associação causal, porque o odds ratio tem um valor inferior a 5
d) não existe indicação de associação causal, uma vez que o odds ratio pode ter valor igual a 1.25

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

USP-RP – 2012
438. A figura a seguir fornece informações sobre a doença meningocócica no estado de São Paulo, em uma série de 1998
a 2011.

DOENÇA MENINGOCÓCICA: INCIDÊNCIA E LETALIDADE, ESTADO DE SÃO PAULO, 1998 A 2011*.


5,0 25,0
4,6 4,5
4,5 4,4 COEF LET

4,0 20,0

3,5 3,5
3,1 3,1 3,1
COEF. POR 100.00 HAB

3,0 3,0 2,9 15,0


2,8 2,8
LETALIDADE

2,7 2,7
2,5
2,0
2,0 10,0

1,5

1,0 5,0

0,5

0,0 0,0
8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1
199 199 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 201 201

Fonte: SINAN / D.D.T.R. / CVE ATUALIZAÇÃO EM 15/09/2011 - *2011 DADOS PROVISÓRIOS

Com base nas informações mostradas e no seu conhecimento da história natural da doença é possível afirmar que:
a) verifica-se um avanço no controle da doença no ano de 2011
b) apenas em 2002 a letalidade foi compatível com os padrões de países desenvolvidos
c) a letalidade média é próxima do dobro da verificada em países desenvolvidos
d) a doença apresentou-se com maior virulência a partir de 2001

 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


171
10 Temais gerais

USP-RP – 2012 b) os profissionais da saúde que examinaram o pacien-


439. Savonito e colaboradores (1999) estudaram o valor te ou tiveram contato em um mesmo ambiente de-
prognóstico de diferentes alterações eletrocardiográfi- verão receber quimioprofilaxia com rifampicina ou
cas apresentadas no momento da admissão hospitalar ciprofloxacina
de 12.124 pacientes com síndromes coronarianas agu- c) durante a internação do paciente está indicado iso-
das. Para tanto, classificaram os eletrocardiogramas lamento respiratório do tipo aerossol nas primeiras
de entrada em 4 categorias de alterações (inversão da 24 h de tratamento
onda T; depressão do segmento ST; elevação do seg- d) os familiares do paciente deverão receber quimio-
mento ST; e depressão e elevação do segmento ST). Ao profilaxia com rifampicina ou vacinação antimenin-
final de 30 dias e de 180 dias, contabilizaram as mortes gocócica, o mais brevemente possível
e os reinfartos em cada uma dessas categorias. Metodo-
logicamente, esse estudo é classificado como:  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
a) quasi-experimental
b) coorte
Santa Casa-SP – 2012
c) caso-controle aninhado
443. Após a leitura e interpretação da tabela a seguir é pos-
d) ensaio clínico controlado
sível inferir, EXCETO:
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

Percentual
% de casos de
USP-RP – 2012 Risco de S. de partos
S. de Down
440. A média da idade de um grupo de 100 estudantes é Idade mater- de Down por grupo
que ocorre em
23 anos e o desvio padrão é igual a 3 anos. Daqui a na (anos) por 1000 etário (%
cada faixa etá-
2 anos, a média e o desvio-padrão das idades destes nascidos por todas
ria materna
as idades)
mesmos estudantes serão, respectivamente:
a) 25 e 3 anos
b) 25 e 5 anos < 30 0,7 78 51
c) 25 e 3,6 anos 30-34 1,3 16 20
d) 25 e 6 anos
35-39 3,7 5 16
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA 40-44 13,1 0,95 11
> 45 34,6 0,05 2
USP-RP – 2012
Todas as idades 1,5 100 100
441. Uma pesquisa objetiva comparar o efeito de uma
Fonte: ROSE, 1985.
droga no tratamento de uma doença. Para isto, 100
pacientes serão divididos ao acaso em dois grupos
de tamanhos iguais, tal que 50 pacientes receberão a) gestantes < 30 anos apresentam baixo risco de ter fi-
a droga e 50 receberão um placebo. A hipótese nula lhos com síndrome de Down
(H0) de um teste estatístico de hipóteses estabele- b) gestantes < 30 anos geram mais da metade dos casos
ce que o efeito do tratamento é igual ao efeito do de síndrome de Down
placebo, enquanto a hipótese alternativa estabelece c) gestantes > 40 anos apresentam maior risco de ter
que os efeitos são diferentes. Um erro tipo I é come- filhos com síndrome de Down
tido quando: d) gestantes > 40 anos geram mais da metade dos casos
a) o pesquisador não fixa previamente o nível de signi- de síndrome de Down
ficância e) gestantes > 40 anos apresentam menor percentual de
b) o pesquisador conclui que os efeitos são iguais, mas, partos por grupo etário
na realidade, são diferentes  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
c) o teste de hipóteses rejeita H0, mas o intervalo de
confiança não contém o valor 0
d) o pesquisador conclui que os efeitos são diferentes, Santa Casa-SP – 2012
mas na realidade são iguais 444. A tabela a seguir mostra o resultado de uma investi-
gação. Assinale a alternativa que mostra uma inter-
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA pretação incorreta do estudo:

USP-RP – 2012 Doente Não doente Total


442. Sobre a prevenção de casos secundários de meningite
meningocócica, assinale a alternativa CORRETA. Exposto 60 40 100
a) o paciente acometido deverá receber além de peni- Não exposto 40 60 100
cilina G ou ampicilina, rifampicina por 48 h, para
Total 100 100
erradicar a bactéria da orofaringe

SJT Residência Médica – 2016


172
Medicina preventiva | volume 1 | Questões para treinamento

a) o valor da razão de chances (odds ratio) obtido é Vigitel – Vigilância de fatores de risco e proteção para
igual a 2,25 doenças crônicas. SVS/MS,SGEP/MS,NUPENS/USP
b) a exposição é um fator protetor em relação à doença (*) e (**) p < 0,01.
c) a taxa de incidência da doença nos expostos é igual a 0,6
d) a taxa de incidência da doença nos não expostos é Após a análise da situação epidemiologica apresenta-
igual a 0,4 da pela tabela anterior é INCORRETO afirmar que:
e) o valor do risco relativo é igual 1,5 a) é preocupante a tendência da elevação do percen-
tual de adultos com excesso de peso na população
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
brasileira
b) a adesão da população adulta a atividade física no
Santa Casa-SP – 2012 tempo livre apresentou-se estável nos anos estudados
445. No Brasil foi implantado o Vigitel – Vigilância de c) ocorreu discreta redução na frequência de tabagismo
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas d) não ocorreu tendência de elevação do percentual de
por Inquérito Telefônico, em todas as capitais dos 26 adultos com obesidade nos anos estudados
estados brasileiros e no Distrito Federal, desde 2006. e) ações de promoção à saúde visando a adoção de
O objetivo do Vigitel e monitorar a frequência e dis- comportamentos protetores, como a atividade física,
tribuição dos principais determinantes das Doenças devem ser urgentemente adotadas
Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) por inquérito
telefônico. Os procedimentos de amostragem empre-  ACERTEI  ERREI  DÚVIDA
gados procuraram obter, em cada uma das capitais dos
26 estados brasileiros e no Distrito Federal, amostras Santa Casa-SP – 2012
probabilísticas da população de adultos residentes no 446. Em um estudo para a avaliação da efetividade de uma
ano. A tabela a seguir apresenta alguns dos principais
nova ação de prevenção para doença cardiovascular
resultados obtidos:
foram aleatorizados dois grupos: Grupo A não rea-
Percentual de adultos com fatores protetores ou de
lizou a nova intervenção e Grupo B realizou a nova
risco para DCNT de 2006 a 2010, Vigitel.
intervenção. Os dois grupos foram acompanhados
por seis meses e, foi realizada avaliação da melhora
Fatores 2006 2007 2008 2009 2010 do HDL-colesterol. A amostra para o estudo foi cal-
% % % % % culada para detectar uma diferença de até 5% da va-
riável desfecho entre os dois grupos. É INCORRETO
Excesso de peso 42,7 42,9 44,2 46,6 48,1
afirmar que:
(IMC ≥ 25 kg/m2)*
a) é um estudo longitudinal
Obesidade (IMC ≥ 11,4 12,7 13,1 13,9 15 b) trata-se de um estudo caso-controle
30 kg/m2)** c) podem ser calculados os riscos relativos
Atividade física no 14,9 15,2 15,0 14,7 14,9 d) as taxas de incidências podem ser calculadas
tempo livre e) esse estudo poderá compor uma meta-análise
Fumante atual 16,2 16,6 16,1 15,5 15,1
 ACERTEI  ERREI  DÚVIDA

SJT Residência Médica – 2016


Gabarito comentado
11 Temas gerais

1. Para a confirmação de um diagnóstico interessa o Valor total de óbitos ocorridos em um dado lugar e em um dado
Preditivo Positivo (VPP), que não foi informado no enun- ano-calendário. O numerador será o número de óbitos pela
ciado e nem é possível de ser calculado com os dados forne- variável escolhida (no caso da questão, por cada um dos ca-
cidos (colocados na tabela do tipo 2 x 2 a seguir). pítulos da CID-10), naquele ano-calendário e naquele lugar,
e o resultado é sempre dado em porcentagem (“fatia” de um
gráfico de setores circulares ou “de pizza”). Resposta c.

IAM (gold
standard)
3. Para resolver questões como esta, monte sempre uma ta
Sim Não
bela do tipo 2 x 2. Se a sensibilidade do exame é 75%, isso
≥ 5 ng/L (positivo) (39%) significa que 75% dos casos de câncer de mama estarão na
Troponina I
(teste diagnóstico) < 5 ng/L (negativo) 9 2.311 casela a (positivos verdadeiros – PV). E se a especificidade
2.320
(FN) (61%) é 94%, então 94% das mulheres seguramente sem câncer de
3.799 mama estarão na casela d (negativos verdadeiros – NV).
(100%)

O Valor Preditivo Negativo informado (99,6%) indica que


são muito poucos os falsos negativos (FN); portanto, tem-se Ca de mama (gold
muita confiança em um resultado negativo, evidenciando que standard)
o teste da Troponina I é útil para afastar, descartar a doença Sim Não
(IAM). E o teste tem, provavelmente, uma sensibilidade
Mamografia Positiva 0,75 (PV) 0,06 (FP)
muito alta, embora apenas 61% de especificidade. Assim, a
primeira afirmação (I) é falsa e a segunda (II) é verdadeira. (teste diagnóstico) Negativa 0,25 (FN) 0,94 (NV)
Resposta d. 1 1

Resposta d.
2. A mortalidade proporcional pode ser investigada segun-
do causas de óbito, idade dos falecidos (óbitos), sexo dos
falecidos, cor da pele dos falecidos ou qualquer outra variá- 4. Uma rápida consulta à LNNC de doenças revela que den-
vel de interesse. A mortalidade proporcional classicamente tre as alternativas apresentadas apenas a violência doméstica
utilizada como indicador de saúde é a mortalidade propor- consta da mesma. A rigor, qualquer violência, a partir de 7
cional por idades (mortalidade infantil proporcional, índice de junho de 2014, é de notificação compulsória. Dentre elas,
de Swaroop-Uemura, mortalidade proporcional de pessoas apenas a violência sexual e a tentativa de suicídio são de no-
de 75 e mais anos de idade e Curva de Nelson de Moraes). tificação imediata (em menos de 24 horas) para a Secretaria
Em qualquer mortalidade proporcional o denominador é o Municipal de Saúde da cidade correspondente. Resposta b.
174
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

5. O combate ao transmissor (vetor) da doença é a mais im- 1) pela diferença entre o risco total da população e o risco
portante medida de controle. Isolamento de doentes é mais dos não expostos;
utilizado para doenças de alta infectividade com transmis-
são direta mediata (doenças graves, de transmissão respira- 2) pela multiplicação do risco atribuível para os expostos
tória no mais das vezes). Não há ainda vacina para os quatro pela prevalência da exposição na população. A fração
tipos de dengue (alternativa b). Tratar casos graves em nada atribuível populacional permite estimar que porcenta-
impede a transmissão do vírus, pois as medidas inespecíficas gem do risco total da população é atribuível à exposi-
adotadas não impedem a viremia, que se dá um dia antes do ção. Isso permite estimar que porcentagem dos casos da
aparecimento da febre até seis dias após o início do quadro população deixaria de existir se a exposição fosse elimi-
clínico. Além disso, a grande maioria dos casos não é grave. nada. Seu cálculo se faz exatamente pelo inverso do que
Controlar viajantes que saem de áreas endêmicas implicaria está anotado na alternativa e.
em impedir que pessoas de quase todas as grandes capitais
brasileiras viajassem pelo país (para não trazerem os vírus), Resposta e.
o que não teria qualquer efeito no controle da doença, pois o
vírus encontra-se amplamente distribuído. Resposta d.
9. A medida de tendência central que é muito afetada por va-
lores extremos é a média; em casos em que isso ocorre, é me
6. A assertiva I é a própria definição de viés de seleção de lhor utilizar a mediana para expressar a tendência central,
Fletcher&Fletcher em Epidemiologia Clínica: elementos es- pois ela não é afetada por tais valores. Moda é simplesmente
senciais, 4ª ed., 2006, p.26. Convém comentar que tal defi- o valor que mais ocorre, mais se repete; assim, sua determi-
nição pode também estar explicando as consequências de nação é muito simples, pois não exige cálculos, sendo neces-
um viés de seleção: ao se selecionar com tendenciosidade os sário apenas observar e contar o número de vezes em que
grupos que vão ser comparados (por exemplo, casos e con determinados valores aparecem e escolher o mais frequente.
troles), pode ocorrer de casos serem sistematicamente mais A alternativa c define a amplitude (de variação) de uma co-
velhos do que controles; assim, tal comparação poderá ser leção de valores e não o desvio padrão. A alternativa e tenta
enviesada pela idade (diferente) nos dois grupos. A assertiva definir o que seria a mediana, que é uma medida de posição:
II está incorreta porque existiria viés de aferição se os mé- trata-se do valor da medida cuja posição é central na distri-
todos de aferição fossem sistematicamente diferentes entre buição ordenada de valores; metade dos valores é menor do
os grupos que vão ser comparados. A assertiva III também que o valor da mediana e metade é maior. Resposta b.
está incorreta porque os efeitos da exposição e da variável
de confusão se confundem ou há uma distorção na medida
do grau da associação entre exposição e efeito causada pela 10. O único desenho ou delineamento de estudo que calcula
variável de confusão. Resposta a. uma prevalência amostral e estima, por inferência estatís-
tica a prevalência populacional é o desenho transversal ou
seccional. Assim, a única alternativa incorreta é a última;
7. O que está incorreto na alternativa a é a inclusão da de- todas as outras alternativas têm, de fato, características dos
tecção precoce de agravos na fase de prevenção primária. estudos de coorte. Resposta e.
Detectar uma doença precocemente, mesmo antes de sin-
tomas e sinais clínicos terem se manifestado, já faz parte
da prevenção secundária pelo modelo da História Natural 11. A capacidade do agente etiológico em produzir sinais
de Leavell e Clark. Na prevenção secundária o indivíduo já clínicos característicos da doença (causar doença clínica
está atingido pelo processo de adoecimento, ainda que o seja reconhecível) em infectados pelo agente ganha o nome de
apenas em nível bioquímico ou histológico. Todas as outras patogenicidade. O sarampo, por exemplo, é doença com alta
alternativas contêm conceitos corretos. Resposta a. patogenicidade. O mesmo não ocorre com a rubéola, em que
grande parcela dos infectados apresenta quadro clínico in-
característico da doença. A virulência é a capacidade de o
8. Risco absoluto é uma expressão pouco utilizada, porém agente causar casos graves ou fatais entre as pessoas que têm
correta, pois se contrapõe ao risco relativo, que é a razão de quadro clínico da doença. Resposta c.
dois riscos absolutos, o risco dos expostos e o risco dos não
expostos. O risco absoluto é a própria incidência (acumu-
lada) de uma doença. Risco atribuível também é uma inci-
12. Razão de probabilidades de pessoas se tornarem doen-
dência, mas incidência que é devida, que é atribuída a um
tes, obtida mediante a comparação entre expostos e não ex-
determinado fator; e pode ser calculado tanto para expostos
postos, é o conceito de risco relativo. Resposta a.
ao fator como para a população total (este último é o risco
atribuível populacional), que inclui os expostos e os não ex-
postos. O risco atribuível populacional pode ser obtido de
duas maneiras: 13. Observe o quadro a seguir:

SJT Residência Médica – 2016


175
11 Temas gerais

Raiva Sarampo Seis principais causas de óbito* (em porcentagem, por


Infectividade Baixa Alta capítulos da CID-10) em homens, mulheres e total.
Brasil, 2013. Fonte: datasus (cont.)
Patogenicidade Alta Alta
HOMENS MULHERES TOTAL
Virulência Alta Baixa
3ª NEO 15,3 3ª RESP 12,6 3ª EXT 12,5
A raiva é considerada doença com baixa infectividade: é preci- 4ª RESP 10,5 4ª ENDOCR 7,8 4ª RESP 11,4
so um contato imediato (mordedura ou agressão por parte de 5ª MAL DEF 6,0 5ª MAL DEF 5,8 5ª ENDOCR 6,2
animais, na maioria das vezes) para que seja transmitida a hu-
6ª DIGEST 5,7 6ª EXT 5,1 6ª MAL DEF 5,9
manos. Uma vez infectados, porém, os humanos desenvolve-
* Excluídos da análise 611 óbitos por capítulos da CID-10
rão a raiva com seu quadro clínico característico se não forem
ignorados, de um total de 1.210.474 óbitos registrados por
vacinados (alta patogenicidade). E quem apresenta o quadro
local de residência dos falecidos.
clínico, quase invariavelmente vai a óbito pela doença (virulên-
cia alta). A virulência do sarampo é muitas vezes considerada DAC: doenças do aparelho circulatório; NEO: neoplasias;
alta nos livros de doenças infecciosas e parasitárias; isso de fato EXT: causas externas; RESP: doenças do aparelho respirató-
ocorre se o sarampo acometer pessoas desnutridas ou com a rio; ENDOCR: doenças endócrinas, nutricionais e metabó-
imunidade comprometida. Afora essas situações, se compa- licas; MAL DEF: causas mal definidas, DIGEST: doenças do
rado com outras doenças como a varíola ou a poliomielite, o aparelho digestivo.
sarampo pode ser considerado doença de baixa virulência; era,
inclusive, considerado uma “doença própria da infância” antes A observação da tabela mostra que as causas externas (12,5%
de sua vacina ser disponibilizada (1967). Resposta d. dos óbitos) são a terceira e não a segunda causa de morte no
Brasil. Resposta a.

14. De fato, em 2006 houve uma atualização da Lista Na-


cional de Notificação Compulsória de doenças. Mas houve 17. O enunciado refere-se a um estudo individual (há sujei-
outras atualizações em 2010, 2011 e 2014. Mesmo assim, em tos como unidade de observação ou de análise), experimen-
todas essas listas a sífi lis em gestante e a hanseníase estão tal (existe uma intervenção), prospectivo (há um acompa-
presentes. Na lista de 2014 (em vigência em dezembro de nhamento para o futuro visando medir um desfecho) e
2015), o carbúnculo (anotado como antraz pneumônico), a analítico (existe um grupo de comparação ou controle): é o
leishmaniose tegumentar americana, a febre tifoide e as he- ensaio clínico. A melhor resposta é a alternativa b. Mas não
patites virais estão presentes. Resposta c. está garantido, pelo enunciado, que o ensaio foi randomiza-
do; ele poderia ser “quase experimental”, pois o termo “alo-
car” utilizado no enunciado não implica obrigatoriamente
em haver sorteio ou randomização. Alocar é simplesmente
15. O único estudo que mede e estima prevalência de algum distribuir, destinar, colocar em lugares definidos ou deter-
agravo à saúde é o transversal ou seccional. Assim, a alternativa minados. Podem-se alocar pessoas para diferentes grupos
a está incorreta e deve ser apontada. A alternativa b aborda um em um ensaio clínico com base na conveniência do investi-
problema dos estudos casos-controles que não existe nos estudos gador. Resposta b.
de coorte, qual seja, o viés de suspeição (ou suspeita) da exposição
(exposure suspicion bias). A alternativa e tenta se referir aos es-
tudos casos-controles quando anota “estudos que apresentam o
evento de interesse”. Estaria mais clara se anotasse “estudos que 18. Reabilitação é prevenção terciária segundo o modelo pro-
se iniciam com o evento de interesse”. Resposta a. cessual explicativo da História Natural da Doença, de Leavell
e Clark. São intervenções que buscam resgatar ao máximo o
potencial individual remanescente uma vez que estejam ins-
taladas sequelas ou defeitos permanentes devidos a doenças
16. Observe a tabela a seguir. Ela foi construída com da- e agravos. Resposta c.
dos obtidos em www.tabnet.datasus.gov.br (acesso em
16/12/2015); referem-se ao Brasil em 2013 e são os dados
mais recentes disponíveis.
19. Diagnóstico precoce e tratamento imediato é a expres-
são utilizada originalmente por Leavell e Clark para especi
ficar um dos níveis da fase de prevenção secundária, que se
Seis principais causas de óbito* (em porcentagem, por inicia quando o estímulo-doença (outra expressão original
capítulos da CID-10) em homens, mulheres e total. dos autores) atinge o indivíduo, encerrando o período pré-
Brasil, 2013. Fonte: datasus -patogênico ou pré-patológico da História Natural da Doen-
HOMENS MULHERES TOTAL ça. O outro nível, sequencial, ainda na prevenção secundária,
1ª DAC 25,9 1ª DAC 30,9 1ª DAC 28,1 é chamado de limitação do dano ou da incapacidade, que
consiste no tratamento das doenças e agravos antes que se
2ª EXT 18,2 2ª NEO 17,5 2ª NEO 16,3
estabeleçam sequelas ou defeitos permanentes. Resposta d.

SJT Residência Médica – 2016


176
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

20. A alternativa a é ridiculamente incorreta, e deve ser aponta- 23. O estadiamento I, II, III e IV é qualitativo, categórico. Não
da, uma vez que vai contra a regionalização e a municipalização, é numérico apesar de estarem sendo usados algarismos roma-
conteúdo de políticas e normas operacionais do Sistema Único nos ou mesmo arábicos para identificá-lo. Poderiam ser usa-
de Saúde (SUS). Cabe uma ressalva à alternativa e: a atenção à das as letras A, B, C e D para o mesmo propósito. Não é pos-
saúde dos doentes não está prevista nos objetivos e atividades da sível estabelecer relações matemáticas entre os estádios como,
Vigilância Epidemiológica. O que mais se aproxima disso pode por exemplo, afirmar que o estádio III é três vezes mais grave
ser lido no texto abaixo, extraído do Guia de Vigilância Epi- ou mais intenso que o estádio I, ou que a distância entre os
demiológica, 7ª edição, 2010: “Investigação de casos de uma estádios III e IV é exatamente a mesma que existe entre os está-
doença. Em geral, os pacientes que apresentam quadro clínico dios I e II. É possível, porém, afirmar que há uma ordem entre
compatível com doença incluída na lista de notificação compul- os estádios, sendo que IV está mais avançado do que III e este
sória, ou com algum agravo inusitado, necessitam de atenção mais avançado do que II e assim por diante. Trata-se, portanto,
especial tanto da rede de assistência à saúde, quanto dos serviços de variável qualitativa (ou categórica) ordinal. Resposta a.
de vigilância epidemiológica, os quais devem ser prontamente
disponibilizados. Salienta-se aqui os seguintes procedimentos.
Assistência médica ao paciente – é a primeira providência a ser 24. Nesse estudo a variável independente é a presença do
tomada no sentido de minimizar as consequências do agravo HPV e a variável dependente é o óbito por carcinoma es-
para o indivíduo. Quando a doença for de transmissão pessoa pinocelular de orofaringe. O estudo é individual (pessoas
a pessoa, o tratamento contribui para reduzir o risco de trans- com o carcinoma espinocelular de orofaringe são a uni-
dade de análise ou de observação), observacional (não há
missão. Portanto, a depender da magnitude do evento, a equipe
intervenção) e analítico (há um grupo de controle ou de
de vigilância epidemiológica deve buscar articulação com os
comparação: pacientes com o carcinoma, mas sem HPV). A
responsáveis pela rede de assistência à saúde, para que seja dúvida que resta é definir se o estudo é prospectivo (coortes
organizado o atendimento à população” (grifos nossos). As- concorrentes ou então coortes históricas) ou retrospectivo
sim, fornecer atenção aos doentes é responsabilidade da rede de (casos-controles). Devemos nos lembrar de que o estudo
assistência à saúde. Resposta a. de coortes históricas (sinônimo de coortes não concorren-
tes) é costumeiramente chamado de coorte retrospectiva ou
retrospectivo de coorte, mesmo tendo um delineamento de
caráter prospectivo (iniciar se pela seleção de pessoas sem
21. O resultado final de um “forest plot” é lido no losango ou dia-
o efeito, que são expostas ou não expostas, e passam a ser
mante colocado na parte mais baixa da figura. O centro da figu- acompanhadas para o futuro, tudo ocorrendo num tempo já
ra indica, por projeção no eixo X, a estimativa pontual do efeito passado). Aí repousa a dificuldade e confusão que esta ques-
sumariado de todos os estudos que foram considerados na me- tão oferece. Algumas informações levam a crer que se trate
tanálise. Esse valor está reproduzido à direita do losango (Odds de um estudo do tipo casos-controles, quais sejam: “foi reali-
Ratio = 1,97). O intervalo de confiança de 95% dessa estimativa zado um estudo retrospectivo”; “revisão de casos atendidos”;
vai de 1,56 a 2,48 (estimativa intervalar). Esse intervalo pode ser “apresentaram uma menor chance” (a expressão “chance” re-
apreciado, também, pela largura do losango, que não engloba o mete à razão de chances ou odds ratio). Se assim foi, estaria
valor 1,0, valor da não associação entre violência do parceiro ínti- correta a alternativa c, pois a conclusão do estudo indica “que
mo (variável independente ou exposição) e sintomas depressivos os pacientes positivos para HPV apresentaram uma menor
em mulheres (variável dependente ou efeito). O valor 1,97, maior chance de morte pela doença”, ou seja, OR < 1,0, com signi-
do que 1,0, indica que a associação é positiva ou nociva, com sig- ficância estatística. Outras informações, porém, levam mais
nificância estatística (o que até está escrito à direita do valor 1,0 no a crer que se trate de um estudo do tipo coorte histórica ou
eixo X (“Exposure is a risk fator”). Resposta c. retrospectiva, quais sejam: “está estudando variáveis de ris-
co para mortalidade”; “estudo retrospectivo” (que pode re-
meter à coorte retrospectiva); “casos atendidos ao longo de
um período de tempo pré-estabelecido”; “ocorrência de óbi-
22. A comparação de duas curvas de sobrevida é estatistica- tos ao longo do período de observação”. Na coorte histórica
mente avaliada pelo chamado log-rank test, que compara es- (sinônimo de coorte retrospectiva) calcula-se exatamente a
timativas da hazard function de cada curva (potencial instan- mesma medida de associação da coorte concorrente: o risco
tâneo de incidência de cada curva) por meio da hazard ratio relativo (RR). Se assim foi, estaria correta a alternativa d, ou
(HR, razão de riscos instantâneos) e gera uma probabilidade seja, RR < 1,0, com significância estatística. Em todo estudo
de elas serem estatisticamente semelhantes. A interpretação de coorte a análise dos resultados pode ser feita em uma ta-
bela do tipo 2 x 2, resultando em um risco relativo, ou pode
numérica do HR é a mesma do Risco Relativo (RR) e da Odds
ser feita por meio das curvas de sobrevida, comparando-se as
Ratio (OR). O teste é usado para testar a hipótese de nuli-
curvas por meio do hazard ratio (HR), uma medida que tem
dade, ou seja, aquela que afirma não existir diferença entre interpretação numérica igual à do RR e da OR e que é uma
os grupos que estão sendo comparados na probabilidade de espécie de sumarização de inúmeros riscos relativos ao lon-
ocorrerem eventos (desfechos) em qualquer ponto do tem- go do tempo em que se faz o acompanhamento dos grupos
po. A cada momento do tempo em que ocorre um evento, que estão sendo comparados. Se assim foi, estaria correta a
calcula-se o número observado de eventos em cada grupo e o alternativa a, ou seja, HR < 1,0, com significância estatística.
número esperado se não houvesse diferença entre os grupos. Pelo fato de ter sido utilizada a expressão “óbitos ao longo do
É uma extensão do teste do qui-quadrado, também baseado período de observação”, o autor da questão julgou que isso
em comparações entre o observado e o esperado. Resposta d. seria suficiente para definir que a análise foi feita por meio de

SJT Residência Médica – 2016


177
11 Temas gerais

curvas de sobrevida e o gabarito oficial apontou a alternativa outro lado, se o pesquisador pode destinar a exposição (para
a como correta. Salientamos, porém, que outras interpreta- um grupo), o estudo é experimental; e se ele não pode destinar,
ções são possíveis, como quisemos demonstrar. Resposta a. distribuir a exposição, o estudo é observacional. Resposta c.

28. Este teste trata dos numeradores, apenas, das medidas de fre-
25. A tabela traz dados de um estudo transversal (“apre-
quência prevalência e incidência, que, a rigor, englobam também
sentação do carcinoma segundo a presença ou ausência de
os denominadores, a fim de que sejam calculadas proporções.
tireoidite”). Não se usaram, propositalmente, termos como
incidência ou risco, ou seja, as diferentes formas de apre- Tanto a prevalência como a incidência são proporções: o nume-
sentação do carcinoma papilífero de tireoide tinham ou rador está contido no denominador. Ao numerador da incidência
não tinham, concomitantemente, a presença de tireoidite de interessam apenas os casos novos que surgiram em um determi-
Hashimoto. Dessa maneira, a alternativa d pode ser imedia- nado período de tempo (não devendo ser considerados os casos
tamente descartada, pois se refere a fator de risco, conceito alóctones, ou seja, os que adquiriram a doença em um lugar dife-
que não se deve usar em desenhos transversais, que não têm rente daquele em que a incidência esteja sendo medida). A inci-
capacidade para firmar riscos. A alternativa c está também dência (acumulada) mede risco absoluto. Ao numerador da pre-
claramente incorreta, pois a tabela 3 x 2 teve p<0,0001, ou valência interessam todos os casos existentes em um dado ponto
seja, há ali uma diferença estatisticamente muito signifi- no tempo, novos ou antigos. A prevalência mede a magnitude da
cante (certamente dada pelo grande contraste entre 31,6% e doença considerada em uma população. Resposta b.
70,3%). Restam as alternativas a e b. Note que se a expressão
“taxa” utilizada na alternativa a for tida como sinônimo de
proporção, porcentagem ou frequência, tanto a alternativa a
29. A febre Chicungunya (alternativa a) transmite-se indire-
como a b estariam corretas, o que não é admitido em testes
de múltipla escolha. Assim, somos obrigados a cogitar que o tamente como a dengue: por vetor biológico, no caso o Aedes
autor da questão reservou o termo “taxa” para o coeficiente aegypti, e não por transmissão direta de pessoa a pessoa. A
de incidência ou para a densidade de incidência (que não febre hemorrágica Ebola (alternativa b) não é transmitida in-
pôde ser calculada nesse estudo transversal), fazendo com diretamente tendo a água como veículo. O aumento anual de
que a única alternativa correta seja a b. Resposta b. casos de influenza nos meses frios é uma sazonalidade e não
obrigatoriamente uma epidemia (alternativa c). A composi-
ção e a concentração de antígenos hemaglutinina (HA) são
atualizadas a cada ano (alternativa d), em função dos dados
26. A incidência de hipertensão em fumantes é 40/(40+60) = epidemiológicos que apontam o tipo e cepa do vírus influen-
40%. Em não fumantes é 100/(100+400) = 20%. Resposta a. za que está circulando de forma predominante nos hemisfé-
rios Norte e Sul. Resposta a.

27. O termo “alocar” utilizado no enunciado não implica


obrigatoriamente em haver sorteio ou randomização. Alocar
é simplesmente distribuir, destinar, colocar em lugares defini- 30. A alternativa a está incorreta porque refere serem insigni
dos ou determinados. Podem-se alocar pessoas para diferentes ficantes as diferenças na mortalidade infantil das regiões bra-
grupos em um ensaio clínico com base na conveniência do in- sileiras nas últimas décadas. Observe a figura a seguir, retirada
vestigador ou nas características dos pacientes. Ocorre que é da publicação “Saúde Brasil 2013 - Uma análise da situação de
frequente usar a expressão “alocação randômica” nos ensaios saúde e das doenças transmissíveis relacionadas à pobreza; Mi-
clínicos e, a partir daí, usar apenas “alocação” querendo-se nistério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departa-
subentender que tal uso embute o adjetivo “randômica”. Por mento de Análise de Situação em Saúde, Brasília DF, 2014”.
Taxa de mortalidade infantil – Brasil e regiões, 1990, 2000, 2010 e 2012

80
Taxa de Mortalidade Infantil

70

60

50

40

30

20

10

0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil

1990 45,9 75,8 32,6 28,3 34,3 47,1


2000 32,8 35,9 20,1 16,9 22,3 26,1
2010 21,0 19,1 13,4 11,6 15,9 16,0
2012 19,5 17,1 12,3 10,8 15,0 14,6

Fonte: MS/SVS/CGIAE/SIM e Sinasc, 1990, 2000, 2010 e 2012; Estudo Busca Ativa; Saúde Brasil 2010.
* Dados preliminares.

SJT Residência Médica – 2016


178
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

Pode-se notar que em 2012 a mortalidade infantil total era epidemia, em uma determinada área, sempre devem ser subme-
14,6 por mil nascidos vivos no Brasil, sendo 10,8 no Sul e tidos à investigação em profundidade. A magnitude, extensão,
19,5 no Norte, um valor 81% maior. A alternativa c está in- natureza do evento, a forma de transmissão e os tipos de medi-
correta porque pressupõe homogeneidade ante uma infor- das de controle indicadas (individuais, coletivas ou ambientais)
mação que pode variar bastante mesmo dentro de uma única são alguns elementos que orientam a equipe sobre a necessidade
cidade. A alternativa d está incorreta porque a mortalidade de serem investigados todos ou apenas uma amostra dos casos.
O principal objetivo da investigação de uma epidemia ou sur-
infantil engloba os óbitos até 1 ano de idade (365 dias de
to de determinada doença infecciosa é identificar formas de
vida). Resposta b.
interromper a transmissão e prevenir a ocorrência de novos
casos. Também é importante avaliar se o referido aumento de
casos se trata realmente de uma alteração do padrão epidemio-
lógico esperado ou se é um evento esperado para aquela época
31. A prevalência de uma doença sofre influência de todos os
do ano, lugar e população.” (grifo nosso). Resposta d.
fatores apontados na alternativa a: a incidência tende a aumen-
tá-la, assim como a migração de casos da doença, a emigração
de pessoas sem a doença, a maior duração da doença (como
uma maior sobrevivência), pois a prevalência é igual à incidên- 36. Atente para o texto abaixo, extraído do Guia de vigilância
cia multiplicada pela duração média da doença. As variações em Saúde, Ministério da Saúde, Brasília, 2014, pp. 474-475
inversas tendem a diminuir a prevalência. Estando correta a (Dengue).
alternativa a, a alternativa b está automaticamente incorreta.
Prevalência e incidência não são conceitos antagônicos; uma “Vigilância entomológica e medidas de prevenção e con-
trole. Períodos epidêmicos.
medida de frequência complementa a outra. Por exemplo,
pode-se compreender melhor a hipertensão arterial se dis- Vigilância entomológica e controle de vetores.
pusermos de informações sobre sua prevalência e incidência.
Antagônicos são, por exemplo, a mortalidade e a natalidade, a As ações de rotina (visita casa a casa, mobilização da popu-
imigração e a emigração, o óbito e a sobrevida. A alternativa d lação, mutirões de limpeza) devem ser intensificadas. Quan-
está incorreta porque apenas estudos prospectivos podem me do a situação epidemiológica (surto ou epidemia) indicar
dir incidência; transversais medem a prevalência. Resposta a. ações que venham a ultrapassar a capacidade operativa do
município, deve ser solicitado apoio em nível estadual. As
aplicações de inseticida a ultrabaixo volume (UBV), mesmo
com eficácia diminuída, são indicadas em situações epidê-
32. Sazão significa estação do ano. O conceito de variação sazo- micas. São utilizadas para reduzir ou mesmo interromper a
nal é o que está anotado no enunciado deste teste. Resposta b. transmissão (eliminação de fêmeas infectadas), devendo ser
programadas para repetições semanais. As avaliações ento-
moepidemiológicas deverão ser consideradas para interrom-
per essas aplicações, que estão sujeitas a influências climáticas
33. A mortalidade proporcional por IAM foi 50 óbitos por e operacionais, as quais contribuem para diminuição de sua
IAM/1.000 óbitos totais, o que resulta em 5% e não 10% (al- eficácia, razão pela qual devem ser adotados procedimentos
ternativa a). A incidência de IAM (alternativa b) foi 500 no- específicos para minimizar tais problemas. Nesse período, é
vos casos de IAM/50.000 habitantes, ou 10/10.000 habitantes. recomendada a intensificação de controle, como:
A letalidade por IAM em obesos foi 30 óbitos/200 casos ou
15%. Em não obesos foi 20 óbitos/300 casos ou 6,7%. A ra- • delimitar os quarteirões a serem trabalhados dentro da área
zão entre essas letalidades resulta em 2,24, ou seja, mais do de transmissão;
que o dobro em obesos (alternativa c). A mortalidade por
• avaliar os indicadores operacionais, na área delimitada, no
IAM na população foi 50 óbitos por IAM/50.000 habitantes
período anterior (última visita realizada, criadouros predo-
ou 1/1.000 habitantes e não 10% (alternativa d). Resposta c. minantes, índice de pendência, execução do controle vetorial
nos pontos de maior concentração de criadouros, tais como
ferros-velhos, cemitérios, borracharias, entre outros);
34. O numerador da mortalidade infantil neonatal é constitu- • realizar atividades de eliminação mecânica e tratamento de
ído pelos óbitos ocorridos antes do 28º dia completo de vida criadouros, redução de pendência, bloqueio focal nas áreas
do recém-nascido. O denominador é o número de nascidos delimitadas com o objetivo de fechar cada área em, no má-
vivos naquele local, ao longo do ano de interesse. O resul- ximo, uma semana;
tado dessa razão é multiplicado sempre por mil (convenção
internacional) e lido como: tantos óbitos a cada mil nascidos • priorizar supervisão na área estabelecida;
vivos. O número de óbitos em menores de sete dias de vida é
• realizar mutirão de limpeza com a comunidade e serviços
o numerador da mortalidade infantil neonatal precoce; entre
de limpeza urbana na área delimitada;
sete e 28 dias, da neonatal tardia. Resposta b.
• fortalecer ações integradas com as equipes de saúde local
(se existentes) da área delimitada, definindo atribuições
específicas de atuação;
35. Atente para o parágrafo a seguir, retirado do Guia de Vigi-
lância em Saúde, Ministério da Saúde, Brasília, 2014, p. 781. “In- • definir, em conjunto com a comunicação, apoio às ações
vestigação de surtos e epidemias – Os primeiros casos de uma de bloqueio.

SJT Residência Médica – 2016


179
11 Temas gerais

Organização da assistência sobre a incidência da doença. Considere, por exemplo, o ras-


treamento para hipertensão arterial. A detecção de pessoas
Em períodos epidêmicos, o aumento súbito de casos de den- hipertensas assintomáticas e seu posterior encaminhamento
gue à procura dos serviços de saúde pode determinar o seu para tratamento não influencia, absolutamente, a incidência
colapso. Por esta razão, é necessário que cada município/es da hipertensão na população. As causas da hipertensão não
tado tenha um plano de contingência para essa situação, o são abordadas em um rastreamento de hipertensão, o qual
qual consiste em um minucioso planejamento que contém
precisa ser periodicamente repetido porque a incidência da
o detalhamento das atividades garantidoras do rápido aces-
doença se mantém. Resposta d.
so dos pacientes aos serviços de saúde, com menor tempo
de espera para o atendimento. Este processo de organização
exige a atuação integrada dos serviços de atenção e vigilân-
cia, conforme descrito nas Diretrizes para a Organização dos 40. A randomização, casualização ou sorteio dos pacientes
Serviços de Atenção à Saúde em Situações de Aumento de para a destinação aos grupos nos ensaios clínicos randomiza-
Casos ou Epidemias de Dengue”.
dos controla dois tipos de viés: o de seleção e o de confusão;
Como visto, é difícil, ante a leitura, apontar a “medida de não controla viés de aferição ou mensuração, o que só ocorre
maior relevância”, mesmo avaliando as específicas Diretrizes com o mascaramento ou com a adoção de protocolos rígidos
citadas no último parágrafo. A alternativa d está claramente que não permitam a interferência dos pesquisadores ou dos
incorreta, pois após a confirmação laboratorial da circulação pacientes. Como somente uma das opções é viável neste teste,
viral na área epidêmica, apenas uma amostra dos pacientes é preferível optar pelo controle do viés de seleção, que é viés
com dengue clássica (não grave) deve fazer sorologia. A con- muito importante nos desenhos observacionais como estudo
firmação da maioria dos casos será feita pelo critério clinico- de coorte e de casos e controles. A principal vantagem do es
epidemiológico. Resposta (oficial) b. tudo experimental é a comparabilidade entre os grupos, obti-
da pelo sorteio (desde que em amostra de tamanho razoável),
algo sempre discutível nos estudos observacionais. Resposta b.

37. Risco relativo (RR) menor que a unidade indica associa-


ção negativa ou protetora, que de fato se espera nos ensaios
clínicos em que a intervenção experimental é melhor do que 41. Duplo-cego é o estudo experimental em que nem os pa-
a habitual ou o placebo. A eficácia é calculada pelo comple- cientes sabem a que grupo pertencem (de intervenção? De
mentar do RR, ou seja, 1-RR. Nesse caso, 1-0,30 = 0,70 ou controle?) e nem os observadores sabem também. O objetivo
70%. Resposta d. desse duplo mascaramento é evitar vieses de aferição (mensu-
ração do observador e informação do paciente). Resposta d.

38. Monte, com os dados fornecidos, uma tabela do tipo 2 x


2 como a colocada a seguir: 42. A alternativa a está incorreta quanto à sua segunda parte:
não há qualquer lógica em incluir nas revisões sistemáticas
apenas estudos em que haja associações com significância es-
tatística, pois, se de fato, na realidade não houver associação
Casos Controles entre uma exposição ou tratamento e um efeito ou desfecho,
Expostos 15 10 como seria possível incluir apenas estudos ditos “positivos”,
em que há diferenças estatisticamente significantes? Note
Não expostos 85 190
que em muitas excelentes metanálises o intervalo de confian-
100 200 ça dos estudos incluídos engloba o valor da não associação
(por exemplo, risco relativo = 1,0). A alternativa c aborda a
Razão de chances (odds ratio) = ad/bc = [(15x190)/(10x85)]
questão da heterogeneidade, definindo-a como a presença
= 3,35. Resposta d.
de resultados pontuais contraditórios. Resultados a favor e
contra uma intervenção não são considerados contraditórios
se seus intervalos de confiança tiverem alguma intersecção,
39. É desejável que os testes de rastreamento (screenings) pois, com 95% de confiança, não podem ser tachados de di-
tenham alta sensibilidade (para detectar o máximo possível ferentes. Homogeneidade significa isso: alguma sobreposição
de casos verdadeiros) e alto valor preditivo positivo (poucos entre os intervalos de confiança dos resultados dos estudos
falsos positivos devido à alta especificidade). Por definição, incluídos na revisão sistemática. E mesmo se houver alguma
os rastreamentos são medidas de prevenção primária ou (pequena) heterogeneidade, ela é medida pela estatística I2
secundária aplicadas a pessoas assintomáticas, para que se (Inconsistência) que descreve a porcentagem da variação to-
detectem fatores de risco para uma doença em que valha a tal entre os estudos quer não se deve ao acaso, ou seja, que se
pena intervir ou se faça o diagnóstico precoce da doença já deve à heterogeneidade mesmo. Quando I2 é maior do que
instalada, mas ainda assintomática. Os rastreamentos são 75% torna-se questionável a realização da metanálise a partir
considerados estratégia dita “de alto risco”, ou seja, estratégia da revisão sistemática. O viés de publicação (alternativa d)
preventiva que procura identificar pessoas de maior risco na não ocorre por causa da heterogeneidade dos estudos; é de-
população para nelas intervir. Com isso, não têm influência vido simplesmente ao fato de haver maior tendência a serem

SJT Residência Médica – 2016


180
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

publicados estudos ditos “positivos”, ou seja, que apresentem ças (CID-10) antecipou o início do período perinatal para 22
diferenças ou associações estatisticamente significantes, es- semanas de gestação, que corresponde a aproximadamente
tudos em que se rejeite a hipótese de nulidade das diferenças 500g de peso ao nascer e a 25 cm de estatura. Essa definição
(Hzero). Resposta b. foi referendada pelo Conselho Federal de Medicina, em sua
Resolução nº 1.601 de 9 de agosto de 2000. Interpretação:
estima o risco de morte de um feto nascer sem qualquer si-
43. A alternativa a está incorreta por dois motivos: se a co- nal de vida ou, nascendo vivo, morrer na primeira semana.
munidade é não susceptível, não ocorre epidemia; e o aco- De maneira geral, reflete a ocorrência de fatores vinculados
metimento nesse tipo de epidemia ocorre frequentemente ao à gestação e ao parto, entre eles o peso ao nascer, bem como
mesmo tempo ou em um curto espaço de tempo (uma refei- as condições de acesso a serviços de saúde e a qualidade da
ção contaminada; contaminação da água de abastecimento assistência pré-natal, ao parto e ao recém-nascido”. A alterna-
público por poucos dias). A epidemia progressiva ou propa- tiva b, portanto, está errada em função do peso do feto (500
gada é aquela em que a transmissão é de pessoa a pessoa (al- g e não 350) A alternativa d está incorreta porque as causas
ternativa c), podendo ser direta ou indireta, incluindo-se aí exógenas são muito mais determinantes dos óbitos pós-neo-
os vetores. A epidemia por fonte pontual nada mais é do que natais. Resposta c.
uma epidemia por fonte comum (maciça) em que a duração
da exposição foi muito curta (como uma refeição contami-
nada numa festividade, que em poucas horas afeta todas as
pessoas). Assim, o critério para a epidemia por fonte comum 46. A alternativa a está incorreta apenas por sua última
ser classificada como pontual não é a extensão geográfica na afirmação, porque, de fato, o índice de Swaroop & Uemura
qual a população é afetada, mas a extensão de tempo (dura- (SW) não leva em consideração a causa dos óbitos no nu-
ção da exposição, curta) em que a população ficou exposta. merador; apenas a idade (50 anos ou mais). Populações com
Uma epidemia por fonte comum pode ser, ao contrário de alta expectativa de vida (alternativa b) tendem a apresentar
pontual, prolongada, persistente, quando, por exemplo, uma altos índices de SW. A alternativa c não tem qualquer lógi-
contaminação de água de abastecimento público demora ca, pois o índice é calculado para diferentes cidades, esta-
algumas semanas até ser debelada. Resposta b. dos ou regiões, permitindo comparação entre eles, que é o
objetivo de um indicador de condições de vida e saúde. O
parágrafo seguinte foi retirado de Epidemiologia & Saúde,
de Maria Zélia Rouquayrol e Naomar de Almeida Filho,
44. A alternativa b está incorreta porque os estudos ecológi- 6ª edição, 2003, p. 47: “...Índices como esse, por não serem
cos podem ter muitos vieses, especialmente de confusão, pois afetados por problema de estrutura populacional, são muito
a associação observada no nível do agregado populacional utilizados em saúde pública para fins de comparações locais
pode ser devida a alguma outra variável que não aquela esco- (em épocas diferentes) ou inter-regionais e intercontinentais
lhida como independente ou “exposição”. Estudos transver- num mesmo período”. Resposta d. Gabarito oficial a.
sais falham em estabelecer causalidade (alternativa c) justa-
mente por não apresentarem o critério de temporalidade ou
relação temporal: não se consegue garantir que a exposição
antecedeu ao efeito; todas as variáveis são medidas simulta- 47. Observe a tabela do capítulo 6 de sua apostila intitulada
neamente. A alternativa d está incorreta porque nos estudos “Classificação dos estudos individuais”. Note que o campo de
casos-controles o tamanho da amostra tende a ser menor do interesse dos estudos individuais, observacionais, prospecti-
que nos estudos de coorte; nestes últimos, milhares de indi- vos e descritivos é justamente o curso clínico e prognóstico.
víduos precisam ser acompanhados, muitas vezes por longo Pessoas com uma determinada característica são acompa-
período (alto custo) para que algumas dezenas de casos inci- nhadas em direção ao futuro com a finalidade de estimar a
dam. Resposta a. probabilidade de ocorrerem certos desfechos. Resposta d.

