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LAÍS RODRIGUES

DEFINIÇÃO CARACTERIZADA PELA PERDA EXCESSIVA DE ÁGUA E


ELETRÓLITOS ATRAVÉS DAS FEZES, RESULTANDO EM AUMENTO
DO VOLUME E FREQUÊNCIA DAS EVACUAÇÕES E DIMINUIÇÃO DA
CONSISTÊNCIA DAS FEZES, POR MAIS DE 3 EPISÓDIOS AO DIA.

AGUDA: ATÉ 2 SEMANAS

PERSISTENTE: DE 2 A 4 SEMANAS

CRÔNICA: MAIS QUE 4 SEMANAS

DISENTERIA – DIARREIA COM SANGUE/MUCO DEVIDO A LESÃO


DA MUCOSA INTESTINAL.
ETIOLOGIA
A diarreia aguda pode ter causas infecciosas e não
infecciosas. As causas infecciosas apresentam maior
prevalência e impacto na saúde das crianças,
principalmente nas menores de cinco anos.
Mata por desidratação e causa morbidade por
desnutrição.
Viral: Rotavírus, Coronavírus, Adenovírus, Astrovirus, Calicivírus,
Norwalk vírus, Picornavirus.
Bacteriana: E. coli, principalmente enteropatogênica clássica
(EPEC), Salmonella sp, Shiguella sp, Yersinia sp, Clostridium
difficile, Aeromonas, Vibrio cholerae, Campylobacter jejuni,
Staphylococos aureus.
Protozoários: Giardia lambia, Entamoeba histolytica, Criptosporidium.
Helmintos: Schistossoma mansoni, Toxocara sp.
Fungos: Candida albicans.
Lesão dos enterócitos, redução da produção das dissacaridases (lactase)
e o aumento de solutos (açúcares) osmoticamente ativos não absorvidos e
OSMÓTICA consequente retenção de líquidos dentro do lúmen intestinal (ex: Rotavírus).

PATOGÊNESE INVASORA

Liberação de enterotoxina bloqueia o ocorre a lesão da célula


SECRETORA transporte ativo de água e eletrólitos do epitelial do intestino
enterócito. (E.coli enterotoxigênica). impede a absorção de
nutrientes.
TRANSMISSÃ0 PRINCIPALMENTE PELA
VIA FECAL-ORAL PELO CONTATO
DIRETO OU, AINDA, PELA
VEICULAÇÃO DOS PATÓGENOS POR
MEIO DA ÁGUA OU DOS
ALIMENTOS CONTAMINADOS.
OS PRINCIPAIS AGRAVANTES PARA AUMENTO DO RISCO DE MORTALIDADE:

BAIXO PESO AO NASCER FEBRE ELEVADA (>39ºC)

LACTENTE (<6 MESES) SANGUE NAS FEZES

DESNUTRIÇÃO GRAVE ESCOLARIDADE DOS PAIS

DESIDRATAÇÃO GRAVE
DIAGNÓSTICO É CLÍNICO!

1. 2.
EPIDEMIOLOGIA
3.
FREQUÊNCIA E
4.
SANGUE OU MUCO
ANAMNESE DURAÇÃO

5.
VÔMITOS
6.
DIURESE
7.
FEBRE
8.
INGESTA HÍDRICA
A MAIORIA das crianças com diarreia aguda não
necessitam realizar exames, casos com evolução
grave (DESIDRATAÇÃO GRAVE), imunodeprimidos ou EXAMES LABORATORIAIS
em surtos em berçários e creches podem ser realizados
à pesquisa fecal para rotavírus, protozoários e
coprocultura.

Outros exames complementares como:


hemograma, bioquímica (Na, K, Cl) e gasometria
venosa podem ser úteis em pacientes com
desidratação moderada a grave.
AVALIAÇÃO PERDA DE PESO

A avaliação clínica do paciente é fundamental para a


decisão do tratamento. O MS publicou um novo
fluxograma, com mudanças importantes na
classificação do quadro clínico e nas condutas.
Enfatiza a importância da avaliação e do
acompanhamento da perda de peso, em especial, no
paciente hospitalizado e naqueles que evoluem com
diarreia e vômito. DIARREIA E VÔMITO
PLANO A
CONSISTE EM CINCO ETAPAS DIRECIONADAS AO PACIENTE HIDRATADO PARA REALIZAR NO DOMICÍLIO:

