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Conceitos básicos das dietas hospitalares

Nutrição Enteral
E Nutrição
Parenteral

Disciplina: Nutrição aplicada a Saúde


Profª. Mara Bachelli
DIETAS HOSPITALARES

 Dietas de rotina: geral, branda, leve, pastosa,


líquida (sofrem alterações quanto a consistência)

As Dietas de Rotina Especiais são aquelas


planejadas especificamente para alguma doença e
que sofrem modificações nas proporções entre os
macronutrientes.
EX: Hipogordurosa (↓gordura), hipocalêmica (↓potássio)
e hipopurínica (↓purinas)
DIETAS HOSPITALARES
DIETA GERAL
 Normal, livre ou padrão
 Indicação: pacientes que não exijam modificações
dietéticas, ausência de problemas no TGI
 Aproximadamente 2200 kcal - normal em todos os
nutrientes (normoglicídica, normoprotéica e
normolipídica)
 Uso de sobremesas e atende todas as recomendações
DIETA BRANDA
 Indicação: esofagite, gastrite, úlcera, refluxo, hérnia
de hiato, doenças pépticas
 2000 kcal - Caracterizada pela facilidade de digestão
pelo abrandamento do tecido conjuntivo e da celulose
(cocção ou ação mecânica)
 Exclui-se alimentos crus e frituras, além de
especiarias e condimentos fortes, grãos das
leguminosas (apenas grão liquidificado), embutidos e
conservas, cereais integrais.
 Exemplo: Jantar: arroz, caldo de feijão, carne panela
e abobrinha refogada bem cozida; Lanche: leite com
café e pão com margarina
DIETA PASTOSA
 Indicação: ausência de dentição, dificuldade de mastigação
e/ou deglutição, comprometimento do TGI, dificuldades
neurológicas
 2000 kcal - Alimentos de fácil digestão e pouca mastigação
 Alimentos na forma de purê, suflê, papa ou creme, mingaus;
carnes batidas ou desfiadas
 Exemplo: Lanche da tarde: mingau de maisena; Jantar: arroz
em papa, caldo de feijão, frango cozido e desfiado com molho,
flan

DIETA LEVE (LÍQUIDA PASTOSA)


 Indicada para repouso digestivo e a pacientes que não toleram
alimentos sólidos, lesões na cavidade oral
 1600 a 1800 calorias
 Alimentos sólidos são adicionados à bases líquidas, baixa em
celulose e tecido conjuntivo e com poucos resíduos
 Exemplo: Lanche da tarde: leite com café e bolacha salgada;
Jantar: sopa com pedaços e gelatina
DIETA LÍQUIDA COMPLETA
 Indicação: repouso gástrico e hidratação
 Constituída de preparações líquidas na temperatura
corporal
 Aproximadamente 1500 kcal
 Dieta de baixo poder de saciedade e resíduo mínimo
 Utilizada por pouco tempo devido ao baixo valor calórico
 Exemplo: Lanche da tarde: iogurte líquido; Jantar: caldo
de legumes coado e sorvete de fruta

DIETA LÍQUIDA RESTRITA


 Indicação: hidratação, preparo cirúrgico, preparo
exames, pós operatório imediato
 Composta de líquidos de fácil digestão
 Excluir: leite
 Exemplo:Lanche da tarde: chá; Jantar: caldo de vegetais
coado e suco coado
DIETA HIPOSSÓDICA
 Alimentos são preparados sem adição de sal
 Na momento da refeição pode-se acrescentar 1g de sal
 Indicada para HAS, edema, ascite, retenção hídrica
 Apresenta 1000 mg de sal.

DIETA PARA DIABETES


 Dieta balanceada, uso de adoçantes e restrição de sódio
 Adaptação de outras dietas modificadas em consistência

DIETA LAXANTE
 Alto teor de fibras (40g); Indicada para obstipação intestinal
 Exemplos de alimentos: água de ameixa, suco de laranja, mamão, pêra
madura
 Excluir: batata, mandioquinha, maisena

DIETA OBSTIPANTE
 Baixo teor de fibras (10g); Indicação: diarréia, obstrução do TGI
 Utilizar: cenoura, creme de arroz, maçã sem casca, banana maçã
 Excluir: leite, leguminosas, frutas e verduras cruas
Outras dietas:

 Hipercalórica e hiperprotéica – estados catabólicos e


infecciosos, desnutrição, queimaduras, cicatrização
de feridas

 Nefropata (hipossódica e hipoprotéica)