45. A alternativa a está incorreta apenas por um pequeno de- 48. A alternativa a está correta. O NNT (Número Necessá
talhe: os óbitos incluídos vão até o sétimo dia completo de rio de Tratamentos para evitar um caso, um desfecho, um
vida (ou seis dias, 23 horas e 59 minutos, caso se queira ser “evento ruim” como escrito na alternativa) expressa a relação
extremamente rigoroso, já que sete dias e alguns minutos já entre tratamentos e prevenção de um evento. Deve-se, po-
não são mais sete dias completos). Leia o texto abaixo, ex rém, entender que não se trata de uma proporção, ou seja,
traído da RIPSA (Rede Interagencial de Informações para a se o NNT for, digamos, 50, isso não quer dizer que de 50
Saúde): “Número de óbitos ocorridos no período perinatal indivíduos tratados, 49 não tiveram o desfecho evitado (uma
por mil nascimentos totais, na população residente em deter- porcentagem de sucesso de apenas 1 em 50 ou 2%). O concei-
minado espaço geográfico, no ano considerado. O período to correto é: quantos tratamentos foram necessários para que
perinatal começa em 22 semanas completas (ou 154 dias) de houvesse um caso a menos (um caso evitado ou prevenido)
gestação1 e termina aos sete dias completos após o nascimen- em relação ao que ocorreu no grupo controle; ou um caso a
to, ou seja, de 0 a 6 dias de vida (período neonatal precoce). mais de sucesso em relação aos sucessos que ocorreram no
Os nascimentos totais incluem os nascidos vivos e os óbitos grupo-controle. Quanto menor o NNT, melhor, mais eficien-
fetais. A 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doen- te é um tratamento (alternativa d). A alternativa c está tam-

SJT Residência Médica – 2016


181
11 Temas gerais

bém correta, mas estaria mais clara se estivesse anotado “... sociais e demográficas (urbanização), as más condições de
expressa a redução relativa da taxa de evento...”, ou “... redu- vida, a falência de programas públicos de saúde e os procedi-
ção em porcentagem da taxa de evento), porque, como está mentos médicos e a resistência microbiana, todos são fatores
grafada, serve também ao conceito de Redução Absoluta de que também favorecem a emergência e reemergência de do-
Risco (RAR). A alternativa b é a que deve ser apontada como enças. Resposta c.
incorreta; tanto RRR como RAR são medidas que levam em
consideração a “taxa de desfecho”, a incidência do desfecho
nos grupos que estão sendo comparados. A RAR, por exem-
plo, é a diferença entre essas duas incidências. Resposta b. 51. Como o enunciado reporta “prevenção de novos agravos”
a um “idoso frágil” e vulnerável, é de se pensar que existam
já agravos, os quais podem afetar mais ainda a capacidade
funcional debilitada desse idoso. Agravos permanentes e
49. A alternativa a está incorreta porque a uretrite tem trans- sequelas, impossíveis de serem revertidos, mas que podem
missão que exige contato físico (direta imediata). O saram- ser controlados para que não evoluam mais ou tenham sua
po (alternativa b) e a hanseníase (alternativa d) não exigem evolução retardada constituem a fase terciária das medidas
contato físico; são de transmissão respiratória (fala, tosse, es- preventivas, em seu nível de reabilitação. As ações paliativas
pirro), ou seja, direta mediata. Quanto ao tracoma, leia este são também consideradas prevenção terciária, mas a alterna-
pequeno resumo retirado do Guia de Vigilância em Saúde, tiva que as aponta inclui as ações quaternárias que, embora
do Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, muito indicadas no caso em foco, não são contempladas na
2014: “Descrição: Afecção inflamatória ocular, uma cera- solicitação do enunciado. As ações quaternárias visam à de-
toconjuntivite crônica recidivante que, em decorrência de tecção de indivíduos em risco de tratamento excessivo para
infecções repetidas, pode produzir cicatrizes na conjuntiva protegê-los de novas intervenções médicas inapropriadas e
palpebral superior. As lesões podem evoluir e causar mudan- sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis (WONCA,
ças na posição da pálpebra superior e dos cílios, cujo atrito 2003). Jamoulle(1999) propôs a prevenção quaternária como
com o globo ocular poderá ocasionar alterações da córnea, um quarto e último tipo de prevenção, não relacionada ao
provocando graus variados de opacificação, que podem evo- risco de doenças e sim ao risco de adoecimento iatrogêni-
luir para a redução da acuidade visual, até a cegueira. Agente co, ao excessivo intervencionismo diagnóstico e terapêutico
etiológico: A bactéria gram negativa Chlamydia trachoma e a medicalização desnecessária. Similarmente, para Gérvas
tis, nos sorotipos A, B, Ba e C. Reservatório: O homem, (2005), é prevenção quaternária a ação que atenua ou evita
com infecção ativa na conjuntiva ou outras mucosas, prin- as consequências do intervencionismo médico excessivo que
cipalmente crianças com até 10 anos de idade, em popula- implica atividades médicas desnecessárias. Resposta a.
ções onde o tracoma é endêmico. Vetores: Alguns insetos,
como a mosca doméstica (Musca domestica), e a lambe-olhos
(Hippelates sp.). Modo de transmissão: Ocorre durante a in-
fecção ativa, tanto na forma direta, de pessoa a pessoa, por 52. A alternativa a está correta, pois a imunização é, via de
contato com as secreções oculares, como na forma indireta, regra, medida aplicada antes que as pessoas adquiram uma
por meio de contato com objetos contaminados como toa- infecção; é uma ação preventiva no período pré-patogênico
lhas, lenços e fronhas. As moscas podem contribuir para a ou pré-patológico. A afirmação da alternativa b é duvidosa.
disseminação da doença por transmissão mecânica. Período Eis por quê: considere uma doença como o acidente vascular
de incubação: De 5 a 12 dias. Período de transmissibilida- cerebral (AVC) ou o infarto agudo do miocárdio (IAM) ou
de: A transmissão ocorre enquanto houver lesões ativas nas mesmo a insuficiência coronariana crônica (doença isquê-
conjuntivas, por um período que pode durar vários anos”. mica do coração). O que representa a hipertensão arterial
Portanto, a alternativa c está correta, ainda que possa ocorrer sistêmica (HAS) para essas doenças? Um fator de risco. Não
também transmissão indireta por fômites ou por vetores me- é possível dizer que a HAS seja uma dessas doenças em sua
cânicos. Resposta c. fase inicial, assintomática, de forma que detectar HAS seja
prevenção secundária de uma delas. Nesse caso, identificar
esse fator de risco (HAS) seria prevenção primária. Por ou-
tro lado, considere que a HAS seja, ela própria, uma doença.
50. A alternativa c está claramente incorreta, pois epidemia Antes que as pessoas portadoras de HAS venham a apresen
propagada ou progressiva é aquela em que existe transmis- tar mesmo simples sintomas (e não complicações), é possível
são de pessoa a pessoa, por via direta (contágio) ou indireta detectá-la por meio de um rastreamento. Neste caso, estaria
(veículos animados ou não). O que traduz a ideia de intensi- se tratando de prevenção secundária da hipertensão (e não
dade ou magnitude de um agravo ou doença é a prevalência. mais prevenção primária do AVC ou do IAM). Conceitu-
A incidência traduz uma força, um potencial capaz de fazer almente, fatores de risco não são doenças; são apenas fato-
surgirem e subsistirem novos casos do agravo ou doença. As res associados à ocorrência de doenças (que podem nunca
pandemias são favorecidas pelas facilidades de transporte e ocorrer; e podem ocorrer em quem não é portador do fa-
mobilidade das (aumentam a disseminação de agentes etio- tor de risco). Por isso, detectar fatores de risco ou impedir
lógicos) no mundo cada vez mais globalizado. Além disso, as o surgimento dos mesmos pode ser considerado prevenção
mudanças no uso da terra e de práticas de agricultura (inten- primária. No entanto, como se lança mão de rastreamentos
sificação do agronegócio), as mudanças nos ecossistemas, a (screenings) para a detecção de fatores de risco, alguns auto-
evolução dos agentes patogênicos (mutações), as mudanças res preferem dizer que a ação é de prevenção secundária, pois

SJT Residência Médica – 2016


182
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

é forte a relação entre prevenção secundária e rastreamen- gocócica e outras meningites”. Atualmente, as meningites vi-
tos (haja vista a alternativa c). A alternativa d contém uma rais não estão contempladas na LNNC. Porém, a Nota Infor-
simplificada definição de prevenção quaternária. A alterna- mativa sobre registro e notificação compulsória de doenças e
tiva e está definitivamente incorreta (daí a ter-se de aceitar, agravos, da Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da
neste teste, a afirmação da alternativa b como correta). Leia Saúde, encaminhada aos presidentes do CONASS e do CO-
o pequeno texto a seguir, acerca de prevenção terciária, reti- NASEMS em 20 de agosto de 2014, denota que “... optou-se
rado de “Da prevenção primordial à prevenção quaternária”, por suprimir o termo ‘outras meningites’, conforme sugerido
de Lúcio Meneses de Almeida, publicado em Prevenção em por alguns revisores das Secretarias Estaduais de Saúde. No
Saúde (Portugal), v. 23, nº 1, jan-jun 2005: “... Já a preven- entanto, isso não implica na alteração no SINAN (Sistema de
ção terciária tem como finalidade reduzir os custos sociais Informações dos Agravos de Notificação) e qualquer menin-
e econômicos dos estados de doença na população através gite permanece passível de registro”. Além disso, o Guia de
da reabilitação e reintegração precoces e da potenciação da Vigilância em Saúde de 2014 (p. 69) indica que surtos ou aglo-
capacidade funcional remanescente dos indivíduos. Aten- merados de casos ou óbitos de meningites não causadas por
dendo à associação entre incapacidade e doença crônica meningococos ou por Haemophilus influenzae também são de
(Barker, 1998), a prevenção terciária implica o tratamento (e notificação compulsória. A meningite por Streptococcus pneu-
controlo) das doenças crônicas (Fowler e Gray, 1983; Alwan, moniae é monitorada em hospitais-sentinela. Com todas es-
1997). Assim, o nível terciário de prevenção corresponde, sas observações, a alternativa a está incorreta. As meningites
basicamente, à «gestão» dos estados de doença (Fowler e bacterianas não são zoonoses (alternativa d). As meningites
Gray, 1983).” (grifo nosso). Resposta e. bacterianas têm transmissão respiratória, por contágio me-
diato, mas algumas meningites virais podem ter transmissão
fecal-oral (alternativa e), como as causadas por enterovírus
(poliovírus, vírus echo, coxsakie A e B). Resposta b.
53. A primeira propriedade que um teste de rastreamen-
to deve ter é alta sensibilidade, para que consiga detectar o
maior número possível de doentes. Se a sensibilidade é alta,
será baixa a proporção de falsos negativos entre os verdadei- 57. Com relação à alternativa a, o principal reservatório e
ramente doentes (casela c da tabela do tipo 2 x 2 de validação único de importância epidemiológica na hanseníase é o ser
de um teste diagnóstico), o que faz com que o valor preditivo humano. Além disso, o caso de hanseníase pode ter bacilos
negativo seja alto. Resposta a. copia negativa (casos paucibacilares, da hanseníase tubercu
loide). Leia sobre a definição de caso de hanseníase no Guia
de Vigilância em Saúde de 2014 (p. 368 369): “Considera se
um caso de hanseníase a pessoa que apresenta um ou mais
54. O risco atribuível é obtido pela subtração, e não soma, de dos seguintes sinais cardinais:a) mancha e/ou área(s) da pele
dois riscos: o dos expostos e o dos não expostos. A diferen- com alteração (perda) de sensibilidade, característica da
ça indica o excesso de risco que os expostos têm em relação hanseníase; b) acometimento de nervo(s) periférico(s), com
aos não expostos, excesso esse que é atribuído à exposição, ou sem espessamento, associado a alterações sensitivas e/
daí a outra denominação do risco atribuível dos (ou para ou motoras e/ou autonômicas; e c) baciloscopia positiva de
os) expostos: excesso atribuível dos expostos. Sua utilidade é esfregaço intradérmico. Caso novo de hanseníase refere se
prever que parcela do risco dos expostos poderia ser evitada à pessoa que nunca recebeu qualquer tratamento específico.
se fosse eliminada a exposição (o impacto de um programa Com relação à alternativa c, a espécie A. aegypti é a mais im
de controle de fatores de risco, como afirma corretamente a portante na transmissão da dengue. O Aedes albopictus é o
segunda parte da alternativa c). Resposta c. vetor de manutenção da dengue na Ásia. Embora já esteja
presente nas Américas, até o momento, não foi associado à
transmissão da dengue nesta região (Guia de Vigilância em
55. A sensibilidade de um teste diagnóstico é a capacidade Saúde, 2014, p. 459). A alternativa b está mal formulada, afi
que tem o teste de identificar corretamente os doentes, ou nal, qualquer evento em relação à Aids ocorreu após 1980;
seja, de resultar positivo em quem realmente tem a doença. além disso não se especifica a qual região ou estado do país
No caso, 98/100 ou 98%. Resposta b. (Brasil) a afirmação sobre a feminização da epidemia se refe
re. Subentendendo-se que seja o país como um todo, a razão
de masculinidade na incidência da Aids (número de casos
em homens dividido pelo número de casos em mulheres)
56. Na Lista Nacional de Notificação Compulsória (LNNC) para a faixa etária de 25 a 34 anos (enunciado) foi 2,58 entre
de doenças de 2014 (em vigência desde junho daquele ano) 1980 e 2001, 1,46 em 2002, 1,48 em 2003, 1,42 em 2004, 1,36
consta, na linha 11, a “Doença invasiva por Haemophilus in- em 2005, 1,38 em 2006, 1,48 em 2007, 1,46 em 2008, 1, 64
fluenza” e a “Doença meningocócica”. No item 15 da LNNC em 2009, 1,77 em 2010, 1,84 em 2011, 1,96 em 2012, 2,13
consta “Evento de Saúde Pública (ESP) que se constitua ame- em 2013 e 2,27 em 2014, ou seja, nos últimos 14 anos nun
aça à saúde pública” e, no artigo 2º da Portaria Nº 1.271, de 6 ca houve feminização da Aids para essa faixa etária (Boletim
de junho de 2014, que define a LNNC, ESP vem caracterizado Epidemiológico Aids e DST Ano IV nº 1 da 27ª à 53ª
como a ocorrência de surto ou epidemia ... considerando o semana epidemiológica julho a dezembro de 2014; Ano IV
potencial de disseminação, magnitude, gravidade...”. Na lista nº 1 da 01ª à 26ª semana epidemiológica janeiro a junho de
imediatamente anterior, de 2011, constava “Doença menin- 2015, ISSN: 1517 1159, Ministério da Saúde Secretaria de

SJT Residência Médica – 2016


183
11 Temas gerais

Vigilância em Saúde - Departamento de DST, Aids e Hepati- nativa e). No Brasil, duas espécies estão relacionadas com a
tes Virais, © 2015. Ministério da Saúde). A feminização ocor- transmissão da doença: Lutzomyia longipalpis, a principal; e
reu na faixa etária de 13 a 19 anos, em que a razão de sexo Lutzomyia cruzi, também incriminada como vetora em áreas
em 1985 era 14,0:1 e, a partir de 1998, ocorreu uma inversão específicas dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do
na razão (feminização), alcançando 0,7:1 em 2007. Resposta Sul. Ainda, é possível que uma terceira espécie, Lutzomyia
e (embora o gabarito oficial tenha apontado como correta a migonei, também participe da transmissão de LV, devido à
alternativa b). sua alta densidade em áreas com ausência de L. longipalpis
e/ou L. cruzi e registro de casos autóctones da doença, mas
isto precisa ser mais estudado. Esses insetos são conhecidos
popularmente por mosquito-palha, tatuquira, birigui, entre
58. A varíola foi erradicada por não ser uma zoonose (o ho- outros, dependendo da região geográfica (informações ob-
mem é o único reservatório importante), não ter reservató- tidas no Guia de Vigilância em Saúde, 2014 e Manual de Vi-
rio na natureza (não é o caso do tétano, da febre amarela e gilância e Controle da Leishmaniose Visceral, Brasília – DF,
da raiva) e ter uma vacina de ótima qualidade, com grande 2006). Resposta d.
poder de imunização duradoura (não é o caso da dengue,
da tuberculose e da hanseníase atualmente – dezembro de
2015). Resposta a.
60. A alternativa b está claramente incorreta porque a pa-
ciente não tem diagnóstico estabelecido nem de diabetes,
nem de hipertensão (foi uma única medida em uma oca-
59. Apenas os casos de doença de Chagas aguda são de no- sião, com valores limítrofes) e nem de obesidade (presente
tificação compulsória (e imediata) segundo a Lista Nacional se IMC≥30,0; a paciente tem apenas sobrepeso). A alter-
de Notificação Compulsória de doenças, segundo a Portaria nativa a está também incorreta porque a promoção da saú-
nº 1.271, Gabinete do Ministro da Saúde, de 6 de junho de de extrapola ações do setor saúde. De acordo com a Carta
2014 (alternativa a). Com relação à alternativa b, o contro- de Otawa (I Conferência Internacional sobre Promoção da
le da transmissão urbana da Leishmaniose Visceral (LV) é Saúde, 1986), “promoção da saúde é o nome dado ao pro-
laborioso e de resultados nem sempre satisfatórios a partir cesso de capacitação da comunidade para atuar na melho-
de uma única aplicação residual de inseticida. Portanto, ou- ria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior
tras medidas mais permanentes são indicadas como o ma- participação no controle deste processo. Para atingir um
nejo ambiental, através da limpeza de quintais, terrenos e estado de completo bem-estar físico, mental e social (...).
praças públicas, a fim de alterar as condições do meio, que Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza
propiciem o estabelecimento de criadouros de formas ima- os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades
turas do vetor. Medidas simples como limpeza urbana, eli- físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilida-
minação dos resíduos sólidos orgânicos e destino adequado de exclusiva do setor saúde, e vai para além de um estilo
dos mesmos, eliminação de fonte de umidade, não perma- de vida saudável, na direção de um bem-estar global”. O
nência de animais domésticos dentro de casa, entre outras, significado do termo Promoção da Saúde foi mudando ao
certamente contribuirão para evitar ou reduzir a proliferação longo do tempo e, atualmente, associa-se a valores como:
do vetor. A indicação das atividades voltadas para o contro- vida, saúde, solidariedade, equidade, democracia, cida-
le vetorial dependerá das características epidemiológicas e dania, desenvolvimento, participação e parceria. Além
entomológicas de cada localidade. O controle químico por disso, está relacionado à ideia de “responsabilização múl-
meio da utilização de inseticidas de ação residual é a medi- tipla”, uma vez que envolve as ações do Estado (políticas
da de controle vetorial recomendada no âmbito da proteção públicas saudáveis), dos indivíduos (desenvolvimento de
coletiva. Esta medida é dirigida apenas para o inseto adulto habilidades pessoais), do sistema de saúde (reorientação
e tem como objetivo evitar e/ou reduzir o contato entre o in- do sistema de saúde) e de parcerias interssetoriais (BUSS,
seto transmissor e a população humana, consequentemente, 2003). Vale ressaltar que termos como empowerment e au-
diminuir o risco de transmissão da doença. Quando é reco- tocuidado vêm sendo cada vez mais utilizados, uma vez
mendado o controle químico? A) Em áreas com registro do que a promoção da saúde envolve o desenvolvimento de
primeiro caso autóctone de LV humana, imediatamente após habilidades individuais, a fim de permitir a tomada de de-
a investigação entomológica; B) Em áreas com transmissão cisões favoráveis à qualidade de vida e à saúde. Assim, a
moderada e intensa, se a curva de sazonalidade do vetor for participação direta do paciente nas ações de saúde, embo-
conhecida, a aplicação do inseticida de ação residual deverá ra desejável, não define a promoção da saúde. A alternati-
ser realizada no período do ano em que se verifica o aumento va c aborda a proteção à saúde; essa noção fundamenta-se
da densidade vetorial. Caso contrário, o primeiro ciclo de em um conceito estrutural de risco como possibilidade,
tratamento deverá ser realizado ao final do período chuvoso enquanto que o modelo de prevenção baseia-se no concei-
e o segundo, 3 a 4 meses após o primeiro ciclo. A borrifação to epidemiológico de risco como probabilidade. Proteção
do inseticida deve ser feita nas paredes internas e externas à saúde é expressão muito utilizada pela Vigilância Sanitá-
do domicílio (grifo nosso) incluindo o teto, quando a altura ria, quando busca garantir a segurança de bens, produtos
deste for de até 3 metros; deve também ser feita nos abrigos e serviços de interesse da saúde oferecidos à população. A
de animais ou anexos, quando os mesmos forem feitos com alternativa d diz respeito ao conceito de autonomia. Re-
superfícies de proteção (parede) e possuam cobertura supe- tomando a Carta de Ottawa, o conceito de promoção da
rior (teto). O transmissor da LV não é o Aedes aegypti (alter- saúde está relacionado ao processo de capacitação da co-

SJT Residência Médica – 2016


184
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

munidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida oficial apontou a alternativa c como correta, mas resta esse
e saúde, incluindo maior participação no controle desse senão: o uso de um verbo inadequado para exprimir o desejo
processo. Dessa forma, os indivíduos e os grupos devem do autor... Resposta c.
ser capazes de identificar e satisfazer suas necessidades.
Traduzindo essa proposta, pode-se afirmar que quando as
ações de promoção da saúde se propõem a ampliar o con-
trole dos indivíduos sobre os determinantes da saúde, ela 63. Baixa sensibilidade não é útil para nada. Alta especifi-
se refere também a ampliar a autonomia dos indivíduos e cidade costuma ser útil para confirmar doenças (confirmar
coletividades para agirem sobre esses determinantes. En- diagnósticos) em função do alto valor preditivo positivo (e
contra-se, portanto, a autonomia como categoria nortea- isso ocorre devido à pequena proporção de falsos positivos
dora das ações em promoção da saúde (FLEURY-TEIXEI- entre os não doentes). Resposta d.
RA et al., 2008). A alternativa e aponta para a prevenção
secundária, aquela que tem início já no período patogê- 64. Estudos transversais são úteis para avaliar prevalência, que
nico de Leavell & Clark, ou seja, o período do processo é a proporção de pessoas que têm uma determinada doença
saúde-doença em que o indivíduo já está envolvido, mas em um ponto do tempo (determinado momento). Resposta d.
a doença ainda não se manifestou clinicamente ou, se isso
já ocorreu, não há defeitos ou incapacidades estabelecidas.
A paciente em questão “acaba de ouvir de seu médico que 65. Com os dados do enunciado é possível montar a tabela
está em risco de tornar-se diabética”. Essa é a questão de do tipo 2 x 2 colocada a seguir:
fundo do teste. O processo de diabetes já se iniciou, pois
o valor da hemoglobina glicada já não é normal (menor
do que 5,7%). A rigor, está exatamente no limite superior Dabetes (gold standard)
do chamado pré-diabetes (6,4%). As ações propostas, en- Sim Não
tão, são uma prevenção secundária para um diabetes que
está se iniciando, ainda subclínico. Por outro lado, sabe- Novo méto- Positivo 80 20
mos que combate ao sedentarismo, à obesidade, estímulo do diag- Nega-
nóstico 240
à atividade física e combate ao tabagismo são medidas de tivo
promoção da saúde no modelo de Leavell & Clark, na fase 200 260 460
de prevenção primária. Dessa maneira, a alternativa a po-
deria ser uma opção, mas a forma de sua redação (justifi- A sensibilidade é dada por 80/200 ou 40%. A especificidade é
cada por se focar na participação direta do paciente) faz dada por 240/260 ou 92,3%. Resposta e.
com que a alternativa e seja a melhor resposta. Resposta e.

66. A medida de tendência central que é afetada por valo-


61. A curva ROC que tem a maior área sob a mesma é a do res extremos (muito mais altos ou muito mais baixos que
teste de maior acurácia ou poder diagnóstico. Acurácia de a maioria dos valores da variável em questão) é a média; e
100% significa 100% tanto de sensibilidade como de especi- quando isso ocorre o ideal é utilizar a mediana, uma medida
ficidade, ou seja, todos os resultados (positivos e negativos) de posição (equivalente ao percentil 50), que não é afetada
são corretos; não há resultados falsos. Resposta b. por valores extremos. Resposta b.

62. A variável independente nessa investigação proposta é a 67. O VPP (valor preditivo positivo) é a proporção de positi-
obesidade; a dependente é a asma. Como o enunciado cita o vos verdadeiros entre o total de resultados positivos. Dentre
risco relativo, o estudo de eleição é o de coorte: obesos e não os 50 resultados positivos obtidos, 45 foram positivos verda-
obesos, todos sem asma inicialmente, seriam acompanhados deiros, ou seja, 45/50 ou 90/100. Resposta a.
ao longo do tempo para se medir a incidência de asma. Há,
no entanto duas alternativas que contêm o estudo de coorte
(b e c). Um estudo ecológico (alternativa b) até seria possí-
vel: uma população no geral obesa seria comparada a uma 68. Inicialmente convém comentar que não é a ANVISA a
população no geral não obesa com relação à incidência de responsável pela emissão da Lista Nacional de Notificação
asma. Pode-se imaginar a dificuldade desse desenho para Compulsória (LNNC) de doenças. É o próprio Ministro da
as caracterizações necessárias (prevalências de obesidade Saúde, por meio de Portaria Ministerial. E a lista está afei
nos diferentes lugares e incidência – e não prevalência – do ta à Vigilância Epidemiológica (vinculada à Vigilância em
desfecho). A alternativa c propõe também um estudo caso- Saúde) e não à Vigilância Sanitária. De qualquer maneira, a
-controle, bastante factível: asmáticos e não asmáticos seriam atual LNNC (de 6 de junho de 2014) não inclui a gonorreia.
comparados quando à presença de obesidade pregressa (an- Lembre-se de que qualquer violência é de notificação com-
tes de a asma surgir). Mas estudos casos-controles não “veri- pulsória (e, dentre elas, a violência sexual e a tentativa de sui-
ficam” o risco relativo, como diz o enunciado; apenas o esti- cídio são de notificação imediata – em, no máximo, 24 horas
mam, por meio da razão de chances ou odds ratio. O gabarito do atendimento). Resposta e.

SJT Residência Médica – 2016


185
11 Temas gerais

69. O mascaramento ou cegamento (blinding) pode evitar viés separadamente (nada impede que isso seja também calculado, e
de aferição (mensuração, informação), mas não de seleção o foi, mas não está apresentado nessa questão). A alternativa d
(alternativa a). Se os efeitos colaterais de um tratamento são está incorreta porque sempre é possível calcular um intervalo de
muito importantes (alternativa b) ou se a intervenção for uma confiança para qualquer medida obtida em uma amostra, des-
dieta ou uma psicoterapia, como esconder isso dos participan- de que ela seja aleatória. Esse pressuposto faz parte da teoria da
tes? Por isso, o mascaramento não é especialmente eficiente inferência estatística e tem base na teoria das probabilidades. A
nessas situações. Quando a medida do efeito é dada por uma alternativa e está incorreta porque ignora as estimativas interva-
avaliação objetiva (análise bioquímica, feita por uma máqui- lares calculadas. Resposta a.
na), minimiza-se a importância do mascaramento (alternativa
c), pois a máquina não sofrerá tendenciosidade por conhecer
ou não conhecer a situação de exposição dos pacientes envol-
vidos. Análises estatísticas não corrigem vieses de aferição; o 73. Grupos populacionais definidos geograficamente (mães
máximo que fazem é controlar variáveis de confusão se tais de 15 a 19 anos de diferentes microrregiões) são compara-
variáveis foram colhidas na realização dos estudos. Se não fo- dos quanto a uma variável independente (analfabetismo
ram colhidas informações sobre as mesmas, o viés de confusão funcional) e uma dependente (taxa de fecundidade específi-
ou confundimento poderá ocorrer, pois não será possível fazer ca para a faixa etária). São todos dados secundários obtidos
ajustes para tais variáveis. O ideal é que qualquer ensaio clíni- de levantamentos epidemiológicos (recenseamento, PNADs
co, tanto de intervenção curativa como preventiva (alternativa Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, SINASC
e), seja duplo ou triplo mascarado (duplo ou triplo cego). O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos). O objetivo
sucesso de intervenções preventivas pode perfeitamente ser de comparar diferentes regiões quanto a essas duas variáveis
afetado por tendenciosidades dos pacientes ou dos observado- é conseguir obter variabilidade de exposição (variabilida-
res dos efeitos. Resposta c. de das taxas de analfabetismo funcional) para que se possa
investigar a ocorrência de associação com a taxa específica
de fecundidade. Uma única região poderia não apresentar
variabilidade suficiente e inviabilizar a investigação. Todas
70. O Vigitel é um estudo transversal sobre prevalência de fa- essas são características de estudos ecológicos (de múltiplos
tores de risco em amostra probabilística obtida por cadastro grupos – as múltiplas microrregiões; e analíticos – a presen-
de linhas de telefone fixo em capitais brasileiras. Evidente- ça de uma variável independente, o analfabetismo funcional,
mente, as pessoas que não têm telefone fixo não têm qualquer tentando explicar a diferença na variável dependente, a taxa
probabilidade de participar da amostra, o que configura um de fecundidade específica). Resposta e.
viés de seleção, considerado não importante para as estima-
tivas desejadas. Todos os dados que geram as associações
apontadas (por exemplo, entre sexo e diversos fatores de ris-
co) são obtidos, de cada indivíduo, em um único instante, 74. A taxa de fecundidade específica por idade é obtida pela
simultaneamente; daí o caráter transversal do estudo (corte divisão do número de filhos nascidos vivos de mulheres de
seccional e não coorte). Resposta c. determinada faixa etária pelo número de mulheres dessa fai-
xa etária na população e o quociente é multiplicado por mil.
É, portanto, uma variável numérica ou quantitativa contínua
(não discreta, que são medidas que só admitem números in-
71. Todas as razões de prevalência (RP) mostradas na penúl- teiros). A taxa de analfabetismo funcional em mulheres de
tima coluna da tabela são de prevalências em homens dividi- uma determinada faixa etária é a proporção (ou porcenta-
das por prevalências em mulheres, e todas as razões têm seus gem, que varia de 0% a 100%) de mulheres analfabetas fun-
correspondentes intervalos de confiança. Isso permite concluir cionais dentre o total de mulheres dessa faixa etária. É tam-
que a única afirmação incorreta é a da alternativa d, pois a RP bém uma variável quantitativa contínua. Resposta b.
0,8 indica que o denominador (prevalência em mulheres) é
maior que o numerador (prevalência em homens). Resposta d.
75. O coeficiente de correlação de Pearson mede a associa-
ção entre duas variáveis quantitativas (numéricas) contínuas.
72. A alternativa a está correta. O intervalo de 95% de confiança Pode variar de –1 a +1. Valores maiores do que zero indicam
(estimativa intervalar) aponta entre que limites (inferior e supe- associação positiva; quanto mais próximo de 1 em módulo,
rior) deve estar o verdadeiro valor populacional a partir da esti- mais forte é a correlação, podendo ser positiva (o aumento do
mativa pontual medida na amostra. No caso, nota-se que houve valor de uma variável está associado ao aumento do valor da
bastante precisão na estimativa amostral, pois, se a prevalência outra) ou negativa (o aumento do valor de uma variável está
populacional não for 15,8%, ela deve estar, com 95% de con- associado à diminuição do valor da outra). No caso, ocorreu
fiança, um pouco abaixo (15,0%) ou um pouco acima (16,6%). uma correlação positiva, com significância estatística ao nível
Quanto mais estreito o intervalo de confiança, mais precisa é a de 5% (a probabilidade de 0,72 englobar o valor zero – valor
estimativa amostral. Isso ocorreu por causa do grande tamanho da não correlação – existe, mas é muito pequena, menor do
da amostra. A alternativa b estaria correta se, ao invés de 95%, que 5%; foi, de fato, 1,3%). As alternativas, porém, questio-
estivesse escrito 5%. A alternativa c está incorreta porque o dado nam acerca de haver relação de causalidade entre as variá-
obtido foi para o conjunto das capitais e não para cada uma delas veis. Causalidade somente pode ser abordada por meio da

SJT Residência Médica – 2016


186
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

verificação dos chamados critérios de causalidade (critérios ca e com teste ergométrico negativo). Embora o enunciado
de Hill), como intensidade, gradiente, temporalidade, consis- informe que seu grau de risco cardiovascular seja interme-
tência, coerência, reversibilidade, plausibilidade biológica e diário (13,1% em 10 anos), somente pelo fato de a paciente
analogia. Tais critérios não estão apresentados no enunciado, ser diabética, ela já estaria classificada como de alto risco
exceto a intensidade (0,72 é relativamente forte como grau (maior do que 20%) segundo o Caderno de Atenção Pri-
de correlação) e o gradiente (quanto maior o analfabetismo, mária, Nº 29 Rastreamento, Ministério da Saúde, Secreta
maior a fecundidade). Como o estudo é ecológico, variáveis ria da Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica,
de confusão não puderam ser consideradas: poderia haver 2010. O uso de aspirina em doses baixas para prevenir DIC
alguma variável que estivesse associada ao analfabetismo pode ser entendido como prevenção primária, pois a doen-
(por exemplo, nível socioeconômico) e que também estivesse ça (DIC) ainda não se iniciou; o que existem são fatores de
associada à fecundidade, distorcendo o grau da associação risco para a doença. Testes desse tipo são de difícil solução,
entre analfabetismo e fecundidade. E como o caráter desse pois podem ter diferentes interpretações. Por exemplo, pelo
estudo ecológico é transversal (concomitância das duas va- fato de a paciente ser diabética, esse fator de risco, também
riáveis), não se pode saber o que veio antes (critério da tem- uma doença, pode ser entendido como um equivalente is-
poralidade): por serem mais analfabetas as adolescentes ti- quêmico, e o uso da aspirina pode, então, ser visto como
veram mais filhos ou por terem mais filhos as adolescentes uma prevenção secundária na história natural do diabetes,
eram mais analfabetas? Resposta a. visando impedir a evolução de uma provável aterosclerose
coronariana ou cerebral para um acidente trombótico ou is
quêmico. Preferimos a alternativa a, por termo-nos focado,
como o autor da questão, na DIC (ainda inexistente) e não
76. Não se pode calcular odds ratio a partir dos dados da ta- no Diabetes. Resposta a.
bela, pois nela não estão anotadas quantidades de pessoas,
mas taxas/100.000 habitantes; a tabela apresentada não é uma
tabela do tipo 2 x 2 (alternativa a). O risco relativo de um fu-
mante desenvolver doença cardiovascular (DCV) não pode 79. As mortalidades apresentadas permitem calcular, por
ser calculado, pois na tabela estão os riscos de fumantes e de meio dos riscos relativos (RR) de morrer segundo a presença
não fumantes morrerem de DCV, que podem ser muito dife- ou não do rastreamento, a eficácia do rastreamento (Redução
rentes do risco de incidência da doença. O mesmo problema Relativa de Risco ou RRR), que aqui é assumido como se fos-
ocorre na alternativa c, quando se pergunta sobre risco relativo se um “tratamento” em cada uma das três doenças; deve-se
de desenvolver DCV e não de morrer por DCV, que é o que a entender o rastreamento como a intervenção que está sendo
tabela apresenta. Mesmo assim, o risco relativo de fumantes testada. As mortalidades apresentadas permitem, também,
morrerem por DCV é menor do que por câncer do pulmão. O calcular a Redução Absoluta de Risco com o rastreamento
erro conceitual volta a se repetir na alternativa e, quando falta a para cada uma das doenças e, com isso, o NNT, que, no caso,
palavra mortalidade. Mesmo assim, o papel etiológico do taba- é NNR (Número Necessário de Rastreamentos para evitar
gismo na mortalidade por câncer de pulmão [(150/100.000)/ um caso a mais de morte). Por exemplo, para a doença A, a
(15/100.000)=10,00] é muito mais importante do que na mor- eficácia é dada por [1-RR = 1-0,8 = 0,2 ou 20%). Os cálculos
talidade por DCV [(558/100.000)/(387/100.000)=1,44]; isso permitem facilmente verificar que a eficácia é idêntica para
indica que o tabagismo está mais relacionado etiologicamente as três doenças (20% de queda na mortalidade com o rastre-
à morte por câncer do pulmão do que por DCV. A alternativa amento para qualquer uma delas). O que vai diferenciar as
d, a rigor, está incorreta, pelo mesmo motivo já apontado (não três doenças é a RAR e consequentemente o NNR (que é 1/
aborda risco de morrer, mas de desenvolver a doença). O valor RAR). Para a doença A, RAR = 5%-4% = 1% ou 0,01 (NNR
calculado do risco relativo de morrer está correto (10; veja a = 1/0,01 = 100). Para a doença B, RAR = 0,5%-0,4% = 0,1%
conta acima). Teste sem resposta, provavelmente por descuido ou 0,001 (NNR = 1/0,001 = 1.000). Para a doença C, RAR =
em sua elaboração. Resposta oficial d. 0,05%-0,04% = 0,01% ou 0,0001 (NNR = 1/0,0001 = 10.000).
É muito mais eficiente, portanto, rastrear a doença A (rende
mais, vale mais a pena, é preciso rastrear menos pessoas para
evitar um caso a mais da doença A – menor custo do que em
77. Foram medidas prevalências de enxaqueca, sugerindo relação às doenças B ou C). Resposta a.
que a doença é mais prevalente (o dobro) em mulheres. Não
se mediu incidência (risco absoluto, ou, simplesmente, ris-
co). Não se pode, absolutamente, afirmar que exista risco do-
brado. O risco, por exemplo, poderia até ser semelhante nos 80. A leitura do enunciado evidencia que o médico está
dois sexos, mas se a duração da presença da enxaqueca ao em busca de um teste muito sensível neste rastreamento
longo dos anos fosse dobrada nas mulheres, sua prevalência oportunístico aplicado a uma paciente porque pretende ter
tenderia a ser dobrada. Resposta e. grande confiança em um resultado negativo: quer um tes-
te bom para descartar a neoplasia (“... pois entendeu que a
exclusão da neoplasia traria grande proteção a Marta”). O
problema é que testes muito sensíveis costumam apresen-
78. Trata-se de paciente que tem fatores de risco para do- tar muitos resultados falsos positivos pela perda de espe-
ença isquêmica do coração DIC (diabetes, sedentarismo, cificidade, e isso levaria a biópsias desnecessárias. Precisa
tabagismo), mas não apresenta a doença ainda (sem clíni- também, portanto, de um teste com alta especificidade (mas

SJT Residência Médica – 2016


187
11 Temas gerais

sem comprometer demais a sensibilidade). O teste tem sua 82. Quase todos os exames podem apresentar elevada sensi-
curva ROC apresentada. Os pontos de corte de alta sensibi- bilidade e baixa especificidade (alternativas a e b). O exame B,
lidade são os relacionados aos 10, 5 e 4 mm (todas ≥ 86%, por exemplo, tem elevada sensibilidade nos pontos de corte
pelo gráfico). Se o médico adotar os pontos de corte de 5 correspondentes a especificidades próximas de 0 e 10% (veja
ou de 4 mm, terá sensibilidades de 98 e 100% respectiva- os pontos da curva B com projeção entre 0,9 e 1,0 no eixo
mente (pelo gráfico), mas especificidades de apenas 59% e X). O exame A tem essas mesmas características nas especi-
51% respectivamente (pelo gráfico). Cinquenta e nove por ficidades de 0 a 80% (1,0 a 0,2 no eixo X). A melhor resposta
cento de especificidade significa que 41% das pessoas que para esta questão é a alternativa d, pois o teste A tem maior
não têm a neoplasia apresentarão resultado falso positivo, área sob sua curva ROC e, por isso, maior poder discrimina-
devendo realizar a biópsia (desnecessariamente). O enun- tório (consegue reunir maior número de pontos de corte com
ciado adverte também que “... a biópsia pode ser dolorosa e altas sensibilidades e altas especificidades). Resposta d.
invasiva, possui alguns riscos e você conhece bem o medo
de Marta em realizar alguns procedimentos médicos”. Com
todas essas considerações, pensamos que o melhor ponto
83. Mascaramento não é questão de ter ou não ter ética no
de corte a ser adotado para decidir se o exame é positivo ou
estudo; é questão de tentar evitar o viés de mensuração ou
negativo deva ser o de 10 mm (sensibilidade de 86% e espe-
aferição ou informação. Duplo cego (alternativa b) signifi-
cificidade de 82%, pelo gráfico), que seria, de fato, o ponto
ca dizer que nem pacientes sabem a que grupo pertencem e
de corte que a bula do exame adotaria, se ele tivesse sido
nem observadores sabem a que grupo os pacientes perten-
apresentado com os índices normais de referência, pois é o
cem. Mesmo com apenas dois grupos sendo comparados (al
ponto que mais se aproxima do vértice superior esquerdo
ternativa c), o mascaramento é indicado; nada tem a ver com
do gráfico. Resposta c, a nosso ver, embora o gabarito oficial
o número de grupos. O mascaramento pode envolver apenas
tenha apontado a alternativa d.
os pacientes (simples-cego), que não sabem a que grupo per-
tencem, ou os observadores, que não sabem a que grupo os
pacientes pertencem, ou ainda os analistas (estatísticos, epi-
81. A padronização por idade de coeficientes (de mor- demiologistas que farão a análise dos dados), que tenderiam
talidade ou de morbidade) de diferentes populações em a não introduzir tendenciosidades na análise por também
um mesmo ponto do tempo ou de uma mesma popula- não saberem qual o grupo-controle e qual(ais) o(s) grupo(s)
ção ao longo de um período de tempo é um procedimento experimental(ais). Resposta d.
que visa permitir a comparação desses coeficientes sem a
influência das diferenças em composição etária que por-
ventura existam entre as populações que estão sendo com-
84. Teste confuso, mal formulado. O enunciado já peca por
paradas. Isso é feito porque diferenças existentes nos coe-
não acrescentar “positivo ao teste” após a palavra indivíduo;
ficientes podem ser devidas simplesmente a diferenças de
não especifica, portanto, o denominador do Valor Preditivo
estrutura etária (doenças e mortes são associadas à idade)
Positivo (VPP). As alternativas não têm paralelismo quanto
e não a outras causas modificáveis ou preveníveis. O mé-
ao que pretendem investigar: enquanto as alternativas a e b
todo mais frequentemente utilizado é o da padronização
procuram relação com elementos da História Natural da Do-
direta, em que se aplicam os coeficientes estratoetário-
ença – HND (de Leavell e Clark), as alternativas c e d atêm-
-específicos das populações a terem seus coeficientes pa-
-se a propriedades de testes diagnósticos. A alternativa d é
dronizados na estrutura etária de uma população-padrão
claramente incorreta: a maior prevalência determina o maior
ou de referência. A depender dessa população padrão,
VPP. A alternativa c é verdadeira (ainda que redigida em Por
os valores dos coeficientes padronizados podem variar;
tuguês sofrível), pois quanto maior a especificidade, menor
por isso a população-padrão é a mesma para todas as
a proporção de falsos positivos, aumentando o VPP. Isso é
populações cujos coeficientes serão padronizados. A po-
particularmente verdade se for mantida a probabilidade pré-
pulação-padrão pode ser uma realmente existente ou pode
-teste de doença (ou prevalência da doença na população
ser fictícia; o que importa, como já referido, é que seja a
em que é aplicado o teste diagnóstico), pois um teste menos
mesma para todos os coeficientes a serem padronizados
específico que outro, porém aplicado a uma população com
(alternativa b). O tamanho das populações a terem seus
prevalência de doença mais alta, pode ter VPP mais alto ape
coeficientes padronizados (alternativa c) não importa;
sar de sua menor especificidade. Um teste pode ser aplicado
interessa é sua estrutura etária, sua pirâmide populacio-
para diagnóstico precoce ou não de uma doença em qualquer
nal, sua proporção de idosos, de jovens, de adultos e de
fase da HND (alternativa a), inclusive no período pré-pato-
crianças. A alternativa d está incorreta porque ao longo
gênico, quando têm lugar os testes genéticos. Respostas a e c.
das últimas cinco décadas vem ocorrendo, no Brasil, a
Resposta oficial: a.
transição demográfica (envelhecimento populacional),
ou seja, a proporção de idosos vem aumentando. Assim,
a mortalidade das doenças cardiovasculares poderia estar
aumentando, ao longo do tempo, simplesmente pelo en- 85. O estudo apresentado é um estudo de coorte (mulheres
velhecimento populacional (DCV está associada à idade são acompanhadas para se medir a incidência de eventos
das pessoas) e não por fatores preveníveis outros que não cardiovasculares e morte ao longo de 10 anos). Elas são es-
a idade. Resposta a. tratificadas segundo sua pressão arterial inicial em quatro

SJT Residência Médica – 2016


188
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

grupos (sendo um de referência, como se fora o grupo “não 88. É possível observar, em curvas de sobrevida como a
exposto”) e outras variáveis de controle são incluídas para o apresentada, a mediana de sobrevida em meses no eixo
ajuste de possível confundimento: idade, história de diabe- X (valores em meses correspondentes a 0,50 ou 50% de
tes, de tabagismo e presença de doença coronariana obstru- sobrevida no eixo Y) para diferentes grupos (aqui, os grupos
tiva. Foi conduzida uma análise de sobrevida ao longo dos são períodos da epidemia). No eixo X é possível, para uma
10 anos porque a medida de efeito apresentada foi o Hazard mesma sobrevida no eixo Y, observar diferenças de tempo
Ratio (HR), medida que surge da comparação de curvas de de sobrevida até a ocorrência do efeito (no caso, morte por
sobrevida e que tem interpretação numérica igual à do risco aids). Assim, quanto à alternativa a, a mediana de sobrevida
relativo e da odds ratio. Análise multivariada (alternativa a) para o grupo do período 1994-1996 é cerca de 23 meses (pelo
é realizada não para controlar viés de seleção, mas de con- gráfico). A sobrevida média (alternativa b) não pode ser cal-
fusão, fenômeno que pode ser causado pela interferência de culada pelo gráfico; seriam necessários os dados individuais
variáveis de confusão não controladas na análise univariada. de sobrevida para esse cálculo (que é feito pelos softwares
A alternativa b está incorreta porque afirma não haver signi- estatísticos que fazem a análise de sobrevida). A alternativa c
ficância estatística na associação entre hipertensão controla- está incorreta porque o teste estatístico que compara as sobre-
da e desfecho e entre hipertensão não controlada e desfecho, vidas para os três grupos apontou uma probabilidade muito
quando, de fato, houve significância para cada uma delas pequena (<0,001) de as diferenças nas curvas terem ocorrido
(veja os CI, que não englobam o valor 1,0, da não associação, por acaso; há, portanto, diferença estatisticamente significan-
ou os respectivos valores de p, todos menores do que 5%). A te quanto à sobrevida entre os grupos. No início da epidemia
alternativa d está incorreta especialmente porque afirma não (grupo 1988-1993), aos 180 meses desde o diagnóstico de
ter havido controle de confundimento, o que não é verda aids de cada um dos componentes do grupo, apenas cerca de
deiro quando o método de análise é multivariado. Aparente- 10% (projeção no eixo Y) do grupo permanecia vivo; 90% já
mente, o estudo é de coorte prospectiva ou concorrente, pois haviam morrido; essa informação é incompatível com a so-
não há informação sobre os dados terem sido todos colhidos brevida média ter alcançado 200 meses (alternativa d), além
em prontuários pertencentes ao passado, o que caracterizaria do fato de, como já referido, sobrevida média não poder ser
um estudo de coortes históricas, não concorrentes ou retros- apreciada por este gráfico. Quanto à alternativa e, as media-
pectivas. A alternativa e está incorreta porque o estudo clara- nas de sobrevida (localizadas por projeção no eixo X a partir
mente não é transversal: houve acompanhamento de pessoas do ponto 0,50 ou 50% no eixo Y) somente foram próximas
para se medir incidência de desfechos. Resposta c. para os grupos 1988-1993 (cerca de 13 meses) e 1994-1996
(cerca de 23 meses). Para o grupo 1997-2003, após 100 meses
desde o diagnóstico de cada elemento do grupo, cerca de 72%
ainda estavam vivos. Não há informação, pelo gráfico, sobre
86. Trata-se de ensaio clínico randomizado. Não há indicação sua mediana de sobrevida, mas ela, seguramente, ultrapassa
de mascaramento, nem triplo, nem duplo, nem simples, logo, os 111 meses (pelo gráfico). Não há resposta para este teste,
não há como concluir que vieses de informação (alternativa e) embora o gabarito oficial tenha apontado a alternativa a.
foram minimizados (não basta ter um grupo placebo para ga-
rantir a não possibilidade de viés de informação; o grupo pla-
cebo é uma precaução quanto ao efeito-placebo). Se as pessoas
sabem que receberam placebo ou intervenção experimental, 89. A avaliação econômica é um processo pelo qual os
pode haver viés de informação. Foram minimizados os vieses custos de programas, alternativas ou opções são compa-
de seleção e de confusão pela casualização ou sorteio para des rados com suas consequências, em termos de melhora da
tinar as pessoas aos diferentes grupos. Se a eficácia da vacina saúde ou de economia de recursos. É também conhecida
foi de 64,7% (alternativa b), isso significa que o grupo vacina- como estudo de rentabilidade. Engloba uma família de
do teve uma incidência da dengue 64,7% menor do que o gru- técnicas, incluindo análise de custo-efetividade, análise
po-placebo e não que 64,7% das crianças não tiveram dengue. de custo-benefício e análise de custo-utilidade (Mills &
A eficácia (alternativa d) é calculada pela queda relativa (em Drummond, 1985). O que se está em busca de avaliar é a
porcentagem) do risco de adoecer, comparando vacinados a eficiência das intervenções, uma medida da relação entre
não vacinados. A divisão da taxa de risco entre vacinados pela os resultados alcançados e os recursos gastos. A eficiência
de não vacinados fornece o risco relativo que, pela informação fornece a base para o uso ótimo dos recursos. A análise de
do enunciado, deve ter sido 0,353 (valor menor do que 1,0, custo-efetividade compara alternativas de tratamento em
indicando proteção pela vacina ou associação negativa entre a que os custos e os resultados das intervenções variam. A
vacina e a incidência da dengue). Porém essa simples divisão, intervenção preferida é aquela que possui o menor custo
que resulta no RR, ainda não é a eficácia. Esta última, também para alcançar certo nível de efetividade. A questão básica
chamada de redução Relativa de Risco ou RRR, é calculada por seria: para se alcançar o objetivo X, qual a estratégia mais
[1-RR]. Teste sem resposta. Resposta oficial e. custo-efetiva: E1, E2 ou E3? Os custos são medidos em uni-
dades monetárias ($) e os benefícios em unidades naturais
de efetividade, que dependem do que se está avaliando. Por
exemplo, a análise de custo-efetividade de uma vacina pode
87. Em relação ao teste B, o teste A tem maior sensibilidade ser expressa como o custo por internação evitada pela vaci-
(menor proporção de falsos negativos e, por isso, maior valor nação. São típicos resultados como dólares gastos por ano
preditivo negativo) e menor especificidade (maior proporção de vida ganho, ajustado ou não por qualidade de vida. A
de resultados falsos positivos). Resposta e. terapia de reposição oral é um bom exemplo: apesar de não

SJT Residência Médica – 2016


189
11 Temas gerais

reduzir a incidência da diarreia, ela reduz a gravidade e a 91. O pesquisador selecionou as crianças pela presença de
mortalidade decorrente. A um custo de apenas 2 a 4 dóla- abscesso pulmonar entre 1975 e 1978. Apesar de esse agravo
res por vida salva, é tida como de alto valor para a política ser uma doença, neste estudo foi considerada a exposição,
pública. É o tipo de avaliação econômica mais comum na pois a partir dessa característica buscou informações dessas
literatura internacional. A melhor evidência para estudos mesmas crianças 22 a 25 anos depois (no ano 2000) para ve-
de custo-efetividade vem dos ensaios clínicos ou revisões rificar se elas apresentavam alteração nos testes respiratórios.
sistemáticas, e a evidência mais fraca é produzida pelas pe- As crianças foram, então, acompanhadas de um momen-
quenas séries de casos ou as entrevistas com especialistas. to passado (1975-78) para um momento futuro (2000), em
Enquanto as análises de custo-efetividade são particular- busca de uma incidência (embora não esteja garantido no
mente úteis para avaliar diferentes métodos de luta contra enunciado que todas as crianças, apesar do abscesso pulmo
uma doença, a análise de custo-benefício é de máxima nar, não tinham alterações nos testes respiratórios, condição
utilidade nos casos de programas de saúde que têm efeitos necessária para se medir uma incidência). Trata-se de estudo
importantes no desenvolvimento econômico (OMS, 1976). individual, observacional, prospectivo e descritivo: um estu-
A análise de custo-benefício leva em conta os custos eco- do de coorte, e, no caso, coorte histórica, não concorrente ou
nômicos de uma doença ou agravo e os custos econômicos “retrospectivo de coorte”, pois o pesquisador foi buscar no
de sua prevenção. Os custos da doença incluem cuidados arquivo médico do hospital as informações de que precisava
médicos e reabilitação, perda de rendimentos e uma esti- para montar sua coorte. Resposta c.
mativa do custo social de um óbito. Nessa análise, tanto o
numerador como o denominador são expressos em termos
monetários. Por exemplo, Akhavan et al. (1999) descrevem
um estudo de custo-benefício com o programa de contro- 92. A alternativa a contém o conceito de risco relativo. A al
le da malária, comparando os custos com o programa com ternativa c, a fórmula do número necessário de tratamentos
os gastos econômicos a serem evitados como resultado do para evitar um caso a mais de desfecho. A alternativa d, o
programa. Os resultados são apresentados como custos evi- conceito de redução absoluta de risco (RAR). A eficácia pode
tados devido à implementação do programa. A análise de ser calculada dividindo-se a RAR pelo risco dos que não re-
custo-efetividade é mais fácil de ser realizada do que a de ceberam a intervenção experimental, sendo dado o resultado
custo-benefício, uma vez que não é necessário adicionar em porcentagem. Resposta b.
um valor monetário à medida de efetividade. A análise de
custo-utilidade pode ser considerada um tipo particular de
análise de efetividade. Avalia os custos em termos monetá-
rios e os resultados de saúde em termos de utilidade para o 93. Todas as alternativas contêm qualidades desejáveis para
grupo de intervenção; diz respeito a cmparar diferentes tra- um teste de rastreamento, exceto a alternativa d, que nada
tamentos aplicados, fundamentalmente, a doentes crônicos. mais significa que população na qual se vai aplicar o teste
O resultado de saúde (benefício) é julgado pelo paciente. Os de rastreamento deva ter alta prevalência da doença (para
resultados mais comuns são referidos por meio de QALYs maximizar o valor preditivo positivo). Porém, a primeira
(quality-adjusted life years) – em português AVAQ (anos de qualidade que deve ter um teste de rastreamento é alta sen-
vida ajustados por qualidade) e DALYs (disability-adjusted sibilidade, para que, quando aplicado, não deixar de detectar
life years). Num estudo de asma, por exemplo, o resultado os positivos verdadeiros. Testes mais específicos podem ser
de saúde não seria medido apenas pelo surgimento ou não aplicados posteriormente para separar os falsos positivos de-
de novos episódios de asma após a intervenção, mas a qua- tectados por causa da possível baixa especificidade dos testes
lidade de vida ganha pelo paciente, que incorpora questões com muito alta sensibilidade. Resposta a.
subjetivas. Resposta e.

94. Nesse estudo transversal (afinal, seu resultado foi dado


90. Os estudos casos-controles trazem resultados muito em prevalência), simultaneamente se investigou a presença
mais rapidamente do que os estudos de coorte, pois não é de obesidade (a variável dependente ou efeito) e de seden-
necessário acompanhar pessoas ao longo do tempo para tarismo (a variável independente ou exposição). As outras
medir incidências. O número de pessoas sendo menor do variáveis consideradas são as variáveis de controle (idade e
que nos estudos de coorte e o tempo que demora o estudo escolaridade). Percebeu-se que os funcionários mais idosos
sendo também menor, fazem com que seu custo seja menor. e também os de baixa escolaridade eram mais sedentários.
Os estudos casos-controles são particularmente úteis para o Isso quer dizer, tão somente, que essas variáveis de controle
estudo de doenças raras, de baixa incidência na população, o estavam associadas à exposição. Mas não basta uma variável
que dificulta a realização de estudos de coorte por seu baixo de controle estar associada à exposição para ser uma variável
rendimento no surgimento de novos casos. Para exposições de confusão. Se as variáveis de controle também estiverem
raras os estudos casos-controles não são os mais indicados; associadas (positiva ou negativamente) ao efeito, aí então elas
os melhores são os estudos de coortes, pois as pessoas podem terão condições de distorcer a medida da associação entre se-
ser selecionadas por causa de sua rara exposição. A alternati- dentarismo e obesidade, configurando-se assim como variá-
va d está correta, pois ante uma única doença, característica veis de confusão e podendo, por isso, introduzir um viés de
dos casos, podem se estudar múltiplas exposições pregres- confusão na associação estudada. Algo como: pessoas mais
sas. Resposta d. sedentárias, por serem também mais velhas, aparecem no

SJT Residência Médica – 2016


190
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

estudo como mais obesas, nem tanto ou nada pelo sedenta- mento lento, insidioso, menos agressivo, tendem a ser mais
rismo, mas por causa da idade (mais avançada), que estaria detectados nos rastreamentos do que cânceres agressivos,
associada à obesidade. Resposta e (com restrições por causa de crescimento rápido, que mais cedo chegam aos sintomas
de enunciado incompleto). e sinais que os levam à detecção, pelas queixas, na atenção
clínica. Isso pode fazer com que o prognóstico dos cânceres
detectados pelos rastreamentos pareça melhor, mas tal me-
lhoria pode não ter ocorrido por causa dos rastreamentos,
95. O enunciado é a tradução do significado do chamado
mas sim por um viés (de seleção): os cânceres detectados
NNT (número necessário de tratamentos, número necessá-
pelos rastreamentos já seriam sistematicamente diferentes
rio a tratar, número necessário a ser tratado, number need to
treat, number need to be treated). Lembre-se de que o NNT (menos agressivos) do que os detectados pela clínica. O viés
não é uma proporção, ou seja: se NNT = 30, isso não quer de adesão se deve ao fato de pessoas voluntárias, que acei-
dizer que de 30 doentes tratados, um caso de insucesso foi tam o rastreamento, que aderem aos programas de saúde,
evitado e, consequentemente, 29 casos de insucesso ocor- poderem ser sistematicamente diferentes daquelas que não
reram entre aqueles 30 pacientes. Se o NNT é 30, significa aceitam, não se voluntariam. Feito o rastreamento e obser-
que foi preciso tratar 30 doentes para que um caso a mais de vado um melhor prognóstico, este pode ter ocorrido não
insucesso fosse evitado (ou um caso a menos de insucesso por causa do rastreamento, mas porque quem aderiu ao
tivesse ocorrido) entre os tratados em comparação com o que mesmo pode ser diferente; não deixa de ser, também, um
ocorreu no grupo controle. Resposta c. viés de seleção. Resposta d.

96. Uma tabela do tipo 2 x 2 como a colocada a seguir pode 98. A rigor, a ocorrência de erros na conclusão de estudos é
ser muito útil para resolver questões sobre testes diagnósti- do domínio da estatística e já é abordada por essa disciplina
cos; será feita uma simulação com 1.000 adultos maiores de antes de existir a chamada epidemiologia clínica. Quando o
40 anos: pesquisador, tendo em vista o valor de p ou os intervalos de
confiança, aceita a hipótese de nulidade das diferenças (Hze-
ro) por não encontrar diferença estatisticamente significante,
ele pode estar cometendo o erro de não ter conseguido de-
Diabetes tectar uma diferença que de fato exista. Esse é o erro do tipo
II; a probabilidade de cometê-lo chama-se risco β. Tal erro
Sim Não
geralmente ocorre por planejamento inadequado do estudo
Positivo (a) FP 60 quanto ao tamanho da amostra: com amostras pequenas, po-
Teste
Negativo FN (c) dem existir diferenças clinicamente importantes que não são
80 (a+c) 1.000 estatisticamente significantes. O contrário ocorre com amos-
tras muito grandes: diferenças clinicamente muito pequenas
O teste aplicado a 1.000 pessoas resultou em 60 positivos (6% (que nem existem na população) acabam tendo significância
de prevalência calculada com o teste que tem um erro, pois estatística. Nessa situação o pesquisador rejeita Hzero e co-
não é 100% acurado). Como a prevalência verdadeira foi 8%, mete o erro do tipo I; a probabilidade de cometê-lo chama-se
há, então 80 pessoas na casela (a+c). Observe que se a sensi- risco α. Resposta c.
bilidade do teste for 75%, 75% de 80 (=60) estarão na casela
(a) e se a especificidade do teste for 100%, não haverá nin-
guém na casela dos falsos positivos (FP). Resposta d.
99. A questão solicita o NNT, que é calculado simplesmen-
te pelo inverso da redução absoluta de risco – RAR (que al-
guns autores preferem escrever redução do risco absoluto).
97. Essa é a definição de viés de tempo ganho (viés de tem- Se RAR = 6,1%, NNT = 1/6% = 100/6 = 16,4. Se em uma
po de incubação, viés de tempo de antecipação) ou, em das alternativas viesse grafado 17, esta deveria ser a escolhida
inglês, lead time bias. É um dos importantes vieses reco- como correta, pois há uma tendência a sempre se arredondar
nhecidos nos rastreamentos: são situações em que os rastre- para mais o NNT, uma vez que é um número (inteiro) de
amentos parecem muito bons, mas, de fato, não o são. No pessoas. Resposta e.
caso, se apenas se adianta o tempo de diagnóstico – afinal,
os rastreamentos são sempre aplicados a pessoas assintomá-
ticas, antes que tenham sintomas – parecerá que o tempo
de sobrevida após o diagnóstico foi aumentado por maior 100. Se o termômetro sempre acusa febre, ele falha em todos
sobrevida, mas esta de fato não ocorreu; o que aumentou foi os indivíduos que não têm febre (resulta falso positivo em
o tempo de diagnóstico da doença (o “tempo ganho” de ma- todos os indivíduos não febris), ou seja, tem especificidade
neira antecipada e não depois de a doença ter se estabeleci- de 0%. Em todas as pessoas que têm febre (“doentes”) o ter-
do clinicamente). O viés de tempo de duração (viés de tem- mômetro acerta, indicando corretamente as temperaturas
po decorrido, viés do tempo de maturação) ou, em inglês, (resulta positivo em todos os indivíduos febris), ou seja, tem
lenght time bias, ocorre quando cânceres que têm cresci sensibilidade de 100%. Resposta b.