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Aumento da ingestão de Manutenção da Retorno ao médico, Orientação responsável Zinco 1x/dia, por 10 a 14 dias
água e outros líquidos alimentação habitual; caso não melhore em para reconhecer os sinais 6 meses 10mg/dia
incluindo SRO, continuar AM. dois dias ou piora. de desidratação; preparar e > de 6 meses até 5 anos
20mg/dia
principalmente após administrar a SRO e ações
cada episódio de diarreia. de higiene pessoal e
domiciliar.
SINAIS DE ALERTA AUMENTO DA FREQUÊNCIA E/OU
DO VOLUME DA DIARREIA

NÃO MELHORA EM 2 DIAS RECUSA DE ALIMENTOS

VÔMITOS REPETIDOS SANGUE NAS FEZES

SEDE EXCESSIVA DIMINUIÇÃO DA DIURESE


PLANO B
CONSISTE EM TRÊS ETAPAS DIRECIONADAS AO PACIENTE COM DESIDRATAÇÃO, PORÉM SEM GRAVIDADE

1 2 3
Ingestão de SRO, em Reavaliação do paciente Orientar responsável para
pequenos volumes e constantemente, pois o Plano B reconhecer os sinais de
aumento da oferta e da termina quando desaparecem desidratação; administrar
frequência aos poucos. os sinais de desidratação, a SRO e praticar ações de
partir de quando se deve adotar higiene pessoal e domiciliar
ou retornar ao Plano A

Encaminhar se não ocorrer melhora após 3 - 4 horas.


No PLANO B estima-se que sejam necessários 50 a 100 mL/kg de SRO em quatro a seis horas.
CONSIDERAÇÕES

O aleitamento materno mantido, se tolerado. A Se evoluem com piora ou não resposta ou Se continuar desidratado com pouca
alimentação habitual deve ser reiniciada após a apresentam doenças graves associadas, tolerância à reidratação oral, a SNG
fase de reidratação. principalmente com alteração do sensório, (gastróclise) pode ser utilizada.
devem receber hidratação IV de imediato.
SE EXISTIR DÚVIDA QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DO PACIENTE ENTRE PLANO B OU PLANO C, CONSIDERAR O PIOR
CENÁRIO, EVOLUIR PARA DESIDRATAÇÃO GRAVE, DEVE-SE SEGUIR PARA O PLANO C.
PLANO C
ESTÁ INDICADO NOS QUADROS DE DESIDRATAÇÃO GRAVE, COM PERDA DE PESO MAIOR QUE 10%.

DIAGNÓSTICO: PRESENÇA DE PELO MENOS 2 DOS SEGUINTES SINAIS, SENDO AO MENOS 1 DESTACADO COM ASTERISCO

SINAIS DE COMA* PREGA ABDOMINAL DESAPARECE


MUITO LENTAMENTE

HIPOTONIA* OLHOS FUNDOS

LETARGIA* BOCA MUITO SECA

INCONSCIÊNCIA* LÁGRIMAS AUSENTES

PULSOS PERIFÉRICOS INCAPACIDADE DE INGERIR LÍQUIDOS


FRACOS OU AUSENTES*
PLANO C
CONSISTE EM 2 FASES DE REIDRATAÇÃO ENDOVENOSA E DEVERÁ SER TRANSFERIDO.

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Reidratação EV no Reavaliado após 2 horas, se Adm. VO SRO em doses Suspender a hidratação EV se
serviço saúde persistirem os sinais de pequenas e frequentes, paciente hidratado, com boa
(fases rápida e de choque, repetir a isso acelera a sua tolerância ao SRO e sem
manutenção) prescrição recuperação e reduz o vômitos.
risco de complicações
O VOLUME DE REPOSIÇÃO INDICADA NO PLANO C
APÓS A DESIDRATAÇÃO SER CORRIGIDA, SEGUIR PARA MANUTENÇÃO ABAIXO.
Antipiréticos: estão indicados nos casos de febre e dor
(dipirona ou paracetamol).
TRATAMENTO Antiemético: Apenas deve ser usado se o paciente
apresentar vômitos persistentes.

Antibióticos: usados para casos de diarreia (disenteria)


e comprometimento do estado geral. Em outras
condições, os antibióticos são ineficazes, causam
resistência antimicrobiana e, portanto, não devem ser
prescritos.

Crianças desnutridas devemos iniciar hidratação


e antibioticoterapia de forma imediata, até que
cheguem ao hospital.
Antiparasitários:
Amebíase, quando o tratamento de disenteria por Shigella sp fracassar, ou presença nas fezes
trofozoítos de Entamoeba histolytica. Metronidazol 50mg/kg/dia 3x/dia por 10 dias.
Giardíase, quando a diarreia durar 14 dias ou mais, se forem identificados cistos ou trofozoítos nas
fezes.
Metronidazol 15 mg/kg/dia 3x/dia por cinco dias.

Zinco: indicado para crianças < 5 anos.

