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Você encontrará, nos próximos capítulos, questões dos últimos 5 anos dos concursos de Residência Médica.
Leia cada questão com muita atenção e aproveite ao máximo os comentários. Se necessário, retorne ao texto de sua apostila.
Sugerimos que você utilize esta Área de Treinamento fazendo sua autoavaliação a cada 10 (dez) questões. Dessa forma,
você poderá traçar um perfil de rendimento ao final de cada treinamento e obter um diagnóstico preciso de seu desempenho.
Estude! E deixe para responder as questões após 72 horas. Fazê-las imediatamente pode causar falsa impressão.
O aprendizado da Medicina exige entusiasmo, persistência e dedicação. Não há fórmula mágica. Renove suas energias e se
mantenha cronicamente entusiasmado.
Atenciosamente,
Dr. Gama
Coordenador Acadêmico
SJT Medicina Preventiva 2016
Vol. 1
FBHC – 2016
14. A Lista Nacional de Doenças de Notificação Compul- FBHC – 2016
sória foi atualizada em 2006, através da Portaria nº 05 18. Paciente de 78 anos de idade, hipertensa e diabética,
da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da sofreu acidente cerebrovascular isquêmico, apre-
Saúde. São Doenças de Notificação Compulsória: sentando hemiparesia. Nesse caso, o programa de
a) toxoplasmose e carbúnculo reabilitação física (neurológica) indicado para essa
b) leishmaniose tegumentar americana e criptococose paciente, corresponde ao(s) seguinte(s) nível(is) de
c) sífilis em gestante e hanseníase prevenção:
d) febre tifoide e brucelose a) primária e secundária
e) hepatites virais e hidatidose b) secundária e terciária
c) terciária
ACERTEI ERREI DÚVIDA d) secundária
e) primária
FBHC – 2016
ACERTEI ERREI DÚVIDA
15. São características dos estudos de coorte, EXCETO:
a) permitem estabelecer a prevalência da doença
b) a exposição pode ser obtida sem o potencial viés de- FBHC – 2016
corrente de o desfecho já ser conhecido 19. O diagnóstico precoce e tratamento imediato do cân-
c) podem avaliar a relação da exposição com várias cer de útero é um exemplo de prevenção:
doenças a) primária e secundária
d) podem ser concorrentes ou históricos b) secundária e terciária
e) requerem o arrolamento de um número muito c) primária
maior de pessoas que os estudos que apresentam o d) secundária
evento de interesse e) terciária
FBHC – 2016
20. A vigilância epidemiológica tem importante papel na Saúde Pública. Dentre seus vários atributos, é INCORRETO:
a) trabalhar separadamente de comitês técnicos assessores e da sociedade científica local
b) avaliar o impacto de eventos para a Saúde Pública
c) medir fatores de risco para doenças
d) propor estratégias de intervenção e mudanças nas políticas de saúde
e) planejar e fornecer atenção aos doentes
FMABC – 2016
21. A revisão sistemática publicada em maio de 2013 na revista Plos Medicine, cujo título é “Intimate Partner Violen-
ce and Incident Depressive Symptoms and Suicide Attempts: A Systematic Review of Longitudinal Studies”, tenta
responder, dentre outras perguntas, a seguinte pergunta de pesquisa: Existe associação entre violência do parceiro
íntimo e incidência de sintomas depressivos em mulheres? A figura abaixo apresenta o forest plot da metanálise
com os estudos que tentaram responder a esta pergunta:
Odds %
Author Year Ratio (95% Cl) Weight
IPV-incident depression
Chowdhary 2008 0,88 (0,26, 3,00) 3,27
Suglia 2011 1,09 (0,60, 1,90) 11,41
Ackard 2007 1,92 (1,22, 3,00) 15,79
Salazar 2009 2,01 (1,08, 3,78) 10,11
Taft 2008 2,12 (1,69, 2,65) 28,68
Loxton 2006 2,51 (2,07, 3,06) 30,73
Subtotal (I-squared = 50,4%, p = 0,073) 1,97 (1,56, 2,48) 100,00
-2 -5 1 2 5
Exposure is protective Exposure is a risk factor
Figura. – Retirado de Devries KM, Mak JY, Bacchus LJ, Child JC, Falder G, Petzold M, Astbury J, Watts CH. Intimate partner violence
and incident depressive symptoms and suicide attempts: a systematic review of longitudinal studies. PLoS Med. 2013;10(5):e1001439. doi:
10.1371/journal.pmed.1001439. Epub 2013 May 7.
FMABC – 2016
22. Maahs et al estudaram o impacto das metástases cervicais na mortalidade por câncer de cavidade oral (Rev Bras
Otorrinolaringol 2007;73(1):93-100) e os resultados estão representados no gráfico abaixo.
Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016 a) o número necessário para tratar foi 3,3
33. Em um município com 50.000 habitantes, foram no- b) a eficácia foi de 30%
tificados 1.000 óbitos por todas as causas em 2012. c) o número necessário para tratar foi de 2,4
Além disso, foram notificados 500 casos de infarto d) a eficácia foi de 70%
agudo do miocárdio (IAM), com 50 óbitos por essa
causa. Entre os casos de IAM, 200 indivíduos eram ACERTEI ERREI DÚVIDA
obesos. Entre esses pacientes, foram registrados 30
óbitos. De acordo com esses dados, é correto que o
Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016
coeficiente de:
38. Calcule a razão de chances em um estudo de caso-
a) mortalidade proporcional por IAM foi de 10%
-controle sobre fatores de risco para o nascimento de
b) incidência do IAM de 1/1.000 habitantes
crianças com defeitos do tubo neural em que a defi-
c) letalidade por IAM entre os obesos é mais que o do-
ciência de folato no sangue materno foi detectada em
bro do que entre os não obesos
15 das 100 mães de casos que participaram do estudo
d) mortalidade de IAM na população foi de 10%
e em 10 das 200 mães de controles que participaram
ACERTEI ERREI DÚVIDA do estudo:
a) 3,05
b) 4,25
Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016 c) 3,75
34. O coeficiente ou taxa de mortalidade infantil neona- d) 3,35
tal é o número de óbitos ocorridos em:
a) menores de 7 dias de vida por 1000 nascidos vivos ACERTEI ERREI DÚVIDA
b) menores de 28 dias de vida por 1000 nascidos vivos
c) menores de 7 dias de vida por 1000 habitantes
d) menores de 1 ano por mil habitantes Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016
39. São características dos exames de screening, exceto:
ACERTEI ERREI DÚVIDA a) apresentam alta sensibilidade
b) apresentam alto valor preditivo positivo
c) são aplicados a pacientes assintomáticos
Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016 d) apresentam elevado impacto na incidência
35. Qual é o principal objeto da investigação de epidemia?
a) determinar a eficácia de vacinas em utilização ACERTEI ERREI DÚVIDA
b) avaliar a eficácia de medidas de controle
c) identificar todas as pessoas infectadas
d) identificar formas de prevenir ou interromper a Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016
transmissão do agente 40. Os ensaios clínicos randomizados destacam-se como
o tipo de estudo com maior rigor metodológico exa-
ACERTEI ERREI DÚVIDA tamente por utilizar o processo de randomização na
amostragem, reduzindo principalmente o viés de:
a) aferição
Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016 b) seleção
36. Durante uma epidemia de dengue, a medida de maior
c) confusão
relevância a ser adotada pelo sistema de saúde é:
d) publicação
a) analisar semanalmente os dados de notificação e
acompanhar a tendência por meio de diagrama de ACERTEI ERREI DÚVIDA
controle
b) facilitar o acesso da população com suspeita de den-
gue à assistência médica e qualificar os profissionais Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016
de saúde em todos os níveis para fins de redução da 41. O propósito do estudo duplo-cego é:
taxa de letalidade da doença a) reduzir o viés de seleção na alocação para o trata-
c) orientar a população sobre a eliminação de focos do mento
mosquito Aedes aegypti b) reduzir os erros da amostragem
d) realizar a rotina de monitoramento viral, aumentan- c) evitar viés do observador e o erro de amostragem
do o número de amostras coletadas durante a epide- d) prevenir o viés do observador e do paciente
mia
ACERTEI ERREI DÚVIDA
ACERTEI ERREI DÚVIDA
Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016
Hospital Oftalmológico de Anápolis – 2016 42. Sobre os estudos de meta-análise, pode-se dizer que:
37. Em um ensaio clínico randomizado para avaliar o a) a revisão sistemática visa à seleção de estudos com
desempenho de uma vacina, o risco relativo foi de boa qualidade e associações estatisticamente signifi
0,30. A afirmativa CORRETA é: cativas
b) deve-se iniciar com uma clara questão de estudo, b) para o cálculo do coeficiente da mortalidade perinatal,
fazer uma revisão sistemática em várias bases de da- o numerador é composto pelos óbitos fetais e neonatais
dos e busca manual, com claros critérios de inclu- precoces com peso ao nascer a partir de 350 gramas e/
são/exclusão dos estudos ou 22 (vinte e duas) semanas de idade gestacional e o
c) se, entre os estudos selecionados na revisão sistemá- denominador pelo número de nascimentos totais
tica, houver resultados selecionados a favor e contra c) o índice de mortalidade perinatal tem sido recomen-
a intervenção, haverá heterogeneidade entre os estu- dado como indicador para análise da assistência obs-
dos, e a medida-sumário não deve ser calculada tétrica e neonatal e de utilização dos serviços de saúde
d) quando ocorrer heterogeneidade entre os estudos, d) os determinantes da mortalidade neonatal são, na
haverá maior chance de viés de publicação maioria das vezes, considerados de causas exógenas
HPM/MG – 2016
HPM/MG – 2016
46. Sobre o índice de Swaroop & Uemura, marque a al-
43. Sobre os aspectos diferenciais das epidemias, marque
ternativa CORRETA:
a alternativa CORRETA:
a) mensura a proporção de óbitos com 50 anos ou mais
a) a epidemia explosiva, também denominada epide- de idade em uma determinada população por uma
mia maciça, ocorre quando comunidades não sus- determinada causa
ceptíveis são acometidas, e seus membros são aco- b) quanto mais elevado for o índice, menor será a ex-
metidos em diferentes espaços de tempo pectativa de vida da população
b) na epidemia por fonte comum não existe propaga- c) considera que todos os óbitos ocorridos em deter-
ção de doença pessoa a pessoa, todos os afetados de- minada região ou população se distribuem de ma-
vem ter tido acesso direto ao veículo disseminador neira homogênea, refletindo a realidade da região
da doença d) é muito utilizado para fins de comparações locais
c) na epidemia progressiva ou propagada, a doença é (em épocas diferentes) ou inter-regionais e inter-
difundida por pessoa a pessoa por via respiratória, continentais em um mesmo período de tempo, não
anal, genital, mas nunca por vetores sofre distorções relacionadas com diferenças nas es-
d) na epidemia por fonte pontual, o critério para classi- truturas populacionais
ficação é a extensão geográfica na qual a população
ACERTEI ERREI DÚVIDA
afetada esteve em contato com a fonte disseminado-
ra da doença
HPM/MG – 2016
ACERTEI ERREI DÚVIDA 47. Marque a alternativa CORRETA. O estudo mais in-
dicado para avaliar o prognóstico de determinada
HPM/MG – 2016 doença é:
44. Quanto aos estudos epidemiológicos, marque a alter- a) estudo caso controle
b) estudo transversal
nativa CORRETA:
c) estudo ecológico
a) nos estudos de Coorte, grupos de indivíduos, per-
d) estudo coorte prospectivo
tencentes à mesma população, são acompanhados
durante certo período de tempo, de forma prospec- ACERTEI ERREI DÚVIDA
tiva ou retrospectiva
b) nos estudos ecológicos a unidade de análise é repre HPM/MG – 2016
sentada por grupos, sendo pouco susceptível a vieses 48. Sobre as medidas para avaliação do efeito do tratamento
c) os estudos transversais têm um alto poder para esta- em investigação, marque a alternativa INCORRETA:
belecer relações causais a) o número necessário para tratar (NNT) informa
d) nos estudos caso-controle, o tamanho da amostra quantos pacientes são necessários tratar para preve-
tende a ser maior, exigindo maior tempo e acarre- nir um evento ruim
tando alto custo b) a desvantagem da redução do risco relativo (RRR)
e da redução do risco absoluto (RRA) é que essas
ACERTEI ERREI DÚVIDA medidas não sofrem influência da taxa de desfecho
c) a redução do risco relativo (RRR) expressa a redução
da taxa de evento no grupo de tratamento em rela-
HPM/MG – 2016
ção à mesma taxa no grupo de controle
45. Sobre a mortalidade perinatal e neonatal, marque a
d) intervenções com número necessário para tratar
alternativa CORRETA: (NNT) pequeno têm impacto muito maior em rela-
a) a mortalidade perinatal representa os óbitos ocorri- ção às que apresentam NNT com valores altos
dos entre a 22ª semana completa de gestação até os 6
(seis) dias completos após o nascimento ACERTEI ERREI DÚVIDA
e) informações sobre poder diagnóstico e acurácia não comprovar um determinado diagnóstico, uma vez
podem ser extraídas deste gráfico que a especificidade é definida como a proporção de
sujeitos com a doença para os quais o teste fornece a
ACERTEI ERREI DÚVIDA resposta correta (teste positivo)
a) a média utiliza os dados observados na amostra es- e) o VPP é 75%, que corresponde à probabilidade do
tudada paciente ter uma angiotomografia positiva (presença
b) a mediana é muito afetada por valores extremos ou de estenose), dado que a ultrassonografia coronaria-
discrepantes na foi positiva (presença de estenose)
c) a moda representa o valor mais frequentemente ob- ACERTEI ERREI DÚVIDA
servado
d) podem ser observadas mais de uma moda em uma
amostra SANTA CASA-SP – 2016
e) as medidas de tendência central devem ser apresenta- 68. Qual dos agravos listados abaixo NÃO é de notificação
compulsória nacional, segundo a Agência Nacional
das juntamente com medidas de dispersão dos dados
de Vigilância Sanitária (ANVISA)?
ACERTEI ERREI DÚVIDA a) violência psicológica
b) febre Chikungunya
c) hantavirose
Santa Casa-SP – 2016 d) febre Marburg
67. A ultrassonografia intracoronária é considerada o e) gonorreia
método de referência (padrão-ouro) para diagnósti-
co de estenose da luz das artérias coronárias. Toda- ACERTEI ERREI DÚVIDA
via, por se tratar de um método invasivo, com risco
de complicações, diversos estudos têm comparado Santa Casa-SP – 2016
métodos de diagnóstico por imagem não invasivos 69. Novos medicamentos com finalidade terapêutica ou
(por exemplo, a angiotomografia coronária) aos re- preventiva são avaliados por meio de ensaios clíni-
sultados da ultrassonografia intracoronariana. Foi cos. Nesses estudos os participantes são alocados no
conduzido um estudo para comparar os resultados grupo que receberá o novo medicamento ou no grupo
dos dois métodos de diagnóstico, do qual participa- controle ao acaso e recomenda-se que durante o estu-
ram 80 pacientes, cujos resultados são apresentados do os participantes e os pesquisadores responsáveis
na tabela abaixo: pela coleta de informações não saibam a que grupo
os participantes pertencem. Esse procedimento me-
Ultrassonografia
todológico é chamado de cegamento (blinding) e so-
coronária bre ele é correto afirmar que:
Angiotomografia
Total a) trata-se de uma maneira de evitar a ocorrência de
coronária Sem
Estenose viés (bias) de seleção, pois dessa forma os partici-
estenose
pantes dos dois grupos terão características seme-
Estenose 45 5 50 lhantes
Sem estenose 15 15 30 b) é especialmente eficiente nos ensaios clínicos para
avaliação de dieta, psicoterapia e medicamentos
Total 60 20 80
com efeitos colaterais importantes
c) não é importante nas situações em que o efeito do
Admitindo que a presença de estenose coronaria- tratamento não depende de avaliação subjetiva (por
na seja corretamente avaliada pela ultrassono- exemplo, análises bioquímicas)
grafia coronária, o valor preditivo positivo (VPP) d) não é muito importante porque a análise estatística
da angiotomografia coronária, calculado a partir consegue corrigir todos os problemas decorrentes
dos dados da tabela acima, e sua respectiva inter- da ausência de cegamento
pretação são: e) deve ser usado apenas quando o ensaio clínico ava-
a) o VPP é 90%, que corresponde à probabilidade de liar intervenções terapêuticas, pois não é importan-
o paciente apresentar de fato estenose coronariana, te para a avaliação de intervenções preventivas, tais
caso o resultado da angiotomografia coronária seja como vacinas
positivo (presença de estenose)
b) o VPP é 90%, que corresponde à probabilidade de o ACERTEI ERREI DÚVIDA
paciente não apresentar de fato estenose coronaria-
na, caso o resultado da angiotomografia coronária
seja negativo (ausência de estenose) Texto para as questões 70, 71 e 72:
c) o VPP é 50%, que corresponde à probabilidade de o
paciente não apresentar de fato estenose coronaria- Para monitorar e analisar as tendências dos princi-
na, caso o resultado da angiotomografia coronária pais fatores de risco e proteção para doenças crôni-
seja negativo (ausência de estenose) cas no Brasil, o Ministério da Saúde implantou em
d) o VPP é 50%, que corresponde à probabilidade de 2006 o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e
o paciente apresentar de fato estenose coronariana, Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Te-
caso o resultado da angiotomografia coronária seja lefônico (Vigitel). A cada ano, esse sistema utiliza
positivo (presença de estenose) amostras probabilísticas da população adulta (≥18
anos) residente nas capitais dos estados brasileiros e ou diabetes). As estimativas das prevalências foram
no Distrito Federal, a partir do cadastro das linhas apresentadas em proporções (%), com seus respecti-
de telefone fi xo das cidades. O questionário do Vi- vos intervalos de confiança (IC) de 95%. Os resulta-
gitel em 2011 englobou os seguintes módulos: (I) dos foram calculados por sexo, faixa etária e nível
características demográficas e socioeconômicas dos de escolaridade. Para comparar as prevalências se-
indivíduos; (II) padrão de alimentação e de ativida- gundo sexo, idade e escolaridade, foram estimadas
de física; (III) peso e altura referidos; (IV) consu- as razões de prevalências ajustadas por idade, esco-
mo de cigarro e de bebidas alcoólicas; (V) autoava- laridade ou ambas, e seus respectivos IC de 95%. A
liação de seu estado de saúde e morbidade referida tabela abaixo mostra alguns resultados do Vigitel
(diagnóstico médico prévio de hipertensão arterial em 2011.
Prevalência e razão de prevalências (masculino/feminino) de alguns fatores de risco para doenças crônicas e de
morbidade referida na população adulta residente nas capitais brasileiras e no Distrito Federal,
segundo sexo – Vigitel, 2011
Sexo
Total Razão de
Masculino Feminino IC95%
prevalências
% IC95% % IC95% % IC95%
Fatores de risco e
morbidade referida
Tabagismo atual 14,8 13,9-15,7 18,1 16,6-19,5 12,0 10,8-13,1 1,5 1,3-1,7
Obesidade
15,8 15,0-16,6 15,6 14,4-16,8 16,0 14,9-17,0 1,0 0,9-1,1
(IMC ≥ 30 kg/m²)
Hipertensão
22,7 21,9-23,5 19,5 18,4-20,7 25,4 24,2-26,5 0,8 0,8-0,9
arterial
1,0
Exame A
4 mm 1
5 mm
0,8
10 mm
0,8
Taxa verdadeiros positivos
Sensibilidade
Exame B
0,6
0,6
15 mm
0,4
0,4
20 mm
0,2
0,2
25 mm
Teste inútil 0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
0,0
1-especificidade
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
Taxa falsos positivos a) (A) apresenta elevada sensibilidade e baixa especifi
a) o ponto de corte de 25 mm apresenta baixas especi- cidade
ficidade e sensibilidade, sendo o indicado para diag- b) (B) apresenta elevada sensibilidade e baixa especifi-
nóstico definitivo da doença cidade
b) o ponto de corte de 15 mm deve ser o escolhido por c) (B) apresenta maior poder de discriminar doentes e
apresentar elevada especificidade, o que diminuiria não doentes
indicações desnecessárias de biópsia d) (A) apresenta maior poder de discriminar doentes e
c) o ponto de corte de 10 mm deve ser o escolhido por não doentes
apresentar alta sensibilidade e alta especificidade,
sendo útil no rastreio da doença ACERTEI ERREI DÚVIDA
d)o ponto de corte de 5 mm apresenta a maior sensi-
bilidade e pouca perda de especificidade, devendo
UERJ – 2015
ser escolhido na indicação da biópsia
83. Em relação ao mascaramento (blinding), procedimen-
ACERTEI ERREI DÚVIDA to frequentemente usado em ensaios clínicos rando-
mizados para evitar a identificação dos grupos em
comparação, é correto afirmar que:
UERJ – 2015 a) estudos que não utilizam essa técnica são reprová-
81. Em relação ao procedimento de padronização pela veis do ponto de vista ético
idade de taxas e coeficientes de mortalidade, é COR- b) ensaios do tipo “duplo cego” incluem mais de uma
RETO afirmar que: técnica de mascaramento
a) o coeficiente de mortalidade, padronizado para um c) é indicado em ensaios clínicos com mais de dois
dado país, depende da população de referência utilizada grupos de comparação
b) não é recomendada a utilização de população hipo- d) pode ser estendido ao analista de dados
tética como referência para padronização dos coefi-
cientes de mortalidade ACERTEI ERREI DÚVIDA
c) ao comparar a mortalidade geral entre dois países
com tamanho populacional semelhantes, não há ne-
UERJ – 2015
cessidade de padronização dos coeficientes
84. O valor preditivo positivo de um exame diagnóstico
d) taxas não padronizadas poderiam servir, por exemplo,
expressa a probabilidade de um indivíduo ter a doen-
para comparar a mortalidade por doenças cardiovas-
ça que foi investigada. Em relação às características
culares no Brasil ao longo das últimas cinco décadas
desse conceito, é correto afirmar que:
ACERTEI ERREI DÚVIDA a) aplica-se a qualquer fase da história natural das
doenças
b) aplica-se exclusivamente ao diagnóstico precoce das
UERJ – 2015 doenças
82. Uma forma de expressar graficamente a relação entre c) quanto maior a especificidade do exame, maior será
a sensibilidade e a especificidade de testes diagnósti- seu valor preditivo positivo do teste
cos é através da construção da curva ROC (receiver d) quanto menor for a prevalência da doença, maior
operator characteristic). Com base nos exames (A) será seu valor preditivo positivo do teste
e (B) representados pelos gráficos abaixo, é correto
afirmar que o exame: ACERTEI ERREI DÚVIDA
d) o estudo foi uma coorte retrospectiva, sem contro- Log rank = 2257,99
le de confundimento, e com análise de sobrevida, já 1997-2003 p < 0,001
0,75
mg/dl e 115 mg/dl, e o médico diagnostica diabetes ( ) Deve ter gerado uma amostra representativa da
Mellitus. Entre as alternativas abaixo, a que permite população, uma vez que a amostra foi selecionada
uma avaliação mais acurada sobre a probabilidade de aleatoriamente.
acerto do diagnóstico médico é a que considera a sen- ( ) Pode sofrer o chamado “viés de Bergson”, uma
sibilidade e a especificidade do teste e vez que os sujeitos hospitalizados não puderam ser
a) a proporção de pessoas com diabetes entre as resi- entrevistados.
dentes naquela Área de Saúde da Família ( ) Pode sofrer viés de seleção, uma vez que as pes-
b) nenhum outro elemento soas que não estavam em casa durante o horário de
c) a prevalência de diabetes na Região Sul do Brasil trabalho do ACS não puderam ser entrevistadas.
d) a proporção de pessoas com diabetes entre as resi- ( ) Pode sofrer viés de seleção, se o cadastro da popu-
dentes naquele município lação não estiver atualizado.
e) não há mais dúvida sobre o diagnóstico médico, seu Assinale a alternativa que apresenta a sequência
acerto já está comprovado pelos resultados do exa- CORRETA, de cima para baixo.
me de glicemia a) F V V F
b) V – V – F – V
ACERTEI ERREI DÚVIDA
c) F – F – F – V
d) V – F – V – F
UFSC – 2016 e) F – F – V – F
103. Assinale a alternativa que completa CORRETA-
MENTE a frase abaixo. Durante uma consulta, um ACERTEI ERREI DÚVIDA
paciente com hipertensão arterial sistêmica pede
ao médico que o ajude a calcular o “risco cardíaco” UFSC – 2016
pelo Escore de Risco de Framingham, pois viu na 105. Assinale a alternativa que responde CORRETA-
internet que tal escore informa o risco de uma pes- MENTE à pergunta abaixo. Considerando a popula-
soa sofrer doença isquêmica do coração ou morrer ção brasileira no ano de 2013, foi estimado que 11,3%
por causa cardiovascular nos próximos dez anos. O dos adultos das capitais dos 26 estados brasileiros e
resultado encontrado foi de 22%, valor considerado do Distrito Federal são fumantes. De qual taxa isso
alto, pelo que o médico deve informar ao paciente é um exemplo?
que sua probabilidade de vir a sofrer um evento car- a) incidência-período
díaco grave: b) incidência-cumulativa
a) é de 22% a cada dez anos, ou de 11% a cada cinco anos c) risco relativo
b) é de 22% nos próximos de dez anos d) odds ratio
c) é de cerca de 22% nos próximos dez anos, com uma e) prevalência-ponto
variação que pode ser conhecida pelos intervalos de
confiança dos estudos utilizados ACERTEI ERREI DÚVIDA
d) é impossível de ser calculada para uma pessoa espe-
cífica, mas é de 22%, em geral, para as pessoas com
as mesmas características avaliadas nesse paciente UFSC – 2016
específico 106. Assinale a alternativa que responde CORRETA-
e) seria de 22% nos próximos dez anos, com uma va- MENTE à pergunta abaixo. Qual fator aumentaria a
riação definida pelos intervalos de confiança dos es- prevalência observada de uma doença?
tudos, se ele morasse em Framingham a) redução da incidência da doença
b) aumento da letalidade da doença
ACERTEI ERREI DÚVIDA c) diminuição da sobrevida dos pacientes com a doença
d) aumento da incidência da doença
e) redução no tempo de duração da doença
UFSC – 2016
104. Considere a seguinte situação: uma Equipe de Saú- ACERTEI ERREI DÚVIDA
de da Família resolve pesquisar o uso de seus servi-
ços por parte da população residente na sua Área de
Saúde da Família. Para tanto, calcula o tamanho de UFSC – 2016
amostra adequado aos objetivos do estudo e selecio- 107. Assinale a alternativa que completa CORRETA-
na uma amostra aleatória da população cadastrada MENTE a frase abaixo. A representatividade de uma
na Ficha A do SIAB. Os sujeitos de estudo são entre- amostra em relação a uma população previamente
vistados através de um questionário com perguntas definida e especificada corresponde a uma condição
fechadas, aplicado pelos Agentes Comunitários de necessária para
Saúde (ACS) durante seu horário de trabalho (o ho- a) que as estimativas de um estudo científico sejam
rário de funcionamento da Unidade de Saúde). Sobre sempre calculadas com a máxima precisão desejada,
a pesquisa realizada, indique se são verdadeiras (V) e, portanto, norteadoras das decisões dos profissio-
ou falsas (F) as afirmativas abaixo. nais de saúde
0
0 2 4 6 8 10 UNIFESP– 2016
Consumo per capita de alimentos “x” 116. De 20 mulheres com tensão pré-menstrual que rece-
beram extrato de soja, seis melhoraram em seis me-
Assinale a alternativa CORRETA sobre o delinea- ses. De outras 20 mulheres com tensão pré-menstru-
mento do estudo: al que receberam placebo, duas melhoraram em seis
a) Coorte retrospectivo de mortalidade meses. Os dois parâmetros resultantes foram, então,
b) inquérito de consumo alimentar e mortalidade comparados. Qual teste estatístico deve ser aplicado
c) ecológico de agregados espaciais na análise?
d) longitudinal de mortalidade e multicêntrico a) teste t para duas médias provenientes de amostras
independentes
b) teste exato de Fisher para duas proporções prove-
ACERTEI ERREI DÚVIDA nientes de amostras independentes
c) teste t para duas médias provenientes de amostras
relacionadas (teste t pareado)
UNICAMP – 2016 d) teste de McNemar para duas proporções provenien-
114. Em um estudo epidemiológico tipo caso-controle tes de amostras independentes
para investigar fatores de risco para câncer colorre- e) teste exato de Fisher para duas proporções prove-
tal em mulheres obteve-se os estimadores na análise nientes de amostras relacionadas
univariada e múltipla apresentados na tabela:
ACERTEI ERREI DÚVIDA
ORbru- ORajus-
IC 95% IC 95%
to tado UNIFESP– 2016
0,92- 117. Um estudo recrutou 60 pessoas com certo tipo de cân-
Vitamina C 1,32 0,87-2,3 1,33
2,53 cer (grupo X) e 180 pessoas sem essa doença (grupo
Dieta rica 0,96- Y). Foi aplicado questionário em todas as 240 pesso-
1,29 1,1-3,41 1,19 as, que revelou o seguinte: no grupo X, 35% estavam
em cereais 2,91
expostos a um determinado fator de interesse e, no
Polipose he- 1,48- grupo Y, 40%. O valor da OR bruta foi
1,77 1,3-6,21 1,54
redo-familiar 6,92
a) 2,79
1,15- b) 1,24
Uso aspirina 1,32 0,92-3,81 1,19
2,98 c) 0,11
d) 0,81
Assinale a alternativa CORRETA: e) 0,36
a) a vitamina C apresentou associação significativa
com o câncer colorretal em 33% ACERTEI ERREI DÚVIDA
b) a dieta rica em cereais não apresentou associação
com câncer no estudo UNIFESP– 2016
c) o antecedente familiar de polipose perdeu a associa- 118. Homocisteinemia plasmática (em micromol/L) na se-
ção com o câncer após ajuste das variáveis guinte amostra de 30 homens com idade 51-64 anos,
d) o uso de aspirina foi associado ao câncer apenas na sorteados entre aqueles matriculados em 2015 no
análise univariada Ambulatório de Saúde Coletiva da UNIFESP.
(valores já ordenados):
10,2 12,4 14,8 15,0 16,3 18,5 19,1 19,9 20,0 20,4
ACERTEI ERREI DÚVIDA 20,8 21,5 21,7 21,9 22,0 23,4 24,4 24,6 24,9 25,0
25,9 26,3 27,7 28,5 28,9 29,8 30,0 31,0 32,0 33,0
Qual o valor da mediana dessa amostra (em
UNIFESP– 2016
micromol/L)?
115. Pesquisadores da Secretaria Estadual da Saúde de São
a) 22,7
Paulo planejaram estudar o prognóstico clínico da b) 21,6
tuberculose pulmonar usando amostragem proba- c) 22,0
bilística. Decidiram selecionar para o estudo todos d) 23,4
os pacientes cujos prontuários tivessem número de e) 23,0
inscrição terminado com o algarismo 7. Que tipo de
amostra probabilística foi essa? ACERTEI ERREI DÚVIDA
UNIOESTE – 2016
ACERTEI ERREI DÚVIDA
132. A população da cidade Bonita foi acometida pela
Doença YYY. Estudos têm apontado que o período
AMP – 2016 de incubação para esta doença é de 9 dias. Com base
130. Combine de forma coerente as colunas com os tipos nessa informação, estime a data provável de expo-
de estudos epidemiológicos e as características res- sição ao agente causal conforme a curva epidêmica
pectivas. Agora assinale a alternativa que tem a sequ- apresentada.
ência CORRETA.
Doença YYY, casos por data de início, Cidade
Bonita, agosto de 2014
( ) Parte de indivíduos com doença e 60
UNIOESTE – 2016
137. Analise as seguintes afirmativas concernentes a indi- UNITAU – 2016
cadores e coeficientes em saúde. Em relação às afir- 140. Assinale a alternativa que NÃO apresenta uma afir-
mação relacionada aos Estudos Descritivos.
mações apresentadas, numere a coluna II de acordo
a) investigam a frequência e a distribuição de um agravo
com a coluna I associando cada definição ao termo
à saúde da população segundo suas características
correspondente. b) investigam a frequência e a distribuição de um agravo à
saúde da população segundo as características do lugar
Coluna 1 Coluna 2 c) investigam a associação entre fatores de risco ou
proteção (variáveis independentes) e o agravo à saú-
( ) Mortes totais observadas
Número de nascimentos de (variável dependente)
nessa população, divididas
a) vivos dividido pela po- d) investigam a frequência e a distribuição de um agra-
pelo número de mortes es-
pulação no meio do ano. vo à saúde da população segundo as características
peradas nessa população.
