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1. lntrodução ................................................................... 22
2. Conduta médica ilícita ............................................ 24
3. Responsabilidade profissional -
subjetiva e pessoal ....................................................... 26
4. Nexo causa1................................................................29
5. Dano efetivo ...............................................................31
6. Dano patrimonial ...................................................... 32
7. Dano extra patrimonia l (moral) ............................ 32
8. Dano estético ............................................................33
9. Resultados adversos .............................................. 33
10. Teoria da perda de uma chance ...................... 37
Referências bibliográficas ........................................ 37
1. Histórico ......................................................................42
'
2. Etica médica. bioética e direito médico ........... 42
3. Novo código de ética médica .............................. 44
4. Princípios fundamenta is do cód igo de
ética médica ....................................................................4 7
5. Bioética e pri ncípios teóricos ............................... 5 1
6. Princípios da declaração universal sobre
bioética e direitos humanos ...................................... 55
7. Direitos dos médicos .............................................. 57
Referências bibliog ráficas ........................................64
04. IATROGENIA
Liberdade
É um processo e
Au tonomia não um ato pontual!
Informação
Direito do paciente!
Como dito, como uma forma de com- estabelecendo uma relação de con-
provação que houve concordância do fiança entre ambas as partes (méd ico
paciente e de que todo processo foi e pacientes/familiares).
real izado respeitando a autonom ia do Para procedimentos médicos de
mesmo e respe itando as fases acima maior complexidade como: exames
citadas. o consentimento feito pores- invasivos. cirurgias, transplantes e
crito é o melhor para tal. No entanto. outros que o médico perceba que
pela dinâmica da prática clínica onde deve fazer, recomenda - se que o con-
por vezes fazer um consentimento sentimento seja feito por escrito. ado-
por escrito pode até causar estranhe- tando o nome de Termo de Consen-
za por parte do paciente interferindo timento Livre e Esclarecido (TCLE) o
tanto na relação com o mesmo, como qual não deve ser padronizado de
na dinâmica do procedimento a ser maneira igual para todos os pacien-
realizado. nestas situações. deve ser tes. mas sim deve ser feito um do-
garantida a comunicação mais efetiva cumento para cada procedimento
possível utilizando tom claro, gestos e
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 14
TCLE
•
•
Declarações:
• Do paciente de que está
informado e esclarecido e
de que é LIVRE PARA NÃO
CONSENTIR, sem qualquer
penalização ou prejuízo.
• Do médico de que
explicou de forma clara
todo o procedimento.
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 16
É um processo e não
um ato pontual!
Direito do paciente!
Intervenções no processo
de Consentimento
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 19
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
/
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura UNESCO. Declaração
Universal sobre Bioética e Direitos Humanos. Disponível em : https://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/declaracao univ bioetica dir hum.pdf.
,
ERRO MEDICO
ERRO MÉDICO 22
Gráfico 1.
Tipos de atendimento mais freqüentes nas denúncias por erro médico.
A: urgência / emergência x eletivo;
B: cirúrgico x clínico;
C: público x privado.
•
O Urgência/Emergência (n- 71) Cirúrgico (n-97) Público (n• U>9)
o Eletivo (na68) • Clfniro (n.SO) • Privado (n 2:1)
• Nl!o ldentifi01do (n=20) • N!o ídcntificado (n•l2) • Nilo ídcntifi01do (n-23)
Figura 1. Tipos de atendimento mais frequentes na denúncia por erro médico no CREMES segundo Bitencourt, et al].
Fonte: BITENCOURT. Almir Galvão Vieira et ai . Análise do erro médico em processos ético-profiSSIOnais: implicações
na educação médica. Rev. bras. educ. med.. Rio de Janeiro. v. 31. n. 3. p. 223-228. Dec. 2007
OMISSÃO
< CONDUTA
CONDUTA
AÇÃO/OMISSÃO
Dolosa ou culposa
OBRIGAÇÃO
(DEVER ORIG INÁRIO)
ser afastada. Por isso. ressalta-se ainda fatores. Por isso. na análise do supos-
mais a necessidade de registro de to-
das as condutas médicas em prontuário,
to erro médico. deve-se analisar mi-
a fim de que este possa servir de ins- nuciosamente se não houve a ocor-
trumento para afastar essa percepção rência de nenhum excludente dessa
de culpa. demonstrando que o médico relação de causa e efeito.
cumpriu com todos os deveres de con-
duta que lhes eram devidos.