SJT Residência Médica – 2016


191
11 Temas gerais

101. Todas as afirmações são verdadeiras, mas poderiam ser um viés de seleção), quando estes podem ser sistematicamente
melhoradas. A primeira poderia ser: “quanto mais próximo diferentes dos respondentes. Por isso os inquéritos em domi-
do vértice superior esquerdo do gráfico, melhor o poder dis- cílios são difíceis de realizar; muitas vezes é preciso telefonar,
criminatório do ponto de corte da curva ROC”. A segunda: “é mandar cartas, agendar a visita, visitar nos fins de semana ou à
útil para comparar vários testes para uma mesma doença”. A noite (para conseguir entrevistar as pessoas que trabalham em
quarta: “é construída plotando-se a sensibilidade dos pontos horário comercial). A depender do conteúdo da entrevista, isso
de corte (proporção de verdadeiros positivos) no eixo Y e o pode ser contornado com informantes familiares qualificados,
complementar da especificidade dos pontos de corte (pro- mas quando se trata de alguma aferição ou opinião, o informan-
porção de falsos positivos) no eixo X”. Resposta e. te não é bom substituto. A quarta afirmativa é falsa, pois, como
visto no comentário sobre a primeira afirmativa, não é pela atu
alização ou não do cadastro que haveria um viés de seleção. Res-
posta e (mas o gabarito oficial apontou a alternativa c).
102. A questão procura investigar em qual das situações
apresentadas nas alternativas o teste tem maior valor predi-
tivo positivo (VPP). Sabe-se que quando o teste não é 100%
acurado, o VPP varia de acordo com a probabilidade de do- 105. A prevalência é uma proporção em um ponto do tem-
ença pré-teste, ou seja, a prevalência da doença na população po. Costuma ser tachada de taxa, embora não o seja, pois taxa,
em que o teste é aplicado. As alternativas a, c e d referem-se coeficiente ou “rate” refere-se a um potencial, a uma força (de
exatamente à citada prevalência. Provavelmente é na área de incidência) atuando continuamente em um grupo populacio-
Saúde da Família do paciente que se encontra a mais correta nal, com maior ou menor intensidade a ponto de determinar
probabilidade de diabetes pré-teste para o paciente em ques- com que velocidade uma transformação se dá (por exemplo,
tão. Sendo uma área menor do que a do município ou da de doença para não doença, de vida para morte). A informa-
região, é de se esperar menor variabilidade e mais confiança ção acima vem do inquérito Vigitel, pesquisa realizada em ca-
na estimativa de prevalência de diabetes no local. Resposta a. pitais brasileiras e no Distrito Federal, por entrevista telefônica
(cadastro de telefones fixos), que visa estimar a prevalência de
fatores de risco para doenças crônicas. Resposta e.
103. O escore de risco de Framingham aponta uma probabi-
lidade de morte por doença cardiovascular (acidente vascular
cerebral ou infarto agudo do miocárdio) em 10 anos. Assim, a 106. A prevalência de uma doença é uma proporção de doen-
alternativa a está incorreta porque o correto seria “nos próxi- tes (novos ou antigos) em um ponto do tempo e pode variar
mos dez anos”. A alternativa b está correta. A alternativa c está em função de muitas condições: incidência da doença, óbitos
incorreta porque não há intervalos de confiança nessa escala de doentes por qualquer motivo, cura dos doentes, aumento
de risco. A alternativa d está incorreta por não mencionar que ou diminuição da sobrevida dos doentes (duração da doença),
a probabilidade de 22% refere-se aos próximos dez anos. Seria migração e imigração de doentes e de não doentes. Resposta d.
muito diferente 22% em cinco, dez ou 20 anos! Mas é uma al-
ternativa interessante pelas restrições colocadas sobre a incer-
teza da estimativa e sobre a aplicação da mesma a pessoas com
as mesmas características do paciente. A alternativa e aborda, 107. Duas qualidades ou propriedades caracterizam uma
como a c, os intervalos de confiança, que não cabem no caso. amostra: tamanho e representatividade. O tamanho tem sua
Resposta b (mas a resposta oficial foi d). importância por causa da confiança que se pretende ter na in
ferência estatística quantitativa que se fará a partir da estimati-
va amostral. Nesse aspecto interessa a precisão das estimativas
populacionais (a estimativa intervalar ou a precisão desejada
104. A primeira afirmativa é falsa, pois o interesse da Equipe dos intervalos de confiança) e o poder do estudo amostral em
de Saúde da Família é conhecer uma característica da popula- detectar como significante uma diferença ou associação que
ção residente na área, mas o sorteio foi feito entre a população realmente exista na população (obter um valor de p menor do
que tinha cadastro no serviço. Essa amostra já tem um viés de que o nível de significância α adotado na fase de planejamento
seleção original, que afeta sua representatividade, a não ser que do estudo). Tamanhos inadequados resultam em grande pro-
se afirmasse que todas as pessoas/todas as residências estavam babilidade de cometer erro do tipo I (rejeitar Hzero e Hzero ser
cadastradas no serviço. A segunda afirmativa é falsa também, verdadeira: detectar como significante uma diferença que não
pois o viés de Berkson (e não Bergson), um viés de admissão exista na população) ou erro do tipo II (aceitar Hzero e Hzero
ao hospital, traz tendenciosidade a estudos realizados em popu- ser falsa: não detectar como significante uma diferença que de
lações hospitalizadas: aparecem associações no hospital ou nas fato exista na população). A representatividade da amostra tem
populações de serviços médicos, que não existem na população sua importância por causa da inferência qualitativa que se pre-
geral; existem apenas nos serviços porque as probabilidades de tenda fazer a partir dos achados amostrais. Aqui interessa que
admissão aos serviços médicos selecionam pessoas mais expos- a amostra deve conter em proporção todas as características
tas (as exposições fazem pensar no diagnóstico de doenças) ou que a população possui, pois é para a população que originou
pessoas com concomitância de doenças. A terceira afirmativa a amostra que os resultados amostrais serão inferidos (é a vali-
é verdadeira em qualquer inquérito domiciliar. É o problema dade externa ou poder de generalização do estudo). As conclu
dos chamados não respondentes (viés de não resposta, que é sões amostrais devem servir também para os indivíduos que

SJT Residência Médica – 2016


192
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

não participaram da amostra e isso somente será conseguido mais da distribuição de probabilidades de Poisson, que é
se houver a representatividade amostral. Por vezes a represen- frequentemente usada para modelar o número de ocorrên-
tatividade é essencial, como nos estudos transversais em que cias de um evento por um certo período de tempo ou por
se pretende estimar uma prevalência populacional. Mesmo se um certo volume ou por uma certa área. Por exemplo, para
não houver representatividade, mas houver participação de to- descrever o número de nematoides encontrados em amos-
dos os estratos populacionais na amostra, os achados de cada tras de solo, o número diário de novos casos de câncer de
estrato poderão ser projetados para a população, desde que se mama, ou o número de células contadas usando um hemo-
saiba a exata proporção de participação populacional de cada citômetro. Outros exemplos do uso da distribuição de Pois-
estrato. Outras vezes a representatividade não é essencial para son para modelar probabilidades de ocorrência: usuários de
a inferência estatística. Por exemplo, estudos sobre tabagismo computador ligados à Internet, clientes chegando ao caixa
e câncer conduzidos em pessoas brancas puderam ser extra- de um supermercado, acidentes com automóveis em uma
polados para pessoas negras, por se tratar de questão biológica determinada estrada, número de carros que chegam a um
que ultrapassa limites raciais. Com esses tópicos considerados, posto de gasolina, número de aviões sequestrados em um
a alternativa a está incorreta porque trata de precisão, que é dia e número de falhas em componentes por unidade de
questão de erro aleatório (pequeno) e tamanho de amostra. tempo. Resposta d.
A alternativa b está incorreta justamente porque a capacidade
de generalização que se pretenda ter na investigação é que vai
determinar a maior ou menor representatividade requerida
109. A mediana é dada pelo valor da variável que ocupa
na amostra. A alternativa c refere-se a questões tipicamente
a posição central da distribuição ordenada dos valores da
quantitativas (tamanho) das amostras. Usa, porém, o adjetivo
variável. Quando o número de valores da variável é ímpar,
“válidos”, que tem caráter qualitativo. Estimativas amostrais
a posição da mediana é exatamente o centro da distribuição
ou são precisas (precisão, confiabilidade, reprodutibilidade:
ordenada. Por exemplo, se fossem nove valores, a posição
pouco erro aleatório, pouco erro determinado pelo acaso) ou
da mediana seria a 5ª, pois haveria quatro valores à esquer-
são válidas (aproximam-se da verdade, do verdadeiro valor de
da da 5ª posição e quatro valores à sua direita. Quando o
um parâmetro populacional, medem o que pretendem medir:
número de valores é par, como no caso desta questão (n = 6
pouco erro sistemático, sem vícios). Não existe “valor de p vá-
valores), o valor da mediana é a média aritmética dos valo-
lido”, como colocado na alternativa c. O valor de p é a probabi-
res das duas posições centrais. Observe a tabela abaixo em
lidade calculada, por método estritamente matemático, de ser
que serão ordenados os valores, incluindo os oferecidos nas
grande ou pequena (conceito arbitrário, determinado pelo ní- alternativas, para que seja determinada a mediana de cada
vel de confiança α pré-fixado – usualmente 5%) a participação conjunto de dados:
do acaso (ou variação amostral) na obtenção de diferenças ou
associações amostrais. A alternativa d pode representar, per-
Alternativa Valores ordenados Mediana
feitamente, uma condição necessária quando se necessite de
representatividade em um estudo. Um estudo de coorte que a (4) 1 3-4 4 5-7 4
vise, por exemplo, caracterizar o prognóstico de uma doença. b (1) 1-1-3-4-5-7 3,5
Ou um estudo de validação de um teste diagnóstico para uma c (3) 1-3-3-4-5-7 3,5
doença: será preciso que todos os graus clínicos dessa doença
d (0) 0-1-3-4-5-7 3,5
sejam representados, caso contrário a sensibilidade e a especi-
ficidade do teste diagnóstico a ser validado não terão validade. e (5) 1-3-4-5-5-7 4,5
A alternativa e está incorreta porque inquéritos populacionais
Resposta a.
geralmente são feitos com amostra; o recenseamento é uma
exceção. Resposta d (mas o gabarito oficial apontou c).

110. Acompanhar pessoas sem um dado efeito para medir


sua incidência ao longo de um período de tempo é o deli-
108. A alternativa a está incorreta porque há técnicas para
neamento que define os estudos de coorte (ou de coortes),
lidar com as mais diferentes distribuições de dados além
um estudo individual, observacional, prospectivo e analítico.
da distribuição normal ou gaussiana, como distribuições
Analítico por haver mais de uma coorte: a dos fumantes e
exponenciais, assimétricas, geométricas, de Poisson, de
a dos não fumantes, para comparação e análise. Resposta b.
Bernouilli etc. A alternativa b limita o adjetivo “normal”
à clínica ou patologia. A estatística faz o contrário do que
aponta a alternativa c: tira conclusões da amostra para a po-
pulação; é a inferência indutiva, do particular para o geral. 111. Risco relativo é a medida de associação (entre expo-
A alternativa d está correta. Além dos citados peso e altura, sição e efeito) dos estudos individuais prospectivos, sejam
muitas outras variáveis têm distribuição normal e por isso observacionais (coortes concorrentes e coortes históricas
são caracterizadas por média e desvio-padrão: glicemia de ou retrospectivas), sejam experimentais (ensaios clínicos).
jejum, pressão arterial, colesterol plasmático etc. A alterna- Odds ratio é a medida de associação (entre exposição e efei-
tiva e está, também, incorreta, porque a contagem de inter- to) dos estudos casos-controles, que são, sempre, retros-
nações diárias em uma unidade de emergência não costu- pectivos. Teste de associação, ou “teste estatístico” para in
ma ter distribuição normal. Essa distribuição aproxima-se vestigar a probabilidade de existir associação, pode incluir

SJT Residência Médica – 2016


193
11 Temas gerais

uma grande variedade de testes; o qui-quadrado é um deles, dade de análise é o país como um todo (e não indivíduos),
muito comum, pois é indicado para investigar a probabi- que tem suas taxas médias de consumo de algum alimento e
lidade de acaso na detecção de associações entre variáveis sua taxa de mortalidade por alguma causa comparadas num
qualitativas ou categóricas, como todas aquelas que podem diagrama de dispersão, o qual busca medir alguma correla-
ser analisadas em tabelas de contingência (tabelas do tipo 2 ção para levantar uma hipótese de associação. Trata-se de
x 2 ou k x n). Incidência é a medida de frequência de uma típico estudo ecológico de múltiplos grupos (ou agregados
doença ou agravo à saúde à qual interessam os novos casos espaciais). Resposta c.
surgidos em um período de tempo; poderia também es-
tar associada a estudos de coorte, que medem incidências
e razão entre incidências (risco relativo). Curva de Gauss
é a curva de distribuição normal, muito comum na distri- 114. Análise univariada é aquela que leva em consideração
buição populacional de variáveis biológicas quantitativas apenas uma variável independente de cada vez em sua rela-
contínuas (peso, altura, pressão arterial, glicemia etc.), que ção com a variável dependente (neste caso, a única depen-
pode ser parametrada (caracterizada pelos parâmetros) por dente é o câncer colorretal em mulheres). Essa análise inicial
sua média e seu desvio-padrão. Resposta b. dá pistas acerca de quais sejam as associações importantes
(em termos de grau ou intensidade e de significância estatís-
tica), mas o seu grau pode também estar distorcido pela não
consideração das variáveis de confusão. Na análise multiva-
112. A alternativa a está incorreta porque risco (ou risco riada, múltiplas variáveis são consideradas simultaneamente
absoluto) é uma probabilidade, uma incidência, sempre um em sua associação com a variável dependente e o resultado
número relacionado a outro. No caso, o risco do grupo da final é o grau da associação entre cada uma das variáveis in-
terapia convencional (grupo-controle) foi 2 novos casos de dependentes e a variável dependente, mas já ajustado, esse
recidiva/1.000 tratados com a terapia convencional. A alter- grau, por todas as outras variáveis que foram consideradas
nativa b está incorreta porque o efeito protetor obtido não no modelo. Assim, as conclusões de um estudo com análi-
teve significância estatística, ou seja, foi grande a probabili- se multivariada (o exemplo mais comum é o da regressão
dade de ele ter ocorrido por acaso ou variação amostral, pois logística múltipla) devem ser baseadas nessa análise e não
o intervalo de confiança (IC) do risco relativo (RR) protetor na análise univariada. A alternativa a está incorreta porque
(0,5, um valor menor do que 1,0) englobou o valor 1,0 da
a associação da vitamina C com o câncer colorretal (OR =
não associação ou não efeito (foi de 0,34 a 1,23), ou seja, tem
1,33) não apresentou significância estatística (o intervalo de
probabilidade maior do que 5% de ser 1,0. A alternativa c está
confiança IC da OR englobou o valor da não associa
incorreta porque a fase III dos estudos com drogas é exata-
ção ou 1,0). Com a dieta rica em cereais ocorreu o mesmo
mente a dos estudos individuais, experimentais, prospectivos
(alternativa b), por isso ela está correta. A alternativa c está
e analíticos: os ensaios clínicos randomizados. As drogas e
incorreta porque a polipose continuou associada ao câncer
tratamentos aprovados nessa fase podem ser oferecidos ao
após o ajuste (IC não englobou o valor 1,0). O uso da aspirina
mercado consumidor, pois essa é a fase de eficácia compara-
(alternativa d) perdeu intensidade, mas ganhou significância
da (sempre há grupo-controle), uma vez que a droga ou tra-
estatística, mostrando-se um fator de risco após o ajuste pelas
tamento já foi aprovado em fases pré-clínicas (em animais) e
nas fases I (segurança em indivíduos sadios) e II (segurança outras variáveis consideradas. Resposta b.
e eficácia em pacientes) da fase clínica. Algumas restrições,
porém, devem ser consideradas. Uma droga aprovada na fase
III e que é liberada para o mercado pelas agências regulado- 115. Foi decidido que seria selecionado 1 a cada 10 prontuá-
ras pode, depois de alguns anos, ser suspensa por causa da rios (certamente por causa do tamanho de amostra calcula-
fase IV ou de farmacovigilância (vigilância de medicamen- do, que não exigia todos os prontuários). Provavelmente sor-
tos). Efeitos colaterais não detectados na fase III podem apa- tearam um número inicial de 0 a 9 (deve ter sido o número 7)
recer quando milhões de pessoas utilizam o medicamento e a partir dele, com um “intervalo de amostragem” ou “fração
por tempo mais prolongado do que aquele que caracteriza amostral” de 10, definiram-se os prontuários a ser seleciona-
os ensaios clínicos da fase III (alguns poucos anos). Nessa dos. Trata se de uma amostra probabilística sistemática, útil
situação real algumas drogas podem ser eliminadas do mer- quando o universo amostral (as unidades amostrais da po-
cado, como ocorreu com o Vioxx (rofecoxib, um inibidor da pulação-alvo) ainda não está completo, vai acontecendo ao
cox-2) em 2004 e com os anti-inflamatórios Prexige (lumira-
longo do tempo (novos casos de tuberculose continuarão a
coxibe) e Arcoxia (etoricoxibe) em 2008. A alternativa d está
surgir, por exemplo). O problema da amostragem sistemática
indubitavelmente correta, pois o IC do RR calculado não foi
é que pode ocorrer de haver alguma coincidência que tam-
estatisticamente significante. Resposta d.
bém seja sistemática e o procedimento amostral fica enviesa-
do. Por exemplo, considere que se queira fazer uma amostra
de motivos de consulta em um pronto-socorro e que uma
113. Países (populações geograficamente definidas) são amostragem sistemática aponte apenas as segundas-feiras
comparados quanto a duas variáveis quantitativas: uma in- para avaliar as consultas realizadas. Pode ser que as consul
dependente, o consumo per capita de alimentos “x”, e uma tas de segundas-feiras sejam sistematicamente diferentes das
dependente, taxa de mortalidade pela doença “y”. Os dados consultas de outros dias úteis, pois se dão após o fim de se-
são secundários, obtidos de estatísticas populacionais; a uni- mana. Resposta b.

SJT Residência Médica – 2016


194
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

116. Observe a tabela do tipo 2 x 2 como a colocada a seguir, à esquerda da 15ª posição estarão outros 14 valores). O valor
construída com os dados da questão: da mediana de uma coleção par de valores como a apresen-
tada será dada pela média aritmética desse par de valores:
[(22,0+23,4)/2] = 22,7. Resposta a.

Tensão pré-menstrual
Melhora-
Mantida 119. No eixo 3 vão os valores da especificidade (proporção
ram
de negativos verdadeiros) dos pontos de corte dos testes
Sim 14 6 20
Extrato de soja diagnósticos que compõem as curvas ROC, indo de 0% a
Não 18 2 20 100% da direita para a esquerda. No eixo 2 vão os valores
32 8 40 da sensibilidade (proporção de positivos verdadeiros), indo
de 0% a 100% de baixo para cima. O teste de melhor poder
Trata-se da análise da associação entre duas variáveis cate- discriminatório é aquele que tem a maior área sob (abaixo)
góricas ou qualitativas. O teste inicial que deve ser aplicado, de sua curva ROC; neste exemplo, o teste da linha 5 é me-
como para qualquer tabela de contingência (2 x 2 ou k x n), é lhor que o teste da linha 6. A linha 4 corresponde a um teste
o qui-quadrado (opção inexistente nas alternativas). Porém, que não tem nenhum poder discriminatório. Tome qualquer
o qui-quadrado tem duas restrições importantes: não deve ponto desse segmento diagonal tracejado e verifique. Por
ser aplicado quando N < 20 (que não é o caso, pois N=40) e exemplo, tome o ponto central do segmento, próximo de
não deve ser aplicado quando mais do que 20% das caselas onde está anotado o numeral “4”. Nesse ponto, a sensibili-
(células) da tabela tiverem um número esperado de ocorrên- dade (S) será 50% e a especificidade (E) também será 50%.
cias, em caso de não associação entre as variáveis, menor do Logo, a probabilidade de um resultado positivo vir de um
que 5. A tabela do tipo 2 x 2 tem apenas 4 caselas; portanto, doente (0,5) é igual à de vir de um não doente (0,5), ou seja, a
uma delas, apenas, já soma 25% das caselas. O cálculo do nú- Razão de Verossimilhança Positiva (RV+) ou Likelihood Ra-
mero esperado em caso de não associação entre as variáveis tio Positiva (LR+) será 1 (a Negativa também será 1). Num
é dado pelo produto entre o total da linha da casela e o total outro ponto mais acima, na metade do caminho até o vértice
da coluna da casela e dividindo-se esse produto por N. Ob- superior direito do quadro, S será 0,75 e E será 0,25. A pro-
serve, por exemplo, a casela b (valor observado = 6). Para babilidade de um resultado positivo vir de um doente será
esta casela o valor esperado em caso de não associação seria 0,75 e a de um resultado positivo vir de um não doente será
[(20x8)/40] ou 4. Assim, a restrição do qui quadrado obriga também 0,75. Novamente, e sempre, nessa diagonal, LR, po-
o uso do teste exato de Fisher. O grupo que recebeu extrato de sitivas ou negativas, serão iguais a 1,0, não havendo qualquer
soja é independente do grupo que não recebeu (são grupos discriminação entre doentes e não doentes. A curva ROC de
diferentes; não é um mesmo grupo que recebeu inicialmente um exame perfeito resume-se a um único ponto, colocado
um tratamento e depois de algum tempo o outro tratamento, no vértice superior esquerdo da curva: qualquer resultado do
o que faria que cada mulher fosse controle dela mesma); por teste tem 100% tanto de sensibilidade como de especificida-
isso o teste é para amostras independentes. Resposta b. de. Resposta c.

117. Monte uma tabela do tipo 2 x 2 como a colocada a seguir: 120. As situações I e II descrevem, conjuntamente, um estudo
de coortes. Parece ser um ensaio clínico, mas não é; note-se
Câncer que os homens não são destinados para um grupo de interven-
ção e um grupo de controle (por sorteio ou por conveniência
Sim (X) Não (Y) do investigador). O que ocorre é o simples acompanhamento
Sim 21 72 por cinco anos de hipertensos tratados e de hipertensos não
Fator
Não 39 108 tratados: essas são as duas coortes. E, nesse caso, a medida
de associação é o risco relativo (RR). Mas, mesmo que fosse
60 180 240
um ensaio clínico, ante as alternativas apresentadas a resposta
OR = [(21x108)/(72x39)] = 0,808 ou 0,81. também seria RR, pois a eficácia ou redução relativa de risco
(RRR), típica medida de efeito (associação) dos ensaios clí-
Resposta d. nicos, nada mais é do que uma interpretação do próprio RR
quando ele é menor do que 1, exprimindo o grau de uma asso-
ciação negativa ou protetora. Resposta b.
118. Mesmo sem conhecer fórmulas para calcular medianas
é possível resolver facilmente essa questão. Há 30 valores
ordenados. A mediana é a posição central desses 30 valores 121. A “hipertensão não tratada” da questão anterior toma
ordenados. Como N é par, a posição dos valores da media- o lugar da “exposição” ou variável independente. É possível,
na é dupla: serão as posições 15 (posição N/2) e 16 (posição com os dados oferecidos, montar uma tabela do tipo 2 x 2,
[(N+2)/2]), pois à direita da 16ª posição estarão 14 valores e como a colocada a seguir:

SJT Residência Médica – 2016


195
11 Temas gerais

AVC incidente que fosse medido um desfecho: o coeficiente de inteligência)


e analítico (havia estratos de aleitamento que configuraram a
Sim Não
existência de grupos de controle). A medida do desfecho foi
Não tratada 8 100 risco relativo. Resposta b.
Hipertensão
Tratada 5 100
13 200
124. Peso ao nascer é aferido em quilogramas ou gramas,
A fração atribuível (ou fração etiológica) à exposição pode
uma variável numérica ou quantitativa contínua (admite fra-
ser calculada para os expostos (FAE) ou para a população
ções, é possível fazer contas e estabelecer a exata diferença
total (FAP). Essas frações respondem pela porcentagem de
casos atribuíveis à exposição entre o total de casos ocorri- ou razão entre os valores). O número de filhos é também va-
dos, seja nos expostos (FAE), seja na população total (FAP). riável numérica, mas discreta, não admite frações. Grau de
A incidência de AVC no grupo controle (o tratado), que in- queimadura e classe social são variáveis qualitativas ou ca
depende da exposição (o não tratamento), foi 5/100. Have- tegóricas, mas admitem ordem, ou seja, é possível saber que
ria, portanto, dentre os 8 casos de AVC dos 100 homens não uma categoria é maior ou mais intensa que outra, mas contas
tratados, 5 (cinco) que, em tese, aconteceriam de qualquer e relações exatas entre elas não é possível como o é para os
maneira. Seria a incidência inevitável de AVC apesar do tra- valores das variáveis quantitativas contínuas. Atenção com a
tamento da hipertensão. Mas ocorreram 8 casos, ou seja, 3 anotação dessas variáveis categóricas ordinais: muitas vezes
(três) casos a mais; três casos que são, então, atribuíveis ao adotam-se números como grau 1, 2, 3 ou I, II, III e IV para
não tratamento. Assim, o tratamento evitaria 3 dos 8 casos nomeá-las, mas esse procedimento não significa que sejam
dos expostos (37,5%) e evitaria 3 dos 13 casos do total da po- numéricas; ao invés de números, poderiam ser adotadas le-
pulação (23,1%). A FAE é 37,5% e a FAP é 23,1%. A ressalva tras, por exemplo. Sexo e nacionalidade são variáveis quali-
que fica neste teste é que o enunciado não especificou a qual tativas ou categóricas nominais: não há qualquer ordem em
fração atribuível se referia. Resposta d. seus estratos. Resposta b.

122. A resposta I está incorreta porque tanto o viés de adesão 125. Quando uma distribuição normal tem seus parâmetros
como o viés de tempo de duração podem fazer o rastreamen- (média e desvio-padrão) fornecidos, é possível conhecer a
to parecer melhor para salvar vidas do que na verdade o seja. proporção de dados dentro e fora de intervalos determinados
Pessoas que aderem, que se voluntariam e aceitam o rastrea- por esses parâmetros. Sabe-se que na distribuição normal ou
mento podem ser sistematicamente diferentes de pessoas que gaussiana 95% dos dados estão contidos entre os valores da
não aderem e, somente por isso, terem melhor prognóstico. média subtraída de 1,96 desvio-padrão e a média acrescida
O viés de tempo de duração (viés de tempo decorrido, viés de 1,96 desvio-padrão. O desvio-padrão é calculado pela raiz
do tempo de maturação, lenght time bias) ocorre porque cân- quadrada da variância (uma medida de dispersão dos valores
ceres de crescimento mais lento, mais insidioso, indolentes em torno da média). Assim, a distribuição de valores do ferro
(e, portanto, de melhor prognóstico) têm maior probabilida- sérico da população norueguesa tem média de 100 mcg/dL e
de de serem detectados em rastreamentos do que cânceres desvio-padrão de 5 mcg/dL, que é o valor da raiz quadrada
mais agressivos, que rapidamente vão à clínica por causa dos de 25. Portanto, 95% dos valores estarão entre [100 mcg/dL
sintomas (rastreamentos são aplicados a pessoas assintomá-
– (1,96 x 5 mcg/dL)] e [100 mcg/dL + (1,96 x 5 mcg/dL)] ou
ticas). Ambos os vieses citados são vieses de seleção. A res-
[90,2 mcg/dL] e [109,8 mcg/dL]. Resposta a.
posta II está também incorreta porque a medida do tempo
de sobrevida após o diagnóstico pelo rastreamento pode em-
butir o viés de tempo ganho (viés do tempo de incubação,
viés do tempo de antecipação, lead time bias), ou seja, pode 126. A questão, de estatística descritiva, propõe investigar
ser um período apenas de antecipação do diagnóstico (pelo a associação entre duas variáveis quantitativas contínuas.
diagnóstico precoce) e de tempo de doença sem, na verdade, A maneira mais correta para tal é calcular o coeficiente de
acrescentar tempo de sobrevida ao paciente. A resposta III correlação de Pearson (que varia de –1 a +1) e o gráfico que
está correta; para se provar que um rastreamento de fato sal- representa a relação é o diagrama de dispersão. Cada grande
va vidas ou aumenta a duração da vida é preciso fazê-lo ser cidade é localizada num gráfico bidimensional a depender
a intervenção em um ensaio clínico casualizado e medir as de seu valor no eixo X, o eixo da renda mensal per capita
taxas de mortalidade estratoetárias-específicas, pela doença (variável independente) e no eixo Y, o eixo da mortalidade na
e por todas as causas. Resposta c. população com menos de 5 anos de idade. A distribuição dos
pontos dá ideia de quão relacionados eles estão, podendo-se,
além do coeficiente citado, calcular a equação de uma reta de
123. Trata-se de estudo individual (a unidade de análise ou regressão que tente exprimir matematicamente a variação da
observação foi cada criança nascida e elas foram estratifi- mortalidade em função da renda mensal per capita. O gráfico
cadas segundo o aleitamento nos seis primeiros meses de a seguir foi construído com os dados fornecidos, mostrando
vida), observacional (não houve intervenção), prospectivo uma correlação negativa entre as variáveis: quanto maior a
(as crianças foram avaliadas após um período de tempo para renda, menor a mortalidade:

SJT Residência Médica – 2016


196
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

6
horas de sono nesses dias deslocadas para mais (para cima)
5
em relação aos outros dias. Há, porém, maior variabilidade
de horas de sono nos fins de semana (os retângulos são mais
4
longos do que os de terças, quartas e quintas-feiras). Testes
3
estatísticos próprios para a situação informarão se as diferen-
2
ças são estatisticamente significantes.
1
0
30 40 50 60 70 80
12
\s 11
10
9

Time Slept (Hours)


Resposta d. 8
7
127. A questão, de estatística descritiva, propõe a visualiza- 6
ção do efeito (possível comportamento diferencial da perda 5
4
de peso por tipo de droga) de um experimento conduzido 3
em dois grupos de mulheres obesas. O que se deseja, en- 2
tão, é mostrar a variação da perda de peso de um grupo 1

e de outro (a variável é quantitativa contínua). A melhor 0

maneira é utilizar o chamado box-plot, um gráfico no qual Mon Tues Wed Thurs Fri Sat Sun

se podem colocar vários grupos que são imediatamente


comparados quanto a suas medianas, quanto à distribuição
de seus valores individuais em cada grupo (quartis de dis-
tribuição) e quanto aos valores extremos de cada grupo. A O diagrama de Lexis (alternativa c) é um gráfico complexo,
seguir está um exemplo de box-plot. O retângulo é delimi- com uma trama de retas paralelas e de diagonais, muito utili-
tado inferiormente pelo valor do primeiro quartil (Q1, ou zado pela Demografia para visualizar eventos (morte, sobre-
percentil 25), que separa os primeiros 25% dos valores da vida) de uma coorte de nascimentos à medida que evolui o
variável apresentada; e superiormente pelo terceiro quartil tempo. No eixo X é colocado o tempo histórico (anos-calen
(Q3, ou percentil 75), que separa os últimos 25% dos va- dário) e no Y o tempo de vida. Resposta d.
lores da variável apresentada. O retângulo contém, então,
50% do total de dados da variável apresentada. Em algum
lugar do retângulo há um traço horizontal que indica o va-
128. Nesse ensaio clínico a variável independente é o trata-
lor da mediana da distribuição (que corresponde ao percen-
mento (experimental ou placebo) e a dependente (efeito) é
til 50). Valores muito fora da distribuição são identificados
a perda de peso. A variável independente é qualitativa (ca-
como “outliers” e devem ser verificados porque podem cor-
tegórica) nominal. A variável dependente provavelmente é
responder a erros de medida ou de digitação.
quantitativa contínua (quilos ou gramas de perda de peso
ou porcentagem média de perda de peso em cada grupo de
Scale intervenção). Sendo a variável dependente uma variável nu-
100 mérica, o teste indicado para comparar apenas dois grupos é
90 Upper Extreme
o T de Student (se fossem três ou mais grupos seria a Análise
de Variância ou Anova). Os dois grupos são independentes
80
Upper Quartile ou não pareados: os valores de perda de peso de um grupo
70 não dependem dos valores de perda de peso do outro gru-
po. Convém assinalar que se o experimento fosse conduzido
60
Median apenas em um grupo de mulheres que tomam um único me-
50 dicamento, teríamos uma média de peso antes da medicação
40
e uma média de peso depois da medicação. Como cada mu-
Lower Quartile
lher teria funcionado como controle dela mesma (seu peso
30 depois da intervenção é dependente de seu peso antes da in-
20 Whisker tervenção), deveria ser aplicado um teste T de Student para
amostras dependentes ou pareadas: seriam também dois gru-
10 Lower Extreme
pos, um formado pelos pesos antes da medicação e o outro
Outlier/single data point
0 pelos pesos depois da medicação. Wilcoxon é um teste não
paramétrico (não usa média e desvio-padrão) para comparar
O gráfico a seguir apresenta vários box-plot para comparação. medianas de dois grupos dependentes ou pareados. Frequen
No caso, trata-se de horas de sono nos sete dias da semana. temente é utilizado em lugar do teste T de Student pareado
Facilmente se observa que se dorme bem mais nas sextas-fei- quando não satisfeitas as condições para o uso desse último:
ras e nos sábados, com medianas de horas de sono superio- distribuição normal dos valores dos grupos e N>30, ou seja,
res às dos outros dias da semana e com as distribuições das amostras pequenas. Resposta e.

SJT Residência Médica – 2016


197
11 Temas gerais

129. Curvas ROC estão relacionadas a testes diagnósticos, bém está presente (alternativa c), afinal, o estudo é prospec-
pois são utilizadas para duas finalidades principais: definir tivo e, seguramente, o efeito (infarto agudo do miocárdio)
qual o melhor (mais acurado) exame, se houver mais de um, veio, no tempo, depois da verificação da massa ventricular
para o diagnóstico de uma mesma doença e definir qual o esquerda. Não existe consistência de resultados (alternativa
melhor ponto de corte (cut off) para qualquer dos exames. d) porque se está analisando o resultado de um único estudo;
As curvas ROC são desenhadas plotando-se, em um gráfico, consistência exige vários estudos que, com diferentes deli-
os valores da sensibilidade e da especificidade de cada pos- neamentos, apontam na mesma direção com o mesmo grau.
sível ponto de corte de um exame diagnóstico. O gráfico é Plausibilidade biológica (alternativa e) parece estar presente,
um quadrado em que a sensibilidade (proporção de positi- uma vez que estudos de fisiologia associam massa ventricu-
vos verdadeiros) estará representada no eixo Y (indo de 0% a lar a consumo de oxigênio e isquemia miocárdica. Como o
100% de baixo para cima) e o complementar da especificida- enunciado fornece resultados numéricos, quantitativos, é de
de (1-Especificidade, a proporção de falsos positivos) no eixo se pensar que a resposta ao teste tenha caráter quantitativo,
X (indo de 0% a 100% da esquerda para a direita). Assim, o o que remeteria às alternativas a ou b. Como são forneci-
ponto de máxima sensibilidade e máxima especificidade es- dos resultados de risco relativo para três estratos de massa
tará no vértice esquerdo superior do quadrado, que equivale muscular para serem comparados com o grupo de referência
à curva ROC perfeita, de um exame totalmente acurado. As (massa ventricular esquerda normal), é de se imaginar que o
curvas ROC mostram claramente que quando se tem muita autor da questão tenha valorizado mais o gradiente do que o
sensibilidade (desejável nos rastreamentos), tende-se a ter grau da associação. Resposta (subjetiva) b.
pouca especificidade, o que faz com que haja um número
considerável de resultados falsos positivos entre os resultados
132. O período de incubação de uma doença transmissível é
positivos (alternativa d). Resposta e.
variável, mas tem uma distribuição próxima da normal. Ele é
considerado como sendo o tempo que transcorre entre a ex-
posição e o tempo médio em que surgem os sintomas atribu-
130. Este é um teste que exige conhecimento bastante bási- íveis à suposta infecção. Se o período de incubação é de nove
co sobre delineamento de estudos epidemiológicos. Convém dias e no dia 19 de agosto ocorreu a maioria dos casos da do-
salientar a penúltima frase, sobre os estudos do tipo casos- ença YYY, caracterizando esse dia (pelo gráfico apresentado)
-controles (importantes para analisar, além de fatores de ris- como o período médio de surgimento dos casos, então 9 dias
co para doenças raras, situações de surtos ou agravos des- antes (que é o período de incubação da doença) deve ser a
conhecidos). De fato, na investigação de surtos e epidemias, data da ocorrência da exposição ao agente causal. Resposta c.
uma vez formuladas hipóteses sobre fontes de infecção, vias
de transmissão, possíveis agentes etiológicos e fatores de risco,
é muito frequente que se conduzam estudos desse tipo para
testar tais hipóteses. Comparam-se os casos identificados pela 133. Casos devidos ao tabagismo são casos atribuíveis ao ta-
Vigilância Epidemiológica a outras pessoas que não são caso bagismo. Uma porcentagem de casos de uma doença que é
(controles) visando identificar fatores de risco que deem base a atribuível a uma exposição configura uma Fração Atribuível
medidas de controle a serem implementadas. Na investigação (ou Fração Etiológica) à exposição, seja para expostos ao fa-
inicial de agravos novos ou desconhecidos, a única opção de tor de risco (FAE), seja para a população total, de expostos e
investigação etiológica ou de fatores de risco é o delineamento de não expostos (FAP). As alternativas, porém, não apresen-
caso-controle. É o que ocorreu no conhecido episódio de car- tam nenhuma fração atribuível, apenas o risco atribuível, que
cinoma de vulva e vagina em adolescentes associado ao uso de é o responsável pelo numerador de uma fração atribuível. A
dietilestilbestrol por suas mães durante a gestação. Resposta e. rigor não há resposta para esse teste, mas a melhor, dentre as
possíveis, é Resposta b.

131. São muitos os critérios para que se estabeleça a causa-


lidade numa associação estatística; e nunca todos eles estão 134. As alternativas não trazem todas as etapas da investi-
presentes num único estudo. A associação apresentada tem gação de um surto ou epidemia, que podem ser encontradas
grau, força (alternativa a) ou intensidade (o grupo com eleva- no Guia de Vigilância à Saúde 2014, do Ministério da Saúde,
ção “severa” da massa ventricular esquerda tem risco relativo p. 781-787. Mesmo assim é possível verificar que as alterna-
de 3,0 (com significância estatística – observe-se o intervalo tivas a e b estão incorretas porque propõe, em fase inicial, já
de confiança) em relação ao grupo com massa ventricular testar hipóteses (que seria, por exemplo, a condução de um
esquerda “normal”). Não chega a ter valores tão intensos estudo do tipo casos-controles para confirmar se determina-
quanto o grau da associação entre tabagismo e câncer do dos fatores suspeitos podem mesmo ser considerados fatores
pulmão (RR da ordem de 10 a 14), mas não é desprezível. de risco para os casos). Antes de testar hipóteses é preciso
Existe, também, a presença de relação dose-resposta ou gra- formulá-las e, para isso, é preciso caracterizar a epidemia ou
diente (alternativa b): o grau da associação passa de 1,5 para surto com base nas variáveis ligadas a tempo, lugar e carac-
1,9 e chega a 3,0, ou seja, mantém uma tendência de aumento terísticas das pessoas. E antes dessa caracterização é preciso
e chega, no máximo, a dobrar em relação ao primeiro grupo confirmar que estava ocorrendo uma epidemia (diagrama de
de exposição. Observe-se, porém, que o valor de RR = 1,5 controle) e não apenas uma variação sazonal. E ainda antes
não tem significância estatística. A sequência temporal tam- dessa confirmação teria sido preciso confirmar o diagnóstico

SJT Residência Médica – 2016


198
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

da doença em questão, verificando se as suspeitas de casos


iniciais enquadravam-se nas definições de caso suspeito ou 141. Medidas de ocorrência de doenças e agravos à saú-
confirmado d e acordo com as orientações publicadas pela de (alternativa a) são prevalência e incidência; ambas são
vigilância epidemiológica. A alternativa c está incorreta por- medidas que descrevem, quantificam a frequência das
que propõe iniciar as medidas de controle antes que se ca- doenças e agravos. Apenas a relação entre elas (razão de
racterize a epidemia por suas características que são, exata- prevalências, razão de incidências) visa investigar a exis-
mente, aquelas necessárias para a proposição de medidas de tência de associação entre variáveis (alternativa d). Uma
controle. Resposta d. das condições para que a odds ratio (OR) num estudo
caso-controle seja uma boa estimativa numérica do risco
relativo (RR) num estudo de coortes é que a doença seja
135. Três casos fatais em nove casos de dengue hemorrágico rara (alternativa c). Essa questão é puramente matemática
conformam a proporção de 33% de letalidade (óbitos por uma (demonstrada em aula), pois no caso de doença rara (fre-
doença/casos clínicos da doença). Fatalidade é uma tradução quência <5%), na tabela do tipo 2 x 2 a casela b fica nu
ruim de “case fatality rate”, da língua inglesa. Resposta c. mericamente semelhante à casela a+b e a casela c, à casela
c+d. Nessas condições as fórmulas (ad/bc), da OR, e {[a/
(a+b)] / [c/(c+d)]}, do RR, dão resultado muito semelhan-
te. Quanto às alternativas b e d, o RR seria dado pela razão
136. Apenas a toxoplasmose, dentre as apresentadas, não é
entre 15% (risco de morrer dos expostos à intervenção) e
doença de notificação compulsória segundo a portaria atual-
20% (risco de morrer dos não expostos à intervenção ou
mente vigente (dezembro de 2015). Resposta b.
grupo-controle), ou seja, 0,75 (sendo a eficácia = 1–0,75 =
0,25 ou 25% de redução na mortalidade). Resposta a.

138. Entenda “resultado” como “efeito” ou “desfecho”, nesse


teste em que (e não “onde”) a redação teve pouco capricho.
Estudos que se iniciam a partir de um único desfecho ou va- 142. Este é o conceito de incidência ou, mais explicitamente
riável dependente, e nos quais se podem investigar múltiplas definida, para que não se confunda com a chamada “densi-
variáveis independentes ou exposições, são os estudos do dade de incidência”, o conceito de incidência acumulada. Há
tipo caso-controle. Resposta a. dois tipos de medidas de incidência: a acumulada e a taxa
(ou densidade) de incidência. Tanto a alternativa a como d
estão corretas. No próprio livro do autor citado (Medronho,
2002), observa-se que “Incidência acumulada” é um subitem
139. É evidente que o resultado da pesquisa acontecerá do item ‘Incidência”. Resposta oficial a.
depois de a pesquisa ter sido realizada (alternativa d). Se o
desfecho é raro (alternativa a), estudos de coorte podem ser
pouco produtivos, a não ser que sejam multicêntricos, com 143. A análise dos óbitos por local de residência tende a
muitos (milhares) indivíduos. Se a exposição é rara, estu- minimizar (e não a maximizar, como afirma a alternativa b)
dos de coorte, que selecionam os indivíduos justamente pela as distorções do CMG, pois, se assim não fosse, os locais com
exposição, são os mais indicados (alternativa b). A relação hospitais e centros de atendimento de casos mais graves e
exposição-desfecho pode ajudar a calcular o tamanho de fatais teriam coeficientes de mortalidade (por local de ocor-
amostra necessário para detectar como significantes asso- rência do óbito) artificialmente superestimados. As demais
ciações importantes do ponto de vista clínico (alternativa c). alternativas estão corretas. Resposta b
Os recursos disponíveis são importante fator limitador para
a escolha do delineamento; estudos de coorte tendem a ser
muito dispendiosos. Resposta d.
144. Estação do ano e sazão são sinônimos. O intervalo en-
tre as variações cíclicas é medido em anos. Entre as sazo-
nais, em meses. O ciclo de uma variação sazonal repete-se
140. As alternativas a, b e d (características de pessoas, lugar ano a ano. Resposta b
e tempo) referem-se ou a estudos individuais de prevalência,
ou a estudos ecológicos descritivos (de múltiplos grupos ou
de séries temporais), tipicamente descritivos. Séries e relatos 145. Previsão de cura não é critério para seleção de doenças
de casos (alternativa e), por não terem grupos de compa- que devam ser de notificação compulsória. Se, por exemplo,
ração, são também descritivos. Estudos analíticos investi- a doença for passível de prevenção, isso seria bastante inte-
gam a existência e o grau de associação entre variável(eis) ressante de ser considerado como critério de eleição dessa
independente(s) (exposição ou intervenção) e variável(eis) doença, independentemente de haver ou não cura para a
dependente(s) (efeito ou desfecho); são exemplos os estudos mesma. O critério que mais se aproxima desse conceito é a
de coortes, os casos-controles, os ensaios clínicos e comuni- denominada vulnerabilidade: existir algum mecanismo de
tários (ecológicos experimentais) e os ecológicos de correla- controle (ou mesmo cura) para a doença candidata à noti-
ção. Resposta c. ficação. Resposta e.

SJT Residência Médica – 2016


199
11 Temas gerais

146. Trata-se de estudo observacional (não há intervenção), humana transmitida por animais domésticos, sarampo,
individual (pessoas são selecionadas) e analítico (existe um síndrome da rubéola congênita tétano neonatal e varío-
grupo de comparação). Tanto pode ser estudo de coorte la; com tendência declinante: coqueluche, difteria, febre
como estudo do tipo caso-controle. Como o estudo se inicia tifoide, internação por complicações pós-influenza (prin-
a partir do efeito (pessoas com ou sem uma determinada do- cipalmente em idosos), meningite por H. influenzae tipo
ença serão investigadas quanto a suas exposições pregressas), b, rubéola e tétano acidental; limitadas a áreas restritas:
somente pode ser do tipo casos-controles. Resposta b. febre amarela, filariose, oncocercose e peste; emergentes:
aids, febre maculosa brasileira e hantavirose; reemergen-
tes: cólera e dengue; em situação de persistência: aciden-
147. Trata se de estudo observacional (não há intervenção), tes por animais peçonhentos, esquistossomose mansônica,
individual (pessoas são selecionadas) e analítico (existe um hanseníase, hepatites, leishmaniose, leptospirose, malária,
grupo de comparação). Tanto pode ser estudo de coorte meningites, tracoma e tuberculose. Naquela época, apenas
como estudo do tipo caso-controle. Como o estudo se inicia o tétano acidental, dentre as doenças listadas, não tinha
a partir da exposição (pessoas com ou sem uma determinada tendência de persistência. Resposta e.
exposição ou fator de risco serão acompanhadas ao longo do
tempo para que seja medida a incidência de uma doença),
somente pode ser do tipo coortes. Resposta a.
151. Este teste reporta-se a termos classificatórios utiliza-
dos em 2006, quando a Secretaria de Vigilância em Saúde/
Ministério da Saúde publicou o livro “Vigilância em Saúde
148. A Ficha Individual de Investigação (FII) configura-se, no SUS – fortalecendo a capacidade de resposta aos velhos
na maioria das vezes, como um roteiro de investigação, dis- e novos desafios”. Nessa publicação as doenças eram classi-
tinto para cada tipo de agravo, que deve ser utilizado, pre- ficadas conforme sua frequência como estando: em franco
ferencialmente, pelos serviços municipais de vigilância ou declínio: doença de Chagas, poliomielite, raiva humana
unidades de saúde capacitados para realização da investiga- transmitida por animais domésticos, sarampo, síndrome da
ção epidemiológica. Esta ficha permite levantar dados que rubéola congênita tétano neonatal e varíola; com tendência
possibilitam a identificação da fonte de infecção e dos me- declinante: coqueluche, difteria, febre tifoide, internação
canismos de transmissão da doença. Os dados, gerados nas por complicações pós-influenza (principalmente em idosos),
áreas de abrangência dos respectivos estados e municípios, meningite por H. influenzae tipo b, rubéola e tétano aciden-
devem ser consolidados e analisados, considerando aspectos tal; limitadas a áreas restritas: febre amarela, filariose, onco-
relativos à organização, sensibilidade e cobertura do próprio cercose e peste; emergentes: AIDS, febre maculosa brasileira
sistema de notificação e das atividades de vigilância epide- e hantavirose; reemergentes: cólera e dengue; em situação
miológica. Dentre as alternativas apresentadas, com exceção de persistência: acidentes por animais peçonhentos, esquis-
da a, todas as outras são contempladas nas FII. Você pode tossomose mansônica, hanseníase, hepatites, leishmaniose,
analisá-las buscando-as no endereço eletrônico abaixo colo- leptospirose, malária, meningites, tracoma e tuberculose.
cado, cujo acesso deu-se em 27/2/2015. Naquela época, apenas a febre amarela silvestre, dentre as
http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/cve fichas.htm doenças listadas, não tinha tendência decrescente.
Resposta a. Atualmente essas informações já não são as mesmas. A
coqueluche, por exemplo, vem apresentando, ao con-
trário de tendência decrescente, importante aumento.
149. Em agosto de 2010 foi suspensa a portaria de 2006 referi- Veja o gráfico abaixo, retirado de publicação de 2014 da
da no enunciado desta questão. Não bastasse isso, em 2011 foi Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde
substituída a portaria de 2010; a portaria de 2011, por sua vez, “Saúde Brasil 2013 – Uma análise da situação de saúde e
foi substituída novamente em junho de 2014 (e esta está em vi- das doenças transmissíveis relacionadas à pobreza”. Ele
gência atualmente – março de 2015). Assim, este teste já não tem mostra claramente uma recrudescência da coqueluche a
mais qualquer significado, uma vez que as portarias atualizam-se partir de 2011 no país. O texto a seguir foi retirado da
visando o melhor controle das doenças e agravos mais importan- mesma publicação que contém o gráfico.
tes em termos de Saúde Pública. Apenas por razões históricas, a “Com o incremento das coberturas vacinais, a partir da se-
alternativa correta (até agosto de 2010) seria a b: em relação ao té- gunda metade da década de 90, do século passado, obser-
tano neonatal, apenas os casos confirmados eram de notificação vou-se uma redução acentuada da incidência de coqueluche
imediata. Teste atualmente (2015) descontextualizado. (Gráfico 11). Naquela década, a cobertura vacinal alcança-
da estava em torno de 70% e a incidência da doença era de
aproximadamente 10/100 mil habitantes. À medida que as
150. Este teste reporta-se a termos classificatórios utiliza- coberturas se elevaram para valores próximos a 95% e 100%,
dos em 2006, quando a Secretaria de Vigilância em Saúde/ no período de 1998 a 2000, observou-se que a incidência se
Ministério da Saúde publicou o livro “Vigilância em Saúde reduziu para 0,9/100 mil habitantes. Com a manutenção das
no SUS fortalecendo a capacidade de resposta aos ve- altas coberturas vacinais, na última década, a incidência va-
lhos e novos desafios”. Nessa publicação as doenças eram riou entre 0,72/100 mil em 2004, a 0,32/100 mil habitantes,
classificadas conforme sua frequência como estando: em em 2010. No entanto, a partir de meados de 2011, observou
franco declínio: doença de Chagas, poliomielite, raiva -se aumento do número de casos da doença no País.

SJT Residência Médica – 2016


200
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

As razões para o aumento de casos de coqueluche não são facilmente identificáveis, porém algumas hipóteses podem ser
levantadas: as mudanças observadas na vigilância da doença, com o aumento da sua sensibilidade e especificidade, com
a incorporação do diagnóstico por técnicas biomoleculares, aliadas a uma maior suspeição por parte da rede assistencial.
Por outro lado, a eficácia da vacina de células inteiras apresenta limitações (as estimativas de eficácia variam entre 36% e
98%), e a duração da proteção conferida pela vacina é também limitada (a proteção decresce 50% entre 6 e 12 anos após a
vacinação). Sabe-se também que a ocorrência da coqueluche é cíclica, com intervalos de 3 a 5 anos, com incremento espe-
rado no número de casos.
O aumento do número de casos no Brasil deve-se principalmente a ocorrência entre os menores de 1 ano. Este gru-
po etário concentra mais de 70% dos casos, a maioria entre os menores de 6 meses, antes da idade preconizada para
completar o esquema básico de imunização (três doses da vacina “pentavalente” – DTP+HIB+HepB, aos 2, 4 e 6 meses
de idade), no esquema preconizado pelo PNI/Ministério da Saúde. A letalidade da doença também foi mais elevada
no grupo das crianças menores de 1 ano, particularmente naquelas com menos de 6 meses de idade, que concentram
quase todos os óbitos por coqueluche. Nos anos de 2011, 2012 e 2013, foram registrados 56, 86 e 107 óbitos, respecti-
vamente, com letalidade de 2,5%, 1,6% e 1,7%, ao ano. A maior parte dos óbitos registrados foi em crianças com idade
igual ou inferior a 1 ano de idade. A observação do aumento do número de casos de coqueluche vem sendo feita não
apenas no Brasil, mas também nos Estados Unidos, na Europa Ocidental e na Argentina. Na América do Norte e na
Europa Ocidental há registros de ocorrência de surtos entre adolescentes e adultos jovens, o que seria um diferencial
entre a situação nesses locais e a brasileira. Entretanto, a observação da distribuição etária dos casos notificados nos
EUA demonstra que a maior incidência está entre os menores de um 1 de idade. A concentração de casos entre os
menores de 1 ano no Brasil sugere a existência de um reservatório do agente infeccioso entre os adultos jovens (mães
e pais) que estariam transmitindo o agente aos seus bebês. Esses casos entre adultos jovens não vêm sendo detectados
pela vigilância epidemiológica. À semelhança dos EUA, o Brasil pretende implantar ainda, em 2014, a vacinação de
grávidas por meio da vacina pertússis acelular, como medida de controle para a ocorrência da doença entre os me-
nores de 6 meses”.

Coeficiente de incidência de coqueluche (por 100 mil habitantes) e cobertura vacinal


com DTP e DTP + HIB – Brasil, 1990 a 2013

12 120

10 100

Cobertura vacinal (%)


Coef. incidência

8 80

6 60

4 40
2,8 3,3

2 20
1,2
0,3
0 0
1990

1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
3004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

Coef. incidência/100.000 hab. Ano


Cobertura vacinal

Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). *2013 - Vacina pentavalente, dados preliminares.

Resposta d.

152. Melhor do que medida de “magnitude” seria escrever medida de associação ou medida de efeito. A odds ratio origina-se
de estudos do tipo caso-controle. Estudo que tem intervenção é o estudo experimental (podendo ser ecológico ou individual);
neste caso, a opção oferecida é o ensaio clínico. O início de um estudo epidemiológico a partir da variável dependente (des-
fecho, efeito) caracteriza o desenho retrospectivo: caso-controle. O único desenho de estudo capaz de calcular prevalências é
o transversal. Resposta c.