Taxa de mortali- ( ) Padronização direta das do período (tempo)
b) e) são exemplos de Estudos Descritivos: Relatos de Ca-
dade infantil. taxas de mortalidade.
sos e Série de Casos
Taxa de mortalida-
c) ( ) Taxa de natalidade (bruta).
de padronizada
ACERTEI ERREI DÚVIDA
c) tempo específico e delimitado, incide em populações, d) associou-se a menor chance de referir história ante-
independente da delimitação geográfica, habitualmen- rior de sífilis
te presente entre os membros de determinado grupo e) promoveu uma proteção de 65% contra o risco de
d) período indeterminado, assalta de forma intensa um contrair sífilis
grupo populacional definido, com incidência in-
dependente das variações sazonais e que apresenta ACERTEI ERREI DÚVIDA
consequências de grandes repercussões
e) largo período histórico, acomete sistematicamente AMP – 2015
grupos humanos distribuídos em espaços delimita- 156. Analise a tabela 2 X 2 abaixo e assinale a alternativa que
dos e caracterizados, mantendo sua incidência cons- apresenta o devido valor preditivo positivo do exame.
tante, permitidas variações sazonais
afecção em 240 casos, sendo que destes, 20 tinham apre- Hospital Albert Einstein – 2015
sentado resultado negativo pelo teste A. Uma vez que o 161. O risco relativo (RR) é uma medida de associação
teste diagnóstico A apresenta-se como a melhor tecno- utilizada em estudos epidemiológicos. Em relação à
logia para diagnóstico dessa referida afecção, pode-se sua interpretação pode-se afirmar que:
afirmar que o teste alternativo B apresenta: a) valores menores que 1 (um) excluem uma associa-
a) sensibilidade de 85% e prevalência de 80% ção estatística
b) valor preditivo positivo de 96% e valor preditivo ne- b) o calculo do RR deve ser utilizado tanto em estudos
gativo de 33% de coorte como em estudos de caso-controle
c) sensibilidade de 96% e especificidade de 67% c) o RR não é utilizado para se obter o NNT (Numero
d) sensibilidade de 67% e valor preditivo negativo de Necessário para Tratar)
33% d) a interpretação do RR só pode ser feita em conjunto
com a de odds ratio (OR)
ACERTEI ERREI DÚVIDA
ACERTEI ERREI DÚVIDA
Hospital Albert Einstein – 2015 A partir dessas informações assinale a alternativa correta:
160. Um estudo epidemiológico, do tipo Ensaio Clini- a) nos dias de jogos da Alemanha a incidência de
co Randomizado ou Aleatorizado é realizado para emergência cardíaca foi 3,26 vezes maior entre ho-
verificar a ação de determinado tratamento. A mens que entre as mulheres
aleatorização é feita para a escolha dos indivíduos b) não saber sobre doença coronariana anterior foi fa-
que receberão ou não este tratamento. Este proce- tor de risco durante os jogos da Alemanha na Copa
dimento, a aleatorização, é realizado tendo como do Mundo
principal objetivo minimizar: c) o risco de emergência cardíaca aguda foi maior tanto
a) erros aleatórios em homens e mulheres durante a Copa do Mundo
b) viés de seleção d) nos dias de jogos da Copa do Mundo a incidência
c) viés de confusão de emergência cardíaca foi 1,82 vezes maior em
d) questões éticas mulheres
c) prevalência é a frequência de casos novos de uma de- Hospital Infantil Varela Santiago – 2015
terminada doença ou problema de saúde num deter- 174. Gestante portadora de cardiopatia desencadeia insufi-
minado período de tempo em uma dada população ciência cardíaca congestiva na 1ª hora do parto e vai a
d) a incidência acumulada é calculada com a razão entre óbito. Como deve ser classificada essa morte materna?
o número de casos novos de uma determinada doença a) morte materna indireta
e o total de pessoa-tempo gerado a partir da população b) morte materna direta
e) a prevalência pontual expressa a proporção de pes- c) morte materna não obstétrica
soas que apresentam uma determinada doença em d) morte materna tardia
algum momento desde o nascimento e) nenhuma das anteriores
ACERTEI ERREI DÚVIDA ACERTEI ERREI DÚVIDA
Hospital Infantil Varela Santiago – 2015 Hospital Infantil Varela Santiago – 2015
171. Em relação à vigilância epidemiológica é correto 175. Marque a alternativa CORRETA. A sequência correta
afirmar: para investigação de uma epidemia é: 1 – Determina-
a) rumores e comentários dos habitantes de uma loca- ção do grupo afetado; 2 – Confirmação da existência
lidade não se constituem fontes de informação de epidemia; 3 – Verificação do diagnóstico; 4 – Histó-
b) a divulgação das informações não se constitui em ria epidemiológica individual dos doentes e contatos.
uma de suas atividades
a) 1 – 2 – 3 – 4
c) um único caso de um dano à saúde desconhecido
b) 2 – 3 – 1 – 4
numa região não é justificativa para se realizar uma
c) 3 – 2 – 1 – 4
investigação epidemiológica
d) 3 – 1 – 2 – 4
d) a esquistossomose não é doença de notificação com-
e) 2 – 1 – 4 – 3
pulsória em áreas endêmicas
e) os estudos de coorte e casos controle não são indica- ACERTEI ERREI DÚVIDA
dos para elucidação de uma epidemia
c) a Diabetes é um exemplo de alta incidência e baixa existentes no SUS. Para o acompanhamento da evo-
prevalência lução de uma endemia, como a dengue hemorrágica
d) a incidência cumulativa mede o denominador, isto que apresenta um padrão cíclico de incidência, o me-
é, a população em risco em apenas um momento do lhor sistema de informação será o Sistema de:
tempo (geralmente no início do estudo), medindo, a) informação hospitalar (SIH/SUS)
portanto, o risco de os indivíduos contraírem a do- b) informação sobre mortalidade (SIM)
ença durante um período específico de tempo c) informações ambulatoriais (SIA/SUS)
d) informação de agravos de notificação (SINAN)
ACERTEI ERREI DÚVIDA
ACERTEI ERREI DÚVIDA
SURCE – 2015
198. Paciente de 60 anos, diabética há 10 anos, procura UFF – 2015
o seu médico de família e comunidade para avalia- 201. O Programa Nacional de Imunização incorporou a va-
ção de rotina. Durante a consulta, o médico propõe cina contra varicela no calendário vacinal, usando uma
a substituição do hipoglicemiante oral que usa há 8 combinação tetraviral: sarampo, rubéola, caxumba e
anos (droga “A”) por outro mais efetivo (droga “B”), varicela. Esta conduta foi baseada em estudos que com-
porém logo é questionado sobre os reais benefícios da pararam a aplicação combinada com a aplicação conco-
troca. Para ajudar na decisão, são apresentadas as in- mitante da tríplice viral e da vacina contra varicela. As
cidências de complicações associadas ao diabetes de características desses estudos, que conferem validade
um ensaio clínico randomizado realizado por 10 anos: interna e respaldam a adoção da vacina, são, além do
Grupo que utilizou a droga “A”: 20%. mascaramento dos participantes e dos médicos:
Grupo que utilizou a droga “B”: 5%. a) aleatorização da amostra, p-valor elevado
Que percentual de complicações associadas ao diabe- b) seleção enviesada, p-valor baixo
tes previstas no Grupo “A” seriam evitadas nas pesso- c) aleatorização da alocação, ocultamento da sequên-
as do Grupo “B”? cia aleatória
a) 15% d) randomização, p-valor elevado
b) 25% e) intervalo de confiança de 95%, análise multivariada
c) 75%
d) 85% ACERTEI ERREI DÚVIDA
Mulher de 55 anos vai à consulta por percepção de b) aumenta a probabilidade a priori da identificação do
nódulo na mama esquerda. Na anamnese, refere ter caso, e assim o valor preditivo dos testes diagnósticos
tido dois filhos, que amamentou até os quatro meses c) aumenta a probabilidade a posteriori da identificação
de idade cada um, e não menstruar há cinco anos. do caso, e assim a sensibilidade dos testes diagnósticos
Ao exame, o médico palpa nódulo no quadrante d) aumenta a probabilidade a priori da identificação do
superior esquerdo de forma irregular, densidade caso, e assim a especificidade dos testes diagnósticos
homogênea e não infiltrado. Solicitada biópsia, a e) depois da crise epidêmica o número de casos diminui
histologia revela limites irregulares e o resultado e não há mais interesse na confirmação diagnóstica
é inconclusivo. Para aumentar a especificidade do
diagnóstico de câncer de mama, o médico deve con- ACERTEI ERREI DÚVIDA
siderar essas informações:
a) apenas em série UFSC – 2015
b) apenas em paralelo 212. Um estudo publicado em 2012 e conduzido na Norue-
c) primeiro em série e depois em paralelo ga acompanhou por mais de uma década aproximada-
d) em série e conhecer também a prevalência de câncer mente 100 mil pessoas. O objetivo dos pesquisadores
de mama na região era avaliar a eficácia do screening (rastreamento) do
e) em paralelo e conhecer também a prevalência de câncer colorretal por sigmoidoscopia flexível. As pes-
câncer de mama no seu consultório soas foram distribuídas pelos pesquisadores em dife-
ACERTEI ERREI DÚVIDA rentes grupos, sendo que num deles todos realizaram
periodicamente sigmoidoscopia isoladamente ou em
combinação com pesquisa de sangue oculto nas fezes.
UFSC – 2015 Já o grupo controle não recebeu nenhuma intervenção.
210. Considere duas populações de crianças menores de Ao final do estudo, observou-se menor incidência e
cinco anos de idade, uma em que a prevalência de mortalidade por câncer colorretal no grupo que rece-
anemia ferropriva (AF) é de 53% e outra em que essa beu a intervenção. Assinale a alternativa CORRETA,
prevalência é de 20%. Vêm à consulta duas crianças, que descreve o tipo de estudo descrito no enunciado.
uma de cada uma dessas populações, trazendo um a) caso-controle
resultado de hemoglobina sérica de 10 g/dl. Em vista b) transversal
dessas afirmações, é CORRETO afirmar que: c) coorte
a) a probabilidade de ter AF é a mesma para as duas d) ensaio clínico
crianças, uma vez que a sensibilidade e especificida- e) ecológico
de do teste diagnóstico independe da prevalência do
evento ACERTEI ERREI DÚVIDA
b) a probabilidade de ter AF é maior na população com
menor prevalência, uma vez que nessa população a UFSC – 2015
sensibilidade do teste é maior 213. Um estudo epidemiológico de base hospitalar ana-
c) a probabilidade de ter AF é maior na população com lisou a associação entre a ingestão de determinados
maior prevalência, uma vez que nessa população a nutrientes e o carcinoma de nasofaringe. No modelo
especificidade do teste é maior ajustado por variáveis demográficas, socioeconômi-
d) é impossível avaliar se a probabilidade de ter AF de cas e comportamentais, os autores relataram Odds
uma criança é maior do que a da outra sem conhecer Ratio igual a 1,85 (IC95% 1,12-3,05), 1,09 (IC95%
os valores de sensibilidade e especificidade do teste 0,67-1,78) e 0,42 (IC95% 0,24-0,75) entre os grupos
e) a probabilidade de ter AF é maior na população com de maior consumo de colesterol, açúcar e β-caroteno,
maior prevalência, uma vez que a probabilidade a respectivamente, quando comparados aos grupos de
priori do evento é maior menor consumo desses nutrientes. Com base nesses
ACERTEI ERREI DÚVIDA resultados, é CORRETO afirmar que:
a) o grupo que apresentou maior consumo de
β-caroteno apresentou menor chance de apresentar
UFSC – 2015 o carcinoma de nasofaringe
211. No início de uma epidemia provocada por agente in- b) a associação entre o carcinoma de nasofaringe e o
feccioso, o diagnóstico de um caso só é confirmado consumo de açúcar é estatisticamente significante
após a identificação do agente ou seu marcador. En- c) não se pode afirmar que o consumo desse nutrientes está
tretanto, ao aumentar o número de casos na popula- associado com o desfecho, pois apenas estudos popula-
ção, é comum prescindir da identificação do agente e cionais – e não hospitalares – permitem tal conclusão
confirmar o diagnóstico apenas com as manifestações d) a possível associação entre o carcinoma de nasofa-
clínicas e certas características do paciente. É COR- ringe e o consumo dos nutrientes não pode ser veri-
RETO afirmar que isso acontece porque: ficada com os dados apresentados, pois ela só pode
a) acabam os “bolsões de suscetíveis”, e assim todos os ser analisada no modelo bruto, e não no modelo
casos suspeitos são logicamente casos da doença ajustado
UNITAU – 2015
227. Os dados abaixo mostram o resultado de uma pesquisa sobre a ocorrência de óbitos neonatais precoces, na
qual foram estudadas as seguintes variáveis: peso do recém-nascido, sexo e idade gestacional em semanas.
Variáveis Óbitos Neonatais precoces
OR bruto IC 95% p OR ajustado p
Peso ao nascer*
≥ 2.500 g 1,00 < 0,001 1,00 < 0,001
< 2 500 g 50,77 28,30 - 91,08 18,43
UFRN – 2015
233. Avalie a seguinte metanálise sobre o efeito do controle intensivo da hipertensão na redução de eventos cardiovascu-
lares: Lv J et al., Effects of intensive blood pressure lowering on cardiovascular and renal outcomes: a systematic review
and meta-analysis, PLoS Med. 2012.
2c: Stroke
-1 -5 1 1,5 2,5
Observando o gráfico em floresta, a redução do risco relativo em se ter um AVC (acidente vascular cerebral) utili-
zando-se regime intensivo de controle pressórico comparado ao grupo controle, é
a) 92%
b) 76%
c) 63%
d) 24%
O estudo a seguir servirá de base para as questões 235 e ACERTEI ERREI DÚVIDA
236.
Um estudo hipotético testou a acurácia do teste rápi-
UNICAMP – 2015
do oral para detecção de infecção por HIV, utilizan-
do-se outro teste sérico como padrão-ouro. 240. Foi iniciado um ensaio clínico fase III para avaliar uma
nova droga antineoplásica em comparação a um medica-
mento usual. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
UFRN – 2015 a) o acompanhamento do grupo controle deverá ser
235. A sensibilidade e especificidade do teste são, respecti- feito com placebo e duplo cego
vamente: b) os pacientes devem ser aleatorizados nos grupos de
a) 50% e 99% seguimento antes da administração dos esquemas
b) 99% e 90% terapêuticos
c) 99% e 82% c) por motivos éticos, é desejável que os pacientes sai
d) 90% e 9% bam a qual esquema terapêutico estão submetidos
ACERTEI ERREI DÚVIDA durante o seguimento
d) a nova droga deve ser administrada preferencial-
mente aos pacientes com estádios menos avançados
UFRN – 2015
236. A acurácia do teste e a prevalência da doença entre ACERTEI ERREI DÚVIDA
esses pacientes são, respectivamente:
a) 99% e 9%
b) 82% e 18% UNICAMP – 2015
c) 90% e 9% 241. Em um estudo fase III para avaliar uma nova dro-
d) 90% e 18% ga antineoplásica em comparação a um medica-
mento usual, obteve-se a taxa de recidiva de 5,0
ACERTEI ERREI DÚVIDA casos por 100 pacientes/ano no grupo com a nova
droga e de 6,1 casos por 100 pacientes/ano no
UNESP – 2015 grupo controle. A razão entre as taxas foi de 1,2
237. O delineamento epidemiológico mais apropriado (Intervalo de Confiança-IC 95% 0,9-1,5) para o
para o estudo de uma doença que ocorre com alta fre- grupo de intervenção. A incidência de efeitos ad-
quência (15%) na população geral, ainda que a expo- versos graves foi de 10,0 por 100 pacientes/ano (IC
sição seja pouco frequente, é 95% 7,1 – 12,2) entre os tratados com a nova droga
a) estudo caso-controle e de 9,0 por 100 pacientes/ano (IC 95% 8,2 – 14,0)
b) série de casos no grupo controle. ASSINALE A ALTERNATIVA
c) estudo de coorte
CORRETA:
d) ensaio clínico aleatorizado
a) o estudo não demonstrou diferenças significativas
ACERTEI ERREI DÚVIDA de taxas de recidiva e de incidência de efeitos adver-
sos graves entre as drogas
b) o aumento da taxa de recidiva de 20% entre os trata-
UNESP – 2015
dos contra indica a sua utilização
238. A melhor medida para estimar risco de óbito em pa-
cientes diagnosticados com H1N1 é c) o estudo demonstrou que a frequência de efeitos ad-
a) coeficiente de mortalidade por causa versos graves é maior entre os pacientes com a nova
b) coeficiente de mortalidade geral droga
c) taxa de ataque d) a redução absoluta de riscos de efeitos adversos com
d) coeficiente de letalidade a nova droga foi de 10%
100
90
80
70
60
50 2008
40
30 2009
20
10
0
Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ag Set Out Nov Dez
Fonte: Ministério da Saúde. Painel de Monitoramento da Mortalidade Materna e DATASUS.SINASC. (acesso em 3/9/2014)
a) a epidemia de Influenza A H1N1 foi provavelmente responsável pela elevação da RMM entre julho e agosto de 2009
b) o aumento do número de óbitos neonatais por coqueluche nos meses de inverno pode ter contribuído para a
elevação da RMM entre julho e agosto de 2009
c) a elevação da RMM observada em 2009 é compatível com a sazonalidade habitualmente observada, uma vez que o
número de mulheres que engravida a cada mês, é variável
d) como 60 a 70% dos óbitos maternos decorrem de causas obstétricas diretas, é possível que desorganizações na assis-
tência obstétrica, intensas, mas temporárias tenham ocorrido no país em 2009
e) a elevação da RMM observada em 2009 pode decorrer da associação de dois fatores: grande parte das mulheres en-
gravida em fevereiro e a elevada frequência de partos prematuros entre a 23ª e 34ª semanas de gestação
USP-RP – 2014
265. Observe o gráfico a seguir:
16
14
12
10
0
1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Razão 14 13 10 9 6 6 5 5 5 3 3 2 3 2 2 2
Distribuição de casos de Aids, segundo a razão Masculino/Feminino, de 1987 a 2002.
a) trata-se de uma amostra por conglomerados que d) observação – dúvida – formular hipótese – testar a
apresenta um viés de confusão devido à possível fal- hipótese – analisar os resultados – na não confirma-
sa resposta ção da hipótese comunicar os resultados
b) trata-se de uma amostra não probabilística com viés
de informação do tipo prevaricação ACERTEI ERREI DÚVIDA
c) trata-se de uma amostra por quotas e que apresenta
viés de seleção devido à não aleatoriedade dos casos FMABC – 2014
d) trata-se de uma amostra sistemática com viés de 281. Um passo fundamental na interpretação dos resulta-
aferição devido ao constrangimento dos alunos em dos de um trabalho científico é a correta avaliação do
levantar a mão no caso de ainda não terem praticado P-Valor. Pinto e colaboradores (Rev Assoc Med Bras.
sua primeira relação sexual
2011 Mar-Apr;57(2):171-6) estudaram o hábito de
ACERTEI ERREI DÚVIDA tabagismo após o tratamento de pacientes com cân-
cer de cabeça e pescoço, exceto laringectomias. Fo-
ram comparados pacientes que receberam quimio e
FMABC – 2014 radioterapia (grupo “clínico”) e que foram operados
279. O conhecimento científico nos dias atuais é muito
(grupo “cirúrgico”) e os resultados encontram-se des-
vasto. Dessa maneira um residente deve estar atento a
critos na tabela a seguir.
buscar informações de fontes seguras e especialmente
baseadas em evidência científica. Dessa maneira, as-
Tabagismo total – grupo clínico x grupo cirúrgico.
sinale a alternativa correta:
Números absolutos e percentagem
a) na busca de um conhecimento resumido e de quali-
Total
dade, deve-se procurar por revisões narrativas publi- Tabagismo Total
cadas em periódicos da área, especialmente os que se Clínico Cirúrgico
encontram na sua língua nativa para facilitar a leitura Sim 14 (58,3%) 14 (25%)
b) as metanálises de ensaios clínicos randomizados são Não 10 (41,7%) 42 (75%)
bons exemplos de trabalhos de nível de evidência 1A Total 24 (100%) 56 (100%) 80
cujos resultados são sintetizados em uma curva de
Kaplan-Meier P = 0,004 – teste qui-quadrado.
c) o funnel plot de uma metanálise é indicado na ava- Analise a tabela, interprete corretamente o seu resul-
liação de viéses de publicação tado e assinale a resposta certa.
d) as revisões narrativas, mesmo que escritas por gran- a) os pacientes tratados sem cirurgia tiveram maiores
des e renomados especialistas, têm pouca importân- taxas estatisticamente significantes de manutenção
cia na literatura mundial e hoje em dia são cada vez do tabagismo após o término do tratamento
menos publicadas b) o tratamento cirúrgico resultou em maiores taxas
estatisticamente significantes de cessação de taba-
ACERTEI ERREI DÚVIDA gismo quando comparado ao grupo tratado com
quimio e radioterapia exclusivamente
FMABC – 2014 c) a modalidade de tratamento empregada não foi fa-
280. As pesquisas em ciências biológicas, especialmente tor determinante na cessação do tabagismo, uma vez
que a chance de resultado ao acaso é alta (p = 0,004
as da área médica, são pautadas em meios de deline-
pelo teste de qui-quadrado)
amento bem estabelecidos. Baseado nisso assinale a
d) o teste estatístico está incorretamente empregado
alternativa que compreende a correta sequência das
uma vez que a casuística é pequena e para este caso
etapas do método científico:
deveria ser empregado o teste exato de Fisher
a) resultado demonstrado clinicamente – formular a
hipótese que justifique o fenômeno – testar a hipóte- ACERTEI ERREI DÚVIDA
se – comunicar os resultados
b) observação científica – formulação de hipótese –
INCA–RJ – 2014
testar a hipótese – analisar os resultados estatisti-
282. A medida de tendência central que corresponde ao
camente – se p > 0,05 a hipótese é confirmada e se
percentil 50 de um conjunto de dados chama-se:
comunica os resultados
a) moda
c) dúvida científica mediante a observação de um fe-
b) média aritmética
nômeno – formular hipótese – testar a hipótese –
c) mediana
analisar os resultados estatisticamente – na não con-
d) desvio-padrão
firmação da hipótese deve-se abandonar a linha de
pesquisa e tentar outro projeto ACERTEI ERREI DÚVIDA
UERJ – 2014
INCA–RJ – 2014
289. Alguns agravos precisam ter sua ocorrência rapi-
285. Estudos de coorte e de caso-controle são desenhos de
damente conhecida pelo sistema de saúde, para
estudo epidemiológicos do tipo:
que medidas de controle que impeçam sua difusão
a) experimentais
entre a população possam ser desencadeadas de
b) observacionais
forma pronta, adequada e efetiva. São doenças ou
c) quasi-experimentais
agravos de notificação compulsória imediata (tam-
d) naturalísticos
bém chamadas notificação em 24 horas), mesmo
ACERTEI ERREI DÚVIDA em casos suspeitos de:
a) meningites, leishmaniose tegumentar e esquistos-
somose
INCA–RJ – 2014 b) rubéola, esquistossomose e leishmaniose tegu-
286. Na América Latina, e em particular no Brasil, a cha- mentar
mada Transição Epidemiológica apresenta as seguin- c) botulismo, sarampo e paralisia flácida
tes características distintas às observadas em outros d) tuberculose, hanseníase e leptospirose
países, EXCETO:
a) o perfil de morbimortalidade se mantém caracterís- ACERTEI ERREI DÚVIDA
tico de distintos padrões
b) patologias pouco prevalentes em países industriali-
zados podem adquirir grande importância
UERJ – 2014
c) destacam-se distintos padrões de acordo com a re-
290. Observe o gráfico a seguir, que mostra a evolução a
gião geográfica
partir de 1990 da mortalidade infantil brasileira e de
d) aumento da importância das doenças crônico-dege-
seus componentes, e responda a questão.
nereativas e causas externas
ACERTEI ERREI DÚVIDA
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Infantil 47,1 44,6 42,3 40,2 38,2 35,7 33,7 30,4 30,4 28,4 27,4 26,3 24,9 22,6 22,6 21,4 20,7 20,0 19,0
Neonatal precoce 17,7 18,2 16,8 15,8 15,7 15,8 15,8 14,3 14,3 14,3 13,8 13,4 12,7 12,0 11,5 11,0 10,6 10,4 10,0
Neonatal tardia 5,4 5,3 4,6 4,5 4,3 4,1 4,2 3,7 3,8 3,7 3,7 3,7 3,7 3,6 3,5 3,3 3,1 3,3 3,0
Pós-neonatal 24,0 21,1 20,9 20,1 18,2 15,5 12,1 12,3 12,1 10,4 9,9 9,2 8,5 8,4 7,6 7,1 6,7 6,4 6,0
Mortalidade infantil e seus componentes, Brasil, 1990-2008. Fonte: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – Relatório
Nacional de Acompanhamento – Brasília: IPEA, 2010.
d) a variação percentual do risco de morte por acidente Categoria ao nascer Número de nascidos vivos
de transporte terrestre em Goiás, entre os anos de
4.000 g e mais 3.997
2000 e 2011, foi de 20%
Ignorado 2
ACERTEI ERREI DÚVIDA Total 89.742
SUS-SP – 2014
SUS-SP – 2014 310. A proporção de sadios (sem a doença) entre os negati-
308. São características dos estudos de coorte, EXCETO: vos ao teste, corresponde à definição de:
a) requerem o arrolamento de um número maior de a) precisão
pessoas que os estudos que apresentam o evento de b) valor preditivo negativo
interesse c) eficiência
b) permitem estabelecer a prevalência da doença d) sensibilidade
c) a exposição pode ser obtida sem o potencial viés de- e) especificidade
corrente de o desfecho já ser conhecido
d) podem avaliar a relação da exposição com várias doenças ACERTEI ERREI DÚVIDA
UNICAMP – 2014
311. Em relação ao gráficoa seguir, assinale a correta:
0,1 0,5 1 5 10
Sulfato de magnésio versus placebo na pré-eclâmpsia grave: revisão sistemática.
a) o sulfato de magnésio é uma intervenção capaz de reduzir em 41% a ocorrência de eclâmpsia em mulheres com pré-
-eclâmpsia grave
b) o efeito do uso de sulfato de magnésio na prevenção da eclâmpsia é inversamente proporcional à depressão respira-
tória materna
c) o sulfato de magnésio é uma intervenção capaz de reduzir o risco de eclâmpsia em mulheres com pré-eclâmpsia grave
d) o aumento de depressão respiratória contraindica a aplicação do sulfato de magnésio no manejo da pré-eclâmpsia
grave
Localidade A Localidade B
Causas (Capítulo CID-10) Homens Mulheres Homens Mulheres
nº % nº % nº % nº %
XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 1.117 55,41 158 20,87 12 981 40,96 1 968 14,60
IX. Doenças do aparelho circulatório 268 13,29 140 18,49 4 543 14,33 2.811 20,85
II. Neoplasias (tumores) 154 7,64 193 25,50 2.817 8,89 3.291 24,41
XI. Doenças do aparelho digestivo 113 5,61 39 5,15 2.509 7,92 682 5,06
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 105 5,21 56 7,40 2.483 7,83 1.174 8,71
X. Doenças do aparelho respiratório 59 29,93 28 3,70 1.776 5,60 949 7,04
XV. Gravidez parto e puerpério 0 0,00 20 2,64 0 0,00 262 1,94
XVIII. Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat 20 0,99 15 1,98 2 156 6,80 732 5,43
DEMAIS CAPÍTULOS 180 8,93 108 14,27 2.420 7,64 1.613 11,96
TOTAL 2.016 100,00 757 100,00 31.692 100,00 13.484 100,00
a) o risco de morte por câncer é pelo menos duas vezes maior nas mulheres do que nos homens nesta faixa etária nas
duas localidades
b) a mortalidade materna é discretamente mais elevada na localidade A do que na B
c) a razão de mortalidade por sexo é maior na localidade B do que na A
d) os dados apresentados são insuficientes para comparar riscos de mortalidade entre as duas localidades
e) embora a violência seja quase três vezes mais fatal para os homens, o risco relativo é maior para as mulheres
UFRN – 2014
347. Analise o gráfico em floresta da metanálise sobre o uso de estatina em pacientes de alto risco e redução de morta-
lidade por todas as causas: Rey KK et al. Statins and All-Cause Mortality. In: High-Risk Primary Prevention, Arch
internal medicine, 2010.
B Statin/Placebo
Source Participants, No. Events, No. Risk ratio (95% CI)
19
ALLHAT, 2002 4475/4405 521/513 1.00 (0.88-1.13)
Overall †
Levando-se em consideração a análise por efeito fixo, a redução do risco relativo sobre mortalidade por todas as
causas, pelo uso de estatina comparado ao de placebo é:
a) de 14% de redução e com significância estatística
b) de 6 % de redução e com significância estatística
c) de 0% de redução, pois não houve significância estatística
d) de 8% de redução, porem sem significância estatística
UFRN – 2014
348. A avaliação crítica sobre a validade interna e qualidade metodológica de um Ensaio Clínico Randomizado deve
considerar, principalmente,
a) a aplicabilidade externa do estudo
b) a análise por intenção de tratar
c) o fator de impacto da revista
d) o conflito de interesse dos autores
UFRN – 2014
349. Você tem uma dúvida clínica de enfoque terapêutico sobre qual o tratamento mais adequado para um paciente com
vertigem posicional benigna. A base de dados disponível na literatura, na qual se tem a chance de encontrar maior
amplitude de estudos e que representa a melhor evidência é:
a) Latindex
b) Lilacs
c) Scielo
d) Pubmed
UFRN – 2014
350. O teste estatístico utilizado para comparar duas variáveis qualitativas é:
a) correlação de Pearson
b) teste T de student
c) qui-quadrado
d) ANOVA
Os dados a seguir servem de referência para respon- Hospital Municipal São José-SC – 2014
der as Questões 351 e 352. 355. Analisar o resumo do estudo a seguir:
Colesterol sérico e mortalidade por doença arte-
Um estudo hipotético testou o desempenho do peptí- rial coronariana em homens e mulheres jovens, de
deo atrial natriurético tipo B (BNP) > 18 pg/mL para meia-idade, e idosos de três estudos epidemiológi-
diagnosticar a disfunção ventricular esquerda (DVE), cos de Chicago.
utilizando-se o ecocardiografia como padrão ouro. A associação do colesterol total sérico com mortalidade
Observe a tabela a seguir. por doença arterial coronariana foi avaliada em 1.210
homens entre 42 e 60 anos de idade, no período de 1959
Status da doença (DVE) a 1963, e em 1.008 homens entre 45 e 64 anos de idade,
Resultado do no período de 1959 a 1969, seguidos por 25 anos de estu-
Não Total
teste BNP sérico Doente do da Chicago Peoples Gas Company; em 1.903 homens
doente
entre 41 e 57 anos de idade, em 1959, seguidos por 24
Positivo 35 57 92 anos no estudo Chicago Western Electric Company, e
Negativo 5 29 34 17.880 homens entre 25 e 74 anos de idade, e 8.327 mu-
Total 40 86 126 lheres entre 40 e 74 anos de idade, no período de 1967 a
1973, seguidos por 18 anos de estudo da Chicago Heart
Association Detection Project in Industry.
UFRN – 2014
DYER, A. R.; STAMLER, J.; SHEKELLE, R. B. Ann
351. A especificidade do teste é:
Epidemiol. 1992 Jan-Mar;2(1-2):51-7.
a) 85%
Nesses estudos, o nível de colesterol total foi relacio-
b) 88%
nado positivamente para mortalidade por doença ar-
c) 32%
terial coronariana em homens jovens e de meia-idade
d) 34%
e em homens e mulheres idosos. Pode-se concluir que
ACERTEI ERREI DÚVIDA se trata de um(a):
a) estudo caso-controle
b) estudo de coorte
UFRN – 2014 c) estudo transversal
352. O valor preditivo positivo do teste é: d) metanálise
a) 85% e) ensaio clínico randomizado
b) 38%
c) 32% ACERTEI ERREI DÚVIDA
d) 34%
Hospital Municipal São José-SC – 2014 b) um dos fatores analisados pode ser considerado
358. Associando as doenças aos tipos de distribuição na como causa do outro
população, numerar a 2ª coluna de acordo com a 1ª e, c) foi observada no contexto de um ensaio clínico rando-
após, assinalar a alternativa que apresenta a sequên- mizado, no qual todos os possíveis fatores que influen-
cia CORRETA: ciam a associação foram devidamente controlados
d) os valores de uma variável dependem dos valores da
(1) Endemia. outra, havendo uma situação de dependência esta-
(2) Epidemia. tística entre elas
(3) Pandemia. e) a probabilidade de que esta associação tenha ocor
rido ao acaso seja menor do que algum valor crítico
( ) Gripe A. previamente definido como, por exemplo, 5% ou 1%
( ) Febre amarela na Amazônia. ACERTEI ERREI DÚVIDA
( ) Infecção pelo HIV.
( ) Dengue no Rio de Janeiro.
( ) Tuberculose. UFSC – 2014
362. Assinale a alternativa CORRETA.
a) 3-1-3-2-3 Diversos parâmetros biológicos, entre eles o peso e a
b) 2-1-3-1-3 altura dos indivíduos, apresentam comportamento
c) 2-2-1-3-1 semelhante ao que se costuma rotular, em bioestatís-
d) 3-2-2-1-3 tica, como distribuição normal. São propriedades da
e) 1-3-3-2–2 distribuição normal:
a) ter forma simétrica e apresentar média, mediana e
ACERTEI ERREI DÚVIDA moda com valores semelhantes
b) apresentar área constante sob a curva, que impede o
cálculo de probabilidades relacionadas à ocorrência
Hospital Municipal São José-SC – 2014 de observações situadas em alguma faixa de valor
359. Um estudo realizado para avaliar um novo método de c) permitir, para os parâmetros que possuem distri-
rastreamento para o câncer de colo uterino verificou que buição normal, o cálculo de diferenças de médias a
o seu valor preditivo positivo era mais alto do que o ob- partir de testes estatísticos não paramétricos
servado pelo exame citopatológico do colo uterino (mé- d) refletir a distribuição de parâmetros ou variáveis,
todo de referência). Considerando-se esse novo método, que se apresentam altamente concentrados em uma
em comparação ao método de referência, é CORRETO parcela da população, como a renda familiar
afirmar que há uma probabilidade maior de: e) ter sua distribuição completamente determinada
a) falso-positivo pela mediana e pelo desvio-padrão
b) falso-negativo
ACERTEI ERREI DÚVIDA
c) existir doença em um paciente com resultado positivo
d) não existir doença em um paciente com resultado
negativo UFSC – 2014
e) ocorrer resultado positivo 363. Assinale a alternativa CORRETA.
O valor de p (probabilidade) e o intervalo de confian-
ACERTEI ERREI DÚVIDA ça são recursos estatísticos que permitem:
a) avaliar se a pesquisa foi realizada com rigor, definin-
Hospital Municipal São José-SC – 2014 do a qualidade dos resultados obtidos
b) extrapolar ou generalizar os resultados observados em
360. O desenho de estudo mais apropriado para estimar a
uma amostra para alguma população de referência
prevalência populacional de uma doença é o:
c) identificar se os fatores de risco investigados em
a) de caso-controle
uma pesquisa são, de fato, as verdadeiras causas da
b) transversal
doença em questão
c) longitudinal d) conferir se os testes estatísticos empregados no estu-
d) ecológico do estão corretos
e) de coorte e) examinar se as variáveis analisadas são categóricas
ou numéricas
ACERTEI ERREI DÚVIDA
ACERTEI ERREI DÚVIDA
UFSC – 2014
361. Assinale a alternativa CORRETA. UFSC – 2014
Em bioestatística, é denominada como estatisticamente 364. Assinale a alternativa CORRETA.
significativa a associação entre duas variáveis, quando: A mortalidade infantil é importante indicador social
a) as variáveis apresentam uma relação que pode ser em saúde coletiva. Quando ela é baixa, em torno de 10
considerada relevante em termos clínicos ou popu- por 1.000 nascidos vivos, predominam as mortes no
lacionais período:
a) estudo transversal
b) estudo de coorte ( ) Instantâneos sobre pre-
(1) Estudo de coorte
valência de agravos
c) estudo de caso controle
d) ensaio clínico
( ) Produz medidas de incidên
(2) Caso-controle
cia e de fatores de risco.
ACERTEI ERREI DÚVIDA
( ) Associações etiológicas em
(3) Ensaio clínico
UEL – 2013 agravos de baixa incidência
373. Em 2009, ocorreu a primeira onda de uma pandemia
( ) Estudo experimental para ava-
causada pelo vírus Influenza H1N1 (Influenza A). No (4) Estudo seccional
liar intervenção terapêutica
México, entre janeiro e maio de 2009, foram diagnos-
ticados 2.059 casos da doença com 56 óbitos (2,7%).