Excludentes do nexo de
4. NEXO CAUSAL causalidade
CULPA EXCLUSIVA DA
VÍTIMA
FATO DE TERCEIRO
CASO FORTUITO I
FORÇA MAIOR
ERRO MÉDICO 31
~
~
5. DANO EFETIVO z
z .. ~
~ -
~
ESPÉCIES DE DANO
EMERGENTES
PERDA DE RESULTADO
ESPERADO COM
BENEFÍCIO CERTO
RESULTADO PERDIDO
PLAUSIBILIDADE E
RAZOABILI DADE
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BITENCOURT, Almir Galvão Vieira et ai . Análise do erro médico em processos ético-profis-
sionais: implicações na educação médica. Rev. bras. educ. med .. Rio de Janeiro . v. 3 1. n. 3.
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Código de Ética Médica: Resolução CFM no 2.2 17. de 27 de setembro de 20 18. modificada
pelas Resoluções CFM n° 2.22212018 e 2.22612019 I Conselho Federal de Medicina - Bra-
sília: Conselho Federa l de Medicina . 2019.
GAGLIANO. Pablo Stolze: PAM PLONA.Rodolfo. Manual de direito civil volume único. São
Pa ulo: Sara iva. 20 18
ÉTICA MÉDICA, BIOÉTICA,
,
DIREITO MEDICO
ÉTICA MÉDICA, BIOÉTICA, D IREITO MÉDICO 42
DIREITO MÉDICO
,
Etica Médica p ráti ca. reflete-se como o dever de
' máximo respeito ao paciente e ao
A Eti ca Médica diz res peito aos as-
exercício da medicina.
pectos comportamentais que um
médico deve adotar no exercício
de sua profissão. Ao passo que traz Bioética
elementos normativos. regu lando
as condutas. prescrevendo possíveis Está no campo da filosofia aplicada.
sanções - pena lidades-, para o des- refere-se ao comportamento ou con-
cumprimento destas. a Etica Médica duta do homem em relação à vid a. ela
também tem uma perspectiva prin- designa uma "ética aplicada à vida".
cipiológica, que exige do profi ssional uma ética para as ciências da vida.
da medicina uma visão humanística p articularmente atenta aos princípios
das relações que estabelece com seus fundamentadores do agir humano
pacientes. fam il iares dos pacientes e e sem descurar uma função normat i-
até mesmo colegas de profi ssão. Na va que é sua também.
ÉTICA MÉDICA, BIOÉTICA, DIREITO MÉDICO 44
'
MODELO BIOLOGICISTA MODELO HUMANISTA
X
Figura 2: Quadro comparativo - modelo humanista x biologicista
04 DISPOSIÇÕES GERAIS
11 NORMAS
26 PRINCÍPIOS
DICEOLÓGICAS
Capítulo XI - Auditoria e
Capítulo IV - Direitos Humanos
perícia médica
Capítulo VI - Doação e
Capítulo XIII - Publicidade Médica
transplante de órgãos e tecidos
~ ~ORA
ficando uma atitude de ação, de fa-
DA REVISÃO! zer o bem, de agir para beneficiar
Características essenciais: 1- Que o su- o assistido. Significa fazer o que é
jeito possua liberdade contra interferên- melhor para o paciente, não só do
cia de outras pessoas; 2- Que não sofra li- ponto de vista técnico-assistencial,
mitações pessoais em sua compreensão
mas também do ponto de vista éti-
Em síntese: a) Liberdade para tomada
de decisão; b) Ausência de qualquer es- co. É utilizar todos os conhecimentos e
pécie de coação habilidades profissionais, a serviço do
bem - estar do paciente. considerando
ÉTICA MÉDICA, BIOÉTICA, DIREITO MÉDICO 54
a minimização dos riscos e a má- lato que abarca ações em geral que
xima otimização dos benefícios do pretendem o benefício. Utilidade:
procedimento proposto. Aval iação ent re os benefícios e des-
O princípio da beneficência obriga vant agens que porvent ura senam
o profissional de saúde a ir mu ito à causados através do ato]
frente da mera não maleficência (não
causar danos intencionais). Exige- se Justiça
uma efetiva contribuição para o
bem-estar dos pacientes, promo- O Princípio de Just iça, segundo pilar
vendo ações iniciais para prevenir da Bioét ica, está associado de forma
ou remover o dano, ou o risco ao prepondera nte com as relações equi-
dano. É diretamente relacionado com tativas ent re grupos sociais, preocu -
a dicotomia que envolve benefícios pando-se com a correta e justa dis-
versus ri scos/custos. tribuição quantitativa e qualitativa
de bens e recursos comuns, igua-
Beneficência Posit iva: a promoçao
lando ao máximo possível as opor-
do agir para o bem em um sentido
tunidades de acesso a estes.
