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Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Instituto de Nutrição Josué de Castro - INJC

Diarreia na infância

Profª Patricia Padilha


Conceito
 Fezes amolecidas ou líquidas 3 ou mais vezes em 24h.

 O volume de fezes pode variar de 5 ml/Kg/dia até 200ml/Kg/dia.

 Tipos de diarréia:
 Diarreia aguda
 Diarreia persistente
 Diarreia crônica

Lacerda e Accioly, 2010; WHO, 2008; SBP, 2017


Tipos clínicos de diarréia (SBP, 2017):
 Diarreia aguda  pode durar horas ou dias e cujo maior risco
é a desidratação e a perda de peso.

 Diarreia aguda com sangue  chamada disenteria e o principal


risco é o dano à mucosa intestinal, sepse e desnutrição, assim
como desidratação.

 Diarreia Persistente  duração ≥ 14 dias, com sérios riscos


de desnutrição.

 Diarreia com desnutrição grave (marasmo ou Kwashiorkor) 


risco de infecção sistêmica grave, desidratação, falência
cardíaca e deficiências nutricionais.
Epidemiologia
 Mortalidade em crianças < 5 anos: 1,5 milhões de
episódios/ ano.
 Embora o número total de mortes por diarréia seja
elevado, este é declinante  TRO.

TRO
Melhorias do nível de vida
Melhoria da nutrição Diarreia
Imunização – melhoria da cobertura
Grupos de Risco

 Menores que 5 anos

 Periferia dos centros urbanos

 Área sem saneamento básico

 Moradias insalubres

 Desnutridos

WHO, 2008
Diarreia Aguda

Etiologia
A doença diarreica na maior parte das vezes representa
uma infecção do tubo digestivo por vírus, bactérias
ou protozoários e tem duração autolimitada.

Vírus (Rotavírus e Adenovírus): 20 a 30%


Bactérias: 67 a 79%
Parasitas: ?
Associação de agentes: 20 a 30%
Transmissão:
Feco-oral
Contato direto
Veiculação por água e alimentos  70% dos casos

Lacerda e Accioly, 2012; SBP, 2017


WHO, 2008
Diarréia Aguda
FISIOPATOLOGIA

 Aderência à mucosa

 Produção de enterotoxinas

 Invasão da mucosa

Lacerda e Accioly, 2010


Diarréia Aguda

Repercussões sobre o estado nutricional :

 Ingestão diminuída

 Estado hipercatabólico

 Absorção diminuída

 Exsudação protéica

WHO, 2008; Lacerda e Accioly, 2010


Consequências:

- Redução do apetite e da ingestão DESIDRATAÇÃO


E
alimentar;
DESNUTRIÇÃO
- Má-absorção de nutrientes;
- Perda de nutrientes por vômitos e
febre;
- Suspensão da alimentação (pausa
intestinal).
Afetam o crescimento
e o sistema imune
(redução da resistência
a infecções)

WHO, 2008; Lacerda e Accioly, 2012; SBP, 2017


AVALIAÇÃO DO GRAU DE DESIDRATAÇÃO

 HIDRATADO  DESIDRATAÇÃO LEVE  DESIDRATAÇÃO


 condição alerta  irritada GRAVE
 olhos normais  olhos encovados  sonolento
 lágrimas  lágrimas ausentes  olhos muito
presentes encovados
 boca e língua secas
 boca e língua  lágrimas
úmidas  muita sede ausentes
 sede normal  diurese diminuída  boca e língua
 diurese secas
presente  incapaz de
beber
 diurese
ausente
WHO, 2008; Lacerda e Accioly, 2012; 2017
Tratamento da Diarréia Aguda

 Terapia de Reidratação Oral – trata 95 a 97% dos


casos.
 Segura, eficaz, de fácil aplicação e baixo custo.
 Deve ser feita com soluções padronizadas pela OMS.
Exemplos existentes no mercado

Fonte: Ministério da Saúde 2005; 2007


Diarréia Aguda

Tratamento  Esquema de avaliação da


hidratação da criança
 Plano A

 Plano B

 Plano C

MS,, 2005; 2007


Diarréia Aguda

Alimentação

 Mantém capacidade de absorção de nutrientes (60 a


90%)

 Manter alimentação normal

 Leite humano  Prioridade

Fonte: Ministério da Saúde 2005; 2007


Plano A: para crianças com diarréia aguda e sem desidratação
(Tratamento domiciliar)

 Procedimentos:

 ↑ líquidos (LM, água, caldos, sopa, soro caseiro, refresco sem


açúcar, água de coco).

