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Malformações Gastrointestinais
Hipertrofia do Piloro:
1. Definição:
A EHP é uma condição congênita que afeta recém‐nascidos e lactentes.
É caracterizada pela hipertrofia e hiperplasia difusa e progressiva da
musculatura lisa, em especial a camada circular do piloro, resultando em
alongamento e estreitamento persistente do canal pilórico, causando
obstrução parcial com consequente retardo do esvaziamento gástrico,
ou até mesmo obstrução total da sua luz.
2. Epidemiologia:
A EHP é a causa mais comum de obstrução gastrointestinal em recém‐
nascidos e lactentes menores de 3 ou 4 meses de idade.
A ocorrência é de 2 a 4 em cada 1000 nascimentos nos EUA e em
outras populações ocidentais.
A prevalência é cerca de quatro vezes maior em meninos que em
meninas.
A probabilidade do primogênito desenvolver estenose pilórica é duas
vezes maior em comparação com o próximo filho.
A estenose pilórica é mais comum em bebês alimentados com
mamadeira.
3. Fatores de risco:
Menino primogênito.
História familiar: Um padrão familiar não mendeliano foi bem descrito.
Larissa Brasil
4. Etiologia:
A etiologia continua indefinida.
Não há embasamento para uma predisposição genética forte.
Acredita-se que hiperacidez resultante de uma distensão antral com
alimentação e hipertrofia do piloro decorrente de contrações repetidas
sejam a causa.
Além disso, acredita-se que a inervação neural deficiente do músculo
pilórico exerça alguma influência.
Postula-se que a ausência de células marca-passo intestinais de Cajal
seja outro mecanismo que cause a estenose pilórica.
A deficiência de óxido nítrico sintase também é implicada como uma
causa bioquímica, mediante a diminuição do relaxamento do músculo
liso.
5. Fisiopatologia:
A hipertrofia e hiperplasia difusa e progressiva da musculatura lisa, em
especial a camada circular do piloro, resulta em alongamento e
estreitamento persistente do canal pilórico, causando obstrução parcial
com consequente retardo do esvaziamento gástrico, ou até mesmo
obstrução total da sua luz.
Em resposta ao peristaltismo vigoroso, a fim de vencer a resistência ao
escoamento do conteúdo gástrico, a musculatura do estômago torna‐se
hipertrofiada, e o estômago, dilatado.
Com vômitos prolongados, a perda de eletrólitos e água causa alcalose
metabólica hipoclorêmica e hipocalêmica.
6. Manifestações clínicas:
A apresentação clínica geralmente é de vômitos alimentares, não
biliosos, em jato, que ocorrem normalmente 30 a 60 minutos após a
alimentação, a partir da 2a a 6a semanas de vida.
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7. Diagnóstico:
Vômito não bilioso em jato após a alimentação em criança com 3 a 6
semanas de idade com piloro palpável é patognomônico para estenose
pilórica. Ultrassonografia é comumente usada em casos onde um piloro
palpável geralmente não é detectado.
Exame físico:
Se a história apresentada é sugestiva, a palpação de uma massa
abdominal superior em formato de oliva (também conhecida como
"oliva") confirma o diagnóstico. A massa, que é o músculo pilórico
hipertrofiado, pode ser palpada no epigástrio e no quadrante superior
direito. Geralmente, a criança fica inquieta e chora; por isso, paciência e
experiência são de extrema importância. O exame é auxiliado pela
inserção de um tubo orogástrico para descompressão gástrica seguida
por alimentação simulada com uma chupeta molhada em fórmula ou
água com açúcar. O exame deve revelar uma massa móvel e firme
inferior à borda do fígado.
É possível que a criança também mostre ondas peristálticas que se
movem da esquerda para a direita pelo abdome no exame físico. Isso
deve-se à tentativa do estômago forçar o seu conteúdo através da saída
pilórica estreitada.
Avaliação laboratorial:
É necessário solicitar um perfil eletrolítico em todos os casos suspeitos;
achados comuns incluem hipocalemia, hipocloremia e alcalose
metabólica como resultado dos vômitos prolongados.
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Exames de imagem:
USG:
EED:
- Um estudo positivo de contraste do trato gastrointestinal superior revela
um fino feixe de contraste (um sinal em feixe) como resultado de um piloro
estreitado. No entanto, ele pode causar vômitos e aumentar o risco de
aspiração. Devido ao seu alto risco, não é um estudo recomendado para o
diagnóstico de estenose pilórica.
Larissa Brasil
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8. Tratamento:
Ressuscitação fluídica:
A reposição de líquidos e eletrólitos é fundamental para o tratamento
bem-sucedido da criança com estenose pilórica.
A cirurgia deve ser protelada até que a hipovolemia e os distúrbios
eletrolíticos tenham sido corrigidos.
Pacientes com depleção de volume grave devem receber soro fisiológico
em bolus antes de iniciar a reposição de fluidos. A fluidoterapia
intravenosa deve ser fornecida de 1.5 vezes a taxa de manutenção com
dextrose a 5% associada à solução salina a 0.45%. A fluidoterapia
intravenosa não deve conter potássio até que o débito urinário seja
adequado (1-2 mL/kg/h).
Tratamento cirúrgico:
Intussuscepção:
1. Definição:
2. Epidemiologia:
A intussuscepção geralmente se apresenta entre 6 e 36 meses de idade
e é a causa mais comum de obstrução intestinal nessa faixa etária.