i o IX
ÉTICA MÉDICA, BIOÉTICA, DIREITO MÉDICO 63
BENEFICÊNCIA
NÃO MALEFICÊNCIA
JUSTIÇA
ÉTICA MÉD ICA, BIOÉTI CA, DI REITO MÉDICO 64
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
-Código de Ética Médica: Resolução CFM no 2.217. de 27 de setembro de 2018 . modificada
pelas Reso luções CFM n° 2.22212018 e 2.22612019 I Conselho Federa l de Medicina- Bra-
sília: Conselho Federa l de Medicina. 2019.
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Edmilson de Almeida Barros Júnior. - Timburi. SP: Editora Cia do eBook. 20 19.
-FRANÇA Genival. Di reito médico- 15. ed. - Rio de Janeiro: Forense. 20 19
-Minossi JG, Silva A L. Medicin a defensiva: uma prática necessária? Rev Col Bras Cir. [perió-
dico na Internet ] 20 13;40(6).
-Unesco. Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos. Adotada por aclamação
no dia 19 de Outubro de 2005 pela 33a sessão da Conferência Geral da UNESCO
IATROGENIA
IATROGENIA 67
, .
necessano, que tem como CONCEITUANDO A IATROGENIA
pressuposto a vontade do
médico dirigida a um deter-
minado resultado, o qual só
poderá ser alcançado atra-
vés do procedimento téc-
nico recomendado. Ao se
referi r a "necessidade", o au -
tor parece atribuir à iatroge-
nia conotação restrita às cir-
cunstâ ncias em que a lesão
proveniente do ato médico,
além de previsível,
e, certa quanto a'
sua materialização
no mundo fenomê-
nico. Cite - se. como
exemplo, a necessidade de am -
putação de membro inferior para
que se evit e o alastramento de
uma infecção.
O que dizer sobre aquelas situ -
ações em que o dano. também
previsível, é incerto quanto à
sua ocorrência? Note-se que há
intervenções e procedimentos
médicos que apresentam um
potencial lesivo que pode se mani- " .
consequene~as, prevendo, supon-
festar ou não. Essa incerteza pode
ser t raduzida na alta ou baixa pro- do. Logo, é dotado de previsibilidade
babilidade de ocorrência de um de- tudo aquilo que aind a não ocorreu no
terminado dano. mundo dos fatos, mas que pode ser
previsto. antecipado. O event o objeto
da previsão. por sua vez. poderá ser
O que é "previsibilidade"? certo ou incerto. Em outras palavras,
o agente que antevê um determ inado
O ve rbo "prever" nos remete à ação de
f ato pode ter certeza ou não sobre a
antever, significa verificar com ante-
sua materialização.
cedênc ia e concl uir sobre as prováveis
IATROGENIA 69
: ~RA DA REVISÃO
Vale lembrar que a responsabilidade
profissional pode ser compreendida
em dois sentidos: Moral e Ético Jurídi-
co. O primeiro diz respeito ao dever de
agir com responsabilidade e respeito. o
descumprimento deste dever não gera
repercussão na esfera jurídica Já o se-
gundo. refere-se à obrigação legal que
todo médico tem de cumprir com seus
deveres de conduta profissional- qual
seja, agir com prudência, perícia, dili-
gência - .0 descumprimento deste de-
veres gera repercussões na esfera j urídi-
ca. o que quer dizer que o médico pode
ser responsabilizado na esfera civil. pe-
nal ou ad ministrativa. devendo indenizar
o paciente pelo descumpri mento de seu
dever originário
IATROGENIA 73
~ ~ORA DA REVISÃO!