SJT Residência Médica – 2016


201
11 Temas gerais

153. A única alternativa que compreende uma incidência re- 157. A alternativa a está correta, pois existe uma tendên-
lativamente constante por longo período de tempo (ainda que cia de estudos ditos “positivos” (os que rejeitam a hipó-
permita variações sazonais), é a última. Todas as outras com- tese de nulidade, detectam uma associação ou uma di-
preendem variações do conceito de epidemia. Resposta e. ferença como estatisticamente significantes) serem mais
publicados que estudos ditos “negativos”. Assim, os estu-
dos publicados tendem a ser sistematicamente diferen-
154. O gabarito oficial deste teste aponta como correta a tes do total de estudos que existam sobre o assunto em
alternativa a. Um indicador (opção C da segunda coluna), pauta. Por isso mesmo a alternativa d é a incorreta, a ser
pelo gabarito oficial, tanto poderia “orientar decisões” como apontada, pois o viés de publicação é sempre uma pos-
representar “medidas absolutas ou relativas”. Então, logica- sibilidade concreta nas metanálises. O gráfico do funil
mente, poderia representar “medidas relativas” somente (a (funnel plot) existe justamente para detectar se houve ou
segunda opção da primeira coluna). Um coeficiente (opção não viés de publicação na reunião sistemática de artigos
A da segunda coluna) tanto poderia representar “medidas para a metanálise (alternativa b). Resposta d.
relativas” como “comparar riscos”. Um coeficiente, porém
(uma incidência, uma mortalidade), não compara riscos; não
é uma medida que relaciona dois riscos; é uma medida de um 158. Os dados apresentados sugerem a construção de uma
risco apenas, um risco absoluto e não um risco relativo. Des- tabela do tipo 2 x 2, como a apresentada abaixo, para avaliar
sa maneira, nota-se que este teste é confuso e não mantém o desempenho do teste diagnóstico B em relação ao teste A,
nem congruência interna, haja vista a resposta que indica considerado como padrão ouro ou gold standard (“a melhor
como correta. O fato é que existe muita confusão e falta de tecnologia para o diagnóstico da referida afecção”). Trezen
unanimidade no uso dos termos colocados nesta questão, de tos indivíduos suspeitos são testados com o teste B e tal teste
modo que isso não deveria ser colocado numa prova de ava- detecta 240 casos (positivos ao teste B)e, portanto, 60 ne-
liação. Verifique, em sua apostila, um teste muito semelhante gativos pelo teste B. Porém, há o relato que, destes 240, 20
a este, apresentado pela mesma entidade (AMP - Associação foram considerados negativos pelo teste A; logo, 220 são os
Médica do Paraná) em 2014. Teste sem resposta. positivos tanto pelo teste A como pelo B. O teste A detectou
como positivos 90% dos 300 suspeitos (ou seja, 270 é o total
de positivos pelo teste A). Assim, haveria 50 positivos pelo
teste A, mas negativos pelo B.
155. Odds ratios (OR) menores do que 1,0 indicam associa-
ção negativa ou protetora entre as variáveis relativas à casela
A da tabela do tipo 2 x 2. (uso de condom e história de sífilis).
Teste A
Como o intervalo de confiança de 0,65 não englobou o va-
lor 1,0, a associação negativa ou protetora tem significância Positivo Negativo
estatística. Por isso pode-se afirmar que a chance de uso de Positivo 220 20 240
condom para pessoas com história de sífilis (122/67) foi me- Teste B
Negativo 50 10 60
nor do que para pessoas sem história de sífilis (4.017/1.444).
270 30 300
Se a tabela apresentada fosse invertida, numa apresentação
mais costumeira (o “fator de risco” e “a doença” associados
na casela A), teríamos a seguinte conformação: Com a tabela totalmente preenchida, pode-se calcular:
• sensibilidade de B: 220/270 = 81,5%
• especificidade de B: 10/30 = 33,3%
Hist. de sífilis
Sim Não • valor preditivo positivo de B: 220/240 = 91,7%
Não 67 1 444 • valor preditivo negativo de B: 10/60 = 16,7%
Uso de condom
Sim 122 4.017 • prevalência da afecção: 270/300 = 90,0%
Não há alternativa correta para este teste. O gabarito oficial
apontou a resposta b.
OR seria: (67 x 4.017) / (1.444 x 122) = 1,53 (que é o inverso
de 0,65)
A interpretação, equivalente à já apresentada, seria: “a chance 159. Quando se comparam homens com e sem uma determi-
das pessoas com história de sífilis não terem usado condom nada doença, sem que haja intervenção, mas apenas obser-
(67/122) foi 53% maior do que a das pessoas sem história de vação de uma exposição pregressa (trabalho noturno, rela-
sífilis (1.444/4.017)”. Resposta d. cionado neste estudo, certamente, com a menor produção de
melatonina), está-se diante de um estudo individual (ainda
que seja de base populacional e não de um serviço especiali
156. O valor preditivo positivo (VPP) será dado pela propor- zado ou de uma fábrica, pois cada indivíduo contribuiu com
ção de positivos verdadeiros entre os resultados positivos do informações a serem agregadas), observacional, retrospec-
exame. Assim, VPP = 180/(180+220) = 180/400 = 0,45 ou tivo e analítico, ou seja, um estudo do tipo casos-controles.
45%. Resposta d. Todas as odds ratios (ORs) apresentadas são maiores do que

SJT Residência Médica – 2016


202
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

1,0, sugerindo associação positiva ou nociva entre o trabalho por capítulos da CID-10, por exemplo, ela revela o “perfil de
noturno e os cânceres. Porém, o intervalo de confiança das mortalidade” ou a “estrutura de causas de morte” de uma po-
ORs mostra significância estatística apenas para os cânceres pulação. MP não mede risco (alternativa d). O risco de morte
de pulmão e de bexiga (por não englobarem o valor unitário, por uma doença pode, por exemplo, estar constante ao longo
que é o da não associação). Resposta d. de anos, mas a MP por essa doença pode estar aumentando
(se os riscos de morrer pelas outras causas de morte estive-
rem diminuindo) ou diminuindo (se os riscos de morrer pe-
160. O objetivo principal da casualização, aleatorização ou las outras causas de morte estiverem aumentando). Por não
randomização nos ensaios clínicos é produzir grupos que poderem ser interpretadas como risco, não é aconselhável
sejam comparáveis quanto a uma série de variáveis que pos- que MPs sejam base de interpretação de séries históricas ou
sam influenciar no desfecho (efeito da intervenção). E isto temporais (alternativa c). Resposta a.
é útil tanto para variáveis que são conhecidas quanto a sua
influência, como para variáveis desconhecidas que talvez
possam influir também. Grupos assim comparáveis não são,
164. A alternativa a está correta porque se o coeficiente já é es
então, montados com nenhum viés ou tendenciosidade de
pecífico por causa e por idade, ele não sofre influência da com
seleção. A única diferença entre os grupos, idealmente, é a
posição etária da população, pois diz respeito especificamente
intervenção; com isso, se houver uma diferença no desfecho,
ao risco de morrer (por uma determinada causa) naquele
essa diferença é atribuída à intervenção e não a diferenças
grupo etário. Por exemplo: o risco de morrer por infarto
pré-existentes entre os grupos. A casualização é útil também
do miocárdio entre pessoas de 60 a 65 anos em diferentes
para controlar o efeito de variáveis de confusão, mas estas
locais pode ser diretamente comparado, não importando se
são também controladas no desenho do estudo experimen-
as populações dos locais têm diferentes estruturas etárias.
tal, por meio de critérios de inclusão e exclusão. Resposta b.
Lembre-se: a padronização (ou ajuste) por idade é necessária
se o que estamos comparando depende da idade e se as idades
dos grupos que estão sendo comparados são diferentes.
161. Valores menores do que 1,0 para o risco relativo (RR) Isso acontece quando se comparam coeficientes que não
indicam associação negativa ou protetora (desde que o inter- sejam específicos por idade (por exemplo, coeficientes de
valo de confiança não inclua o valor unitário). Nos estudos mortalidade geral ou de mortalidade por causas). A alternativa
caso-controle não se calcula RR, apenas odds ratio (OR), que b está incorreta porque um país com população idosa e com
pode ser uma estimativa indireta do RR. A interpretação do excelente condição de saúde pode ter coeficiente de mortali-
RR não precisa, absolutamente, ser feita em conjunto com a dade geral mais alto do que outro país com população jovem e
de OR. Cada desenho de estudo tem sua medida e sua pró- com más condições de vida e saúde; isso ocorre porque idosos,
pria interpretação. O NNT é calculado a partir da Redução independentemente da condição de vida e saúde, morrem, de
Absoluta de Risco (RAR); NNT = 1/RAR. Não se utiliza o RR modo geral, mais do que jovens. A alternativa c está incorreta
para o cálculo do NNT. Resposta c. porque se a composição etária da população (mesmo que seja
de um mesmo país ou região) muda ao longo do tempo (en-
velhecimento populacional), é preciso controlar, por meio da
162. A alternativa a está incorreta porque 3,26 se refere ao padronização, a diferença de idade entre as populações cujos
risco relativo (razão de incidências) dos homens nos dias de coeficientes estejam sendo comparados. Trata-se do exato
jogos da Alemanha em 2006 em relação ao período controle exemplo oferecido em aula acerca da mortalidade por câncer
(2003 a 2005), e não em relação às mulheres. A alternativa c em homens no Estado de São Paulo ao longo de uma série his-
está incorreta porque nos dias da Copa do Mundo de 2006 tórica. A alternativa d está incorreta porque a medida proposta
sem jogos da Alemanha, a RI das mulheres (1,04) não teve corresponde à letalidade (proporção de óbitos por uma doença
significância estatística (observe o IC: 0,87 a 1,44, engloban- entre os casos da doença num determinado período). O deno-
do, portanto, o valor 1,0, da não associação). A alternativa d minador da mortalidade proporcional por uma causa é o total
também está incorreta porque 1,82 refere-se à RI de mulhe de óbitos ocorridos num local e num determinado período.
res em dias em que houve jogos da Alemanha e não apenas Resposta a.
em dias de jogos da copa do Mundo. Resposta b.

165. A alternativa a está incorreta porque a comparação com um


163. Mortalidade proporcional (MP) é uma proporção de valor padrão (gold standard ou padrão-ouro) é realizada para va
óbitos. Um número de óbitos sobre um total de óbitos, cos lidar o teste, ou seja, calcular sua sensibilidade e especificidade.
tumeiramente apresentada em porcentagem. Essa porcen- Para calcular sua precisão seria necessário repeti lo (aplicá-lo)
tagem pode ser, então, calculada por qualquer variável: por várias vezes sob as mesmas variáveis e condições, medindo assim
capítulos da CID-10, por causas isoladas de óbito, por idade, sua reprodutibilidade, confiabilidade ou concordância (alterna-
por sexo, por classe social, por etnia, por tipo de trabalho etc. tiva d). A alternativa b não tem qualquer lógica; está fixando a
São dados de modo geral fáceis de obter, pois são simples probabilidade de falso positivo em 12,5%, ou seja, afirmando que
proporções segundo uma variável; não há necessidade de se a especificidade de todos os testes diagnósticos é 87,5%. A alterna-
relacionar, por exemplo, o número de óbitos por tal causa tiva e está incorreta porque valor preditivo positivo não é sinôni-
em tal sexo e idade com a população daquele sexo e daque- mo de sensibilidade. A alternativa c afirma que 5% da população
la idade num determinado local. Quando a MP é ordenada saudável tem exames falsos positivos. É como se estivesse fixado o

SJT Residência Médica – 2016


203
11 Temas gerais

valor da especificidade dos exames em 95% ou como se, no caso HIV


de variáveis quantitativas contínuas, o ponto de corte numa escala
contínua de valores reservasse sempre 5% dos saudáveis à direita Sim Não
do ponto de corte. Essa fixação é arbitrária e não pode ser tomada Positivo 288 14 302
Exame
como um fato estabelecido e verdadeiro. A única afirmação que se Negativo 12 686 698
aproxima daquilo que foi colocado na alternativa c é a constatação
300 700 1.000
de que, para uma variável que tenha distribuição normal na po-
pulação, podemos chamar de anormal, estritamente do ponto de A probabilidade de o exame, de fato, estar correto (ser posi-
vista estatístico, de frequência, os 5% dos valores da variável que tivo) equivale a seu valor preditivo positivo: 288/302 = 0,954
se encontram nas caudas da distribuição normal, ou seja, 2,5% em ou 95,4%. Resposta d.
cada cauda; são os valores não englobados pela média de valores
acrescida e subtraída de 1,96 desvio-padrão. Teste sem resposta
(resposta oficial c). 169. Quando se passam alguns anos para que uma incidên-
cia volte a subir, e isso se repete ao longo de extensos perí-
odos de tempo, está-se diante da chamada variação cíclica,
166. Se todos os doentes têm o teste positivo (taquicardia), a que ocorre em situações em que um agente infeccioso de alta
sensibilidade da taquicardia é 100%; logo, não há falsos nega- infectividade e alta imunogenicidade, mas para o qual não
tivos. Assim, a ausência do sinal (teste negativo ou ausência haja cobertura vacinal adequada, se dissemina na população.
de taquicardia) exclui a doença. Nada se pode saber acerca Após uma alta da incidência, grande parte da população fica
dos falsos positivos e, portanto, do valor preditivo positivo imune; isto faz com que a resistência do grupo populacional
(alternativa a). Seria necessário obter informação dos não aumente (imunidade de rebanho); passam-se alguns anos
doentes para que houvesse dados de especificidade da taqui- e, com o acúmulo progressivo de suscetíveis (pois não há
cardia enquanto teste diagnóstico. Resposta d. cobertura vacinal adequada), cai a imunidade de rebanho,
permitindo novo pico de incidência. Isto ocorre com o sa-
rampo, a caxumba e a rubéola. A diferença para a variação
167. Sendo a sensibilidade de 80% e sendo 25 os pacientes sazonal é que o pico de incidência nesta última tem intervalo
com câncer, 20 deles serão detectados como positivos e, por- de meses (exatamente um ano) e não vários anos como na
tanto, 5 terão teste negativo. Apenas essa conta é suficiente variação cíclica. A variação cíclica é interrompida quando
para resolver o teste, pois apenas a alternativa b apresenta existe uma cobertura vacinal adequada, mantendo sempre
essa possibilidade. elevada a imunidade de rebanho da população. Resposta d.
Se a taxa de falsos positivos ao exame é de 2%, isso significa
que sua especificidade vale 98%. Portanto, dentre 50 “pacien-
tes” saudáveis (conforme está escrito no enunciado...), 49 de- 170. A alternativa a está incorreta porque à incidência interes-
les terão teste negativo. sam casos novos que surgem num dado período de tempo e
não casos existentes num ponto do tempo. Existem dois tipos
Montando-se uma tabela do tipo 2 x 2 como a abaixo colo-
de incidência: a acumulada e a taxa ou densidade de incidên-
cada, pode-se verificar a última solicitação da questão (aten-
cia. A primeira expressa a simples proporção de novos casos ao
tando para o lapso de enunciado: seriam 5.000 pessoas da
término de um período de tempo dentre um grupo de pessoas
população e não “pacientes”, novamente):
que estava em risco de apresentar o efeito que se está medin-
do; a segunda expressa a velocidade com que ocorrem esses
novos casos; por isso diz-se que se trata de uma frequência
Câncer
(novos casos) por unidade de tempo (alternativa b, correta).
Sim Não Para seu cálculo, somam-se, no denominador dos novos casos
Positivo 40 99 139 do período, os tempos de cada um dos indivíduos em risco
Teste
Negativo 4.851 de virem a apresentar o efeito (indivíduos em observação, em
acompanhamento). O denominador da densidade ou taxa de
50 4.950 5.000
incidência é um tempo somado (pessoas-tempo). Prevalência
(alternativa c) está definida na alternativa a. A alternativa e
Assim, haveria 139 pessoas com teste positivo e não 149, refere-se à “prevalência na vida”. Resposta b.
como anotado na alternativa dada como correta (b). Respos-
ta b (com restrição ao terceiro valor)
171. Teste desatualizado, pois desde janeiro de 2011, quando
entrou em vigência nova portaria ministerial para substituir
168. Monte uma tabela do tipo 2 x 2 para resolver questões a de 2010, a esquistossomose (alternativa d – que está dada
sobre testes diagnósticos (pode-se fazer uma simulação): em como correta) passou a ser de notificação compulsória em
mil pessoas, com a prevalência de 30% de HIV, haverá 300 todo o território nacional. E isso foi reiterado na atual porta-
pessoas nessa condição. Noventa e seis por cento delas serão ria (de junho de 2014). Em todas as outras alternativas, basta
positivas ao teste (288). Setecentas não terão o HIV e noventa que seja retirado o advérbio “não” das frases para que elas se
e oito por cento delas serão negativas ao exame (686). tornem corretas. Teste sem resposta.

SJT Residência Médica – 2016


204
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

172. Mortalidade é calculada com óbitos no numerador (alterna- 178. O “Método de trabalho para esclarecer a ocorrência...”
tivas b, c e e). Taxa de ataque é sinônimo de coeficiente de incidên- é uma investigação epidemiológica, procedimento muito
cia, usada para doenças infecciosas. Casos de doença dentre um afeito aos serviços de vigilância epidemiológica. O “Estudo
grupo populacional é medida de incidência (se forem casos novos seccional amostral...” é o estudo transversal conduzido em
num período) ou de prevalência (se forem casos existentes num amostras populacionais, normalmente realizado por inqué-
ponto do tempo). Em ambas as situações se está diante de uma rito junto aos indivíduos selecionados, para levantar infor
medida de adoecimento ou morbidade. Resposta d. mações primárias fidedignas quando é necessário conhecer
adequadamente algum problema, calcular a prevalência de
um fator de risco ou doença etc. O “Estudo realizado com
173. A alternativa a estaria correta se fosse retirada da soma base nos dados existentes...” é o levantamento epidemiológi-
a mortalidade perinatal, porque esta engloba os óbitos fetais co: uma busca em dados secundários (já colhidos, não ori-
(natimortos). A mortalidade neonatal precoce (alternativa b) ginais) que podem originar alguma informação importante
é a que ocorre nos sete primeiros dias de vida (sem comple para a saúde. Resposta b.
tar o sétimo dia a rigor, seria até o quinquagésimo nono
minuto da vigésima terceira hora do sexto dia de vida). A al-
ternativa c está incorreta porque hoje, no Brasil, predomina a 179. As alternativas listam os critérios utilizados para a ava-
mortalidade neonatal sobre a pós-neonatal. O denominador liação dos serviços de vigilância epidemiológica. Dentre eles
da mortalidade infantil é o número de nascidos vivos e não o está incorreto (e deve ser a alternativa apontada) o conceito de
número total de óbitos (alternativa e). A figura abaixo mostra oportunidade. Este tem a ver com tempo, com timing (ajusta-
que já desde 1992 a mortalidade infantil neonatal passou a mento de velocidade). É a capacidade do sistema de vigilância
superar a pós-neonatal, sendo que em 2012 ela já representa- de acionar as medidas de prevenção e controle no momento
va 70,5% de toda a mortalidade infantil. Resposta d. necessário para que as ações tenham o impacto necessário.
Avalia a disponibilidade das informações do sistema de vigi-
lância para a tomada de medidas de controle, intervenções,
174. Quando a morte materna decorre de doença que a ges- em tempo hábil. Ele mede a agilidade do fluxo do sistema no
tante ou mãe já apresentava antes da gestação, esta morte é cumprimento de todas as etapas de vigilância, desde a notifi-
chamada de indireta. Com o advento da gestação, do parto cação, investigação, tomada de medidas de controle até a dis-
ou do puerpério pode haver alguma complicação da doença seminação das informações, em tempo hábil. A oportunidade
pré-existente, levando a mulher ao óbito. As causas diretas está relacionada à simplicidade do sistema de vigilância e da
(doenças que não existiam antes e que surgem após o iní- definição de caso (por exemplo, se são necessários exames ou
cio da gestação ou durante o parto ou puerpério) são mais não de laboratório), depende também dos recursos disponí-
frequentes do que as indiretas dentre os óbitos maternos em veis e está relacionada ao tipo de eventos notificados, agudos
nosso país. As principais causas diretas são as doenças hiper ou crônicos. Pode se avaliar os intervalos de tempo entre:
tensivas (doença hipertensiva específica da gravidez, eclamp-
sia e pré-eclâmpsia), as hemorragias, as infecções e o aborto, o início dos sintomas e a data da notificação;
nessa ordem. Veja a figura abaixo. Resposta a. a data da notificação e do início da investigação do caso;
a data do início de um surto epidêmico e o momento da sua
identificação pelo sistema;
175. A lista abaixo foi copiada do Guia de Vigilância Epide-
a data da identificação do surto e o início das medidas de con-
miológica, da Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério
trole.
da Saúde, 2010 (página 29 em diante). Em negrito estão as
etapas abordadas neste teste. Aproveite para verificar todos os critérios em sua apostila. Res-
posta d.

176. Pelas doenças listadas nas alternativas pode-se perceber


que este teste foi construído sem levar em consideração a nova 180. Randomização, casualização, aleatorização ou sorteio são
portaria que define as doenças de notificação compulsória (pro- palavras muito utilizadas quando o tema são os ensaios clínicos.
mulgada por portaria ministerial em junho de 2014), pois a A alternativa a aponta o objetivo fundamental do sorteio nesse
“meningite” não aparece mais na lista. O que aparece é “Doença tipo de estudo: obter grupos comparáveis para que se possam
invasiva por Haemophilus influenzae” e “Doença meningocó- imputar à intervenção as diferenças observadas no desfecho. É
cica”, ambas de notificação imediata. As “Hepatites virais”, sem importante, porém, atentar para algumas exceções. Por exemplo,
outras especificações quanto ao tipo, são de notificação semanal se o número de indivíduos a serem destinados para os grupos de
(não imediata). Não são também de notificação imediata a tu- intervenção e controle for pequeno, mesmo um sorteio hones-
berculose, a hanseníase e as leishmanioses. Resposta c. to pode montar, por azar, grupos não comparáveis. Por isso se
afirma que quanto maior o tamanho da amostra de pessoas que
vai entrar no processo de randomização, mais segurança se tem
177. Trata-se da definição de valor preditivo positivo: den- quanto à comparabilidade dos grupos. Algumas centenas de in-
tre as pessoas que têm o exame positivo (denominador), que divíduos já são suficientes para que se observe essa “homogenei-
proporção que apresenta realmente a doença (positivos ver- dade” quanto a uma série de variáveis. A alternativa incorreta, a
dadeiros)? Resposta d. ser apontada, é b. O ocultamento do processo de randomização

SJT Residência Médica – 2016


205
11 Temas gerais

também é importante. Se se conhece a sequência de destinação lações que continua a existir apesar de elas, ambas, não serem
(alternativa c) dos indivíduos para os grupos com antecedên- expostas a algum fator, tem-se de cogitar nas possibilidades
cia (por exemplo, uma exata alternância sequencial entre grupo outras que fazem com que populações difiram por motivos
controle e grupo experimental), pode ocorrer de o investigador, que não sejam os que estamos medindo. Um motivo pode ser
sabendo para que grupo será destinado o próximo indivíduo, a presença de variáveis de confusão: variáveis que não são nem
interferir nessa destinação por uma série de motivos que digam a exposição e nem o efeito, mas que por estarem associadas a
respeito a características do indivíduo ou a percepções do inves- essas duas, podem distorcer a associação entre elas. Se uma va-
tigador sobre a intervenção. Resposta b. riável de confusão está mais presente num dos grupos que está
sendo comparado a outro, ela faz com que esse grupo não seja
comparável ao outro. Imagine o seguinte estudo hipotético:
181. Teste desatualizado. Embora não mais em vigor a partir usuários excessivos de café serão comparados a não usuários
de junho de 2014, algumas definições apresentadas na por- excessivos de café quando à incidência de infarto. Ocorre que
taria de janeiro de 2011 ainda estão mantidas na portaria de o tabagismo pode estar associado ao uso de café e também as-
2014. O conceito de “doença” manteve-se idêntico (enfermi- sociado ao infarto. Dessa forma, os usuários excessivos de café
dade ou estado clínico, independentemente de origem ou seriam pouco comparáveis aos não usuários excessivos, pois
fonte...”. O conceito de “agravo” pouco mudou. Atualmente aqueles contariam com muito mais fumantes do que estes. É
uma situação em que uma variável de confusão (tabagismo)
é “qualquer dano à integridade física ou mental do indiví-
prejudicou a comparação entre os grupos. Causalidade reversa
duo, provocado por circunstâncias nocivas, tais como aci-
(alternativa d) é a situação que ocorre em estudos transversais
dentes, intoxicações por substâncias químicas, abuso de dro-
ou casos-controles quando a exposição é que muda em função
gas ou lesões decorrentes de violências interpessoais, como
da presença de doença; por exemplo, um estudo pode mostrar
agressões e maus tratos, e lesão autoprovocada”. O conceito
que infartados fumam menos do que não infartados, sugerin-
de “evento” (significa manifestação de doença...” não mais
do um papel protetor do cigarro para o infarto. Mas pode ter
aparece na nova portaria. O que aparece é “evento de saúde
ocorrido que infartados, por causa do infarto, passaram a fu-
pública (ESP)”, conceituado como “situação que pode cons-
mar menos. Resposta c.
tituir potencial ameaça à saúde pública, como a ocorrência
de surto ou epidemia, doença ou agravo de causa desconhe-
cida, alteração no padrão clinicoepidemiológico das doen-
ças conhecidas, considerando o potencial de disseminação, 185. Todas as doenças de todas as alternativas são de notifica-
a magnitude, a gravidade, a severidade, a transcendência e a ção compulsória no Brasil. Dentre elas, a única que não cons-
vulnerabilidade, bem como epizootias ou agravos decorren- ta do Regulamento Sanitário Internacional é a AIDS. Lem-
tes de desastres ou acidentes”. Resposta a. bre-se, porém, de que as doenças apontadas na alternativa
c só serão notificadas internacionalmente se representarem
uma Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional
(ESPIN: é um evento que apresente risco de propagação ou
182. Trata-se do delineamento dos estudos de coorte: indi- disseminação de doenças para mais de uma Unidade Federa-
vidual (pessoas, uma a uma, têm seus dados obtidos), ob- da - Estados e Distrito Federal - com priorização das doenças
servacional (não há intervenção), prospectivo (inicia se se- de notificação imediata e outros eventos de saúde pública,
lecionando as pessoas segundo a variável independente ou independente da natureza ou origem, depois de avaliação de
fator de risco e elas passam a ser acompanhadas ao longo do risco, e que possa necessitar de resposta nacional imediata)
tempo para medir a incidência da variável dependente ou ou uma Emergência de Saúde Pública de Importância Inter-
efeito, geralmente uma doença ou morte) e analítico (existe nacional (ESPII: é evento extraordinário que constitui risco
pelo menos um grupo de comparação para os expostos: os para a saúde pública de outros países por meio da propaga-
não expostos). Resposta d. ção internacional de doenças e que potencialmente requerem
uma resposta internacional coordenada). Resposta c.

183. A mediana é uma separatriz; é uma medida de posição


numa distribuição. Os valores da variável quantitativa (dis- 186. Entre outros fatores, a varíola foi erradica por existir uma
creta ou contínua) são ordenados e a mediana corresponde excelente vacina contra a doença (baixo custo, segura, eficiente
ao valor da variável que está na posição do percentil 50, ou e de efeito durador) e por não ser uma zoonose. A dengue não
seja, metade dos valores está à sua esquerda e metade à di- possui uma vacina, o BCG (para a tuberculose e para a han-
reita. Os valores extremos não são computados em cálculos, seníase) não tem o poder protetor da vacina contra a varíola.
como o são no cálculo da média, que é bastante afetada por O tétano tem os esporos na natureza; qualquer falha na vaci-
tais valores. Resposta c. nação (que tem de ser repetida a cada 10 anos) pode permi-
tir a incidência da doença. A raiva humana tem reservatórios
animais, assim como a febre amarela. O sarampo e a polio-
184. Texto de difícil entendimento em função de sua redação, mielite têm quase desaparecido (exceto o sarampo na Europa,
uma vez que propõe a discussão da comparabilidade entre po- que descuidou da vacinação, e África, e a poliomielite em áreas
pulações expostas e não expostas e coloca a situação de a ex- muito pobres do mundo) e devem ser as próximas doenças a
posição sob estudo estar ausente em ambas as populações (?). serem erradicadas. A rubéola também é doença para a qual se
Como o texto do enunciado alude a uma diferença entre popu- cogita a erradicação. Resposta a.

SJT Residência Médica – 2016


206
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

187. O risco relativo é diretamente medido nos estudos de co- 190. Estudo transversal mede razão de prevalências. Estudo
orte e indiretamente estimado por meio da odds ratio (OR) nos de coorte mede risco relativo (razão entre dois riscos ou in-
estudos casos-controles. A rigor, nada impede que se calcule a cidências). Estudo de caso-controle mede odds ratio. Estudo
OR nos estudos de coorte e que ela, se a incidência do desfecho ecológico pode medir, dentre as opções apresentadas, a ra-
for pequena (desfecho raro), estime muito bem o risco relati- zão de prevalências. O estudo ecológico trabalha com dados
vo. O teste, no entanto, provavelmente busca fazer associações secundários de morbidade ou mortalidade, obtidos de agre-
mais clássicas e diretas entre os conceitos, medidas e desenhos gados populacionais, de modo geral geograficamente defini-
epidemiológicos, daí ser melhor considerar falsa a primeira dos. Quando diferentes populações são comparadas quanto a
assertiva. A segunda assertiva refere-se ao delineamento do es- uma prevalência, por exemplo, podem-se estabelecer razões
tudo; os “casos”, nos estudos de coorte, são as pessoas em quem de prevalências entre essas diferentes populações e buscar se
incidiu o desfecho, aquelas em que surgiu a variável depen- uma explicação ambiental para as diferenças observadas. O
dente (doença, morte, complicação). Por isso, não são selecio- ensaio clínico, como estudo prospectivo que é, mede risco
nados, escolhidos, como são os casos dos estudos casos-con- relativo (RR). Se a intervenção (um tratamento, por exem-
troles. A quarta assertiva (“O início se dá...” é verdadeira, pois plo) proteger ou impedir o desfecho (doença ou morte), o
num estudo de coorte, com expostos e não expostos a alguma risco dos expostos à intervenção será menor do que o dos
variável independente, todos, expostos e não expostos, devem não expostos (o grupo-controle) e o RR será menor do que
apresentar algum risco de virem a desenvolver o desfecho, 1,0, evidenciando uma associação negativa ou protetora en-
por mínimo que seja, caso contrário não se está estimando ou tre a intervenção e o desfecho. Resposta a.
medindo risco (exemplo exagerado: não se acompanham mu-
lheres para medir a incidência de câncer de próstata, pois seu
risco é nulo). A última assertiva é falsa: a exposição é medida 191. Quando os resultados de um estudo podem ser extra-
sempre antes do efeito nos estudos de coorte; é preciso garantir polados para a população de onde se originou a amostra
que o desfecho não está presente no início do estudo, quando (quando não há viés de seleção da amostra) ou para outras
as pessoas são classificadas em expostas ou não expostas. Essa populações diferentes (outros “cenários”), diz-se que existe
relação temporal entre as variáveis é, inclusive, um dos crité- validade externa (poder de generalização) no estudo. A va-
rios de causalidade numa associação estatística. Resposta a. lidade interna existe quando os resultados são válidos para
a amostra examinada. Se não houver, por exemplo, masca-
ramento dos observadores num ensaio clínico, ele pode não
188. Valores obtidos em amostras populacionais podem ser apresentar validade interna; seus resultados não se aplicam
diferentes dos verdadeiros valores populacionais; estes últimos nem à amostra examinada. Uma das interpretações do viés
só seriam obtidos caso fossem examinados todos os indiví- de seleção é a que está colocada na terceira assertiva. Por mo-
duos da população em foco. As estimativas amostrais contém tivo de tendenciosidade na escolha dos indivíduos (no mais
sempre o chamado “erro amostral”, que não depende do mé- das vezes não intencional), montam-se grupos sistematica-
todo de seleção da amostra, não é produto de nenhum viés mente diferentes, que não deveriam ser comparados quanto
ou tendenciosidade. Ele depende do acaso, que faz com que a um desfecho. Por exemplo: os expostos a um dado fator po-
diferentes amostras – completamente aleatórias – de uma úni- dem ser mais velhos que os não expostos. Se a idade interferir
ca população apresentem diferentes valores ou resultados: é a no desfecho, esse viés de seleção prejudicará a comparação
chamada variação amostral ou variação aleatória. Resposta d. dos dois grupos quanto ao efeito do dado fator. Resposta a.

189. A classificação (correta ou incorreta) de pessoas que, na 192. A mortalidade proporcional (ou Índice) de Swaroop &
verdade, não são portadoras “da” doença, depende exclusiva- Uemura (ISW) mede a proporção de óbitos de pessoas de 50
mente da especificidade do teste aplicado (alternativa a). Um e mais anos de idade dentre o total de óbitos. Quanto mais
teste específico (alternativa b) raramente deixará de diagnos- alto, melhor. O ideal seria 100%: todos os mortos de um dado
ticar corretamente os não portadores da doença em questão; local num dado ano tinham mais do que 50 anos de idade!
os portadores da doença, mesmo sob um teste específico, É indicador que já foi mais utilizado, pois quando foi ideali-
poderão obter um resultado negativo, pela frequente falta zado (1957), a esperança de vida ao nascer era bem menor
de sensibilidade nos testes muito específicos (por exemplo, do que a atual. Hoje o ISW discrimina pouco; já se utiliza a
o protoparasitológico, que é 100% específico para verminose, mortalidade proporcional de 75 e mais anos de idade para
pois é negativo em todos os que não apresentam verminose, comparar países, mas o epônimo “Swaroop & Uemura” con-
facilmente vem negativo em pessoas portadoras da doença). tinua a ser aplicado apenas para a idade de óbito de 50 e mais
A alternativa c está correta: exames muito sensíveis são úteis anos. Sua vantagem é a simplicidade de cálculo e o fato de
para excluir doenças, pois embora seu resultado positivo dispensar dados relativos à população. Esse índice, em 1980,
possa conter muitos falsos positivos, seu resultado negativo é era 22% na Guatemala, 49% no Brasil, 84% no Canadá e 93%
muito confiável porque tal teste detecta corretamente, como na Suécia (o mais alto da época). Resposta c.
positivos, todos os portadores da doença. A alternativa d es-
taria correta se a palavra “sensíveis” fosse colocada no lugar
de “específicos”. A alternativa e também está incorreta por- 193. Embora o enunciado não informe, pela leitura das alter
que o ponto de maior sensibilidade e especificidade da curva nativas parece que os “estudos prognósticos”, nesta questão,
ROC é o superior esquerdo. Resposta c. se referem a estudos de acompanhamento de doentes para

SJT Residência Médica – 2016


207
11 Temas gerais

verificar o surgimento de complicações da doença ou óbitos (uma “causa” em investigação) e se vai medir a incidência de
pela doença, para que seja traçado o prognóstico da doença. uma série de possíveis efeitos ao longo do acompanhamento.
Essa observação é importante porque os estudos poderiam se “Pesquisa de causa rara” pode até ser feita em estudos casos-
referir ao acompanhamento de pessoas sem doenças, apenas -controles (correndo-se o risco de achar muito poucas pessoas
portadores de certos fatores de risco (ou de prognóstico) para expostas, o que inviabilizaria a análise estatística), mas ante a
verificar a incidência da doença e o papel daqueles fatores nes- alternativa b (pesquisa de doença rara), a alternativa a tem de
sa incidência. Sob essa colocação, então, a primeira assertiva é ser descartada. Sem nem considerar os estudos ecológicos, é
verdadeira: estudos de coorte revelam o prognóstico ou curso possível apontar a alternativa b como correta. Estudos ecológi-
clínico de uma doença. A segunda assertiva seria falsa, pois cos lidam com dados secundários obtidos em populações, em
estudos casos-controles são estudos analíticos que medem o grandes agregados populacionais, geralmente definidos geo-
grau de associação entre fatores prognósticos ou de risco (in- graficamente. Dado o tamanho populacional (quase sempre
vestigados como exposição pregressa) e doenças. Estudos de maiores do que amostras nos estudos individuais), o encontro
caso-controle não podem medir prevalência de fatores prog- de doenças de baixa frequência fica facilitado. Resposta b.
nósticos ou de risco; apenas estudos transversais o fazem, mas
podem aquilatar o papel causal de fatores prognósticos. Nesse
caso, a doença seria o desfecho a ser considerado. A terceira 196. A taxa ou razão de mortalidade materna leva no denomi-
assertiva seria verdadeira, pois os doentes (que serão acom
nador o número de nascidos vivos (NV), tal qual o denomina-
panhados prospectivamente) são muito mais frequentemente
dor da mortalidade infantil. Esse denominador não é a melhor
localizados nos serviços médicos e não na população geral.
estimativa do número de gestações – que é o que faria sentido
Em relação à quarta assertiva, há dúvida de interpretação, pois
ser colocado no denominador, para que se pudesse calcular
“expressar o prognóstico” tanto pode se referir a incidência de
o risco de mulheres morrerem por causas ligadas à gravidez,
doença segundo alguns fatores prognósticos das pessoas não
parto e puerpério. Mesmo não sendo a melhor estimativa, o
doentes, como a incidência de complicações de doença (em
número de NV é adotado internacionalmente para permitir
uma coorte de doentes) também segundo “fatores prognós-
maior comparabilidade entre as razões calculadas nos diferen-
ticos” dos doentes. Em qualquer das duas situações, como se
tes locais. O quociente é, convencionalmente, multiplicado por
trata de estudo prospectivo, o que se vai medir (“forma quan-
100 mil. Os AVP costumam também ser denominados Anos
titativa de expressar” – conforme a assertiva) é uma incidência
potenciais de Vida Perdidos (APVP) e os API, AVAI (Anos de
(acumulada), que é uma proporção num período de tempo:
Vida Ajustados por Incapacidade). Resposta d.
proporção ou de doentes ou de complicações de doença, a de-
pender de qual fosse a variável independente. A assertiva diz
“proporção de pacientes do estudo que são diagnosticados”. A
nosso ver parece estranho que esta última assertiva tenha sido 197. A alternativa a está correta: é a definição de prevalência
considerada falsa pelo gabarito oficial. Garantir que seja verda- (uma proporção num ponto do tempo). O único senão é cha-
deira, porém, seria no mínimo trabalhoso, por causa da forma mar uma proporção de taxa (que deveria ser reservada para a
como foi redigida. A nosso ver não haveria resposta para este densidade de incidência), mas isso é um vício já arraigado no
teste, ainda que concordemos com o julgamento das três pri- linguajar clinicoepidemiológico. A alternativa b também está
meiras assertivas. Resposta (oficial) c. correta; basta verificar em suas anotações de aula e na aposti-
la de Medicina Preventiva 1 a maneira de calcular a densida-
de ou taxa de incidência (pessoas x tempo no denominador).
194. Reabilitação é fase de prevenção terciária. Nessa fase A incidência cumulativa, de fato, mede o risco de ocorrer um
estão também presentes ações de apoio a pessoas portado- evento num período de tempo e a população do denomina-
ras de sequelas permanentes visando utilizar ao máximo sua dor é contada no início do período de acompanhamento. A
capacidade remanescente, inserindo-as em atividades que alternativa c está incorreta e deve ser a apontada. O Diabe-
consigam desenvolver, para que possam ter melhor qualida- tes mellitus é exemplo de doença de baixa incidência, mas de
de de vida. Ações de educação do público para que acolham longa duração, o que faz com que sua prevalência seja alta.
pessoas com sequelas e incapacidades são outro exemplo de Lembre-se: prevalência é aproximadamente o resultado da
prevenção terciária. Resposta c. incidência multiplicada pela duração da doença. Resposta c.

195. Em testes associe (quase) sempre doenças raras a estudos 198. Trocando-se a droga A pela B, espera-se que, em 10 anos,
caso-controle. Isto porque nesse desenho de estudo se parte a incidência de complicações caia de 20% para 5%, ou seja,
da variável dependente (a doença) em busca de exposições uma queda de 15 pontos porcentuais em 20 (15/20), o que
pregressas. Mesmo que a doença seja rara (o que prejudica significa queda relativa de 75%. Esse é o conceito de Redução
o desenho de coorte simplesmente porque incidirão poucos Relativa de Risco (RRR) ou Eficácia de um tratamento quando
casos no futuro), não é difícil localizar algumas centenas de comparado com outro. Num teste como esse, poderia também
casos da doença nos serviços médicos. Nesse tipo de estudo ser solicitado o cálculo do NNT: quantas pessoas teriam de ser
não se mede incidência diretamente (isso é feito apenas em tratadas com a nova droga B para que um novo caso de com-
estudos prospectivos: coortes ou ensaios clínicos). “Múltiplos plicação associada ao diabetes fosse evitado. NNT = 1/Redu-
efeitos de uma causa” parece referir-se a estudo de coorte em ção Absoluta de Risco (RAR). A RAR é dada por 20% - 5% =
que se acompanham pessoas com um dado fator de risco 15%. Portanto, NNT = 100/15 ou 6,7 ou 7 pessoas. Resposta c.

SJT Residência Médica – 2016


208
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

199. O Índice de Swaroop e Uemura (ISU) é uma mortalida- nativa d) aplicam-se a quaisquer desenhos de estudo, embora
de proporcional por idade. A idade escolhida foi a de 50 anos; haja predomínio dos experimentais por terem maior valida-
assim, trata-se da proporção de óbitos de pessoas com 50 e de interna (menos vieses). Estudos prognósticos (alternativa
mais anos dentre o total de óbitos ocorridos num dado perí- e) jamais são realizados em cortes transversais (seccionais);
odo (geralmente um ano-calendário) e num dado lugar. Ní- são sempre estudos prospectivos. Estudos de “caso-controle
veis elevados são, naturalmente, encontrados em locais mais aninhado” ou “caso controle alojado” (nested case-control
desenvolvidos: quanto mais alto o ISU, melhor. Resposta b. studies) são estudos do tipo caso-controle que são retirados
de dentro de estudos de coorte; uma espécie de mistura dos
dois desenhos (um exemplo de estudo híbrido). Uma coorte
200. A dengue é uma doença de notificação compulsória (os é acompanhada e os casos incidentes de uma dada doença
óbitos pela doença são de notificação imediata, ou seja, tem surgem ao longo do tempo (lembre-se de que em estudos
de ser feita nas primeiras 24 horas após a suspeita do caso, de coortes muitos desfechos podem e devem ser medidos à
conforme preconiza a portaria ministerial de junho de 2014 medida que incidem). Esses casos podem ser comparados
que contém a nova Lista de Doenças de Notificação Compul- a controles da mesma coorte (estudo caso-controle) com a
sória vigente no Brasil). A notificação é registrada por meio vantagem de serem casos incidentes e não apenas os sobrevi-
de uma Ficha de Investigação e é o documento básico que ventes “prevalentes” (o que minimiza vieses de seleção) e de
alimenta o Sistema de Informação dos Agravos de Notifica- estar muito diminuída a possibilidade de vieses de memória
ção (SINAN), o sistema de informação próprio da Vigilância na obtenção de informações pregressas, porque elas foram
Epidemiológica (VE). Evidentemente, os outros sistemas são colhidas já no início do estudo de coortes, antes, portanto,
também utilizados pela VE, pois para o cálculo de coeficien- da doença clínica ser diagnosticada. Os custos também po-
tes, é preciso ter dados e informações sobre população, inter- dem ser reduzidos, em relação ao estudo de coorte, porque
nações, óbitos etc. Resposta d. os exames laboratoriais para investigar características pre-
gressas são feitos apenas nas pessoas que foram escolhidas
posteriormente como casos ou controles (essa possibilidade
é importante em estudos de coorte em que são colhidas e ar-
201. Estudos acerca de eficácia de intervenções preventivas
mazenadas amostras de sangue para investigação laborato-
ou curativas são individuais, experimentais, prospectivos e
rial futura). Resposta a.
analíticos, ou seja, são os ensaios clínicos randomizados con
trolados, quase sempre chamados apenas de ensaios clínicos
randomizados ou casualizados; são os estudos de maior vali-
dade interna (mais controlados quanto a evitar vieses). Além 203. Trata-se de estudo individual (pessoa por pessoa, já
do mascaramento dos investigadores para evitar viés de afe- portadora de DPOC, é avaliada e tem seus dados individu-
rição, é feita a randomização (sinônimo de aleatorização) das ais coletados), observacional (não há intervenção preventi-
pessoas para os grupos (experimental e controle; pode haver va ou curativa experimental) e prospectivo (as pessoas são
mais do que dois grupos, mas, no mínimo, dois, sem o que não acompanhadas de um momento para outro no futuro e vão
há análise, apenas descrição). Para que seja rejeitada a hipótese ser medidos eventos incidentes como alterações na função
de nulidade (H zero), decidindo-se que a nova intervenção é pulmonar, outras morbidades além da doença pulmonar e
melhor do que a antiga, é preciso que o valor de p seja me- mortalidade). É, portanto, um estudo de coorte. Tais estudos
nor do que 5% (0,05), um valor “baixo”. A randomização visa podem ser prospectivos ou históricos (também chamados
controlar vieses de seleção e de confusão. Há vários métodos de “retrospectivos”). A diferença está no momento em que
de randomização; não basta haver uma lista prévia com a se- foi reunida a coorte. Se as pessoas são escolhidas e passam
quência aleatória da alocação das pessoas para um ou outro a ser acompanhadas pelos pesquisadores, passo a passo ao
longo do tempo, e vão sendo medidos os eventos inciden-
tratamento (por exemplo: controle-controle-experimental-
tes, a coorte é prospectiva ou concorrente. Se tudo já ocorreu
-controle-experimental-experimental controle-experimental
no passado, os casos incidentes já aconteceram e os pesqui-
etc.). Se o indivíduo (médico) que vai destinar as pessoas para
sadores vão atrás de prontuários e registros pregressos para
um ou outro grupo tiver conhecimento da sequência, ele po-
identificarem coortes antigas e “seguirem-nas” por meio de
derá modificar a aleatorização ao escolher, por algum motivo,
documentos, ao longo do tempo, até o presente (ou mesmo
as pessoas para um específico grupo. Resposta c.
até um momento passado, mas que seja um momento futu-
ro em relação àquele momento mais “antigo”), então se está
diante de uma coorte histórica ou retrospectiva. Pela descri-
202. A alternativa b pode ser considerada incorreta por cau- ção do enunciado, trata-se de uma coorte prospectiva; não é
sa da inclusão dos estudos transversais, que não são o dese- um estudo “retirado” de prontuários e registros. Resposta e.
nho ideal para investigação de associações entre fatores de
risco e doenças, embora muitas vezes eles sejam conduzidos
com essa finalidade. Essa alternativa poderia ser considera- 204. “Existe uma distinção importante entre um programa de
da correta se não houvesse outra melhor, com grau maior de rastreamento organizado e o chamado rastreamento oportunís-
correção. Acurácia (alternativa c) é medida em estudos de tico (alternativa a). De forma geral, esse último ocorre quando a
validação de testes diagnósticos, que são estudos transversais pessoa procura o serviço de saúde por algum outro motivo e o
(pessoas que têm ou que não têm uma doença são compara- profissional de saúde aproveita o momento para rastrear alguma
das quando ao resultado de um exame). Metanálises (alter- doença ou fator de risco. Essa forma de proceder tem sido a tôni-

SJT Residência Médica – 2016


209
11 Temas gerais

ca da maioria dos serviços de saúde no mundo. A desvantagem 205. Medidas de associação podem ser de refeito relativo (ra-
desse rastreamento é que, além de ser menos efetivo no impacto zões, do tipo x/y) ou de efeito absoluto (diferenças, do tipo x-y).
sobre a morbidade e a mortalidade atribuídas à condição rastre- O resultado da não associação numa medida do tipo razão
ada, também é mais oneroso para o sistema de saúde como um (como a razão de chances ou o risco relativo) é 1,0: a chance ou
todo.” (texto retirado do Caderno de Atenção Primária Nº 29 o risco de um grupo é igual à chance ou risco do outro grupo. Se
– Rastreamentos, do Ministério da Saúde, 2010). Rastreamen- for uma medida do tipo diferença, o resultado da não associação
tos (screenings) são sempre aplicados a pessoas assintomáticas, é zero. Assim, quando a razão de chances (odds ratio) vale 1,0,
antes, portanto, dos sinais e sintomas clínicos. Qualquer rastre- não há associação entre exposição e efeito. Resposta c.
amento somente deve ser instituído se for provado que vale a
pena (é mais eficaz, efetivo e eficiente, traz mais benefícios que
prejuízo ou dano) fazer uma intervenção preventiva ou curativa 206. Inferência estatística consiste em, por meio de estudo de
antes de os sintomas da doença surgirem. amostras, tomar decisões acerca de parâmetros (características
Há vieses que fazem com que rastreamentos pareçam muito numéricas populacionais) que sejam válidos para a população
bons, mas, na verdade, não o sejam. O viés de adesão (com- de onde se originou a amostra. O processo de seleção de uma
pliance bias) é uma possibilidade quando o rastreamento é amostra populacional chama-se amostragem (alternativa e).
oferecido às pessoas e o prognóstico dos que o aceitaram A inferência estatística é feita por meio da estimativa pontual
(aderiram) é melhor do que o prognóstico dos que não fize- de uma medida (obtida da amostra) e da estimativa intervalar
ram o rastreamento (não aderiram, não foram voluntários). (o cálculo de um intervalo de confiança da estimativa pontual
Esse melhor prognóstico pode refletir apenas um viés de sele- dentro do qual deve, com um certo grau de confiança – no
ção: os que aderiram podiam ser sistematicamente diferentes mais das vezes 95% – estar contido o valor populacional). A
dos que não se voluntariaram a fazer o rastreamento; e inferência pode ser feita também por meio do cálculo do valor
sabe-se que aderentes, voluntários, tendem a ter resultados da probabilidade de a diferença ou associação observada na
diferentes nas intervenções, geralmente melhores. Por amostra não existir na população e ter ocorrido por simples
vezes, um rastreamento que nada acrescenta de sobrevida às acaso na amostra (valor de p). Fazer a inferência estatística não
pessoas rastreadas, acrescenta apenas tempo de diagnóstico depende apenas do tamanho da amostra; mesmo que ele seja
da afecção (por tê-la, simplesmente, identificado mais cedo); muito grande, se a amostra não for representativa da popula-
é o viés de tempo ganho ou de tempo de antecipação (lead ção que a originou, a estimativa pontual, a intervalar e o valor
time bias). Nesse caso, se for medido o número de anos de de p nada significam (alternativa d). Resposta d.
sobrevida após o diagnóstico precoce, pelo rastreamento, ou
diagnóstico clínico, pelos sintomas, a comparação de rastre-
ados a não rastreados fará parecer que os rastreados tiveram
207. Se o resultado de um estudo (amostral) é aplicável à pró-
maior sobrevida. A lição que se tira desse viés é que o tempo
pria amostra examinada (alternativa A), o estudo tem validade
de sobrevida (ou a porcentagem de pessoas que tiveram so-
interna, ou seja, não apresenta vieses de confusão e de aferição.
brevida maior do que, digamos cinco anos), não é uma me-
Se não houver viés de seleção da amostra, então seus resultados
dida adequada do efeito de um rastreamento (alternativa b).
poderão ser extrapolados para a população de onde se originou
Outro viés presente nos rastreamentos é devido à própria ca-
a amostra (validade externa) Essas questões de validade (ques-
racterística da doença rastreada. Cânceres (frequentemente
tões ligadas a vieses) não têm relação com testes estatísticos.
objeto de rastreamentos) de uma mesma topografia podem
Quando se examina a totalidade da população (alternativa d),
ter comportamentos clínicos muito diferentes: alguns evo-
luem rápida e agressivamente, causando sintomas em curto não há necessidade de qualquer teste estatístico; o resultado que
espaço de tempo; outros são mais indolentes, de crescimento se encontra é o próprio parâmetro populacional. Os testes são
lento. Esses últimos têm maior probabilidade de serem de- necessários para quantificar a participação do acaso (variação
tectados num rastreamento periódico do que os primeiros, amostral) na obtenção dos resultados amostrais (diferenças ou
que logo vão à clínica. Por isso, cânceres detectados em ras- associações verificadas nas amostras). Essa quantificação é feita
treamentos podem ter melhor prognóstico, não por causa do por meio do cálculo da probabilidade p ou por meio do cálculo
rastreamento, mas porque, antes do mesmo, já eram siste- dos intervalos de confiança da estimativa amostral. Resposta e.
maticamente diferentes, menos agressivos a ponto de terem
tido maior probabilidade de serem detectados. De fato, esse é
um viés de seleção também; é o chamado viés de duração do 208. Diagramas de controle são gráficos construídos pe-
tempo ou length time bias. Numa situação extrema desse viés, las vigilâncias epidemiológicas para verificar se está ou não
há cânceres que, embora existindo, crescem tão lentamente em curso uma epidemia por uma dada doença ou agravo à
que jamais atingirão o limiar clínico. Se eles forem diagnos- saúde. Eles contêm a faixa endêmica esperada para aquela
ticados por um rastreamento, conjuntamente com outros doença ou agravo, faixa essa que é obtida da observação do
cânceres de crescimento mais rápido, eles farão com que o passado (por cerca de 10 anos). Para cada mês ou semana
prognóstico dos rastreados pareça melhor. Esse viés ganha epidemiológica do passado calculam-se a média de incidên-
tem o nome de sobrediagnóstico (overdiagnosis). O aprendi- cia e o desvio-padrão, para caracterizar a distribuição das
zado que tem emergido da consideração desses vieses é que incidências pregressas: a média esperada e o limite máximo
as recomendações para rastreamentos têm se mostrado mais esperado (que é obtido pela soma da média com 1,96 desvio-
pessimistas e com mais dúvidas acerca do benefício aparente -padrão). Esse limite é o limiar epidêmico ou limite superior
de muitos deles (alternativa e). Resposta a. da faixa endêmica. Resposta b.