 Bebidas não recomendadas: refrigerantes, sucos


industrializados, chá adoçado, café.

 TRO se a criança piorar:


 até 2 anos – 50 a 100 ml;
 2 a 10 anos – 100 a 200 ml.
MS, 2005; 2007; SBP, 2017
 Plano B: para crianças com diarréia e desidratação (TRO na
Unidade de Saúde)

 Procedimentos:

 TRO exclusivamente num período de 4 horas

Idade Até 4 meses 4 – 11 meses 1 – 2 anos 2 – 4 anos 5 – 14 anos


Peso <5 5 a 7,9 8 a 10,9 11 a 15,9 16 a 29,9
(Kg)
TRO 200 - 400 400 - 600 600 - 800 800 - 1200 1200 -2200
(ml)
Obs: usar idade se peso for desconhecido

MS, 2005; 2007; SBP, 2017


 Demonstrar administração de TRO – pequenos goles (copo
ou colher); em caso de vômito, aguardar 10 minutos e
continuar mais lentamente;
 Manter AM;

 Após 4 horas, reavaliar e classificar desidratação;

 Melhora do quadro: ↑ líquidos e continuar a alimentar;

 Orientar o responsável sobre quando retornar.


 Administrar zinco uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias.
 10mg/dia: menores de 6 meses de idade
 20mg/dia: maiores de 6 meses de idade

MS, 2005; 2007; SBP, 2017


Plano C: para crianças com desidratação grave
(Unidade Hospitalar)

 Objetivo: reidratação rápida

 Procedimentos: administração de líquidos por via IV


ou nasogástrica

MS, 2005; 2007; SBP, 2017


Conduta Nutricional
 Após reidratação, aporte nutricional adequado por meio da
alimentação habitual.
 Corrigir erros dietéticos.
 Aleitamento materno deverá ser mantido e estimulado.
 Aleitamento artificial: a diluição do leite de vaca deve seguir a
recomendação usual para a idade.
 Absorção de lipídios não é alterada.
 Aumentar a ingestão hídrica.
 Não há necessidade de retirada da lactose em casos de diarreia
aguda.
 São critérios fundamentais para avaliar a evolução clínica: a redução
das perdas diarreicas e a recuperação nutricional ou retomada do
ganho de peso esperado.

WHO, 2008; Lacerda e Accioly, 2012; SBP, 2017


- Restrições alimentares e jejum são contra-indicados 
alimento é estímulo para manutenção e renovação das células
da mucosa.

- Concentração de enzimas – reduzida no jejum – melhor


recuperação com manutenção da alimentação.

- 5% dos casos evoluem com intolerância secundária a


dissacarídeos – diarréia persistente.

- OMS: 110 calorias/kg/dia.

WHO, 2008; Lacerda e Accioly, 2012; SBP, 2017.


Diarréia Aguda

Prevenção

 Abordagem individual correta

 Cuidados materno-infantis

 Melhorar suprimentos de água

 Melhorar saneamento básico

 Detectar e controlar epidemias

WHO, 2008; Lacerda e Accioly, 2012


 Diarréia persistente:

 Considerar o uso de fórmulas isentas de lactose e hidrolisadas;


 Exposição à proteína heteróloga x alergia alimentar????
 Esteatorréia  TCM

 Perspectivas futuras  probióticos

Palma et al, 2009


Considerações Finais (SBP, 2017):
 Os princípios fundamentais para o tratamento da diarreia aguda
são a terapia de reidratação e a manutenção de alimentação que
atenda as necessidades nutricionais do paciente.
 Condutas: terapia de reidratação, manutenção da
alimentação e suplementação de Zn.
 Prevenção: Imunização; Vitamina A; AME; e condições de
armazenamento de água de boa qualidade; higiene pessoal;
preparo adequado de alimentos e saneamento básico.

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