A responsabilidade profissional. assim como o dever
de indenizar somente são constatados na presença
concomitante de três elementos essenciais: l)Condu-
ta (ação ou omissão- com análise de culpa): 2) Nexo
de causalidade ( ligação entre a conduta e o possível
prejuízo) 3) Dano (moral ou patrimonial - necessaria-
mente deverá ser efetivo. existente e verificável)
- I
X X X X
IATROGENIA 77
As sondas entéricas são est rut uras ser dano oriundo de uma situação
• A '
maleáveis. radiopacas (o que permite 1atrogemca.
identificação através de exame radio- No caso submetido a estudo. ora
lógico). com 50 a 150 em de compri- descrito. a paciente era idosa e se en-
mento e diâmetro externo de 4 mm. contrava em estado de saúde grave.
São introduzidas v ia nasal com vistas fatores que interferem sobremanei-
à administração de medicamentos e ra na colocação da sonda. Observe-
inf usão de dieta. Sua colocação é pro - -se. ai nd a, que a primeira rad iografia
cedi mento sim ples. mas sujeit o a g ra- re alizad a acusou o posicionament o
ves com plicações. a exemp lo de seu adequado da sonda. te ndo sido a in -
mau posicio na mento. O risco de mau te rcorrência ident ificada de maneira
posicio namento da sonda é maior na d iligente poucos d ias d epois d a ve -
UT I. sobretudo em pacientes co m dis- rificação de resultados de exame la-
túrbios neurológ icos. inco nscientes. boratorial, através d a rea lização de
id osos ou traqueostom izados (SAN- endoscopia.
TOS et. ai.. 2006).
Nessas circunstâncias. descabida
São apontadas formas de se evitar a a responsabilização civil do médi-
perfuração do esôfago, como a inst a- co pelo dano decorrente do mau
lação por profissional experiente. usar posicionamento da sonda, por se
sondas de material suave para uso tratar de episódio que decorre dos
prolongado e realizar a passa gem d a próprios limites da ciência médica,
sonda por endoscopia. Cont udo. uma ônus este que não pode ser supor-
das principais causas de perfura- tado pelo médico, sob pena de se
ção esofágica consiste em predis- tornar garantidor universal da saú-
posição anatômica, provocadas por de humana.
características físicas, como a ida-
• A • , Casos como este. em que o exame
de, obesidade, proemmenc1as os-
seas, dentre outras.
d as q uestões de fato é d a ma is alt a
complexidad e, ex igem análise apura-
Chegou-se à conclusão de que os ca- d a do o perador do direito. principal-
sos d e perfuração devem ser identifi - mente q uant o à avaliação da conduta
cados precocemente para trat amento médica: se cond izente com os proto -
adequado. cujo prognóstico é influen- colos e deveres da profissão ou ina-
ciado por diversos fatores. dentre eles dequada. tendo agido o profissional
o tempo entre a lesão e o tratamento. com culpa.
o local da perfuração e o tamanho d a
lesão (SANTOS et. ai.. 2006). Como Retome-se. então. o seguinte questio-
namento: aquelas situações em q ue
se vê. a perfuração do esôfago ou
provocação de lesão ulcerosa pode
o dano. embora previsível. é incerto
IATROGENIA 80
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, A na Thereza Meirelles. BARBOSA. Amanda Souza. Dano iatrogênico e erro mé-
dico: deli neamento dos parâmetros para aferição da responsabilidade. Revista Thesis Juris.
São Paulo, 2017;
REBELO. Pau lo. IATROGENIA NA MEDICI NA DO T RABALHO: MITOS E VERDAD ES. Rev
Bras Med Trab.2019;17(0):18-19
TAVAR ES. Felipe de Medeiros. Reflexões acerca da iatrogenia e educação médica. Rev. bras.