Esse valor representa que medida de frequência? A sequência numérica mais adequada de preenchi-
a) coeficiente de mortalidade mento dos parênteses da coluna, de cima para baixo é:
b) letalidade a) 1 – 2 – 4 – 3
c) incidência b) 1 – 2 – 3 – 4
d) indicador de Swaroop e Uemura c) 4 – 3 – 1 – 2
e) mortalidade específica por causa d) 4 – 1 – 2 – 3
e) 3 – 2 – 4 – 1
ACERTEI ERREI DÚVIDA
ACERTEI ERREI DÚVIDA
AMP – 2013
374. A vigilância epidemiológica é um importante instru- AMP – 2013
mento para normatização de atividades técnicas, bem 376. Em relação à possibilidade de erros (vieses) nos estu-
como para o planejamento, a organização e a opera- dos clínicos, assinale a correta:
cionalização dos serviços de saúde. Assinale a alterna- a) o viés de confusão pode ocorrer quando o fator de
tiva que contenha estritamente funções da vigilância confusão está distribuído de maneira igual entre os
epidemiológica: grupos
a) coleta e processamento de dados; tomada de decisão b) o viés de aferição acontece quando o processo de co
clínica a partir dos dados coletados; proteção dos leta das variáveis do estudo é sistematicamente igual
dados coletados para evitar sua publicidade; forne- nos dois grupos
cimento de fármacos básicos para os agravos de in- c) o viés de seleção distorce os resultados pelo modo
teresse epidemiológico com que os participantes são recrutados
b) coleta, processamento, análise e interpretação de da- d) o erro tipo I ou alfa acontece quando o teste não
dos de saúde; recomendação e promoção de ações mostra significância quando na verdade existe
de controle indicadas; avaliação da efetividade das e) o erro tipo II ou beta quando o teste estatístico mos-
medidas eventualmente adotadas tra diferença quando na verdade ele não existe
c) coleta, processamento, interpretação e divulgação
ACERTEI ERREI DÚVIDA
de dados epidemiológicos; disposição de treinamen-
to para profissionais de saúde na atenção primária;
fornecimento de vacinas e antídotos para acidentes AMP – 2013
peçonhentos 377. Em relação aos modelos de estudos epidemiológicos
d) fornecimento de vacinas e antídotos para acidentes assinale a correta:
peçonhentos; recomendação e vigilância sobre des- a) a amostragem probabilística concede a cada membro
carte de material hospitalar; aquisição de material do grupo a mesma chance de integrar da amostra
adequadamente esterilizado para distribuição nas b) o estudo observacional seccional apresenta alto po-
unidades de saúde da atenção primária der analítico
e) intervenção terapêutica individual e coletiva em c) o estudo de coorte tem como vantagens o baixo cus-
casos de surtos ordinários e inusitados; recomen- to e a facilidade de estudar doenças raras
dações e fornecimento do material adequado para d) o estudo de caso controle tem alto poder analítico,
controle de doenças infectocontagiosas bem como porém inadequado para estudar doenças raras
de acidentes por animais peçonhentos e) o pareamento significa o processo de controles indi-
viduais de forma randômica
ACERTEI ERREI DÚVIDA
ACERTEI ERREI DÚVIDA
AMP – 2013
375. Numere a segunda coluna de acordo com a primeira, UFF-RJ – 2013
com relação às características de cada desenho de es- 378. Em relação às medidas de associação usadas nos estu-
tudo epidemiológico. dos epidemiológicos, escolha a opção CORRETA.
a) nos desenhos longitudinais prospectivos, tanto o RR d) para minimizar o efeito do viés de perda seletiva, os
(risco relativo) quanto a RT (razão de taxas) são me- grupos randomizados em um ensaio clínico devem
didas mais precisas do risco do desfecho ter o mesmo número de componentes
b) o OR (odds ratio) não pode ser usado quando o de- e) em estudo de coorte, a saída de mais indivíduos ex-
senho do estudo é coorte, pois essa medida de asso- postos/doentes pode gerar um viés de aferição, pois
ciação é exclusiva de estudos caso-controle os médicos que acompanham não poderão fazer o
c) em estudos de coorte, a melhor medida é o RR (risco diagnóstico
relativo), o qual, nos ensaios clínicos randomizados
ou nos estudos caso-controle, não pode ser calculado ACERTEI ERREI DÚVIDA
d) caso utilizada, a análise de sobrevida possibilitaria o
cálculo do OR (odds ratio) ou do HR (hazard ratio)
e) o RR (risco relativo) é a melhor medida de associa- UFF-RJ – 2013
ção somente nos estudos em que a medida de frequ- 381. Sobre estudos de meta-análise pode-se dizer que:
ência trabalha com pessoa tempo a) a revisão sistemática visa à seleção de estudos com
boa qualidade e com associações estatisticamente
ACERTEI ERREI DÚVIDA significativas
b) deve-se iniciar com uma clara questão de estudo, fa-
UFF-RJ – 2013 zer uma revisão sistemática em várias bases de dados
379. A hipertensão arterial sistêmica é prevalente entre pa- e busca manual, com claros critérios de inclusão/ex
cientes com apneia obstrutiva do sono. Estudos de cur- clusão dos estudos
to prazo indicam que a pressão positiva contínua nas c) se, entre os estudos selecionados na revisão sistemá
vias aéreas (CPAP) reduz a hipertensão nestes pacien- tica, houver resultados selecionados a favor e contra
tes, mas não há estudos de longo acompanhamento. A a intervenção, há heterogeneidade e a medida sumá
alternativa em que se indica e justifica o melhor tipo de rio não deve ser calculada
estudo (JAMA, 2012) para resolver essa questão é: d) quando ocorrer heterogeneidade entre os estudos ha
a) estudo caso-controle, porque, com esse desenho, os
verá maior chance de viés de publicação
pacientes não se arriscam a um tratamento possivel-
e) somente os estudos experimentais podem ser objeto
mente inócuo, além de ser a possibilidade de viés de
de meta-análise, na medida em que a combinação de
seleção menor que nos demais desenhos
b) estudo de coorte, por ser o único desenho que per- resultados de diferentes estudos observacionais pode
mite a observação de indivíduos segundo o nível de superestimar a associação real
exposição (presença/ausência de hipertensão), pos-
ACERTEI ERREI DÚVIDA
sibilitando o cálculo da taxa de incidência (casos/
pessoa/ano de exposição)
c) estudo caso-controle, porque permite a comparação UFF-RJ – 2013
de pacientes com apneia do sono aos controles (sem 382. Estudo realizado em São Paulo (J. Bras. Pneumologia,
apneia), com casos incidentes, por diminuir o risco 2012) avaliou o desempenho da broncoscopia para
de viés de memória diagnóstico de tuberculose pulmonar em pacientes
d) estudo transversal, porque se faz necessário traba
com RX suspeito e baciloscopia negativa ou não re-
lhar com medidas de prevalência
alizada por escassez de material. A sensibilidade e a
e) ensaio clínico randomizado, porque a aleatoriedade
especificidade do exame foram, respectivamente, 60%
da alocação dos pacientes diminui a possibilidade de
viés de seleção e confundimento e 100%. Assim, é possível afirmar que:
a) os resultados obtidos dependem da prevalência de
ACERTEI ERREI DÚVIDA tuberculose nos pacientes estudados, devendo ser
validados em diferentes populações
b) devem-se investigar outras patologias pulmonares
UFF-RJ – 2013
380. Com respeito aos vieses, uma das maiores preocupa- quando o resultado da broncoscopia é negativo, pois
ções em estudos epidemiológicos, afirma-se que: não há falsos-negativos nesse exame
a) quando não é possível fazer duplo-cego – por exem- c) a solicitação de exame de biópsia pulmonar, dian-
plo, em estudos de diferentes técnicas cirúrgicas –, é te de broncoscopia negativa, está indicada para au-
importante cegar quem avalia o desfecho, para mini- mentar a especificidade
mizar o viés de seleção d) o tratamento deve ser iniciado quando a broncosco-
b) em um ensaio clínico randomizado é importante pia é positiva, pois não há falsos-positivos
fazer o ocultamento da sequência da randomização e) os resultados desse estudo foram obtidos por
visando minimizar o viés de aferição meio da comparação entre a broncoscopia, o raio
c) em estudo caso-controle é importante fazer o mas- X e a baciloscopia
caramento da exposição visando minimizar o viés
de aferição ACERTEI ERREI DÚVIDA
%
UEL – 2013 20
407. Relacione a denominação corrente do estudo, na co-
luna da esquerda, com a informação sobre o estudo,
na coluna da direita. 10
UEL – 2013
30 409. Sobre o conceito de risco, considere as afirmativas a seguir.
I. Na Epidemiologia, o conceito de risco pode
se referir a algo positivo como, por exemplo,
% 20 chance de cura ou recuperação de uma deter-
minada doença.
II. O risco é uma proporção definida como a razão
10 entre duas grandezas, na qual o numerador se en-
contra necessariamente contido no denominador.
III. Risco designa uma probabilidade de adoecer que
0 se desvia das ocorrências puramente aleatórias.
<1 1a4 5 a 19 20 a 49 50 e mais IV. Risco relativo mostra quantos casos novos de
Idade (em anos) uma doença aparecem em um grupo em um
dado período.
Assinale a alternativa correta.
a) somente as afirmativas I e II são corretas
30
b) somente as afirmativas I e IV são corretas
c) somente as afirmativas III e IV são corretas
% 20 d) somente as afirmativas I, II e III são corretas
e) somente as afirmativas II, III e IV são corretas
UEL – 2013
0 410. Entre 2004 e 2007, foi realizado um ensaio clínico con-
<1 1a4 5 a 19 20 a 49 50 e mais trolado e randomizado com recém-nascidos prematuros
Idade (em anos) internados na Maternidade Escola da UFRJ. Esse estudo
buscou avaliar o efeito da musicoterapia nos índices de
aleitamento materno entre mães de recém-nascidos pre-
maturos. Seus principais resultados foram:
O aleitamento materno foi significativamente mais
30 frequente no grupo da musicoterapia na primeira
consulta de seguimento [risco relativo (RR) = 1,26;
intervalo de confiança de 95% (IC95%) = 1,01-1,57; p
% 20
= 0,03]. Esse grupo também apresentou índices mais
elevados de aleitamento materno na ocasião da alta
do bebê (RR = 1,22; IC95% = 0,99-1,51; p = 0,06). (J.
10
Pediatria 2011; 87(3):206-12. Resumo modificado
para fins didáticos.)
Com base nos resultados apresentados, considere as
0
<1 1a4 5 a 19 20 a 49 50 e mais afirmativas a seguir.
I. A musicoterapia é o fator (variável independen-
Idade (em anos) te) desse ensaio clínico.
II. A musicoterapia representou um incremento de
(A) Nível de saúde elevado. 26% no risco do aleitamento materno no grupo
(B) Nível de saúde regular. que sofreu a intervenção.
(C) Nível de saúde baixo. III. A musicoterapia influenciou de forma estatisti-
(D) Nível de saúde muito baixo. camente significativa no aleitamento materno na
ocasião da alta do bebê.
Assinale a alternativa que contém a associação COR- IV. O termo randomizado indica que os recém-nas-
cidos foram agrupados de acordo com critérios
RETA.
clínicos definidos pelos pesquisadores.
Assinale a alternativa correta.
a) I A, II B, III C, IV D a) somente as afirmativas I e II são corretas
b) I-A, II-C, III-D, IV-B b) somente as afirmativas I e IV são corretas
c) I-B, II-C, III-D, IV-A c) somente as afirmativas III e IV são corretas
d) I-B, II-D, III-A, IV-C d) somente as afirmativas I, II e III são corretas
e) I-C, II-D, III-B, IV-A e) somente as afirmativas II, III e IV são corretas
10,0
20,0
COEF, POR 100.000 HAB
8,0
LETALIDADES
15,0
6,0
10,0
4,0 3,7
1,9 5,0
2,0
1,4
1,0 0,9 0,7 1,1
0,7 0,4 0,6
0,5
0,0 0,0
8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0
199 199 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 201
UNICAMP – 2012
420. Os manuais de Medicina Baseada em Evidências hierarquizam os diferentes tipos de estudos. Em ordem crescente
de evidência, estes estudos são:
a) metanálises de ensaios clínicos, ensaios clínicos aleatorizados, estudos de coorte, estudos caso-controle, estudos transver-
sais, estudos ecológicos e estudos de casos
b) estudos de casos, estudos transversais, estudos caso-controle, estudos ecológicos, estudos de coorte, metanálises de
ensaios clínicos e ensaios clínicos aleatorizados
c) ensaios clínicos aleatorizados, metanálises de ensaios clínicos, estudos de coorte, estudos caso-controle, estudos
transversais, estudos ecológicos e estudos de casos
d) estudos de casos, estudos ecológicos, estudos transversais, estudos caso-controle, estudos de coorte, ensaios clínicos
aleatorizados e metanálises de ensaios clínicos
UNICAMP – 2012
421. Houve um aumento significativo do número de internações por asma em crianças no último ano em uma determi-
nada região. Considerando a restrição de leitos e de recursos, e a necessidade de planejamento para o próximo ano,
será realizado um estudo para avaliar os fatores preditores de internação. O delineamento deste estudo epidemioló-
gico deve ser:
a) avaliação da qualidade da atenção e seguimento clínico das crianças internadas após alta hospitalar
b) estudo de série de casos internados no hospital de referência da região
c) estudo do tipo caso-controle de asma de crianças internadas e não internadas na região
d) investigação dos casos de exposição e não exposição à poeira doméstica e ocorrência de asma entre crianças da região
UNICAMP – 2012
422. Analise o gráfico e assinale a alternativa correta:
Estimativa do número de casos de câncer segundo estadiamento, direção Regional de Saúde 7, 2011.
3500
3.063
3000
2.381
2500 2.147
2000
1500
1.132
1000
426
500 284 322
20
0
T0 T1 T2 T3 T4 TX TY TZ
80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01
20 3
20 4
20 5
20 6
20 7
20 8
20 9
20 0
11
20 2
19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 20 20
0
0
0
0
0
0
0
1
0
20
Fonte: Sinan
*Dados atualizados em 24 de janeiro de 2011
*Dados sujeitos a alterações
Da sua observação e com base na evolução recente da raiva no Brasil pode-se inferir que:
a) a doença apresenta um padrão de variação cíclica, podendo-se antecipar nova elevação no número de casos ao redor
do ano 2020
b) a doença mostra tendência de redução no número de casos, com elevações acidentais tendo ocorrido nos anos de
2004 e 2005
c) nada se pode antecipar acerca da sua evolução nos próximos anos, dado que a doença tem mostrado variações errá-
ticas ao longo do tempo
d) o controle da raiva ainda é uma realidade distante no Brasil, visto que os dados da figura mostram apenas a ponta de
um iceberg relativo aos casos no país
USP-RP – 2012
437. Ao ler um artigo científico desenhado para testar a hipótese que exposição intensa a telefone celular está associada com
câncer do cérebro, depara-se com a seguinte conclusão: “... da comparação entre os grupos expostos e não expostos ao
fator de risco resultou um odds ratio igual a 4,98, com intervalo de confiança (95%) de 0,95 a 7,98”. A partir disso, pode-se
concluir que:
a) existe indicação de associação causal, uma vez que o intervalo de confiança mostra probabilidade quase oito vezes
maior entre expostos
b) não há elementos para se falar em associação causal, uma vez que o odds ratio está contido no intervalo de confiança
c) não há elementos para se falar em associação causal, porque o odds ratio tem um valor inferior a 5
d) não existe indicação de associação causal, uma vez que o odds ratio pode ter valor igual a 1.25
USP-RP – 2012
438. A figura a seguir fornece informações sobre a doença meningocócica no estado de São Paulo, em uma série de 1998
a 2011.
4,0 20,0
3,5 3,5
3,1 3,1 3,1
COEF. POR 100.00 HAB
2,7 2,7
2,5
2,0
2,0 10,0
1,5
1,0 5,0
0,5
0,0 0,0
8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1
199 199 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 201 201
Com base nas informações mostradas e no seu conhecimento da história natural da doença é possível afirmar que:
a) verifica-se um avanço no controle da doença no ano de 2011
b) apenas em 2002 a letalidade foi compatível com os padrões de países desenvolvidos
c) a letalidade média é próxima do dobro da verificada em países desenvolvidos
d) a doença apresentou-se com maior virulência a partir de 2001
Percentual
% de casos de
USP-RP – 2012 Risco de S. de partos
S. de Down
440. A média da idade de um grupo de 100 estudantes é Idade mater- de Down por grupo
que ocorre em
23 anos e o desvio padrão é igual a 3 anos. Daqui a na (anos) por 1000 etário (%
cada faixa etá-
2 anos, a média e o desvio-padrão das idades destes nascidos por todas
ria materna
as idades)
mesmos estudantes serão, respectivamente:
a) 25 e 3 anos
b) 25 e 5 anos < 30 0,7 78 51
c) 25 e 3,6 anos 30-34 1,3 16 20
d) 25 e 6 anos
35-39 3,7 5 16
ACERTEI ERREI DÚVIDA 40-44 13,1 0,95 11
> 45 34,6 0,05 2
USP-RP – 2012
Todas as idades 1,5 100 100
441. Uma pesquisa objetiva comparar o efeito de uma
Fonte: ROSE, 1985.
droga no tratamento de uma doença. Para isto, 100
pacientes serão divididos ao acaso em dois grupos
de tamanhos iguais, tal que 50 pacientes receberão a) gestantes < 30 anos apresentam baixo risco de ter fi-
a droga e 50 receberão um placebo. A hipótese nula lhos com síndrome de Down
(H0) de um teste estatístico de hipóteses estabele- b) gestantes < 30 anos geram mais da metade dos casos
ce que o efeito do tratamento é igual ao efeito do de síndrome de Down
placebo, enquanto a hipótese alternativa estabelece c) gestantes > 40 anos apresentam maior risco de ter
que os efeitos são diferentes. Um erro tipo I é come- filhos com síndrome de Down
tido quando: d) gestantes > 40 anos geram mais da metade dos casos
a) o pesquisador não fixa previamente o nível de signi- de síndrome de Down
ficância e) gestantes > 40 anos apresentam menor percentual de
b) o pesquisador conclui que os efeitos são iguais, mas, partos por grupo etário
na realidade, são diferentes ACERTEI ERREI DÚVIDA
c) o teste de hipóteses rejeita H0, mas o intervalo de
confiança não contém o valor 0
d) o pesquisador conclui que os efeitos são diferentes, Santa Casa-SP – 2012
mas na realidade são iguais 444. A tabela a seguir mostra o resultado de uma investi-
gação. Assinale a alternativa que mostra uma inter-
ACERTEI ERREI DÚVIDA pretação incorreta do estudo:
a) o valor da razão de chances (odds ratio) obtido é Vigitel – Vigilância de fatores de risco e proteção para
igual a 2,25 doenças crônicas. SVS/MS,SGEP/MS,NUPENS/USP
b) a exposição é um fator protetor em relação à doença (*) e (**) p < 0,01.
c) a taxa de incidência da doença nos expostos é igual a 0,6
d) a taxa de incidência da doença nos não expostos é Após a análise da situação epidemiologica apresenta-
igual a 0,4 da pela tabela anterior é INCORRETO afirmar que:
e) o valor do risco relativo é igual 1,5 a) é preocupante a tendência da elevação do percen-
tual de adultos com excesso de peso na população
ACERTEI ERREI DÚVIDA
brasileira
b) a adesão da população adulta a atividade física no
Santa Casa-SP – 2012 tempo livre apresentou-se estável nos anos estudados
445. No Brasil foi implantado o Vigitel – Vigilância de c) ocorreu discreta redução na frequência de tabagismo
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas d) não ocorreu tendência de elevação do percentual de
por Inquérito Telefônico, em todas as capitais dos 26 adultos com obesidade nos anos estudados
estados brasileiros e no Distrito Federal, desde 2006. e) ações de promoção à saúde visando a adoção de
O objetivo do Vigitel e monitorar a frequência e dis- comportamentos protetores, como a atividade física,
tribuição dos principais determinantes das Doenças devem ser urgentemente adotadas
Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) por inquérito
telefônico. Os procedimentos de amostragem empre- ACERTEI ERREI DÚVIDA
gados procuraram obter, em cada uma das capitais dos
26 estados brasileiros e no Distrito Federal, amostras Santa Casa-SP – 2012
probabilísticas da população de adultos residentes no 446. Em um estudo para a avaliação da efetividade de uma
ano. A tabela a seguir apresenta alguns dos principais
nova ação de prevenção para doença cardiovascular
resultados obtidos:
foram aleatorizados dois grupos: Grupo A não rea-
Percentual de adultos com fatores protetores ou de
lizou a nova intervenção e Grupo B realizou a nova
risco para DCNT de 2006 a 2010, Vigitel.
intervenção. Os dois grupos foram acompanhados
por seis meses e, foi realizada avaliação da melhora
Fatores 2006 2007 2008 2009 2010 do HDL-colesterol. A amostra para o estudo foi cal-
% % % % % culada para detectar uma diferença de até 5% da va-
riável desfecho entre os dois grupos. É INCORRETO
Excesso de peso 42,7 42,9 44,2 46,6 48,1
afirmar que:
(IMC ≥ 25 kg/m2)*
a) é um estudo longitudinal
Obesidade (IMC ≥ 11,4 12,7 13,1 13,9 15 b) trata-se de um estudo caso-controle
30 kg/m2)** c) podem ser calculados os riscos relativos
Atividade física no 14,9 15,2 15,0 14,7 14,9 d) as taxas de incidências podem ser calculadas
tempo livre e) esse estudo poderá compor uma meta-análise
Fumante atual 16,2 16,6 16,1 15,5 15,1
ACERTEI ERREI DÚVIDA
1. Para a confirmação de um diagnóstico interessa o Valor total de óbitos ocorridos em um dado lugar e em um dado
Preditivo Positivo (VPP), que não foi informado no enun- ano-calendário. O numerador será o número de óbitos pela
ciado e nem é possível de ser calculado com os dados forne- variável escolhida (no caso da questão, por cada um dos ca-
cidos (colocados na tabela do tipo 2 x 2 a seguir). pítulos da CID-10), naquele ano-calendário e naquele lugar,
e o resultado é sempre dado em porcentagem (“fatia” de um
gráfico de setores circulares ou “de pizza”). Resposta c.
IAM (gold
standard)
3. Para resolver questões como esta, monte sempre uma ta
Sim Não
bela do tipo 2 x 2. Se a sensibilidade do exame é 75%, isso
≥ 5 ng/L (positivo) (39%) significa que 75% dos casos de câncer de mama estarão na
Troponina I
(teste diagnóstico) < 5 ng/L (negativo) 9 2.311 casela a (positivos verdadeiros – PV). E se a especificidade
2.320
(FN) (61%) é 94%, então 94% das mulheres seguramente sem câncer de
3.799 mama estarão na casela d (negativos verdadeiros – NV).
(100%)
Resposta d.
2. A mortalidade proporcional pode ser investigada segun-
do causas de óbito, idade dos falecidos (óbitos), sexo dos
falecidos, cor da pele dos falecidos ou qualquer outra variá- 4. Uma rápida consulta à LNNC de doenças revela que den-
vel de interesse. A mortalidade proporcional classicamente tre as alternativas apresentadas apenas a violência doméstica
utilizada como indicador de saúde é a mortalidade propor- consta da mesma. A rigor, qualquer violência, a partir de 7
cional por idades (mortalidade infantil proporcional, índice de junho de 2014, é de notificação compulsória. Dentre elas,
de Swaroop-Uemura, mortalidade proporcional de pessoas apenas a violência sexual e a tentativa de suicídio são de no-
de 75 e mais anos de idade e Curva de Nelson de Moraes). tificação imediata (em menos de 24 horas) para a Secretaria
Em qualquer mortalidade proporcional o denominador é o Municipal de Saúde da cidade correspondente. Resposta b.
174
Medicina preventiva | volume 1 | Gabarito comentado
5. O combate ao transmissor (vetor) da doença é a mais im- 1) pela diferença entre o risco total da população e o risco
portante medida de controle. Isolamento de doentes é mais dos não expostos;
utilizado para doenças de alta infectividade com transmis-
são direta mediata (doenças graves, de transmissão respira- 2) pela multiplicação do risco atribuível para os expostos
tória no mais das vezes). Não há ainda vacina para os quatro pela prevalência da exposição na população. A fração
tipos de dengue (alternativa b). Tratar casos graves em nada atribuível populacional permite estimar que porcenta-
impede a transmissão do vírus, pois as medidas inespecíficas gem do risco total da população é atribuível à exposi-
adotadas não impedem a viremia, que se dá um dia antes do ção. Isso permite estimar que porcentagem dos casos da
aparecimento da febre até seis dias após o início do quadro população deixaria de existir se a exposição fosse elimi-
clínico. Além disso, a grande maioria dos casos não é grave. nada. Seu cálculo se faz exatamente pelo inverso do que
Controlar viajantes que saem de áreas endêmicas implicaria está anotado na alternativa e.
em impedir que pessoas de quase todas as grandes capitais
brasileiras viajassem pelo país (para não trazerem os vírus), Resposta e.
o que não teria qualquer efeito no controle da doença, pois o
vírus encontra-se amplamente distribuído. Resposta d.
9. A medida de tendência central que é muito afetada por va-
lores extremos é a média; em casos em que isso ocorre, é me
6. A assertiva I é a própria definição de viés de seleção de lhor utilizar a mediana para expressar a tendência central,
Fletcher&Fletcher em Epidemiologia Clínica: elementos es- pois ela não é afetada por tais valores. Moda é simplesmente
senciais, 4ª ed., 2006, p.26. Convém comentar que tal defi- o valor que mais ocorre, mais se repete; assim, sua determi-
nição pode também estar explicando as consequências de nação é muito simples, pois não exige cálculos, sendo neces-
um viés de seleção: ao se selecionar com tendenciosidade os sário apenas observar e contar o número de vezes em que
grupos que vão ser comparados (por exemplo, casos e con determinados valores aparecem e escolher o mais frequente.
troles), pode ocorrer de casos serem sistematicamente mais A alternativa c define a amplitude (de variação) de uma co-
velhos do que controles; assim, tal comparação poderá ser leção de valores e não o desvio padrão. A alternativa e tenta
enviesada pela idade (diferente) nos dois grupos. A assertiva definir o que seria a mediana, que é uma medida de posição:
II está incorreta porque existiria viés de aferição se os mé- trata-se do valor da medida cuja posição é central na distri-
todos de aferição fossem sistematicamente diferentes entre buição ordenada de valores; metade dos valores é menor do
os grupos que vão ser comparados. A assertiva III também que o valor da mediana e metade é maior. Resposta b.
está incorreta porque os efeitos da exposição e da variável
de confusão se confundem ou há uma distorção na medida
do grau da associação entre exposição e efeito causada pela 10. O único desenho ou delineamento de estudo que calcula
variável de confusão. Resposta a. uma prevalência amostral e estima, por inferência estatís-
tica a prevalência populacional é o desenho transversal ou
seccional. Assim, a única alternativa incorreta é a última;
7. O que está incorreto na alternativa a é a inclusão da de- todas as outras alternativas têm, de fato, características dos
tecção precoce de agravos na fase de prevenção primária. estudos de coorte. Resposta e.
Detectar uma doença precocemente, mesmo antes de sin-
tomas e sinais clínicos terem se manifestado, já faz parte
da prevenção secundária pelo modelo da História Natural 11. A capacidade do agente etiológico em produzir sinais
de Leavell e Clark. Na prevenção secundária o indivíduo já clínicos característicos da doença (causar doença clínica
está atingido pelo processo de adoecimento, ainda que o seja reconhecível) em infectados pelo agente ganha o nome de
apenas em nível bioquímico ou histológico. Todas as outras patogenicidade. O sarampo, por exemplo, é doença com alta
alternativas contêm conceitos corretos. Resposta a. patogenicidade. O mesmo não ocorre com a rubéola, em que
grande parcela dos infectados apresenta quadro clínico in-
característico da doença. A virulência é a capacidade de o
8. Risco absoluto é uma expressão pouco utilizada, porém agente causar casos graves ou fatais entre as pessoas que têm
correta, pois se contrapõe ao risco relativo, que é a razão de quadro clínico da doença. Resposta c.
dois riscos absolutos, o risco dos expostos e o risco dos não
expostos. O risco absoluto é a própria incidência (acumu-
lada) de uma doença. Risco atribuível também é uma inci-
12. Razão de probabilidades de pessoas se tornarem doen-
dência, mas incidência que é devida, que é atribuída a um
tes, obtida mediante a comparação entre expostos e não ex-
determinado fator; e pode ser calculado tanto para expostos
postos, é o conceito de risco relativo. Resposta a.
ao fator como para a população total (este último é o risco
atribuível populacional), que inclui os expostos e os não ex-
postos. O risco atribuível populacional pode ser obtido de
duas maneiras: 13. Observe o quadro a seguir:
20. A alternativa a é ridiculamente incorreta, e deve ser aponta- 23. O estadiamento I, II, III e IV é qualitativo, categórico. Não
da, uma vez que vai contra a regionalização e a municipalização, é numérico apesar de estarem sendo usados algarismos roma-
conteúdo de políticas e normas operacionais do Sistema Único nos ou mesmo arábicos para identificá-lo. Poderiam ser usa-
de Saúde (SUS). Cabe uma ressalva à alternativa e: a atenção à das as letras A, B, C e D para o mesmo propósito. Não é pos-
saúde dos doentes não está prevista nos objetivos e atividades da sível estabelecer relações matemáticas entre os estádios como,
Vigilância Epidemiológica. O que mais se aproxima disso pode por exemplo, afirmar que o estádio III é três vezes mais grave
ser lido no texto abaixo, extraído do Guia de Vigilância Epi- ou mais intenso que o estádio I, ou que a distância entre os
demiológica, 7ª edição, 2010: “Investigação de casos de uma estádios III e IV é exatamente a mesma que existe entre os está-
doença. Em geral, os pacientes que apresentam quadro clínico dios I e II. É possível, porém, afirmar que há uma ordem entre
compatível com doença incluída na lista de notificação compul- os estádios, sendo que IV está mais avançado do que III e este
sória, ou com algum agravo inusitado, necessitam de atenção mais avançado do que II e assim por diante. Trata-se, portanto,
especial tanto da rede de assistência à saúde, quanto dos serviços de variável qualitativa (ou categórica) ordinal. Resposta a.
de vigilância epidemiológica, os quais devem ser prontamente
disponibilizados. Salienta-se aqui os seguintes procedimentos.
Assistência médica ao paciente – é a primeira providência a ser 24. Nesse estudo a variável independente é a presença do
tomada no sentido de minimizar as consequências do agravo HPV e a variável dependente é o óbito por carcinoma es-
para o indivíduo. Quando a doença for de transmissão pessoa pinocelular de orofaringe. O estudo é individual (pessoas
a pessoa, o tratamento contribui para reduzir o risco de trans- com o carcinoma espinocelular de orofaringe são a uni-
dade de análise ou de observação), observacional (não há
missão. Portanto, a depender da magnitude do evento, a equipe
intervenção) e analítico (há um grupo de controle ou de
de vigilância epidemiológica deve buscar articulação com os
comparação: pacientes com o carcinoma, mas sem HPV). A
responsáveis pela rede de assistência à saúde, para que seja dúvida que resta é definir se o estudo é prospectivo (coortes
organizado o atendimento à população” (grifos nossos). As- concorrentes ou então coortes históricas) ou retrospectivo
sim, fornecer atenção aos doentes é responsabilidade da rede de (casos-controles). Devemos nos lembrar de que o estudo
assistência à saúde. Resposta a. de coortes históricas (sinônimo de coortes não concorren-
tes) é costumeiramente chamado de coorte retrospectiva ou
retrospectivo de coorte, mesmo tendo um delineamento de
caráter prospectivo (iniciar se pela seleção de pessoas sem
21. O resultado final de um “forest plot” é lido no losango ou dia-
o efeito, que são expostas ou não expostas, e passam a ser
mante colocado na parte mais baixa da figura. O centro da figu- acompanhadas para o futuro, tudo ocorrendo num tempo já
ra indica, por projeção no eixo X, a estimativa pontual do efeito passado). Aí repousa a dificuldade e confusão que esta ques-
sumariado de todos os estudos que foram considerados na me- tão oferece. Algumas informações levam a crer que se trate
tanálise. Esse valor está reproduzido à direita do losango (Odds de um estudo do tipo casos-controles, quais sejam: “foi reali-
Ratio = 1,97). O intervalo de confiança de 95% dessa estimativa zado um estudo retrospectivo”; “revisão de casos atendidos”;
vai de 1,56 a 2,48 (estimativa intervalar). Esse intervalo pode ser “apresentaram uma menor chance” (a expressão “chance” re-
apreciado, também, pela largura do losango, que não engloba o mete à razão de chances ou odds ratio). Se assim foi, estaria
valor 1,0, valor da não associação entre violência do parceiro ínti- correta a alternativa c, pois a conclusão do estudo indica “que
mo (variável independente ou exposição) e sintomas depressivos os pacientes positivos para HPV apresentaram uma menor
em mulheres (variável dependente ou efeito). O valor 1,97, maior chance de morte pela doença”, ou seja, OR < 1,0, com signi-
do que 1,0, indica que a associação é positiva ou nociva, com sig- ficância estatística. Outras informações, porém, levam mais
nificância estatística (o que até está escrito à direita do valor 1,0 no a crer que se trate de um estudo do tipo coorte histórica ou
eixo X (“Exposure is a risk fator”). Resposta c. retrospectiva, quais sejam: “está estudando variáveis de ris-
co para mortalidade”; “estudo retrospectivo” (que pode re-
meter à coorte retrospectiva); “casos atendidos ao longo de
um período de tempo pré-estabelecido”; “ocorrência de óbi-
22. A comparação de duas curvas de sobrevida é estatistica- tos ao longo do período de observação”. Na coorte histórica
mente avaliada pelo chamado log-rank test, que compara es- (sinônimo de coorte retrospectiva) calcula-se exatamente a
timativas da hazard function de cada curva (potencial instan- mesma medida de associação da coorte concorrente: o risco
tâneo de incidência de cada curva) por meio da hazard ratio relativo (RR). Se assim foi, estaria correta a alternativa d, ou
(HR, razão de riscos instantâneos) e gera uma probabilidade seja, RR < 1,0, com significância estatística. Em todo estudo
de elas serem estatisticamente semelhantes. A interpretação de coorte a análise dos resultados pode ser feita em uma ta-
bela do tipo 2 x 2, resultando em um risco relativo, ou pode
numérica do HR é a mesma do Risco Relativo (RR) e da Odds
ser feita por meio das curvas de sobrevida, comparando-se as
Ratio (OR). O teste é usado para testar a hipótese de nuli-
curvas por meio do hazard ratio (HR), uma medida que tem
dade, ou seja, aquela que afirma não existir diferença entre interpretação numérica igual à do RR e da OR e que é uma
os grupos que estão sendo comparados na probabilidade de espécie de sumarização de inúmeros riscos relativos ao lon-
ocorrerem eventos (desfechos) em qualquer ponto do tem- go do tempo em que se faz o acompanhamento dos grupos
po. A cada momento do tempo em que ocorre um evento, que estão sendo comparados. Se assim foi, estaria correta a
calcula-se o número observado de eventos em cada grupo e o alternativa a, ou seja, HR < 1,0, com significância estatística.
número esperado se não houvesse diferença entre os grupos. Pelo fato de ter sido utilizada a expressão “óbitos ao longo do
É uma extensão do teste do qui-quadrado, também baseado período de observação”, o autor da questão julgou que isso
em comparações entre o observado e o esperado. Resposta d. seria suficiente para definir que a análise foi feita por meio de
curvas de sobrevida e o gabarito oficial apontou a alternativa outro lado, se o pesquisador pode destinar a exposição (para
a como correta. Salientamos, porém, que outras interpreta- um grupo), o estudo é experimental; e se ele não pode destinar,
ções são possíveis, como quisemos demonstrar. Resposta a. distribuir a exposição, o estudo é observacional. Resposta c.
28. Este teste trata dos numeradores, apenas, das medidas de fre-
25. A tabela traz dados de um estudo transversal (“apre-
quência prevalência e incidência, que, a rigor, englobam também
sentação do carcinoma segundo a presença ou ausência de
os denominadores, a fim de que sejam calculadas proporções.
tireoidite”). Não se usaram, propositalmente, termos como
incidência ou risco, ou seja, as diferentes formas de apre- Tanto a prevalência como a incidência são proporções: o nume-
sentação do carcinoma papilífero de tireoide tinham ou rador está contido no denominador. Ao numerador da incidência
não tinham, concomitantemente, a presença de tireoidite de interessam apenas os casos novos que surgiram em um determi-
Hashimoto. Dessa maneira, a alternativa d pode ser imedia- nado período de tempo (não devendo ser considerados os casos
tamente descartada, pois se refere a fator de risco, conceito alóctones, ou seja, os que adquiriram a doença em um lugar dife-
que não se deve usar em desenhos transversais, que não têm rente daquele em que a incidência esteja sendo medida). A inci-
capacidade para firmar riscos. A alternativa c está também dência (acumulada) mede risco absoluto. Ao numerador da pre-
claramente incorreta, pois a tabela 3 x 2 teve p<0,0001, ou valência interessam todos os casos existentes em um dado ponto
seja, há ali uma diferença estatisticamente muito signifi- no tempo, novos ou antigos. A prevalência mede a magnitude da
cante (certamente dada pelo grande contraste entre 31,6% e doença considerada em uma população. Resposta b.