SJT Residência Médica – 2016


210
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

209. Quando existe mais de um teste diagnóstico para uma do- nistração” do programa de rastreamento para uma parte das
ença, eles podem ser solicitados em paralelo (todos ao mesmo pessoas), prospectivo (as pessoas são acompanhadas ao lon-
tempo) ou em série (solicita-se o segundo somente se o primei- go do tempo para que seja observada a incidência de alguns
ro for positivo, o terceiro se o segundo também foi positivo e efeitos, no caso, câncer colorretal ou morte por essa doen-
assim por diante). A detecção em série é considerada positiva ça) e analítico (há pelo menos dois grupos para fazer uma
se qualquer um dos exames solicitados vier positivo. A detec- comparação: os expostos e os não expostos ao rastreamen-
ção em série é considerada positiva somente se todos os exames to). Somente não está explicitado se a destinação das pessoas
solicitados resultarem positivos. Isso faz com que a solicitação para os grupos foi ou não aleatória (pois elas poderiam ser
de exames em paralelo aumente a sensibilidade do processo de voluntárias ou não para receberem o rastreamento). Todas
detecção e a solicitação em série aumente sua especificidade. as características acima, juntas, definem um ensaio clínico.
Provas numéricas dessas afirmações são encontradas em sua Aproveitando a questão, é interessante salientar a importân-
apostila de Medicina Preventiva 1. Resposta a. cia da destinação aleatória (por sorteio) das pessoas para os
grupos, pois se assim não for feito, não se vai conseguir a
suposição de que os grupos tenham sido, de fato, compará-
210. A hemoglobina sérica é um teste diagnóstico para detec
veis. Se as pessoas escolheram se queriam ou não fazer o ras-
tar a anemia ferropriva (deficiência de ferro) em crianças. Não
treamento, o melhor prognóstico observado nos rastreados
é diagnóstico definitivo da doença. O valor de 10 g/dL é baixo
pode ser produto de um viés de seleção (neste caso chamado
(resultado positivo no teste). O valor preditivo positivo de um
de viés de adesão ou compliance bias): voluntários costumam
teste diagnóstico aumenta com a prevalência da doença (pro-
ter desempenho melhor do que não voluntários em questões
babilidade pré-teste ou probabilidade de doença a priori) na
ligadas à saúde. Resposta d.
população em que o teste é aplicado. Assim, o VPP será maior
na população com maior prevalência da doença. Resposta e.
213. O “modelo ajustado por variáveis demográficas, so-
cioeconômicas e comportamentais” implica em afirmar que
211. No roteiro de investigação de epidemias e surtos do Minis- os resultados das medidas de associação apresentados não
tério da Saúde (Guia de Vigilância Epidemiológica, 2010), a pri- sofreram influência dessas variáveis na comparação feita
meira etapa consiste na confirmação do diagnóstico da doença. entre os grupos (por exemplo: a associação entre maior
Quando da ocorrência de uma epidemia, torna-se necessário ve- consumo de colesterol e carcinoma de nasofaringe não
rificar se a suspeita diagnóstica inicial enquadra-se na definição pode ser devida à diferença de nível socioeconômico entre
de caso suspeito ou confirmado da doença em questão, à luz dos as pessoas que consumiam muito ou pouco colesterol). A
critérios definidos pelo sistema de vigilância epidemiológica. Em medida de associação utilizada foi a odds ratio (OR); sendo
geral, no início da investigação, emprega-se uma definição de caso um estudo de base hospitalar, é muito provável que seu de-
mais sensível, que abrange casos confirmados e prováveis (e até lineamento tenha sido o de casos-controles. A alternativa a
mesmo os possíveis), a fim de facilitar a identificação, a extensão está correta, pois OR = 0,42 (IC95%: 0,24 a 0,75) evidencia
do problema e os grupos populacionais mais atingidos, processo uma associação negativa ou protetora com significância esta-
que pode levar a hipóteses importantes. Somente quando as hipó- tística (o intervalo de confiança da medida OR não englobou
teses ficarem mais claras, o investigador passa a utilizar uma defi- o valor da não associação, que é 1,0). Na associação da doen-
nição mais específica e restrita. Nesse caso, por terem sido exclu- ça com o consumo de açúcar, a OR teve o valor 1,0 englobado
ídos os “falsos positivos”, será possível testar hipóteses aplicando em seu IC; logo, não foi estatisticamente significante (alter-
o instrumental da epidemiologia analítica. Na definição de caso nativa b). A alternativa c não tem qualquer lógica. A alterna-
confirmado, geralmente, é necessário que haja uma confirmação tiva d está incorreta; o correto é exatamente o contrário: uma
laboratorial (isolamento do agente etiológico, sorologia reagente, análise com dados brutos, sem ajuste para variáveis de con-
PCR, entre outros). A confirmação pelo critério clinicoepidemio- fusão, pode produzir resultados inválidos, distorcidos, justa-
lógico deve ser utilizada quando houver casos sem a realização mente por não ter sido controlada a influência das variáveis
de exames etiológicos e identificados como comunicantes ou per de confusão na associação investigada. A alternativa e está
tencerem à mesma epidemia ou surto, onde existam casos com incorreta porque o resultado é estatisticamente significante:
confirmação laboratorial. A confirmação do diagnóstico apenas o IC da OR não engloba o valor da não associação, que é 1,0.
com as manifestações clínicas e algumas características do pacien- Intervalo de confiança de uma estimativa pontual ser “elásti-
te passa a ser suficiente para identificar casos nessa etapa de uma co” não é critério para ser classificado como não significante:
epidemia porque, a essa altura, a natureza do evento, a forma de é apenas uma questão de precisão da estimativa. Resposta a.
transmissão e tipo de medidas de controle indicadas (individuais,
coletivas ou ambientais) são elementos que já orientam a equipe
de saúde sobre a necessidade de investigar todos ou apenas uma 214. O estudo transversal é o único delineamento capaz de
amostra dos casos. Essa medida visa garantir a oportunidade da calcular prevalência de uma afecção (doença) ou característica
notificação e deve, obrigatoriamente, ser acordada com a autori- (fator de risco). Quando mede os dois atributos simultanea-
dade sanitária local. Resposta e. mente, além de estabelecer as duas prevalências, pode estabe-
lecer razões de prevalência, como uma medida de associação
212. Trata-se de estudo individual (pessoa por pessoa é ana- entre os atributos. Não se poderá afirmar, porém, que um atri-
lisada segundo a intervenção que recebeu e o desfecho que buto antecedeu ao surgimento do outro numa linha temporal,
lhe aconteceu), experimental (há uma intervenção: a “admi- pois ambos são medidos simultaneamente. Resposta a.

SJT Residência Médica – 2016


211
11 Temas gerais

215. Incidência é a medida de morbidade (embora seja possí- 218. Alocação por sorteio de pacientes para grupos de in-
vel medir a incidência de mortes, chamada de mortalidade) que tervenção é característica dos estudos experimentais ale-
indica o número de novos casos de uma doença que surgem ao atorizados e controlados: ensaios clínicos randomizados.
longo de um dado período de tempo dentre uma população Resposta d.
que esteja exposta ao risco de vir a apresentar essa doença nesse
mesmo período de tempo. As fontes de dados para a incidência
da dengue são: no numerador, o SINAN (Sistema de Informa- 219. Não são de notificação compulsória a febre reumáti
ção de Agravos de Notificação); no denominador, as estimativas ca, a caxumba, a gonorreia, a escarlatina, a pediculose e a
populacionais do IBGE (recenseamento). Resposta c. “meningite” (sem outras especificações). Segundo a porta-
ria ministerial de junho de 2014 (a que está em vigência até
o momento atual – março de 2015), quanto às meningites,
216. A metanálise é uma etapa posterior à revisão sistemá- são de notificação compulsória a “doença meningocócica” e
tica. Nem sempre uma revisão sistemática chega a uma me- a “doença invasiva por Haemophilus influenzae”. Resposta c.
tanálise. A alternativa d lista os primeiros passos de uma re-
visão sistemática. A metanálise termina com uma estimativa
estatística sumariada global, quantitativa, a partir dos resul- 220. Leia o texto abaixo, retirado de “Módulos de Princípios
tados quantitativos dos estudos selecionados para compor a de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades. Módulo
metanálise (estudos que vieram de uma revisão sistemática 5: pesquisa epidemiológica de campo – aplicação ao estudo de
e para os quais foi possível pensar-se num efeito único que surtos / Organização Pan-Americana da Saúde ; Ministério da
os resumisse por serem relativamente homogêneos quanto a Saúde. Brasília : Organização Pan-Americana da Saúde, 2010.
seus delineamentos, variáveis e resultados). Resposta c. 98 p.: il. 7 volumes. ISBN 978-85-7967-023-7”:
“Um surto é uma situação epidêmica limitada a um espaço
localizado. Como situação epidêmica, portanto, um surto é o
217. Exceto a alternativa a, todas as outras contêm a asser-
aparecimento súbito e representa um aumento não esperado
tiva II como correta. Vale a pena apreciá-la, então. O gráfi-
na incidência de uma doença. Como situação limitada, um
co forest plot (aquele em que o resultado de cada estudo que
surto implica a ocorrência num espaço especificamente lo-
compõe a metanálise é colocado num gráfico, com sua esti-
calizado e geograficamente restrito, como por exemplo, uma
mativa pontual apontada por meio de um quadrado de área
comunidade, um povoado, um barco, uma instituição fechada
maior ou menor a depender do inverso da variância de seu
(escola, hospital, quartel, mosteiro). Um surto baseia-se em
resultado, tendo a posição dessa estimativa uma relação com
evidência sistematicamente coletada, em geral, a partir dos da-
a linha horizontal de base medida geralmente em escala lo-
dos de vigilância em saúde pública e eventualmente seguida
garítmica e seu intervalo de confiança representado por uma
de uma investigação epidemiológica que sugere uma relação
linha horizontal, com a anotação textual do resultado de cada
causal comum entre os casos. Em teoria, um surto seria a ex-
estudo e de seu intervalo de confiança e tendo ainda, o gráfico,
pressão inicial de uma epidemia e, portanto, a identificação
o losango ou diamond, que representa o resultado global su-
oportuna de um surto seria a maneira mais precoce de pre-
mariado da metanálise) não traz qualquer informação acerca
de todos os estudos terem analisado a mesma pergunta (que venir uma epidemia subsequente. Na prática, a identificação
é uma informação qualitativa). Dessa maneira, por exclusão, de surtos é uma atividade básica dos sistemas de vigilância e
apenas a alternativa a pode estar correta. Metanálise cumula- a investigação de surtos, um requisito importante para a im
tiva é aquela em que cada novo estudo relevante que surja (e plementação de medidas de prevenção e controle oportunas e
que trate da mesma pergunta) é incorporado à metanálise já efetivas no nível local.”. Em resumo: “Surto: é o aumento pou-
existente. Assim, o resultado de uma metanálise cumulativa co comum no número de casos relacionados epidemiologica-
vai se modificando (ou não) com a incorporação dos novos mente, de aparecimento súbito e disseminação localizada num
estudos. É, portanto, possível conhecer o quanto um novo espaço específico”.
estudo modificou o resultado global até então obtido (asser- “Uma epidemia é, essencialmente, um problema de saúde pú-
tiva I, correta). No momento em que os novos estudos não blica, de grande escala, relacionado à ocorrência e propagação
mais modificam o último resultado global, novas metanálises de uma doença ou evento de saúde claramente superior à ex
sobre o assunto não são mais necessárias. O gráfico de uma pectativa normal e que usualmente transcende os limites geo-
metanálise contínua não é o forest plot; é uma figura que re- gráficos e populacionais próprios de um surto. Em geral, uma
presenta um sumário contínuo de todos os estudos até aque- epidemia pode ser considerada como a agregação simultânea
le momento da publicação. As revisões sistemáticas, como de múltiplos surtos em uma ampla zona geográfica e usual-
partem de estudos reunidos sob critérios bem especificados, mente implica a ocorrência de um grande número de casos
informam quantos estudos foram publicados sobre a mesma novos em pouco tempo, claramente maior do que o número
pergunta e quantos e quais foram os considerados bons para esperado. Todavia, pela sua conotação de “situação de crise”
comporem a revisão (assertiva III). A assertiva IV, dada ofi- em função das metas e objetivos em saúde pública, uma epide-
cialmente neste teste como correta, é de difícil interpretação. mia não necessariamente é definida por um grande número de
Significaria que em 95% dos estudos (que estudos? Os que casos. Por exemplo, no cenário de erradicação da poliomielite
compõem uma metanálise cumulativa?) não é esperada uma aguda por poliovírus selvagem nas Américas, a ocorrência de
discrepância de resultados? Somos da opinião de que somen- um só caso confirmado define-se como epidemia.”. Em resu-
te as assertivas I e III são corretas. Resposta a. mo: “Epidemia: é a ocorrência de casos de doença ou outros

SJT Residência Médica – 2016


212
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

eventos de saúde com uma incidência maior que a esperada efeito). Por essas observações, as alternativas a e d estão in-
para uma área geográfica e períodos determinados. O número corretas. A melhor associação para “relação de causa e efeito
de casos que indicam a presença de uma epidemia varia con- para fatores de risco imutáveis” seria “coorte” (alternativas B
forme o agente, o tamanho e o tipo de população exposta, sua e E incorretas, portanto). Apenas a alternativa c está correta:
experiência prévia ou ausência de exposição à doença, e o lu- o desenho do tipo caso-controle é o mais indicado para in-
gar e tempo de ocorrência.”. Resposta b. vestigar a existência de relação de causa e efeito (associação
causal) quando o efeito (doença) é raro. Um estudo de coorte
para investigar tal relação exigiria um número muito grande
221. Consulte seu caderno de acompanhamento de aula e de pessoas (e, a depender da doença, um tempo muito gran-
sua apostila de Medicina Preventiva 1 e verifique a classifi de de acompanhamento), caso contrário o número de casos
cação dos níveis de evidência da Cochrane Collaboration e incidentes seria insuficiente para uma análise estatística com
do Oxford Centre for Evidence-based Medicine. Em ordem poder para detectar significância estatística num resultado
decrescente: as metanálises, os ensaios clínicos randomi- clinicamente significativo. Resposta c.
zados, os estudos de coortes, os casos-controles, os estudos
descritivos (transversais) e as investigações experimentais in
vitro. Dentre as alternativas apresentadas, os estudos expe- 224. A randomização controla vieses de seleção e de confu-
rimentais são os de maior confiabilidade (validade interna) são nos estudos experimentais, desde que as amostras não
por terem maior controle de vieses, em especial os de sele- sejam muito pequenas. O sorteio monta grupos (grupo-teste
ção e de confusão, devido à presença da randomização. Não ou de intervenção e grupo-controle) comparáveis e uma va-
se deve confundir a confiabilidade aqui reportada com a riável que pudesse ser de confusão na associação entre ex-
confiabilidade (sinônimo de precisão, reprodutibilidade ou posição e efeito estará igualmente distribuída entre os gru-
concordância) dos testes diagnósticos, que é uma medida do pos. Nos estudos experimentais a variável independente é a
erro aleatório que pode ocorrer quando se obtêm repetidas intervenção e a dependente o desfecho (a consequência da
medidas com um instrumento de diagnóstico. Resposta b. intervenção). Os grupos a serem comparados nos ensaios clí-
nicos devem provir de uma mesma população (um critério
de seleção para escolher os participantes do estudo), pois isso
222. Não há dúvida de que as características constantes aumenta a probabilidade de os grupos serem comparáveis,
nas alternativas A, C e E são premissas que devam ser serem semelhantes. Resposta a.
encontradas nos rastreamentos ou nos testes utilizados para
os mesmos. É também desejável que os testes apresentem
alto valor preditivo positivo (VPP), mas não se pode exigir
225. “Estudo de coorte” é o nome dado a estudos que são
essa premissa, pois ela depende fortemente da prevalên-
individuais, observacionais, prospectivos e analíticos. Ser
cia da afecção rastreada na população. Tanto é fato, que a
prospectivo significa que as pessoas (dado que é estudo in-
confirmação diagnóstica (posterior ao rastreamento positivo)
dividual) são escolhidas segundo a presença ou ausência da
é uma exigência e faz parte da definição/conceito de um
variável independente (exposição) e são acompanhadas em
programa de rastreamento. Basta verificar, por exemplo, o
VPP da mamografia, que gira por volta de 20%, mesmo para direção ao futuro para que se possa medir a incidência (alter
este exame de elevadíssima especificidade. Rastreamentos nativa e) do efeito ou variável dependente (doença ou morte,
visam detectar doenças em suas fases iniciais, sempre geralmente). Não há sorteio para definir quem será exposto
assintomáticas, para tentar modificar a história natural da ou não (alternativa c). Resposta d.
doença, melhorando seu prognóstico. Não influenciam,
porém, o surgimento de novos casos (incidência) da doença.
Rastrear casos assintomáticos de hipertensão arterial ou de 226. Teste que, a rigor, nem exige fazer contas, pois o dese-
algum câncer não diminuirá o surgimento de novos casos nho do estudo é, claramente, caso-controle: crianças com
dessas doenças. Isso apenas pode ocorrer quando se trate de malformação são comparadas a crianças sem malformação
doenças transmissíveis, como por exemplo, um rastreamen- quanto à deficiência materna de folato. Não se trata de um
to para sintomáticos respiratórios visando encontrar novos estudo de coortes, em que mães com e sem deficiência de
casos de tuberculose que, tratados, deixariam de infectar folato seriam acompanhadas em direção ao futuro para que
novos hospedeiros. Mas essa ação já não está buscando as- se medissem as incidências de malformação nos dois grupos
sintomáticos e, por isso, não se enquadra no conceito de ras- de mães. Poderia ser também um estudo transversal, e a me
treamento. Resposta d. dida da associação poderia ser tanto a odds ratio (OR) como
a razão de prevalências. Para ser caso-controle é preciso ad-
mitir que a deficiência de folato antecedeu a malformação
223. “Trials” significa experiências, testes, julgamentos, en- dos recém-nascidos. No estudo caso-controle, a medida de
saios, estudos experimentais; sua associação deveria ser feita associação é a OR (alternativa e). Porém, é sempre impor-
com “eficácia de medicamentos no tratamento de doenças”. tante montar uma tabela do tipo 2 x 2 para verificar o valor
Relação de causa e efeito para doenças prevalentes estaria do grau da associação, pois o autor do estudo, supondo que
associada a estudos transversais (ainda que os mesmos não a OR possa ser uma boa estimativa do risco relativo, poderia
sejam bem indicados para o estudo de relações de causa e ter preferido escrever RR na conclusão de seu estudo.

SJT Residência Médica – 2016


213
11 Temas gerais

Malformação
até os dias atuais (com sua sétima edição publicada em 2009),
as edições do GVE cumpriram o papel de orientar as ações de
Sim Não vigilância, prevenção e controle de doenças de importância na
Deficiência de Sim 20 16 saúde pública no país. Diante de um novo contexto, em que
folato materno Não 60 144 novas estratégias e tecnologias foram incorporadas às ações
80 160
de saúde pública e a vigilância em saúde é entendida como
“um processo contínuo e sistemático de coleta, consolida-
ção, disseminação de dados sobre eventos relacionados à
OR = (20 x 144)/(16 x 60) = 3,0.
saúde, visando o planejamento e a implementação de me-
Resposta e. didas de saúde pública para a proteção da saúde da popu-
lação, a prevenção e controle de riscos, agravos e doenças,
bem como para a promoção da saúde (grifo nosso)” (Portaria
227. A alternativa a está incorreta, pois a OR ajustada resulta 18,43 nº 1.378/2013), fez-se necessário rever e atualizar o conteúdo
(maior do que 1,0) com significância estatística (p menor do que da última edição do GVE (2009). Desta forma, esta edição
5%; no caso, menor do que 0,1%). A alternativa b está incorreta atualiza as estratégias e recomendações relacionadas às ações
porque, tendo o sexo feminino sido escolhido como padrão de de saúde pública para o enfrentamento das doenças transmis
comparação, o sexo masculino apresentou associação positiva síveis e incorpora novos textos sobre temas que, a partir da
com o óbito neonatal (OR ajustada com valor de 1,44; a falta de publicação da Portaria nº 1.271 de 2014, passaram a compor a
significância estatística (p=6,5%) informa que a maior mortali- Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agra-
dade neonatal masculina tem probabilidade alta de ter ocorrido vos e Eventos de Saúde Pública.”.
por acaso – alternativa e incorreta). A alternativa c está incorreta A afirmação I contempla a definição de Vigilância Epidemioló-
porque a chance de óbito neonatal na idade gestacional menor do gica de Langmuir em 1963; está, portanto, incorreta. A afirma-
que 37 semanas de gestação foi muito maior (4,87 vezes) do que a ção II está correta: a mesma portaria ministerial nº 1.378/2013
mesma chance na idade gestacional menor ou igual a 37 semanas. estabelece em seu Art. 5º que “Compete ao Ministério da
A alternativa d está correta: tanto pela OR bruta como pela ajus- Saúde a gestão das ações de vigilância em saúde no âmbito da
tada, o grau da associação é maior do que 1,0, com significância União, cabendo: I à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/
estatística. A decisão final sempre deve ser tomada com base na MS) a coordenação do Sistema Nacional de Vigilância em Saú-
medida ajustada, pois esse procedimento indica que o resultado de; e II - à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
está isento de vieses provocados pelas variáveis de confusão que a coordenação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.”. A
foram consideradas na análise. Resposta d. afirmação III está também correta; é a definição de Vigilância
Epidemiológica que consta na Lei 8.080, a Lei do SUS. Não há
resposta para este teste, embora o gabarito oficial tenha consi
228. Essa é uma observação importante para que não se con- derado a afirmação I correta e apontado a alternativa d.
funda um estudo de coorte (cohort) com um estudo de corte
transversal, ou seccional. Acompanhar indivíduos expostos e
não expostos ao longo do tempo em direção ao futuro para me- 231. Trata-se de estudo individual (pessoa por pessoa foi ava-
dir a incidência de algum efeito é característica de um estudo liada), experimental (houve uma intervenção), prospectivo
individual, observacional, prospectivo e analítico. Resposta c. (num instante futuro foi analisada a consequência de uma
intervenção) e descritivo (não houve um grupo de compara-
ção). O que ocorreu é que o grupo-controle foi o mesmo gru-
229. A afirmação I está (quase) correta: é a definição da Taxa po de pacientes “antes” da intervenção. Esse tipo de estudo é
ou Coeficiente bruto de Mortalidade Geral: TMG ou CMG. chamado de “ensaio clínico do tipo antes e depois”, em que os
Seria mais conveniente se viesse anotado o termo “Geral”, próprios indivíduos arrolados são os controles deles mesmos.
pois taxa bruta de mortalidade pode se referir a qualquer do- A vantagem é que o tamanho da amostra pode ser diminuído,
ença ou causa, sem ser “geral”. A afirmação II está correta: é pois a variabilidade entre os grupos, que pode afetar o efeito
a definição de mortalidade infantil. A afirmação III inicia-se do experimento, é menor. Embora adjetivado como estudo
correta, mas a composição de causas de morte não é homo- descritivo, ele contém um importante componente analítico
gênea nos subgrupos de idade dessa faixa etária (neonatal e acerca da eficácia ou efetividade da intervenção. Resposta d.
pós-neonatal). Resposta d.

232. A ABEC é a Associação Brasileira de Editores Cientí-


230. O Guia de Vigilância em Saúde / Ministério da Saúde, ficos, uma sociedade civil de âmbito nacional que congre-
Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasília : Ministério da ga pessoas físicas e jurídicas com interesse em desenvolver
Saúde, 2014. 812 p. (Modo de acesso www.saude.gov.br/bvs) e aprimorar a publicação de periódicos tecnicocientíficos,
traz o seguinte texto em sua abertura: “Esta primeira edição do aperfeiçoar a comunicação e divulgação de informações,
Guia de Vigilância em Saúde (GVS), editada pela Secretaria de manter o intercâmbio de ideias, o debate de problemas e a de-
Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), vem fesa dos interesses comuns. Não é, então, uma base de dados
substituir e ampliar o escopo do Guia de Vigilância Epidemio- com amplitude suficiente para atender à solicitação imposta
lógica (GVE). Desde o ano de sua primeira edição em 1985 pelo teste apresentado. Logo, apenas a alternativa c não con-

SJT Residência Médica – 2016


214
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

tém listada a ABEC. Medline é o principal banco eletrônico longo de um período de tempo estabelecido. O denominador
de títulos e resumos de artigos da área médica no mundo; do coeficiente vai depender de qual é a população para a qual
congrega cerca de 4.500 periódicos de mais de 70 países, com se deseja estimar o risco. Se for a população do local, serão
predomínio de periódicos de língua inglesa. Resposta c. os habitantes do local naquele período e estará constituído
um coeficiente de mortalidade pela causa. Se for o total de
doentes por aquela causa, estará constituído um coeficiente
233. A Redução do Risco Relativo ou Redução Relativa de de letalidade pela causa, que expressa a gravidade clínica da
Risco (RRR) num ensaio clínico é calculada pelo comple- doença. Resposta d.
mentar do Risco Relativo (1-RR). Nessa metanálise, a me-
dida-sumário obtida (RR sumariado), representada pelo lo-
sango na parte inferior do forest plot, resultou 0,76. Logo, a 239. A população de interesse é de 20.000 adultos. E dentre eles
RRR vale 1-0,76 = 0,24 ou 24% de redução na ocorrência dos há 3.000 hipertensos, o que já resulta numa prevalência de 15%
desfechos medidos. Resposta d. (sob a hipótese de que todos os hipertensos da população de
interesse) são detectados pelo Centro de Saúde. O acompanha-
mento das 20.000 pessoas ao longo de um ano indicou o surgi-
234. Nos estudos casos-controles, casos podem se recordar de mento de mais 200 casos. Ao término do ano (infelizmente não
exposições pregressas de maneira sistematicamente diferente de está redigido assim no enunciado), considerando-se que ne-
controles (tanto faz recordarem-se mais ou recordarem-se me- nhum hipertenso dos antigos e nem dos novos diagnosticados
nos; o que importa é que se recordem diferentemente do que morreu ou migrou, deixando de fazer parte da população (infe-
se recordam os controles – e vice-versa, evidentemente). Essa é lizmente não está redigido assim no enunciado), a prevalência
uma tendenciosidade na obtenção da informação; é, portanto, será 3.200/20.000 ou 16%. Resposta b (com ressalvas).
um viés de informação (ou de aferição). Nesse caso particular
chama-se viés de memória ou de recordação. Resposta b.
240. A alternativa a está incorreta porque seria antiético ad-
ministrar placebo ao grupo controle; seria preciso comparar
235. A sensibilidade é a capacidade que tem o teste de de- a nova droga a outra já existente e em uso para aquela neo-
tectar corretamente os doentes, ou seja, resultar positivo em plasia (o que, por sinal, está anotado no enunciado, invia-
quem realmente tem a doença: 99 positivos ao teste em 100 bilizando a possibilidade dessa alternativa estar correta). A
doentes ou 99%. A especificidade é a capacidade que tem o alternativa b está correta; é o princípio básico da randomi-
teste de detectar corretamente os não doentes, ou seja, re- zação. A alternativa c está incorreta porque pode haver ten-
sultar negativo em quem realmente não tem a doença: 900 denciosidade (viés de informação) se os pacientes souberem
negativos ao teste em 1.000 não doentes ou 90%. Resposta b. que tratamento estão recebendo. Tendenciosidade também
aparece na alternativa d, em que a nova droga pode parecer
melhor que a usual por ter sido administrada a casos menos
236. A acurácia é definida como a proporção de resultados graves ou avançados; isso configuraria um viés de seleção, o
corretos (positivos verdadeiros e negativos verdadeiros) no qual é controlado com a randomização. Resposta b.
total de resultados. No caso: (99+900)/1.100 = 0,908 ou 90,8%
(sem casas decimais, deveria ser corretamente arredondado
para 91% e não 90% como anotado na alternativa “correta”). 241. A alternativa a está correta. Entre as taxas de recidiva,
A prevalência da doença na população (amostra populacio- embora o grupo-controle tenha tido uma taxa maior (6,1/100
nal) que foi submetida ao teste é dada por: (99+1)/1.100 = pacientes/ano ante 5,0/100 pacientes/ano no grupo de interven-
0,091 ou 9,1%. Resposta c. ção), com razão entre elas de 1,22, essa razão não teve significân-
cia estatística, pois seu IC95% englobou o valor 1,0, indicando
que elas têm probabilidade maior do que 5% de serem iguais.
237. “Estudo de uma doença”, como redigido no enunciado, E entre as taxas de efeitos adversos graves, os IC95% dos dois
é algo obscuro. Poderia ser o estudo de sua etiologia, de sua grupos se sobrepõem; há, portanto, valores de taxas que são co-
frequência, de sua história natural (prognóstico, mortalidade, muns aos dois regimes de tratamento; eles não diferem. Quanto
letalidade). Como, no enunciado, está dito algo sobre a expo- à alternativa b, é interessante notar que o enunciado contém um
sição, é de se pensar que se trate do estudo da etiologia da do- erro, pois afirma que “a razão entre as taxas (de recidivas ob
ença. Assim, para uma doença frequente (não rara), o estudo servação nossa) foi de 1,2 ... para o grupo de intervenção”, quan-
de coorte é o mais indicado, mesmo que a exposição seja rara, do 1,2 é a razão entre 6,1 e 5,0, ou seja, é para o grupo-controle
pois os indivíduos são selecionados a partir da exposição. Re- em relação ao grupo de intervenção. Assim, a alternativa b não
veja a tabela que compara estudos observacionais em seu ca- tem lógica, e, mesmo se tivesse, o valor 1,2 não teve significância
derno de acompanhamento de aula. Resposta c. estatística, como já referido acima. A alternativa c está incorre-
ta porque o valor de 10,0 efeitos adversos graves/100 pacientes/
ano do grupo de intervenção não foi estatisticamente diferente
238. A estimativa do risco de morrer por uma determinada de 9,0/100 pacientes/ano no grupo-controle. A alternativa d está
causa num dado local é feita a partir de um coeficiente que incorreta porque não houve Redução Absoluta de Risco de efei-
leva no numerador os óbitos ocorridos por aquela causa ao tos adversos com a nova droga; houve Aumento Absoluto de

SJT Residência Médica – 2016


215
11 Temas gerais

Risco com a mesma: o risco passou de 9,0/100 pacientes/ano nal de doenças (CID). Se considerarmos causas individualizadas
com a droga usual para 10,0 com a nova droga, um Aumento e não capítulos da CID, as mortes por doenças isquêmicas do
Absoluto de Risco de 1,0/100 pacientes/ano e um Aumento Re- coração e por doenças cerebrovasculares suplantam, cada uma,
lativo de Risco de 1,0/9,0 = 11,1%. as mortes por neoplasia de mama (alternativa a). A letalidade
pelo câncer de mama tem, em seu denominador, o número de
casos de câncer de mama e não a população, contada segundo
242. A alternativa a não pode ser julgada (e por isso não pode o número de habitantes (alternativa b). A mortalidade propor-
ser apontada como correta) porque não é apresentada a incidên- cional em mulheres pelo câncer de mama reflete a proporção
cia da Doença Cerebrovascular (DCbV); apresentam-se apenas dos óbitos por essa única causa no total de óbitos femininos. Os
o número de óbitos pela DCbV. A alternativa b está incorreta óbitos por todos os tipos de câncer em mulheres chegaram, con-
porque um maior número de óbitos pode significar um menor juntamente, a cerca de 18% em 2012 no país (alternativa c). O
risco de morrer; é preciso relativizar, relacionar esses óbitos a uma câncer da mama é apenas uma parcela desses 18%. A alternativa
população, a um número de indivíduos em risco de morrer, para d está correta, pois um coeficiente de mortalidade é calculado
que se possa estimar o risco. É perfeitamente possível comparar pela relação entre o número de óbitos por uma causa e a popula-
a mortalidade por faixas etárias (alternativa c), afinal estão dadas ção sujeita ao risco de morrer por essa causa; isso reflete o risco
as quantidades de óbito por faixas etárias e a população por faixas que tem essa população de morrer por essa causa. Resposta d.
etárias nas duas regiões; pouco importa que tenham tamanhos
diferentes. E se, mesmo numa faixa etária, além de diferentes ta-
manhos as populações forem heterogêneas quanto a uma série de 246. Dentre as doenças listadas, apenas a malária na região
variáveis, isso absolutamente não inviabiliza a comparação; pelo amazônica não é de notificação imediata (no máximo em 24
contrário: essa heterogeneidade poderá explicar uma possível di- horas após a prestação do primeiro atendimento ao pacien
ferença encontrada nas mortalidades. A alternativa d refere-se à te). Já a malária em região extra-amazônica é de notificação
comparação das TMGs (Taxas) ou CMGs (Coeficientes de Mor- imediata. Resposta b.
talidade Geral). De fato, se forem CMGs brutos, sem padroniza-
ção por idade, a comparação não deve ser feita, pois enquanto a
região 1 tem 36,4% de idosos, a região 2 tem apenas 14,3%. Mas 247. Dentre as doenças e agravos à saúde listados, apenas a
não está anotado na tabela que tais coeficientes são brutos, e deve- tularemia (uma das doenças com suspeita de disseminação
ria estar para que a alternativa d estivesse absolutamente correta. intencional) é de notificação imediata, e não dentro de sete
O fato é que as três primeiras alternativas estão claramente incor- dias. Resposta d.
retas e a última pode estar correta. Resposta d (com restrições).

248. Dentre as doenças e agravos à saúde listados, apenas a


243. A alternativa a está incorreta porque a assistência mé-
perda auditiva induzida por ruído (PAIR) não é de notifica-
dica implantada facilitará o diagnóstico da doença que antes
ção compulsória. Resposta a.
não era realizado por falta de acesso; havia uma demanda
reprimida que apenas foi desvelada pelo acesso aos serviços.
Esse aumento de casos não configura epidemia; é apenas um
aumento na detecção da doença. É a mesma situação da al- 249. A velocidade da progressão de uma epidemia (o tempo que
ternativa d. A alternativa b pode ser reflexo de uma epidemia, transcorre desde que a incidência supera o limiar epidêmico até
mas pode estar relacionada a uma sazonalidade da doença a incidência máxima da epidemia) define se a mesma é lenta
respiratória. Por isso, não é possível afirmar que a triplicação (tempo medido em semanas ou meses) ou explosiva (tempo
do número de internações seja uma epidemia. A alternativa c medido em horas ou dias). Na epidemia progressiva ou propa-
configura um surto, uma ocorrência epidêmica num ambien- gada, que é, geralmente, lenta, a transmissão é de pessoa a pes-
te restrito, específico. Resposta c. soa, podendo ser direta (como aponta a alternativa c) ou indire-
ta (por meio de veículos ou vetores). Não há porque afirmar que
uma fonte pontual (epidemia por fonte comum, como por uma
244. Acidente de trabalho, se grave ou fatal ou ocorrido em intoxicação alimentar ou por contaminação de água de abasteci-
crianças e adolescentes é de notificação imediata para a Secre- mento público) vá se repetir em ciclos. Resposta d.
taria Municipal de Saúde. Imediata significa que o profissional
de saúde ou o responsável pelo serviço assistencial que prestar
o primeiro atendimento ao paciente tem de fazer a notifica- 250. Todas as alternativas, exceto a d, que deve ser apontada,
ção em até 24 horas desse atendimento, pelo meio mais rápido listam critérios que são utilizados para eleger doenças e agra-
disponível. Essa obrigatoriedade consta da Portaria Ministerial vos que devam fazer parte da lista de doenças de notificação
Nº 1.271, de 6 de junho de 2014, que traz a nova Lista Nacional compulsória. Verifique esses critérios em sua apostila de Me-
de Notificação Compulsória de Doenças. Resposta b. dicina Preventiva 1. Resposta d.

245. A primeira causa de morte no Brasil, seja para homens, seja 251. O vértice superior esquerdo do diagrama que contém a
para mulheres, são as doenças do aparelho circulatório. Estas, curva ROC é o ponto em que tanto a sensibilidade como a es
porém, compreendem um capítulo da classificação internacio- pecificidade do teste diagnóstico cuja curva está sendo anali-

SJT Residência Médica – 2016


216
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

sada tem, simultaneamente, a menor perda de sensibilidade imunodeficiência adquirida; 2) Infecção pelo HIV em ges-
e de especificidade. O ponto da curva que mais se aproximar tante, parturiente ou puérpera e Criança exposta ao risco de
desse vértice é considerado o melhor ponto de corte (cut off) transmissão vertical do HIV (grifo nosso) e 3) Infecção pelo
do teste. A rigor, um teste diagnóstico não “se concentra num vírus da Imunodeficiência humana (HIV). Nenhuma delas é
canto da curva ROC”. Resposta a. de notificação imediata (dentro de 24 horas). Ante essa ob-
servação, a alternativa e está incorreta e deve ser a apontada.
As outras alternativas estão corretas. Resposta e.
252. Duplo cego significa que as pessoas que são estudadas,
avaliadas, não sabem a que grupo pertencem (de investiga-
ção ou de controle) e que os observadores (investigadores) 257. Inicialmente é preciso não confundir atenção primária
também não sabem a que grupo as pessoas pertencem. O (atenção básica à saúde, que pode e deve fazer prevenção
objetivo desse duplo mascaramento é evitar tendenciosida- primária, secundária e terciária) com prevenção primária
de tanto por parte dos observados como dos observadores (medidas preventivas tomadas antes de as doenças se inicia-
em avaliar o efeito da intervenção em estudo. O estudo será rem nas pessoas; medidas voltadas à pesquisa de fatores de
triplo-cego se também o analista dos dados (geralmente um risco, à redução do risco). O enunciado, por sua vez, seria
estatístico) não souber quais são os grupos de intervenção ou mais claro se fosse informado a que tipo de antecedentes a
de controle. O objetivo de todo mascaramento é evitar vieses ficha se refere: pessoais ou familiares? Pois a investigação de
de aferição ou informação. Resposta a. antecedentes familiares para hipertensão arterial ou diabetes
se refere à prevenção primária dessas afecções (que poderiam
ainda nem ter se iniciado nas pessoas inquiridas). Antece-
253. Investigação (de etiologia, faltou vir escrito no enuncia dentes pessoais para essas afecções, porém, implicariam em
do) de doenças raras implica em obter um grande número elas já terem se iniciado, em algum momento, nas pessoas,
de pessoas com essas afecções para que a inferência estatísti- o que caracterizaria uma prevenção secundária caso fossem
ca tenha significância. Nessa situação, impõe-se o estudo do detectadas precocemente. A busca por sintomáticos respira-
tipo caso-controle, pois mesmo sendo rara a doença, é pos- tórios é entendida como uma medida de prevenção secundá-
sível a localização de muitas dezenas ou algumas centenas de ria, pois visa encontrar, ativamente, pessoas com tuberculose
casos registrados nos serviços médicos. Resposta c. pulmonar numa fase inicial (mas claramente já iniciada) da
doença; recebe o nome de “busca ativa de casos”. Assim, a al-
ternativa correta tem de incluir “busca ativa” e prevenção ou
primária (se os antecedentes de hipertensão e diabetes forem
254. Fator protetor é aquele que, num estudo de coorte, está familiares) ou secundária (se tais antecedentes forem pesso-
relacionado a um RR menor do que 1,0 (associação negativa ais). Resposta d.
ou protetora: o risco de expostos ao fator é menor do que o
dos não expostos). Além disso, para que o resultado não seja
atribuído ao acaso, seu IC 95% não deve englobar o valor da
258. A descrição leva a aceitar que existiam 21 casos de han-
não associação, que é o valor 1,0. Convém observar que a
seníase nos 200.000 habitantes do distrito de saúde (pois o
alternativa d é impossível de ocorrer: a estimativa pontual de
teste experimental teria identificado 15 casos da doença – e
uma medida tem, obrigatoriamente, de estar contida em seu
é preciso aceitar que sejam, então, de fato, casos da doença
próprio intervalo de confiança. Resposta a.
e não falsos positivos para a doença – e os testes habituais,
verificando um aumento de 40% sobre os 15 casos anterior-
mente detectados, teriam identificado, então, mais 6 casos
255. Trata-se de estudo individual (pessoa por pessoa é ca- de hanseníase). Assim, a sensibilidade do teste experimen-
racterizada por ter sido ou não exposta e por ter ou não apre- tal teria sido de 71,4% (15/21). Essa diferença (de 15 para
sentado o efeito – hepatite B – no decorrer do acompanha- 21 casos) deve-se à sensibilidade (baixa? Intermediária?) do
mento), observacional (não houve intervenção; as pessoas teste experimental. Nada mais se pode afirmar ante as con-
não foram sorteadas ou designadas, por algum motivo, para dições colocadas no enunciado. A alternativa a postula acer-
receberem ou não a transfusão sanguínea; elas foram ape ca de uma baixa especificidade do novo teste; não há infor-
nas classificadas como tendo ou não recebido a transfusão mações sobre o resultado do teste em pessoas não doentes
e foram, a partir disso, acompanhadas ao longo do tempo), (e nem a sensibilidade é alta; apenas 71,4%). Sem qualquer
prospectivo (as pessoas são seguidas no tempo para que se informação sobre a especificidade ou sobre resultados falsos
meça a incidência de hepatite) e analítico (há pelo menos positivos, não é possível calcular o valor preditivo positivo
dois grupos para que possa ser feita uma comparação: os (alternativas b e c). Não há referência ao fato de o teste ter
que receberam transfusão e os que não a receberam). Essas sido aplicado a uma amostra selecionada dentre os 200.000
características definem um estudo de coortes. Resposta d. habitantes, logo, não se pode cogitar sobre viés de amostra-
gem (alternativa d). A acurácia do método depende de se sa-
ber o número de positivos verdadeiros segundo o novo teste
256. A notificação compulsória da infecção pelo HIV foi mo- (que é 15) e o de negativos verdadeiros (que é desconhecido).
dificada na Portaria Ministerial Nº 1.271, de 6 de junho de Logo, não é possível calcular a acurácia nesse estudo, mas é
2014. Atualmente são de notificação: 1) HIV/AIDS - Infec- possível calcular a acurácia nesse tipo de estudo (alternativa
ção pelo vírus da imunodeficiência humana ou síndrome da e). Teste sem reposta.

SJT Residência Médica – 2016


217
11 Temas gerais

259. Existiu uma clara elevação da RMM nos meses de julho, são comparados com os indicadores que caracterizam uma
agosto e setembro de 2009. Não se pode falar em epidemia de situação posterior. Isso pode ser feito com uma única popu-
mortes maternas porque não está construído o diagrama de lação (antes e depois da intervenção) ou com várias (algumas
controle e porque é difícil caracterizar uma “faixa endêmica” recebendo a intervenção e outras não). Resposta e.
de mortalidade materna, que não é uma doença endêmica es-
tabelecida no país e sofre forte influência da atenção pré-na-
tal, que vem melhorando no Brasil. Para a interpretação da 261. Deve-se desconsiderar o erro na construção da questão,
variação da ocorrência de agravos à saúde segundo o tempo que mistura a exposição a uso diário de telefone celular com
(formulação de hipóteses explicativas ante o que é observa- a exposição a uso diário de computador. Sendo o estudo do
do na epidemiologia descritiva) é preciso lançar mão de uma tipo casos-controles, não há qualquer dúvida: a medida de
série de informações e conhecimentos. Sabe-se que houve associação mais adequada é a Odds Ratio (OR), que compa-
uma epidemia de Influenza A H1N1 em 2009, com pico nos ra (dividindo) a chance de exposição em casos (750:150) e a
meses de inverno; sabe-se que gestantes apresentaram maior chance de exposição em controles (650:250), cujo resultado é
letalidade, assim como idosos e crianças pequenas (tanto que 1,92. Nem haveria a necessidade de ser apresentado o inter-
tinham prioridade na obtenção do oseltamivir). Assim, essa valo de confiança da OR ou mesmo seu valor para a solução
epidemia é uma explicação plausível para o incremento ob- desta questão. Resposta c.
servado no gráfico (alternativa a). Sazonalidade apenas (al-
ternativa c) é pouco provável, pois no ano anterior (2008)
essa elevação em relação aos meses anteriores não foi obser-
262. Prevenir, evitar a ocorrência de doenças e agravos à saúde
vada. Óbitos neonatais por coqueluche explicariam muito
antes que eles se iniciem, mesmo que sem sintomas, caracteriza
pouco a ocorrência de óbitos maternos por coqueluche (al-
a prevenção primária, que congrega a promoção da saúde e a
ternativa b); além disso, a coqueluche passou a ter incidência
proteção específica, no modelo processual da História Natural da
aumentada no Brasil em 2011. Causas diretas de óbito mater-
Doença, de Leavell e Clark. A fluoretação da água visa evitar o sur-
no (doenças que a gestante adquiriu com a gravidez, parto ou
gimento de cáries dentárias e as imunizações evitarem as doenças
puerpério), dentre as quais as mais importantes em termos
a elas correspondentes. A prevenção secundária visa agravos e do-
de frequência são as doenças hipertensivas, as hemorragias e
enças já iniciadas nos indivíduos, ainda que sem sintomas (sem
as infecções, poderiam, em tese, ser as responsáveis por au-
manifestações clínicas). Resposta a.
mento da RMM naquele período em função de uma “desor-
ganização” da assistência obstétrica. Mas isso parece muito
hipotético, não havendo comprovação dessa desorganização
na assistência fornecida. A alternativa e pressupõe aumento 263. Questão idêntica à colocada na prova do mesmo local
de fecundação em fevereiro (?) e grande incidência de partos em 2010. A transição epidemiológica é a mudança no perfil de
prematuros (?); eles não explicariam a mortalidade materna, mortalidade (estrutura das causas de óbito) de uma população,
mas sim a infantil. Resposta a. que passa de uma situação de alta mortalidade proporcional
(MP) por doenças infecciosas e parasitárias e baixa MP por
doenças e agravos crônicos não transmissíveis, para outra si-
tuação, agora inversas à primeira. Uma das causas da transição
260. Estudos ecológicos contrapõem-se a estudos individuais
epidemiológica é a transição demográfica ou envelhecimento
quanto a sua unidade de observação ou análise: nestes, são
populacional, que se caracteriza pela passagem de uma situa-
os indivíduos; naqueles, são os aglomerados populacionais
ção de fecundidade (ou natalidade) e mortalidade altas (popu-
tomados como um todo. Desses aglomerados são colhidas
lação com pirâmide sexoetária de base larga e ápice estreito)
informações secundárias (por exemplo, um coeficiente de
morbidade ou de mortalidade para cada população, e infor- para uma situação de fecundidade e mortalidade baixas, com
mações sobre exposições comuns a cada uma das populações redução nos nascimentos e aumento na expectativa de vida
que vão ser comparadas). Por exemplo: taxas de mortalidade (pirâmide com estreitamento da base e alargamento do ápice,
por alguma doença em diferentes populações e tipo de die- própria de países desenvolvidos). Resposta b.
ta dessas diferentes populações; procura-se estabelecer uma
correlação entre essas variáveis: doença e dieta. Os estudos
ecológicos podem também ser prospectivos, acompanhando 264. A letalidade é a razão entre o número de óbitos por uma
a evolução de coeficientes ao longo do tempo. Assim, a al- doença (em um dado período) e o número de casos da do-
ternativa correta é a e. A alternativa a está incorreta porque ença nesse período. Reflete a gravidade clínica da doença e é
vários grupos (que geralmente são grandes populações) po- sempre expressa em porcentagem. Assim, entre os 700 casos
dem ser comparados. A alternativa b está incorreta porque de meningite meningocócica, 84 faleceram (pois foram 616
se refere a estudo individual (no caso, coorte). A alternativa os sobreviventes). Oitenta e quatro óbitos em 700 casos da
c refere-se a estudo individual também; um caso-controle doença significam exatamente 12%. Resposta a.
(desde que a exposição seja pregressa). Da mesma maneira,
a alternativa d reporta-se a estudo individual; neste caso, um
estudo experimental. Estudos ecológicos podem ser experi- 265. Questão idêntica à colocada na prova do mesmo local em
mentais também: uma intervenção populacional (baseada 2010. Infelizmente, este teste não informa a que população per-
em programas, projetos, leis, ações interssetoriais) é intro- tence os dados do gráfico, o que pode ser importante em sua
duzida e os indicadores que caracterizaram a situação inicial interpretação, pois é sabido que há marcantes diferenças epide-

SJT Residência Médica – 2016


218
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

miológicas regionais no Brasil quanto à ocorrência de Aids. O Biópsia


que o gráfico mostra é a feminização da epidemia, um fenôme-
Casos Controles
no tão importante a ponto de ter existido o Plano Integrado de
Enfrentamento da Feminização da Epidemia de Aids e Outras Exame Positivo 1.800 800 2.600
Doenças Sexualmente Transmissíveis, lançado pelo presidente físico Negativo 4 200
da república em 7 de março de 2007. As alternativas que apon-
2.500 5.000
tam a feminização são b e d. A alternativa b, no entanto, cita
uma “inversão” da relação masculino/feminino, o que clara-
mente não ocorre (o gráfico chega a apontar, a partir do ano A sensibilidade de um teste diagnóstico não depende da preva-
2000, uma relação de dois homens para uma mulher, mas ainda lência da doença na população em que o teste vai ser aplicado.
sem inversão). Assim, resta a alternativa d como possivelmente A sensibilidade é dada pela razão entre os positivos verdadeiros
correta. E, realmente, se o gráfico referir-se à região sudeste do (1.800) e o número de verdadeiros doentes (2.500), ou seja, 72%.
país ou ao Estado de São Paulo (ESP), a explicação citada na Observe-se que o Valor Preditivo Positivo – VPP – (1.800/2.600
alternativa d está correta, pois o uso de drogas injetáveis foi um = 69,2%) cairá bastante se o mesmo teste (com sensibilidade de
fator fundamental na feminização da epidemia de Aids no ESP, 72% e especificidade (4.200/5.000) de 84%) for aplicado em uma
especialmente no período de 1987 a 1990; o mesmo ocorreu na população com prevalência de apenas 5% da doença em ques-
Europa e nos Estados Unidos (veja “A Aids no estado de São tão. Faça uma simulação e verifique que o VPP passaria a ser
Paulo. As mudanças no perfil da epidemia e perspectivas da vi- 19,15% apenas. Resposta a.
gilância epidemiológica. Santos, NJS e cols. Revista Brasileira de
Epidemiologia, v. 5, nº 2, 2002, p. 286-310”). De 1991 a 2001, os
fatores mais importantes dessa feminização da epidemia foram
270. A investigação de fatores de risco, medindo o grau da
a própria prática heterossexual (heterossexualização – atual-
associação dos mesmos com a ocorrência de uma doença, é
mente a categoria mais importante de transmissão, tanto para
realizada por meio de estudos de coortes ou casos-controles.
homens como para mulheres) e a parceria sexual com homens
Como o estudo citado durou 10 anos (2000 a 2010), é de se
usuários de drogas injetáveis. Resposta d.
acreditar que houve um acompanhamento de indivíduos ao
longo desse período, tratando-se, por isso, de um estudo de
coortes. Em tese, poderia ser um estudo casos-controles com
266. Não são de notificação compulsória, entre as doenças
casos incidentes apenas (mais confiável); então o longo perío-
listadas nas alternativas dessa questão, a varicela, a filariose,
do para sua realização seria explicado pela necessidade de inci
a oncocercose, a febre reumática, a escabiose e a brucelose.
direm casos em número suficiente para o tamanho de amostra
Resposta a.
calculado para o estudo. Não parece possível, porém, porque a
doença em questão (IAM) não é rara; pelo contrário, é bastan-
te incidente, o que não justifica a espera de 10 anos para que se
267. Riscos relativos (RRs) que indicam proteção ou associação
acumulasse um bom tamanho de amostra. Resposta c.
negativa entre uma doença e um fator ou variável independente
têm valor menor do que 1,0 (o risco de doença nos expostos ao
fator é menor do que o risco dos não expostos). Como está apre-
sentado o intervalo de 95% de confiança dos RRs calculados, é 271. Em estudos de coorte a medida de associação entre fa-
preciso observar se o valor 1,0 está ou não contido nos intervalos tores de risco (variáveis independentes) e a doença (variável
de confiança; se estiver, isso significa que o RR pode valer 1,0 na dependente) é o risco relativo (RR). O risco atribuível é tam-
população que originou a amostra, apesar de ter tido resultado bém uma medida de associação (do tipo absoluto, pois é uma
diferente de 1,0 na amostra; nesses casos os RRs não teriam sig- diferença de riscos, e não uma razão, como o RR), mas é mais
nificância estatística. Observa-se, então, que há três fatores de apropriada para indicar o benefício (para os expostos ou para
proteção com significância estatística para o desenvolvimento a população como um todo) que se poderia obter caso fosse
de PAC. Resposta d. eliminada a exposição. Resposta b.

268. A mortalidade infantil é calculada pela razão entre o nú- 272. Taxas de ataque nada mais são do que medidas de inci-
mero de óbitos em menores de um ano de vida em um local, dência acumulada (risco) de doenças transmissíveis. A tabela
num dado ano-calendário e o número de nascidos vivos nes- mostra que as taxas de ataque em quem ingeriu ou não inge-
se local, nesse mesmo ano; o resultado é multiplicado por mil riu churrasco bovino foram semelhantes. O mesmo ocorreu
e apresentado “por mil nascidos vivos”. Assim, houve 80.200 com o pão de alho e com o vinagrete. São situações em que
óbitos em menores de um ano e houve 3.000.000 nascidos o risco relativo (RR) resultaria em valor próximo a 1,0. Di-
vivos (pois 60.000 eram natimortos), o que produz uma TMI ferença marcante aparece apenas para a ingestão de doce de
de 26,73 óbitos em menores de um ano por 1.000 nascidos leite, com RR = 88%/20% = 4,4. Resposta d.
vivos. Resposta d.