Vitamina A: reduz mortalidade e internações em populações


com alto risco de deficiência. A dose é variável, mas em geral
é de 50.000 UI em lactentes < 6 meses e 100.000 UI em
lactentes de 6 a 12 meses; 200.000 U em crianças
maiores.
Antissecretor: Racecadotrila é considerada coaduvante pela
ESPGHAN, ajudam na redução das perdas e na duração da diarreia
aguda. Dose: 1,5mg/Kg, 3 vezes ao dia

Contraindicado: <3 meses de idade.

É disponibilizado comercialmente em sachê (pó) na dose de 10 e


30mg ou em comprimido de 100mg, devendo ser interrompido
assim que cessar a diarreia.

O MS não menciona antissecretórios no seu plano de tratamento.


PROBIÓTICOS
A OMS define como “organismos vivos que, quando
administrados em quantidades adequadas, conferem
benefício à saúde do hospedeiro”. Garantem:

Equilíbrio da flora intestinal


Controlam o crescimento e a proliferação das
bactérias patogênicas
Estimular o sistema imunológico local, aderem à
mucosa do intestino, competindo com os
microrganismos nocivos e inibindo sua fixação local.
COLONIZAR A MICROBIOTA COM SERVE DE ALIMENTO PARA AS
MICRORGANISMOS VIVOS IGUAIS AOS BACTÉRIAS BOAS QUE VIVEM
QUE VIVEM NATURALMENTE NO NESSE AMBIENTE.
ORGANISMO

PROBIÓTICOS PREBIÓTICOS
SOCIEDADE EUROPEIA DE GASTROENTEROLOGIA
PEDIÁTRICA HEPATOLOGIA E NUTRIÇÃO (ESPGHAN)
FEVEREIRO DE 2023

Através de revisões sistemáticas, metanálises e


estudos randomizados publicados até 2021 com cepas
especificas ou suas combinações testadas em pelo
menos 2 estudos randomizados duplo cegos.
Três cepas e uma mistura de duas cepas foram
recomendadas no tratamento da diarreia aguda.
Saccharomyces boulardii dose de 250–750mg/dia, por 5 a 7 dias.
Existem evidências de redução da duração da diarreia.
Certeza da evidência: Baixa
Grau de recomendação: Fraco

Lacticaseibacillus rhamnosus (L rhamnosus)


dose de ≥1010 unidades formadoras de colônia (UFC)/dia, por 5 a 7
dias. Há evidências de redução da duração da diarreia, do tempo
de internação e da produção de fezes.
Certeza da evidência: Baixa
Grau de recomendação: Fraco.
Limosilactobacillus reuteri: doses diárias 1×108 a 4×108 UFC, por 5 a 7
dias. Há redução da duração da diarreia
Certeza de evidência: Muito baixa
Grau de recomendação: Fraco

Combinação - L rhamnosus e L reuteri uma dose de 2×1010 UFC para


cada cepa, por 5 dias. Evidência de duração reduzida da diarreia.
Certeza da evidência: Muito baixa.
Grau de recomendação: Fraco.

Prevenção da diarreia associada a antibióticos:


S boulardii* ou L rhamnosus
Certeza de evidência: Moderada
Grau de recomendação: Forte
OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NÃO DEVEM RECOMENDAR:
Combinação de Lactobacillus helveticus e L rhamnosus para o
tratamento da gastroenterite aguda devido à falta de eficácia

Certeza de evidência: Moderada


Grau de recomendação: Forte

Cepas de Bacillus clausii O/C, SIN, N/R e T para o tratamento de


gastroenterite aguda em crianças devido à falta de eficácia

Certeza de evidência: Muito baixa


Grau de recomendação: Fraco
CERTEZA DE EVIDÊNCIA: MUITO BAIXA
CERTEZA DE EVIDÊNCIA: MUITO BAIXA
EVIDÊNCIAS DE REDUÇÃO DA DURAÇÃO DA DIARREIA.
PREVENÇÃO
VACINAÇÃO CONTRA ROTAVÍRUS, HÁ DUAS FORMAS DISPONÍVEIS:

Vacina oral monovalente (VRH1)


Deve ser administrada em 2 doses, aplicadas 2
mês e no 4 mês de idade. É fornecida PNI.

Vacina oral atenuada pentavalente (VR5)


Deve ser administrada em três doses, no 2, 4 e 6
mês de idade. Disponível na rede privada.
Muitas vezes os quadros virais
gastrointestinais são acompanhados de
quadros respiratórios, com coriza, dor de
garganta e tosse.

Durante o período de doença existe o risco


de desidratação devido às perdas de
líquido nas fezes e vômitos e pela baixa
ingestão VO

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