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FRANÇA Genival. Direito médico- 15. ed. - Rio de Janei ro: Forense. 2019
CO NSELHO FEDERA L DE MEDICINA. Recomendação CFM no 1/2016. Dispõe sobre o pro-
cesso de obtenção de consentimento livre e esclarecid o na assistência médica
RELAÇÃO COM PACIENTES
E FAMILIARES
RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES 84
&"
\ ,~
~
SAIBA MAIS!
O artigo sugerido por Dra. Camila: Patient-Physician Communication: Why and How (TRA-
VALINE. et ai, 2005) aborda exatamente a importância da comunicação entre médicos e
pacientes a qual cont ribui inclusive pa ra melhores resultados em saúde destes. de modo que
considera-se que tão importante quanto a informação que está sendo transmitida ao
paciente é a maneira como isto é feito A lgo importante trazido por este artigo é o treina-
mento das habilidades de comunicação dos acadêmicos de med icina como forma de capaci-
tá -los para uma comunicação efetiva com os pacientes e. de fato. a inserção do treinamento
no currícu lo médico acerca da comunicação de notícias difíceis e da relação médico-paciente
tem sido realizado com êxito em diversas Escolas Médicas no Brasil tornando esses futuros
profissiona is aptos a lida r com o paciente da melhor maneira possível.
Travaline et ai (2005) explica em seu artigo, através de um checklist, como esta comunicação
com o paciente deve ser realizada est as etapas seguem abaixo com algumas adaptações
realizadas por Dra. Camila, como frisado por ela, seguir estas et apas não somente melhora a
RMP como pode vir a reduzir os números de processos contra méd icos que têm como gran-
de motivação entraves na comunicação com seus pacientes. Aproximadamente 85% dos
processos contra médicos acontecem devido a comunicação com pacientes e familiares
não ser boa. portanto. a boa comunicação é "redutora de danos" quando compreendemos
que a judicialização da medicina t raz danos não somente para os médicos. mas também para
os pacientes.
Avaliar o que o
Manter a simp licidade na fala
paciente já sabe
Atentar para
comunicação não verbal
Figura 1. Etapas para a boa relação médico pacien te Fonte: Adaptação aula SanarFiix do artigo de Travaline et ai.
RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES 87
·E·
~l~
~ , SAIBA MAIS!
No Brasil e no mundo tem se notado o aumento da prática da medicina defensiva. ou seja.
uma prática médica de aumentar os procedimentos diagnósticos e terapêuticos com o pro-
pósito de evitar processos por má prática da medicina. Com isso. essa estratégia da medicina
defensiva é utilizada por médicos para evitar a ocorrência de processos judiciais e diminuir o
risco de indenização das possíveis vítimas (os pacientes). O número de litígios contra médi-
cos já chega a 3 novas ações por hora em decorrência de "suposto erro médico". A ministra
do Superior Tribunal de Justiça cita que: "Há não muito tempo, a medicina era praticamente
uma arte. a arte de curar(..) Curava-se valorizando o indivíduo. Todavia, essa realidade cedeu
lugar à medicina empresarial. na qual o atendimento pessoal é substituído pelo atendimento
em massa. impessoa l ( .. )onde. a relação médico-paciente é mitigada pelo lucro". A medicina
defensiva tem. portanto. dificultado ainda mais a relação médico- paciente. neste estudo rea-
lizado por Vale & Miyazaki 75% dos médicos ent revistados afirmaram fazer uso da medicina
defensiva tanto por pedido dos próprios pacientes como por medo de serem processados.
Fonte VALE. H.M. & MIYAZAKI. M.C.O.S. Medicina defensiva: uma prática em defesa de
quem7 Rev. bioét. (lmpr.). 20 19; 27 (4): 747-55.
O ideal é que seja realizado o teste sorológico (ELISA) para Strongyloides (lgG). Se o teste for
negativo não é necessário realizar a profilaxia. Entretanto. na maioria das vezes. o corticoide
deve ser introduzido rapidamente e. por isso. é feita a profilaxia empírica. sem a realização de
exames.