70,3%). Restam as alternativas a e b. Note que se a expressão
“taxa” utilizada na alternativa a for tida como sinônimo de
proporção, porcentagem ou frequência, tanto a alternativa a
29. A febre Chicungunya (alternativa a) transmite-se indire-
como a b estariam corretas, o que não é admitido em testes
de múltipla escolha. Assim, somos obrigados a cogitar que o tamente como a dengue: por vetor biológico, no caso o Aedes
autor da questão reservou o termo “taxa” para o coeficiente aegypti, e não por transmissão direta de pessoa a pessoa. A
de incidência ou para a densidade de incidência (que não febre hemorrágica Ebola (alternativa b) não é transmitida in-
pôde ser calculada nesse estudo transversal), fazendo com diretamente tendo a água como veículo. O aumento anual de
que a única alternativa correta seja a b. Resposta b. casos de influenza nos meses frios é uma sazonalidade e não
obrigatoriamente uma epidemia (alternativa c). A composi-
ção e a concentração de antígenos hemaglutinina (HA) são
atualizadas a cada ano (alternativa d), em função dos dados
26. A incidência de hipertensão em fumantes é 40/(40+60) = epidemiológicos que apontam o tipo e cepa do vírus influen-
40%. Em não fumantes é 100/(100+400) = 20%. Resposta a. za que está circulando de forma predominante nos hemisfé-
rios Norte e Sul. Resposta a.
80
Taxa de Mortalidade Infantil
70
60
50
40
30
20
10
0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil
Fonte: MS/SVS/CGIAE/SIM e Sinasc, 1990, 2000, 2010 e 2012; Estudo Busca Ativa; Saúde Brasil 2010.
* Dados preliminares.
Pode-se notar que em 2012 a mortalidade infantil total era epidemia, em uma determinada área, sempre devem ser subme-
14,6 por mil nascidos vivos no Brasil, sendo 10,8 no Sul e tidos à investigação em profundidade. A magnitude, extensão,
19,5 no Norte, um valor 81% maior. A alternativa c está in- natureza do evento, a forma de transmissão e os tipos de medi-
correta porque pressupõe homogeneidade ante uma infor- das de controle indicadas (individuais, coletivas ou ambientais)
mação que pode variar bastante mesmo dentro de uma única são alguns elementos que orientam a equipe sobre a necessidade
cidade. A alternativa d está incorreta porque a mortalidade de serem investigados todos ou apenas uma amostra dos casos.
O principal objetivo da investigação de uma epidemia ou sur-
infantil engloba os óbitos até 1 ano de idade (365 dias de
to de determinada doença infecciosa é identificar formas de
vida). Resposta b.
interromper a transmissão e prevenir a ocorrência de novos
casos. Também é importante avaliar se o referido aumento de
casos se trata realmente de uma alteração do padrão epidemio-
lógico esperado ou se é um evento esperado para aquela época
31. A prevalência de uma doença sofre influência de todos os
do ano, lugar e população.” (grifo nosso). Resposta d.
fatores apontados na alternativa a: a incidência tende a aumen-
tá-la, assim como a migração de casos da doença, a emigração
de pessoas sem a doença, a maior duração da doença (como
uma maior sobrevivência), pois a prevalência é igual à incidên- 36. Atente para o texto abaixo, extraído do Guia de vigilância
cia multiplicada pela duração média da doença. As variações em Saúde, Ministério da Saúde, Brasília, 2014, pp. 474-475
inversas tendem a diminuir a prevalência. Estando correta a (Dengue).
alternativa a, a alternativa b está automaticamente incorreta.
Prevalência e incidência não são conceitos antagônicos; uma “Vigilância entomológica e medidas de prevenção e con-
trole. Períodos epidêmicos.
medida de frequência complementa a outra. Por exemplo,
pode-se compreender melhor a hipertensão arterial se dis- Vigilância entomológica e controle de vetores.
pusermos de informações sobre sua prevalência e incidência.
Antagônicos são, por exemplo, a mortalidade e a natalidade, a As ações de rotina (visita casa a casa, mobilização da popu-
imigração e a emigração, o óbito e a sobrevida. A alternativa d lação, mutirões de limpeza) devem ser intensificadas. Quan-
está incorreta porque apenas estudos prospectivos podem me do a situação epidemiológica (surto ou epidemia) indicar
dir incidência; transversais medem a prevalência. Resposta a. ações que venham a ultrapassar a capacidade operativa do
município, deve ser solicitado apoio em nível estadual. As
aplicações de inseticida a ultrabaixo volume (UBV), mesmo
com eficácia diminuída, são indicadas em situações epidê-
32. Sazão significa estação do ano. O conceito de variação sazo- micas. São utilizadas para reduzir ou mesmo interromper a
nal é o que está anotado no enunciado deste teste. Resposta b. transmissão (eliminação de fêmeas infectadas), devendo ser
programadas para repetições semanais. As avaliações ento-
moepidemiológicas deverão ser consideradas para interrom-
per essas aplicações, que estão sujeitas a influências climáticas
33. A mortalidade proporcional por IAM foi 50 óbitos por e operacionais, as quais contribuem para diminuição de sua
IAM/1.000 óbitos totais, o que resulta em 5% e não 10% (al- eficácia, razão pela qual devem ser adotados procedimentos
ternativa a). A incidência de IAM (alternativa b) foi 500 no- específicos para minimizar tais problemas. Nesse período, é
vos casos de IAM/50.000 habitantes, ou 10/10.000 habitantes. recomendada a intensificação de controle, como:
A letalidade por IAM em obesos foi 30 óbitos/200 casos ou
15%. Em não obesos foi 20 óbitos/300 casos ou 6,7%. A ra- • delimitar os quarteirões a serem trabalhados dentro da área
zão entre essas letalidades resulta em 2,24, ou seja, mais do de transmissão;
que o dobro em obesos (alternativa c). A mortalidade por
• avaliar os indicadores operacionais, na área delimitada, no
IAM na população foi 50 óbitos por IAM/50.000 habitantes
período anterior (última visita realizada, criadouros predo-
ou 1/1.000 habitantes e não 10% (alternativa d). Resposta c. minantes, índice de pendência, execução do controle vetorial
nos pontos de maior concentração de criadouros, tais como
ferros-velhos, cemitérios, borracharias, entre outros);
34. O numerador da mortalidade infantil neonatal é constitu- • realizar atividades de eliminação mecânica e tratamento de
ído pelos óbitos ocorridos antes do 28º dia completo de vida criadouros, redução de pendência, bloqueio focal nas áreas
do recém-nascido. O denominador é o número de nascidos delimitadas com o objetivo de fechar cada área em, no má-
vivos naquele local, ao longo do ano de interesse. O resul- ximo, uma semana;
tado dessa razão é multiplicado sempre por mil (convenção
internacional) e lido como: tantos óbitos a cada mil nascidos • priorizar supervisão na área estabelecida;
vivos. O número de óbitos em menores de sete dias de vida é
• realizar mutirão de limpeza com a comunidade e serviços
o numerador da mortalidade infantil neonatal precoce; entre
de limpeza urbana na área delimitada;
sete e 28 dias, da neonatal tardia. Resposta b.
• fortalecer ações integradas com as equipes de saúde local
(se existentes) da área delimitada, definindo atribuições
específicas de atuação;
35. Atente para o parágrafo a seguir, retirado do Guia de Vigi-
lância em Saúde, Ministério da Saúde, Brasília, 2014, p. 781. “In- • definir, em conjunto com a comunicação, apoio às ações
vestigação de surtos e epidemias – Os primeiros casos de uma de bloqueio.
publicados estudos ditos “positivos”, ou seja, que apresentem ças (CID-10) antecipou o início do período perinatal para 22
diferenças ou associações estatisticamente significantes, es- semanas de gestação, que corresponde a aproximadamente
tudos em que se rejeite a hipótese de nulidade das diferenças 500g de peso ao nascer e a 25 cm de estatura. Essa definição
(Hzero). Resposta b. foi referendada pelo Conselho Federal de Medicina, em sua
Resolução nº 1.601 de 9 de agosto de 2000. Interpretação:
estima o risco de morte de um feto nascer sem qualquer si-
43. A alternativa a está incorreta por dois motivos: se a co- nal de vida ou, nascendo vivo, morrer na primeira semana.
munidade é não susceptível, não ocorre epidemia; e o aco- De maneira geral, reflete a ocorrência de fatores vinculados
metimento nesse tipo de epidemia ocorre frequentemente ao à gestação e ao parto, entre eles o peso ao nascer, bem como
mesmo tempo ou em um curto espaço de tempo (uma refei- as condições de acesso a serviços de saúde e a qualidade da
ção contaminada; contaminação da água de abastecimento assistência pré-natal, ao parto e ao recém-nascido”. A alterna-
público por poucos dias). A epidemia progressiva ou propa- tiva b, portanto, está errada em função do peso do feto (500
gada é aquela em que a transmissão é de pessoa a pessoa (al- g e não 350) A alternativa d está incorreta porque as causas
ternativa c), podendo ser direta ou indireta, incluindo-se aí exógenas são muito mais determinantes dos óbitos pós-neo-
os vetores. A epidemia por fonte pontual nada mais é do que natais. Resposta c.
uma epidemia por fonte comum (maciça) em que a duração
da exposição foi muito curta (como uma refeição contami-
nada numa festividade, que em poucas horas afeta todas as
pessoas). Assim, o critério para a epidemia por fonte comum 46. A alternativa a está incorreta apenas por sua última
ser classificada como pontual não é a extensão geográfica na afirmação, porque, de fato, o índice de Swaroop & Uemura
qual a população é afetada, mas a extensão de tempo (dura- (SW) não leva em consideração a causa dos óbitos no nu-
ção da exposição, curta) em que a população ficou exposta. merador; apenas a idade (50 anos ou mais). Populações com
Uma epidemia por fonte comum pode ser, ao contrário de alta expectativa de vida (alternativa b) tendem a apresentar
pontual, prolongada, persistente, quando, por exemplo, uma altos índices de SW. A alternativa c não tem qualquer lógi-
contaminação de água de abastecimento público demora ca, pois o índice é calculado para diferentes cidades, esta-
algumas semanas até ser debelada. Resposta b. dos ou regiões, permitindo comparação entre eles, que é o
objetivo de um indicador de condições de vida e saúde. O
parágrafo seguinte foi retirado de Epidemiologia & Saúde,
de Maria Zélia Rouquayrol e Naomar de Almeida Filho,
44. A alternativa b está incorreta porque os estudos ecológi- 6ª edição, 2003, p. 47: “...Índices como esse, por não serem
cos podem ter muitos vieses, especialmente de confusão, pois afetados por problema de estrutura populacional, são muito
a associação observada no nível do agregado populacional utilizados em saúde pública para fins de comparações locais
pode ser devida a alguma outra variável que não aquela esco- (em épocas diferentes) ou inter-regionais e intercontinentais
lhida como independente ou “exposição”. Estudos transver- num mesmo período”. Resposta d. Gabarito oficial a.
sais falham em estabelecer causalidade (alternativa c) justa-
mente por não apresentarem o critério de temporalidade ou
relação temporal: não se consegue garantir que a exposição
antecedeu ao efeito; todas as variáveis são medidas simulta- 47. Observe a tabela do capítulo 6 de sua apostila intitulada
neamente. A alternativa d está incorreta porque nos estudos “Classificação dos estudos individuais”. Note que o campo de
casos-controles o tamanho da amostra tende a ser menor do interesse dos estudos individuais, observacionais, prospecti-
que nos estudos de coorte; nestes últimos, milhares de indi- vos e descritivos é justamente o curso clínico e prognóstico.
víduos precisam ser acompanhados, muitas vezes por longo Pessoas com uma determinada característica são acompa-
período (alto custo) para que algumas dezenas de casos inci- nhadas em direção ao futuro com a finalidade de estimar a
dam. Resposta a. probabilidade de ocorrerem certos desfechos. Resposta d.
45. A alternativa a está incorreta apenas por um pequeno de- 48. A alternativa a está correta. O NNT (Número Necessá
talhe: os óbitos incluídos vão até o sétimo dia completo de rio de Tratamentos para evitar um caso, um desfecho, um
vida (ou seis dias, 23 horas e 59 minutos, caso se queira ser “evento ruim” como escrito na alternativa) expressa a relação
extremamente rigoroso, já que sete dias e alguns minutos já entre tratamentos e prevenção de um evento. Deve-se, po-
não são mais sete dias completos). Leia o texto abaixo, ex rém, entender que não se trata de uma proporção, ou seja,
traído da RIPSA (Rede Interagencial de Informações para a se o NNT for, digamos, 50, isso não quer dizer que de 50
Saúde): “Número de óbitos ocorridos no período perinatal indivíduos tratados, 49 não tiveram o desfecho evitado (uma
por mil nascimentos totais, na população residente em deter- porcentagem de sucesso de apenas 1 em 50 ou 2%). O concei-
minado espaço geográfico, no ano considerado. O período to correto é: quantos tratamentos foram necessários para que
perinatal começa em 22 semanas completas (ou 154 dias) de houvesse um caso a menos (um caso evitado ou prevenido)
gestação1 e termina aos sete dias completos após o nascimen- em relação ao que ocorreu no grupo controle; ou um caso a
to, ou seja, de 0 a 6 dias de vida (período neonatal precoce). mais de sucesso em relação aos sucessos que ocorreram no
Os nascimentos totais incluem os nascidos vivos e os óbitos grupo-controle. Quanto menor o NNT, melhor, mais eficien-
fetais. A 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doen- te é um tratamento (alternativa d). A alternativa c está tam-
bém correta, mas estaria mais clara se estivesse anotado “... sociais e demográficas (urbanização), as más condições de
expressa a redução relativa da taxa de evento...”, ou “... redu- vida, a falência de programas públicos de saúde e os procedi-
ção em porcentagem da taxa de evento), porque, como está mentos médicos e a resistência microbiana, todos são fatores
grafada, serve também ao conceito de Redução Absoluta de que também favorecem a emergência e reemergência de do-
Risco (RAR). A alternativa b é a que deve ser apontada como enças. Resposta c.
incorreta; tanto RRR como RAR são medidas que levam em
consideração a “taxa de desfecho”, a incidência do desfecho
nos grupos que estão sendo comparados. A RAR, por exem-
plo, é a diferença entre essas duas incidências. Resposta b. 51. Como o enunciado reporta “prevenção de novos agravos”
a um “idoso frágil” e vulnerável, é de se pensar que existam
já agravos, os quais podem afetar mais ainda a capacidade
funcional debilitada desse idoso. Agravos permanentes e
49. A alternativa a está incorreta porque a uretrite tem trans- sequelas, impossíveis de serem revertidos, mas que podem
missão que exige contato físico (direta imediata). O saram- ser controlados para que não evoluam mais ou tenham sua
po (alternativa b) e a hanseníase (alternativa d) não exigem evolução retardada constituem a fase terciária das medidas
contato físico; são de transmissão respiratória (fala, tosse, es- preventivas, em seu nível de reabilitação. As ações paliativas
pirro), ou seja, direta mediata. Quanto ao tracoma, leia este são também consideradas prevenção terciária, mas a alterna-
pequeno resumo retirado do Guia de Vigilância em Saúde, tiva que as aponta inclui as ações quaternárias que, embora
do Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, muito indicadas no caso em foco, não são contempladas na
2014: “Descrição: Afecção inflamatória ocular, uma cera- solicitação do enunciado. As ações quaternárias visam à de-
toconjuntivite crônica recidivante que, em decorrência de tecção de indivíduos em risco de tratamento excessivo para
infecções repetidas, pode produzir cicatrizes na conjuntiva protegê-los de novas intervenções médicas inapropriadas e
palpebral superior. As lesões podem evoluir e causar mudan- sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis (WONCA,
ças na posição da pálpebra superior e dos cílios, cujo atrito 2003). Jamoulle(1999) propôs a prevenção quaternária como
com o globo ocular poderá ocasionar alterações da córnea, um quarto e último tipo de prevenção, não relacionada ao
provocando graus variados de opacificação, que podem evo- risco de doenças e sim ao risco de adoecimento iatrogêni-
luir para a redução da acuidade visual, até a cegueira. Agente co, ao excessivo intervencionismo diagnóstico e terapêutico
etiológico: A bactéria gram negativa Chlamydia trachoma e a medicalização desnecessária. Similarmente, para Gérvas
tis, nos sorotipos A, B, Ba e C. Reservatório: O homem, (2005), é prevenção quaternária a ação que atenua ou evita
com infecção ativa na conjuntiva ou outras mucosas, prin- as consequências do intervencionismo médico excessivo que
cipalmente crianças com até 10 anos de idade, em popula- implica atividades médicas desnecessárias. Resposta a.
ções onde o tracoma é endêmico. Vetores: Alguns insetos,
como a mosca doméstica (Musca domestica), e a lambe-olhos
(Hippelates sp.). Modo de transmissão: Ocorre durante a in-
fecção ativa, tanto na forma direta, de pessoa a pessoa, por 52. A alternativa a está correta, pois a imunização é, via de
contato com as secreções oculares, como na forma indireta, regra, medida aplicada antes que as pessoas adquiram uma
por meio de contato com objetos contaminados como toa- infecção; é uma ação preventiva no período pré-patogênico
lhas, lenços e fronhas. As moscas podem contribuir para a ou pré-patológico. A afirmação da alternativa b é duvidosa.
disseminação da doença por transmissão mecânica. Período Eis por quê: considere uma doença como o acidente vascular
de incubação: De 5 a 12 dias. Período de transmissibilida- cerebral (AVC) ou o infarto agudo do miocárdio (IAM) ou
de: A transmissão ocorre enquanto houver lesões ativas nas mesmo a insuficiência coronariana crônica (doença isquê-
conjuntivas, por um período que pode durar vários anos”. mica do coração). O que representa a hipertensão arterial
Portanto, a alternativa c está correta, ainda que possa ocorrer sistêmica (HAS) para essas doenças? Um fator de risco. Não
também transmissão indireta por fômites ou por vetores me- é possível dizer que a HAS seja uma dessas doenças em sua
cânicos. Resposta c. fase inicial, assintomática, de forma que detectar HAS seja
prevenção secundária de uma delas. Nesse caso, identificar
esse fator de risco (HAS) seria prevenção primária. Por ou-
tro lado, considere que a HAS seja, ela própria, uma doença.
50. A alternativa c está claramente incorreta, pois epidemia Antes que as pessoas portadoras de HAS venham a apresen
propagada ou progressiva é aquela em que existe transmis- tar mesmo simples sintomas (e não complicações), é possível
são de pessoa a pessoa, por via direta (contágio) ou indireta detectá-la por meio de um rastreamento. Neste caso, estaria
(veículos animados ou não). O que traduz a ideia de intensi- se tratando de prevenção secundária da hipertensão (e não
dade ou magnitude de um agravo ou doença é a prevalência. mais prevenção primária do AVC ou do IAM). Conceitu-
A incidência traduz uma força, um potencial capaz de fazer almente, fatores de risco não são doenças; são apenas fato-
surgirem e subsistirem novos casos do agravo ou doença. As res associados à ocorrência de doenças (que podem nunca
pandemias são favorecidas pelas facilidades de transporte e ocorrer; e podem ocorrer em quem não é portador do fa-
mobilidade das (aumentam a disseminação de agentes etio- tor de risco). Por isso, detectar fatores de risco ou impedir
lógicos) no mundo cada vez mais globalizado. Além disso, as o surgimento dos mesmos pode ser considerado prevenção
mudanças no uso da terra e de práticas de agricultura (inten- primária. No entanto, como se lança mão de rastreamentos
sificação do agronegócio), as mudanças nos ecossistemas, a (screenings) para a detecção de fatores de risco, alguns auto-
evolução dos agentes patogênicos (mutações), as mudanças res preferem dizer que a ação é de prevenção secundária, pois
é forte a relação entre prevenção secundária e rastreamen- gocócica e outras meningites”. Atualmente, as meningites vi-
tos (haja vista a alternativa c). A alternativa d contém uma rais não estão contempladas na LNNC. Porém, a Nota Infor-
simplificada definição de prevenção quaternária. A alterna- mativa sobre registro e notificação compulsória de doenças e
tiva e está definitivamente incorreta (daí a ter-se de aceitar, agravos, da Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da
neste teste, a afirmação da alternativa b como correta). Leia Saúde, encaminhada aos presidentes do CONASS e do CO-
o pequeno texto a seguir, acerca de prevenção terciária, reti- NASEMS em 20 de agosto de 2014, denota que “... optou-se
rado de “Da prevenção primordial à prevenção quaternária”, por suprimir o termo ‘outras meningites’, conforme sugerido
de Lúcio Meneses de Almeida, publicado em Prevenção em por alguns revisores das Secretarias Estaduais de Saúde. No
Saúde (Portugal), v. 23, nº 1, jan-jun 2005: “... Já a preven- entanto, isso não implica na alteração no SINAN (Sistema de
ção terciária tem como finalidade reduzir os custos sociais Informações dos Agravos de Notificação) e qualquer menin-
e econômicos dos estados de doença na população através gite permanece passível de registro”. Além disso, o Guia de
da reabilitação e reintegração precoces e da potenciação da Vigilância em Saúde de 2014 (p. 69) indica que surtos ou aglo-
capacidade funcional remanescente dos indivíduos. Aten- merados de casos ou óbitos de meningites não causadas por
dendo à associação entre incapacidade e doença crônica meningococos ou por Haemophilus influenzae também são de
(Barker, 1998), a prevenção terciária implica o tratamento (e notificação compulsória. A meningite por Streptococcus pneu-
controlo) das doenças crônicas (Fowler e Gray, 1983; Alwan, moniae é monitorada em hospitais-sentinela. Com todas es-
1997). Assim, o nível terciário de prevenção corresponde, sas observações, a alternativa a está incorreta. As meningites
basicamente, à «gestão» dos estados de doença (Fowler e bacterianas não são zoonoses (alternativa d). As meningites
Gray, 1983).” (grifo nosso). Resposta e. bacterianas têm transmissão respiratória, por contágio me-
diato, mas algumas meningites virais podem ter transmissão
fecal-oral (alternativa e), como as causadas por enterovírus
(poliovírus, vírus echo, coxsakie A e B). Resposta b.
53. A primeira propriedade que um teste de rastreamen-
to deve ter é alta sensibilidade, para que consiga detectar o
maior número possível de doentes. Se a sensibilidade é alta,
será baixa a proporção de falsos negativos entre os verdadei- 57. Com relação à alternativa a, o principal reservatório e
ramente doentes (casela c da tabela do tipo 2 x 2 de validação único de importância epidemiológica na hanseníase é o ser
de um teste diagnóstico), o que faz com que o valor preditivo humano. Além disso, o caso de hanseníase pode ter bacilos
negativo seja alto. Resposta a. copia negativa (casos paucibacilares, da hanseníase tubercu
loide). Leia sobre a definição de caso de hanseníase no Guia
de Vigilância em Saúde de 2014 (p. 368 369): “Considera se
um caso de hanseníase a pessoa que apresenta um ou mais
54. O risco atribuível é obtido pela subtração, e não soma, de dos seguintes sinais cardinais:a) mancha e/ou área(s) da pele
dois riscos: o dos expostos e o dos não expostos. A diferen- com alteração (perda) de sensibilidade, característica da
ça indica o excesso de risco que os expostos têm em relação hanseníase; b) acometimento de nervo(s) periférico(s), com
aos não expostos, excesso esse que é atribuído à exposição, ou sem espessamento, associado a alterações sensitivas e/
daí a outra denominação do risco atribuível dos (ou para ou motoras e/ou autonômicas; e c) baciloscopia positiva de
os) expostos: excesso atribuível dos expostos. Sua utilidade é esfregaço intradérmico. Caso novo de hanseníase refere se
prever que parcela do risco dos expostos poderia ser evitada à pessoa que nunca recebeu qualquer tratamento específico.
se fosse eliminada a exposição (o impacto de um programa Com relação à alternativa c, a espécie A. aegypti é a mais im
de controle de fatores de risco, como afirma corretamente a portante na transmissão da dengue. O Aedes albopictus é o
segunda parte da alternativa c). Resposta c. vetor de manutenção da dengue na Ásia. Embora já esteja
presente nas Américas, até o momento, não foi associado à
transmissão da dengue nesta região (Guia de Vigilância em
55. A sensibilidade de um teste diagnóstico é a capacidade Saúde, 2014, p. 459). A alternativa b está mal formulada, afi
que tem o teste de identificar corretamente os doentes, ou nal, qualquer evento em relação à Aids ocorreu após 1980;
seja, de resultar positivo em quem realmente tem a doença. além disso não se especifica a qual região ou estado do país
No caso, 98/100 ou 98%. Resposta b. (Brasil) a afirmação sobre a feminização da epidemia se refe
re. Subentendendo-se que seja o país como um todo, a razão
de masculinidade na incidência da Aids (número de casos
em homens dividido pelo número de casos em mulheres)
56. Na Lista Nacional de Notificação Compulsória (LNNC) para a faixa etária de 25 a 34 anos (enunciado) foi 2,58 entre
de doenças de 2014 (em vigência desde junho daquele ano) 1980 e 2001, 1,46 em 2002, 1,48 em 2003, 1,42 em 2004, 1,36
consta, na linha 11, a “Doença invasiva por Haemophilus in- em 2005, 1,38 em 2006, 1,48 em 2007, 1,46 em 2008, 1, 64
fluenza” e a “Doença meningocócica”. No item 15 da LNNC em 2009, 1,77 em 2010, 1,84 em 2011, 1,96 em 2012, 2,13
consta “Evento de Saúde Pública (ESP) que se constitua ame- em 2013 e 2,27 em 2014, ou seja, nos últimos 14 anos nun
aça à saúde pública” e, no artigo 2º da Portaria Nº 1.271, de 6 ca houve feminização da Aids para essa faixa etária (Boletim
de junho de 2014, que define a LNNC, ESP vem caracterizado Epidemiológico Aids e DST Ano IV nº 1 da 27ª à 53ª
como a ocorrência de surto ou epidemia ... considerando o semana epidemiológica julho a dezembro de 2014; Ano IV
potencial de disseminação, magnitude, gravidade...”. Na lista nº 1 da 01ª à 26ª semana epidemiológica janeiro a junho de
imediatamente anterior, de 2011, constava “Doença menin- 2015, ISSN: 1517 1159, Ministério da Saúde Secretaria de
Vigilância em Saúde - Departamento de DST, Aids e Hepati- nativa e). No Brasil, duas espécies estão relacionadas com a
tes Virais, © 2015. Ministério da Saúde). A feminização ocor- transmissão da doença: Lutzomyia longipalpis, a principal; e
reu na faixa etária de 13 a 19 anos, em que a razão de sexo Lutzomyia cruzi, também incriminada como vetora em áreas
em 1985 era 14,0:1 e, a partir de 1998, ocorreu uma inversão específicas dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do
na razão (feminização), alcançando 0,7:1 em 2007. Resposta Sul. Ainda, é possível que uma terceira espécie, Lutzomyia
e (embora o gabarito oficial tenha apontado como correta a migonei, também participe da transmissão de LV, devido à
alternativa b). sua alta densidade em áreas com ausência de L. longipalpis
e/ou L. cruzi e registro de casos autóctones da doença, mas
isto precisa ser mais estudado. Esses insetos são conhecidos
popularmente por mosquito-palha, tatuquira, birigui, entre
58. A varíola foi erradicada por não ser uma zoonose (o ho- outros, dependendo da região geográfica (informações ob-
mem é o único reservatório importante), não ter reservató- tidas no Guia de Vigilância em Saúde, 2014 e Manual de Vi-
rio na natureza (não é o caso do tétano, da febre amarela e gilância e Controle da Leishmaniose Visceral, Brasília – DF,
da raiva) e ter uma vacina de ótima qualidade, com grande 2006). Resposta d.
poder de imunização duradoura (não é o caso da dengue,
da tuberculose e da hanseníase atualmente – dezembro de
2015). Resposta a.
60. A alternativa b está claramente incorreta porque a pa-
ciente não tem diagnóstico estabelecido nem de diabetes,
nem de hipertensão (foi uma única medida em uma oca-
59. Apenas os casos de doença de Chagas aguda são de no- sião, com valores limítrofes) e nem de obesidade (presente
tificação compulsória (e imediata) segundo a Lista Nacional se IMC≥30,0; a paciente tem apenas sobrepeso). A alter-
de Notificação Compulsória de doenças, segundo a Portaria nativa a está também incorreta porque a promoção da saú-
nº 1.271, Gabinete do Ministro da Saúde, de 6 de junho de de extrapola ações do setor saúde. De acordo com a Carta
2014 (alternativa a). Com relação à alternativa b, o contro- de Otawa (I Conferência Internacional sobre Promoção da
le da transmissão urbana da Leishmaniose Visceral (LV) é Saúde, 1986), “promoção da saúde é o nome dado ao pro-
laborioso e de resultados nem sempre satisfatórios a partir cesso de capacitação da comunidade para atuar na melho-
de uma única aplicação residual de inseticida. Portanto, ou- ria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior
tras medidas mais permanentes são indicadas como o ma- participação no controle deste processo. Para atingir um
nejo ambiental, através da limpeza de quintais, terrenos e estado de completo bem-estar físico, mental e social (...).
praças públicas, a fim de alterar as condições do meio, que Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza
propiciem o estabelecimento de criadouros de formas ima- os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades
turas do vetor. Medidas simples como limpeza urbana, eli- físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilida-
minação dos resíduos sólidos orgânicos e destino adequado de exclusiva do setor saúde, e vai para além de um estilo
dos mesmos, eliminação de fonte de umidade, não perma- de vida saudável, na direção de um bem-estar global”. O
nência de animais domésticos dentro de casa, entre outras, significado do termo Promoção da Saúde foi mudando ao
certamente contribuirão para evitar ou reduzir a proliferação longo do tempo e, atualmente, associa-se a valores como:
do vetor. A indicação das atividades voltadas para o contro- vida, saúde, solidariedade, equidade, democracia, cida-
le vetorial dependerá das características epidemiológicas e dania, desenvolvimento, participação e parceria. Além
entomológicas de cada localidade. O controle químico por disso, está relacionado à ideia de “responsabilização múl-
meio da utilização de inseticidas de ação residual é a medi- tipla”, uma vez que envolve as ações do Estado (políticas
da de controle vetorial recomendada no âmbito da proteção públicas saudáveis), dos indivíduos (desenvolvimento de
coletiva. Esta medida é dirigida apenas para o inseto adulto habilidades pessoais), do sistema de saúde (reorientação
e tem como objetivo evitar e/ou reduzir o contato entre o in- do sistema de saúde) e de parcerias interssetoriais (BUSS,
seto transmissor e a população humana, consequentemente, 2003). Vale ressaltar que termos como empowerment e au-
diminuir o risco de transmissão da doença. Quando é reco- tocuidado vêm sendo cada vez mais utilizados, uma vez
mendado o controle químico? A) Em áreas com registro do que a promoção da saúde envolve o desenvolvimento de
primeiro caso autóctone de LV humana, imediatamente após habilidades individuais, a fim de permitir a tomada de de-
a investigação entomológica; B) Em áreas com transmissão cisões favoráveis à qualidade de vida e à saúde. Assim, a
moderada e intensa, se a curva de sazonalidade do vetor for participação direta do paciente nas ações de saúde, embo-
conhecida, a aplicação do inseticida de ação residual deverá ra desejável, não define a promoção da saúde. A alternati-
ser realizada no período do ano em que se verifica o aumento va c aborda a proteção à saúde; essa noção fundamenta-se
da densidade vetorial. Caso contrário, o primeiro ciclo de em um conceito estrutural de risco como possibilidade,
tratamento deverá ser realizado ao final do período chuvoso enquanto que o modelo de prevenção baseia-se no concei-
e o segundo, 3 a 4 meses após o primeiro ciclo. A borrifação to epidemiológico de risco como probabilidade. Proteção
do inseticida deve ser feita nas paredes internas e externas à saúde é expressão muito utilizada pela Vigilância Sanitá-
do domicílio (grifo nosso) incluindo o teto, quando a altura ria, quando busca garantir a segurança de bens, produtos
deste for de até 3 metros; deve também ser feita nos abrigos e serviços de interesse da saúde oferecidos à população. A
de animais ou anexos, quando os mesmos forem feitos com alternativa d diz respeito ao conceito de autonomia. Re-
superfícies de proteção (parede) e possuam cobertura supe- tomando a Carta de Ottawa, o conceito de promoção da
rior (teto). O transmissor da LV não é o Aedes aegypti (alter- saúde está relacionado ao processo de capacitação da co-
munidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida oficial apontou a alternativa c como correta, mas resta esse
e saúde, incluindo maior participação no controle desse senão: o uso de um verbo inadequado para exprimir o desejo
processo. Dessa forma, os indivíduos e os grupos devem do autor... Resposta c.
ser capazes de identificar e satisfazer suas necessidades.
Traduzindo essa proposta, pode-se afirmar que quando as
ações de promoção da saúde se propõem a ampliar o con-
trole dos indivíduos sobre os determinantes da saúde, ela 63. Baixa sensibilidade não é útil para nada. Alta especifi-
se refere também a ampliar a autonomia dos indivíduos e cidade costuma ser útil para confirmar doenças (confirmar
coletividades para agirem sobre esses determinantes. En- diagnósticos) em função do alto valor preditivo positivo (e
contra-se, portanto, a autonomia como categoria nortea- isso ocorre devido à pequena proporção de falsos positivos
dora das ações em promoção da saúde (FLEURY-TEIXEI- entre os não doentes). Resposta d.
RA et al., 2008). A alternativa e aponta para a prevenção
secundária, aquela que tem início já no período patogê- 64. Estudos transversais são úteis para avaliar prevalência, que
nico de Leavell & Clark, ou seja, o período do processo é a proporção de pessoas que têm uma determinada doença
saúde-doença em que o indivíduo já está envolvido, mas em um ponto do tempo (determinado momento). Resposta d.
a doença ainda não se manifestou clinicamente ou, se isso
já ocorreu, não há defeitos ou incapacidades estabelecidas.
A paciente em questão “acaba de ouvir de seu médico que 65. Com os dados do enunciado é possível montar a tabela
está em risco de tornar-se diabética”. Essa é a questão de do tipo 2 x 2 colocada a seguir:
fundo do teste. O processo de diabetes já se iniciou, pois
o valor da hemoglobina glicada já não é normal (menor
do que 5,7%). A rigor, está exatamente no limite superior Dabetes (gold standard)
do chamado pré-diabetes (6,4%). As ações propostas, en- Sim Não
tão, são uma prevenção secundária para um diabetes que
está se iniciando, ainda subclínico. Por outro lado, sabe- Novo méto- Positivo 80 20
mos que combate ao sedentarismo, à obesidade, estímulo do diag- Nega-
nóstico 240
à atividade física e combate ao tabagismo são medidas de tivo
promoção da saúde no modelo de Leavell & Clark, na fase 200 260 460
de prevenção primária. Dessa maneira, a alternativa a po-
deria ser uma opção, mas a forma de sua redação (justifi- A sensibilidade é dada por 80/200 ou 40%. A especificidade é
cada por se focar na participação direta do paciente) faz dada por 240/260 ou 92,3%. Resposta e.
com que a alternativa e seja a melhor resposta. Resposta e.
62. A variável independente nessa investigação proposta é a 67. O VPP (valor preditivo positivo) é a proporção de positi-
obesidade; a dependente é a asma. Como o enunciado cita o vos verdadeiros entre o total de resultados positivos. Dentre
risco relativo, o estudo de eleição é o de coorte: obesos e não os 50 resultados positivos obtidos, 45 foram positivos verda-
obesos, todos sem asma inicialmente, seriam acompanhados deiros, ou seja, 45/50 ou 90/100. Resposta a.
ao longo do tempo para se medir a incidência de asma. Há,
no entanto duas alternativas que contêm o estudo de coorte
(b e c). Um estudo ecológico (alternativa b) até seria possí-
vel: uma população no geral obesa seria comparada a uma 68. Inicialmente convém comentar que não é a ANVISA a
população no geral não obesa com relação à incidência de responsável pela emissão da Lista Nacional de Notificação
asma. Pode-se imaginar a dificuldade desse desenho para Compulsória (LNNC) de doenças. É o próprio Ministro da
as caracterizações necessárias (prevalências de obesidade Saúde, por meio de Portaria Ministerial. E a lista está afei
nos diferentes lugares e incidência – e não prevalência – do ta à Vigilância Epidemiológica (vinculada à Vigilância em
desfecho). A alternativa c propõe também um estudo caso- Saúde) e não à Vigilância Sanitária. De qualquer maneira, a
-controle, bastante factível: asmáticos e não asmáticos seriam atual LNNC (de 6 de junho de 2014) não inclui a gonorreia.
comparados quando à presença de obesidade pregressa (an- Lembre-se de que qualquer violência é de notificação com-
tes de a asma surgir). Mas estudos casos-controles não “veri- pulsória (e, dentre elas, a violência sexual e a tentativa de sui-
ficam” o risco relativo, como diz o enunciado; apenas o esti- cídio são de notificação imediata – em, no máximo, 24 horas
mam, por meio da razão de chances ou odds ratio. O gabarito do atendimento). Resposta e.