273. Em um teste de hipóteses – que antecede a realização


269. Monte sempre uma tabela do tipo 2 x 2 para resolver da maioria dos estudos clínico epidemiológicos – sempre são
questões sobre testes diagnósticos. construídas duas hipóteses. A hipótese nula ou de nulida-

SJT Residência Médica – 2016


219
11 Temas gerais

de (H0), que afirma não existir, na população da qual se titulação de IgG, lembrando que, ainda que o resultado do
origina(m) a(s) amostra(s), diferença entre os grupos que exame seja negativo, não se deve utilizar o resultado para in-
serão comparados ou associação entre as variáveis que serão dicar a vacinação nesse momento, pois as vacinas de vírus
estudadas. A outra hipótese é chamada hipótese alternativa vivos, como a de rubéola, são contraindicadas durante a ges-
(HA ou H1), que tanto pode simplesmente afirmar que há, tação, exceto em situações de epidemias. Como não existe
na população da qual se origina(m) a(s) amostra(s), uma di- circulação do vírus da rubéola no país, mesmo a gestante sem
ferença ou associação ou, então, apontar a direção dessa di- imunidade ativa ou passiva estará protegida por não ter ex-
ferença ou associação (por exemplo, afirmar que a média de posição às pessoas doentes e a lactentes com SRC. Em caso de
um grupo seja maior do que a de outro, e não simplesmente viagem da gestante não protegida para países em que esteja
diferente). A hipótese H0 afirma, por exemplo, que o valor do ocorrendo transmissão da rubéola, o médico assistente deve
RR na população é 1,0, ou que a odds ratio vale 1,0 (caso se avaliar os riscos e benefícios da vacinação.”
trate de um estudo casos-controles), ou que o efeito de dois Situação epidemiológica e de cobertura vacinal para rubéola
medicamentos é o mesmo (a redução relativa de risco com no país:
um deles valeria 0,0 em relação ao outro), ou que a média de
alguma dosagem sanguínea (na população) é igual para os
dois grupos que estão sendo comparados nas amostras. No I. Na campanha nacional de vacinação contra a rubéola para
teste de hipóteses aceita-se ou rejeita-se H0. E dessa aceitação homens e mulheres, em 2008, as mulheres tiveram cobertura
ou rejeição originam-se os erros do tipo I (rejeitar H0 e H0 vacinal de 98,4% no país;
ser verdadeira na população) e do tipo II (aceitar H0 e H0 ser II. Os últimos casos confirmados de rubéola no Brasil datam
falsa na população). Resposta c. de dezembro de 2008, nos estados de São Paulo e Pernambuco;
III. O último caso confirmado de síndrome da rubéola con-
gênita no país data de agosto de 2009, proveniente de mãe
274. Ciclo selvagem da dengue envolvendo macacos (alter- infectada pelo vírus da rubéola em 2008;
nativa b) como hospedeiros foi descrito apenas na Ásia e na
África (Guia de Vigilância Epidemiológica, 7ª ed., 2010 – Mi- IV. Em 2010, o Brasil foi certificado junto a Organização Pan-
nistério da Saúde). A “dormência” não ocorre em formas ala- -Americana da Saúde - OPAS como país sem circulação do
das; apenas os ovos podem permanecer ressecados aguardan- vírus da rubéola por mais de 12 meses;
do a umidade por cerca de um ano para eclodir (alternativa V. O resultado falso positivo pode geral ansiedade e sofri-
c). Não há descrição de portadores crônicos (assintomáticos) mento para as gestantes.
do vírus da dengue (alternativa d). A alternativa a é a correta: Diante destas informações, a Secretaria de Vigilância em
“Os mosquitos Aedes podem transmitir o vírus da dengue de Saúde reitera que:
forma transovariana diretamente para a prole, dispensando
o homem no ciclo mantenedor. A transmissão transovariana I. Não se proceda à sorologia rotineira de rubéola no pré-
é observada em 1 ovo contaminado em 500 ovos da prole, natal de mulheres gestantes, exceto para aquelas que apre
aproximadamente (MONTH, 1994)”. Resposta a. sentarem manifestações clínicas da doença e relato de viagem
ao exterior ou contato com viajantes nos últimos 30 dias;
II. As Secretarias Municipais de Saúde devem comunicar, na
275. Leia o texto a seguir, publicado pela Secretaria de Vigi- ficha de notificação, a condição de confirmação ou suspei-
lância em Saúde – SVS – do Ministério da Saúde, em maio ta de gravidez nas mulheres e o estado vacinal, em qualquer
de 2013. “SVS recomenda que não seja realizado exame de pessoa, com solicitação de sorologia por suspeita de sarampo
rotina para rubéola durante o pré-natal. A Secretaria de Vi- ou rubéola;
gilância em Saúde do Ministério da Saúde relembra aos mé- III. Seja orientado aos municípios que nos casos de pesquisa
dicos que realizam acompanhamento pré-natal que não é de infecção congênita de neonatos é indispensável constar na
necessário solicitar o exame sorológico de pesquisa de IgM ficha de investigação enviada ao Laboratório Central de Saú-
para rubéola em gestantes assintomáticas. Esse exame não de Pública (LACEN) a situação vacinal da mãe em relação à
tem sentido de ser realizado, pois não existe mais circulação rubéola. Resposta d.
do vírus da rubéola no país. Trata-se de um exame cuja rea-
lização não traz mais qualquer benefício para a gestante ou o
feto, diferentemente de exames como o da sífilis, do HIV, de 276. Prevalência e incidência são proporções (o numerador
hepatites virais e outros, que devem ser solicitados em todas está contido no denominador); a prevalência congregando ca-
as gestações. Diante da ausência de circulação do vírus da sos novos e antigos em um ponto do tempo em relação à po-
rubéola, eleva-se a probabilidade de ocorrerem resultados pulação deste ponto do tempo; a incidência congregando ape-
falso positivos para o exame de IgM para rubéola, dificultan- nas os casos novos que surgem durante um período de tempo
do o manejo clínico das gestantes e produzindo um elevado em relação à população do início do período de tempo. Casos
número de casos suspeitos notificados, sem corresponder à existentes dizem respeito, então, à prevalência; casos novos, à
definição de caso dessa doença. incidência. O item que pode gerar alguma confusão está escri-
Recomenda-se que, caso o médico assistente identifique que to na alternativa correta b: “casos existentes num período de
há necessidade de saber se a gestante tem títulos protetores tempo especificado”. Mas “período” não seria exclusivo da in
para o vírus da rubéola, este solicite apenas a sorologia com cidência? Tudo isso é relativo. Um dia, um mês ou um ano tan-

SJT Residência Médica – 2016


220
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

to podem ser considerados como “períodos” de tempo como ência: periódicos que mais aprecie, língua de seu domínio,
“pontos” no tempo. Se observarmos um século todo, não será resultados mais condizentes com sua própria prática etc.
estranho dizermos que um dado ano desse século seja “um Nem por isso devem ser sistematicamente desprezadas (al-
ponto” no tempo. Da mesma maneira, se acompanharmos ternativa d), como se sempre fossem tendenciosas. A alterna-
pessoas por alguns dias para verificarmos a melhora ou piora tiva b está correta em sua primeira parte, mas os resultados
de algum sintoma, esses poucos dias poderão ser considerados de uma metanálise não são sintetizados em uma curva de
um “período” de tempo. Resposta b. Kaplan-Meier; essas são curvas de sobrevida que compa-
ram grupos ao longo do tempo em um determinado es-
tudo até que incida o evento de interesse ou até que haja,
277. Nos estudos casos-controles doentes (casos) são compa- por algum motivo, a interrupção do acompanhamento de
rados a não doentes (controles) quanto à exposição pregressa cada indivíduo; a comparação dessas curvas em um estudo
a algum fator (variável independente), procurando-se medir gera uma medida chamada hazard ratio (HR) e uma meta-
se tal exposição é diferente entre casos e controles. A rigor, os nálise pode, então, apresentar uma medida sumária de vários
controles não precisam ser “sadios”, como afirmado na ques- HR, não “uma curva de Kaplan-Meier”. Os resultados das
tão; basta que não apresentem a doença (o efeito, a variável metanálises costumam ser apresentados em “diagramas de
dependente) que os casos apresentam; podem ser portadores floresta”: um gráfico com uma linha vertical central corres-
de outra doença que não a dos casos. Os controles podem pondendo ao valor nulo de uma medida de associação (risco
tanto ter sido expostos como não expostos no passado: isso relativo – RR ou odds ratio – OR ou HR = 1,0; Redução Re-
é o que se vai investigar. O papel dos controles no desenho lativa de Risco – RRR ou Risco Atribuível – RA = 0,0) e os
caso controle é informar qual seria a exposição nos casos resultados dos vários estudos que compuseram a metanálise
se não houvesse associação entre a exposição e a doença; a distribuídos à direita ou à esquerda da linha vertical citada,
racionalidade que está por trás da seleção dos controles é com a posição do resultado de cada estudo correspondendo
quantificar a exposição basal que existe na população da qual ao valor de sua medida de associação projetada em uma linha
se originaram casos e controles (eles devem provir de uma horizontal de base que costuma vir em escala logarítmica. E
mesma população), exposição que não estaria associada ao apresento também o resultado final, sumariado, da metaná
surgimento da doença. Resposta c. lise, por meio de um losango (“diamond”) próximo à linha
de base; muitas vezes uma linha pontilhada que passa pelo
centro do losango é também colocada para que se aprecie o
278. Está assumido, na questão, que o trabalho científico está resultado de cada estudo individual em comparação com o
sendo conduzido “com amostra” (todas as alternativas repor- resultado sumariado. O funnel plot (“gráfico do funil”) de fato
tam-se a “amostras”; não é, portanto, uma população-alvo in- é utilizado para verificar a possibilidade de os resultados dos
teira – que poderia ser, caso a pergunta do estudo se referisse estudos que compõem a metanálise representarem um viés
apenas àquele colégio. Note que o pesquisador quer estudar de publicação. Esses resultados, no “gráfico de funil”, são dis-
algo “em adolescentes de 15 anos do sexo masculino”, o que tribuídos em função do tamanho da amostra dos estudos ou
pressupõe estudantes de todos os colégios e mesmo adoles- da variabilidade presente nos dados de cada estudo. Assim,
centes que não estejam matriculados em colégios). O fato de o espera-se que os estudos com amostras menores apresentem,
pesquisador reunir “todos os alunos do colégio em que traba- por acaso ou variação amostral, resultados que variem mais,
lha” configura uma amostragem intencional, algo conveniente mais heterogêneos e os estudos com amostras maiores, re-
a ele, um procedimento não probabilístico (não houve sorteio sultados que variem menos, mais homogêneos. A dispersão
ou algum processo de aleatorização, casualização). A única op- desses resultados pode configurar a imagem de um funil, su-
ção em que a amostra não é probabilística está na alternativa b. gerindo não haver viés de publicação (verifique um exemplo
O viés que ocorre ante a indiscreta pergunta do pesquisador é desse gráfico no Capítulo 7 de sua apostila de Medicina Pre-
de informação (aferição, mensuração): foi usada uma pergun- ventiva 1). Resposta c.
ta embaraçosa, invasiva (que pode ocorrer quando se investi-
gam exposições como uso de drogas lícitas ou, principalmente,
ilícitas, ou práticas, por vezes, socialmente condenáveis como 280. As dúvidas ou perguntas do estudo surgem da obser-
abortamentos, assédio sexual etc.). O viés de informação deste vação da realidade. Havendo dúvida, formula-se uma hi-
caso costuma ser chamado viés de prevaricação (que, em in- pótese, que é uma suposta resposta à pergunta do estudo;
glês, tem o significado de esconder, ocultar) ou de falsa respos- representa aquilo que o pesquisador espera encontrar em
ta ou de não aceitação. Resposta b função de seu conhecimento sobre o assunto. Formulada
a hipótese, é montado um protocolo de pesquisa, que será
tanto mais bem construído quanto mais bem formulada
279. Revisões narrativas (alternativa a) não são obrigatoria- tiver sido a pergunta do estudo. O protocolo de pesquisa
mente “baseadas em evidência” e não são “sistemáticas”, ou testa a hipótese em estudo. Os resultados do estudo levarão
seja, não têm um protocolo isento de tendenciosidades, com o pesquisador a confirmar ou refutar sua hipótese inicial.
critérios explícitos de inclusão e exclusão para a seleção dos Qualquer que seja o resultado, ele deve ser comunicado
artigos que serão escolhidos para que se tenha uma informa (publicação do estudo), para a apreciação da comunidade
ção confiável acerca do assunto que se pretenda pesquisar. científica e de quaisquer outros interessados. Quando o
Revisões narrativas são realizadas de acordo com o desejo estudo é analítico e uma decisão terá de ser tomada pelo
do revisor, que pode buscar os artigos segundo sua conveni- pesquisador acerca de sua hipótese (por exemplo, aceitar

SJT Residência Médica – 2016


221
11 Temas gerais

ou rejeitar que um novo tratamento seja melhor do que um 283. O numerador do CGM (ou CMG ou TMG – Taxa de Mor-
antigo), duas hipóteses são sempre apresentadas: a hipóte- talidade Geral) contém o total de óbitos registrados em um dado
se H0 (“os tratamentos são iguais”) e a hipótese alternativa local durante um dado ano-calendário. O denominador é a po-
HA ou H1 (“os tratamentos são diferentes” ou “um dos tra- pulação (número de habitantes) daquele local no dia 1º de julho
tamentos é melhor do que o outro”). Não se comunicam daquele ano. A causa do óbito não importa para o CMG (embo-
apenas resultados que rejeitem a hipótese de nulidade (H0), ra importe demais para os coeficientes específicos de mortalida-
ocasião em que o valor de “p” foi menor do que 5%. Se for de, que indicam o risco de morrer por uma causa). A alternativa
aceita H0, deve ser comunicado que os tratamentos não “c”, no entanto, é um tanto “estranha”. Melhores condições de
apresentaram diferença do ponto de vista estatístico (o que assistência à saúde sugerem locais com bom controle das esta-
também não significa, definitivamente, que os tratamentos tísticas vitais (óbitos e nascimentos) e aceitar, aí, uma superes-
sejam iguais; a aceitação de H0 pode ter ocorrido em razão timação do número de óbitos, parece difícil. Uma possibilidade
do reduzido tamanho da amostra). Resposta d. seria haver várias fontes de obtenção dos dados de mortalidade
(não centralizadas em um Sistema de Informações sobre Morta
lidade – SIM) e, por isso, um único óbito poder ser registrado de
281. Este é um exemplo de teste malconstruído, pois prati- modo duplicado. Outra possibilidade seria não existir o SIM e
camente reduz a três as possibilidades de resposta correta, os óbitos serem apenas estimados em função do risco de morrer
uma vez que a alternativa D difere completamente das três do ano anterior aplicado a uma estimativa de tamanho popula-
alternativas anteriores; trata de outra “família” de conhe- cional calculada (também difícil de aceitar em locais “com me-
cimento e não implica em julgamento do “p-valor” que lhores condições de assistência à saúde”). Resposta d.
o enunciado requer. Apenas a título didático, neste caso,
nunca é demais saber que uma das restrições ao uso do
qui-quadrado em tabelas do tipo 2 x 2 é que nenhuma 284. A metanálise vem sendo caracterizada como um estudo
das quatro células da tabela tenha um valor “esperado” observacional (um estudo sobre outros estudos), sem inter-
menor do que 5,0. O valor esperado de uma dada célu- venção. É um método estatístico que visa obter um resulta-
la é obtido pela multiplicação do total da linha daque- do sumariado que represente o pool de estudos selecionados
la célula pelo total de sua coluna e dividido pelo valor para serem analisados, interpretados e discutidos. Não há um
de N. Assim, o menor valor esperado nessa tabela 2 x contato com pacientes, entrevistas, exame clínico, acompa-
2 seria o da célula “a” (que tem os menores totais): [(24 nhamento de pacientes etc. Não, há, portanto, um “trabalho
x 28)/80] = 8,4. Sendo um valor maior do que 5,0 (e os de campo” na realização das metanálises. Resposta c.
valores esperados das outras células serão maiores ainda),
não há restrição ao uso do teste do qui-quadrado. O valor
de p indica que a probabilidade de 58,3% de manutenção 285. Coorte é um estudo individual, observacional e prospec-
de tabagismo entre indivíduos tratados clinicamente e a tivo; caso-controle é um estudo individual, observacional e
probabilidade de 25,0% de manutenção de tabagismo en- retrospectivo. Estudos observacionais são aqueles em que não
tre indivíduos tratados cirurgicamente poderem ser iguais há intervenção do investigador. Ele apenas observa (registra
na população que originou as amostras estudadas existe, informações pregressas, investiga incidência de desfechos fu-
mas essa probabilidade é de, no máximo, 0,4%. Como cos- turos, investiga a ocorrência de características ou atributos).
tumamos julgar que probabilidades menores do que 5% Estudos quasi (ou quase)-experimentais são estudos em que
(0,05) são probabilidades ditas “pequenas”, então seria há intervenção, mas não há sorteio para definir a que grupo
“pequena” a probabilidade de 58,3% e 25,0% terem ocor- os indivíduos foram destinados. Experimentos naturais são es-
rido nos dois grupos por variação amostral (acaso) de um tudos em que há uma natural distribuição dos indivíduos em
único valor comum aos dois grupos. Assim, decide-se que diferentes grupos de exposição sem que isso tenha sido deter-
há significância estatística na diferença observada; ela não minado (sorteado) pelo investigador; ele, perspicaz, aproveita
deve ter ocorrido por acaso. A odds ratio resulta 4,2 e seu essas condições que mimetizam uma casualização. Estudos
intervalo de confiança não envolve o valor 1,0. Resposta a. naturalísticos são uma expressão pouco utilizada em Epide-
miologia. Trata-se de estudo no qual o pesquisador observa
atentamente e anota algum comportamento ou fenômeno, por
282. O valor do percentil 50 (P50) de um conjunto de dados vezes, durante um longo período, em seu ambiente natural e
numéricos ou quantitativos ordenados de forma crescente é o interferindo o mínimo possível com os indivíduos ou nos fe-
valor do dado que divide a distribuição em duas partes iguais: nômenos observados. São mais frequentes em pesquisas etno-
50% dos dados estarão à direita do P50 e 50% dos dados à sua gráficas e comportamentais. Resposta b.
esquerda. Essa posição corresponde exatamente à definição
da mediana de uma distribuição de dados. Ela corresponde
também ao chamado 2º quartil (Q2): Q1 é a posição que se- 286. A transição epidemiológica é basicamente caracteriza
para o primeiro quarto de dados ordenados (25% deles); Q3 da pela mudança da estrutura das causas de morte (perfil de
corresponde à posição que deixa 75% dos dados ordenados mortalidade) ao longo do tempo, passando de um predomí-
à esquerda e 25% à direita desta. P25 = Q1. Desvio padrão nio das doenças infecciosas e parasitárias para um predomí-
não é medida de tendência central; é medida de dispersão de nio das doenças e agravos crônicos não transmissíveis. Esse
dados em torno de uma medida central. Resposta c. é o aspecto comum a todos os países. No entanto, há dife-

SJT Residência Médica – 2016


222
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

renças entre os países: em alguns o processo foi mais rápido 291. As taxas citadas são as de mortalidade por doença cere-
(América Latina) do que em outros (Europa); há doenças brovascular e por doença isquêmica do coração. São calculadas
que emergem ou reemergem de maneira diferente por cau- por meio da relação entre o número de óbitos por essas causas
sa de características próprias de cada país ou de diferenças (numerador) e o número de habitantes (total ou de certa idade
regionais dentro de um mesmo país: doenças relacionadas a ou sexo) em risco de apresentar o evento registrado no numera-
comportamentos sociais (uso de drogas injetáveis e Aids), à dor da taxa (denominador). Trata-se de coeficientes específicos
ocupação de fronteiras agrícolas ou à realização de grandes de mortalidade ou, simplesmente, medidas de mortalidade por
projetos de desenvolvimento (malária, febre amarela, leish- causas. A letalidade afere o risco de morrer por uma doença em
maniose), a adensamentos urbanos sem estruturação (den- pessoas que tenham essa doença; reflete a gravidade clínica da
gue, tuberculose, acidentes e violência). Resposta d. doença. O Índice de Swaroop & Uemura mede a proporção de
óbitos em maiores de 50 anos. A mortalidade geral não leva em
consideração as causas de óbito. Resposta b.
287. As mais características propriedades de um teste diag-
nóstico são sua sensibilidade e especificidade. Elas indepen-
dem da população (amostra) em que o teste é aplicado e, 292. A influenza humana (alternativa A) só será de notifica-
quando isentas de tendenciosidades do observador dos resul- ção compulsória imediata se causada por um “novo subtipo”.
tados, podem ser tidas como bem definidas para cada teste. Toxoplasmose (alternativa B) não é doença de notificação
Os valores preditivos dependem da sensibilidade e da especi- compulsória. Acidente de trabalho em crianças e adolescen-
ficidade – por isso são também propriedades dos testes – mas tes (alternativa C) é de notificação compulsória (não imedia-
dependem também da prevalência da doença na população ta) apenas em Unidades Sentinelas, especificamente designa-
em que o teste é aplicado. Factibilidade é a propriedade rela- das para atender tais casos. Doença de origem desconhecida
cionada à aplicação do teste diagnóstico; diz respeito ao teste será de notificação imediata somente se caracterizar-se por
em si (simplicidade, custo, segurança), mas também diz res- “surto ou agregação de casos ou óbitos” pela doença (alterna-
peito à própria população (aceitabilidade, receptividade ao tiva E). Resposta d.
exame, educação em saúde), à gestão dos serviços de saúde,
às políticas e diretrizes que facilitarão (acesso) ou não a apli-
cação dos testes em rastreamentos populacionais. Resposta b. 293. “Falta de controle” significa não existir um grupo-con-
trole, não haver um grupo de comparação, não ser um estudo
analítico, ser um estudo descritivo. Entre os tipos de estudo
288. O que se pretende é conseguir detectar o máximo possí- listados, apenas o “série de casos” é descritivo. E nem sempre
vel de verdadeiras doentes (ainda que de maneira subclínica) o número de indivíduos é pequeno, embora o seja na maioria
no pré-natal. Assim, a principal característica desejada é a das vezes: são estudos produzidos em enfermarias ou ambu-
alta sensibilidade. Não interessa, aí, um exame com altíssima latórios de especialidade e não a partir de grandes contingen-
confiança em um resultado positivo (VPP) se o exame detec- tes populacionais. Resposta c.
tar apenas pequena parcela das doentes (sensibilidade baixa).
Alto valor preditivo negativo (VPN) geralmente acontece sob
alta sensibilidade, mas esse VPN dependerá também da pre- 294. Número de casos (número de casos/população = in-
valência da doença na população em que será aplicado o teste cidência) de uma doença (infecciosa ou não) durante um
diagnóstico. Se a prevalência for muito alta, mesmo com alta surto (epidemia restrita a um local ou a algumas institui-
sensibilidade haverá um considerável número absoluto de ções) no eixo “Y” e tempo no eixo “X” caracterizam a chama-
falsos negativos, o que pode afetar o VPN. Resposta a. da curva epidêmica. Todas as alternativas apontam situações
de variação da ocorrência de doenças em função do tempo
(no eixo “X” ou eixo das abscissas), mas a citação de “surto”
289. Consulte sua apostila de Medicina Preventiva 1 (Capí- somente se adapta à curva epidêmica. Resposta c.
tulo 8) e verifique que as meningites, a leishmaniose tegu-
mentar, a esquistossomose, a tuberculose, a hanseníase e a
leptospirose, embora doenças de notificação compulsória em 295. Leia as definições a seguir, que foram retiradas do Guia
todo o território nacional, não o são de notificação imediata. de Vigilância Epidemiológica, 7ª ed., 2010, da Secretaria de
Aproveite para rever as 19 doenças e agravos cuja notificação Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde.
deve ser imediata. A poliomielite é de notificação imediata,
mas não a paralisia flácida aguda. Resposta: não há uma al- Taxa de ataque: taxa de incidência acumulada, usada fre-
ternativa completamente correta. quentemente para grupos particulares, observados por perí-
odos limitados de tempo e em condições especiais, como em
uma epidemia. As taxas de ataque são usualmente expressas
290. Independentemente do gráfico apresentado, sabe-se que a em porcentagem.
mortalidade infantil pós-neonatal (ou tardia) relaciona-se à co- Taxa de ataque secundário: medida de frequência de casos no-
bertura vacinal, ao saneamento básico e à alimentação/nutrição; vos de uma doença, entre contatos próximos de casos conhe-
e que a neonatal (ou precoce) relaciona-se à assistência pré-natal cidos, ocorrendo dentro de um período de incubação aceito,
e ao parto. Condições socioeconômicas são sempre importan- após exposição ao caso índice. Essa taxa é frequentemente cal
tes, mas não dependem da Atenção Primária. Resposta a. culada para contatos domiciliares. Resposta c.

SJT Residência Médica – 2016


223
11 Temas gerais

296. A medida de associação a ser calculada depende do de- O risco de gastroenterite em quem comeu sorvete de frutas
senho do estudo. No caso, trata-se de estudo transversal: uma foi 450/1.000 = 0,4500. Em quem não comeu: 500/1.200 =
amostra probabilística (“pessoas sorteadas aleatoriamente”) 0,4167. A razão entre os dois riscos (RR): 1,0800. Resposta b.
de uma base de dados do IBGE, populacional, foi visitada em
seu domicílio para a coleta de informações e de sangue. A
medida mais adequada é a razão de prevalências: prevalên- 300. O risco de morrer por acidente de transporte terrestre
cia de sorologia positiva para rubéola em quem foi vacinado em Goiás em 2000 é dado pela relação entre 1.381 acidentes
dividida pela prevalência de sorologia positiva para rubéola de transporte terrestre e 5.003.228 habitantes, que resulta em
em quem não foi vacinado. Pode ser também medida a ra- 27,60 acidentes por 100.000 habitantes. Em 2011, 1.906 aci-
zão entre a prevalência de vacinação em quem tem sorologia dentes de transporte terrestre entre 6.080.716 habitantes, que
positiva e a prevalência de vacinação em quem tem sorolo- resulta em 31,34 acidentes por 100.000 habitantes. A alterna-
gia negativa. Poderia ser calculada, ainda, a razão de chances tiva a apresenta números completamente irreais: cerca de 50%
(odds ratio), que não consta das alternativas. Resposta d. de toda a população do estado teria morrido em virtude de
causas externas! A alternativa b é também exagerada: cerca de
16% das mortes no estado teriam sido devidas a acidentes de
297. Trata-se, claramente, de estudo do tipo casos-controles. transporte terrestre; se fossem todas as causas externas, seria
Monte uma tabela do tipo 2 x 2 como a colocada a seguir: mais possível (porque englobariam as violências, agressões, le-
sões outras, suicídios, envenenamentos etc.). Resposta c.
Casos Controles
Exposição ao Sim 50 25
químico C Não 50 75 301. Essa questão trata da relação entre incidência (I), pre-
100 100 valência (P) e duração (d) de uma doença. P ≈ I x d. Se a
incidência (risco) permanece constante ao longo do tempo,
A medida de associação adequada para esse desenho de estu-
mas a prevalência vem aumentando, é porque a duração vem
do é a razão de chances ou odds ratio (OR). OR = [(50 x 75) /
(25 x 50)] = 3,0. Resposta d. aumentando. Isso significa que a sobrevida dos pacientes da
doença (que não tem cura) vem aumentando (ou a letalidade
da doença diminuindo – na maioria das vezes por causa das
melhorias no tratamento). Resposta c.
298. Trata-se de estudo do tipo casos-controles, em que os
casos são indivíduos que morreram de câncer de próstata e a
exposição pregressa considerada foi o uso do medicamento
A. A medida de associação calculada, sem qualquer ajuste 302. O consumo de um ou mais ovos por dia, quando com-
para possíveis diferenças entre casos e controles, resultaram parado ao consumo de menos de um ovo por semana, confe-
0,45 (uma associação negativa ou protetora: o medicamento riu proteção contra todas as doenças cardiovasculares (risco
A protegendo contra a morte por câncer de próstata), com relativo – RR = 0,96) e contra a doença isquêmica do coração
significância estatística (pois o intervalo de confiança da odds (RR = 0,93), ambos os valores menores do que 1,0, ou seja,
ratio (OR) não englobou o valor da não associação que é 1,0). associação negativa ou protetora, de pequena intensidade ou
Porém, os casos poderiam ter tido índice de massa corporal di- grau, pois são valores muito próximos de 1,0. Porém, o cálcu-
ferente dos controles, doenças outras em relação aos controles lo dos intervalos de confiança para ambos RRs mostram que
que também influenciassem a mortalidade, tratamentos ou- nenhum dos dois tem significância estatística, pois ambos os
tros, proporcionalmente diferentes daqueles dos controles, que intervalos de confiança englobam o valor 1,0, indicativo de
pudessem estar também associados à mortalidade. Por isso foi não associação. Resposta b.
feito o ajuste por todas essas variáveis e a nova OR (ajustada
para essas possíveis variáveis de confusão) resultou 0,37 (mais
negativa, mais distante de 1,0 que 0,45, mais protetora ainda) 303. São caracterizados como de baixo peso ao nascer (BPN)
e com significância estatística, pois o valor de “p” foi menor os nascidos vivos (NV) com menos do que 2.500 g. Assim, há
do que 0,1% (menor do que 5%, que é o nível de significância 7.404 NV com BPN entre 89.742 nascimentos, o que perfaz
estatístico costumeiramente adotado). Resposta b. 8,25% dos nascimentos vivos. A título de comparação e infor-
mação, essa proporção, para o Brasil em 2011 (último dado
publicado pelo Ministério da Saúde no Datasus em dezembro
299. Para calcular o risco relativo (RR) solicitado, monte de 2013), era de 8,53%. O valor mais alto ocorria no Distrito
uma tabela do tipo 2 x 2 como a colocada a seguir: Federal (9,70%) e o mais baixo em Rondônia (6,77%); no esta-
do de São Paulo esse valor atingia 9,30%. Resposta d.

Gastroenterite
SIM NÃO 304. A Lista de Doenças de Notificação Compulsória foi
Comeram 450 550 1.000 atualizada em janeiro de 2011; em 2006 já houvera, de fato,
Sorvete outra atualização. Na lista atual (2011) pode-se notar que a
de frutas Não co- hidatidose, a toxoplasmose, a criptococose e a brucelose não
500 700 1.200
meram estão incluídas. As hepatites virais, o carbúnculo (ou antraz),

SJT Residência Médica – 2016


224
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

a leishmaniose tegumentar americana (e também a visceral), tulo 7 de sua apostila de Medicina Preventiva 1). É caracterizada
a sífilis em gestante (e também a adquirida e a congênita), a pela presença de pequeno ou nenhum erro aleatório na obtenção
hanseníase (independentemente da forma) e a febre tifoide, das medidas. A alternativa “d” é um tanto restritiva ao limitar a
sim. Resposta d. precisão à aferição de alguma propriedade de um “material bioló-
gico”. Testes diagnósticos podem ser, por exemplo, questionários.
A precisão não necessita ser definida por aferições obrigatoria-
305. Verifique as definições de casos suspeitos de algumas mente realizadas “por diferentes pessoas”. Resposta c.
das doenças solicitadas na questão (Fonte: Guia de Vigilância
Epidemiológica, 7ª ed., 2010, Ministério da Saúde):
308. Apenas os estudos transversais podem estabelecer a pre-
Caso suspeito de febre maculosa brasileira: indivíduo que
valência de uma doença ou agravo à saúde. A alternativa “a”
apresente febre de inicio súbito, cefaleia, mialgia e história de
pretendeu comparar o número de pessoas entre os estudos de
picada de carrapatos e/ou ter frequentado área sabidamente de
coorte e os estudos casos-controles. A alternativa “c” traz uma
transmissão de febre maculosa, nos últimos 15 dias; ou indi-
interessante vantagem dos estudos de coorte, pois a exposição
víduo que apresente febre de início súbito, cefaleia e mialgia,
é medida no início do estudo, quando o efeito (variável depen-
seguido de aparecimento de exantema maculopapular, entre
dente) ainda não ocorreu; por isso o efeito não influencia na
o 2º e 5º dias de evolução e/ou manifestações hemorrágicas.
aferição da exposição, como pode ocorre nos estudos casos-
Caso suspeito de febre purpúrica brasileira: criança que teve -controles (um viés de aferição ou mensuração que, nesse caso,
ou esta com conjuntivite e desenvolve quadro agudo de febre, alguns autores chamam viés de suspeição). A alternativa “d” é
acompanhado de algum outro sinal de toxemia (palidez perio- outra característica clássica dos estudos de coorte; e os mes-
ral, vômitos, dor abdominal, alterações do estado de consciên- mos podem ser prospectivos (concorrentes) ou retrospectivos
cia, petéquias, púrpura ou outras manifestações hemorrágicas). (históricos ou não concorrentes). Resposta b.
Caso suspeito de febre hemorrágica da dengue: é todo caso
suspeito de dengue clássico que apresente também manifes-
tações hemorrágicas, variando desde prova do laço positiva 309. Consulte o Capítulo 7 de sua apostila de Medicina Pre-
até fenômenos mais graves, como hematêmese, melena e ou- ventiva 1 e verifique que o nível 3b de evidência corresponde
tros. A ocorrência de manifestações hemorrágicas, acrescidas ao estudo caso-controle, no que diz respeito a conclusões so-
de sinais e sintomas de choque cardiovascular (pulso arterial bre tratamentos ou sobre etiologia/causalidade (que é o caso
fino e rápido ou ausente, diminuição ou ausência de pressão dos estudos casos-controles). Entre as alternativas apresenta-
arterial, pele fria e úmida, agitação), leva a suspeita de sín- das, aquela que corresponde ao nível mais alto de evidência
drome de choque. é a “b”: nível 1b. Em seguida, a alternativa “c”: nível 2b. Em
seguida a “d”: nível 2c. Por último a “a”: nível 4. Opinião de
Caso suspeito de dengue clássico: paciente que tenha doença especialistas corresponde ao nível 5 (mais baixo). Resposta e.
febril aguda, com duração máxima de 7 dias, acompanhada de
pelo menos dois dos seguintes sintomas: cefaleia, dor retro-
-orbital, mialgia, artralgia, prostração, exantema. Além desses
310. Entendendo-se “o teste” mencionado na questão como
sintomas, deve ter estado, nos últimos 15 dias, em área onde “um teste diagnóstico”, o que se pergunta é qual o conceito
esteja ocorrendo transmissão de dengue ou tenha a presença da relação entre negativos verdadeiros entre os resultados
de Aedes aegypti. Resposta c. negativos de um teste diagnóstico. Resposta b.

306. Mil pacientes (se são “pacientes” não são simplesmente 311. O gráfico apresentado diz respeito aos resultados finais de
habitantes ou população de uma localidade) com Aids (se- uma revisão sistemática. Não se trata da própria revisão siste-
gundo uma definição usada pela vigilância (epidemiológi- mática, pois os estudos que a compuseram não estão individu-
ca) nos Estados Unidos) tiveram seu perfil epidemiológico almente apresentados. E não se trata de uma metanálise porque
e demográfico descrito. Trata-se tipicamente de uma “série não há um resultado sumariado de todos os estudos (o “losan-
de casos”. As séries de casos podem ter, dependendo do tipo go” ou diamond final). O que se pode depreender do gráfico é
de informação fornecida, caráter transversal (características que em casos de pré-eclâmpsia grave o sulfato de magnésio tem
atuais) ou retrospectivo (exposições pregressas, como se fos- efeito protetor contra a eclâmpsia e efeito nocivo (causador) de
sem um estudo de casos-controles, mas sem a participação depressão respiratória materna, ambos com significância es-
dos controles). Não se trata de um estudo transversal clássico tatística (pois os intervalos de confiança (IC) de 95% – repre-
porque não se iniciou com a seleção de uma amostra popula- sentados pelos traços horizontais que atravessam as estimativas
cional para medir uma prevalência; iniciou-se com doentes, pontuais representadas pelos retângulos vermelhos e também
ainda que pretendesse descrever a prevalência de algumas de observáveis pela anotação dos próprios ICs – não englobam o
suas características. Resposta a. valor 1,0). Como a odds ratio (OR) protetora contra a eclampsia
foi 0,41 (estimativa do risco relativo), a redução relativa de risco
(RRR) é dada por [(1-OR)] = 59% (por isso a alternativa “a” está
307. As alternativas “c” e “d” são semelhantes. Precisão de um teste incorreta). A alternativa “d” pode até ser verdadeira, mas essa
diagnóstico é sinônimo de reprodutibilidade (alguns textos escre- conclusão (contraindicação) não pode ser adotada simplesmen-
vem “repetibilidade”), confiabilidade, concordância (leia o Capí- te em função da análise deste gráfico. Resposta c.

SJT Residência Médica – 2016


225
11 Temas gerais

312. A mortalidade proporcional por IAM pode ser calcu- “c” é falsa, pois a comparação é muito possível uma vez que
lada pela razão entre 50 óbitos por IAM dentre 1.000 óbitos os dados estão todos estratificados por idade, o que permite
totais, o que resulta em 5% (alternativa a). A incidência de comparar os riscos idade por idade (já é a apresentação da
IAM (alternativa b) foi de 500 casos de IAM em 50.000 ha- própria análise estratificada). Não seria possível a compara-
bitantes ou 10/10.000. A mortalidade por IAM na população ção se somente fosse apresentada a última linha da tabela,
(alternativa d) foi de 50 casos de IAM em 50.000 habitantes com os dados apenas do total da população de idosos. A al
ou 0,1%. Para calcular a letalidade do IAM, em relação à obe- ternativa “d” também está incorreta, pois não há qualquer in-
sidade, é necessário montar uma tabela do tipo 2 x 2 como a dicação de que os resultados do total de idosos estão padro-
colocada a seguir: nizados por idade (informação que viria, obrigatoriamente,
no título da tabela). A questão lida exatamente com isso: são
dados brutos para o total de idades e dados brutos estratifi-
Óbito por IAM cados por idade, que visam verificar se o médico é capaz de
SIM NÃO interpretá-los. A alternativa “b” está correta: o coeficiente de
SIM 30 170 200 mortalidade por doenças respiratórias para o total de ido-
Obesidade sos aumentou (de 18,6/1.000 para 20,1/1.000), mas isso não
NÃO 20 280 300
quer dizer, automaticamente, que o risco de morte por essa
50 450 500 causa tenha aumentado, pois pode ter ocorrido apenas por
A letalidade do IAM entre obesos foi de 30/200 = 15%. Entre envelhecimento populacional. E, de fato, o risco diminuiu
os não obesos 20/300 = 6,7%. Resposta c. em cada faixa etária (de 15/1.000 para 10/1.000 na primeira
faixa, de 20/1.000 para 13,3/1.000 na segunda, de 50/1.000
para 37,5/1.000 na última faixa); está reduzindo o risco de
313. O estudo I é individual (informações de 10.000 gestan- morrer por essa causa entre os idosos (conclusão da análise
tes, uma a uma), observacional (não houve intervenção), estratificada), mas a informação para o total da população
prospectivo (gestantes são acompanhadas até o momen- idosa não consegue mostrar essa melhoria na mortalidade
to do parto para investigar a incidência de internação em (porque são dados brutos, não ajustados ou padronizados
UTIs) e descritivo (há apenas um grupo em acompanha- por idade). Resposta b.
mento). Note que estaria mais bem escrito o enunciado se
afirmasse que o estudo I foi “publicado” e não “realizado”
em 2013, pois foi realizado entre 1992 e 2012. O estudo II 315. Testes para rastreamento populacional (alternativa a)
é individual (uma amostra de gestantes é entrevistada para devem ter alta sensibilidade para detectar o máximo possível
que se conheçam suas percepções sobre riscos e suas ca- de doentes, especialmente se boa parte deles forem oligossin-
racterísticas sociodemográficas), observacional (não há in- tomáticos (que diminuirá a procura por atenção médica). Se
tervenções), transversal (não há acompanhamento para o a doença é potencialmente grave e a intervenção para curá-
futuro para medir alguma incidência e nem investigação de -la é invasiva, complexa, com efeitos colaterais, é preciso ter
fatores de risco pregressos entre gestantes que tiveram ou muita certeza acerca do diagnóstico; é preciso que o valor
não tiveram alguma doença ou complicação, que caracte- preditivo positivo seja muito alto (confiança em um resulta-
rizariam um desenho do tipo casos-controles). Resposta b. do positivo), o que exige alta especificidade (alternativa b).
Testes diagnósticos aplicados em paralelo (vários testes pedi-
dos ao mesmo tempo e a investigação ser tida como positi
314. Esta questão trata de tirar conclusões acerca de coefi- va se pelo menos um dos testes resultar positivo) aumentam
cientes brutos e ajustados por idade. Ainda que se refira a a sensibilidade do processo de detecção (veja o Capítulo 7
idosos, exclusivamente, há estratos de idade dentro desse de sua apostila de Medicina Preventiva 1). O potencial para
grupo etário. Observe, inicialmente, que a população (ido- confirmação diagnóstica (alternativa d) é dado pela especifi-
sa) da década de 1970-1980 envelhece em relação à popula- cidade de um teste diagnóstico (testes muito específicos ten-
ção da década de 2000-2010, pois entre os 60-69 anos eram dem a ter poucos resultados falsos positivos). Assim, testes
66,7% dos idosos e em 2000-2010 passam a ser apenas 36,4%; em série, ou “em sequência” (e não em paralelo) é que são
entre os 80 e mais anos, eram 6,7% e passam a ser 36,4%. úteis quando a primeira exigência do processo de detecção é
Além disso, observe que nas duas décadas distintas, o risco uma confirmação diagnóstica. Resposta c.
de morrer por doenças respiratórias aumenta com a idade
(de 15/1.000 para 20 e para 50/1.000 na década de 1970-1980
e de 10/1.000 para 13,3 e para 37,5/1.000 na década de 2000- 316. Convém montar uma tabela do tipo 2 x 2 como a colo-
2010). Com essas informações é possível apreciar as alterna- cada a seguir para resolver questões desse tipo (expostos, não
tivas, admitindo que o “coeficiente de mortalidade” a que se expostos, doentes, não doentes):
referem as alternativas sejam referentes à mortalidade por
Acidente de trabalho
doenças respiratórias. A alternativa “a” é verdadeira em sua
primeira parte (compare 18,6/1.000 com 20,1/1.000), mas Sim Não
isso não quer dizer, obrigatoriamente, que o risco de mor- Exposição Sim 60 1940 2.000
rer por doenças respiratórias tenha aumentado. Isso pode ter à ruído Não 40 3 960 4.000
ocorrido apenas pelo envelhecimento populacional (e mais
100 5 900 6.000
velhos morrem mais por doenças respiratórias). A alternativa

SJT Residência Médica – 2016


226
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

O risco de acidente entre os expostos ao ruído foi 60/2.000 318. Independentemente do enunciado, a alternativa D está
(ou 3%); entre não expostos 40/4.000 (ou 1%). O risco rela- correta. A probabilidade de câncer do trato gastrointestinal,
tivo (RR) foi, então, 3%/1% = 3,0. Trata-se de número puro antes da aplicação de qualquer teste (probabilidade pré-teste
que indica o grau da associação entre a exposição ao ruído e é o mesmo que prevalência da doença), é maior em um pa-
a incidência de acidentes de trabalho. Não é uma incidência, ciente de 49 anos do que nem um de 19 anos e o valor predi-
um risco absoluto, como está redigido na alternativa incorreta tivo de um teste positivo (VPP) é muito maior em situação de
“a”. A incidência de acidentes na indústria é dada pela relação prevalência alta. Resposta d.
100/6.000 ou 0,0167 ou 1,67% e não 3% como indica a alter-
nativa d. Risco atribuível entre expostos ou risco atribuível à
exposição são sinônimos, e aí começa a confusão de conceitos 319. Identificar o maior número possível de doentes, não im-
que foi apontada em aula, exaustivamente, e que é muito co- portando se entre eles há muitos falsos positivos (em razão
mum em questões que envolvem os riscos atribuíveis e as fra- da possível baixa especificidade, muitas vezes, atrelada à alta
ções atribuíveis (ou etiológicas). O risco atribuível à exposição sensibilidade), é possibilidade que se concretiza com exame
(RA ou RAE) é dado pela diferença entre o risco dos expostos laboratorial de alta sensibilidade. Resposta a.
e o risco dos não expostos. Seria, então, 3%-1% = 2% (e não
1% como aponta a alternativa b). Então a alternativa correta
seria “c”. De fato, 67% é a fração atribuível (ou etiológica) para 320. O programa não vai curar a Aids, mas controlá-la, man-
expostos, ou seja, a fração, a proporção do risco dos expostos tendo os pacientes HIV-positivos e aidéticos vivos por mais
que é devida, é causada pela exposição. Para calculá-la, basta tempo (aumento de duração da doença). Isso fará a preva-
dividir o RA (também chamado excesso atribuível entre os ex- lência da doença tender a aumentar. As duas alternativas
postos) pelo risco dos expostos, ou seja, 2%/3% = 0,6667 ou possíveis, então, seria “a” e “b”. A incidência ou se manterá
66,7% ou, arredondando-se, 67%. Em outras palavras: dois constante, pois não se estará atingindo diretamente os fatores
terços do que ocorreu de acidentes de trabalho entre os expos- de risco dessa incidência, ou diminuirá um pouco, por fazer
tos ao ruído teria sido causado pelo ruído. Outra possibilidade com que os pacientes tratados tendam a transmitir menos o
de calcular essa fração atribuível para os expostos é estimar o vírus. Resposta b.
número de casos entre os expostos que são devidos, atribuíveis
à exposição ao ruído. O raciocínio é este: se entre 4.000 não
expostos ao ruído ocorreram 40 acidentes, em 2.000 expostos 321. A alternativa “a” está incorreta porque quando aumen-
ocorreriam 20 acidentes (independentemente da exposição); é ta a sensibilidade de um teste diagnóstico, geralmente sua
a incidência basal dos não expostos, que nada teria a ver com a especificidade cai e vice-versa. A especificidade do teste é
exposição. Mas ocorreram 60 casos entre os expostos, e não 20. o percentual de acerto (resultado negativo) entre os verda
Ocorreram 40 casos a mais! Esses 40 (que seriam, então, atri- deiramente não doentes e não entre os testes cujo resultado
buíveis ao ruído), entre os 60 que aconteceram entre os expos- foi negativo (alternativa b); essa última possibilidade seria
tos, perfazem 67% dos casos dos expostos. Este é o conceito de o valor preditivo negativo. As curvas ROC (alternativa c)
fração atribuível para os expostos, que é o que o autor tentou, mostram a variação da sensibilidade (porcentagem de posi-
sem sucesso, exprimir na alternativa c. Resposta c. tivos verdadeiros entre os doentes) em função da especifi-
cidade (porcentagem de negativos verdadeiros entre os não
doentes). Nada informam sobre a prevalência da doença na
317. Trata se de apresentação típica de resultado de uma população em que o teste diagnóstico foi aplicado. A proba-
metanálise; o valor de risco relativo (RR) 1,0 indica não as- bilidade pré-teste de uma determinada doença é dada pela
sociação ou não efeito do tratamento na mortalidade por própria prevalência da doença na população em que se vai
complicação de uma doença crônica. O resultado final su- aplicar o teste (alternativa “e”). A Razão de Verossimilhança
mariado por técnicas estatísticas (RR) é representado pelo – RV – (likelihood ratio) mede uma possibilidade pós-teste.
losango da parte inferior do gráfico. O valor do RR final é Após a aplicação do teste, a RV (positiva) compara duas pro-
0,65 (menor que 1,0 e com significância estatística, pois seu babilidades: a de resultados positivos provirem de doentes
intervalo de 95% de confiança não engloba o valor da não (sensibilidade do teste) e a de resultados positivos provirem
associação, que é 1,0). Assim, a alternativa a está incorreta de não doentes (o complementar da especificidade do teste).
e a alternativa d está correta. A alternativa b está incorreta A única alternativa que pode estar correta, então, é a d. Para
porque os estudos 2 e 4 não apresentaram resultados com decidir sobre a realização de um rastreamento populacional,
significância estatística. A alternativa c está incorreta porque a primeira propriedade importante do teste diagnóstico ou
a área do quadrado que representa o resultado de cada estu- prognóstico a ser adotado é a sua sensibilidade: detectar o
do incluído na metanálise é diretamente proporcional a seu maior número possível de positivos verdadeiros. Por outro
peso na estimativa final. Assim, o estudo que mais contribuiu lado, uma sensibilidade muito alta costuma trazer muitos
para o valor obtido no resultado final foi o de número 1 e, a falsos positivos no processo (por queda na especificidade
seguir, o de número 3. Provavelmente, o estudo de número 1 do teste), que precisarão ser reexaminados, posteriormente,
teve a maior amostra (maior número) de doentes, mas não se com outro teste mais específico. Mas não se pode exigir, a
pode garantir essa provável conclusão porque o tamanho da priori, o valor preditivo positivo como critério precípuo para
área do quadrado é inversamente proporcional à variância do a adoção de um teste de rastreamento. Isso significa apenas
RR do estudo correspondente (e, normalmente, estudos com altíssima especificidade. Se a sensibilidade for baixa (o que
grandes amostras têm menor variância). Resposta d. é frequente – mas não obrigatório – quando a especificida-

SJT Residência Médica – 2016


227
11 Temas gerais

de é alta), é grande a possibilidade de se detectar apenas um 324. As informações a seguir foram todas retiradas do Ca-
pequeno número (ainda que com muita confiança no resul- derno de Atenção Primária, nº 29 – Rastreamentos, do De-
tado positivo) dos verdadeiramente doentes e essa não é a partamento de Atenção Básica/Secretaria de Atenção à Saú-
intenção de uma estratégia de rastreamento. Resposta: não de/Ministério da Saúde – Brasília, 2010.
há alternativa correta. “Recomenda-se fortemente o rastreamento de câncer do colo
do útero de mulheres sexualmente ativas e que tenham a cér-
vice (Grau de recomendação A)”.
322. Há dois grupos comparados segundo a incidência de “O principal método e o mais amplamente utilizado para ras-
um evento. Monte uma tabela do tipo 2 x 2 com os dados, treamento de câncer do colo do útero é o teste de Papanico-
como a colocada a seguir: lau (exame citopatológico do colo do útero) para detecção e
tratamento das lesões precursoras”.
Acidente automobilístico “Segundo as diretrizes brasileiras, o exame de Papanicolau deve
ser disponibilizado às mulheres com vida sexual ativa, priorita-
Sim Não
riamente àquelas da faixa etária de 25 a 59 anos, definida como a
Cirurgia Sim 25 150 175 população-alvo. Essa faixa etária é justificada por ser a de maior
ocular Não 20 85 105 ocorrência das lesões pré-malignas de alto grau, passíveis de se
rem efetivamente tratadas e não evoluírem para câncer. Antes
45 280
de 25 anos, prevalecem as lesões de baixo grau, cuja maior parte
regredirá espontaneamente e deverá ser apenas observada. Após
Esta seria a tabela que permitiria, dado que o estudo é de co- 60 anos, por outro lado, se a mulher tiver tido acesso à rotina dos
orte, calcular a incidência acumulada (risco) de acidente en- exames preventivos, com resultados normais, o risco de desen-
tre operados (25/175), risco de acidente entre não operados volvimento do câncer cervical é reduzido, dada a sua lenta evo-
(20/105) e risco relativo (= 0,75, indicando proteção conferida lução. A continuidade do rastreamento após os 60 anos deve ser
pela cirurgia ocular contra acidente automobilístico). MAS, individualizada e, após os 65 anos, a recomendação é de suspen-
embora os dois grupos (operados e não operados) sejam com- der o rastreamento se os últimos exames estiverem normais”.
paráveis em suas características, o grupo de operados ficou “A rotina preconizada no rastreamento brasileiro, assim como
muito mais exposto aos acidentes, pois estes não dependem nos países desenvolvidos, é a repetição do exame de Papanico-
somente do período de observação (que poderia até ter sido lau a cada três anos, após dois exames normais consecutivos no
idêntico para os dois grupos), mas dependem também, e mui- intervalo de um ano”.
to, dos quilômetros rodados pelas pessoas dos grupos. Assim, “No caso de amostras insatisfatórias, o exame deve ser repetido.
é mais justo, é uma medida mais refinada, é melhor calcular As mulheres com resultado de Papanicolau negativo e amostras
a densidade de incidência (também chamada “taxa”, que cor- sem a representatividade de célula colunar (do canal cervical)
responde ao rate da língua inglesa) de acidentes nos dois gru- devem ser avaliadas clinicamente com vistas à necessidade de
pos e relacioná-las. Essa taxa foi de 25 acidentes em 5.500.000 nova coleta”.
quilômetros somados entre as pessoas do grupo operado (é O texto a seguir foi retirado do Caderno de Atenção Básica nº 13 –
como se cada uma das 175 pessoas tivesse dirigido 31.428,57 Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. Departamen-
km; isso geraria 5.500.000 “pessoas x km”), o que resulta em to de Atenção Básica, Ministério da Saúde, 2ª ed. – Brasília, 2013.
0,4545 acidentes por 100.000 km rodados pelas pessoas desse
“Amostra insatisfatória para avaliação: é considerada insatisfató-
grupo. No grupo dos não operados, a taxa foi de 20 acidentes
ria a amostra cuja leitura esteja prejudicada pelas razões expos
em 2.500.000 quilômetros somados, o que resulta em 0,8000
tas a seguir, algumas de natureza técnica e outras de amostragem
acidentes por 100.000 km rodados pelas pessoas desse grupo.
celular, podendo ser assim classificada (SHIRATA et al., 1998):
A razão entre as taxas de incidência (0,4545/0,8000) resulta
0,5682 ou 0,57, uma proteção conferida pela cirurgia maior do 1. Material acelular ou hipocelular (menos de 10% do esfregaço).
que a mais grosseiramente calculada (0,75) pelo risco relativo. 2. Leitura prejudicada (mais de 75% do esfregaço) por presença
Resposta a (arredondamento incorreto na alternativa correta). de: sangue, piócitos, artefatos de dessecamento, contaminantes
externos ou intensa superposição celular.

323. Embora sejam frequentes que se meçam associações


Amostra satisfatória para avaliação: designa amostra que apre
(não obrigatoriamente causais, pela impossibilidade de se
sente células em quantidade representativa, bem distribuídas,
cumprir com o critério de relação temporal entre os atribu-
fixadas e coradas, de tal modo que sua observação permita uma
tos no desenho transversal) entre fatores de risco e doenças conclusão diagnóstica.
em estudos transversais, essas medidas sempre podem estar
sujeitas a vieses de seleção porque se comparam grupos (de Células presentes na amostra
“expostos” e de “não expostos”) que podem ter uma sobre- Podem estar presentes células representativas dos epitélios do
vivência muito diferente um do outro – é o chamado viés de colo do útero:
incidência-prevalência ou Neyman’s bias (alternativa “e”). A Células escamosas.
melhor resposta para este teste é a alternativa “a”. Apenas os
estudos transversais estimam ou medem prevalências. E ja- – Células glandulares (não inclui o epitélio endometrial).
mais medem incidência. Resposta a. – Células metaplásicas.

SJT Residência Médica – 2016


228
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

Embora a indicação dos epitélios representados na amostra seja 327. Trata-se de estudo ecológico, de múltiplos grupos (os 20
informação obrigatória nos laudos citopatológicos, seu signifi- países), analítico (pois há apresentação de duas variáveis cuja
cado deixa de pertencer à esfera de responsabilidade dos profis- correlação é investigada: consumo médio de gordura trans em
sionais que realizam a leitura do exame. As células glandulares cada país e IMC “de cada país” – evidentemente uma estima-
podem ter origem em outros órgãos que não o colo do útero, o tiva média para cada local). Um diagrama de dispersão dessas
que nem sempre é identificável no exame citopatológico. A pre- duas variáveis para cada local permitiu calcular um coeficiente
sença de células metaplásicas ou células endocervicais, represen- de correlação “r” que foi positivo (variou de 0 a +1), o que indica
tativas da junção escamocolunar (JEC), tem sido considerada que nos locais em que o consumo médio de gorduras trans é
como indicador da qualidade da coleta, pelo fato de essa coleta maior, o IMC médio também é maior. Se os pontos do diagrama
objetivar a obtenção de elementos celulares representativos do de dispersão estivessem todos exatamente sobre uma reta, o va-
local em que se situa a quase totalidade dos cânceres do colo do lor de r seria exatamente 1,0. Coeficientes de correlação (de Pe-
útero. Uma metanálise de estudos que abordaram a eficácia de arson, pois os dados são numéricos contínuos) de 0,75 ou mais
diversos dispositivos de coleta mostrou que o uso da espátula indicam forte correlação entre as variáveis, mas esse grau nada
de Ayre e da escova de canal aumenta em cerca de três vezes a informa sobre a causalidade da associação. Resposta c.
chance de obtenção de células endocervicais (MARTIN-HIRS-
CH et al. 2000)”.
A interpretação que se pode ter da leitura desses documentos 328. A prevalência obtida tem um intervalo de confiança que
é que a presença de células da junção escamo-colunar (alter depende do tamanho da amostra que foi examinada. O inter-
nativa “e”) é indicativa de qualidade da coleta, mas não faz valo de confiança – IC – (que pode ser de 90%, de 95%, de
parte dos critérios (1 e 2 de Shirata et. al, 1998 – veja anterior- 99% etc.) refere-se sempre à população de onde saiu a amostra
mente) que definem ser insatisfatória a amostra para análise probabilística e tem um limite inferior e um superior. Nessa
citopatológica. questão, o IC 95% informará que, na população que originou a
amostra examinada, o verdadeiro valor da prevalência estará,
Resposta (do gabarito oficial) c.
com 95% de confiança, entre o limite inferior e o limite supe-
rior desse intervalo. Seria mais correto acrescentar à alternati-
va “e” a expressão “com 95% de confiança”. Resposta e.
325. Os dados da tabela são número de óbitos e mortali-
dades proporcionais (óbitos em um dado sexo e por certa
causa em um local/total de óbitos naquele sexo e naquele
329. Consulte o Capítulo 2 de sua apostila de Medicina Pre-
local). Não há, no denominador das frações que exprimem
ventiva 1 no item “anos potenciais de vida perdidos” e verifi-
as mortalidades proporcionais, número de habitantes. Não
que que ao DALY são um somatório de anos de vida perdidos
há, portanto, qualquer informação sobre risco. Lembre-se:
por uma doença (devidos à morte prematura causada por
mortalidade proporcional não mede risco; trata apenas de
essa doença) com anos de vida vividos com incapacidade
uma fatia, uma proporção de óbitos em um total de óbitos.
pela doença. Dessa forma, levando em consideração não
Assim, as alternativas “a”, “b” e “e” nem podem ser julgadas.
apenas a morte como consequência de uma doença, mas a in-
A alternativa “c” pode ser apreciada; razão de sexos na mor-
capacidade que ela possa determinar em vida, os DALY retra
talidade significa apenas a divisão do número de óbitos em
tam melhor o efeito da doença na população do que os simples
homens pelo número de óbitos em mulheres; a razão na lo-
coeficientes de mortalidade ou riscos de morrer. Resposta a.
calidade A (2.016/757 = 2,66) é maior do que na localidade B
(31.692/13.484 = 2,35). Resposta d.
330. Esta é a descrição de um estudo de coorte: selecionam-se
as pessoas pela exposição (variável independente presente ou
326. Trata-se de estudo em que não se dispõe de informa-
ausente), acompanham-se essas pessoas em direção ao futuro
ções individuais. Lugares diferentes (países, no caso) são
para medir a incidência de um efeito (desfecho, variável de-
comparados quanto a duas variáveis: tabagismo no país
pendente) e se mede o grau de associação entre essas variáveis
(uma estimativa de prevalência para o país como um todo)
(por meio do risco relativo ou da razão entre taxas ou densida-
e PIB do país (outro número médio único para todo o país).
des de incidência). Resposta d.
Este é um exemplo de estudo ecológico, de múltiplos gru-
pos (países), analítico (pois procuram estabelecer uma cor-
relação entre as duas variáveis por meio de um coeficiente
de correlação (de Pearson, pois se trata de dados numéricos 331. Verifique as definições de casos suspeitos de algumas
contínuos); uma apresentação gráfica desse estudo produ das doenças solicitadas na questão (Fonte: Guia de Vigilância
ziria um diagrama de dispersão de pontos). Como o coefi- Epidemiológica, 7ª ed., 2010, Ministério da Saúde):
ciente de correlação é positivo (varia entre 0 e +1), a infor- Caso suspeito de febre amarela: indivíduo com quadro febril
mação que resulta, com significância estatística (p < 5%) é agudo (até 7 dias), de início súbito, acompanhado de icterícia e/
que nos locais em que o PIB é maior há maior prevalência ou manifestações hemorrágicas, residente ou procedente de área
de tabagismo. Nada se pode garantir, porém, no nível indi- de risco para febre amarela ou de locais com ocorrência de epi-
vidual, sob o risco de ser cometida a chamada falácia ecoló- zootias em primatas não humanos ou isolamento de vírus em
gica; por essa razão a alternativa “b” não pode ser apontada. vetores, nos últimos 15 dias, não vacinado contra febre amarela
Resposta d. ou com estado vacinal ignorado.