Conversa 1
tipo equipe
Trabalha em conjunto, ·vamos convef'Sdr como
descreve escolhas, oferece uma equipe para tomar a
apoio e pergunta decisão que melhor se
_____........_
sobre objetivos
encaixa para você"
Escuta ativa
3 2
Prestar muita
Conversa atenção e responder Conversa
tipo decisão de forma acurada tipo opções
3. AUTONOMIA
DO PACIENTE E
CONSENTIMENTO
Cabe agora evidenciar um pouco do
que se trata essa autonomia que fa-
lamos até aqui e que é tão impor-
tância para o bom estabelecimento
da RMP. Autonomia é a capacida-
de do sujeito se autogovernar o
que pressupõe uma liberdade con -
tra interferências de outras pessoas
(por exemplo, médicos) sem coação
RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES 90
\~~\"
~ SAIBA MAIS!
Estudo realizado com 300 pacientes idosos lúcidos, sem doenças psíquicas ou demência,
submetidos a procedimentos médicos invasivos no Hospital das Clínicas de Porto Alegre
teve como objet ivo ava liar a percepção de coerção dos mesmos no internamento. Verificou-
-se que a percepção de coerção foi baixa (82,7% sendo que destes 39.7% não perceberam
qualquer coerção. 28% notaram g rau mínimo de coerção e 15% t inha grau ba ixo de per-
cepção de coerção) . Outro resultado foi que 18,8% dos pacientes delegaram ao médico a
decisão sobre os procedimentos/intervenções que seriam realizados ou por pela gra-
vidade do quadro ou por não terem conhecimento suficiente para decidir o que seria
melhor. Todos os pacient es t inham em seus prontuá rios o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido mesmo quando foram submetidos a procedimentos de urgência e emergên -
cia. Os autores então, diante da ba ixa percepção de coerção dos pacientes que disseram
sentir-se respeitados por terem sua voluntariedade preservada, inferem que o médico após
o diagnóst ico explicou aos pacientes acerca das possibilidades de t rat amento, livre de pres-
sões externas. de modo que receberam orientações acerca dos procedimentos e opt aram por
realizá-lo ou em casos urgentes isso ficou sob responsabilidade dos médicos ou familiares.
Fonte: W ITTMANN-VIEIRA, R: GOLDIM. J.R Percepção de coerção de pacientes submet idos
a proced imento médico invasivo. Rev. bioét. (lmpr.) . 2019: 27 (4) 683-90
O ideal é que seja realizado o teste sorológico (ELISA) para Strongyloides (lgG). Se o test e for
negativo não é necessário rea liza r a profilaxia. Entretanto, na maioria das vezes, o corticoide
deve ser introduzido rapida mente e, por isso, é feita a profilaxia empírica, sem a realização de
exames.
Como dito, a relação médico- pacien - si mesmo sobre assuntos que dizem
te era (ainda ma is) assimét rica e em respeito a si mesmo. Como vimos na
nome do princípio da beneficência o aula de Dra. Camila, as pessoas elas
paciente era submet ido a diversos têm um fim em si mesmas de acordo
proced imentos, ciru rg ias e tratamen- com a perspectiva de Kant, logo, es-
tos sem que fosse dado a este o de- tas têm dignidade e não preço como
vido esclarecimento das cond utas os obj etos. Sabendo que as pessoas
propost as ou outra s opções, sendo a têm dignidade, liberdade e por isso
decisão exclus ivamente do médico. têm autonomia. podemos compre-
No entanto, em 1988 com a Constitui- ender como isso se expressa na área
ção Bra sileira o Esta do Bras ileiro re - da saúde que é através do esclare -
conhece a dignidade humana como cimento efet ivo por parte do méd ico
fundamento deste. Sendo a dignida- acerca dos cuidados em saúde que
de humana a própria autonomia do serão oferecidos para que o paciente
ser humano na percepção ético-ju rí- possa dar seu consentimento livre de
dica, reconhece-se que o ser humano quaisquer influências. por isso o nome
tem poder de decidir livremente por "consentimento livre e escla recido".
RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES 91
_A•&
"..?': ~
....