Uma revisão da literatura de intussuscepção sugere uma incidência
média de 74 por 100,000 entre crianças <1 ano de idade, com pico de
incidência entre crianças de 5-7 meses de idade.
Os meninos são afetados com maior frequência que as meninas.
Até 75% dos casos ocorrem em crianças com menos de 12 meses de
idade.
3. Fatores de risco:
Sexo masculino: Meninos são afetados com mais frequência pela
intussuscepção que as meninas, em uma razão que varia de 2:1 a 3:1
entre os estudos.
Idade de 6 a 12 meses: A incidência de intussuscepção atinge seu pico
aos 5-7 meses de idade, e até 75% dos casos ocorrem em crianças com
menos de 12 meses de idade.
Doença viral prévia: A intussuscepção idiopática é comumente
considerada uma afecção resultante da hiperplasia linfoide, causando
uma ruptura das forças longitudinais normais. A hiperplasia linfoide ou
de placas de Peyer pode ocorrer após uma doença viral.
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4. Etiologia:
Idiopática - Aproximadamente 75 por cento dos casos de
intussuscepção na infância são considerados idiopáticos porque não há
um gatilho claro da doença ou um ponto inicial patológico. A
intussuscepção idiopática é mais comum em crianças entre três meses e
cinco anos de idade.
A etiologia da maioria dos casos de intussuscepção é incerta, mas
provavelmente é relacionada à hiperplasia das placas de Peyer e do
tecido linfoide na parede intestinal, proveniente de infecção viral prévia.
Esses linfonodos aumentados podem agir como o ponto inicial da
intussuscepção idiopática.
A intussuscepção em crianças mais velhas e adultos é rara e quase
sempre desencadeada por um ponto inicial patológico. Pontos iniciais
patológicos são anormalidades anatômicas do intestino, como pólipos
luminais, tumores malignos (como linfoma) e lesões em massa benignas
(por exemplo, lipoma, divertículo de Meckel, púrpura de Henoch-
Schönlein e cistos de duplicação entérica).
5. Fisiopatologia:
A intussuscepção é a invaginação de uma porção do intestino (o
intussuscepto) no lúmen do intestino imediatamente adjacente a ele (o
intussuscipiente). O mesentério é arrastado ao longo da parede
intestinal proximal para dentro do lúmen distal, resultando na obstrução
do retorno venoso. Isso leva ao desenvolvimento de congestão venosa e
linfática com edema intestinal resultante, sangramento da mucosa e
aumento da pressão. Se o fluxo arterial ficar comprometido, poderá
haver isquemia, necrose e perfuração.
6. Manifestações clínicas:
A apresentação clássica da intussuscepção é um bebê ou criança
pequena com o início súbito de dor abdominal intermitente, intensa,
cólica e progressiva, acompanhada de choro inconsolável e elevação
das pernas em direção ao abdome.
A tríade clássica da intussuscepção inclui cólica abdominal, fezes com
aspecto de geleia de morango e uma massa abdominal palpável.
Esta tríade está presente em 20% a 40% dos pacientes.
O vômito costuma ser um sintoma proeminente, geralmente começando
logo após os primeiros episódios de dor abdominal. Inicialmente, o
vômito pode ser não-bilioso, mas frequentemente torna-se bilioso à
medida que a obstrução progride.
A letargia também foi identificada como um sintoma manifesto comum
de intussuscepção.
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7. Diagnóstico:
Exame físico:
O exame físico deve iniciar com uma avaliação da estabilidade
hemodinâmica. O choque hipovolêmico, sugestivo de isquemia ou
necrose intestinal, está presente em 5% a 10% dos casos.
O exame físico abdominal pode gerar achados de massa abdominal
palpável, distensão abdominal ou até peritonismo. A massa abdominal
pode ser sutil, por isso é melhor realizar o exame físico entre os
episódios de cólica.
É possível que ocorra sangramento durante o exame físico retal, mas
sua ausência não descarta o diagnóstico.
USG de abdômen:
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Tomografia computadorizada:
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Enema opaco:
8. Tratamento:
O tratamento da intussuscepção pediátrica deve ser iniciado no
momento do diagnóstico. O objetivo é a correção da hipovolemia e das
anormalidades eletrolíticas e, em seguida, a redução urgente. A redução
pode ser obtida com enema com contraste (ar ou líquido de contraste)
ou por cirurgia.
Ressuscitação fluídica:
O tratamento inicial inclui a obtenção de acesso intravenoso adequado e
correção da hipovolemia com ressuscitação fluídica isotônica.
Antibioticoterapia:
O potencial de intestino mal perfundido ou dilatado para transportar e
produzir bacteremia é considerado uma indicação. Quando indicado,
devem ser administrados atb de amplo espectro que abrangem
patógenos intra-abdominais.
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Redução cirúrgica:
Na presença de peritonite, recomendam-se apoio cirúrgico e
ressuscitação imediatos. Deve-se avaliar a presença de ar livre intra-
abdominal nas radiografias abdominais simples. Os pacientes com
contraindicações para a redução por enema com contraste devem se
submeter a uma avaliação cirúrgica urgente.
A redução cirúrgica tem sido realizada com sucesso por meio de
laparoscopia, bem como por meio das abordagens abertas tradicionais.