 Pneumopata (normoprotéica e hiperlipídica)

 Hepatopata (branda hipolipídica hipossódica


laxativa)
Terapia Nutricional NE e NP
 A nutrição enteral (NE) é o método de escolha para
oferecer suporte nutricional a pacientes que têm trato
gastrointestinal funcionante, mas não conseguem manter
ingestão oral adequada. Pode ser administrada por sonda
ou por via oral

 A nutrição parenteral (NP) é classicamente indicada


quando há contra-indicação absoluta para o uso do trato
gastrointestinal, mas é também utilizada como
complemento para pacientes que não podem receber todo
o aporte nutricional necessário pela via enteral.

 Regulamentadas, pela Resolução RCD No 63/2000 da Agência Nacional


de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pela Portaria SVS/MS No 272/1998 do
Ministério da Saúde, que fixam os requisitos mínimos, estabelecem as
boas práticas e definem a obrigatoriedade de uma equipe multidisciplinar
de terapia nutricional (EMTN).
Cuidados do enfermeiro na NE
 Segundo a Resolução RCD No 63/2000 da ANVISA,

“o enfermeiro é responsável pela administração da NE e


prescrição dos cuidados de enfermagem em nível
hospitalar, ambulatorial e domiciliar” (parágrafo 5.6.1). A
nutrição enteral é definida como um “alimento para fins
especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na
forma isolada ou combinada, de composição definida ou
estimada, especialmente formulada e elaborada para
uso por sondas ou via oral, industrializada ou não,
utilizada (…) para substituir ou complementar a
alimentação oral em pacientes desnutridos ou não,
conforme suas necessidades nutricionais, em regime
hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese
ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas.”
(parágrafo 3.4)
Terapia nutricional
VIAS DE ACESSO EM NUTRIÇÃO
 Oral

 Enteral Nasoenteral
Ostomia

 Parenteral
Central
Periférica
TERAPIA DE NUTRIÇÃO ENTERAL
Conjunto de procedimentos terapêuticos
empregados para manutenção ou recuperação
do estado nutricional do paciente por meio de
nutrição enteral.
(Waitzberg, 2000)

INDICAÇÕES – TNE
 Risco de desnutrição : ingestão oral inadequada;
 Trato digestivo total ou parcialmente funcionante;
 Paciente não quer, não pode ou não deve
alimentar-se pela boca.
VIAS DE ACESSO:

1) NASOENTERAL

• Fácil uso

•  complicações

• 4 semanas

• Silicone ou poliuretano

• Pequeno calibre
Localização da Sonda Nasoenteral
(TNE):
Gástrica : Duodenal / Jejunal :
 Nutrientes intactos;  < risco de aspiração;
 Fórmulas  > dificuldade de saída
hiperosmolares; acidental da sonda;
 Progressão mais  Requer dietas iso ou
rápida; hipoosmolares;
 Grandes volumes em  > risco distensão
certo tempo; abdominal e diarréia.
 Fácil posicionamento;
 Risco de aspiração;
VIAS DE ACESSO: 2) OSTOMIAS :

 > 4 Semanas

 Cirúrgica

 Endoscópica

 Videolaparoscópica

CONTRA-INDICAÇÃO :
ascite.
TNE – SISTEMA
ABERTO X FECHADO

Aberto :
 Pó ou líquida
 Manipulação = risco
 Armazenar em geladeira (8
h =pó e 12 h =líquida)
 Área exclusiva
 Gotejamento : bolo ou
intermitente
TNE – SISTEMA
ABERTO X FECHADO

Fechado :
 500 ou 1000 mL
 risco
 Não armazenar em
geladeira
 Equipo conectado ao
frasco
 Administração :
intermitente ou contínuo
DIETA PARA NE ARTESANAL
 Alimentos in natura
 Custo
 Instabilidade da fórmula
 Composição nutricional indefinida
 Dificuldade em formular uma dieta especializada
 Preparo no liquidificador e peneira (3x)
 Manipulação
MÉTODOS DE ADMINISTRAÇÃO
Bolo Injeção com seringa, 100 a 350 mL de dieta
no estômago, de 2 a 6 h, seguida por 20 a 30
mL água

