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DIMENSÃO DO PROBLEMA
DEFINIÇÕES
Outro fator importante é o dietético. Estudos realizados em nosso meio, constatou que a
dieta de crianças com constipação crônica funcional apresenta pequena quantidade de
fibra alimentar. Crianças que consomem fibra em quantidade inferior ao mínimo
recomendado, apresentam chance quatro vezes maior de apresentar constipação crônica
funcional do que aquelas com consumo em quantidade adequada.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A partir dos quatro ou cinco anos aumenta em freqüência a queixa de escape fecal.
Cerca de 40% das crianças com constipação crônica funcional atendidas em Serviços de
Gastroenterologia Pediátrica em nosso meio apresentam esta manifestação. Apesar de
um longo histórico de constipação, muitas vezes a família só procura atendimento para
o problema após o aparecimento do escape fecal, que representa uma importante
preocupação para os pais e, em geral, para o próprio paciente; em conseqüência do
mesmo, a criança, passa a ser vítima de rejeição no ambiente escolar e, com freqüência,
no próprio ambiente familiar.
ABORDAGEM TERAPÊUTICA
Conforme já referido, a maior parte das crianças com constipação não recebe nenhum
tratamento específico e convive com o problema.
Caso o início do tratamento coincida com a fase de treinamento do esfíncter anal, este
treinamento deve ser postergado para um ou dois meses após a normalização do ritmo
intestinal.
Na avaliação inicial deve-se decidir qual a terapêutica a ser adotada. Casos leves
devem receber, em uma primeira etapa, orientação alimentar baseada na correção
de erros alimentares, aumento da oferta de líquidos e fibra alimentar. Deve ser
assegurado livre acesso ao banheiro e condições para apoiar os pés durante a
defecação. É importante, também, que a criança permaneça por cerca de dez
minutos no vaso sanitário após uma refeição, na tentativa de aproveitar o reflexo
gastro-cólico como estímulo para a evacuação.
Os pais e o paciente devem ser informados da importância de cada um destes
procedimentos, dando ênfase à desmistificação de conceitos falsos relativos à
constipação e seu tratamento.
• Sulfato de sódio
Aumento da quantidade de
OSMÓTICOS água na luz intestinal, com
• Lactulose
aumento do peristaltismo
• Manitol
• Sorbitol
• Derivados antraquinônicos
de plantas (senna, cáscara
ESTIMULANTES DO Aumento do peristaltismo por sagrada) • Óleo de rícino
PERISTALTISMO contato direto com a mucosa
INTESTINAL colônica • Derivados de difenilmetano
(fenolftaleína, picossulfato e
bisacodil)
*O óleo mineral não deve ser utilizado no primeiro ano de vida em função do risco de
aspiração e pneumonia aspirativa.
3. osmóticos: são substâncias não absorvidas pelo intestino que, por força osmótica,
aumentam a quantidade de água na luz intestinal, acarretando estímulo do peristaltismo.
Nesta categoria enquadram-se o sulfato de magnésio, o leite de magnésia, o sulfato de
sódio, a lactulose, o manitol e o sorbitol.
Os produtos comercializados contêm, por vezes, uma mistura de vários agentes laxantes
pertencentes aos diferentes grupos acima mencionados. De uma forma geral, não é
recomendável o emprego prolongado de estimulantes do peristaltismo intestinal no
tratamento da constipação crônica funcional de crianças, mesmo porque esses produtos
provocam cólicas abdominais em parcela considerável dos pacientes.
A catarse inicial deve ser indicada em todos os pacientes que apresentam fezes
impactadas, com o objetivo de eliminar as fezes ressecadas retidas no reto e colo,
permitindo a ação adequada das outras medidas terapêuticas. Em nosso ambulatório, são
utilizados enemas osmóticos de fosfato (Fleet enema®) ou sorbitol (Minilax®),
realizados uma vez ao dia. É recomendável que os enemas sejam realizados no
ambulatório, especialmente o enema de fosfato, com atenção redobrada caso não ocorra
completa eliminação do volume administrado. O esvaziamento reto-colônico
geralmente é conseguido após dois a quatro dias; entretanto, casos mais graves podem
requerer, entretanto, um período mais prolongado. Deve-se suspender os enemas
esvaziatórios quando o paciente eliminar fezes amolecidas, uma ou duas vezes ao dia;
prossegue-se, então, com o tratamento de manutenção.
Com relação à dieta, esta é a medida mais importante para assegurar o controle da
constipação a longo prazo. Deve-se ter em mente as dificuldades que o paciente e a sua
família têm para promover mudanças nos hábitos dietéticos, no sentido de aumentar a
quantidade de fibras na alimentação. Dependendo da idade do paciente, os seguintes
alimentos devem ser incluídos ou aumentados na alimentação: feijão, ervilha, lentilha,
grão de bico, pipoca, verduras, frutas, aveia em flocos, ameixa preta. Farelo de trigo e
produtos comercializados ricos em fibras podem ser utilizados, mas nem sempre são
aceitos com facilidade pelos pacientes. Ainda não existem informações sobre a
quantidade terapêutica de fibra necessária para tratamento da constipação intestinal;
provavelmente, essa quantidade, é variável, na dependência da gravidade da constipação
e da resposta fisiológica individual.