SJT Residência Médica – 2016


229
11 Temas gerais

Caso suspeito de leptospirose: indivíduo com febre, cefa- 334. A partir de uma amostra populacional, indivíduos são
leia e mialgia, que atenda pelo menos um dos seguintes classificados em expostos e não expostos e são acompa-
critérios: nhados ao longo do tempo (flecha) até que se defina existir
(surgir) ou não uma doença (incidência). Trata-se de estudo
individual (amostra da população), observacional (não há
Critério 1 intervenção), prospectivo (acompanhamento em direção ao
Presença de antecedentes epidemiológicos sugestivos nos futuro) e analítico (há um grupo – não expostos – de compa-
30 dias anteriores a data de início dos sintomas, como: ração): um estudo de coorte(s). Resposta a.
 exposição a enchentes, alagamentos, lama ou coleções
hídricas;
335. A Razão de Verossimilhança (RV) de um teste diagnós-
 exposição a fossas, esgoto, lixo e entulho; tico pode ser positiva (resultados positivos em doentes divi-
 atividades que envolvam risco ocupacional como coleta didos por resultados positivos em não doentes) ou negativa
de lixo, catador de material para reciclagem, limpeza de (resultados negativos em doentes divididos por resultados ne-
córregos, trabalho em água ou esgoto, manejo de animais, gativos em não doentes). Nota-se, então, que RV+ = S/1 E e
agricultura em áreas alagadas; RV- = 1-S/E (onde S = sensibilidade do teste diagnóstico e E =
especificidade do mesmo). Testes diagnósticos com RV+ com
 vínculo epidemiológico com um caso confirmado por
valores de 10,00 ou mais e RV- com valores de 0,10 ou menos
critério laboratorial;
são tidos como “bons”, ou seja, discriminam bem doentes de
 residir ou trabalhar em áreas de risco para a leptospirose. não doentes. Resposta b.
Áreas de risco: áreas determinadas pela vigilância epide-
miológica a partir da análise da distribuição espacial e
temporal de casos de leptospirose, bem como dos fatores 336. Esta é uma questão que “força” um pouco a realidade,
de risco envolvidos. pois pretende estabelecer “regras” fixas que nem sempre são
observáveis. Exemplos de doenças crônicas transmissíveis
para essa questão poderiam ser a tuberculose, a hanseníase,
Critério 2 a filariose e a Aids, entre outras. Se a doença tem longa du
Apresente, pelo menos, um dos seguintes sinais ou sintomas: ração, a sua letalidade – e não “letabilidade” como anotado
– (pelo menos durante período não muito longo de tempo)
 sufusão conjuntival;
deve ser baixa. Se a infectividade é baixa, a incidência deve
 sinais de insuficiência renal aguda; ser baixa. Isso restringe a resposta “correta” às alternativas “c”
 icterícia e/ou aumento de bilirrubinas; ou “e”. Resta decidir se a prevalência seria, geralmente, alta ou
baixa. Isso é muito relativo e não admite uma “solução” in-
 fenômeno hemorrágico.
discutível. Dado que a duração foi admitida como alta e dado
Resposta d. que a prevalência é diretamente proporcional à duração, o
gabarito oficial apontou a prevalência como alta. Resposta c.

332. Teste com alternativas quase idênticas a outro apresen-


tado pelo SUS-SP neste ano de 2014. Acurácia, na maioria 337. Se 2.000 óbitos por uma doença representaram 10% do
dos textos de Epidemiologia Clínica é tida como sinônimo número de casos dessa doença (pois, letalidade é o risco de
de “validade” de um teste diagnóstico. Exatidão tanto aparece morrer por uma doença entre os casos dessa doença), então
como sinônimo de acurácia em alguns textos como somató- 100% dos casos terão sido 20.000. Resposta e.
rio de precisão e validade em um mesmo teste em outros tex-
tos. A acurácia de um teste diagnóstico também é entendida
como a proporção de resultados corretos (positivos verda- 338. A afirmativa I está correta, pois exames negativos em
deiros mais negativos verdadeiros) no total de resultados do doentes (falsos negativos) representam o complementar da
teste. Independentemente dessas questões, a acurácia (vali- sensibilidade do exame (1-0,8). A afirmativa II está incorre-
dade) de um teste diagnóstico é o grau em que os resultados ta, pois exames positivos em doentes (positivos verdadeiros)
obtidos correspondem ao estado verdadeiro do fenômeno representam a sensibilidade do exame (0,8). A afirmativa III
que está sendo aferido; corresponde a obter resultados que, está incorreta, pois exames negativos em não doentes (ne-
em seu conjunto, ante um mesmo fenômeno ou valor, tem gativos verdadeiros) representam a especificidade do exame
pequeno erro sistemático em relação ao verdadeiro valor que (0,85). Resposta a.
se está medindo. Isso se contrasta com a precisão ou repro-
dutibilidade, que implicam em pequeno erro aleatório entre
as medidas fornecidas pelo teste diagnóstico. Resposta c. 339. Estudos transversais fornecem medidas de prevalência.
Doenças de longa duração tendem a ser “capturadas”, detecta-
das por medidas pontuais (colhidas em um ponto do tempo).
333. Esta é uma simples definição de valor preditivo positivo. Por isso, a medida de prevalência é uma boa medida de ocor
Resposta e. rência para doenças crônicas, independentemente de terem alta

SJT Residência Médica – 2016


230
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

ou baixa incidência (afirmativa I). As doenças de curta duração tiva “a”), que é o mesmo que risco relativo se as incidências
(agudas), por outro lado, têm muito menor probabilidade de se- foram acumuladas, é utilizada para medir força de associação
rem detectadas por uma medida em um único ponto do tempo em estudos de coorte, força essa (ou grau) que é um critério
(afirmativa II). Estudos transversais medem a ocorrência das de causalidade em associações estatísticas e é utilizada para a
variáveis dependentes e independentes em um único ponto do investigação de etiologia. A resposta oficial do teste, porém,
tempo, simultaneamente. Assim, não se consegue garantir qual aponta como correta a alternativa “e”. “Taxa” e “coeficiente” são
variável (atributo) ocorreu antes; não é está presente o impor- sinônimos nos compêndios de Epidemiologia. Um coeficiente
tante critério de causalidade em uma associação estatística, que de prevalência (alternativa “e”) não mede riscos e, portanto,
é a “relação temporal” ou “temporalidade”: a segurança de que a não se aplica à comparação de riscos. Um “indicador” descreve
e quantifica um agravo à saúde ou doença (veja Indicadores de
exposição antecedeu ao efeito no tempo. Resposta d.
Saúde). O que seria um “índice de incidência” (alternativa b)?
Em nosso modo de entender, não há resposta para este teste.

340. A fase de prevenção secundária é caracterizada por me-


didas preventivas que são adotadas depois que o processo 342. A prevalência é uma proporção (o numerador está con-
de doença no indivíduo já se iniciou, mesmo que ainda não tido no denominador). No numerador da fração são conta-
haja qualquer sintoma ou sinal clínico. O objetivo é evitar dos os casos existentes, em um dado ponto ou período de
o desenvolvimento da doença, impedindo seu curso. Assim, tempo, de pessoas com uma doença, agravo, condição ou
apenas a alternativa “a” lista uma medida dessa fase. O pro- fator de risco, não importando se essas pessoas representam
cesso já se iniciou; a criança já é portadora do erro de meta casos novos ou antigos. No denominador são contados todos
bolismo, mas modificações dietéticas, por exemplo, poderia os casos do numerador e mais todas as outras pessoas daque-
minimizar ou mesmo evitar o surgimento da doença clínica. la população ou amostra que não apresentam aquela doença,
A alternativa “e” trata de prevenção terciária (já há sequela, agravo, condição ou fator de risco. Pode haver limitações no
defeito estabelecido). As alternativas restantes referem-se à cálculo da prevalência, como, por exemplo, ela se limitar a
prevenção primária: ações e medidas instituídas antes de os um dado sexo ou a uma determinada faixa etária, mas essas
processos de doença se iniciar. Resposta a. limitações devem aparecer na definição de quem é a popula-
ção ou a amostra a ser considerada. Resposta c.

341. Existe muita confusão e falta de unanimidade no uso


dos termos apontados nas alternativas dessa questão. Leia o 343. Estudos ecológicos (alternativa a) comparam popula-
resumo do artigo científico copiado a seguir: ções (na maioria das vezes geograficamente definidas; são
populações de “lugares” que serão comparadas segundo
“Terminologia das medidas e indicadores em epidemiologia: uma incidência ou prevalência, morbidade ou mortalida-
Subsídios para uma possível padronização da nomenclatu- de). “Fotografar” o momento da exposição remete a estu-
ra (Edgar Merchán-Hamann, Pedro Luiz Tauil, Marisa Pacini dos transversais (seccionais em relação ao tempo; aferem
Costa. Inf. Epidemiol. Sus, v. 9, n. 4, Brasília, dez. 2000). Em as variáveis em um único ponto do tempo – alternativa d);
epidemiologia, o uso indiscriminado de diferentes termos tem ensaios clínicos (alternativa b) exigem acompanhamento
origem na confluência de métodos, práticas e tradições de múl- de pessoas ao longo do tempo, ao longo de um período.
tiplas profissões e disciplinas. Esta proposta convida à reflexão Nos estudos de coorte não há intervenção (alternativa c);
sobre o significado dos termos visando seu uso mais racional. são estudos observacionais. Os estudos de caso-controle
Indicador: conceito de maior abrangência que inclui qualquer (alternativa e) iniciam-se pelo desfecho (pessoas com e
medida ou observação classificável – qualitativa e quantitativa sem o desfecho, a doença) e não pelos fatores de risco,
– capaz de “revelar” uma situação não aparente. Índices: cons- como acontece nos estudos de coorte. Resposta a.
tituídos por medidas que integram múltiplas dimensões. Medi-
das do tipo Proporção: elementos do numerador contidos no
denominador. Coeficientes: tipos específicos de proporções; o 344. Para questões sobre testes diagnósticos monte sempre
coeficiente de prevalência (proporção que, em dado momento, uma tabela do tipo 2 x 2 como a colocada a seguir. Neste caso,
é portadora do evento de interesse em relação ao total) e de in- faça uma simulação com amostra de tamanho grande para
cidência (proporção de indivíduos que desenvolvem um even- que não haja números quebrados na tabela (não há, porém,
to de interesse ao longo de um período, mudando de status ao impedimento obrigatório à utilização de números pequenos,
desde que se considerem algumas casas decimais à direita da
desenvolvê-lo). O denominador representa o coletivo em risco.
vírgula). Foi informado que a sensibilidade deve ser de 80%,
Medidas do tipo Taxa: restringe-se o uso à ocorrência de eventos
a especificidade de 90,4% (visto que a “taxa” de falsos positi-
incidentes por pessoa-tempo. Medidas do tipo Razão: relação vos seria de 9,6% e a prevalência da doença de 1%.
entre duas magnitudes da mesma dimensão em que numerador
e denominador pertencem a categorias mutuamente excluden-
tes. Chances (Odds): tipo de razão que expressa a relação entre Neoplasia de mama
probabilidades complementares e contrárias utilizada na análise Sim Não
de estudos de Caso-Controle”. Positiva 800 9.504 10.304
O teste em questão talvez reflita alguma particularidade ou Mamografia
Negativa 200 89.496 89.696
idiossincrasia de seu autor, pois nos parece de difícil enten-
1.000 99.000 100.000
dimento. Por exemplo, uma “razão de incidências” (alterna-

SJT Residência Médica – 2016


231
11 Temas gerais

A especificidade está dada no enunciado (o complementar da dade entre os resultados. A homogeneidade entre resultados
proporção ou porcentagem de falsos positivos): 90,4%. Mas esse pode também ser definida quando os intervalos de confiança
valor não é justificado, explicado (veja o termo “pois” na alterna- dos RRs de cada estudo se superpõem, como ocorre na figura
tiva “a”) pelo fato de a prevalência ser de 1%. A especificidade é apresentada. Resposta c.
propriedade do teste em si (mamografia) e não depende da pro-
babilidade pré-teste de doença na população. Falsos negativos
são 200/1.000 ou 20% e não 92,3% (alternativa b). Mesmo se fos- 348. A validade interna diz respeito à metodologia usada no
se considerada a porcentagem de falsos negativos em relação aos estudo (delineamento ou desenho do estudo, coleta de dados,
resultados negativos (200/89.696), esse montante seria de ape- análise), que evitaria os erros sistemáticos (vieses) e quanti-
nas 0,22%. O valor preditivo negativo é dado por 89.496/89.696 ficaria adequadamente os erros aleatórios, conferindo poder
= 99,78% (alternativa c). O valor preditivo positivo – VPP – ao estudo (1 beta) para detectar associações ou diferenças que
(alternativas “d” e “e”) é dado por 800/10.307 = 7,76% ou 7,8% realmente existam na população da qual se retirou a amos-
(com apenas uma casa decimal, arredondado corretamente). E tra e permitindo obter medidas com intervalos de confiança
esse VPP é consequência de duas condições: a especificidade ser relativamente estreitos para maior precisão nas estimativas
90,4% e a prevalência ser 1%. Melhor resposta: e. pontuais. A validade interna responde à pergunta: “os resul-
tados estão corretos para a amostra examinada?”. A validade
externa é o grau de veracidade dos resultados de um estudo
345. Risco ao longo do tempo é aferido pela medida de inci- em outros cenários; é o poder ou capacidade de generalização
dência (seja indiretamente estimado pela taxa ou densidade dos resultados. Para o clínico significa “os resultados podem
de incidência, seja pela incidência acumulada) que se obtém ser aplicados a meus pacientes?”. Para o epidemiologista se-
por meio de estudos de coorte (também chamados, apropria- ria: “os resultados são válidos para outras populações, além da
damente, estudos de incidência). Resposta b. população-alvo de onde foi retirada a amostra”? Esses concei-
tos, porém, não são unanimidade na literatura epidemiológica.
Alguns compêndios relacionam a validade interna à condição
346. “Investigar” um paciente pode ser confirmar ou afastar o de os resultados obtidos na amostra serem válidos para a po
diagnóstico de uma doença. Para tanto, é interessante que se pulação-alvo de onde se originou a amostra, afinal, vieses de
lance mão de um teste diagnóstico muito sensível e muito es- seleção ou de aferição farão com que os resultados não possam
pecífico para maximizar, respectivamente, tanto a proporção de ser extrapolados nem à população-alvo (e muito menos, logi-
positivos verdadeiros (PV) entre os doentes como a de negati- camente, a quaisquer outras populações). Em um ensaio clíni-
vos verdadeiros (NV) entre os não doentes. À razão entre (PV co randomizado (ECR), o mais importante é que haja valida-
+ NV) e (Total da amostra) dá-se o nome de acurácia do teste de interna. As questões a que respondem os ECRs são muito
(resultados corretos sobre o total de resultados). Resposta d. específicas, geralmente dirigidas a populações muito bem
definidas e caracterizadas. As questões metodológicas são
essenciais (desenho do estudo, mascaramento, definição do
347. O losango (diamante) que representa o resultado final efeito, controle da adesão etc.). Quanto à análise, muitas ve-
dessa metanálise, considerando o modelo estatístico de efeito zes, não basta que se prove a eficácia da intervenção (resul-
fixo para a sumarização, é o mais inferior dos dois, cujo risco tados bons para quem recebeu a intervenção como deveria,
relativo (RR) resultou 0,94 (intervalo de confiança IC: 0,86- pelo protocolo do estudo), mas que se prove também sua
1,01). Houve, portanto, pequena redução na mortalidade por efetividade (resultados bons para quem foi oferecida a in-
todas as causas (Redução Relativa de Risco = 1-RR = 0,06% tervenção). Dessa maneira, a análise de efetividade (ou, por
ou 6%), porém sem significância estatística, pois o IC englo- intenção de tratamento) configura-se como parte importante
bou o valor 1,0 – o que se vê também pela largura do losango, da avaliação crítica de ECRs. Resposta b.
que ultrapassa a linha vertical do valor da não associação ou
não efeito das estatinas. Há autores que prefeririam concluir
que “houve redução, mas sem significância estatística” assim 349. Latindex é Sistema Regional de Informação em Linha
como há outros que preferiram concluir como está anotado para Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha
na alternativa c. O modelo de efeito fixo considera que cada e Portugal (países ibero-americanos). Lilacs é um abrangente
estudo englobado na metanálise trata exatamente da mesma índice da literatura científica e técnica da América Latina e
questão (homogeneidade clínica: estudos muitíssimo com- Caribe, envolvendo 27 países e 867 periódicos (informação
paráveis quanto ao desenho, tipo de pacientes, intervenção, atualizada em 19/12/2013). Scielo significa Scientific Electro-
desfecho, tempo de acompanhamento etc.). Dessa forma a nic Library Online; é uma livraria eletrônica que cobre uma
variação entre os resultados (RRs) dos estudos teria se dado coleção selecionada de periódicos científicos de países da
somente em função do acaso (variação apenas aleatória nos América Latina, Caribe, Espanha, México, Portugal e África
resultados). Os intervalos de confiança da estimativa final do Sul. Conta com coleções de livros e 1.147 periódicos (in-
(losango) tendem a serem menores, mais precisos, do que se formação atualizada em 28/12/2013). Pubmed é um portal
for adotado o modelo de efeitos aleatórios, o qual considera da United States National Library of Medicine que dá acesso
que os estudos lidam com questões um pouco diferentes, ain- gratuito ao Medline, principal banco eletrônico de títulos e
da que sobre uma pergunta semelhante. Esse método (mo- resumos de artigos da área médica no mundo. Na Medline
delo de efeitos aleatórios) é utilizado mesmo quando o teste estão incluídos 4.500 periódicos de mais de 70 países, com
estatístico de heterogeneidade falhar em apontar homogenei- predomínio de periódicos em língua inglesa. Resposta d.

SJT Residência Médica – 2016


232
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

350. Quadros de contingência como uma tabela do tipo 2 x informação sobre alguma possível assimetria na distribuição
2 são sempre construídos com variáveis qualitativas nominais da variável quantitativa contínua. Os segmentos verticais co-
(sim ou não; presente ou ausente), tanto a exposição como o locados acima e abaixo das caixas informam sobre os valores
efeito. As variáveis também podem ser qualitativas ordinais máximos e mínimos da variável quantitativa contínua. É uma
(tabelas com mais do que apenas dois estratos). Sendo quali- apresentação muito interessante para comparações, pois em
tativas ambas as variáveis (exposição e efeito ou variável inde- um único gráfico podem ser colocados vários box plots como
pendente e variável dependente), o teste estatístico indicado é na figura a seguir.
o do qui-quadrado. Reveja o assunto em sua apostila de Me-
1,000
dicina Preventiva 1, no item “Considerações estatísticas acerca
das estimativas pontuais das medidas oriundas dos estudos clí-
nico epidemiológicos”, no Capítulo 6. A correlação de Pearson
é adequada a situações em que as variáveis são quantitativas 0,750
(numéricas) contínuas. O teste T de Student compara médias
(de variável quantitativa) de dois grupos (de variável qualitati-
0,578
va ou categórica), por exemplo: média de colesterol plasmático
de diabéticos (um grupo) e média de colesterol plasmático de

Escore
0,500
não diabéticos (outro grupo). A análise de variância (ANO-
VA) compara médias (de variável quantitativa) de mais de dois 0,321
grupos (de variável qualitativa). Resposta c. 0,267 0,288 0,294
0,273 0,287
0,350 0,227

351. A especificidade é a capacidade que tem o teste de iden-


tificar corretamente os não doentes (proporção de negativos
0,000
verdadeiros entre os não doentes); no caso, 29/86 = 33,72%.
Resposta d. 0 1a3 4 5a7 8 9 a 10 11 >11

Anos de estudo

Figura: Distribuição dos escores de abordagem preventiva a


352. O Valor Preditivo Positivo (VPP) é a proporção de po-
doenças crônicas não transmissíveis em consultas médicas de
sitivos verdadeiros entre os resultados positivos (dado que
unidades básicas de saúde segundo os anos de estudo dos usu-
o resultado é positivo, é a probabilidade de ser um positivo
verdadeiro); no caso, 35/92 = 38,04%. Resposta b. ários. Município de São Paulo, São Paulo, Brasil, nov. 2004.

Os escores são uma proporção (observado/esperado) de


353. O histograma (alternativa b) ou diagrama de barras verti- abordagem à prevenção de doenças crônicas em consultas
cais (ou colunas) justapostas é utilizado para descrever a distri- médicas da atenção Básica à Saúde, que varia de 0 a 1. A fi-
buição de uma variável quantitativa contínua agrupada em gura mostra que a distribuição dos escores não esteve asso
classes. A distribuição refere-se a um grupo (uma categoria ciada aos anos de estudo dos usuários (eixo X), embora para
de pessoas como as de um sexo, de uma etnia, portadoras as pessoas analfabetas o escore mediano tenha sido o mais
de uma doença etc.). A descrição de mais de um grupo exi- alto (0,578), com máxima variação. À exceção desse grupo,
girá mais de um histograma. Nesse tipo de gráfico pode vir quase todas as distribuições foram assimétricas, com escores
desenhado conjuntamente um polígono de frequência, que é medianos próximos de valores baixos, variando apenas entre
uma linha que liga os pontos médios superiores de cada barra 0,227 (pessoas com 11 anos de estudo) e 0,321 (pessoas com
que compõe o histograma. Não há indicação da média nem
5 a 7 anos de estudo. Resposta a.
da mediana. É possível visualizar uma classe modal (a classe
de maior frequência). É também possível visualizar, grossei-
ramente, alguma assimetria na distribuição. A dispersão de
pontos (alternativa c) ou gráfico de dispersão é uma forma de 354. A melhor maneira de descrever, por meio de medidas-re-
apresentação de duas variáveis quantitativas contínuas em um sumo, a distribuição de uma variável quantitativa contínua que
gráfico de formato XY. Permite visualizar (e medir com ferra- tenha distribuição gaussiana simétrica unimodal é apresentar
mentas estatísticas) o grau de correlação entre essas variáveis a média (medida de tendência central) e o desvio-padrão
por meio da distribuição bidimensional dos pontos no plano (medida de dispersão) dessa distribuição. Se a distribuição
XY. Setores (alternativa d) ou diagrama de setor circular (grá fosse assimétrica ou não gaussiana a melhor medida de ten-
fico de “pizza” ou “torta”) aplicam-se à descrição de frequência dência central seria a mediana. O intervalo interquartil é
de variáveis qualitativas nominais (como sexo, etnia, religião aquele representado pelos 50% de dados da distribuição que
etc.). O box plot é, como o histograma, utilizado para descrever ficam entre o 1º quartil (limite dos primeiros 25% dos da-
a distribuição de uma variável quantitativa contínua, mas os dos ordenados) e o 3º quartil (limite dos primeiros 75% dos
dados não vêm apresentados agrupados em classes; vêm apre- dados ordenados – ou últimos 25% deles, o que representa
sentados segundo quartis, com indicação da mediana e, pela o mesmo limite). A mediana fica sempre entre o 1º e o 3º
posição desta em uma “caixa” limitada pelo 1º (borda inferior quartil; ela é exatamente o 2º quartil, em termos de posição
da caixa) e 3º (borda superior da caixa) quartis, têm-se precisa ordenada dos dados, ou P50 (percentil 50). Resposta d.

SJT Residência Médica – 2016


233
11 Temas gerais

355. Indivíduos são acompanhados por longos períodos de incidência da tuberculose, o que pode ser considerado como
tempo (18, 24 e 25 anos) para investigar se há associação en- uma pandemia. Considerando que a gripe A não seja a 2009
tre o valor do colesterol plasmático total e a mortalidade por (pois deveria ser assim especificada caso o fosse), parece-nos
doença arterial coronariana. Trata-se de estudo individual, melhor optar pela alternativa b, com restrições por causa da
observacional (não há intervenção), prospectivo (o acompa- dengue, uma vez que estaria sendo considerada endêmica uma
nhamento segue em direção ao futuro) e analítico (há grupos doença que ainda é tida como reemergente no Rio de Janeiro
de comparação: pessoas com diferentes valores de colesterol (ressurgiu lá em 1986, ou seja, há apenas 27 anos. Resposta b.
total). Trata-se, então, de um estudo de coortes. Resposta b.

359. Em princípio é preciso considerar que “método de refe-


356. Risco relativo (RR) é medida de associação entre expo- rência” não significa “padrão-ouro” ou gold standard (certeza
sição e efeito obtido em estudos prospectivos, sejam obser- diagnóstica.). Padrão de referência seria o método habitual,
vacionais (coortes), sejam experimentais (ensaios clínicos). antigo, estabelecido, vigente, de diagnosticar o câncer do colo
As coortes costumam estimar RRs positivos (maiores do que do útero (exame de Papanicolau). Assim, se o valor VPP do
1,0), que refletem associações nocivas entre um fator de ris- novo método (ante um mesmo padrão-ouro utilizado para
co e uma doença. Os ensaios clínicos costumam estimar RRs validar o método de referência) é mais alto, então, por defi
negativos (menores do que 1,0), que refletem associações nição, é maior a probabilidade de positivos verdadeiros entre
protetoras entre uma intervenção e um desfecho indesejável os resultados positivos (alternativa c). Se o VPP é mais alto
(morte, complicações de doenças). Resposta b. com o novo método, isso pode ter ocorrido ou por aumento
da sensibilidade (aumento do número de positivos verdadei-
ros) ou por aumento da especificidade (redução do número
357. O documento que alimenta o SINAN (Sistema de Infor- de positivos falsos). Por isso, a alternativa “e” está incorreta.
mação sobre Agravos de Notificação), sistema mais impor- Pode ser interessante, também, considerar uma situação pos-
tante para coletar dados, analisar e divulgar informações da sível (que não foi a colocada por essa questão): o novo teste
Vigilância Epidemiológica, é a ficha de notificação compul- diagnóstico ser melhor do que o padrão-ouro até então ado-
sória de doenças. A lista nacional de doenças de notificação tado. Nesse caso, alguns resultados positivos verdadeiros de-
compulsória precisa ser conhecida por todos os profissionais tectados pelo novo (e melhor) teste, mas não detectados pelo
de saúde para que procedam à notificação ante a suspeita (na padrão-ouro, seriam tachados como falsos positivos pelo pa-
maioria das vezes) de casos dessas doenças. A última lista drão ouro; poderia haver, também, nesse caso, maior número
nacional foi publicada em janeiro de 2011. Resposta e. de falsos negativos segundo o padrão-ouro. Resposta c.

358. Há alternativas que apontam locais (cidade, estado e áreas 360. O único tipo de estudo que mede ou estima a prevalên
do Brasil) e há alternativas que nada apontam, podendo tratar-
cia de uma condição, doença ou fator de risco, informando
-se do Brasil ou não (uma vez que a opção “pandemia” está
sobre a magnitude de sua ocorrência, é o estudo transversal,
presente). Isso pode dificultar ou confundir as possibilidades
apropriadamente chamado também de “estudo de prevalên-
de resposta. Parece não haver dúvidas de que a febre amarela
cia”. Resposta b.
na Amazônia é uma endemia: há sempre um número (tipi-
camente baixo) de casos, seja em humanos, seja em animais,
naquela região. Também parece não haver dúvidas de que a in-
fecção pelo HIV é considerada uma pandemia. Dessa forma, a 361. A alternativa “a” reporta-se à importância clínica ou de
alternativa correta deve ser “a” ou “b”. Nesse caso é preciso de- saúde pública (para finalidades de políticas ou diretrizes de
cidir se a gripe A (onde?) deve ser considerada uma pandemia prevenção) de uma associação. A alternativa b refere-se à
ou uma epidemia. Se for a gripe A 2009, terá sido uma pande- causalidade de uma associação, que é considerada a partir
mia; se não for essa especificamente, seria uma epidemia, que de critérios de causalidade (de Hill) e não de significância
surge sazonalmente nas épocas de inverno, mas que mesmo estatística. A alternativa c resume-se a um tipo de desenho
apresentando sazonalidade, pode ser epidêmica. É preciso de- (estudo experimental) e trata de questões de validade, ques-
cidir também se a dengue no Rio de Janeiro deve ser conside- tões qualitativas como mascaramento e aferição do efeito,
rada epidemia ou endemia. Dependendo do ano, essa doença por exemplo. A alternativa d refere-se à correlação entre duas
reemergente, que também tem sazonalidade, apresenta-se com variáveis (ou covariância), algo que pode ocorrer por acaso,
frequência muito acima do máximo esperado (epidemia) ou sem significância estatística, determinada, por exemplo, por
apresenta-se dentro do esperado, já há muitos anos desde que outra variável que se associe as duas inicialmente conside-
reemergiu, podendo ser considerada uma endemia. Quanto à radas. A alternativa “e” exprime o conceito de significância
tuberculose, tanto nas alternativas “a” como “b” é considerada estatística: ser pequena a probabilidade de ter ocorrido por
pandemia – algo discutível, pois se trata de doença que mantém acaso ou variação amostral. E a magnitude de “pequena” de
(especialmente em nosso país) uma ocorrência relativamente pende do valor que se queira adotar (é arbitrário). O mais
estável há dezenas de anos, com leve queda progressiva, mas comum é considerar que probabilidades menores do que 5%
sempre mantendo incidência considerável, características de sejam “pequenas”; esse valor vem da fixação do chamado “ní-
uma endemia. Se for considerado o escopo de todo o mundo, vel de significância estatística alfa”, que pode ser escolhido
com o surgimento da Aids nos anos 1980 houve aumento na pelo pesquisador. Resposta e.

SJT Residência Médica – 2016


234
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

362. A alternativa “a” está correta. E se a curva for totalmente (óbito até o 6º dia de vida) e neonatal tardia (óbito do 7º até o
simétrica, os valores da moda, mediana e média coincidem. 27º dia de vida). Entre as duas parcelas da mortalidade infantil
Se houver uma assimetria à direita (uma “cauda” mais alon- neonatal, a neonatal precoce é sempre a mais importante em
gada para a direita, a média é a medida de tendência central termos de mortalidade proporcional; é a que tem maior mag-
que se desloca mais para a direita e a mediana fica entre a nitude (quando a criança morre nos primeiros 27 dias de vida,
moda e a média). A alternativa b é incorreta, pois a distri- a maior parte morre na primeira semana de vida). Assim, a
buição normal ou gaussiana tem a forma de um sino, com alternativa correta é a que aponta os óbitos entre o nascimento
áreas sob a curva muito pequenas nas extremidades (“cau e o 6º dia de vida (ou seis dias, 23 horas e 59 minutos, ou seja,
das”) e muito maior na porção intermediária, central da dis- antes de completar o 7º dia de vida). No entanto, a alternativa
tribuição. Os testes estatísticos utilizados para variáveis que que aponta esse período apresenta grafada a expressão “peri-
tenham distribuição normal são testes paramétricos (alterna- natal” e mortalidade perinatal engloba, além dos óbitos ocorri-
tiva c); parâmetros de uma distribuição são sua média e seu dos até o 6º dia de vida, aqueles ocorridos após a 22ª semana de
desvio-padrão. Os testes não paramétricos são usados para gestação (tanto natimortos como mortos na primeira semana
distribuições não normais ou para amostras muito peque- de vida). Resposta e (com restrições). Resposta e.
nas (na maioria das vezes, menores do que 30 elementos);
baseiam-se na ordem (ranking) dos valores e não em seus
parâmetros ou medidas-resumo. Distribuições não normais 365. A mortalidade infantil neonatal, se não for especificada
(muito concentradas em uma parcela da população, como se precoce ou tardia, engloba, em seu numerador, todos os
renda ou salário) são exatamente aquelas em que pouco ou óbitos ocorridos até o 28° dia de vida, sem completá-lo. O
nenhum significado têm os parâmetros média e desvio pa- denominador, como o de qualquer das parcelas da mortali-
drão (alternativa d). O salário não costuma ter distribuição dade infantil, engloba os nascidos vivos no ano em foco. Uma
normal: pouca gente ganha muito e muita gente ganha pou convenção internacional obriga a multiplicar o resultado da
co; nesses casos utiliza-se a mediana de salário para repre- razão por 1.000, sendo, então, o resultado final apresentado
sentar a tendência central dos dados e aplicam-se testes não
como um número de óbitos em menores de 28 dias de vida
paramétricos. A alternativa “e” estaria correta se no lugar da
entre 1.000 nascidos vivos. Resposta d.
mediana estivesse escrito média. Resposta a.

366. A incidência (acumulada) é uma proporção em um pe-


363. O valor p (de probabilidade) e o intervalo de confian-
ríodo de tempo. Neste estudo, no período de dez anos, acu
ça – IC – (estimativa intervalar) de estimativas pontuais
mularam-se 204 novos casos de problemas visuais entre 9.680
amostrais informam sobre a significância estatística de uma
associação (ou diferença) encontrada no estudo com amos- pessoas (10.000 – 320), pois a incidência diz respeito apenas
tras. Em outras palavras: se não há diferença ou associação às pessoas que não têm, no início do acompanhamento, o
na população-alvo, p é a probabilidade de uma diferença ou efeito cuja incidência se quer medir. Assim, a incidência se-
associação aparecer na amostra simplesmente por acaso ou ria 204/9.680 = 2,11% em dez anos. A prevalência é uma pro-
variação amostral. O IC informa ainda mais que o p; informa porção em um ponto do tempo. Ainda que não especificado,
sobre o mínimo e o máximo valor que a medida obtida no nesta questão, a que ponto no tempo refere-se à prevalência,
estudo amostral deve ter, com determinada confiança – ge- subentende-se, pelas alternativas, que deve ser ao término do
ralmente 95% - na população-alvo de onde se retirou, por período de acompanhamento. Havia, já no início, 320 casos de
métodos probabilísticos, a amostra. Assim, a alternativa a, problemas visuais. A eles somaram-se outros 204 casos novos,
que se refere a questões qualitativas (controle de vieses, re perfazendo assim, 524 casos (novos e antigos) entre 10.000
presentatividade da amostra), nada tem a ver com p ou IC. trabalhadores, ou 5,24%. Resposta: não há alternativa correta.
A alternativa b trata exatamente da chamada inferência es-
tatística: extrapolar o resultado amostral para a população-
-alvo. A alternativa c refere-se ao cumprimento dos critérios 367. As epidemias lentas, geralmente são transmitidas de
de causalidade (de Hill). A alternativa d reporta-se ao plane- pessoa a pessoa (direta ou indiretamente) e por isso recebem
jamento estatístico do estudo e não aos resultados dos testes o nome de progressivas ou propagadas (alternativa D). Se o
estatísticos (p e IC), que são obtidos em fase posterior ao pla- período de incubação é longo (alternativa A) a epidemia terá
nejamento. Definir se as variáveis são categóricas (qualitati- crescimento de sua incidência mais lento ainda. O sarampo é
vas) ou numéricas (quantitativas) nada tem a ver com cálculo uma doença transmitida de pessoa a pessoa por mecanismo
de probabilidades ou de intervalos de confiança. Resposta b. direto (transmissão respiratória); é uma típica doença cujas
epidemias, se houver, são propagadas ou progressivas (alter-
nativa E). As epidemias por agrotóxicos podem ser explosi-
364. Mortalidades infantis (totais) altas relacionam-se muito vas, caso haja uma contaminação importante em curto espa
a problemas ligados a saneamento básico, cobertura vacinal ço de tempo em um grupo populacional restrito. No maioria
e alimentação/nutrição. Essas condições, quando ruins, de- das vezes são prolongadas, com pequenas contaminações
terminam grande predomínio da mortalidade infantil tardia contínuas, cumulativas no dia a dia do trabalho na lavoura;
(pós-neonatal). Mortalidades infantis baixas costumam ter são epidemias por exposição à fonte comum prolongada, não
predomínio da mortalidade infantil precoce (neonatal). A explosiva. As epidemias de Aids, como são transmitidas de
mortalidade infantil neonatal é dividida em neonatal precoce pessoa a pessoa (propagadas) e como o período de incubação

SJT Residência Médica – 2016


235
11 Temas gerais

tende a ser longo, são epidemias de progressão lenta, levando 372. A unidade de análise ou de informação do estudo fo-
muitos anos (até dezenas deles) até que se atinja a incidência ram indivíduos (estudo individual). Não houve intervenção
máxima. Resposta c. preventiva ou curativa (estudo observacional ou não experi-
mental). As pessoas não foram acompanhadas para o futuro
para se medir alguma incidência (estudo prospectivo) e nem
368. A epidemiologia tem três etapas em seu método: epi- foram selecionadas por serem ou não portadoras de alguma
demiologia descritiva, formulação de hipóteses e teste de doença para serem investigadas quanto a seu passado, vi-
hipóteses (epidemiologia analítica). Com o método epide- sando descobrir exposições pregressas (estudo retrospecti-
miológico estudam-se populações ou aglomerados (coleti- vo). Elas foram selecionadas a partir de uma característica
vos) de indivíduos com o intuito de descrever a ocorrência de interesse (não era uma doença; era serem ingressantes
dos agravos à saúde e doenças encontradas, além de descre- nas escolas públicas) e examinadas em um único ponto do
ver também seus possíveis condicionantes, determinantes e tempo cada uma. Trata-se, portanto, de estudo individual,
causas, com vistas à prevenção e ao controle. Assim, a única observacional, transversal ou seccional. Embora não seja
alternativa que contém ações não englobadas pela ciência este o desenho mais adequado para a investigação de asso-
epidemiológica é a C, pois o tratamento e reabilitação de ciações (melhores seriam os desenhos analíticos como os
doentes é função da clínica. O diagnóstico das doenças, em estudos casos-controles e os estudos de coortes), elas foram
nível populacional, é também função da epidemiologia, investigadas segundo informa o enunciado, fazendo, então,
pois na investigação de surtos, epidemias e na notificação deste, um desenho analítico. Resposta a.
dos casos da Lista de Doenças de Notificação Compulsória,
é necessário confirmar os diagnósticos. Resposta c.
373. Óbitos por uma doença entre os casos clínicos dessa do-
ença é uma proporção que define a letalidade da doença; ex-
369. Para se conhecer a história natural de uma doença ou prime sua gravidade clínica. A mortalidade por uma doença
agravo à saúde há que se acompanhar (estudos longitudinais tem o mesmo numerador que a letalidade, mas no denomi-
prospectivos) grupos populacionais, observando suas carac- nador estarão as pessoas da população que têm algum risco
terísticas iniciais e a incidência de complicações e eventos de de ficar doentes e não apenas os doentes, como na letalidade.
interesse, sob a influência dos fatores ambientais representa- Mortalidade específica por uma causa ou coeficiente de mor-
dos pelas condições não apenas físicas, mas também histó- talidade por uma causa são sinônimos. Incidência é o número
ricas, políticas, sociais e econômicas. O interesse da clínica de novos casos da doença (e não de mortes) entre as pessoas da
repousa no cuidado de indivíduos; o da epidemiologia no população que têm algum risco de ficar doentes. Resposta b.
aglomerado de indivíduos, que interagem entre si e com seu
meio ambiente ampliado. As intervenções em saúde, no ní- 374. Em sua apostila Medicina Preventiva Volume 1, no capí-
vel populacional, são objeto da epidemiologia, que responde, tulo intitulado Vigilância Epidemiológica (VE), você encontra,
por exemplo, sobre a efetividade de campanhas de vacinação listadas, todas as atividades constantes da alternativa B, na mes-
e sobre o controle da transmissão de doenças. Resposta a. ma sequência. Poderia ainda ser acrescentada a “divulgação da
informação” proveniente dos dados coletados e analisados, que
recomendaram as ações, as quais também foram avaliadas pela
370. Ao longo de dez anos um total de 500 empregados fo- VE. Tratamentos clínicos, fornecimento de fármacos e vacinas
ram submetidos a exame radiológico anual (não se sabe se não são função da VE; são ações vinculadas às secretarias de as-
são os mesmos empregados durante o período). A única in- sistência à saúde. Resposta b.
formação é que 100/500 tiveram silicose pulmonar detectada
à radiografia. Não se garante que foram feitos exames radio-
lógicos que afastassem a silicose pulmonar na admissão a fa 375. Cortes (secções) no tempo que passa, produzindo ins-
brica, de forma a garantir que os 100 casos detectados fossem tantâneos (como fotos) em um ponto do tempo, são carac-
casos novos. Assim, pode-se afirmar apenas que a prevalên- terísticas de estudos transversais, que medem prevalência
cia de silicose foi de 20% entre os empregados examinados. de agravos à saúde, doenças ou fatores de risco. Medidas de
Resposta b. incidência só são obtidas com estudos de coorte (prospec
tivos). Nesta questão convém desprezar a construção “Pro-
duz medidas de fatores de risco”, contida na segunda frase;
371. Tal qual para testes diagnósticos, a sensibilidade é o que os estudos de coorte (ou coortes) fazem é medir a as-
uma medida quantitativa da qualidade da vigilância epi- sociação, a intensidade ou grau da associação entre fatores
demiológica. Nos testes diagnósticos é definida como a de risco e doenças. Os estudos de casos-controles são ini-
capacidade de detectar corretamente os casos da doença, cialmente indicados para se investigar etiologia de doenças
ou seja, fornecer um resultado positivo se a pessoa testada raras, uma vez que, sendo raras, estudos de coorte tendem
é realmente doente. Na vigilância epidemiológica trata-se a não render, pois pode acontecer de se acompanhar um
de medir, por meio de um estudo (pesquisa) independen- número muito grande de pessoas, muitas vezes por período
te do Sistema de Vigilância Epidemiológica, que porcen- prolongado, e incidirem apenas alguns poucos casos, o que
tagem de casos verdadeiramente existentes foi detectada inviabiliza o estudo. A avaliação de intervenções é o papel
pelo sistema. Resposta c. dos ensaios clínicos. Resposta d.

SJT Residência Médica – 2016


236
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

376. Com relação à alternativa A, o viés de confusão é justamen- acompanham muitas pessoas por tempo geralmente prolongado,
te caracterizado por uma variável de controle (nem a exposição, além disso, podem ser inadequados para investigar etiologia de
nem o efeito) que se associa à exposição e ao efeito, mas está doenças de baixa incidência. Os estudos casos-controles (alterna-
distribuída de maneira desigual (e não igual), sistematicamen- tiva D) têm alto poder analítico, como os de coorte, e são a melhor
te diferente entre os grupos, de forma que em um grupo essa opção para o estudo etiológico de doenças de baixa incidência
variável está muito mais presente do que no outro grupo. O porque, por mais raras que sejam, sempre é possível, por meio
viés de aferição (alternativa B) também é um erro sistemático: dos serviços de saúde, encontrar os portadores dessas doenças.
a aferição de informações (processo de coleta de informações) Pareamento (alternativa E) significa encontrar, para cada expos-
é realizada de uma maneira em um grupo e de outra maneira to um não exposto, para cada caso um controle, pessoas que são
em outro grupo. O erro do tipo I (cujo risco ou probabilidade de escolhidas (não é, portanto, um método randômico ou aleatório)
cometê-lo chama-se alfa) ocorre quando o pesquisador rejeita a segundo suas características de sexo e idade (geralmente) para
hipótese de nulidade Hzero em seu estudo amostral e essa hipó- que os grupos montados não difiram sistematicamente quanto a
tese é verdadeira na população da qual se originou a amostra. essas duas variáveis. O pareamento evita, por exemplo, que casos
Rejeitar Hzero significa que teste estatístico utilizado mostrou sejam mais velhos que controles, ou que haja muito mais homens
significância (alternativa D) na diferença ou associação medida entre os expostos do que entre os não expostos, diferenças que
na amostra. O erro do tipo II (cujo risco ou probabilidade de poderiam mascarar ou confundir alguma associação entre a ex-
cometê-lo chama-se beta) ocorre quando o pesquisador aceita posição e o efeito investigados. Resposta a.
Hzero e essa hipótese é falsa na população. Aceitar Hzero sig-
nifica que o teste estatístico utilizado não mostrou significância 378. Todas as medidas apresentadas nas alternativas são medidas
(alternativa E). A alternativa correta é C: viés de seleção é uma de associação entre variáveis independentes e dependentes. O que
tendenciosidade na escolha das pessoas que participarão do es- se discute é qual medida é adequada a qual desenho de estudo. A
tudo: escolher voluntários para estimar uma prevalência popu- alternativa A foi oficialmente dada como correta, visto que tanto o
lacional; escolher apenas doentes hospitalizados em um estudo risco relativo (razão de riscos) como a razão de taxas de incidência
caso-controle, quando a doença que se quer estudar não leva (razão de densidades de incidência) podem mesmo ser calculado
todos seus portadores ao hospital, escolher expostos sistemati- nos estudos prospectivos; esta alternativa, no entanto, não está
camente diferentes de não expostos quanto a alguma variável completamente correta, pois afirma que ambas são medidas do
que possa ter influência no desfecho. Resposta c. risco do desfecho. Não são medidas de risco de desfecho, que é
um evento – é a variável dependente; são medidas de associação
entre as variáveis; são medidas de razão entre medidas de risco de
377. A amostragem probabilística visa obter amostras não ten-
efeito. A alternativa B está incorreta porque o OR pode ser usado
denciosas. Nos estudos transversais procura selecionar um con-
em qualquer tipo de estudo, ainda que seja medida original de es-
tingente de pessoas que seja representativo da população-alvo;
tudos casos-controles. A alternativa C está incorreta porque o RR
os métodos aleatórios provavelmente não são tendenciosos e,
pode e é calculado nos ensaios clínicos randomizados (e depois
por isso, provavelmente produzem amostras representativas. Nos
é transformado em Redução Relativa de Risco RRR). A alter-
estudos casos-controles, muitas vezes, a amostragem não é pro-
nativa D estaria correta se restringisse a informar que o cálculo
babilística, pois, escolhem-se casos de uma doença de um deter-
adequado é a HR (uma medida de comparação entre curvas de
minado serviço médico ou mesmo da população geral e pareiam-
sobrevida) ou RR. A alternativa E afirma que RR é razão entre
-se controles a esses casos (geralmente por sexo e idade) entre
densidades de incidência (número de novos casos em pessoas-
as populações eleitas como de não casos da doença. O mesmo
-tempo de observação), quando RR é razão entre incidências acu
ocorre nos estudos de coortes, quando se escolhem os expostos e muladas (riscos). Resposta: não há resposta correta.
não expostos frequentemente sem sorteio. Não há grande proble-
ma nesse procedimento, pois o que mais interessa nesses estudos
analíticos (casos-controles e coortes) é investigar uma associação 379. Quando a pergunta do estudo que se pretende conduzir rela-
entre exposição e efeito com validade interna; a validade externa ciona-se à efetividade ou eficácia de uma intervenção, o desenho
(poder de generalização) é fundamental nos estudos transversais de estudo mais adequado para respondê-la é sempre o ensaio clí-
que visam estimar parâmetros populacionais. Nos estudos expe- nico casualizado (randomizado): um estudo experimental, pros-
rimentais (ensaios clínicos) o método aleatório ou probabilístico pectivo e analítico. Este poderá ser ecológico (nível de observa-
é empregado não para escolher os participantes, mas para montar ção ou de análise sendo o conglomerado populacional como um
grupos comparáveis, sem viés de seleção. A amostragem proba- todo) ou individual – que se aplica à solicitação desta questão, a
bilística do tipo sorteio simples é aquela em que todos os indiví qual diz respeito a pacientes individualizados. A grande vantagem
duos da população são conhecidos e têm a mesma probabilidade dos estudos experimentais é que os grupos são formados por sor-
de fazer parte da amostra. Há outros métodos probabilísticos em teio e são, por isso, comparáveis (desde que o tamanho amostral
que isso não ocorre, por isso, a rigor, a alternativa A pode não ser seja tão grande quanto, digamos, algumas centenas de indivídu-
a melhor resposta, pois sua assertiva nem sempre é verdadeira. os). Sendo os grupos comparáveis e havendo diferença, entre eles,
A observação das alternativas aponta que a B está claramente in- na detecção do efeito, essa diferença será atribuída à diferença nas
correta: é baixo o poder analítico dos estudos transversais; a rigor intervenções, pois não terá ocorrido viés na seleção dos grupos ou
eles são até classificados, na maioria das vezes, como descritivos. viés de confusão. Tais vieses poderiam produzir grupos sistema-
E toda vez que são feitas análises em tal desenho, o pesquisador ticamente diferentes, ou seja, nunca se saberia se as diferenças de
precisa estar ciente de que os resultados obtidos podem estar en- efeito teriam ocorrido por causa da intervenção ou porque os gru-
viesados. Estudos de coorte (alternativa C) custam caro porque pos já eram mesmo diferentes antes da intervenção. Resposta e.

SJT Residência Médica – 2016


237
11 Temas gerais

380. A alternativa A indica que o mascaramento (técnica para Logo, o valor preditivo positivo (VPP) foi 100%, indepen-
evitar o viés de aferição ou mensuração) é adequado para evitar dentemente da prevalência da tuberculose na amostra estu-
viés de seleção; uma bobagem. Viés de seleção é evitado com a dada (o VPP depende da prevalência quando a especificidade
randomização. A alternativa B, ao citar o ocultamento de qual não é 100%). Sendo a sensibilidade de apenas 60%, 40% dos
será a sequência da randomização (não se saber, por exemplo, verdadeiramente tuberculosos pulmonares apresentarão re-
qual será o grupo de destinação do próximo indivíduo em um sultado negativo à broncoscopia. Resposta d.
experimento), trata de uma técnica para evitar viés de seleção;
jamais de aferição. A alternativa D afirma que ter grupos de
mesmo tamanho em um ensaio clínico evita que um determi- 383. Nos estudos não experimentais (ou observacionais) não
nado grupo (por exemplo, o grupo de intervenção) possa ter é possível montar aleatoriamente (por sorteio) os grupos que
mais perdas de indivíduos do que outros grupos (por exemplo, serão comparados. Para que eles não sejam sistematicamente
o grupo-controle); outra bobagem sem lógica, pois a perda se- diferentes (por exemplo, em estudos de coorte, expostos mais
letiva nada tem a ver com o tamanho dos grupos. A alternativa idosos do que não expostos; ou expostos menos obesos do que
E afirma que uma perda seletiva de indivíduos é um viés de não expostos – se idade ou obesidade importarem), lança-se
aferição, quando este fenômeno gera, sim, um viés de seleção: mão de critérios de inclusão e de exclusão no estudo a fim
serão comparados grupos que não deveriam ser comparados, de que os grupos sejam muito comparáveis, pelo menos quan-
pois um deles, pela perda seletiva, pode ser sistematicamente to a variáveis conhecidas que possam influenciar o desfecho
diferente do(s) outro(s). O viés de aferição nos estudos casos- que será investigado em um estudo de coorte ou a exposição
-controles (alternativa C) pode ocorrer quando o observador pregressa que será investigada em um estudo casos-controles.
sabe quem é caso e quem é controle; com esse conhecimento, Esses critérios restringem a entrada de pessoas no estudo para
pode acontecer de ele entrevistar controles de uma maneira
aumentar a comparabilidade entre os grupos. Resposta e.
e casos de maneira sistematicamente diferente, encontrando
exposições diferentes quando na verdade elas podem não ser
diferentes; só o foram pela diferença no modo de entrevistar.
Assim, é importante fazer o mascaramento dos observadores 384. O NNT (número necessário a ser tratado com o tra-
quanto ao efeito e não quanto à exposição, como afirmado na tamento experimental para que se evite um caso a mais do
alternativa C. Resposta: não há resposta correta. desfecho quando o tratamento experimental é comparado ao
tratamento controle) informa sobre a eficiência de um tra-
tamento; informa se o tratamento experimental vale ou não
a pena ao se avaliar seu custo e os benefícios que esse custo
381. A alternativa A está correta em sua primeira parte, mas
trará. Não é, portanto, uma medida de eficácia (redução rela-
não há, absolutamente, necessidade de haver associações esta-
tiva de risco) de um tratamento (o experimental) em relação
tisticamente significantes: Caso realmente não exista associação
a outro (o controle); é uma medida da redução absoluta de
entre duas variáveis, como exigir, como critério de qualidade,
risco de desfecho entre pelo menos dois tratamentos: o ex-
que haja “associação estatisticamente significante”? A alternativa
perimental e o controle. A melhor resposta é a alternativa D,
D está incorreta porque justamente quando há pouca diferença
que estaria mais bem grafada se fosse “diferenciação absoluta
entre os resultados dos estudos (menor heterogeneidade) é que
dos riscos”, para se contrapor à alternativa C. Resposta d.
se pensa que somente um tipo de resultado teve maior proba-
bilidade de ter sido publicado (por exemplo, apenas resultados
que indiquem que uma dada exposição faz mal à saúde). A al-
ternativa E restringe as metanálises a estudos experimentais. Se 385. Estudos de intervenção são sinônimos de estudos expe-
assim fosse, elas não existiriam, como existem, para estudos de rimentais, sejam individuais ou ecológicos, existe um sorteio
etiologia ou causa de doenças, quando não se pode, por ques- para determinar qual será o grupo de intervenção e qual(is)
tões éticas, conduzir estudos experimentais em seres humanos. o(s) controle(s). Com o sorteio, os grupos tendem a ser mui-
As alternativas B e C estão corretas. A heterogeneidade de re- to comparáveis, o que confere grande segurança ao se afirmar
sultados em si (alternativa C), apenas, não contraindica a rea- que alguma diferença que tenha surgido no desfecho (variável
lização da metanálise; heterogeneidade de resultados significa dependente) seja devida à diferença na intervenção e não nos
que alguns intervalos de confiança das estimativas pontuais de grupos. Isto aumenta a validade interna do estudo (os resultados
cada estudo não se sobrepõem, mas espera-se que todos eles, ou serem verdadeiros para a amostra pelo fato de terem sido evita-
sua maioria, indiquem uma mesma coisa: ou benefício ou ma- dos vieses – e o sorteio evita os vieses de seleção e de confusão).
lefício da intervenção experimental; um efeito homogêneo da A validade externa (alternativa A) é o poder de generalização
intervenção. Mas quando a revisão sistemática mostra que uma dos resultados (alternativa B) de um estudo para a população-
parte dos estudos indica benefício e outra indica malefício ou -alvo da qual se originou a amostra ou para outras populações
prejuízo, não há lógica em se realizar a metanálise, que decerto semelhantes à população-alvo. Precisão (alternativa E) depende
indicará “não haver efeito” no desfecho. Respostas: b ou c. do tamanho da amostra e relevância científica (alternativa D)
depende do tema, do assunto abordado pelo estudo. Resposta c.