69. O mascaramento ou cegamento (blinding) pode evitar viés separadamente (nada impede que isso seja também calculado, e
de aferição (mensuração, informação), mas não de seleção o foi, mas não está apresentado nessa questão). A alternativa d
(alternativa a). Se os efeitos colaterais de um tratamento são está incorreta porque sempre é possível calcular um intervalo de
muito importantes (alternativa b) ou se a intervenção for uma confiança para qualquer medida obtida em uma amostra, des-
dieta ou uma psicoterapia, como esconder isso dos participan- de que ela seja aleatória. Esse pressuposto faz parte da teoria da
tes? Por isso, o mascaramento não é especialmente eficiente inferência estatística e tem base na teoria das probabilidades. A
nessas situações. Quando a medida do efeito é dada por uma alternativa e está incorreta porque ignora as estimativas interva-
avaliação objetiva (análise bioquímica, feita por uma máqui- lares calculadas. Resposta a.
na), minimiza-se a importância do mascaramento (alternativa
c), pois a máquina não sofrerá tendenciosidade por conhecer
ou não conhecer a situação de exposição dos pacientes envol-
vidos. Análises estatísticas não corrigem vieses de aferição; o 73. Grupos populacionais definidos geograficamente (mães
máximo que fazem é controlar variáveis de confusão se tais de 15 a 19 anos de diferentes microrregiões) são compara-
variáveis foram colhidas na realização dos estudos. Se não fo- dos quanto a uma variável independente (analfabetismo
ram colhidas informações sobre as mesmas, o viés de confusão funcional) e uma dependente (taxa de fecundidade específi-
ou confundimento poderá ocorrer, pois não será possível fazer ca para a faixa etária). São todos dados secundários obtidos
ajustes para tais variáveis. O ideal é que qualquer ensaio clíni- de levantamentos epidemiológicos (recenseamento, PNADs
co, tanto de intervenção curativa como preventiva (alternativa Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, SINASC
e), seja duplo ou triplo mascarado (duplo ou triplo cego). O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos). O objetivo
sucesso de intervenções preventivas pode perfeitamente ser de comparar diferentes regiões quanto a essas duas variáveis
afetado por tendenciosidades dos pacientes ou dos observado- é conseguir obter variabilidade de exposição (variabilida-
res dos efeitos. Resposta c. de das taxas de analfabetismo funcional) para que se possa
investigar a ocorrência de associação com a taxa específica
de fecundidade. Uma única região poderia não apresentar
variabilidade suficiente e inviabilizar a investigação. Todas
70. O Vigitel é um estudo transversal sobre prevalência de fa- essas são características de estudos ecológicos (de múltiplos
tores de risco em amostra probabilística obtida por cadastro grupos – as múltiplas microrregiões; e analíticos – a presen-
de linhas de telefone fixo em capitais brasileiras. Evidente- ça de uma variável independente, o analfabetismo funcional,
mente, as pessoas que não têm telefone fixo não têm qualquer tentando explicar a diferença na variável dependente, a taxa
probabilidade de participar da amostra, o que configura um de fecundidade específica). Resposta e.
viés de seleção, considerado não importante para as estima-
tivas desejadas. Todos os dados que geram as associações
apontadas (por exemplo, entre sexo e diversos fatores de ris-
co) são obtidos, de cada indivíduo, em um único instante, 74. A taxa de fecundidade específica por idade é obtida pela
simultaneamente; daí o caráter transversal do estudo (corte divisão do número de filhos nascidos vivos de mulheres de
seccional e não coorte). Resposta c. determinada faixa etária pelo número de mulheres dessa fai-
xa etária na população e o quociente é multiplicado por mil.
É, portanto, uma variável numérica ou quantitativa contínua
(não discreta, que são medidas que só admitem números in-
71. Todas as razões de prevalência (RP) mostradas na penúl- teiros). A taxa de analfabetismo funcional em mulheres de
tima coluna da tabela são de prevalências em homens dividi- uma determinada faixa etária é a proporção (ou porcenta-
das por prevalências em mulheres, e todas as razões têm seus gem, que varia de 0% a 100%) de mulheres analfabetas fun-
correspondentes intervalos de confiança. Isso permite concluir cionais dentre o total de mulheres dessa faixa etária. É tam-
que a única afirmação incorreta é a da alternativa d, pois a RP bém uma variável quantitativa contínua. Resposta b.
0,8 indica que o denominador (prevalência em mulheres) é
maior que o numerador (prevalência em homens). Resposta d.
75. O coeficiente de correlação de Pearson mede a associa-
ção entre duas variáveis quantitativas (numéricas) contínuas.
72. A alternativa a está correta. O intervalo de 95% de confiança Pode variar de –1 a +1. Valores maiores do que zero indicam
(estimativa intervalar) aponta entre que limites (inferior e supe- associação positiva; quanto mais próximo de 1 em módulo,
rior) deve estar o verdadeiro valor populacional a partir da esti- mais forte é a correlação, podendo ser positiva (o aumento do
mativa pontual medida na amostra. No caso, nota-se que houve valor de uma variável está associado ao aumento do valor da
bastante precisão na estimativa amostral, pois, se a prevalência outra) ou negativa (o aumento do valor de uma variável está
populacional não for 15,8%, ela deve estar, com 95% de con- associado à diminuição do valor da outra). No caso, ocorreu
fiança, um pouco abaixo (15,0%) ou um pouco acima (16,6%). uma correlação positiva, com significância estatística ao nível
Quanto mais estreito o intervalo de confiança, mais precisa é a de 5% (a probabilidade de 0,72 englobar o valor zero – valor
estimativa amostral. Isso ocorreu por causa do grande tamanho da não correlação – existe, mas é muito pequena, menor do
da amostra. A alternativa b estaria correta se, ao invés de 95%, que 5%; foi, de fato, 1,3%). As alternativas, porém, questio-
estivesse escrito 5%. A alternativa c está incorreta porque o dado nam acerca de haver relação de causalidade entre as variá-
obtido foi para o conjunto das capitais e não para cada uma delas veis. Causalidade somente pode ser abordada por meio da
verificação dos chamados critérios de causalidade (critérios ca e com teste ergométrico negativo). Embora o enunciado
de Hill), como intensidade, gradiente, temporalidade, consis- informe que seu grau de risco cardiovascular seja interme-
tência, coerência, reversibilidade, plausibilidade biológica e diário (13,1% em 10 anos), somente pelo fato de a paciente
analogia. Tais critérios não estão apresentados no enunciado, ser diabética, ela já estaria classificada como de alto risco
exceto a intensidade (0,72 é relativamente forte como grau (maior do que 20%) segundo o Caderno de Atenção Pri-
de correlação) e o gradiente (quanto maior o analfabetismo, mária, Nº 29 Rastreamento, Ministério da Saúde, Secreta
maior a fecundidade). Como o estudo é ecológico, variáveis ria da Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica,
de confusão não puderam ser consideradas: poderia haver 2010. O uso de aspirina em doses baixas para prevenir DIC
alguma variável que estivesse associada ao analfabetismo pode ser entendido como prevenção primária, pois a doen-
(por exemplo, nível socioeconômico) e que também estivesse ça (DIC) ainda não se iniciou; o que existem são fatores de
associada à fecundidade, distorcendo o grau da associação risco para a doença. Testes desse tipo são de difícil solução,
entre analfabetismo e fecundidade. E como o caráter desse pois podem ter diferentes interpretações. Por exemplo, pelo
estudo ecológico é transversal (concomitância das duas va- fato de a paciente ser diabética, esse fator de risco, também
riáveis), não se pode saber o que veio antes (critério da tem- uma doença, pode ser entendido como um equivalente is-
poralidade): por serem mais analfabetas as adolescentes ti- quêmico, e o uso da aspirina pode, então, ser visto como
veram mais filhos ou por terem mais filhos as adolescentes uma prevenção secundária na história natural do diabetes,
eram mais analfabetas? Resposta a. visando impedir a evolução de uma provável aterosclerose
coronariana ou cerebral para um acidente trombótico ou is
quêmico. Preferimos a alternativa a, por termo-nos focado,
como o autor da questão, na DIC (ainda inexistente) e não
76. Não se pode calcular odds ratio a partir dos dados da ta- no Diabetes. Resposta a.
bela, pois nela não estão anotadas quantidades de pessoas,
mas taxas/100.000 habitantes; a tabela apresentada não é uma
tabela do tipo 2 x 2 (alternativa a). O risco relativo de um fu-
mante desenvolver doença cardiovascular (DCV) não pode 79. As mortalidades apresentadas permitem calcular, por
ser calculado, pois na tabela estão os riscos de fumantes e de meio dos riscos relativos (RR) de morrer segundo a presença
não fumantes morrerem de DCV, que podem ser muito dife- ou não do rastreamento, a eficácia do rastreamento (Redução
rentes do risco de incidência da doença. O mesmo problema Relativa de Risco ou RRR), que aqui é assumido como se fos-
ocorre na alternativa c, quando se pergunta sobre risco relativo se um “tratamento” em cada uma das três doenças; deve-se
de desenvolver DCV e não de morrer por DCV, que é o que a entender o rastreamento como a intervenção que está sendo
tabela apresenta. Mesmo assim, o risco relativo de fumantes testada. As mortalidades apresentadas permitem, também,
morrerem por DCV é menor do que por câncer do pulmão. O calcular a Redução Absoluta de Risco com o rastreamento
erro conceitual volta a se repetir na alternativa e, quando falta a para cada uma das doenças e, com isso, o NNT, que, no caso,
palavra mortalidade. Mesmo assim, o papel etiológico do taba- é NNR (Número Necessário de Rastreamentos para evitar
gismo na mortalidade por câncer de pulmão [(150/100.000)/ um caso a mais de morte). Por exemplo, para a doença A, a
(15/100.000)=10,00] é muito mais importante do que na mor- eficácia é dada por [1-RR = 1-0,8 = 0,2 ou 20%). Os cálculos
talidade por DCV [(558/100.000)/(387/100.000)=1,44]; isso permitem facilmente verificar que a eficácia é idêntica para
indica que o tabagismo está mais relacionado etiologicamente as três doenças (20% de queda na mortalidade com o rastre-
à morte por câncer do pulmão do que por DCV. A alternativa amento para qualquer uma delas). O que vai diferenciar as
d, a rigor, está incorreta, pelo mesmo motivo já apontado (não três doenças é a RAR e consequentemente o NNR (que é 1/
aborda risco de morrer, mas de desenvolver a doença). O valor RAR). Para a doença A, RAR = 5%-4% = 1% ou 0,01 (NNR
calculado do risco relativo de morrer está correto (10; veja a = 1/0,01 = 100). Para a doença B, RAR = 0,5%-0,4% = 0,1%
conta acima). Teste sem resposta, provavelmente por descuido ou 0,001 (NNR = 1/0,001 = 1.000). Para a doença C, RAR =
em sua elaboração. Resposta oficial d. 0,05%-0,04% = 0,01% ou 0,0001 (NNR = 1/0,0001 = 10.000).
É muito mais eficiente, portanto, rastrear a doença A (rende
mais, vale mais a pena, é preciso rastrear menos pessoas para
evitar um caso a mais da doença A – menor custo do que em
77. Foram medidas prevalências de enxaqueca, sugerindo relação às doenças B ou C). Resposta a.
que a doença é mais prevalente (o dobro) em mulheres. Não
se mediu incidência (risco absoluto, ou, simplesmente, ris-
co). Não se pode, absolutamente, afirmar que exista risco do-
brado. O risco, por exemplo, poderia até ser semelhante nos 80. A leitura do enunciado evidencia que o médico está
dois sexos, mas se a duração da presença da enxaqueca ao em busca de um teste muito sensível neste rastreamento
longo dos anos fosse dobrada nas mulheres, sua prevalência oportunístico aplicado a uma paciente porque pretende ter
tenderia a ser dobrada. Resposta e. grande confiança em um resultado negativo: quer um tes-
te bom para descartar a neoplasia (“... pois entendeu que a
exclusão da neoplasia traria grande proteção a Marta”). O
problema é que testes muito sensíveis costumam apresen-
78. Trata-se de paciente que tem fatores de risco para do- tar muitos resultados falsos positivos pela perda de espe-
ença isquêmica do coração DIC (diabetes, sedentarismo, cificidade, e isso levaria a biópsias desnecessárias. Precisa
tabagismo), mas não apresenta a doença ainda (sem clíni- também, portanto, de um teste com alta especificidade (mas
sem comprometer demais a sensibilidade). O teste tem sua 82. Quase todos os exames podem apresentar elevada sensi-
curva ROC apresentada. Os pontos de corte de alta sensibi- bilidade e baixa especificidade (alternativas a e b). O exame B,
lidade são os relacionados aos 10, 5 e 4 mm (todas ≥ 86%, por exemplo, tem elevada sensibilidade nos pontos de corte
pelo gráfico). Se o médico adotar os pontos de corte de 5 correspondentes a especificidades próximas de 0 e 10% (veja
ou de 4 mm, terá sensibilidades de 98 e 100% respectiva- os pontos da curva B com projeção entre 0,9 e 1,0 no eixo
mente (pelo gráfico), mas especificidades de apenas 59% e X). O exame A tem essas mesmas características nas especi-
51% respectivamente (pelo gráfico). Cinquenta e nove por ficidades de 0 a 80% (1,0 a 0,2 no eixo X). A melhor resposta
cento de especificidade significa que 41% das pessoas que para esta questão é a alternativa d, pois o teste A tem maior
não têm a neoplasia apresentarão resultado falso positivo, área sob sua curva ROC e, por isso, maior poder discrimina-
devendo realizar a biópsia (desnecessariamente). O enun- tório (consegue reunir maior número de pontos de corte com
ciado adverte também que “... a biópsia pode ser dolorosa e altas sensibilidades e altas especificidades). Resposta d.
invasiva, possui alguns riscos e você conhece bem o medo
de Marta em realizar alguns procedimentos médicos”. Com
todas essas considerações, pensamos que o melhor ponto
83. Mascaramento não é questão de ter ou não ter ética no
de corte a ser adotado para decidir se o exame é positivo ou
estudo; é questão de tentar evitar o viés de mensuração ou
negativo deva ser o de 10 mm (sensibilidade de 86% e espe-
aferição ou informação. Duplo cego (alternativa b) signifi-
cificidade de 82%, pelo gráfico), que seria, de fato, o ponto
ca dizer que nem pacientes sabem a que grupo pertencem e
de corte que a bula do exame adotaria, se ele tivesse sido
nem observadores sabem a que grupo os pacientes perten-
apresentado com os índices normais de referência, pois é o
cem. Mesmo com apenas dois grupos sendo comparados (al
ponto que mais se aproxima do vértice superior esquerdo
ternativa c), o mascaramento é indicado; nada tem a ver com
do gráfico. Resposta c, a nosso ver, embora o gabarito oficial
o número de grupos. O mascaramento pode envolver apenas
tenha apontado a alternativa d.
os pacientes (simples-cego), que não sabem a que grupo per-
tencem, ou os observadores, que não sabem a que grupo os
pacientes pertencem, ou ainda os analistas (estatísticos, epi-
81. A padronização por idade de coeficientes (de mor- demiologistas que farão a análise dos dados), que tenderiam
talidade ou de morbidade) de diferentes populações em a não introduzir tendenciosidades na análise por também
um mesmo ponto do tempo ou de uma mesma popula- não saberem qual o grupo-controle e qual(ais) o(s) grupo(s)
ção ao longo de um período de tempo é um procedimento experimental(ais). Resposta d.
que visa permitir a comparação desses coeficientes sem a
influência das diferenças em composição etária que por-
ventura existam entre as populações que estão sendo com-
84. Teste confuso, mal formulado. O enunciado já peca por
paradas. Isso é feito porque diferenças existentes nos coe-
não acrescentar “positivo ao teste” após a palavra indivíduo;
ficientes podem ser devidas simplesmente a diferenças de
não especifica, portanto, o denominador do Valor Preditivo
estrutura etária (doenças e mortes são associadas à idade)
Positivo (VPP). As alternativas não têm paralelismo quanto
e não a outras causas modificáveis ou preveníveis. O mé-
ao que pretendem investigar: enquanto as alternativas a e b
todo mais frequentemente utilizado é o da padronização
procuram relação com elementos da História Natural da Do-
direta, em que se aplicam os coeficientes estratoetário-
ença – HND (de Leavell e Clark), as alternativas c e d atêm-
-específicos das populações a terem seus coeficientes pa-
-se a propriedades de testes diagnósticos. A alternativa d é
dronizados na estrutura etária de uma população-padrão
claramente incorreta: a maior prevalência determina o maior
ou de referência. A depender dessa população padrão,
VPP. A alternativa c é verdadeira (ainda que redigida em Por
os valores dos coeficientes padronizados podem variar;
tuguês sofrível), pois quanto maior a especificidade, menor
por isso a população-padrão é a mesma para todas as
a proporção de falsos positivos, aumentando o VPP. Isso é
populações cujos coeficientes serão padronizados. A po-
particularmente verdade se for mantida a probabilidade pré-
pulação-padrão pode ser uma realmente existente ou pode
-teste de doença (ou prevalência da doença na população
ser fictícia; o que importa, como já referido, é que seja a
em que é aplicado o teste diagnóstico), pois um teste menos
mesma para todos os coeficientes a serem padronizados
específico que outro, porém aplicado a uma população com
(alternativa b). O tamanho das populações a terem seus
prevalência de doença mais alta, pode ter VPP mais alto ape
coeficientes padronizados (alternativa c) não importa;
sar de sua menor especificidade. Um teste pode ser aplicado
interessa é sua estrutura etária, sua pirâmide populacio-
para diagnóstico precoce ou não de uma doença em qualquer
nal, sua proporção de idosos, de jovens, de adultos e de
fase da HND (alternativa a), inclusive no período pré-pato-
crianças. A alternativa d está incorreta porque ao longo
gênico, quando têm lugar os testes genéticos. Respostas a e c.
das últimas cinco décadas vem ocorrendo, no Brasil, a
Resposta oficial: a.
transição demográfica (envelhecimento populacional),
ou seja, a proporção de idosos vem aumentando. Assim,
a mortalidade das doenças cardiovasculares poderia estar
aumentando, ao longo do tempo, simplesmente pelo en- 85. O estudo apresentado é um estudo de coorte (mulheres
velhecimento populacional (DCV está associada à idade são acompanhadas para se medir a incidência de eventos
das pessoas) e não por fatores preveníveis outros que não cardiovasculares e morte ao longo de 10 anos). Elas são es-
a idade. Resposta a. tratificadas segundo sua pressão arterial inicial em quatro
grupos (sendo um de referência, como se fora o grupo “não 88. É possível observar, em curvas de sobrevida como a
exposto”) e outras variáveis de controle são incluídas para o apresentada, a mediana de sobrevida em meses no eixo
ajuste de possível confundimento: idade, história de diabe- X (valores em meses correspondentes a 0,50 ou 50% de
tes, de tabagismo e presença de doença coronariana obstru- sobrevida no eixo Y) para diferentes grupos (aqui, os grupos
tiva. Foi conduzida uma análise de sobrevida ao longo dos são períodos da epidemia). No eixo X é possível, para uma
10 anos porque a medida de efeito apresentada foi o Hazard mesma sobrevida no eixo Y, observar diferenças de tempo
Ratio (HR), medida que surge da comparação de curvas de de sobrevida até a ocorrência do efeito (no caso, morte por
sobrevida e que tem interpretação numérica igual à do risco aids). Assim, quanto à alternativa a, a mediana de sobrevida
relativo e da odds ratio. Análise multivariada (alternativa a) para o grupo do período 1994-1996 é cerca de 23 meses (pelo
é realizada não para controlar viés de seleção, mas de con- gráfico). A sobrevida média (alternativa b) não pode ser cal-
fusão, fenômeno que pode ser causado pela interferência de culada pelo gráfico; seriam necessários os dados individuais
variáveis de confusão não controladas na análise univariada. de sobrevida para esse cálculo (que é feito pelos softwares
A alternativa b está incorreta porque afirma não haver signi- estatísticos que fazem a análise de sobrevida). A alternativa c
ficância estatística na associação entre hipertensão controla- está incorreta porque o teste estatístico que compara as sobre-
da e desfecho e entre hipertensão não controlada e desfecho, vidas para os três grupos apontou uma probabilidade muito
quando, de fato, houve significância para cada uma delas pequena (<0,001) de as diferenças nas curvas terem ocorrido
(veja os CI, que não englobam o valor 1,0, da não associação, por acaso; há, portanto, diferença estatisticamente significan-
ou os respectivos valores de p, todos menores do que 5%). A te quanto à sobrevida entre os grupos. No início da epidemia
alternativa d está incorreta especialmente porque afirma não (grupo 1988-1993), aos 180 meses desde o diagnóstico de
ter havido controle de confundimento, o que não é verda aids de cada um dos componentes do grupo, apenas cerca de
deiro quando o método de análise é multivariado. Aparente- 10% (projeção no eixo Y) do grupo permanecia vivo; 90% já
mente, o estudo é de coorte prospectiva ou concorrente, pois haviam morrido; essa informação é incompatível com a so-
não há informação sobre os dados terem sido todos colhidos brevida média ter alcançado 200 meses (alternativa d), além
em prontuários pertencentes ao passado, o que caracterizaria do fato de, como já referido, sobrevida média não poder ser
um estudo de coortes históricas, não concorrentes ou retros- apreciada por este gráfico. Quanto à alternativa e, as media-
pectivas. A alternativa e está incorreta porque o estudo clara- nas de sobrevida (localizadas por projeção no eixo X a partir
mente não é transversal: houve acompanhamento de pessoas do ponto 0,50 ou 50% no eixo Y) somente foram próximas
para se medir incidência de desfechos. Resposta c. para os grupos 1988-1993 (cerca de 13 meses) e 1994-1996
(cerca de 23 meses). Para o grupo 1997-2003, após 100 meses
desde o diagnóstico de cada elemento do grupo, cerca de 72%
ainda estavam vivos. Não há informação, pelo gráfico, sobre
86. Trata-se de ensaio clínico randomizado. Não há indicação sua mediana de sobrevida, mas ela, seguramente, ultrapassa
de mascaramento, nem triplo, nem duplo, nem simples, logo, os 111 meses (pelo gráfico). Não há resposta para este teste,
não há como concluir que vieses de informação (alternativa e) embora o gabarito oficial tenha apontado a alternativa a.
foram minimizados (não basta ter um grupo placebo para ga-
rantir a não possibilidade de viés de informação; o grupo pla-
cebo é uma precaução quanto ao efeito-placebo). Se as pessoas
sabem que receberam placebo ou intervenção experimental, 89. A avaliação econômica é um processo pelo qual os
pode haver viés de informação. Foram minimizados os vieses custos de programas, alternativas ou opções são compa-
de seleção e de confusão pela casualização ou sorteio para des rados com suas consequências, em termos de melhora da
tinar as pessoas aos diferentes grupos. Se a eficácia da vacina saúde ou de economia de recursos. É também conhecida
foi de 64,7% (alternativa b), isso significa que o grupo vacina- como estudo de rentabilidade. Engloba uma família de
do teve uma incidência da dengue 64,7% menor do que o gru- técnicas, incluindo análise de custo-efetividade, análise
po-placebo e não que 64,7% das crianças não tiveram dengue. de custo-benefício e análise de custo-utilidade (Mills &
A eficácia (alternativa d) é calculada pela queda relativa (em Drummond, 1985). O que se está em busca de avaliar é a
porcentagem) do risco de adoecer, comparando vacinados a eficiência das intervenções, uma medida da relação entre
não vacinados. A divisão da taxa de risco entre vacinados pela os resultados alcançados e os recursos gastos. A eficiência
de não vacinados fornece o risco relativo que, pela informação fornece a base para o uso ótimo dos recursos. A análise de
do enunciado, deve ter sido 0,353 (valor menor do que 1,0, custo-efetividade compara alternativas de tratamento em
indicando proteção pela vacina ou associação negativa entre a que os custos e os resultados das intervenções variam. A
vacina e a incidência da dengue). Porém essa simples divisão, intervenção preferida é aquela que possui o menor custo
que resulta no RR, ainda não é a eficácia. Esta última, também para alcançar certo nível de efetividade. A questão básica
chamada de redução Relativa de Risco ou RRR, é calculada por seria: para se alcançar o objetivo X, qual a estratégia mais
[1-RR]. Teste sem resposta. Resposta oficial e. custo-efetiva: E1, E2 ou E3? Os custos são medidos em uni-
dades monetárias ($) e os benefícios em unidades naturais
de efetividade, que dependem do que se está avaliando. Por
exemplo, a análise de custo-efetividade de uma vacina pode
87. Em relação ao teste B, o teste A tem maior sensibilidade ser expressa como o custo por internação evitada pela vaci-
(menor proporção de falsos negativos e, por isso, maior valor nação. São típicos resultados como dólares gastos por ano
preditivo negativo) e menor especificidade (maior proporção de vida ganho, ajustado ou não por qualidade de vida. A
de resultados falsos positivos). Resposta e. terapia de reposição oral é um bom exemplo: apesar de não
reduzir a incidência da diarreia, ela reduz a gravidade e a 91. O pesquisador selecionou as crianças pela presença de
mortalidade decorrente. A um custo de apenas 2 a 4 dóla- abscesso pulmonar entre 1975 e 1978. Apesar de esse agravo
res por vida salva, é tida como de alto valor para a política ser uma doença, neste estudo foi considerada a exposição,
pública. É o tipo de avaliação econômica mais comum na pois a partir dessa característica buscou informações dessas
literatura internacional. A melhor evidência para estudos mesmas crianças 22 a 25 anos depois (no ano 2000) para ve-
de custo-efetividade vem dos ensaios clínicos ou revisões rificar se elas apresentavam alteração nos testes respiratórios.
sistemáticas, e a evidência mais fraca é produzida pelas pe- As crianças foram, então, acompanhadas de um momen-
quenas séries de casos ou as entrevistas com especialistas. to passado (1975-78) para um momento futuro (2000), em
Enquanto as análises de custo-efetividade são particular- busca de uma incidência (embora não esteja garantido no
mente úteis para avaliar diferentes métodos de luta contra enunciado que todas as crianças, apesar do abscesso pulmo
uma doença, a análise de custo-benefício é de máxima nar, não tinham alterações nos testes respiratórios, condição
utilidade nos casos de programas de saúde que têm efeitos necessária para se medir uma incidência). Trata-se de estudo
importantes no desenvolvimento econômico (OMS, 1976). individual, observacional, prospectivo e descritivo: um estu-
A análise de custo-benefício leva em conta os custos eco- do de coorte, e, no caso, coorte histórica, não concorrente ou
nômicos de uma doença ou agravo e os custos econômicos “retrospectivo de coorte”, pois o pesquisador foi buscar no
de sua prevenção. Os custos da doença incluem cuidados arquivo médico do hospital as informações de que precisava
médicos e reabilitação, perda de rendimentos e uma esti- para montar sua coorte. Resposta c.
mativa do custo social de um óbito. Nessa análise, tanto o
numerador como o denominador são expressos em termos
monetários. Por exemplo, Akhavan et al. (1999) descrevem
um estudo de custo-benefício com o programa de contro- 92. A alternativa a contém o conceito de risco relativo. A al
le da malária, comparando os custos com o programa com ternativa c, a fórmula do número necessário de tratamentos
os gastos econômicos a serem evitados como resultado do para evitar um caso a mais de desfecho. A alternativa d, o
programa. Os resultados são apresentados como custos evi- conceito de redução absoluta de risco (RAR). A eficácia pode
tados devido à implementação do programa. A análise de ser calculada dividindo-se a RAR pelo risco dos que não re-
custo-efetividade é mais fácil de ser realizada do que a de ceberam a intervenção experimental, sendo dado o resultado
custo-benefício, uma vez que não é necessário adicionar em porcentagem. Resposta b.
um valor monetário à medida de efetividade. A análise de
custo-utilidade pode ser considerada um tipo particular de
análise de efetividade. Avalia os custos em termos monetá-
rios e os resultados de saúde em termos de utilidade para o 93. Todas as alternativas contêm qualidades desejáveis para
grupo de intervenção; diz respeito a cmparar diferentes tra- um teste de rastreamento, exceto a alternativa d, que nada
tamentos aplicados, fundamentalmente, a doentes crônicos. mais significa que população na qual se vai aplicar o teste
O resultado de saúde (benefício) é julgado pelo paciente. Os de rastreamento deva ter alta prevalência da doença (para
resultados mais comuns são referidos por meio de QALYs maximizar o valor preditivo positivo). Porém, a primeira
(quality-adjusted life years) – em português AVAQ (anos de qualidade que deve ter um teste de rastreamento é alta sen-
vida ajustados por qualidade) e DALYs (disability-adjusted sibilidade, para que, quando aplicado, não deixar de detectar
life years). Num estudo de asma, por exemplo, o resultado os positivos verdadeiros. Testes mais específicos podem ser
de saúde não seria medido apenas pelo surgimento ou não aplicados posteriormente para separar os falsos positivos de-
de novos episódios de asma após a intervenção, mas a qua- tectados por causa da possível baixa especificidade dos testes
lidade de vida ganha pelo paciente, que incorpora questões com muito alta sensibilidade. Resposta a.
subjetivas. Resposta e.
estudo como mais obesas, nem tanto ou nada pelo sedenta- mento lento, insidioso, menos agressivo, tendem a ser mais
rismo, mas por causa da idade (mais avançada), que estaria detectados nos rastreamentos do que cânceres agressivos,
associada à obesidade. Resposta e (com restrições por causa de crescimento rápido, que mais cedo chegam aos sintomas
de enunciado incompleto). e sinais que os levam à detecção, pelas queixas, na atenção
clínica. Isso pode fazer com que o prognóstico dos cânceres
detectados pelos rastreamentos pareça melhor, mas tal me-
lhoria pode não ter ocorrido por causa dos rastreamentos,
95. O enunciado é a tradução do significado do chamado
mas sim por um viés (de seleção): os cânceres detectados
NNT (número necessário de tratamentos, número necessá-
pelos rastreamentos já seriam sistematicamente diferentes
rio a tratar, número necessário a ser tratado, number need to
treat, number need to be treated). Lembre-se de que o NNT (menos agressivos) do que os detectados pela clínica. O viés
não é uma proporção, ou seja: se NNT = 30, isso não quer de adesão se deve ao fato de pessoas voluntárias, que acei-
dizer que de 30 doentes tratados, um caso de insucesso foi tam o rastreamento, que aderem aos programas de saúde,
evitado e, consequentemente, 29 casos de insucesso ocor- poderem ser sistematicamente diferentes daquelas que não
reram entre aqueles 30 pacientes. Se o NNT é 30, significa aceitam, não se voluntariam. Feito o rastreamento e obser-
que foi preciso tratar 30 doentes para que um caso a mais de vado um melhor prognóstico, este pode ter ocorrido não
insucesso fosse evitado (ou um caso a menos de insucesso por causa do rastreamento, mas porque quem aderiu ao
tivesse ocorrido) entre os tratados em comparação com o que mesmo pode ser diferente; não deixa de ser, também, um
ocorreu no grupo controle. Resposta c. viés de seleção. Resposta d.
96. Uma tabela do tipo 2 x 2 como a colocada a seguir pode 98. A rigor, a ocorrência de erros na conclusão de estudos é
ser muito útil para resolver questões sobre testes diagnósti- do domínio da estatística e já é abordada por essa disciplina
cos; será feita uma simulação com 1.000 adultos maiores de antes de existir a chamada epidemiologia clínica. Quando o
40 anos: pesquisador, tendo em vista o valor de p ou os intervalos de
confiança, aceita a hipótese de nulidade das diferenças (Hze-
ro) por não encontrar diferença estatisticamente significante,
ele pode estar cometendo o erro de não ter conseguido de-
Diabetes tectar uma diferença que de fato exista. Esse é o erro do tipo
II; a probabilidade de cometê-lo chama-se risco β. Tal erro
Sim Não
geralmente ocorre por planejamento inadequado do estudo
Positivo (a) FP 60 quanto ao tamanho da amostra: com amostras pequenas, po-
Teste
Negativo FN (c) dem existir diferenças clinicamente importantes que não são
80 (a+c) 1.000 estatisticamente significantes. O contrário ocorre com amos-
tras muito grandes: diferenças clinicamente muito pequenas
O teste aplicado a 1.000 pessoas resultou em 60 positivos (6% (que nem existem na população) acabam tendo significância
de prevalência calculada com o teste que tem um erro, pois estatística. Nessa situação o pesquisador rejeita Hzero e co-
não é 100% acurado). Como a prevalência verdadeira foi 8%, mete o erro do tipo I; a probabilidade de cometê-lo chama-se
há, então 80 pessoas na casela (a+c). Observe que se a sensi- risco α. Resposta c.
bilidade do teste for 75%, 75% de 80 (=60) estarão na casela
(a) e se a especificidade do teste for 100%, não haverá nin-
guém na casela dos falsos positivos (FP). Resposta d.
99. A questão solicita o NNT, que é calculado simplesmen-
te pelo inverso da redução absoluta de risco – RAR (que al-
guns autores preferem escrever redução do risco absoluto).
97. Essa é a definição de viés de tempo ganho (viés de tem- Se RAR = 6,1%, NNT = 1/6% = 100/6 = 16,4. Se em uma
po de incubação, viés de tempo de antecipação) ou, em das alternativas viesse grafado 17, esta deveria ser a escolhida
inglês, lead time bias. É um dos importantes vieses reco- como correta, pois há uma tendência a sempre se arredondar
nhecidos nos rastreamentos: são situações em que os rastre- para mais o NNT, uma vez que é um número (inteiro) de
amentos parecem muito bons, mas, de fato, não o são. No pessoas. Resposta e.
caso, se apenas se adianta o tempo de diagnóstico – afinal,
os rastreamentos são sempre aplicados a pessoas assintomá-
ticas, antes que tenham sintomas – parecerá que o tempo
de sobrevida após o diagnóstico foi aumentado por maior 100. Se o termômetro sempre acusa febre, ele falha em todos
sobrevida, mas esta de fato não ocorreu; o que aumentou foi os indivíduos que não têm febre (resulta falso positivo em
o tempo de diagnóstico da doença (o “tempo ganho” de ma- todos os indivíduos não febris), ou seja, tem especificidade
neira antecipada e não depois de a doença ter se estabeleci- de 0%. Em todas as pessoas que têm febre (“doentes”) o ter-
do clinicamente). O viés de tempo de duração (viés de tem- mômetro acerta, indicando corretamente as temperaturas
po decorrido, viés do tempo de maturação) ou, em inglês, (resulta positivo em todos os indivíduos febris), ou seja, tem
lenght time bias, ocorre quando cânceres que têm cresci sensibilidade de 100%. Resposta b.