~ ~ modo que as pessoas estão sub-
~ , CONCEITO! metidas a graus diferentes de vul-
Os quatro referenciais básicos da bioéti- nerabilidade sobretudo em um país
ca são os princípios da autonomia. não como o Brasil onde as desigua ldades
maleficência. beneficência e da justiça.]
são tão acent uadas e por isso t emos
g raus diversos de vu lnerabil idades
O princípio do respeito a autono- entre os pacient es que vão além da
mia tem sido uma das principais vul nera bilidade física causada pelas
ferramentas para a RMP. deven- doenças conhecidas na Med icina.
do o profiss ional de saúde respeita r Por isso. é importante que sempre
as decisões do paciente dando ele- se identifiq ue as possíveis vulne -
mentos para que o mesmo decida rabil idades do paciente para então
através do esclarecimento acerca de t raçar estratégias de cuidado que
suas dúvidas, sua condição de saú- busquem minimizar as mesmas
de e oferecendo possibilidades de para então favorecer o exercício
t ratamento baseada em evidências da autonomia . A capacidade civil é
chegando - se aquele conceito de de- um conceito mais ut ilizado no direito
cisão compa rt ilhada. No Capítulo IV que diz respeito a "gerência na vida
(sobre Direit os H umanos). Art. 22 civil" que determ inada pessoa passa
do CEM diz que é vedado ao méd i- a te r. então: ent re O e16 anos con-
co "deixar de obter consentiment o sidera-se que a pessoa é absolut a-
do pacien te ou de seu representante mente incapaz, entre 16 e 18 esta é
legal após escla recê- lo sobre o pro - relat ivamente capaz e acima dos 18
cedimento a ser rea lizado, salvo em anos considera-s e que a pessoa é
caso de risco iminente de mort e" em capaz de gerir sua vi da civil. No en -
seg uida. o A rt. 24 diz que é vedado tanto, na área da saúde é importante
ao méd ico "deixar de garantir ao pa - ressa ltarmos que nem sempre este
ciente o exercício do direito de deci- critério etário corresponde ao grau
dir livremente sobre sua pessoa ou de autonomia do paciente diante
seu bem - est ar. bem como exercer de uma situação que afeta a sua
sua autori dade para limitá - lo". saúde.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFICAS
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tro I Coordenação de Carlos A lberto Pessoa Rosa. São Paulo, 20 17
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RESPONSABILIDADE
PROFISSIONAL
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,
Sentido Etico-Jurídico imprudente, imperita ou negligente,
surge ent ão, um dever sucessivo.
H á um princípio j urídico segundo o
que é o dever de indenizar.
qual todas as pessoas são obrigadas
a responder por danos cau sados a
terceiros. a fim de que sejam resguar- Responsabilidade, para o
dados os interesses dos ind ivíduos Direito, nada mais é do que uma obriga -
ção derivada - um dever que só surge
no seio da coletividade. Quando um depois do aconteciment o de um fato -
médico vai atender um paciente, ele de assumir as consequências jurídicas
tem um dever originário: agir com de um fato, consequências estas que
podem variar (indenização e/ou puni-
prudência, perícia e diligência. Se
ção do sujeito responsável pelo fato) de
esse dever originário é descumpri- acordo com os interesses lesados.
do, ou seja , se o médico age de fo rma
RESPONSABILIDADE(DEVER SUCESSIVO/
SECUNDÁRIO DE INDENIZAÇÃO)
• CIVIL
(Regida pelo Código Civil e Código
de Defesa do Consumidor)
• PENAL
(Regida pelo Código Penal)
• ÉTICO-ADMINISTRATIVA
(Perante os Conselhos de Medicina
Regida pelo Código de Ética Médica)
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SAIBA MAIS!
O Ministério Público do Estado da Bahia tem o NACRES (Núcleo de Apuração de Crimes
Relativos a Erros na Área de Saúde). O cidadão que acredita ter sido vítima de erro cometi-
do por profissionais da área de saúde pode procurar este núcleo para que sejam adotadas
as providências cabíveis. Verificando-se a ocorrência de erro e afastada a hipótese de "ma u
resu lt ado" (aquele resultado indesejado, mas que desde o início era possível acont ecer). o
Promotor responsável pela apuração, através do NACRES. encaminhará os autos ao JECRIM
(Juizado Especial Criminal) nos casos de lesão corporal culposa ou fará denúncia. que será
encaminhada a uma das Varas Criminais nos casos de homicídio culposo.