382. Se a broncoscopia para o diagnóstico de tuberculose


pulmonar teve 100% de especificidade em pacientes com ra- 386. A questão propõe a realização do rastreamento de agri-
diografia suspeita e baciloscopia negativa (ou não realizada), cultores da população adscrita a uma unidade de saúde que
isto significa que, nesta situação, não houve falsos-positivos. possam estar contaminados com agrotóxicos que sejam inibi-

SJT Residência Médica – 2016


238
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

dores da colinesterase. Pretende-se acompanhá-los para, pos- 390. Para questões de testes diagnósticos, quase sempre uma ta-
sivelmente, detectar consequências dessa contaminação. Para bela do tipo 2 x 2, como a colocada a seguir, é de grande ajuda.
qualquer rastreamento, o mais importante é que o teste usado
para realizá-lo seja muito sensível, para que não se perca ou
perca-se o mínimo possível de pessoas contaminadas. Pode- Cultura
rá ser detectado um número apreciável de falso-positivos se a Positiva Negativa
especificidade do teste for baixa, o que obrigará a utilização de
Positiva 23
um teste adicional, em série, bastante específico. Resposta a. Bacterioscopia
Negativa 894 905
34
387. Para identificar o desenho dos estudos epidemiológicos
que é importante para determinar as medidas de frequência,
A afirmativa I está correta porque a sensibilidade é dada por
de associação e de impacto potencial que poderão se originar
23/34 = 0,676. A afirmativa II também está correta porque o
desses estudos – é preciso determinar qual é a variável in-
VPN (valor preditivo negativo) é dado por 894/905 = 0,988 (há
dependente, qual a dependente, e como o autor investigou a
um pequeno erro de arredondamento na afirmativa II). A afir-
relação entre elas. No caso, a variável independente é o peso
mativa III é teórica e não depende dos números apresentados.
ao nascer. As dependentes são o uso de medicações e a ocor-
A acurácia é função da sensibilidade e da especificidade; ambas,
rência de internações ao longo dos três primeiros anos de
assim como a probabilidade de doença antes de ser aplicado
vida. O autor escolheu acompanhar as crianças (em direção
qualquer teste diagnóstico (prevalência da doença), influenciam
ao futuro) desde seu nascimento para medir a incidência das
os valores preditivos de um teste diagnóstico. Resposta d.
variáveis dependentes. Trata-se de estudo individual, obser-
vacional, prospectivo e analítico (há dois grupos sendo com-
parados: com e sem baixo peso): um estudo de coortes (do
tipo prospectivo ou concorrente). Resposta a. 391. Trata-se, claramente, de estudo do tipo casos-controles
de base hospitalar. Há um erro na tabela relativo ao câncer de
esôfago e exposição ao tabagismo: 16 fumantes somados a três
388. No hospital A morrem 6 a cada 10.000 pacientes inter- não fumantes totalizam 19 pacientes e não 13, como anotado.
nados. No hospital B, 17 a cada 10.000. O risco de morrer no A medida a ser calculada é a odds ratio (OR). Com relação ao
hospital B, portanto, é maior. Mas isso não quer dizer que a tabagismo: (16 x 15) / (42 x 3) = 1,90. Com relação à ingestão de
assistência desse hospital seja pior. Os pacientes podem ser, bebida alcoólica: (15 x 50) / (7 x 4) = 26,79. Pede-se, na questão,
inicialmente, portadores de afecções mais graves ou podem a alternativa errada. A alternativa A, aparentemente, estaria er-
ser mais velhos, ambas as condições que se relacionam com rada, pois não foi calculado um risco relativo (não foi um estudo
maior mortalidade e que podem estar diferentemente distri- de coortes). Porém a OR é uma medida obtida de estudos casos-
buídas entre os dois hospitais. Configuram, portanto, variá- -controles que visa estimar o risco relativo (RR); e há autores
veis de confusão, que podem distorcer a comparação entre que julgam plausíveis, em certas circunstâncias, chamá-la de
os hospitais quanto à qualidade de sua assistência, se forem RR. A alternativa B está correta: é impossível calcular ou esti-
considerados apenas os dados brutos de mortalidade, sem mar incidências em estudos casos-controles. A alternativa C está
ajustes, padronizações ou controle dessas variáveis de confu- incorreta porque um estudo observacional ou é transversal ou
são. Uma maneira de controlar a confusão nas comparações prospectivo ou retrospectivo. Não existe “transversal retrospec-
é realizar a análise estratificada. Se a idade for uma variável tivo”. Quanto à alternativa D, aceitando-se que a OR possa ser
de confusão, pode-se fazer uma comparação entre os coefi- “chamada” de RR, o valor calculado seria 1,90 e não 0,90, estan-
cientes de mortalidade específicos por idade dos pacientes do, portanto, também incorreta. Trata-se de teste malfeito e mal
dos dois hospitais (estratificação por idade). Se a gravidade revisado, pois contém erro na impressão da tabela, mais de uma
das doenças for o fator de confusão, pode-se fazer uma com- alternativa incorreta (que é o que se pede) e uma interpretação
paração entre os coeficientes de mortalidade específicos por um pouco forçada de OR. Respostas: c ou d.
doença (ou gravidade da doença) dos pacientes dos dois hos-
pitais (estratificação por doenças). Resposta d.
392. Houve uma intervenção (nova droga ou placebo, algo
que seria antiético, pois existem antigas drogas de uso já con-
389. Com relação aos ensaios clínicos, a alternativa A está in- sagrado para a Doença de Parkinson). Não é, portanto, um
correta porque afirma ser não aleatória a distribuição dos in- estudo observacional, mas sim experimental ou “de interven
divíduos para os grupos que serão comparados. A alternativa ção” ou “intervencional”. Estudos de intervenção são sempre
B peca por afirmar que o valor crítico de P é 50% (quando, ou ensaios clínicos (se a unidade de observação for o indiví
habitualmente, é 5% ou 0,05). Ensaios clínicos não avaliam duo) ou ensaios comunitários (se a unidade de observação
os mecanismos das intervenções, apenas medem seus efei- for o coletivo, o aglomerado populacional). Resposta c.
tos (alternativa C). A Redução Relativa de Risco (RRR), por
vezes chamada, menos corretamente, de Redução do Risco
Relativo, é sinônimo de Eficácia. RRR é a queda porcentual, 393. Uma variação cíclica que se repete, a cada ano, sempre
relativa, de risco de efeito, quando se comparam dois riscos: na mesma estação ou época do ano, configura o conceito de
o do grupo controle e o do grupo experimental. Resposta d. sazonalidade ou variação sazonal. É uma variação esperada,

SJT Residência Médica – 2016


239
11 Temas gerais

por isso não é epidemia. Uma doença endêmica pode ter e uma dependente (efeito, desfecho, doença, cura) de tal
variação cíclica não sazonal (aumento do número de casos forma que quando se modifica a independente, ocorre uma
em intervalos de vários anos), pode ter sazonalidade, pode mudança na dependente. É justamente a associação causal
apresentar-se epidemicamente. Resposta b. que permite à Saúde Coletiva e à Medicina proporem inter-
venções preventivas ou curativas. Café e câncer de pulmão
(alternativa A) podem estar associados, mas não de manei-
394. Exposição é sinônimo de fator de risco, variável inde- ra causal; o que ocorre é que, frequentemente, ambos estão
pendente, variável preditora, variável explanatória, “causa”. associados ao tabagismo, fazendo parecer que café possa
Desfecho é sinônimo de doença, variável dependente, vari- levar ao câncer de pulmão (o tabagismo seria uma variável
ável de efeito, variável-resposta, “consequência”. Claramente, de confusão na associação entre café e câncer). O mesmo
neste estudo, a exposição é a quantidade de álcool ingerido e ocorre na alternativa D. O hábito de barbear-se e o infar-
o desfecho o câncer. Resposta a. to do miocárdio (alternativa C) podem estar associados
em função da variável sexo (na sua categoria “masculino”).
Apenas a alternativa B tem uma associação causal: o uso de
395. As variáveis podem ser divididas, quando à sua natureza, anticoncepcionais é reconhecido fator de risco para o trom-
em qualitativas (ou categóricas) e quantitativas (ou numéri- boembolismo venoso. Resposta b.
cas). As quantitativas são obtidas por contagem ou por mensu-
ração. As qualitativas são obtidas por classificação. Satisfação
no trabalho é algo qualitativo e ordinal (admite uma ordem: 399. É frequente que em estudos casos-controles de base
nenhuma, pouca, moderada, intensa), mas “taxa” de satisfação hospitalar (casos e controles selecionados a partir de pacien-
no trabalho pode ser entendida como um índice quantitativo, tes hospitalizados) sejam encontradas associações que não
uma porcentagem de 0% a 100%, por exemplo. A cor favorita e existem na população geral; existem apenas em populações
o estado civil são claramente variáveis qualitativas (e nominais; hospitalizadas. Isto ocorre em razão das diferentes probabili-
não há ordem). O número de palavras relembradas é quan- dades de admissão hospitalar: pessoas que têm, por exemplo,
titativa discreta; ninguém se lembra de, por exemplo, 15,34 duas doenças conjuntamente, podem ter maior probabilida-
palavras, o que caracterizaria uma variável quantitativa contí- de de serem admitidas no hospital do que as que têm ape-
nua, como é a glicemia de jejum, o Índice de Massa Corporal nas uma delas ou do que as que não têm nenhuma das duas
(IMC), a pressão arterial. Mesmo que haja dúvida quanto à doenças. Em uma tabela do tipo 2 x 2, as pessoas da célula
“taxa de satisfação no trabalho”, as outras três variáveis carac- “a” (portadoras das duas doenças conjuntamente) podem ter
terizam a única alternativa correta. Resposta d. maior probabilidade de estar no hospital do que as pesso-
as de todas as outras células da tabela. Assim, uma razão de
chances acaba apontando uma associação positiva entre as
396. O risco de desnutrição em crianças desmamadas é de duas doenças que pode não existir fora do hospital. A essa
176/588 = 0,2993. Em crianças amamentadas 20/252 = 0,0794. distorção no grau de uma associação dá-se o nome de Viés de
A diferença de risco é, então, 0,2199% ou 21,99%. Essa diferen- Berkson (Berkson’s bias); não é uma distorção na aferição das
ça seria a Redução Absoluta de Risco de desnutrição conferida doenças e nem é causado por alguma variável de confusão. É
pela amamentação. Convém, porém, considerar que não se um tipo de viés de seleção, em que acabam sendo compara-
trata, provavelmente, de um ensaio clínico casualizado e, por dos grupos que não representam adequadamente os doentes
isso, as mães podem não ser comparáveis quanto a outros fa- da população, pois foram diferentemente selecionados quan-
tores que não o aleitamento materno. Sob essas considerações do da entrada no hospital. Resposta a.
(a possibilidade de ser um estudo observacional), não se pode
garantir que a diferença observada na desnutrição seja apenas
devida ao aleitamento materno. Resposta a. 400. Ensaios clínicos privilegiam a validade interna, ou
seja, os resultados serem válidos para os participantes do
estudo; procura-se evitar os vieses de seleção e de confu-
397. O risco relativo de desnutrição pedido na questão é o das são com a randomização, de forma que os grupos que es-
crianças desmamadas (176/588 = 0,2993) em relação ao das tão sendo comparados (quanto às diferentes intervenções)
amamentadas (20/252 = 0,0794), ou seja, 3,77. Se fosse pedido sejam muito homogêneos. Além disso, para responder a
o inverso, considerando-se agora a exposição à amamentação questões muito específicas (por exemplo, que efeito quan-
como um fator protetor, o risco relativo seria 0,2653 (uma as- titativo tem um tratamento em uma específica dose e du-
sociação negativa, uma proteção conferida pela amamentação ração, em uma específica doença, em um específico grupo
contra a desnutrição). Haveria, se este fosse um estudo experi- de doentes), os ensaios clínicos têm muitos critérios de
mental, uma Redução Relativa de Risco de desnutrição (RRR) inclusão e exclusão. A contrapartida desses cuidados no
de 1 – 0,2653 = 0,7347 ou 73,5%. Resposta c. desenho do estudo é que, muitas vezes, as conclusões não
podem ser extrapoladas para a população geral de onde se
originou a amostra (validade externa ou poder de genera
398. Relação de causalidade ou associação causal (não con- lização dos resultados), pois os indivíduos participantes
fundir com casual) é aquela que estabelece entre uma vari- foram muito selecionados para responder a uma questão
ável independente (exposição, fator de risco, intervenção) muito específica. Resposta b.

SJT Residência Médica – 2016


240
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

401. Nas epidemias por fonte comum, também chamadas 406. O conceito/definição de todas as diferentes vigilâncias
maciças, as pessoas são infectadas (se o agente etiológico for em Saúde Pública estão no início do Capítulo 8 (Vigilância
biológico) ou contaminadas (se o agente etiológico for quí- Epidemiológica) de sua apostila Medicina Preventiva Volu-
mico) em curto espaço de tempo na maioria das vezes e, por me 1. O texto da questão traz o conceito de vigilância epi-
isso, aparecem muitos casos ao longo de um curto período demiológica conforme consta na Lei n. 8.080 de 1990 (a Lei
(epidemias explosivas). O mecanismo de transmissão é di- do SUS). A vigilância ambiental visa detectar e prevenir mu
ferente das epidemias progressivas ou propagadas, quando danças nos fatores determinantes e condicionantes do meio
uma pessoa (fonte de infecção), por via direta ou indireta, ambiente e cita, especificamente, controle da água para con-
transmite a doença à outra ou outras (novos hospedeiros), sumo humano, problemas do ar, do solo e dos contaminantes
situação que tende a ser lenta até que se atinja a incidência ambientais. A vigilância sanitária (VISA) focaliza a produção
máxima do período epidêmico. Resposta a. e circulação de bens e a prestação de serviços de interesse da
saúde, assim, trata de alimentos, cosméticos, saneantes, ban-
cos de sangue, controle de laboratórios, serviços de diálise
402. As alternativas B, C, D e E estão claramente corretas. e serviços radiológicos, entre outros. Tem poder de polícia
Cabe, porém, uma observação quanto à alternativa A (incor- para fechar serviços oferecidos ao público (mas não pode
reta). O fato de a taxa (ou coeficiente) de mortalidade geral prender pessoas – o que é atribuição da polícia civil ou mili-
(TMG) não levar em conta o sexo e a idade das pessoas mor- tar). Resposta e.
tas pode ser visto como uma desvantagem deste coeficiente.
Ele apenas mede o risco geral de morrer dos habitantes de
um lugar em um dado ano-calendário. Não se sabe, porém, 407. A correlação correta é: I-B; II-C; III-A; IV-D; V-E. Não
se a mortalidade atinge mais determinada faixa etária ou há, portanto, alternativa correta para esta questão.
sexo; não se sabe a causa das mortes. Porém, além de ser uma
desvantagem, essa simplicidade de cálculo é também uma
vantagem; o TMG é sintético, prescinde de informações de- 408. A correlação correta é: I-D; II-A; III-C; IV-B. Não há,
talhadas sobre a composição etária da população, das causas portanto, alternativa correta para esta questão.
dos óbitos, da idade dos falecidos. Resposta a.

403. Consulte sua apostila de Medicina Preventiva Volume 409. Embora não seja o uso mais comum, a assertiva I pode
1 e verifique que apenas a alternativa E contém três doen- ser considerada correta: risco é uma probabilidade (de ocor-
ças, agravos ou eventos que fazem parte da Lista Nacional de rer um evento no numerador de uma fração entre as pessoas
Doenças de Notificação Compulsória, conforme a portaria em risco de apresentar o evento e que estão no denomina-
ministerial de janeiro de 2011 e ainda em vigência no país dor da fração) em um período de tempo. Por esse conceito,
atualmente (dezembro de 2012). Resposta e. a assertiva II também está correta. A assertiva III é duvidosa
ou de difícil interpretação: risco designa, sim, uma probabi-
lidade (não só de adoecer, como afirmado, mas de morrer,
404. O registro de casos (ou de incidência de casos) em nú- de complicar uma doença, de se curar de uma doença – con-
mero acima do máximo esperado (média de anos anteriores forme, inclusive, a assertiva I), mas o complemento “que se
acrescida de 1,96 desvio-padrão ou 2 desvios-padrão) para um desvia das ocorrências puramente aleatórias” parece afirmar
determinado lugar e para uma determinada semana ou mês do que a proporção medida pelo risco não pode ter ocorrido por
ano caracteriza uma epidemia. No entanto, se os casos não es- acaso. Essa afirmação não nos parece verdadeira, pois quan-
perados concentram-se em algumas poucas casas, ruas ou ins- do se mede qualquer risco não se sabe, sempre, se os even-
tituições, ou se são casos que ocorreram somente entre pessoas tos ocorreram por acaso ou não; a antítese da ocorrência por
que mantêm contato entre si, alguns autores preferem carac- acaso seria a ocorrência causal; muitos eventos não apresen-
terizar a ocorrência como um surto (epidêmico). Resposta b. tam uma causa definida e são, por isso, tachados de casuais.
A assertiva IV não define risco relativo; define risco absoluto
ou incidência acumulada. Resposta d (pelo gabarito oficial; a
405. O estudo da frequência e da distribuição das doenças e nosso ver deveria ser a resposta a).
agravos à saúde nas populações diz respeito à Epidemiologia
Descritiva. O estudo da distribuição das causas (determinan-
tes ou condicionantes) das doenças e agravos também é re- 410. Nos ensaios clínicos a variável independente é a inter-
lacionado à Epidemiologia Descritiva; basta nos atenhamos venção (no caso, a musicoterapia) e a dependente, suas conse-
aos estudos populacionais de prevalência de hipertensão e quências (no caso, o fato de as mães virem a amamentar seus
diabete – fatores de risco/causas de doenças cardiocirculató- recém-nascidos – RN – prematuros). Risco relativo (RR) de
rias – para que se verifique essa afirmação. Mas o enunciado 1,26 significa um incremento de 26% no grupo exposto à in-
da questão refere-se ao estudo (III) das causas das doenças tervenção; RR de 2,0, por exemplo, significa o dobro de in-
(e não da distribuição de suas causas). Estudar as causas (a cremento (incremento de 100%). A assertiva III refere-se ao
causalidade) das doenças é do campo da Epidemiologia Ana- RR de 1,22 (ocasião da alta dos bebês), cujo intervalo de 95%
lítica, por meio dos estudos do tipo caso-controle ou do tipo de confiança englobou o valor 1,0, não sendo, portanto, sig-
coorte. Resposta a. nificante do ponto de vista estatístico, pois o valor 1,22 não é

SJT Residência Médica – 2016


241
11 Temas gerais

estatisticamente diferente do valor 1,0, da não associação. Ran- idade gestacional – tem sido recomendada como o indica-
domizado (assertiva IV) significa que um sorteio destinou os dor mais apropriado para a análise da assistência obstétrica
RN para os grupos (musicoterapia ou não). Resposta a. e neonatal e de utilização dos serviços de saúde, de modo
a dar visibilidade ao problema e propiciar a identificação
das ações de prevenção para o alcance de ganhos mútuos
411. A assertiva I está correta; basta ter em mente doenças na redução da morte fetal e neonatal precoce evitável. A
como a gripe, a pneumonia, as exacerbações agudas das do- subnotificação de óbitos no país é ainda um problema a ser
enças pulmonares obstrutivas crônicas, as faringites, as rinos- enfrentado, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
sinusites, todas elas afecções que têm maior incidência nos A omissão do registro do óbito em cartório, seja pela difi-
meses frios do ano. Variações cíclicas (assertiva II) são, de fato, culdade de acesso ou pela falta de orientação, existência de
aumentos periódicos (e esperados) de incidência de doenças cemitérios irregulares ou pela falta de conhecimento da po-
infecciosas que se associam a afecções de alta infectividade, pulação sobre a importância da declaração de óbito, com-
alta imunogenicidade e que ocorrem na ausência de cobertura promete o real dimensionamento do problema e a identi-
vacinal, o que permite oscilações na resistência da população ficação das ações adequadas de saúde para a redução das
à infecção (imunidade de rebanho). São observadas em séries taxas de mortalidade”. A alternativa D está incorreta porque
históricas de sarampo, rubéola e caxumba (antes das campa- o preenchimento da Declaração de Óbito (DO) é obrigató-
nhas populacionais de vacinação, que alteram artificial e dese- rio para fetos com 22 semanas ou mais de gestação (ou 500
javelmente a imunidade de rebanho). No entanto, não se pode g de peso ou 25 cm de comprimento, quando não se souber
afirmar que as variações cíclicas são observadas “na análise a idade gestacional). Atualmente, já se recomenda que seja
das variáveis relacionadas à pessoa”. Variáveis relacionadas a providenciada a DO caso o feto tenha 20 semanas ou mais
pessoas são o sexo, a idade, o estado civil, a etnia etc.; varia- de gestação. A alternativa E erra ao afirmar que a morta-
ções cíclicas na ocorrência de doenças não têm relação com lidade fetal refere-se ao primeiro ano de vida. Resposta b.
essas variáveis. A assertiva III está correta; poder-se-iam acres-
centar os meses também, por ser frequente a observação da
ocorrência de doenças segundo os meses do ano; no caso dos 413. Pessoas que trabalhavam na indústria da borracha havia
dias, eles são importantes quando da construção de algumas 5 a 15 anos em 1990 foram acompanhadas por 10 anos (até
curvas epidêmicas em situações de epidemias explosivas, por 2000) para investigar a incidência de morte por câncer. Tra-
fonte comum. Resposta e (pelo gabarito oficial; a nosso ver são ta-se de estudo individual, observacional, prospectivo e ana-
corretas as assertivas I, III e IV). lítico, pois pessoas são observadas a partir de um momento
inicial por um período de tempo para se medir uma incidên-
cia. As pessoas foram subdivididas segundo características
412. Óbitos perinatais (alternativa A) são os que ocorrem ligadas a seu trabalho (tempo de trabalho, porte da empresa)
em um período por volta do período normal de nascimento para permitir a análise, que comparou as incidências segun-
(9 meses ou 39 semanas de gestação). Englobam, então, as do essas características. Trata-se de estudo de coorte. Como
crianças que morreram após a 22ª semana de gestação (an- os eventos (mortes) já haviam acontecido e as coortes foram
tes da CID-10 considerava-se a 28ª semana) – são os cha- estabelecidas e passaram a ser acompanhadas desde 1990,
mados “óbitos fetais” ou “natimortos” – e as crianças que deve-se tratar de coorte histórica (não concorrente ou retros-
morreram antes de completarem o 7º dia de vida (os óbitos pectiva), cuja medida de associação, como a dos estudos de
infantis neonatais precoces). A taxa de mortalidade fetal coortes concorrentes, é o risco relativo. Resposta c.
(também chamada natimortalidade) leva em consideração
os óbitos fetais (ou natimortos) no numerador e o soma-
tório de nascidos vivos e natimortos no denominador da
414. Observe sua apostila de Medicina Preventiva, Volume
fração, que é multiplicada por mil (alternativa B). O regis-
1 (último capítulo), que trata da raiva humana e do tétano.
tro dos óbitos fetais é precário no Brasil. É feito pelo Sis-
Você verificará que em acidentes com morcegos (e, neste
tema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e não pelo
caso, não há necessidade de ser agredido pelo animal, pois
SINASC (alternativa C). Leia o texto retirado da seguinte
os morcegos têm o hábito de se lamber e com isso o vírus da
referência: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Aten-
ção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. Saúde raiva pode estar em sua pele) sempre se indica a sorovacina-
da Criança e Aleitamento Materno. Secretaria de Vigilância ção, pois pouco se conhece acerca do período de incubação
em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. da raiva transmitida por esses animais. Não se vai notificar o
Coordenação Geral de Informação e Análise Epidemiológica. caso como suspeito de raiva, afinal a pessoa nem tem qual-
– Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 77 p.: il. quer sintoma, mas deve ser feita, por isso mesmo, a notifica-
(Série A. Normas e Manuais Técnicos). “Os óbitos fetais são ção de atendimento antirrábico. Resposta c.
também, em grande parte, considerados potencialmente
evitáveis, no entanto, têm sido historicamente negligencia-
dos pelos serviços de saúde, que ainda não incorporaram na 415. A afirmativa 1 está correta, pois o valor preditivo posi-
sua rotina de trabalho a análise de sua ocorrência e tampou tivo (VPP) será tanto maior quanto menos resultados falsos-
co destinaram investimentos específicos para a sua redução. -positivos houver e esta última condição é dada por uma alta
A mortalidade perinatal – óbitos fetais e neonatais precoces especificidade. E em situações de alta prevalência da doença
com peso ao nascer a partir de 500 g e/ou 22 semanas de na população ou amostra em que o teste diagnóstico é apli-

SJT Residência Médica – 2016


242
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

cado, maior a possibilidade de haver resultados positivos c). Vacina antimeningocócica não tem relação com meningite por
verdadeiros ante uma mesma sensibilidade do teste diag- Haemophilus influenzae b (alternativa d). Assim, a única alternati-
nóstico, para contrabalançar os falsos-positivos que afetam va correta é b; de fato, a introdução da vacina contra Hib em 1999
o VPP. Essa afirmativa 1 independe, inclusive, do enunciado promoveu importante redução tanto dos casos como dos óbitos
da questão. A afirmativa 2 é verdadeira, pois o valor preditivo pela meningite causada por essa bactéria. Resposta b.
negativo (VPN) da ultrassonografia transvaginal ultrapassa
90% (veja o enunciado da questão); assim, um resultado ne-
gativo tende a ser muito confiável para afastar o risco de par- 420. A Oxford Centre for Evidence Based Medicine postula
to prematuro espontâneo. Não afasta totalmente essa possibi- que o mais alto nível de evidência em termos de validade e
lidade, pois o VPN não é 100%, mas “pode evitar internações confiabilidade das informações é conferido pelas metanálises
e intervenções desnecessárias”, como afirmado. A afirmativa de ensaios clínicos aleatorizados com amostras grandes – ní-
3 é falsa, pois o VPP baixo indica muitos falsos-positivos, ou vel 1a (verifique quadro em sua apostila de Medicina Preven-
seja, especificidade baixa (pense na tabela 2 x 2 de validação tiva 1 e também slide de aula no assunto Medicina Baseada
de um teste diagnóstico). A afirmativa 4 também é falsa, pois em Evidências). Resposta d.
o VPN tem como denominador os resultados negativos do
teste diagnóstico e não o número total de doentes (e nem o
número total de não doentes). Resposta a.
421. O estudo proposto tem a finalidade de identificar fatores
de risco para internação hospitalar de crianças asmáticas. Na
alternativa a, o que se poderia determinar seria o prognós-
416. Entre as doenças listadas, a gripe (lembre-se da Influen- tico de crianças asmáticas internadas segundo a qualidade
za A 2009) e a doença meningocócica têm caráter epidêmi- da atenção recebida, o que nada tem a ver com fatores de
co; a meningite tem alta letalidade, ao contrário da gripe que risco para a internação. A alternativa b parece interessante a
somente em algumas epidemias mundiais foi muito grave
princípio, mas teria uma conclusão apenas descritiva e não
(como a gripe espanhola de 1918 e a gripe asiática de 1957).
analítica, pois poderia até encontrar algum fator de risco que
Assim, apenas a alternativa A pode estar correta. De fato, a
parecesse importante devido a, por exemplo, sua alta preva-
febre amarela tem comportamento igual ao da doença me
lência ou alta exposição pregressa em crianças internadas;
ningocócica. Baixa incidência e alta letalidade ocorrem na
mas esse fator encontrado poderia estar igualmente presente
leucemia aguda. A conjuntivite viral pode ser epidêmica, mas
nas crianças asmáticas não internadas... Impossível saber so-
a cura tende a ser rápida. Resposta a.
bre isso sem um grupo de comparação. Tal grupo aparece na
alternativa c (a correta): a comparação entre asmáticas inter-
nadas e asmáticas não internadas poderia evidenciar alguma
417. Os critérios para a seleção de doenças que devam figurar importante diferença. A alternativa d restringe-se apenas a
na lista de doenças de notificação compulsória estão em sua um fator (poeira doméstica) de risco em um estudo prospec-
apostila Medicina Preventiva Volume 1, no capítulo Vigilân- tivo cuja variável dependente nem é a internação hospitalar
cia Epidemiológica. Além dos quatro critérios contidos na por asma; é a ocorrência (incidência) de asma. Resposta c.
alternativa B, estão corretos ainda os compromissos interna-
cionais, o regulamento sanitário internacional (que obriga à
notificação internacional da varíola, da SARS, da poliomie-
422. Tumores de classificação T0 são os in situ; T1 os locali-
lite pelo poliovírus selvagem e da influenza com potencial
zados; T2 os com envolvimento regional por extensão direta;
pandêmico – como foi o H5N1 de 2005 e o H1N1 de 2009) e
T3 os com envolvimento regional de linfonodos; T4 os com
as epidemias, surtos e agravos inusitados. Resposta b.
metástases à distância; TX os tumores primários que não pu-
deram ser avaliados. Tal classificação é utilizada nos Registros
418. A alternativa A estaria correta se ao invés de “sem a Hospitalares de Câncer para o estadiamento clínico do tumor
doença” estivesse grafado “com a doença”. A alternativa por ocasião da primeira consulta do paciente no hospital. Os
B estaria correta se ao invés de “falso-positivos” estivesse tumores em fase avançada de estadiamento ao diagnóstico são
grafado “falso-negativos”. A alternativa C estaria correta se os T3 e T4. Eles somaram 4.528 casos. Os menos avançados
ao invés de “falso-negativos” estivesse grafado “falso-posi- (T0, T1 e T2) somaram 4.479. Ações de prevenção e promoção
tivos”. A alternativa E estaria correta se ao invés de “com a muito eficazes privilegiariam a detecção da maioria dos tumo-
doença” estivesse grafado “sem a doença”. Resposta d. res nos estadiamentos T0 e T1, o que não ocorre aqui (alterna-
tiva a). A alternativa c exigiria observação ao longo do tempo
para que pudesse ser verificada. Resposta d.
419. Uma “tendência secular” é um gráfico que retrata a evolução
(descendente, ascendente ou estável) de uma incidência, preva-
lência, mortalidade ou letalidade ao longo de um período de, pelo 423. O sorteio (aleatorização, randomização) no ensaio clí-
menos, cerca de 20 anos. Neste gráfico temos apenas 13 anos de nico procura garantir a comparabilidade entre os grupos
acompanhamento, relativamente pouco para se falar em tendên- que serão confrontados para a verificação de um desfecho.
cia secular (alternativa a). Um diagnóstico mais precoce da me- Tal procedimento controla vieses de seleção e de confusão
ningite (seguido de tratamento adequado) pode fazer com que sua (confundimento), mas não pode controlar vieses de aferição
letalidade caia, mas em nada influencia sua incidência (alternativa (mensuração, informação); estes são controlados com o mas-

SJT Residência Médica – 2016


243
11 Temas gerais

caramento dos pacientes (estudo cego), pacientes e observa- febre é inútil para diminuir a letalidade, pois a morte, quando
dores (duplo cego) e pacientes, observadores e estatísticos advém, ocorre geralmente antes de se completar uma sema-
(triplo cego). O sorteio em nada influencia o tamanho amos- na de história febril (alternativa c). Testes sorológicos espe-
tral ou a adesão ao tratamento. A rigor, se houver algum fator cíficos ou isolamento viral não importam para a letalidade,
que influencie a adesão, este estará igualmente distribuído se pois demoram a ser concluídos e o tratamento é inespecífico
os grupos forem montados por sorteio, evitando-se assim o e não pode ser retardado. Os testes sorológicos devem ser
viés de seleção. Em todos os ensaios clínicos há necessidade feitos em todos os doentes graves, para confirmação da do
de aprovação dos projetos pelos comitês de ética em pesquisa ença, mas afora isso são realizados apenas em um a cada dez
(Coneps). Resposta d. pacientes suspeitos, com o intuito de confirmar a circulação
viral na área; a grande maioria dos diagnósticos é feita de ma-
neira clínico epidemiológica. As ações mais importantes para
424. O mais prevalente capítulo da Classificação Interna- diminuir a letalidade dizem respeito a estar disponível um
cional de Doenças (CID) na mortalidade infantil brasileira atendimento adequado (ampla disponibilidade de soluções
e também paulista é o XVI (Algumas afecções originadas coloides e cristaloides, laboratórios para aferição de hema-
no período perinatal). Em segundo lugar vêm as Malforma- tócrito, hemoglobina e contagem de plaquetas; transfusão de
ções congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas plaquetas) e oportuno (no tempo certo, sem demora). Para
(Capítulo XVII). A seguir está colada uma tabela obtida do isso é preciso prever a ocorrência das epidemias por meio
DATASUS relativa aos óbitos infantis no Estado de São Pau- da adequada vigilância epidemiológica (índices de infestação
lo em 2010. Houve um total de 7.163 óbitos infantis. Estão predial dos locais; diagramas de controle atualizados, noti-
especificados a seguir 5.717 (4.209 + 1.508 = 79,8% dos óbi- ficação de casos suspeitos) e ter uma rede de atendimento
tos), que correspondem apenas aos dois capítulos da CID muito bem organizada e ágil para as emergências (alternativa
anteriormente listados. Isto permite verificar claramente que a). Resposta a.
a alternativa correta é a b, ainda que o termo “neonatal” não
apareça oficialmente nas estatísticas vitais (“falha” do formu-
lador do teste). Lembre-se de que “Doenças do aparelho res- 427. Etilismo, tabagismo, periodontopatia e caxumba não
piratório” constituem outro capítulo da CID (Capítulo X); na são doenças que pertençam à Lista Nacional de Doenças de
mortalidade infantil tal capítulo foi responsável por apenas Notificação Compulsória. Entre as doenças listadas na al-
372 dos 7.163 óbitos (o terceiro capítulo mais importante, ternativa correta (d), convém lembrar que são de notifica-
com 5,2% dos óbitos). O Capítulo I (Algumas doenças infec- ção imediata (deve ocorrer dentro de 24 horas da suspeita
ciosas e parasitárias) apresentou 288 mortes infantis (quarto inicial) o botulismo, a raiva humana, o sarampo e a dengue
colocado no ranking da mortalidade infantil paulistana em nas seguintes situações: dengue com complicações (DCC),
2010). Resposta b. síndrome do choque da dengue (SCD), febre hemorrágica
da dengue (FHD), óbito por dengue e dengue pelo sorotipo
DENV 4 nos estados sem transmissão endêmica desse soroti-
425. Coeficiente de mortalidade geral mede o risco geral de po. A leptospirose não é de notificação imediata. Resposta d.
morrer da população de um local (tantos óbitos entre tan-
tas pessoas ao longo de um ano-calendário). A princípio,
quanto maior o risco geral de morrer, piores devem ser as 428. O primeiro nível de prevenção (Prevenção Primária)
condições de vida e saúde do local. Mas há restrições a essa está situado no chamado período pré-patogênico (ou pré-
conclusão, pois um local com muito boas condições de vida -patológico), que ocorre antes de o indivíduo ser acome-
e saúde pode ter risco geral de morrer mais alto que outro tido pelas primeiras alterações de doença, ainda tissula
local com piores condições simplesmente porque tenha uma res ou bioquímicas; portanto, antes ainda das primeiras
maior proporção de idosos (e idosos tendem a morrer mais manifestações clínicas, mesmo inespecíficas. Se já houver
do que jovens, mesmo sob muito boas condições de vida e quaisquer sinais ou sintomas, leves que sejam, a prevenção
saúde; a vida é finita). Tal justificativa é o embasamento teó- já será secundária. Alguns autores utilizam o termo “perí-
rico para a padronização por idade de coeficientes brutos de odo de incubação” para caracterizar esse período, mesmo
mortalidade geral ou específica. Resposta a. não se tratando de doenças transmissíveis. É o período em
que interagem os fatores ambientais (em lato sensu) e pes-
soais para que se estabeleça o chamado (por Leavell e Cla-
426. A letalidade da dengue se dá pela chamada Febre He- rk) “estímulo-doença”, o iniciador do processo patológico
morrágica da Dengue (FHD), que ocorre por volta do 3º ou no organismo individual. Resposta d.
4º dia de evolução da doença, com agravamento das manifes-
tações hemorrágicas (se houver) e com choque entre o 3º e o
7º dia. Não existe um tratamento específico contra a doença 429. O RR é a relação entre dois riscos; no caso, de adquirir
e a terapêutica nos casos graves baseia-se na infusão de flui- sífilis congênita em maternidades públicas e de adquirir sífi-
dos para tentar evitar o choque que se dá por extravasamento lis em uma maternidade de referência. A razão resultou em
de líquidos do espaço intravascular por aumento de sua per- 0,97, podendo, com 95% de confiança, ser um pouco menor
meabilidade (alternativa e). Ainda não existe vacina contra a (0,92) ou um pouco maior (1,18) do que 0,97. Assim, o valor
dengue (alternativa d). Internar os pacientes após sete dias de 1,0 – que significa riscos iguais para todas as maternidades –

SJT Residência Médica – 2016


244
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

é possível de existir na população que originou as amostras, 432. Para questões sobre testes diagnósticos, construa sem-
pois tal valor está contido no intervalo de confiança de 0,97. pre uma tabela do tipo 2 x 2 como a colocada a seguir; saben-
Portanto, pode-se afirmar que “estatisticamente” os riscos do-se a prevalência da infecção por HIV na população a que
são iguais, mesmo que na amostra das maternidades públi- pertence a mulher (20%) e a sensibilidade (90%) e especifi-
cas ele tenha sido um pouco menor. Resposta e. cidade (80%) do “exame anti-HIV” a que ela se submeteu, é
possível fazer uma simulação com, por exemplo, 1.000 pesso-
as. Como a sensibilidade do exame é 90%, 90% dos 200 reais
430. A seguir está cópia de parte da Portaria Ministerial de inte- HIV positivos (180) apresentarão exame positivo. Como a
resse (consulte sua apostila e seus slides de aula para recordar): especificidade do exame é 80%, 80% dos 800 reais HIV nega-
tivos (640) apresentarão exame negativo. Assim:

“PORTARIA N. 104, de 25 de JANEIRO de 2011


HIV (real) na população
Art. 7º A notificação compulsória é obrigatória a todos os
profissionais de saúde médicos, enfermeiros, odontólogos, Positivo Negativo
médicos veterinários, biólogos, biomédicos, farmacêuticos Exame Positivo 180 160 340
e outros no exercício da profissão, bem como os responsá- anti HIV Negativo 20 640 660
veis por organizações e estabelecimentos públicos e parti-
200 800 1.000
culares de saúde e de ensino, em conformidade com os arts.
7º e 8º, da Lei n. 6.259, de 30 de outubro de 1975.” O VPP (Valor Preditivo Positivo) será dado pelo número de
resultados positivos verdadeiros entre os resultados positivos
A rigor, “outros profissionais de saúde” além dos listados
totais, ou seja: 180/340 = 0,529 ou 52,9%. Resposta c.
na alternativa b, podem ser obrigados a notificar doenças,
como educadores de saúde, psicólogos, fisioterapeutas e
nutricionistas, entre outros. Resposta b.
433. Este ensaio clínico “teórico” foi evidentemente mal pla-
nejado, pois os grupos não eram comparáveis quanto à idade.
431. A poliomielite foi erradicada do Brasil (as Américas Ou não houve distribuição aleatória dos indivíduos para os
receberam o certificado de erradicação em 1994), tendo o grupos (estudo quase experimental) ou, se houve, a amostra
último caso brasileiro sido registrado na Paraíba, em 1989. era pequena e, por acaso (azar), a idade ficou desigualmente
O vírus selvagem, porém, ainda existe em circulação em distribuída. O que se pode afirmar é que ocorreu um vício,
outras partes do mundo (diferentemente do que ocorre uma tendenciosidade na seleção das pessoas, o que gerou
com a varíola), havendo, por isso, necessidade de manter a grupos não comparáveis. Eles não foram selecionados de
imunização em nosso país. Leia o texto a seguir, retirado do maneira adequada. Se a amostra era pequena, seria possível
Guia de Vigilância Epidemiológica (7ª. ed., 2009): “No mo- estratificar a amostra em diversos grupos etários inicialmen-
mento atual, chama-se a atenção para um fenômeno já foi te e, a partir daí, fazer o sorteio para os grupos (experimental
observado, em algumas ocasiões, em países com coberturas e controles) em cada estrato de idade. A esse processo dá-se o
vacinais insuficientes e/ou heterogêneas: a emergência de nome de amostragem probabilística estratificada. Resposta a.
cepas de vírus derivados da vacina, que passam a readqui-
rir neurovirulência e patogenicidade, provocando surtos de
poliomielite em países que já tinham a doença sob controle 434. O objetivo da ação médica proposta foi a “prevenção
parcial ou total. O primeiro surto causado por um vírus de eventos cardiovasculares”. Eles ainda não ocorreram no
derivado vacinal (PVDV) foi detectado na Ilha de Hispa- paciente (pelo que se informa no teste), logo nem há se-
niola (que pertence ao Haiti e à República Dominicana), quelas (para uma prevenção terciária) e nem há doença que
em 2000/2001, e teve uma grande importância no processo esteja se iniciando, para que ocorresse a prevenção secun-
de erradicação da Poliomielite, quando foram registrados dária (pelo que se informa no teste, não há angina pectoris
21 casos (50% na faixa etária de 1 a 4 anos). Outros surtos como precursora de infarto do miocárdio, não há claudi-
de menor magnitude, ocorridos no período 1988 a 2002, cação intermitente como precursora de gangrena isquêmi-
foram registrados no Egito, em Guizhou/China, nas Fili- ca, não há ataques isquêmicos transitórios cerebrais – AITs
pinas e em Madagáscar. De 2004 a 2009, ocorreram outros como precursores de acidente vascular encefálico). Assim,
surtos envolvendo seis países (Nigéria, Congo, Miamar, Ni- a medida é de prevenção primária: os eventos cardiovascu-
ger, Camboja e Indonésia), totalizando 226 casos. O fator- lares ainda não existem. Alguns autores podem entender,
-chave para o controle do poliovírus derivado da vacina é porém, que a aterosclerose seguramente está já iniciada
o mesmo daquele necessário para controlar a circulação de (pelas características do paciente). Podem entender que a
poliovírus selvagem: alcançar e manter altas e homogêneas aterosclerose é o processo inicial comum das doenças car-
as coberturas vacinais. Chama-se também a atenção para diovasculares; mesmo sem sintomas clínicos, o processo pa-
o risco de importações de casos de países em que ainda há tológico está provavelmente em andamento e, por isso, tal
circulação endêmica do poliovírus selvagem (Nigéria, Ín- medida (prescrição de AAS visando prevenir trombos nas
dia, Paquistão e Afeganistão), o que demanda ações perma- placas ateroscleróticas) seria uma prevenção secundária,
nentes e efetivas de vigilância da doença e níveis adequados reservando-se o conceito de prevenção primária para a
de proteção imunológica da população”. Resposta b. eliminação de fatores de risco para a aterosclerose. Tais

SJT Residência Médica – 2016


245
11 Temas gerais

testes são um pouco complicados por isso: uma mesma aparece em todas as alternativas, não deveria aparecer, pois o
medida pode ser entendida de diferentes maneiras, a grau da associação e o intervalo de confiança nada garantem
depender de para quê ela está voltada, algo que deve ser quanto à existência de causalidade em uma associação; esta
procurado no enunciado da questão. Resposta a. depende de critérios outros que não estatísticos. Resposta d.

435. Trata-se de estudo individual (pacientes foram selecio- 438. Os dados de 2011 são provisórios, portanto, a alter-
nados e investigados quanto ao tabagismo), observacional nativa a não pode ser apontada. E mesmo que não fossem
(não há intervenção, preventiva ou curativa), retrospectivo provisórios, dizem respeito a apenas um único ano na série
(investigação da exposição ao tabagismo pregressa ao cân- histórica; variações ocorrem também por acaso e é prudente
cer de laringe) e analítico (existe um grupo de comparação: aguardar um pouco mais, esperar alguma tendência de que-
o grupo-controle, que não tem o efeito – o câncer de larin- da na incidência para imputá la a medidas de controle. A le
ge). Esses quatro adjetivos juntos caracterizam o estudo do talidade esteve praticamente constante ao longo dos 14 anos
tipo caso-controle. O pareamento (ou emparelhamento) por apresentados, variando apenas entre cerca de 16,5% e 20,5%.
sexo, idade, local de residência e classe social visa fazer com Não há elementos para afirmar que a virulência foi maior a
que essas variáveis não introduzam confusão na associação partir de 2001 (alternativa d) e nem que a letalidade de 2002 é
de interesse (tabagismo e câncer de laringe), pois não haverá significativamente diferente das dos outros anos (alternativa
diferenças entre os grupos quanto a essas variáveis. Por ou- b). Assim, mesmo sem o conhecimento da letalidade da do-
tro lado, todas as variáveis pelas quais se faz o pareamento ença meningocócica em países desenvolvidos, a alternativa c
forçosamente deixam de mostrar qualquer associação com é a única provavelmente correta. De fato, dados dos Estados
o efeito, mesmo se essa associação existir na população e for Unidos (www.cdc.gov) apontam letalidade de 9% a 12% para
importante de ser detectada. Quando esse fenômeno ocorre, essa doença. Resposta c.
recebe o nome de “superemparelhamento”: pareou-se “de-
mais”, a ponto de se perder a oportunidade de detectar uma
associação importante. Resposta d. 439. Trata-se de estudo individual (cada um dos 12.124 pa-
cientes foi avaliado e teve seus dados computados), obser-
vacional (não houve qualquer intervenção a ser avaliada;
436. Este gráfico representa a tendência secular da raiva hu- apenas se observou o prognóstico segundo alterações eletro-
mana no Brasil (pois há mais do que cerca de 20 anos no cardiográficas no momento da admissão hospitalar por sín-
eixo X do mesmo). É uma tendência nitidamente declinante, drome coronariana aguda), prospectivo (os pacientes foram
salvo pelos casos associados a acidentes com morcegos que acompanhados em direção ao futuro (até 30 e 180 dias) para
ocorreram no Maranhão entre os anos 2004 e 2005. Não está se medir a incidência de mortes ou reinfartos) e analítico
caracterizada uma variação cíclica nítida, com vários picos (havia quatro categorias de alterações eletrocardiográficas
de incidência separados por alguns poucos anos. Os dados da e se pretendia estudar sua importância prognóstica; havia,
figura não mostram apenas “a ponta de um iceberg” dos ca- portanto, grupos de comparação). A presença desses quatro
sos, que, então, existiriam em número muitíssimo maior. Isto adjetivos (individual, observacional, prospectivo e analítico)
porque a raiva humana é doença extremamente grave, com caracteriza um estudo de coortes (ou coorte). Resposta b.
letalidade praticamente de 100%, que sempre requer interna-
ção hospitalar; além disso, é de notificação compulsória no
país e dificilmente poderia passar despercebida. Resposta b. 440. Em dois anos todos os estudantes terão envelhecido dois
anos e a nova média será 25 anos (o teste refere que são os
mesmos estudantes, logo não houve ingresso de novos alu-
437. O grau ou intensidade da associação encontrada entre a nos e nem saída de antigos). O desvio-padrão é medida de
exposição intensa a telefone celular e o câncer do cérebro foi dispersão dos valores em torno da média; 68% dos estudantes
medido pela razão de chances (odds ratio – OR) e seu valor têm entre 20 e 26 anos. Embora a média tenha aumentado,
resultou 4,98, um valor muito alto. Porém, sempre é preciso o conjunto de valores se manteve com a mesma distribuição
aquilatar a participação do acaso na obtenção dos resulta- em torno da média mais alta: 68% deles terão entre 22 e 28
dos amostrais e isso pode ser feito por meio do intervalo de anos. Resposta a.
confiança (IC) da estimativa amostral. A observação do IC
revela que o valor, com 95% de confiança, pode ser muito
menor (0,95 – uma associação até protetora) ou muito maior 441. Erro do tipo I significa o pesquisador rejeitar a hipótese
(7,98). E, contido neste intervalo, encontra-se o valor uni- H0 (H zero) e tal hipótese ser verdadeira. Em outras palavras,
tário (1,0), que é o valor da OR da não associação entre as significa dizer que a droga é melhor do que o placebo (tem
variáveis. Assim, não existe associação entre as variáveis; eficácia superior), quando na verdade sua eficácia é igual à
pode-se também afirmar que a associação detectada não tem do placebo. O risco de cometer o erro do tipo I chama-se α
significância estatística. A melhor resposta para este teste é a (alfa) e, costumeiramente ele é fixado em 5% antes de ser fei-
alternativa d, ainda que caibam ressalvas. Inicialmente, deve- to o experimento para que se calcule um tamanho de amos-
ria vir grafado “... odds ratio pode ter valor igual a 1,0” e não tra adequado. Alfa é o nível de significância estatística. Se a
1,25 como foi colocado. Além disso, a palavra “causal”, que probabilidade “p” calculada por um teste estatístico resultar

SJT Residência Médica – 2016


246
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado

igual ou maior do que o nível de significância previamente mações obtidas no Guia de Vigilância Epidemiológica, 7ª ed.,
adotado, se aceita a hipótese H0 e se diz que não houve sig- 2009 e no site do Centro de Vigilância Epidemiológica do Es-
nificância estatística na diferença observada entre as eficácias tado de São Paulo: www.cve.saude.sp.gov.br, em 01/08/2012
dos tratamentos (droga e placebo). Se “p” for menor do que ). Resposta a.
o nível de significância, rejeita-se a hipótese H0 e se diz que
houve diferença estatisticamente significante. Uma maneira
prática de entender o significado de “p” é considerá-lo como 443. A única alternativa incorreta é a D, pois as gestantes com
a probabilidade de a hipótese H0 ser verdadeira. A alterna- mais de 40 anos geram 13% dos casos de Síndrome de Down,
tiva b contém o conceito do erro do tipo II (aceitar H0 e H0 pelas informações da tabela. O interessante desses dados,
ser falsa). Resposta d. porém, a título de aprendizado epidemiológico e de Saúde
Pública, é o aparente paradoxo apresentado. O principal fator
de risco para uma mãe ter filho com síndrome de Down é sua
442. A quimioprofilaxia, embora não assegure efeito protetor idade (o risco de uma gestante de 45 anos – 34,6/1.000 nas-
absoluto e prolongado, tem sido adotada como medida de cimentos vivos – é 49 vezes o risco de uma gestante com me-
proteção eficaz na prevenção de casos secundários de me- nos de 30 anos – 0,7/1.000 nascimentos vivos). Apesar desse
ningite meningocócica ou por Haemophilus influenzae a par- grande risco relativo das mães idosas, a maioria dos casos de
tir de um caso-índice ou primário. É indicada para contatos S. de Down vem de mães jovens, de muito menor risco, mas
que, por terem muito mais partos, contribuem com a maio-
íntimos de casos dessas doenças e também para o paciente,
ria dos casos. Em outras palavras: o maior número de casos
no momento da alta, no mesmo esquema preconizado para
vem das mães de menor risco. Fenômeno semelhante ocorre
os contatos (comunicantes), exceto se o tratamento foi feito
com o colesterol plasmático e o infarto do miocárdio: mais
com ceftriaxona, pois há evidências de que essa droga é capaz
da metade dos casos de infarto vem de pessoas com coleste-
de eliminar o meningococo da orofaringe. Casos secundá- rol normal, pois o colesterol muito alto (grande fator de risco
rios são os casos de doença que surgem a partir do contato individual) é pouco prevalente na população. Resposta d.
com o caso primário, com início dos sintomas pelo menos 24
horas, após o caso-índice. Contatos íntimos são considera-
dos os moradores do domicílio do caso-índice, os indivíduos
444. Esta tabela pode referir-se a qualquer tipo de estudo
que compartilham o mesmo dormitório, os comunicantes de
observacional (transversal, prospectivo ou retrospectivo). Se
creches e as pessoas diretamente expostas às secreções do pa-
for retrospectivo (caso-controle), a medida a ser obtida será
ciente (por exemplo, médicos que procederam à entubação a odds ratio – OR [(60 x 60) / (40 x 40)] = 2,25 (alternativa
orotraqueal do paciente, pessoal de enfermagem que proce- a). Se for prospectivo (coortes), a medida a ser obtida será o
deu à aspiração de secreções traqueais ou nasais do paciente, risco relativo – RR [60/100) /(40/100)] = 1,5 (alternativa e). A
profissionais que participaram de manobras de ressuscitação incidência nos expostos é dada por 60 novos casos de doença
cardiorrespiratória do mesmo). A alternativa b está incorre- em 100 expostos (alternativa c); nos não expostos, 40 novos
ta porque simplesmente examinar o paciente de meningite casos em 100 não expostos. Resposta d.
meningocócica ou “ter contato” sem as especificações acima
colocadas não indicam a necessidade da quimioprofilaxia. A
alternativa d também está incorreta porque a vacinação an- 445. A alternativa D está claramente incorreta. A obesidade
timeningocócica somente é indicada para controle de surtos teve incremento constante, passando de 11,4% para 15% da
ou epidemias, não para comunicantes de casos; não haveria população, um aumento relativo de 31,6% (quase um terço de
tempo de serem produzidos anticorpos. A alternativa c es- aumento) em apenas quatro anos. Todas essas informações
taria correta se viesse grafado “isolamento respiratório para são importantes e compõem a Vigilância Epidemiológica de
gotículas”. O isolamento respiratório do tipo aerossol é indi- Doenças e Agravos Não Transmissíveis – DANT. As DANTs
cado para a tuberculose pulmonar ou laríngea, o sarampo, a são, hoje as principais causas de adoecimento e morte no
varicela, o herpes zoster disseminado ou em pacientes imu- mundo e no Brasil. Em nosso país são atualmente responsá-
nossuprimidos. Trata-se de partículas muito pequenas (me- veis por 72% das causas de morte. Resposta d.
nores do que 5 micras) que se ressecam e podem ficar por
horas em suspensão no ar, disseminando-se por diferentes
ambientes por correntes aéreas. O isolamento respiratório do 446. Trata-se de estudo experimental (de intervenção), pros-
tipo aerossol exige sistemas de ventilação com pressão nega- pectivo (há um acompanhamento ao longo do tempo – lon-
tiva e seis trocas de ar por hora, com uso de filtros, além de gitudinal, em direção ao futuro, para medir a “melhora do
quarto privativo, portas fechadas e limitação do transporte HDL-colesterol”) e analítico (existe um grupo de compa-
do paciente. Já a precaução respiratória para gotículas (caso ração). Os grupos foram definidos por sorteio. Pode tanto
da meningite meningocócica), cujas partículas têm mais do ser um ensaio clínico randomizado (estudo que é individu-
que 5 micra, é menos exigente. As gotículas são espargidas no al) como um ensaio comunitário (estudo que é ecológico).
máximo até um metro do paciente, caem ao solo e ressecam. Como existe cálculo de tamanho de amostra, deve ser um
O uso de máscaras é suficiente (além dos cuidados costumei- estudo individual. Em tal estudo, então, podem se calcular
ros de higiene e prevenção, quarto privativo ou com outros incidências de melhora de HDL, relação entre essas incidên-
pacientes com o mesmo patógeno e menor preocupação com cias (riscos relativos) e, como qualquer estudo, também pode
o transporte dos pacientes). É o caso também da meningite compor, com outros, uma revisão sistemática e uma metaná-
por H. influenzae, Influenza, Pertussis, Mycoplasma (infor- lise. Resposta b.

SJT Residência Médica – 2016

Você também pode gostar