101. Todas as afirmações são verdadeiras, mas poderiam ser um viés de seleção), quando estes podem ser sistematicamente
melhoradas. A primeira poderia ser: “quanto mais próximo diferentes dos respondentes. Por isso os inquéritos em domi-
do vértice superior esquerdo do gráfico, melhor o poder dis- cílios são difíceis de realizar; muitas vezes é preciso telefonar,
criminatório do ponto de corte da curva ROC”. A segunda: “é mandar cartas, agendar a visita, visitar nos fins de semana ou à
útil para comparar vários testes para uma mesma doença”. A noite (para conseguir entrevistar as pessoas que trabalham em
quarta: “é construída plotando-se a sensibilidade dos pontos horário comercial). A depender do conteúdo da entrevista, isso
de corte (proporção de verdadeiros positivos) no eixo Y e o pode ser contornado com informantes familiares qualificados,
complementar da especificidade dos pontos de corte (pro- mas quando se trata de alguma aferição ou opinião, o informan-
porção de falsos positivos) no eixo X”. Resposta e. te não é bom substituto. A quarta afirmativa é falsa, pois, como
visto no comentário sobre a primeira afirmativa, não é pela atu
alização ou não do cadastro que haveria um viés de seleção. Res-
posta e (mas o gabarito oficial apontou a alternativa c).
102. A questão procura investigar em qual das situações
apresentadas nas alternativas o teste tem maior valor predi-
tivo positivo (VPP). Sabe-se que quando o teste não é 100%
acurado, o VPP varia de acordo com a probabilidade de do- 105. A prevalência é uma proporção em um ponto do tem-
ença pré-teste, ou seja, a prevalência da doença na população po. Costuma ser tachada de taxa, embora não o seja, pois taxa,
em que o teste é aplicado. As alternativas a, c e d referem-se coeficiente ou “rate” refere-se a um potencial, a uma força (de
exatamente à citada prevalência. Provavelmente é na área de incidência) atuando continuamente em um grupo populacio-
Saúde da Família do paciente que se encontra a mais correta nal, com maior ou menor intensidade a ponto de determinar
probabilidade de diabetes pré-teste para o paciente em ques- com que velocidade uma transformação se dá (por exemplo,
tão. Sendo uma área menor do que a do município ou da de doença para não doença, de vida para morte). A informa-
região, é de se esperar menor variabilidade e mais confiança ção acima vem do inquérito Vigitel, pesquisa realizada em ca-
na estimativa de prevalência de diabetes no local. Resposta a. pitais brasileiras e no Distrito Federal, por entrevista telefônica
(cadastro de telefones fixos), que visa estimar a prevalência de
fatores de risco para doenças crônicas. Resposta e.
103. O escore de risco de Framingham aponta uma probabi-
lidade de morte por doença cardiovascular (acidente vascular
cerebral ou infarto agudo do miocárdio) em 10 anos. Assim, a 106. A prevalência de uma doença é uma proporção de doen-
alternativa a está incorreta porque o correto seria “nos próxi- tes (novos ou antigos) em um ponto do tempo e pode variar
mos dez anos”. A alternativa b está correta. A alternativa c está em função de muitas condições: incidência da doença, óbitos
incorreta porque não há intervalos de confiança nessa escala de doentes por qualquer motivo, cura dos doentes, aumento
de risco. A alternativa d está incorreta por não mencionar que ou diminuição da sobrevida dos doentes (duração da doença),
a probabilidade de 22% refere-se aos próximos dez anos. Seria migração e imigração de doentes e de não doentes. Resposta d.
muito diferente 22% em cinco, dez ou 20 anos! Mas é uma al-
ternativa interessante pelas restrições colocadas sobre a incer-
teza da estimativa e sobre a aplicação da mesma a pessoas com
as mesmas características do paciente. A alternativa e aborda, 107. Duas qualidades ou propriedades caracterizam uma
como a c, os intervalos de confiança, que não cabem no caso. amostra: tamanho e representatividade. O tamanho tem sua
Resposta b (mas a resposta oficial foi d). importância por causa da confiança que se pretende ter na in
ferência estatística quantitativa que se fará a partir da estimati-
va amostral. Nesse aspecto interessa a precisão das estimativas
populacionais (a estimativa intervalar ou a precisão desejada
104. A primeira afirmativa é falsa, pois o interesse da Equipe dos intervalos de confiança) e o poder do estudo amostral em
de Saúde da Família é conhecer uma característica da popula- detectar como significante uma diferença ou associação que
ção residente na área, mas o sorteio foi feito entre a população realmente exista na população (obter um valor de p menor do
que tinha cadastro no serviço. Essa amostra já tem um viés de que o nível de significância α adotado na fase de planejamento
seleção original, que afeta sua representatividade, a não ser que do estudo). Tamanhos inadequados resultam em grande pro-
se afirmasse que todas as pessoas/todas as residências estavam babilidade de cometer erro do tipo I (rejeitar Hzero e Hzero ser
cadastradas no serviço. A segunda afirmativa é falsa também, verdadeira: detectar como significante uma diferença que não
pois o viés de Berkson (e não Bergson), um viés de admissão exista na população) ou erro do tipo II (aceitar Hzero e Hzero
ao hospital, traz tendenciosidade a estudos realizados em popu- ser falsa: não detectar como significante uma diferença que de
lações hospitalizadas: aparecem associações no hospital ou nas fato exista na população). A representatividade da amostra tem
populações de serviços médicos, que não existem na população sua importância por causa da inferência qualitativa que se pre-
geral; existem apenas nos serviços porque as probabilidades de tenda fazer a partir dos achados amostrais. Aqui interessa que
admissão aos serviços médicos selecionam pessoas mais expos- a amostra deve conter em proporção todas as características
tas (as exposições fazem pensar no diagnóstico de doenças) ou que a população possui, pois é para a população que originou
pessoas com concomitância de doenças. A terceira afirmativa a amostra que os resultados amostrais serão inferidos (é a vali-
é verdadeira em qualquer inquérito domiciliar. É o problema dade externa ou poder de generalização do estudo). As conclu
dos chamados não respondentes (viés de não resposta, que é sões amostrais devem servir também para os indivíduos que
não participaram da amostra e isso somente será conseguido mais da distribuição de probabilidades de Poisson, que é
se houver a representatividade amostral. Por vezes a represen- frequentemente usada para modelar o número de ocorrên-
tatividade é essencial, como nos estudos transversais em que cias de um evento por um certo período de tempo ou por
se pretende estimar uma prevalência populacional. Mesmo se um certo volume ou por uma certa área. Por exemplo, para
não houver representatividade, mas houver participação de to- descrever o número de nematoides encontrados em amos-
dos os estratos populacionais na amostra, os achados de cada tras de solo, o número diário de novos casos de câncer de
estrato poderão ser projetados para a população, desde que se mama, ou o número de células contadas usando um hemo-
saiba a exata proporção de participação populacional de cada citômetro. Outros exemplos do uso da distribuição de Pois-
estrato. Outras vezes a representatividade não é essencial para son para modelar probabilidades de ocorrência: usuários de
a inferência estatística. Por exemplo, estudos sobre tabagismo computador ligados à Internet, clientes chegando ao caixa
e câncer conduzidos em pessoas brancas puderam ser extra- de um supermercado, acidentes com automóveis em uma
polados para pessoas negras, por se tratar de questão biológica determinada estrada, número de carros que chegam a um
que ultrapassa limites raciais. Com esses tópicos considerados, posto de gasolina, número de aviões sequestrados em um
a alternativa a está incorreta porque trata de precisão, que é dia e número de falhas em componentes por unidade de
questão de erro aleatório (pequeno) e tamanho de amostra. tempo. Resposta d.
A alternativa b está incorreta justamente porque a capacidade
de generalização que se pretenda ter na investigação é que vai
determinar a maior ou menor representatividade requerida
109. A mediana é dada pelo valor da variável que ocupa
na amostra. A alternativa c refere-se a questões tipicamente
a posição central da distribuição ordenada dos valores da
quantitativas (tamanho) das amostras. Usa, porém, o adjetivo
variável. Quando o número de valores da variável é ímpar,
“válidos”, que tem caráter qualitativo. Estimativas amostrais
a posição da mediana é exatamente o centro da distribuição
ou são precisas (precisão, confiabilidade, reprodutibilidade:
ordenada. Por exemplo, se fossem nove valores, a posição
pouco erro aleatório, pouco erro determinado pelo acaso) ou
da mediana seria a 5ª, pois haveria quatro valores à esquer-
são válidas (aproximam-se da verdade, do verdadeiro valor de
da da 5ª posição e quatro valores à sua direita. Quando o
um parâmetro populacional, medem o que pretendem medir:
número de valores é par, como no caso desta questão (n = 6
pouco erro sistemático, sem vícios). Não existe “valor de p vá-
valores), o valor da mediana é a média aritmética dos valo-
lido”, como colocado na alternativa c. O valor de p é a probabi-
res das duas posições centrais. Observe a tabela abaixo em
lidade calculada, por método estritamente matemático, de ser
que serão ordenados os valores, incluindo os oferecidos nas
grande ou pequena (conceito arbitrário, determinado pelo ní- alternativas, para que seja determinada a mediana de cada
vel de confiança α pré-fixado – usualmente 5%) a participação conjunto de dados:
do acaso (ou variação amostral) na obtenção de diferenças ou
associações amostrais. A alternativa d pode representar, per-
Alternativa Valores ordenados Mediana
feitamente, uma condição necessária quando se necessite de
representatividade em um estudo. Um estudo de coorte que a (4) 1 3-4 4 5-7 4
vise, por exemplo, caracterizar o prognóstico de uma doença. b (1) 1-1-3-4-5-7 3,5
Ou um estudo de validação de um teste diagnóstico para uma c (3) 1-3-3-4-5-7 3,5
doença: será preciso que todos os graus clínicos dessa doença
d (0) 0-1-3-4-5-7 3,5
sejam representados, caso contrário a sensibilidade e a especi-
ficidade do teste diagnóstico a ser validado não terão validade. e (5) 1-3-4-5-5-7 4,5
A alternativa e está incorreta porque inquéritos populacionais
Resposta a.
geralmente são feitos com amostra; o recenseamento é uma
exceção. Resposta d (mas o gabarito oficial apontou c).
uma grande variedade de testes; o qui-quadrado é um deles, dade de análise é o país como um todo (e não indivíduos),
muito comum, pois é indicado para investigar a probabi- que tem suas taxas médias de consumo de algum alimento e
lidade de acaso na detecção de associações entre variáveis sua taxa de mortalidade por alguma causa comparadas num
qualitativas ou categóricas, como todas aquelas que podem diagrama de dispersão, o qual busca medir alguma correla-
ser analisadas em tabelas de contingência (tabelas do tipo 2 ção para levantar uma hipótese de associação. Trata-se de
x 2 ou k x n). Incidência é a medida de frequência de uma típico estudo ecológico de múltiplos grupos (ou agregados
doença ou agravo à saúde à qual interessam os novos casos espaciais). Resposta c.
surgidos em um período de tempo; poderia também es-
tar associada a estudos de coorte, que medem incidências
e razão entre incidências (risco relativo). Curva de Gauss
é a curva de distribuição normal, muito comum na distri- 114. Análise univariada é aquela que leva em consideração
buição populacional de variáveis biológicas quantitativas apenas uma variável independente de cada vez em sua rela-
contínuas (peso, altura, pressão arterial, glicemia etc.), que ção com a variável dependente (neste caso, a única depen-
pode ser parametrada (caracterizada pelos parâmetros) por dente é o câncer colorretal em mulheres). Essa análise inicial
sua média e seu desvio-padrão. Resposta b. dá pistas acerca de quais sejam as associações importantes
(em termos de grau ou intensidade e de significância estatís-
tica), mas o seu grau pode também estar distorcido pela não
consideração das variáveis de confusão. Na análise multiva-
112. A alternativa a está incorreta porque risco (ou risco riada, múltiplas variáveis são consideradas simultaneamente
absoluto) é uma probabilidade, uma incidência, sempre um em sua associação com a variável dependente e o resultado
número relacionado a outro. No caso, o risco do grupo da final é o grau da associação entre cada uma das variáveis in-
terapia convencional (grupo-controle) foi 2 novos casos de dependentes e a variável dependente, mas já ajustado, esse
recidiva/1.000 tratados com a terapia convencional. A alter- grau, por todas as outras variáveis que foram consideradas
nativa b está incorreta porque o efeito protetor obtido não no modelo. Assim, as conclusões de um estudo com análi-
teve significância estatística, ou seja, foi grande a probabili- se multivariada (o exemplo mais comum é o da regressão
dade de ele ter ocorrido por acaso ou variação amostral, pois logística múltipla) devem ser baseadas nessa análise e não
o intervalo de confiança (IC) do risco relativo (RR) protetor na análise univariada. A alternativa a está incorreta porque
(0,5, um valor menor do que 1,0) englobou o valor 1,0 da
a associação da vitamina C com o câncer colorretal (OR =
não associação ou não efeito (foi de 0,34 a 1,23), ou seja, tem
1,33) não apresentou significância estatística (o intervalo de
probabilidade maior do que 5% de ser 1,0. A alternativa c está
confiança IC da OR englobou o valor da não associa
incorreta porque a fase III dos estudos com drogas é exata-
ção ou 1,0). Com a dieta rica em cereais ocorreu o mesmo
mente a dos estudos individuais, experimentais, prospectivos
(alternativa b), por isso ela está correta. A alternativa c está
e analíticos: os ensaios clínicos randomizados. As drogas e
incorreta porque a polipose continuou associada ao câncer
tratamentos aprovados nessa fase podem ser oferecidos ao
após o ajuste (IC não englobou o valor 1,0). O uso da aspirina
mercado consumidor, pois essa é a fase de eficácia compara-
(alternativa d) perdeu intensidade, mas ganhou significância
da (sempre há grupo-controle), uma vez que a droga ou tra-
estatística, mostrando-se um fator de risco após o ajuste pelas
tamento já foi aprovado em fases pré-clínicas (em animais) e
nas fases I (segurança em indivíduos sadios) e II (segurança outras variáveis consideradas. Resposta b.
e eficácia em pacientes) da fase clínica. Algumas restrições,
porém, devem ser consideradas. Uma droga aprovada na fase
III e que é liberada para o mercado pelas agências regulado- 115. Foi decidido que seria selecionado 1 a cada 10 prontuá-
ras pode, depois de alguns anos, ser suspensa por causa da rios (certamente por causa do tamanho de amostra calcula-
fase IV ou de farmacovigilância (vigilância de medicamen- do, que não exigia todos os prontuários). Provavelmente sor-
tos). Efeitos colaterais não detectados na fase III podem apa- tearam um número inicial de 0 a 9 (deve ter sido o número 7)
recer quando milhões de pessoas utilizam o medicamento e a partir dele, com um “intervalo de amostragem” ou “fração
por tempo mais prolongado do que aquele que caracteriza amostral” de 10, definiram-se os prontuários a ser seleciona-
os ensaios clínicos da fase III (alguns poucos anos). Nessa dos. Trata se de uma amostra probabilística sistemática, útil
situação real algumas drogas podem ser eliminadas do mer- quando o universo amostral (as unidades amostrais da po-
cado, como ocorreu com o Vioxx (rofecoxib, um inibidor da pulação-alvo) ainda não está completo, vai acontecendo ao
cox-2) em 2004 e com os anti-inflamatórios Prexige (lumira-
longo do tempo (novos casos de tuberculose continuarão a
coxibe) e Arcoxia (etoricoxibe) em 2008. A alternativa d está
surgir, por exemplo). O problema da amostragem sistemática
indubitavelmente correta, pois o IC do RR calculado não foi
é que pode ocorrer de haver alguma coincidência que tam-
estatisticamente significante. Resposta d.
bém seja sistemática e o procedimento amostral fica enviesa-
do. Por exemplo, considere que se queira fazer uma amostra
de motivos de consulta em um pronto-socorro e que uma
113. Países (populações geograficamente definidas) são amostragem sistemática aponte apenas as segundas-feiras
comparados quanto a duas variáveis quantitativas: uma in- para avaliar as consultas realizadas. Pode ser que as consul
dependente, o consumo per capita de alimentos “x”, e uma tas de segundas-feiras sejam sistematicamente diferentes das
dependente, taxa de mortalidade pela doença “y”. Os dados consultas de outros dias úteis, pois se dão após o fim de se-
são secundários, obtidos de estatísticas populacionais; a uni- mana. Resposta b.
116. Observe a tabela do tipo 2 x 2 como a colocada a seguir, à esquerda da 15ª posição estarão outros 14 valores). O valor
construída com os dados da questão: da mediana de uma coleção par de valores como a apresen-
tada será dada pela média aritmética desse par de valores:
[(22,0+23,4)/2] = 22,7. Resposta a.
Tensão pré-menstrual
Melhora-
Mantida 119. No eixo 3 vão os valores da especificidade (proporção
ram
de negativos verdadeiros) dos pontos de corte dos testes
Sim 14 6 20
Extrato de soja diagnósticos que compõem as curvas ROC, indo de 0% a
Não 18 2 20 100% da direita para a esquerda. No eixo 2 vão os valores
32 8 40 da sensibilidade (proporção de positivos verdadeiros), indo
de 0% a 100% de baixo para cima. O teste de melhor poder
Trata-se da análise da associação entre duas variáveis cate- discriminatório é aquele que tem a maior área sob (abaixo)
góricas ou qualitativas. O teste inicial que deve ser aplicado, de sua curva ROC; neste exemplo, o teste da linha 5 é me-
como para qualquer tabela de contingência (2 x 2 ou k x n), é lhor que o teste da linha 6. A linha 4 corresponde a um teste
o qui-quadrado (opção inexistente nas alternativas). Porém, que não tem nenhum poder discriminatório. Tome qualquer
o qui-quadrado tem duas restrições importantes: não deve ponto desse segmento diagonal tracejado e verifique. Por
ser aplicado quando N < 20 (que não é o caso, pois N=40) e exemplo, tome o ponto central do segmento, próximo de
não deve ser aplicado quando mais do que 20% das caselas onde está anotado o numeral “4”. Nesse ponto, a sensibili-
(células) da tabela tiverem um número esperado de ocorrên- dade (S) será 50% e a especificidade (E) também será 50%.
cias, em caso de não associação entre as variáveis, menor do Logo, a probabilidade de um resultado positivo vir de um
que 5. A tabela do tipo 2 x 2 tem apenas 4 caselas; portanto, doente (0,5) é igual à de vir de um não doente (0,5), ou seja, a
uma delas, apenas, já soma 25% das caselas. O cálculo do nú- Razão de Verossimilhança Positiva (RV+) ou Likelihood Ra-
mero esperado em caso de não associação entre as variáveis tio Positiva (LR+) será 1 (a Negativa também será 1). Num
é dado pelo produto entre o total da linha da casela e o total outro ponto mais acima, na metade do caminho até o vértice
da coluna da casela e dividindo-se esse produto por N. Ob- superior direito do quadro, S será 0,75 e E será 0,25. A pro-
serve, por exemplo, a casela b (valor observado = 6). Para babilidade de um resultado positivo vir de um doente será
esta casela o valor esperado em caso de não associação seria 0,75 e a de um resultado positivo vir de um não doente será
[(20x8)/40] ou 4. Assim, a restrição do qui quadrado obriga também 0,75. Novamente, e sempre, nessa diagonal, LR, po-
o uso do teste exato de Fisher. O grupo que recebeu extrato de sitivas ou negativas, serão iguais a 1,0, não havendo qualquer
soja é independente do grupo que não recebeu (são grupos discriminação entre doentes e não doentes. A curva ROC de
diferentes; não é um mesmo grupo que recebeu inicialmente um exame perfeito resume-se a um único ponto, colocado
um tratamento e depois de algum tempo o outro tratamento, no vértice superior esquerdo da curva: qualquer resultado do
o que faria que cada mulher fosse controle dela mesma); por teste tem 100% tanto de sensibilidade como de especificida-
isso o teste é para amostras independentes. Resposta b. de. Resposta c.
117. Monte uma tabela do tipo 2 x 2 como a colocada a seguir: 120. As situações I e II descrevem, conjuntamente, um estudo
de coortes. Parece ser um ensaio clínico, mas não é; note-se
Câncer que os homens não são destinados para um grupo de interven-
ção e um grupo de controle (por sorteio ou por conveniência
Sim (X) Não (Y) do investigador). O que ocorre é o simples acompanhamento
Sim 21 72 por cinco anos de hipertensos tratados e de hipertensos não
Fator
Não 39 108 tratados: essas são as duas coortes. E, nesse caso, a medida
de associação é o risco relativo (RR). Mas, mesmo que fosse
60 180 240
um ensaio clínico, ante as alternativas apresentadas a resposta
OR = [(21x108)/(72x39)] = 0,808 ou 0,81. também seria RR, pois a eficácia ou redução relativa de risco
(RRR), típica medida de efeito (associação) dos ensaios clí-
Resposta d. nicos, nada mais é do que uma interpretação do próprio RR
quando ele é menor do que 1, exprimindo o grau de uma asso-
ciação negativa ou protetora. Resposta b.
118. Mesmo sem conhecer fórmulas para calcular medianas
é possível resolver facilmente essa questão. Há 30 valores
ordenados. A mediana é a posição central desses 30 valores 121. A “hipertensão não tratada” da questão anterior toma
ordenados. Como N é par, a posição dos valores da media- o lugar da “exposição” ou variável independente. É possível,
na é dupla: serão as posições 15 (posição N/2) e 16 (posição com os dados oferecidos, montar uma tabela do tipo 2 x 2,
[(N+2)/2]), pois à direita da 16ª posição estarão 14 valores e como a colocada a seguir:
122. A resposta I está incorreta porque tanto o viés de adesão 125. Quando uma distribuição normal tem seus parâmetros
como o viés de tempo de duração podem fazer o rastreamen- (média e desvio-padrão) fornecidos, é possível conhecer a
to parecer melhor para salvar vidas do que na verdade o seja. proporção de dados dentro e fora de intervalos determinados
Pessoas que aderem, que se voluntariam e aceitam o rastrea- por esses parâmetros. Sabe-se que na distribuição normal ou
mento podem ser sistematicamente diferentes de pessoas que gaussiana 95% dos dados estão contidos entre os valores da
não aderem e, somente por isso, terem melhor prognóstico. média subtraída de 1,96 desvio-padrão e a média acrescida
O viés de tempo de duração (viés de tempo decorrido, viés de 1,96 desvio-padrão. O desvio-padrão é calculado pela raiz
do tempo de maturação, lenght time bias) ocorre porque cân- quadrada da variância (uma medida de dispersão dos valores
ceres de crescimento mais lento, mais insidioso, indolentes em torno da média). Assim, a distribuição de valores do ferro
(e, portanto, de melhor prognóstico) têm maior probabilida- sérico da população norueguesa tem média de 100 mcg/dL e
de de serem detectados em rastreamentos do que cânceres desvio-padrão de 5 mcg/dL, que é o valor da raiz quadrada
mais agressivos, que rapidamente vão à clínica por causa dos de 25. Portanto, 95% dos valores estarão entre [100 mcg/dL
sintomas (rastreamentos são aplicados a pessoas assintomá-
– (1,96 x 5 mcg/dL)] e [100 mcg/dL + (1,96 x 5 mcg/dL)] ou
ticas). Ambos os vieses citados são vieses de seleção. A res-
[90,2 mcg/dL] e [109,8 mcg/dL]. Resposta a.
posta II está também incorreta porque a medida do tempo
de sobrevida após o diagnóstico pelo rastreamento pode em-
butir o viés de tempo ganho (viés do tempo de incubação,
viés do tempo de antecipação, lead time bias), ou seja, pode 126. A questão, de estatística descritiva, propõe investigar
ser um período apenas de antecipação do diagnóstico (pelo a associação entre duas variáveis quantitativas contínuas.
diagnóstico precoce) e de tempo de doença sem, na verdade, A maneira mais correta para tal é calcular o coeficiente de
acrescentar tempo de sobrevida ao paciente. A resposta III correlação de Pearson (que varia de –1 a +1) e o gráfico que
está correta; para se provar que um rastreamento de fato sal- representa a relação é o diagrama de dispersão. Cada grande
va vidas ou aumenta a duração da vida é preciso fazê-lo ser cidade é localizada num gráfico bidimensional a depender
a intervenção em um ensaio clínico casualizado e medir as de seu valor no eixo X, o eixo da renda mensal per capita
taxas de mortalidade estratoetárias-específicas, pela doença (variável independente) e no eixo Y, o eixo da mortalidade na
e por todas as causas. Resposta c. população com menos de 5 anos de idade. A distribuição dos
pontos dá ideia de quão relacionados eles estão, podendo-se,
além do coeficiente citado, calcular a equação de uma reta de
123. Trata-se de estudo individual (a unidade de análise ou regressão que tente exprimir matematicamente a variação da
observação foi cada criança nascida e elas foram estratifi- mortalidade em função da renda mensal per capita. O gráfico
cadas segundo o aleitamento nos seis primeiros meses de a seguir foi construído com os dados fornecidos, mostrando
vida), observacional (não houve intervenção), prospectivo uma correlação negativa entre as variáveis: quanto maior a
(as crianças foram avaliadas após um período de tempo para renda, menor a mortalidade:
6
horas de sono nesses dias deslocadas para mais (para cima)
5
em relação aos outros dias. Há, porém, maior variabilidade
de horas de sono nos fins de semana (os retângulos são mais
4
longos do que os de terças, quartas e quintas-feiras). Testes
3
estatísticos próprios para a situação informarão se as diferen-
2
ças são estatisticamente significantes.
1
0
30 40 50 60 70 80
12
\s 11
10
9
maneira é utilizar o chamado box-plot, um gráfico no qual Mon Tues Wed Thurs Fri Sat Sun
129. Curvas ROC estão relacionadas a testes diagnósticos, bém está presente (alternativa c), afinal, o estudo é prospec-
pois são utilizadas para duas finalidades principais: definir tivo e, seguramente, o efeito (infarto agudo do miocárdio)
qual o melhor (mais acurado) exame, se houver mais de um, veio, no tempo, depois da verificação da massa ventricular
para o diagnóstico de uma mesma doença e definir qual o esquerda. Não existe consistência de resultados (alternativa
melhor ponto de corte (cut off) para qualquer dos exames. d) porque se está analisando o resultado de um único estudo;
As curvas ROC são desenhadas plotando-se, em um gráfico, consistência exige vários estudos que, com diferentes deli-
os valores da sensibilidade e da especificidade de cada pos- neamentos, apontam na mesma direção com o mesmo grau.
sível ponto de corte de um exame diagnóstico. O gráfico é Plausibilidade biológica (alternativa e) parece estar presente,
um quadrado em que a sensibilidade (proporção de positi- uma vez que estudos de fisiologia associam massa ventricu-
vos verdadeiros) estará representada no eixo Y (indo de 0% a lar a consumo de oxigênio e isquemia miocárdica. Como o
100% de baixo para cima) e o complementar da especificida- enunciado fornece resultados numéricos, quantitativos, é de
de (1-Especificidade, a proporção de falsos positivos) no eixo se pensar que a resposta ao teste tenha caráter quantitativo,
X (indo de 0% a 100% da esquerda para a direita). Assim, o o que remeteria às alternativas a ou b. Como são forneci-
ponto de máxima sensibilidade e máxima especificidade es- dos resultados de risco relativo para três estratos de massa
tará no vértice esquerdo superior do quadrado, que equivale muscular para serem comparados com o grupo de referência
à curva ROC perfeita, de um exame totalmente acurado. As (massa ventricular esquerda normal), é de se imaginar que o
curvas ROC mostram claramente que quando se tem muita autor da questão tenha valorizado mais o gradiente do que o
sensibilidade (desejável nos rastreamentos), tende-se a ter grau da associação. Resposta (subjetiva) b.
pouca especificidade, o que faz com que haja um número
considerável de resultados falsos positivos entre os resultados
132. O período de incubação de uma doença transmissível é
positivos (alternativa d). Resposta e.
variável, mas tem uma distribuição próxima da normal. Ele é
considerado como sendo o tempo que transcorre entre a ex-
posição e o tempo médio em que surgem os sintomas atribu-
130. Este é um teste que exige conhecimento bastante bási- íveis à suposta infecção. Se o período de incubação é de nove
co sobre delineamento de estudos epidemiológicos. Convém dias e no dia 19 de agosto ocorreu a maioria dos casos da do-
salientar a penúltima frase, sobre os estudos do tipo casos- ença YYY, caracterizando esse dia (pelo gráfico apresentado)
-controles (importantes para analisar, além de fatores de ris- como o período médio de surgimento dos casos, então 9 dias
co para doenças raras, situações de surtos ou agravos des- antes (que é o período de incubação da doença) deve ser a
conhecidos). De fato, na investigação de surtos e epidemias, data da ocorrência da exposição ao agente causal. Resposta c.
uma vez formuladas hipóteses sobre fontes de infecção, vias
de transmissão, possíveis agentes etiológicos e fatores de risco,
é muito frequente que se conduzam estudos desse tipo para
testar tais hipóteses. Comparam-se os casos identificados pela 133. Casos devidos ao tabagismo são casos atribuíveis ao ta-
Vigilância Epidemiológica a outras pessoas que não são caso bagismo. Uma porcentagem de casos de uma doença que é
(controles) visando identificar fatores de risco que deem base a atribuível a uma exposição configura uma Fração Atribuível
medidas de controle a serem implementadas. Na investigação (ou Fração Etiológica) à exposição, seja para expostos ao fa-
inicial de agravos novos ou desconhecidos, a única opção de tor de risco (FAE), seja para a população total, de expostos e
investigação etiológica ou de fatores de risco é o delineamento de não expostos (FAP). As alternativas, porém, não apresen-
caso-controle. É o que ocorreu no conhecido episódio de car- tam nenhuma fração atribuível, apenas o risco atribuível, que
cinoma de vulva e vagina em adolescentes associado ao uso de é o responsável pelo numerador de uma fração atribuível. A
dietilestilbestrol por suas mães durante a gestação. Resposta e. rigor não há resposta para esse teste, mas a melhor, dentre as
possíveis, é Resposta b.
146. Trata-se de estudo observacional (não há intervenção), humana transmitida por animais domésticos, sarampo,
individual (pessoas são selecionadas) e analítico (existe um síndrome da rubéola congênita tétano neonatal e varío-
grupo de comparação). Tanto pode ser estudo de coorte la; com tendência declinante: coqueluche, difteria, febre
como estudo do tipo caso-controle. Como o estudo se inicia tifoide, internação por complicações pós-influenza (prin-
a partir do efeito (pessoas com ou sem uma determinada do- cipalmente em idosos), meningite por H. influenzae tipo
ença serão investigadas quanto a suas exposições pregressas), b, rubéola e tétano acidental; limitadas a áreas restritas:
somente pode ser do tipo casos-controles. Resposta b. febre amarela, filariose, oncocercose e peste; emergentes:
aids, febre maculosa brasileira e hantavirose; reemergen-
tes: cólera e dengue; em situação de persistência: aciden-
147. Trata se de estudo observacional (não há intervenção), tes por animais peçonhentos, esquistossomose mansônica,
individual (pessoas são selecionadas) e analítico (existe um hanseníase, hepatites, leishmaniose, leptospirose, malária,
grupo de comparação). Tanto pode ser estudo de coorte meningites, tracoma e tuberculose. Naquela época, apenas
como estudo do tipo caso-controle. Como o estudo se inicia o tétano acidental, dentre as doenças listadas, não tinha
a partir da exposição (pessoas com ou sem uma determinada tendência de persistência. Resposta e.
exposição ou fator de risco serão acompanhadas ao longo do
tempo para que seja medida a incidência de uma doença),
somente pode ser do tipo coortes. Resposta a.
151. Este teste reporta-se a termos classificatórios utiliza-
dos em 2006, quando a Secretaria de Vigilância em Saúde/
Ministério da Saúde publicou o livro “Vigilância em Saúde
148. A Ficha Individual de Investigação (FII) configura-se, no SUS – fortalecendo a capacidade de resposta aos velhos
na maioria das vezes, como um roteiro de investigação, dis- e novos desafios”. Nessa publicação as doenças eram classi-
tinto para cada tipo de agravo, que deve ser utilizado, pre- ficadas conforme sua frequência como estando: em franco
ferencialmente, pelos serviços municipais de vigilância ou declínio: doença de Chagas, poliomielite, raiva humana
unidades de saúde capacitados para realização da investiga- transmitida por animais domésticos, sarampo, síndrome da
ção epidemiológica. Esta ficha permite levantar dados que rubéola congênita tétano neonatal e varíola; com tendência
possibilitam a identificação da fonte de infecção e dos me- declinante: coqueluche, difteria, febre tifoide, internação
canismos de transmissão da doença. Os dados, gerados nas por complicações pós-influenza (principalmente em idosos),
áreas de abrangência dos respectivos estados e municípios, meningite por H. influenzae tipo b, rubéola e tétano aciden-
devem ser consolidados e analisados, considerando aspectos tal; limitadas a áreas restritas: febre amarela, filariose, onco-
relativos à organização, sensibilidade e cobertura do próprio cercose e peste; emergentes: AIDS, febre maculosa brasileira
sistema de notificação e das atividades de vigilância epide- e hantavirose; reemergentes: cólera e dengue; em situação
miológica. Dentre as alternativas apresentadas, com exceção de persistência: acidentes por animais peçonhentos, esquis-
da a, todas as outras são contempladas nas FII. Você pode tossomose mansônica, hanseníase, hepatites, leishmaniose,
analisá-las buscando-as no endereço eletrônico abaixo colo- leptospirose, malária, meningites, tracoma e tuberculose.
cado, cujo acesso deu-se em 27/2/2015. Naquela época, apenas a febre amarela silvestre, dentre as
http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/cve fichas.htm doenças listadas, não tinha tendência decrescente.
Resposta a. Atualmente essas informações já não são as mesmas. A
coqueluche, por exemplo, vem apresentando, ao con-
trário de tendência decrescente, importante aumento.
149. Em agosto de 2010 foi suspensa a portaria de 2006 referi- Veja o gráfico abaixo, retirado de publicação de 2014 da
da no enunciado desta questão. Não bastasse isso, em 2011 foi Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde
substituída a portaria de 2010; a portaria de 2011, por sua vez, “Saúde Brasil 2013 – Uma análise da situação de saúde e
foi substituída novamente em junho de 2014 (e esta está em vi- das doenças transmissíveis relacionadas à pobreza”. Ele
gência atualmente – março de 2015). Assim, este teste já não tem mostra claramente uma recrudescência da coqueluche a
mais qualquer significado, uma vez que as portarias atualizam-se partir de 2011 no país. O texto a seguir foi retirado da
visando o melhor controle das doenças e agravos mais importan- mesma publicação que contém o gráfico.
tes em termos de Saúde Pública. Apenas por razões históricas, a “Com o incremento das coberturas vacinais, a partir da se-
alternativa correta (até agosto de 2010) seria a b: em relação ao té- gunda metade da década de 90, do século passado, obser-
tano neonatal, apenas os casos confirmados eram de notificação vou-se uma redução acentuada da incidência de coqueluche
imediata. Teste atualmente (2015) descontextualizado. (Gráfico 11). Naquela década, a cobertura vacinal alcança-
da estava em torno de 70% e a incidência da doença era de
aproximadamente 10/100 mil habitantes. À medida que as
150. Este teste reporta-se a termos classificatórios utiliza- coberturas se elevaram para valores próximos a 95% e 100%,
dos em 2006, quando a Secretaria de Vigilância em Saúde/ no período de 1998 a 2000, observou-se que a incidência se
Ministério da Saúde publicou o livro “Vigilância em Saúde reduziu para 0,9/100 mil habitantes. Com a manutenção das
no SUS fortalecendo a capacidade de resposta aos ve- altas coberturas vacinais, na última década, a incidência va-
lhos e novos desafios”. Nessa publicação as doenças eram riou entre 0,72/100 mil em 2004, a 0,32/100 mil habitantes,
classificadas conforme sua frequência como estando: em em 2010. No entanto, a partir de meados de 2011, observou
franco declínio: doença de Chagas, poliomielite, raiva -se aumento do número de casos da doença no País.