Intermitente Utiliza força da gravidade, 50 a 500 mL por


gotejamento, de 3 a 6 h, seguida por 20 a 30
mL água

Contínua Bomba de infusão, 25 a 150 mL/h, por 24 h,


interrompida para irrigação da sonda com 20
a 30 mL água
BOMBA DE INFUSÃO

 Gotejamento uniforme
 Velocidade constante
 Controle da quantidade
 Facilita absorção de nutrientes e risco de
intercorrências

MAIS INDICADO :
administração duodeno / jejuno
CARACTERÍSTICAS – DIETA ENTERAL
Densidade Calórica:
Hipocalórica: 0,6 A 0,8 kcal/mL
Normocalórica: 0,9 A 1,2 kcal/mL
Hipercalórica: 1,3 A 1,5 kcal/mL

Densidade Calórica = Osmolaridade

Osmolaridade : Partículas/Litro Solução


Osmolalidade : Partículas/Kg Solução
FÓRMULAS ENTERAIS – Tipos de
nutrientes

 Poliméricas : Exigem maior trabalho digestivo,


forma íntegra ou parcialmente hidrolisada, sem
lactose e baixa osmolaridade, baixo custo
 Monoméricas : Exigem pouca ou nenhuma
digestão, não deixa resíduos, hiperosmolares,
alto custo
 Elementar : aas livres
COMPLICAÇÕES DA SNE

Psicológicas :
 Ansiedade
 Depressão
 Falta de estímulo ao paladar
 Monotonia alimentar
 Sociabilidade
 Inatividade
Cuidados do enfermeiro na TNE
1) Preparo e orientação do paciente e família
 O paciente e a família devem ser orientados quanto
à terapia, seus riscos e benefícios.
 A equipe de enfermagem desenvolve um papel
importante fornecendo suporte emocional
direcionado a minimizar receios e apreensões, bem
como favorecer a participação do paciente e da
família.
 Pacientes ambulatoriais e pacientes que terão alta
com nutrição enteral deverão receber orientação
nutricional e de enfermagem verbalmente e por
escrito:
 2. Cuidados com a via de administração
 Conforme via utilizada (via oral, sonda nasogástrica ou
pós-pilórica, gastrostomia ou jejunostomia), são
necessários cuidados específicos, tanto locais (fixação,
higienização, curativo) como gerais (movimentação,
adequação do volume e da velocidade de infusão).

 2.1. Introdução da sonda para nutrição enteral por via


nasal ou oral
 · A Resolução RCD No 63/2000 determina que é
responsabilidade do enfermeiro estabelecer o acesso
enteral por via oro/nasogástrica ou transpilórica. Este
procedimento pode ter complicações graves como
inserção inadvertida na árvore traqueobrônquica e
pneumotórax.
 Monitorização do paciente recebendo NE
 "O enfermeiro deve assegurar que todas as ocorrências e dados referentes ao paciente e à TNE sejam
registrados de forma correta, garantindo a disponibilidade de informações necessárias à avaliação do
paciente e eficácia do tratamento." (Resolução RCD No 63/2000).
 · Controle semanal do peso do paciente; a altura deve ser verificada no momento da admissão, sempre
que possível;
 · Sinais vitais, conforme rotina; · Controle do volume de NE administrado em 24 horas;
 · Diurese (volume e aspecto); · Balanço hídrico; · Controle do debito de ostomias e fístulas digestivas,
 · Exame físico com especial atenção à hidratação e à propedêutica abdominal: distensão, RHA, dor etc;
pesquisar queixas de sede, fome e anorexia, que podem indicar oferta calórica e hídrica inadequada.
 · Freqüência das evacuações. A cada evacuação, observar e anotar, na folha de controles:
 - consistência (fezes formadas = F, semipastosas = SP, pastosas = P, semilíquidas = SL ou líquidas = L)
 - quantidade (exemplo: +/++++).
 · Detecção de distúrbios gastrointestinais e complicações;
 · Exames laboratoriais conforme solicitação médica: glicemia, proteínas séricas, eletrólitos, exames de
função hepática, uréia e creatinina etc;
 · Aceitação da alimentação oral quando associada à NE.
 - Estimular a ingestão oral sempre que possível, registrando com precisão a aceitação do cliente. Com
o aumento da ingestão oral, a NE por sonda poderá ser gradativamente diminuída, de acordo com a
prescrição médica ou dietética. A aceitação adequada da alimentação oral deverá ser demonstrada
antes de se suspender a NE e retirar a sonda.
 3. NUTRIÇÃO ORAL ESPECIALIZADA - NOE
Compete ao profissional Enfermeiro.
3.1 - Sistematizar a Assistência de Enfermagem na Nutrição Oral Especializada, a nível hospitalar,
ambulatorial e domiciliar.
3.2 - Na ausência do profissional fonoaudiólogo, avaliar as condições de deglutição antes de ofertar
a dieta e/ou suplemento.
3.3 - Estimular e registrar quantitativamente a ingestao da dieta e/ou suplemento ofertado.
3.4 - Avaliar a tolerância gastro-intestinal ao suplemento nutricional.
3.5 - Manter rigorosamente a oferta do suplemento nutricional nos horários estipulados na prescrição
dietética.
3.6 - Avaliar a resolutividade do procedimento considerando possível necessidade de suplemento
nutricional.
3.7 - Comunicar e interagir com a Nutricionista quanto a aceitação oral da dieta e/ou suplemento.
3.8 - Identificar e registrar fatores que aumentem o catabolismo do usuário, tais como: Úlcera de
decúbito; febre; diarréia; perdas hídricas; sinais de infecção; imobilidade prolongada, fornecendo
subsídios para interagir com a Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional, na adequação da
oferta nutricional.