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3. ELEMENTOS
ESSENCIAIS DA
RESPONSABILIDADE
MÉDICA
Conforme tem se noticiado nos cam -
pos médico e jurídico tem-se ve rifica- RESPONSABILIDADADE CIVIL
do no Brasil o aumento substancia l
de processos nos qua is se discute a
respo nsabil idade de médicos quan- RESPONSABILIDADADE PENAL
to ao dever de indenizar ou não, ou
seja, em que se debate a ocorrência RESPONSABILIDADADE
ou não ocorrência de erro médico a ÉTICO- PROFISSIONAL
OM ISSÃO
CONDUTA
CULPA EXCLUSIVA
DA VÍTIMA
EXCLUDENTES
CASO FORTUITO I
FORÇA MAIOR
RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL 103
ELEMENTOS DA CULPA
Código de ética médica: capítulo 3 condutas que não devem ser adota-
das pelos médicos em seu exercício
O capítulo sobre responsabilidade
,
profissional. Esses 21 artigos podem
profissional no Código de Etica Mé-
ser divididos em 8 grupos:
dica é composto de 21 artigos, to-
dos disciplinando expressamente
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8. RESPONSABILIDADE ~~--------------------
POR ATO MÉDICO "" /CoNCEITO! Ato médico específico é o
' conjunto de práticas e de ensinamentos
E vedado ao médico: exercido ou supervisionado de forma
exclusiva pelos que estão legalmen -
Art. 1 o Causar dano ao paciente.
te habilitados para o exercício da pro-
por ação ou omissão. caracterizá- fissão médica e aceito e recomendado
vel como imperícia. imprudência ou pelas instituições responsáveis pela
negligência. fiscalização da medicina. pelas institui-
ções médicas científicas e pelos apare-
Parágrafo único. A responsabili- lhos formadores desta profissão. Este
dade médica é sempre pessoal e ato médico específico está delimitado
por um núcleo conceitual que inclui a
não pode ser presumida
propedêutica e a terapêutica médicas
Art. 2° Delegar a outros profissio - como atividades estritamente privativas
do médico. Exemplo: atestar óbito. pra -
nais atos ou atribuições exclusi-
ticar uma anestesia ou proceder a uma
vas da profissão médica. laparotomia.
Art. 3° Deixar de assumir res-
ponsabilidade sobre procedimen-
9. AFASTAMENTO DAS
to médico que indicou ou do qual
ATIVIDADES MÉDICAS
pa rticipou. mesmo quando vá-
rios médicos tenham assistido o Art. 7° Deixar de atender em se-
paciente. tores de urgên cia e emergência.
Art. 4° Deixar de assumir a res- quando for de sua obrigação fa-
ponsabilidade de qualquer ato zê-lo. mesmo respaldado por deci-
profissional que tenha praticado são majoritária da categoria.
ou ind icado. ainda que solicitado Art. aoAfastar-se de suas ativi-
ou consentido pelo paciente ou por dades profissionais. mesmo tem -
seu representa nte legal. porariamente. sem deixar outro
Art. so Assumir responsabilida- médico encarregado do atendi-
de por ato médico que não prati- mento de seus pacientes inter-
cou ou do qual não participou. nados ou em estado grave.
RESPONSABILIDADE ÉTICO-PROFISSIONAL
REJEITA ACOLHE
ARQUIVA
INSTAURA
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
VASCONCELOS C. Responsabilidade médica e judicialização na relação médico paciente.
Rev. Bioét. (lmpr.) 2012: 20 (3): 389-96
FRANÇA Genival. Direito médico- 15. ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2019
Cód igo de Ética Médica: Resolução CFM n° 2.2 17, de 27 de setembro de 20 18, modificada
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sília: Conselho Federa l de Medicina, 2019.
GAGLIANO. Pablo Stolze: PAMPLONA.Rodolfo. Manual de direito civil volume único. São
Pau lo: Sara iva, 2018