As razões para o aumento de casos de coqueluche não são facilmente identificáveis, porém algumas hipóteses podem ser
levantadas: as mudanças observadas na vigilância da doença, com o aumento da sua sensibilidade e especificidade, com
a incorporação do diagnóstico por técnicas biomoleculares, aliadas a uma maior suspeição por parte da rede assistencial.
Por outro lado, a eficácia da vacina de células inteiras apresenta limitações (as estimativas de eficácia variam entre 36% e
98%), e a duração da proteção conferida pela vacina é também limitada (a proteção decresce 50% entre 6 e 12 anos após a
vacinação). Sabe-se também que a ocorrência da coqueluche é cíclica, com intervalos de 3 a 5 anos, com incremento espe-
rado no número de casos.
O aumento do número de casos no Brasil deve-se principalmente a ocorrência entre os menores de 1 ano. Este gru-
po etário concentra mais de 70% dos casos, a maioria entre os menores de 6 meses, antes da idade preconizada para
completar o esquema básico de imunização (três doses da vacina “pentavalente” – DTP+HIB+HepB, aos 2, 4 e 6 meses
de idade), no esquema preconizado pelo PNI/Ministério da Saúde. A letalidade da doença também foi mais elevada
no grupo das crianças menores de 1 ano, particularmente naquelas com menos de 6 meses de idade, que concentram
quase todos os óbitos por coqueluche. Nos anos de 2011, 2012 e 2013, foram registrados 56, 86 e 107 óbitos, respecti-
vamente, com letalidade de 2,5%, 1,6% e 1,7%, ao ano. A maior parte dos óbitos registrados foi em crianças com idade
igual ou inferior a 1 ano de idade. A observação do aumento do número de casos de coqueluche vem sendo feita não
apenas no Brasil, mas também nos Estados Unidos, na Europa Ocidental e na Argentina. Na América do Norte e na
Europa Ocidental há registros de ocorrência de surtos entre adolescentes e adultos jovens, o que seria um diferencial
entre a situação nesses locais e a brasileira. Entretanto, a observação da distribuição etária dos casos notificados nos
EUA demonstra que a maior incidência está entre os menores de um 1 de idade. A concentração de casos entre os
menores de 1 ano no Brasil sugere a existência de um reservatório do agente infeccioso entre os adultos jovens (mães
e pais) que estariam transmitindo o agente aos seus bebês. Esses casos entre adultos jovens não vêm sendo detectados
pela vigilância epidemiológica. À semelhança dos EUA, o Brasil pretende implantar ainda, em 2014, a vacinação de
grávidas por meio da vacina pertússis acelular, como medida de controle para a ocorrência da doença entre os me-
nores de 6 meses”.
12 120
10 100
8 80
6 60
4 40
2,8 3,3
2 20
1,2
0,3
0 0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
3004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). *2013 - Vacina pentavalente, dados preliminares.
Resposta d.
152. Melhor do que medida de “magnitude” seria escrever medida de associação ou medida de efeito. A odds ratio origina-se
de estudos do tipo caso-controle. Estudo que tem intervenção é o estudo experimental (podendo ser ecológico ou individual);
neste caso, a opção oferecida é o ensaio clínico. O início de um estudo epidemiológico a partir da variável dependente (des-
fecho, efeito) caracteriza o desenho retrospectivo: caso-controle. O único desenho de estudo capaz de calcular prevalências é
o transversal. Resposta c.
153. A única alternativa que compreende uma incidência re- 157. A alternativa a está correta, pois existe uma tendên-
lativamente constante por longo período de tempo (ainda que cia de estudos ditos “positivos” (os que rejeitam a hipó-
permita variações sazonais), é a última. Todas as outras com- tese de nulidade, detectam uma associação ou uma di-
preendem variações do conceito de epidemia. Resposta e. ferença como estatisticamente significantes) serem mais
publicados que estudos ditos “negativos”. Assim, os estu-
dos publicados tendem a ser sistematicamente diferen-
154. O gabarito oficial deste teste aponta como correta a tes do total de estudos que existam sobre o assunto em
alternativa a. Um indicador (opção C da segunda coluna), pauta. Por isso mesmo a alternativa d é a incorreta, a ser
pelo gabarito oficial, tanto poderia “orientar decisões” como apontada, pois o viés de publicação é sempre uma pos-
representar “medidas absolutas ou relativas”. Então, logica- sibilidade concreta nas metanálises. O gráfico do funil
mente, poderia representar “medidas relativas” somente (a (funnel plot) existe justamente para detectar se houve ou
segunda opção da primeira coluna). Um coeficiente (opção não viés de publicação na reunião sistemática de artigos
A da segunda coluna) tanto poderia representar “medidas para a metanálise (alternativa b). Resposta d.
relativas” como “comparar riscos”. Um coeficiente, porém
(uma incidência, uma mortalidade), não compara riscos; não
é uma medida que relaciona dois riscos; é uma medida de um 158. Os dados apresentados sugerem a construção de uma
risco apenas, um risco absoluto e não um risco relativo. Des- tabela do tipo 2 x 2, como a apresentada abaixo, para avaliar
sa maneira, nota-se que este teste é confuso e não mantém o desempenho do teste diagnóstico B em relação ao teste A,
nem congruência interna, haja vista a resposta que indica considerado como padrão ouro ou gold standard (“a melhor
como correta. O fato é que existe muita confusão e falta de tecnologia para o diagnóstico da referida afecção”). Trezen
unanimidade no uso dos termos colocados nesta questão, de tos indivíduos suspeitos são testados com o teste B e tal teste
modo que isso não deveria ser colocado numa prova de ava- detecta 240 casos (positivos ao teste B)e, portanto, 60 ne-
liação. Verifique, em sua apostila, um teste muito semelhante gativos pelo teste B. Porém, há o relato que, destes 240, 20
a este, apresentado pela mesma entidade (AMP - Associação foram considerados negativos pelo teste A; logo, 220 são os
Médica do Paraná) em 2014. Teste sem resposta. positivos tanto pelo teste A como pelo B. O teste A detectou
como positivos 90% dos 300 suspeitos (ou seja, 270 é o total
de positivos pelo teste A). Assim, haveria 50 positivos pelo
teste A, mas negativos pelo B.
155. Odds ratios (OR) menores do que 1,0 indicam associa-
ção negativa ou protetora entre as variáveis relativas à casela
A da tabela do tipo 2 x 2. (uso de condom e história de sífilis).
Teste A
Como o intervalo de confiança de 0,65 não englobou o va-
lor 1,0, a associação negativa ou protetora tem significância Positivo Negativo
estatística. Por isso pode-se afirmar que a chance de uso de Positivo 220 20 240
condom para pessoas com história de sífilis (122/67) foi me- Teste B
Negativo 50 10 60
nor do que para pessoas sem história de sífilis (4.017/1.444).
270 30 300
Se a tabela apresentada fosse invertida, numa apresentação
mais costumeira (o “fator de risco” e “a doença” associados
na casela A), teríamos a seguinte conformação: Com a tabela totalmente preenchida, pode-se calcular:
• sensibilidade de B: 220/270 = 81,5%
• especificidade de B: 10/30 = 33,3%
Hist. de sífilis
Sim Não • valor preditivo positivo de B: 220/240 = 91,7%
Não 67 1 444 • valor preditivo negativo de B: 10/60 = 16,7%
Uso de condom
Sim 122 4.017 • prevalência da afecção: 270/300 = 90,0%
Não há alternativa correta para este teste. O gabarito oficial
apontou a resposta b.
OR seria: (67 x 4.017) / (1.444 x 122) = 1,53 (que é o inverso
de 0,65)
A interpretação, equivalente à já apresentada, seria: “a chance 159. Quando se comparam homens com e sem uma determi-
das pessoas com história de sífilis não terem usado condom nada doença, sem que haja intervenção, mas apenas obser-
(67/122) foi 53% maior do que a das pessoas sem história de vação de uma exposição pregressa (trabalho noturno, rela-
sífilis (1.444/4.017)”. Resposta d. cionado neste estudo, certamente, com a menor produção de
melatonina), está-se diante de um estudo individual (ainda
que seja de base populacional e não de um serviço especiali
156. O valor preditivo positivo (VPP) será dado pela propor- zado ou de uma fábrica, pois cada indivíduo contribuiu com
ção de positivos verdadeiros entre os resultados positivos do informações a serem agregadas), observacional, retrospec-
exame. Assim, VPP = 180/(180+220) = 180/400 = 0,45 ou tivo e analítico, ou seja, um estudo do tipo casos-controles.
45%. Resposta d. Todas as odds ratios (ORs) apresentadas são maiores do que
1,0, sugerindo associação positiva ou nociva entre o trabalho por capítulos da CID-10, por exemplo, ela revela o “perfil de
noturno e os cânceres. Porém, o intervalo de confiança das mortalidade” ou a “estrutura de causas de morte” de uma po-
ORs mostra significância estatística apenas para os cânceres pulação. MP não mede risco (alternativa d). O risco de morte
de pulmão e de bexiga (por não englobarem o valor unitário, por uma doença pode, por exemplo, estar constante ao longo
que é o da não associação). Resposta d. de anos, mas a MP por essa doença pode estar aumentando
(se os riscos de morrer pelas outras causas de morte estive-
rem diminuindo) ou diminuindo (se os riscos de morrer pe-
160. O objetivo principal da casualização, aleatorização ou las outras causas de morte estiverem aumentando). Por não
randomização nos ensaios clínicos é produzir grupos que poderem ser interpretadas como risco, não é aconselhável
sejam comparáveis quanto a uma série de variáveis que pos- que MPs sejam base de interpretação de séries históricas ou
sam influenciar no desfecho (efeito da intervenção). E isto temporais (alternativa c). Resposta a.
é útil tanto para variáveis que são conhecidas quanto a sua
influência, como para variáveis desconhecidas que talvez
possam influir também. Grupos assim comparáveis não são,
164. A alternativa a está correta porque se o coeficiente já é es
então, montados com nenhum viés ou tendenciosidade de
pecífico por causa e por idade, ele não sofre influência da com
seleção. A única diferença entre os grupos, idealmente, é a
posição etária da população, pois diz respeito especificamente
intervenção; com isso, se houver uma diferença no desfecho,
ao risco de morrer (por uma determinada causa) naquele
essa diferença é atribuída à intervenção e não a diferenças
grupo etário. Por exemplo: o risco de morrer por infarto
pré-existentes entre os grupos. A casualização é útil também
do miocárdio entre pessoas de 60 a 65 anos em diferentes
para controlar o efeito de variáveis de confusão, mas estas
locais pode ser diretamente comparado, não importando se
são também controladas no desenho do estudo experimen-
as populações dos locais têm diferentes estruturas etárias.
tal, por meio de critérios de inclusão e exclusão. Resposta b.
Lembre-se: a padronização (ou ajuste) por idade é necessária
se o que estamos comparando depende da idade e se as idades
dos grupos que estão sendo comparados são diferentes.
161. Valores menores do que 1,0 para o risco relativo (RR) Isso acontece quando se comparam coeficientes que não
indicam associação negativa ou protetora (desde que o inter- sejam específicos por idade (por exemplo, coeficientes de
valo de confiança não inclua o valor unitário). Nos estudos mortalidade geral ou de mortalidade por causas). A alternativa
caso-controle não se calcula RR, apenas odds ratio (OR), que b está incorreta porque um país com população idosa e com
pode ser uma estimativa indireta do RR. A interpretação do excelente condição de saúde pode ter coeficiente de mortali-
RR não precisa, absolutamente, ser feita em conjunto com a dade geral mais alto do que outro país com população jovem e
de OR. Cada desenho de estudo tem sua medida e sua pró- com más condições de vida e saúde; isso ocorre porque idosos,
pria interpretação. O NNT é calculado a partir da Redução independentemente da condição de vida e saúde, morrem, de
Absoluta de Risco (RAR); NNT = 1/RAR. Não se utiliza o RR modo geral, mais do que jovens. A alternativa c está incorreta
para o cálculo do NNT. Resposta c. porque se a composição etária da população (mesmo que seja
de um mesmo país ou região) muda ao longo do tempo (en-
velhecimento populacional), é preciso controlar, por meio da
162. A alternativa a está incorreta porque 3,26 se refere ao padronização, a diferença de idade entre as populações cujos
risco relativo (razão de incidências) dos homens nos dias de coeficientes estejam sendo comparados. Trata-se do exato
jogos da Alemanha em 2006 em relação ao período controle exemplo oferecido em aula acerca da mortalidade por câncer
(2003 a 2005), e não em relação às mulheres. A alternativa c em homens no Estado de São Paulo ao longo de uma série his-
está incorreta porque nos dias da Copa do Mundo de 2006 tórica. A alternativa d está incorreta porque a medida proposta
sem jogos da Alemanha, a RI das mulheres (1,04) não teve corresponde à letalidade (proporção de óbitos por uma doença
significância estatística (observe o IC: 0,87 a 1,44, engloban- entre os casos da doença num determinado período). O deno-
do, portanto, o valor 1,0, da não associação). A alternativa d minador da mortalidade proporcional por uma causa é o total
também está incorreta porque 1,82 refere-se à RI de mulhe de óbitos ocorridos num local e num determinado período.
res em dias em que houve jogos da Alemanha e não apenas Resposta a.
em dias de jogos da copa do Mundo. Resposta b.
172. Mortalidade é calculada com óbitos no numerador (alterna- 178. O “Método de trabalho para esclarecer a ocorrência...”
tivas b, c e e). Taxa de ataque é sinônimo de coeficiente de incidên- é uma investigação epidemiológica, procedimento muito
cia, usada para doenças infecciosas. Casos de doença dentre um afeito aos serviços de vigilância epidemiológica. O “Estudo
grupo populacional é medida de incidência (se forem casos novos seccional amostral...” é o estudo transversal conduzido em
num período) ou de prevalência (se forem casos existentes num amostras populacionais, normalmente realizado por inqué-
ponto do tempo). Em ambas as situações se está diante de uma rito junto aos indivíduos selecionados, para levantar infor
medida de adoecimento ou morbidade. Resposta d. mações primárias fidedignas quando é necessário conhecer
adequadamente algum problema, calcular a prevalência de
um fator de risco ou doença etc. O “Estudo realizado com
173. A alternativa a estaria correta se fosse retirada da soma base nos dados existentes...” é o levantamento epidemiológi-
a mortalidade perinatal, porque esta engloba os óbitos fetais co: uma busca em dados secundários (já colhidos, não ori-
(natimortos). A mortalidade neonatal precoce (alternativa b) ginais) que podem originar alguma informação importante
é a que ocorre nos sete primeiros dias de vida (sem comple para a saúde. Resposta b.
tar o sétimo dia a rigor, seria até o quinquagésimo nono
minuto da vigésima terceira hora do sexto dia de vida). A al-
ternativa c está incorreta porque hoje, no Brasil, predomina a 179. As alternativas listam os critérios utilizados para a ava-
mortalidade neonatal sobre a pós-neonatal. O denominador liação dos serviços de vigilância epidemiológica. Dentre eles
da mortalidade infantil é o número de nascidos vivos e não o está incorreto (e deve ser a alternativa apontada) o conceito de
número total de óbitos (alternativa e). A figura abaixo mostra oportunidade. Este tem a ver com tempo, com timing (ajusta-
que já desde 1992 a mortalidade infantil neonatal passou a mento de velocidade). É a capacidade do sistema de vigilância
superar a pós-neonatal, sendo que em 2012 ela já representa- de acionar as medidas de prevenção e controle no momento
va 70,5% de toda a mortalidade infantil. Resposta d. necessário para que as ações tenham o impacto necessário.
Avalia a disponibilidade das informações do sistema de vigi-
lância para a tomada de medidas de controle, intervenções,
174. Quando a morte materna decorre de doença que a ges- em tempo hábil. Ele mede a agilidade do fluxo do sistema no
tante ou mãe já apresentava antes da gestação, esta morte é cumprimento de todas as etapas de vigilância, desde a notifi-
chamada de indireta. Com o advento da gestação, do parto cação, investigação, tomada de medidas de controle até a dis-
ou do puerpério pode haver alguma complicação da doença seminação das informações, em tempo hábil. A oportunidade
pré-existente, levando a mulher ao óbito. As causas diretas está relacionada à simplicidade do sistema de vigilância e da
(doenças que não existiam antes e que surgem após o iní- definição de caso (por exemplo, se são necessários exames ou
cio da gestação ou durante o parto ou puerpério) são mais não de laboratório), depende também dos recursos disponí-
frequentes do que as indiretas dentre os óbitos maternos em veis e está relacionada ao tipo de eventos notificados, agudos
nosso país. As principais causas diretas são as doenças hiper ou crônicos. Pode se avaliar os intervalos de tempo entre:
tensivas (doença hipertensiva específica da gravidez, eclamp-
sia e pré-eclâmpsia), as hemorragias, as infecções e o aborto, o início dos sintomas e a data da notificação;
nessa ordem. Veja a figura abaixo. Resposta a. a data da notificação e do início da investigação do caso;
a data do início de um surto epidêmico e o momento da sua
identificação pelo sistema;
175. A lista abaixo foi copiada do Guia de Vigilância Epide-
a data da identificação do surto e o início das medidas de con-
miológica, da Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério
trole.
da Saúde, 2010 (página 29 em diante). Em negrito estão as
etapas abordadas neste teste. Aproveite para verificar todos os critérios em sua apostila. Res-
posta d.
também é importante. Se se conhece a sequência de destinação lações que continua a existir apesar de elas, ambas, não serem
(alternativa c) dos indivíduos para os grupos com antecedên- expostas a algum fator, tem-se de cogitar nas possibilidades
cia (por exemplo, uma exata alternância sequencial entre grupo outras que fazem com que populações difiram por motivos
controle e grupo experimental), pode ocorrer de o investigador, que não sejam os que estamos medindo. Um motivo pode ser
sabendo para que grupo será destinado o próximo indivíduo, a presença de variáveis de confusão: variáveis que não são nem
interferir nessa destinação por uma série de motivos que digam a exposição e nem o efeito, mas que por estarem associadas a
respeito a características do indivíduo ou a percepções do inves- essas duas, podem distorcer a associação entre elas. Se uma va-
tigador sobre a intervenção. Resposta b. riável de confusão está mais presente num dos grupos que está
sendo comparado a outro, ela faz com que esse grupo não seja
comparável ao outro. Imagine o seguinte estudo hipotético:
181. Teste desatualizado. Embora não mais em vigor a partir usuários excessivos de café serão comparados a não usuários
de junho de 2014, algumas definições apresentadas na por- excessivos de café quando à incidência de infarto. Ocorre que
taria de janeiro de 2011 ainda estão mantidas na portaria de o tabagismo pode estar associado ao uso de café e também as-
2014. O conceito de “doença” manteve-se idêntico (enfermi- sociado ao infarto. Dessa forma, os usuários excessivos de café
dade ou estado clínico, independentemente de origem ou seriam pouco comparáveis aos não usuários excessivos, pois
fonte...”. O conceito de “agravo” pouco mudou. Atualmente aqueles contariam com muito mais fumantes do que estes. É
uma situação em que uma variável de confusão (tabagismo)
é “qualquer dano à integridade física ou mental do indiví-
prejudicou a comparação entre os grupos. Causalidade reversa
duo, provocado por circunstâncias nocivas, tais como aci-
(alternativa d) é a situação que ocorre em estudos transversais
dentes, intoxicações por substâncias químicas, abuso de dro-
ou casos-controles quando a exposição é que muda em função
gas ou lesões decorrentes de violências interpessoais, como
da presença de doença; por exemplo, um estudo pode mostrar
agressões e maus tratos, e lesão autoprovocada”. O conceito
que infartados fumam menos do que não infartados, sugerin-
de “evento” (significa manifestação de doença...” não mais
do um papel protetor do cigarro para o infarto. Mas pode ter
aparece na nova portaria. O que aparece é “evento de saúde
ocorrido que infartados, por causa do infarto, passaram a fu-
pública (ESP)”, conceituado como “situação que pode cons-
mar menos. Resposta c.
tituir potencial ameaça à saúde pública, como a ocorrência
de surto ou epidemia, doença ou agravo de causa desconhe-
cida, alteração no padrão clinicoepidemiológico das doen-
ças conhecidas, considerando o potencial de disseminação, 185. Todas as doenças de todas as alternativas são de notifica-
a magnitude, a gravidade, a severidade, a transcendência e a ção compulsória no Brasil. Dentre elas, a única que não cons-
vulnerabilidade, bem como epizootias ou agravos decorren- ta do Regulamento Sanitário Internacional é a AIDS. Lem-
tes de desastres ou acidentes”. Resposta a. bre-se, porém, de que as doenças apontadas na alternativa
c só serão notificadas internacionalmente se representarem
uma Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional
(ESPIN: é um evento que apresente risco de propagação ou
182. Trata-se do delineamento dos estudos de coorte: indi- disseminação de doenças para mais de uma Unidade Federa-
vidual (pessoas, uma a uma, têm seus dados obtidos), ob- da - Estados e Distrito Federal - com priorização das doenças
servacional (não há intervenção), prospectivo (inicia se se- de notificação imediata e outros eventos de saúde pública,
lecionando as pessoas segundo a variável independente ou independente da natureza ou origem, depois de avaliação de
fator de risco e elas passam a ser acompanhadas ao longo do risco, e que possa necessitar de resposta nacional imediata)
tempo para medir a incidência da variável dependente ou ou uma Emergência de Saúde Pública de Importância Inter-
efeito, geralmente uma doença ou morte) e analítico (existe nacional (ESPII: é evento extraordinário que constitui risco
pelo menos um grupo de comparação para os expostos: os para a saúde pública de outros países por meio da propaga-
não expostos). Resposta d. ção internacional de doenças e que potencialmente requerem
uma resposta internacional coordenada). Resposta c.
187. O risco relativo é diretamente medido nos estudos de co- 190. Estudo transversal mede razão de prevalências. Estudo
orte e indiretamente estimado por meio da odds ratio (OR) nos de coorte mede risco relativo (razão entre dois riscos ou in-
estudos casos-controles. A rigor, nada impede que se calcule a cidências). Estudo de caso-controle mede odds ratio. Estudo
OR nos estudos de coorte e que ela, se a incidência do desfecho ecológico pode medir, dentre as opções apresentadas, a ra-
for pequena (desfecho raro), estime muito bem o risco relati- zão de prevalências. O estudo ecológico trabalha com dados
vo. O teste, no entanto, provavelmente busca fazer associações secundários de morbidade ou mortalidade, obtidos de agre-
mais clássicas e diretas entre os conceitos, medidas e desenhos gados populacionais, de modo geral geograficamente defini-
epidemiológicos, daí ser melhor considerar falsa a primeira dos. Quando diferentes populações são comparadas quanto a
assertiva. A segunda assertiva refere-se ao delineamento do es- uma prevalência, por exemplo, podem-se estabelecer razões
tudo; os “casos”, nos estudos de coorte, são as pessoas em quem de prevalências entre essas diferentes populações e buscar se
incidiu o desfecho, aquelas em que surgiu a variável depen- uma explicação ambiental para as diferenças observadas. O
dente (doença, morte, complicação). Por isso, não são selecio- ensaio clínico, como estudo prospectivo que é, mede risco
nados, escolhidos, como são os casos dos estudos casos-con- relativo (RR). Se a intervenção (um tratamento, por exem-
troles. A quarta assertiva (“O início se dá...” é verdadeira, pois plo) proteger ou impedir o desfecho (doença ou morte), o
num estudo de coorte, com expostos e não expostos a alguma risco dos expostos à intervenção será menor do que o dos
variável independente, todos, expostos e não expostos, devem não expostos (o grupo-controle) e o RR será menor do que
apresentar algum risco de virem a desenvolver o desfecho, 1,0, evidenciando uma associação negativa ou protetora en-
por mínimo que seja, caso contrário não se está estimando ou tre a intervenção e o desfecho. Resposta a.
medindo risco (exemplo exagerado: não se acompanham mu-
lheres para medir a incidência de câncer de próstata, pois seu
risco é nulo). A última assertiva é falsa: a exposição é medida 191. Quando os resultados de um estudo podem ser extra-
sempre antes do efeito nos estudos de coorte; é preciso garantir polados para a população de onde se originou a amostra
que o desfecho não está presente no início do estudo, quando (quando não há viés de seleção da amostra) ou para outras
as pessoas são classificadas em expostas ou não expostas. Essa populações diferentes (outros “cenários”), diz-se que existe
relação temporal entre as variáveis é, inclusive, um dos crité- validade externa (poder de generalização) no estudo. A va-
rios de causalidade numa associação estatística. Resposta a. lidade interna existe quando os resultados são válidos para
a amostra examinada. Se não houver, por exemplo, masca-
ramento dos observadores num ensaio clínico, ele pode não
188. Valores obtidos em amostras populacionais podem ser apresentar validade interna; seus resultados não se aplicam
diferentes dos verdadeiros valores populacionais; estes últimos nem à amostra examinada. Uma das interpretações do viés
só seriam obtidos caso fossem examinados todos os indiví- de seleção é a que está colocada na terceira assertiva. Por mo-
duos da população em foco. As estimativas amostrais contém tivo de tendenciosidade na escolha dos indivíduos (no mais
sempre o chamado “erro amostral”, que não depende do mé- das vezes não intencional), montam-se grupos sistematica-
todo de seleção da amostra, não é produto de nenhum viés mente diferentes, que não deveriam ser comparados quanto
ou tendenciosidade. Ele depende do acaso, que faz com que a um desfecho. Por exemplo: os expostos a um dado fator po-
diferentes amostras – completamente aleatórias – de uma úni- dem ser mais velhos que os não expostos. Se a idade interferir
ca população apresentem diferentes valores ou resultados: é a no desfecho, esse viés de seleção prejudicará a comparação
chamada variação amostral ou variação aleatória. Resposta d. dos dois grupos quanto ao efeito do dado fator. Resposta a.
189. A classificação (correta ou incorreta) de pessoas que, na 192. A mortalidade proporcional (ou Índice) de Swaroop &
verdade, não são portadoras “da” doença, depende exclusiva- Uemura (ISW) mede a proporção de óbitos de pessoas de 50
mente da especificidade do teste aplicado (alternativa a). Um e mais anos de idade dentre o total de óbitos. Quanto mais
teste específico (alternativa b) raramente deixará de diagnos- alto, melhor. O ideal seria 100%: todos os mortos de um dado
ticar corretamente os não portadores da doença em questão; local num dado ano tinham mais do que 50 anos de idade!
os portadores da doença, mesmo sob um teste específico, É indicador que já foi mais utilizado, pois quando foi ideali-
poderão obter um resultado negativo, pela frequente falta zado (1957), a esperança de vida ao nascer era bem menor
de sensibilidade nos testes muito específicos (por exemplo, do que a atual. Hoje o ISW discrimina pouco; já se utiliza a
o protoparasitológico, que é 100% específico para verminose, mortalidade proporcional de 75 e mais anos de idade para
pois é negativo em todos os que não apresentam verminose, comparar países, mas o epônimo “Swaroop & Uemura” con-
facilmente vem negativo em pessoas portadoras da doença). tinua a ser aplicado apenas para a idade de óbito de 50 e mais
A alternativa c está correta: exames muito sensíveis são úteis anos. Sua vantagem é a simplicidade de cálculo e o fato de
para excluir doenças, pois embora seu resultado positivo dispensar dados relativos à população. Esse índice, em 1980,
possa conter muitos falsos positivos, seu resultado negativo é era 22% na Guatemala, 49% no Brasil, 84% no Canadá e 93%
muito confiável porque tal teste detecta corretamente, como na Suécia (o mais alto da época). Resposta c.
positivos, todos os portadores da doença. A alternativa d es-
taria correta se a palavra “sensíveis” fosse colocada no lugar
de “específicos”. A alternativa e também está incorreta por- 193. Embora o enunciado não informe, pela leitura das alter
que o ponto de maior sensibilidade e especificidade da curva nativas parece que os “estudos prognósticos”, nesta questão,
ROC é o superior esquerdo. Resposta c. se referem a estudos de acompanhamento de doentes para
verificar o surgimento de complicações da doença ou óbitos (uma “causa” em investigação) e se vai medir a incidência de
pela doença, para que seja traçado o prognóstico da doença. uma série de possíveis efeitos ao longo do acompanhamento.
Essa observação é importante porque os estudos poderiam se “Pesquisa de causa rara” pode até ser feita em estudos casos-
referir ao acompanhamento de pessoas sem doenças, apenas -controles (correndo-se o risco de achar muito poucas pessoas
portadores de certos fatores de risco (ou de prognóstico) para expostas, o que inviabilizaria a análise estatística), mas ante a
verificar a incidência da doença e o papel daqueles fatores nes- alternativa b (pesquisa de doença rara), a alternativa a tem de
sa incidência. Sob essa colocação, então, a primeira assertiva é ser descartada. Sem nem considerar os estudos ecológicos, é
verdadeira: estudos de coorte revelam o prognóstico ou curso possível apontar a alternativa b como correta. Estudos ecológi-
clínico de uma doença. A segunda assertiva seria falsa, pois cos lidam com dados secundários obtidos em populações, em
estudos casos-controles são estudos analíticos que medem o grandes agregados populacionais, geralmente definidos geo-
grau de associação entre fatores prognósticos ou de risco (in- graficamente. Dado o tamanho populacional (quase sempre
vestigados como exposição pregressa) e doenças. Estudos de maiores do que amostras nos estudos individuais), o encontro
caso-controle não podem medir prevalência de fatores prog- de doenças de baixa frequência fica facilitado. Resposta b.
nósticos ou de risco; apenas estudos transversais o fazem, mas
podem aquilatar o papel causal de fatores prognósticos. Nesse
caso, a doença seria o desfecho a ser considerado. A terceira 196. A taxa ou razão de mortalidade materna leva no denomi-
assertiva seria verdadeira, pois os doentes (que serão acom
nador o número de nascidos vivos (NV), tal qual o denomina-
panhados prospectivamente) são muito mais frequentemente
dor da mortalidade infantil. Esse denominador não é a melhor
localizados nos serviços médicos e não na população geral.
estimativa do número de gestações – que é o que faria sentido
Em relação à quarta assertiva, há dúvida de interpretação, pois
ser colocado no denominador, para que se pudesse calcular
“expressar o prognóstico” tanto pode se referir a incidência de
o risco de mulheres morrerem por causas ligadas à gravidez,
doença segundo alguns fatores prognósticos das pessoas não
parto e puerpério. Mesmo não sendo a melhor estimativa, o
doentes, como a incidência de complicações de doença (em
número de NV é adotado internacionalmente para permitir
uma coorte de doentes) também segundo “fatores prognós-
maior comparabilidade entre as razões calculadas nos diferen-
ticos” dos doentes. Em qualquer das duas situações, como se
tes locais. O quociente é, convencionalmente, multiplicado por
trata de estudo prospectivo, o que se vai medir (“forma quan-
100 mil. Os AVP costumam também ser denominados Anos
titativa de expressar” – conforme a assertiva) é uma incidência
potenciais de Vida Perdidos (APVP) e os API, AVAI (Anos de
(acumulada), que é uma proporção num período de tempo:
Vida Ajustados por Incapacidade). Resposta d.
proporção ou de doentes ou de complicações de doença, a de-
pender de qual fosse a variável independente. A assertiva diz
“proporção de pacientes do estudo que são diagnosticados”. A
nosso ver parece estranho que esta última assertiva tenha sido 197. A alternativa a está correta: é a definição de prevalência
considerada falsa pelo gabarito oficial. Garantir que seja verda- (uma proporção num ponto do tempo). O único senão é cha-
deira, porém, seria no mínimo trabalhoso, por causa da forma mar uma proporção de taxa (que deveria ser reservada para a
como foi redigida. A nosso ver não haveria resposta para este densidade de incidência), mas isso é um vício já arraigado no
teste, ainda que concordemos com o julgamento das três pri- linguajar clinicoepidemiológico. A alternativa b também está
meiras assertivas. Resposta (oficial) c. correta; basta verificar em suas anotações de aula e na aposti-
la de Medicina Preventiva 1 a maneira de calcular a densida-
de ou taxa de incidência (pessoas x tempo no denominador).
194. Reabilitação é fase de prevenção terciária. Nessa fase A incidência cumulativa, de fato, mede o risco de ocorrer um
estão também presentes ações de apoio a pessoas portado- evento num período de tempo e a população do denomina-
ras de sequelas permanentes visando utilizar ao máximo sua dor é contada no início do período de acompanhamento. A
capacidade remanescente, inserindo-as em atividades que alternativa c está incorreta e deve ser a apontada. O Diabe-
consigam desenvolver, para que possam ter melhor qualida- tes mellitus é exemplo de doença de baixa incidência, mas de
de de vida. Ações de educação do público para que acolham longa duração, o que faz com que sua prevalência seja alta.
pessoas com sequelas e incapacidades são outro exemplo de Lembre-se: prevalência é aproximadamente o resultado da
prevenção terciária. Resposta c. incidência multiplicada pela duração da doença. Resposta c.
195. Em testes associe (quase) sempre doenças raras a estudos 198. Trocando-se a droga A pela B, espera-se que, em 10 anos,
caso-controle. Isto porque nesse desenho de estudo se parte a incidência de complicações caia de 20% para 5%, ou seja,
da variável dependente (a doença) em busca de exposições uma queda de 15 pontos porcentuais em 20 (15/20), o que
pregressas. Mesmo que a doença seja rara (o que prejudica significa queda relativa de 75%. Esse é o conceito de Redução
o desenho de coorte simplesmente porque incidirão poucos Relativa de Risco (RRR) ou Eficácia de um tratamento quando
casos no futuro), não é difícil localizar algumas centenas de comparado com outro. Num teste como esse, poderia também
casos da doença nos serviços médicos. Nesse tipo de estudo ser solicitado o cálculo do NNT: quantas pessoas teriam de ser
não se mede incidência diretamente (isso é feito apenas em tratadas com a nova droga B para que um novo caso de com-
estudos prospectivos: coortes ou ensaios clínicos). “Múltiplos plicação associada ao diabetes fosse evitado. NNT = 1/Redu-
efeitos de uma causa” parece referir-se a estudo de coorte em ção Absoluta de Risco (RAR). A RAR é dada por 20% - 5% =
que se acompanham pessoas com um dado fator de risco 15%. Portanto, NNT = 100/15 ou 6,7 ou 7 pessoas. Resposta c.