 http://www.coren-sp.gov.br/internet/072005/
 RESOLUÇÃO COFEN Nº 277/2003 Dispõe sobre a ministração de Nutrição Parenteral e Enteral.
O Conselho Federal de Enfermagem - COFEN, no uso de suas atribuições previstas no art. 8º,
incisos IV e XII da Lei nº. 5.905/73 e art. 13 da Resolução COFEN nº. 242/2000
NUTRIÇÃO PARENTERAL
Solução estéril de nutrientes infundida por via intravenosa por meio
de um acesso venoso periférico ou central, de forma que o trato
digestivo é completamente excluído no processo.

“Solução ou emulsão, composta basicamente de carboidratos,


aminoácidos, lipídios, vitaminas e minerais, estéril e apirogênica,
acondicionada em recipiente de vidro ou plástico, destinada à
administração intravenosa em pacientes desnutridos ou não, em
regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou
manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas”.

“O enfermeiro é responsável pela administração da NP e prescrição


dos cuidados de enfermagem em nível hospitalar, ambulatorial e
domiciliar” (Portaria. No 272/98, parágrafo 5.6.1).

MS - Vigilância Sanitária Portaria 272 de 08/04/1998


NUTRIÇÃO PARENTERAL
NPP : NPT :
 Geralmente utiliza veia
 Períodos curtos (7-10 dias) cava superior
 1000-1500kcal/dia  Período superior a 7-10
 Osmolaridade <900 mOsm/L dias
para evitar flebite  Aporte energético e
protéico total
 Veias : subclávia, jugular
interna, femoral, axilar
Periférica:
 (pediatria)
Administrada através de uma  Central: Administrada através
de veias de grande calibre
veia periférica, geralmente da permite a administração de
mão ou do antebraço nutrição parenteral sem
restrição de osmolaridade
Nutrição Parenteral (NP)
Indicações
 Pré-operatório (em desnutridos dom doenças obstrutivas)
 Complicações cirúrgicas pós-operatório
 Pós-trauma (lesões múltiplas, queimaduras graves)
 Doenças inflamatórias intestinais
 Insuficiências orgânicas
 Condições pediátricas
 Síndrome do intestino curto
 Fístula enterocutânea - débito
 Íleo paralítico
 Jejum oral ou enteral prolongado

Waitzberg 2001
Indicações da TNP
 Vômitos intratáveis
 Diarréia grave
 Mucosite/esofagite
 Íleo : grandes cirurgias abdominais, trauma grave
 Obstrução : neoplasia
 Repouso intestinal
 Pré-operatório

CONTRA-INDICAÇÃO : hipovolemia, choque


cardiogênico ou séptico, edema agudo de
pulmão, anúria sem diálise ou grave distúrbio
metabólico e eletrolítico.
EMTN
(EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
DE TERAPIA NUTRICIONAL)

Disciplina: Nutrição aplicada a Enfermagem


Curso de Enfermagem
 Equipe Multiprofissional de Terapia
Nutricional (EMTN):

grupo formal e obrigatoriamente constituído de pelo


menos um profissional de cada categoria, a saber:
Nutricionista, Médico, Farmacêutico e Enfermeiro,
podendo ainda incluir profissionais de outras
categorias, habilitados e com treinamento específico
para a prática da Terapia Nutricional

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