199. O Índice de Swaroop e Uemura (ISU) é uma mortalida- nativa d) aplicam-se a quaisquer desenhos de estudo, embora
de proporcional por idade. A idade escolhida foi a de 50 anos; haja predomínio dos experimentais por terem maior valida-
assim, trata-se da proporção de óbitos de pessoas com 50 e de interna (menos vieses). Estudos prognósticos (alternativa
mais anos dentre o total de óbitos ocorridos num dado perí- e) jamais são realizados em cortes transversais (seccionais);
odo (geralmente um ano-calendário) e num dado lugar. Ní- são sempre estudos prospectivos. Estudos de “caso-controle
veis elevados são, naturalmente, encontrados em locais mais aninhado” ou “caso controle alojado” (nested case-control
desenvolvidos: quanto mais alto o ISU, melhor. Resposta b. studies) são estudos do tipo caso-controle que são retirados
de dentro de estudos de coorte; uma espécie de mistura dos
dois desenhos (um exemplo de estudo híbrido). Uma coorte
200. A dengue é uma doença de notificação compulsória (os é acompanhada e os casos incidentes de uma dada doença
óbitos pela doença são de notificação imediata, ou seja, tem surgem ao longo do tempo (lembre-se de que em estudos
de ser feita nas primeiras 24 horas após a suspeita do caso, de coortes muitos desfechos podem e devem ser medidos à
conforme preconiza a portaria ministerial de junho de 2014 medida que incidem). Esses casos podem ser comparados
que contém a nova Lista de Doenças de Notificação Compul- a controles da mesma coorte (estudo caso-controle) com a
sória vigente no Brasil). A notificação é registrada por meio vantagem de serem casos incidentes e não apenas os sobrevi-
de uma Ficha de Investigação e é o documento básico que ventes “prevalentes” (o que minimiza vieses de seleção) e de
alimenta o Sistema de Informação dos Agravos de Notifica- estar muito diminuída a possibilidade de vieses de memória
ção (SINAN), o sistema de informação próprio da Vigilância na obtenção de informações pregressas, porque elas foram
Epidemiológica (VE). Evidentemente, os outros sistemas são colhidas já no início do estudo de coortes, antes, portanto,
também utilizados pela VE, pois para o cálculo de coeficien- da doença clínica ser diagnosticada. Os custos também po-
tes, é preciso ter dados e informações sobre população, inter- dem ser reduzidos, em relação ao estudo de coorte, porque
nações, óbitos etc. Resposta d. os exames laboratoriais para investigar características pre-
gressas são feitos apenas nas pessoas que foram escolhidas
posteriormente como casos ou controles (essa possibilidade
é importante em estudos de coorte em que são colhidas e ar-
201. Estudos acerca de eficácia de intervenções preventivas
mazenadas amostras de sangue para investigação laborato-
ou curativas são individuais, experimentais, prospectivos e
rial futura). Resposta a.
analíticos, ou seja, são os ensaios clínicos randomizados con
trolados, quase sempre chamados apenas de ensaios clínicos
randomizados ou casualizados; são os estudos de maior vali-
dade interna (mais controlados quanto a evitar vieses). Além 203. Trata-se de estudo individual (pessoa por pessoa, já
do mascaramento dos investigadores para evitar viés de afe- portadora de DPOC, é avaliada e tem seus dados individu-
rição, é feita a randomização (sinônimo de aleatorização) das ais coletados), observacional (não há intervenção preventi-
pessoas para os grupos (experimental e controle; pode haver va ou curativa experimental) e prospectivo (as pessoas são
mais do que dois grupos, mas, no mínimo, dois, sem o que não acompanhadas de um momento para outro no futuro e vão
há análise, apenas descrição). Para que seja rejeitada a hipótese ser medidos eventos incidentes como alterações na função
de nulidade (H zero), decidindo-se que a nova intervenção é pulmonar, outras morbidades além da doença pulmonar e
melhor do que a antiga, é preciso que o valor de p seja me- mortalidade). É, portanto, um estudo de coorte. Tais estudos
nor do que 5% (0,05), um valor “baixo”. A randomização visa podem ser prospectivos ou históricos (também chamados
controlar vieses de seleção e de confusão. Há vários métodos de “retrospectivos”). A diferença está no momento em que
de randomização; não basta haver uma lista prévia com a se- foi reunida a coorte. Se as pessoas são escolhidas e passam
quência aleatória da alocação das pessoas para um ou outro a ser acompanhadas pelos pesquisadores, passo a passo ao
longo do tempo, e vão sendo medidos os eventos inciden-
tratamento (por exemplo: controle-controle-experimental-
tes, a coorte é prospectiva ou concorrente. Se tudo já ocorreu
-controle-experimental-experimental controle-experimental
no passado, os casos incidentes já aconteceram e os pesqui-
etc.). Se o indivíduo (médico) que vai destinar as pessoas para
sadores vão atrás de prontuários e registros pregressos para
um ou outro grupo tiver conhecimento da sequência, ele po-
identificarem coortes antigas e “seguirem-nas” por meio de
derá modificar a aleatorização ao escolher, por algum motivo,
documentos, ao longo do tempo, até o presente (ou mesmo
as pessoas para um específico grupo. Resposta c.
até um momento passado, mas que seja um momento futu-
ro em relação àquele momento mais “antigo”), então se está
diante de uma coorte histórica ou retrospectiva. Pela descri-
202. A alternativa b pode ser considerada incorreta por cau- ção do enunciado, trata-se de uma coorte prospectiva; não é
sa da inclusão dos estudos transversais, que não são o dese- um estudo “retirado” de prontuários e registros. Resposta e.
nho ideal para investigação de associações entre fatores de
risco e doenças, embora muitas vezes eles sejam conduzidos
com essa finalidade. Essa alternativa poderia ser considera- 204. “Existe uma distinção importante entre um programa de
da correta se não houvesse outra melhor, com grau maior de rastreamento organizado e o chamado rastreamento oportunís-
correção. Acurácia (alternativa c) é medida em estudos de tico (alternativa a). De forma geral, esse último ocorre quando a
validação de testes diagnósticos, que são estudos transversais pessoa procura o serviço de saúde por algum outro motivo e o
(pessoas que têm ou que não têm uma doença são compara- profissional de saúde aproveita o momento para rastrear alguma
das quando ao resultado de um exame). Metanálises (alter- doença ou fator de risco. Essa forma de proceder tem sido a tôni-
ca da maioria dos serviços de saúde no mundo. A desvantagem 205. Medidas de associação podem ser de refeito relativo (ra-
desse rastreamento é que, além de ser menos efetivo no impacto zões, do tipo x/y) ou de efeito absoluto (diferenças, do tipo x-y).
sobre a morbidade e a mortalidade atribuídas à condição rastre- O resultado da não associação numa medida do tipo razão
ada, também é mais oneroso para o sistema de saúde como um (como a razão de chances ou o risco relativo) é 1,0: a chance ou
todo.” (texto retirado do Caderno de Atenção Primária Nº 29 o risco de um grupo é igual à chance ou risco do outro grupo. Se
– Rastreamentos, do Ministério da Saúde, 2010). Rastreamen- for uma medida do tipo diferença, o resultado da não associação
tos (screenings) são sempre aplicados a pessoas assintomáticas, é zero. Assim, quando a razão de chances (odds ratio) vale 1,0,
antes, portanto, dos sinais e sintomas clínicos. Qualquer rastre- não há associação entre exposição e efeito. Resposta c.
amento somente deve ser instituído se for provado que vale a
pena (é mais eficaz, efetivo e eficiente, traz mais benefícios que
prejuízo ou dano) fazer uma intervenção preventiva ou curativa 206. Inferência estatística consiste em, por meio de estudo de
antes de os sintomas da doença surgirem. amostras, tomar decisões acerca de parâmetros (características
Há vieses que fazem com que rastreamentos pareçam muito numéricas populacionais) que sejam válidos para a população
bons, mas, na verdade, não o sejam. O viés de adesão (com- de onde se originou a amostra. O processo de seleção de uma
pliance bias) é uma possibilidade quando o rastreamento é amostra populacional chama-se amostragem (alternativa e).
oferecido às pessoas e o prognóstico dos que o aceitaram A inferência estatística é feita por meio da estimativa pontual
(aderiram) é melhor do que o prognóstico dos que não fize- de uma medida (obtida da amostra) e da estimativa intervalar
ram o rastreamento (não aderiram, não foram voluntários). (o cálculo de um intervalo de confiança da estimativa pontual
Esse melhor prognóstico pode refletir apenas um viés de sele- dentro do qual deve, com um certo grau de confiança – no
ção: os que aderiram podiam ser sistematicamente diferentes mais das vezes 95% – estar contido o valor populacional). A
dos que não se voluntariaram a fazer o rastreamento; e inferência pode ser feita também por meio do cálculo do valor
sabe-se que aderentes, voluntários, tendem a ter resultados da probabilidade de a diferença ou associação observada na
diferentes nas intervenções, geralmente melhores. Por amostra não existir na população e ter ocorrido por simples
vezes, um rastreamento que nada acrescenta de sobrevida às acaso na amostra (valor de p). Fazer a inferência estatística não
pessoas rastreadas, acrescenta apenas tempo de diagnóstico depende apenas do tamanho da amostra; mesmo que ele seja
da afecção (por tê-la, simplesmente, identificado mais cedo); muito grande, se a amostra não for representativa da popula-
é o viés de tempo ganho ou de tempo de antecipação (lead ção que a originou, a estimativa pontual, a intervalar e o valor
time bias). Nesse caso, se for medido o número de anos de de p nada significam (alternativa d). Resposta d.
sobrevida após o diagnóstico precoce, pelo rastreamento, ou
diagnóstico clínico, pelos sintomas, a comparação de rastre-
ados a não rastreados fará parecer que os rastreados tiveram
207. Se o resultado de um estudo (amostral) é aplicável à pró-
maior sobrevida. A lição que se tira desse viés é que o tempo
pria amostra examinada (alternativa A), o estudo tem validade
de sobrevida (ou a porcentagem de pessoas que tiveram so-
interna, ou seja, não apresenta vieses de confusão e de aferição.
brevida maior do que, digamos cinco anos), não é uma me-
Se não houver viés de seleção da amostra, então seus resultados
dida adequada do efeito de um rastreamento (alternativa b).
poderão ser extrapolados para a população de onde se originou
Outro viés presente nos rastreamentos é devido à própria ca-
a amostra (validade externa) Essas questões de validade (ques-
racterística da doença rastreada. Cânceres (frequentemente
tões ligadas a vieses) não têm relação com testes estatísticos.
objeto de rastreamentos) de uma mesma topografia podem
Quando se examina a totalidade da população (alternativa d),
ter comportamentos clínicos muito diferentes: alguns evo-
luem rápida e agressivamente, causando sintomas em curto não há necessidade de qualquer teste estatístico; o resultado que
espaço de tempo; outros são mais indolentes, de crescimento se encontra é o próprio parâmetro populacional. Os testes são
lento. Esses últimos têm maior probabilidade de serem de- necessários para quantificar a participação do acaso (variação
tectados num rastreamento periódico do que os primeiros, amostral) na obtenção dos resultados amostrais (diferenças ou
que logo vão à clínica. Por isso, cânceres detectados em ras- associações verificadas nas amostras). Essa quantificação é feita
treamentos podem ter melhor prognóstico, não por causa do por meio do cálculo da probabilidade p ou por meio do cálculo
rastreamento, mas porque, antes do mesmo, já eram siste- dos intervalos de confiança da estimativa amostral. Resposta e.
maticamente diferentes, menos agressivos a ponto de terem
tido maior probabilidade de serem detectados. De fato, esse é
um viés de seleção também; é o chamado viés de duração do 208. Diagramas de controle são gráficos construídos pe-
tempo ou length time bias. Numa situação extrema desse viés, las vigilâncias epidemiológicas para verificar se está ou não
há cânceres que, embora existindo, crescem tão lentamente em curso uma epidemia por uma dada doença ou agravo à
que jamais atingirão o limiar clínico. Se eles forem diagnos- saúde. Eles contêm a faixa endêmica esperada para aquela
ticados por um rastreamento, conjuntamente com outros doença ou agravo, faixa essa que é obtida da observação do
cânceres de crescimento mais rápido, eles farão com que o passado (por cerca de 10 anos). Para cada mês ou semana
prognóstico dos rastreados pareça melhor. Esse viés ganha epidemiológica do passado calculam-se a média de incidên-
tem o nome de sobrediagnóstico (overdiagnosis). O aprendi- cia e o desvio-padrão, para caracterizar a distribuição das
zado que tem emergido da consideração desses vieses é que incidências pregressas: a média esperada e o limite máximo
as recomendações para rastreamentos têm se mostrado mais esperado (que é obtido pela soma da média com 1,96 desvio-
pessimistas e com mais dúvidas acerca do benefício aparente -padrão). Esse limite é o limiar epidêmico ou limite superior
de muitos deles (alternativa e). Resposta a. da faixa endêmica. Resposta b.
209. Quando existe mais de um teste diagnóstico para uma do- nistração” do programa de rastreamento para uma parte das
ença, eles podem ser solicitados em paralelo (todos ao mesmo pessoas), prospectivo (as pessoas são acompanhadas ao lon-
tempo) ou em série (solicita-se o segundo somente se o primei- go do tempo para que seja observada a incidência de alguns
ro for positivo, o terceiro se o segundo também foi positivo e efeitos, no caso, câncer colorretal ou morte por essa doen-
assim por diante). A detecção em série é considerada positiva ça) e analítico (há pelo menos dois grupos para fazer uma
se qualquer um dos exames solicitados vier positivo. A detec- comparação: os expostos e os não expostos ao rastreamen-
ção em série é considerada positiva somente se todos os exames to). Somente não está explicitado se a destinação das pessoas
solicitados resultarem positivos. Isso faz com que a solicitação para os grupos foi ou não aleatória (pois elas poderiam ser
de exames em paralelo aumente a sensibilidade do processo de voluntárias ou não para receberem o rastreamento). Todas
detecção e a solicitação em série aumente sua especificidade. as características acima, juntas, definem um ensaio clínico.
Provas numéricas dessas afirmações são encontradas em sua Aproveitando a questão, é interessante salientar a importân-
apostila de Medicina Preventiva 1. Resposta a. cia da destinação aleatória (por sorteio) das pessoas para os
grupos, pois se assim não for feito, não se vai conseguir a
suposição de que os grupos tenham sido, de fato, compará-
210. A hemoglobina sérica é um teste diagnóstico para detec
veis. Se as pessoas escolheram se queriam ou não fazer o ras-
tar a anemia ferropriva (deficiência de ferro) em crianças. Não
treamento, o melhor prognóstico observado nos rastreados
é diagnóstico definitivo da doença. O valor de 10 g/dL é baixo
pode ser produto de um viés de seleção (neste caso chamado
(resultado positivo no teste). O valor preditivo positivo de um
de viés de adesão ou compliance bias): voluntários costumam
teste diagnóstico aumenta com a prevalência da doença (pro-
ter desempenho melhor do que não voluntários em questões
babilidade pré-teste ou probabilidade de doença a priori) na
ligadas à saúde. Resposta d.
população em que o teste é aplicado. Assim, o VPP será maior
na população com maior prevalência da doença. Resposta e.
213. O “modelo ajustado por variáveis demográficas, so-
cioeconômicas e comportamentais” implica em afirmar que
211. No roteiro de investigação de epidemias e surtos do Minis- os resultados das medidas de associação apresentados não
tério da Saúde (Guia de Vigilância Epidemiológica, 2010), a pri- sofreram influência dessas variáveis na comparação feita
meira etapa consiste na confirmação do diagnóstico da doença. entre os grupos (por exemplo: a associação entre maior
Quando da ocorrência de uma epidemia, torna-se necessário ve- consumo de colesterol e carcinoma de nasofaringe não
rificar se a suspeita diagnóstica inicial enquadra-se na definição pode ser devida à diferença de nível socioeconômico entre
de caso suspeito ou confirmado da doença em questão, à luz dos as pessoas que consumiam muito ou pouco colesterol). A
critérios definidos pelo sistema de vigilância epidemiológica. Em medida de associação utilizada foi a odds ratio (OR); sendo
geral, no início da investigação, emprega-se uma definição de caso um estudo de base hospitalar, é muito provável que seu de-
mais sensível, que abrange casos confirmados e prováveis (e até lineamento tenha sido o de casos-controles. A alternativa a
mesmo os possíveis), a fim de facilitar a identificação, a extensão está correta, pois OR = 0,42 (IC95%: 0,24 a 0,75) evidencia
do problema e os grupos populacionais mais atingidos, processo uma associação negativa ou protetora com significância esta-
que pode levar a hipóteses importantes. Somente quando as hipó- tística (o intervalo de confiança da medida OR não englobou
teses ficarem mais claras, o investigador passa a utilizar uma defi- o valor da não associação, que é 1,0). Na associação da doen-
nição mais específica e restrita. Nesse caso, por terem sido exclu- ça com o consumo de açúcar, a OR teve o valor 1,0 englobado
ídos os “falsos positivos”, será possível testar hipóteses aplicando em seu IC; logo, não foi estatisticamente significante (alter-
o instrumental da epidemiologia analítica. Na definição de caso nativa b). A alternativa c não tem qualquer lógica. A alterna-
confirmado, geralmente, é necessário que haja uma confirmação tiva d está incorreta; o correto é exatamente o contrário: uma
laboratorial (isolamento do agente etiológico, sorologia reagente, análise com dados brutos, sem ajuste para variáveis de con-
PCR, entre outros). A confirmação pelo critério clinicoepidemio- fusão, pode produzir resultados inválidos, distorcidos, justa-
lógico deve ser utilizada quando houver casos sem a realização mente por não ter sido controlada a influência das variáveis
de exames etiológicos e identificados como comunicantes ou per de confusão na associação investigada. A alternativa e está
tencerem à mesma epidemia ou surto, onde existam casos com incorreta porque o resultado é estatisticamente significante:
confirmação laboratorial. A confirmação do diagnóstico apenas o IC da OR não engloba o valor da não associação, que é 1,0.
com as manifestações clínicas e algumas características do pacien- Intervalo de confiança de uma estimativa pontual ser “elásti-
te passa a ser suficiente para identificar casos nessa etapa de uma co” não é critério para ser classificado como não significante:
epidemia porque, a essa altura, a natureza do evento, a forma de é apenas uma questão de precisão da estimativa. Resposta a.
transmissão e tipo de medidas de controle indicadas (individuais,
coletivas ou ambientais) são elementos que já orientam a equipe
de saúde sobre a necessidade de investigar todos ou apenas uma 214. O estudo transversal é o único delineamento capaz de
amostra dos casos. Essa medida visa garantir a oportunidade da calcular prevalência de uma afecção (doença) ou característica
notificação e deve, obrigatoriamente, ser acordada com a autori- (fator de risco). Quando mede os dois atributos simultanea-
dade sanitária local. Resposta e. mente, além de estabelecer as duas prevalências, pode estabe-
lecer razões de prevalência, como uma medida de associação
212. Trata-se de estudo individual (pessoa por pessoa é ana- entre os atributos. Não se poderá afirmar, porém, que um atri-
lisada segundo a intervenção que recebeu e o desfecho que buto antecedeu ao surgimento do outro numa linha temporal,
lhe aconteceu), experimental (há uma intervenção: a “admi- pois ambos são medidos simultaneamente. Resposta a.
215. Incidência é a medida de morbidade (embora seja possí- 218. Alocação por sorteio de pacientes para grupos de in-
vel medir a incidência de mortes, chamada de mortalidade) que tervenção é característica dos estudos experimentais ale-
indica o número de novos casos de uma doença que surgem ao atorizados e controlados: ensaios clínicos randomizados.
longo de um dado período de tempo dentre uma população Resposta d.
que esteja exposta ao risco de vir a apresentar essa doença nesse
mesmo período de tempo. As fontes de dados para a incidência
da dengue são: no numerador, o SINAN (Sistema de Informa- 219. Não são de notificação compulsória a febre reumáti
ção de Agravos de Notificação); no denominador, as estimativas ca, a caxumba, a gonorreia, a escarlatina, a pediculose e a
populacionais do IBGE (recenseamento). Resposta c. “meningite” (sem outras especificações). Segundo a porta-
ria ministerial de junho de 2014 (a que está em vigência até
o momento atual – março de 2015), quanto às meningites,
216. A metanálise é uma etapa posterior à revisão sistemá- são de notificação compulsória a “doença meningocócica” e
tica. Nem sempre uma revisão sistemática chega a uma me- a “doença invasiva por Haemophilus influenzae”. Resposta c.
tanálise. A alternativa d lista os primeiros passos de uma re-
visão sistemática. A metanálise termina com uma estimativa
estatística sumariada global, quantitativa, a partir dos resul- 220. Leia o texto abaixo, retirado de “Módulos de Princípios
tados quantitativos dos estudos selecionados para compor a de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades. Módulo
metanálise (estudos que vieram de uma revisão sistemática 5: pesquisa epidemiológica de campo – aplicação ao estudo de
e para os quais foi possível pensar-se num efeito único que surtos / Organização Pan-Americana da Saúde ; Ministério da
os resumisse por serem relativamente homogêneos quanto a Saúde. Brasília : Organização Pan-Americana da Saúde, 2010.
seus delineamentos, variáveis e resultados). Resposta c. 98 p.: il. 7 volumes. ISBN 978-85-7967-023-7”:
“Um surto é uma situação epidêmica limitada a um espaço
localizado. Como situação epidêmica, portanto, um surto é o
217. Exceto a alternativa a, todas as outras contêm a asser-
aparecimento súbito e representa um aumento não esperado
tiva II como correta. Vale a pena apreciá-la, então. O gráfi-
na incidência de uma doença. Como situação limitada, um
co forest plot (aquele em que o resultado de cada estudo que
surto implica a ocorrência num espaço especificamente lo-
compõe a metanálise é colocado num gráfico, com sua esti-
calizado e geograficamente restrito, como por exemplo, uma
mativa pontual apontada por meio de um quadrado de área
comunidade, um povoado, um barco, uma instituição fechada
maior ou menor a depender do inverso da variância de seu
(escola, hospital, quartel, mosteiro). Um surto baseia-se em
resultado, tendo a posição dessa estimativa uma relação com
evidência sistematicamente coletada, em geral, a partir dos da-
a linha horizontal de base medida geralmente em escala lo-
dos de vigilância em saúde pública e eventualmente seguida
garítmica e seu intervalo de confiança representado por uma
de uma investigação epidemiológica que sugere uma relação
linha horizontal, com a anotação textual do resultado de cada
causal comum entre os casos. Em teoria, um surto seria a ex-
estudo e de seu intervalo de confiança e tendo ainda, o gráfico,
pressão inicial de uma epidemia e, portanto, a identificação
o losango ou diamond, que representa o resultado global su-
oportuna de um surto seria a maneira mais precoce de pre-
mariado da metanálise) não traz qualquer informação acerca
de todos os estudos terem analisado a mesma pergunta (que venir uma epidemia subsequente. Na prática, a identificação
é uma informação qualitativa). Dessa maneira, por exclusão, de surtos é uma atividade básica dos sistemas de vigilância e
apenas a alternativa a pode estar correta. Metanálise cumula- a investigação de surtos, um requisito importante para a im
tiva é aquela em que cada novo estudo relevante que surja (e plementação de medidas de prevenção e controle oportunas e
que trate da mesma pergunta) é incorporado à metanálise já efetivas no nível local.”. Em resumo: “Surto: é o aumento pou-
existente. Assim, o resultado de uma metanálise cumulativa co comum no número de casos relacionados epidemiologica-
vai se modificando (ou não) com a incorporação dos novos mente, de aparecimento súbito e disseminação localizada num
estudos. É, portanto, possível conhecer o quanto um novo espaço específico”.
estudo modificou o resultado global até então obtido (asser- “Uma epidemia é, essencialmente, um problema de saúde pú-
tiva I, correta). No momento em que os novos estudos não blica, de grande escala, relacionado à ocorrência e propagação
mais modificam o último resultado global, novas metanálises de uma doença ou evento de saúde claramente superior à ex
sobre o assunto não são mais necessárias. O gráfico de uma pectativa normal e que usualmente transcende os limites geo-
metanálise contínua não é o forest plot; é uma figura que re- gráficos e populacionais próprios de um surto. Em geral, uma
presenta um sumário contínuo de todos os estudos até aque- epidemia pode ser considerada como a agregação simultânea
le momento da publicação. As revisões sistemáticas, como de múltiplos surtos em uma ampla zona geográfica e usual-
partem de estudos reunidos sob critérios bem especificados, mente implica a ocorrência de um grande número de casos
informam quantos estudos foram publicados sobre a mesma novos em pouco tempo, claramente maior do que o número
pergunta e quantos e quais foram os considerados bons para esperado. Todavia, pela sua conotação de “situação de crise”
comporem a revisão (assertiva III). A assertiva IV, dada ofi- em função das metas e objetivos em saúde pública, uma epide-
cialmente neste teste como correta, é de difícil interpretação. mia não necessariamente é definida por um grande número de
Significaria que em 95% dos estudos (que estudos? Os que casos. Por exemplo, no cenário de erradicação da poliomielite
compõem uma metanálise cumulativa?) não é esperada uma aguda por poliovírus selvagem nas Américas, a ocorrência de
discrepância de resultados? Somos da opinião de que somen- um só caso confirmado define-se como epidemia.”. Em resu-
te as assertivas I e III são corretas. Resposta a. mo: “Epidemia: é a ocorrência de casos de doença ou outros
eventos de saúde com uma incidência maior que a esperada efeito). Por essas observações, as alternativas a e d estão in-
para uma área geográfica e períodos determinados. O número corretas. A melhor associação para “relação de causa e efeito
de casos que indicam a presença de uma epidemia varia con- para fatores de risco imutáveis” seria “coorte” (alternativas B
forme o agente, o tamanho e o tipo de população exposta, sua e E incorretas, portanto). Apenas a alternativa c está correta:
experiência prévia ou ausência de exposição à doença, e o lu- o desenho do tipo caso-controle é o mais indicado para in-
gar e tempo de ocorrência.”. Resposta b. vestigar a existência de relação de causa e efeito (associação
causal) quando o efeito (doença) é raro. Um estudo de coorte
para investigar tal relação exigiria um número muito grande
221. Consulte seu caderno de acompanhamento de aula e de pessoas (e, a depender da doença, um tempo muito gran-
sua apostila de Medicina Preventiva 1 e verifique a classifi de de acompanhamento), caso contrário o número de casos
cação dos níveis de evidência da Cochrane Collaboration e incidentes seria insuficiente para uma análise estatística com
do Oxford Centre for Evidence-based Medicine. Em ordem poder para detectar significância estatística num resultado
decrescente: as metanálises, os ensaios clínicos randomi- clinicamente significativo. Resposta c.
zados, os estudos de coortes, os casos-controles, os estudos
descritivos (transversais) e as investigações experimentais in
vitro. Dentre as alternativas apresentadas, os estudos expe- 224. A randomização controla vieses de seleção e de confu-
rimentais são os de maior confiabilidade (validade interna) são nos estudos experimentais, desde que as amostras não
por terem maior controle de vieses, em especial os de sele- sejam muito pequenas. O sorteio monta grupos (grupo-teste
ção e de confusão, devido à presença da randomização. Não ou de intervenção e grupo-controle) comparáveis e uma va-
se deve confundir a confiabilidade aqui reportada com a riável que pudesse ser de confusão na associação entre ex-
confiabilidade (sinônimo de precisão, reprodutibilidade ou posição e efeito estará igualmente distribuída entre os gru-
concordância) dos testes diagnósticos, que é uma medida do pos. Nos estudos experimentais a variável independente é a
erro aleatório que pode ocorrer quando se obtêm repetidas intervenção e a dependente o desfecho (a consequência da
medidas com um instrumento de diagnóstico. Resposta b. intervenção). Os grupos a serem comparados nos ensaios clí-
nicos devem provir de uma mesma população (um critério
de seleção para escolher os participantes do estudo), pois isso
222. Não há dúvida de que as características constantes aumenta a probabilidade de os grupos serem comparáveis,
nas alternativas A, C e E são premissas que devam ser serem semelhantes. Resposta a.
encontradas nos rastreamentos ou nos testes utilizados para
os mesmos. É também desejável que os testes apresentem
alto valor preditivo positivo (VPP), mas não se pode exigir
225. “Estudo de coorte” é o nome dado a estudos que são
essa premissa, pois ela depende fortemente da prevalên-
individuais, observacionais, prospectivos e analíticos. Ser
cia da afecção rastreada na população. Tanto é fato, que a
prospectivo significa que as pessoas (dado que é estudo in-
confirmação diagnóstica (posterior ao rastreamento positivo)
dividual) são escolhidas segundo a presença ou ausência da
é uma exigência e faz parte da definição/conceito de um
variável independente (exposição) e são acompanhadas em
programa de rastreamento. Basta verificar, por exemplo, o
VPP da mamografia, que gira por volta de 20%, mesmo para direção ao futuro para que se possa medir a incidência (alter
este exame de elevadíssima especificidade. Rastreamentos nativa e) do efeito ou variável dependente (doença ou morte,
visam detectar doenças em suas fases iniciais, sempre geralmente). Não há sorteio para definir quem será exposto
assintomáticas, para tentar modificar a história natural da ou não (alternativa c). Resposta d.
doença, melhorando seu prognóstico. Não influenciam,
porém, o surgimento de novos casos (incidência) da doença.
Rastrear casos assintomáticos de hipertensão arterial ou de 226. Teste que, a rigor, nem exige fazer contas, pois o dese-
algum câncer não diminuirá o surgimento de novos casos nho do estudo é, claramente, caso-controle: crianças com
dessas doenças. Isso apenas pode ocorrer quando se trate de malformação são comparadas a crianças sem malformação
doenças transmissíveis, como por exemplo, um rastreamen- quanto à deficiência materna de folato. Não se trata de um
to para sintomáticos respiratórios visando encontrar novos estudo de coortes, em que mães com e sem deficiência de
casos de tuberculose que, tratados, deixariam de infectar folato seriam acompanhadas em direção ao futuro para que
novos hospedeiros. Mas essa ação já não está buscando as- se medissem as incidências de malformação nos dois grupos
sintomáticos e, por isso, não se enquadra no conceito de ras- de mães. Poderia ser também um estudo transversal, e a me
treamento. Resposta d. dida da associação poderia ser tanto a odds ratio (OR) como
a razão de prevalências. Para ser caso-controle é preciso ad-
mitir que a deficiência de folato antecedeu a malformação
223. “Trials” significa experiências, testes, julgamentos, en- dos recém-nascidos. No estudo caso-controle, a medida de
saios, estudos experimentais; sua associação deveria ser feita associação é a OR (alternativa e). Porém, é sempre impor-
com “eficácia de medicamentos no tratamento de doenças”. tante montar uma tabela do tipo 2 x 2 para verificar o valor
Relação de causa e efeito para doenças prevalentes estaria do grau da associação, pois o autor do estudo, supondo que
associada a estudos transversais (ainda que os mesmos não a OR possa ser uma boa estimativa do risco relativo, poderia
sejam bem indicados para o estudo de relações de causa e ter preferido escrever RR na conclusão de seu estudo.
Malformação
até os dias atuais (com sua sétima edição publicada em 2009),
as edições do GVE cumpriram o papel de orientar as ações de
Sim Não vigilância, prevenção e controle de doenças de importância na
Deficiência de Sim 20 16 saúde pública no país. Diante de um novo contexto, em que
folato materno Não 60 144 novas estratégias e tecnologias foram incorporadas às ações
80 160
de saúde pública e a vigilância em saúde é entendida como
“um processo contínuo e sistemático de coleta, consolida-
ção, disseminação de dados sobre eventos relacionados à
OR = (20 x 144)/(16 x 60) = 3,0.
saúde, visando o planejamento e a implementação de me-
Resposta e. didas de saúde pública para a proteção da saúde da popu-
lação, a prevenção e controle de riscos, agravos e doenças,
bem como para a promoção da saúde (grifo nosso)” (Portaria
227. A alternativa a está incorreta, pois a OR ajustada resulta 18,43 nº 1.378/2013), fez-se necessário rever e atualizar o conteúdo
(maior do que 1,0) com significância estatística (p menor do que da última edição do GVE (2009). Desta forma, esta edição
5%; no caso, menor do que 0,1%). A alternativa b está incorreta atualiza as estratégias e recomendações relacionadas às ações
porque, tendo o sexo feminino sido escolhido como padrão de de saúde pública para o enfrentamento das doenças transmis
comparação, o sexo masculino apresentou associação positiva síveis e incorpora novos textos sobre temas que, a partir da
com o óbito neonatal (OR ajustada com valor de 1,44; a falta de publicação da Portaria nº 1.271 de 2014, passaram a compor a
significância estatística (p=6,5%) informa que a maior mortali- Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agra-
dade neonatal masculina tem probabilidade alta de ter ocorrido vos e Eventos de Saúde Pública.”.
por acaso – alternativa e incorreta). A alternativa c está incorreta A afirmação I contempla a definição de Vigilância Epidemioló-
porque a chance de óbito neonatal na idade gestacional menor do gica de Langmuir em 1963; está, portanto, incorreta. A afirma-
que 37 semanas de gestação foi muito maior (4,87 vezes) do que a ção II está correta: a mesma portaria ministerial nº 1.378/2013
mesma chance na idade gestacional menor ou igual a 37 semanas. estabelece em seu Art. 5º que “Compete ao Ministério da
A alternativa d está correta: tanto pela OR bruta como pela ajus- Saúde a gestão das ações de vigilância em saúde no âmbito da
tada, o grau da associação é maior do que 1,0, com significância União, cabendo: I à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/
estatística. A decisão final sempre deve ser tomada com base na MS) a coordenação do Sistema Nacional de Vigilância em Saú-
medida ajustada, pois esse procedimento indica que o resultado de; e II - à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
está isento de vieses provocados pelas variáveis de confusão que a coordenação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.”. A
foram consideradas na análise. Resposta d. afirmação III está também correta; é a definição de Vigilância
Epidemiológica que consta na Lei 8.080, a Lei do SUS. Não há
resposta para este teste, embora o gabarito oficial tenha consi
228. Essa é uma observação importante para que não se con- derado a afirmação I correta e apontado a alternativa d.
funda um estudo de coorte (cohort) com um estudo de corte
transversal, ou seccional. Acompanhar indivíduos expostos e
não expostos ao longo do tempo em direção ao futuro para me- 231. Trata-se de estudo individual (pessoa por pessoa foi ava-
dir a incidência de algum efeito é característica de um estudo liada), experimental (houve uma intervenção), prospectivo
individual, observacional, prospectivo e analítico. Resposta c. (num instante futuro foi analisada a consequência de uma
intervenção) e descritivo (não houve um grupo de compara-
ção). O que ocorreu é que o grupo-controle foi o mesmo gru-
229. A afirmação I está (quase) correta: é a definição da Taxa po de pacientes “antes” da intervenção. Esse tipo de estudo é
ou Coeficiente bruto de Mortalidade Geral: TMG ou CMG. chamado de “ensaio clínico do tipo antes e depois”, em que os
Seria mais conveniente se viesse anotado o termo “Geral”, próprios indivíduos arrolados são os controles deles mesmos.
pois taxa bruta de mortalidade pode se referir a qualquer do- A vantagem é que o tamanho da amostra pode ser diminuído,
ença ou causa, sem ser “geral”. A afirmação II está correta: é pois a variabilidade entre os grupos, que pode afetar o efeito
a definição de mortalidade infantil. A afirmação III inicia-se do experimento, é menor. Embora adjetivado como estudo
correta, mas a composição de causas de morte não é homo- descritivo, ele contém um importante componente analítico
gênea nos subgrupos de idade dessa faixa etária (neonatal e acerca da eficácia ou efetividade da intervenção. Resposta d.
pós-neonatal). Resposta d.
tém listada a ABEC. Medline é o principal banco eletrônico longo de um período de tempo estabelecido. O denominador
de títulos e resumos de artigos da área médica no mundo; do coeficiente vai depender de qual é a população para a qual
congrega cerca de 4.500 periódicos de mais de 70 países, com se deseja estimar o risco. Se for a população do local, serão
predomínio de periódicos de língua inglesa. Resposta c. os habitantes do local naquele período e estará constituído
um coeficiente de mortalidade pela causa. Se for o total de
doentes por aquela causa, estará constituído um coeficiente
233. A Redução do Risco Relativo ou Redução Relativa de de letalidade pela causa, que expressa a gravidade clínica da
Risco (RRR) num ensaio clínico é calculada pelo comple- doença. Resposta d.
mentar do Risco Relativo (1-RR). Nessa metanálise, a me-
dida-sumário obtida (RR sumariado), representada pelo lo-
sango na parte inferior do forest plot, resultou 0,76. Logo, a 239. A população de interesse é de 20.000 adultos. E dentre eles
RRR vale 1-0,76 = 0,24 ou 24% de redução na ocorrência dos há 3.000 hipertensos, o que já resulta numa prevalência de 15%
desfechos medidos. Resposta d. (sob a hipótese de que todos os hipertensos da população de
interesse) são detectados pelo Centro de Saúde. O acompanha-
mento das 20.000 pessoas ao longo de um ano indicou o surgi-
234. Nos estudos casos-controles, casos podem se recordar de mento de mais 200 casos. Ao término do ano (infelizmente não
exposições pregressas de maneira sistematicamente diferente de está redigido assim no enunciado), considerando-se que ne-
controles (tanto faz recordarem-se mais ou recordarem-se me- nhum hipertenso dos antigos e nem dos novos diagnost