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Bulimia
Conceito
É uma condição que apresenta uma compulsão alimentar (ingestão de uma grande quantidade de alimentos em um curto período de
tempo), juntamente com a sensação de perda de controle no ato de se alimentar. Conjuntamente à essa compulsão há, também, medidas
compensatórias inadequadas visando o controle do peso do indivíduo, como:
Dietas compensatórias
Além disso, existe uma forte preocupação relacionada ao peso e à forma corporal, que afeta os sentimentos e atitudes do paciente.
Epidemiologia
Incidência
Prevalência
Entre 0,5 a 4% da população.
Atinge predominantemente o sexo feminino, com cerca de 90 a 95% de mulheres para 5 a 10% de homens, nos indivíduos com
bulimia nervosa.
Algumas profissões apresentam maior risco, como as de modelo, profissionais da moda, jóqueis e atletas.
Etiologia
Fatores biológicos
É multicausal, sendo que o fator biológico é um dos principais: alterações nos neurotransmissores cerebrais, também nos peptídeos YY,
na leptina e na colecistoquinina, que são, em sua maioria, componentes do organismo que determinam a saciação e o apetite do indivíduo.
Fatores psicológicos
Pensamentos dicotômicos (“tudo ou nada”)
Perfeccionismo
Pensamentos autodestrutivos
Medo de abandono
Baixa autoestima
Fator cultural
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Fatores familiares
Conflitos intrafamiliares
Dificuldade de comunicação
Fatores desencadeante: comentários negativos dos pais a respeito do peso dos filhos, comportamento alimentar restritivo dos pais e
encorajamento para que seus filhos façam dieta
Fatores genéticos
Maior prevalência de episódios depressivos e de Transtornos Alimentares (TA) em familiares de primeiro grau. Ademais, alterações
no cromossômicas (cromossomo 10p) podem levar à um quadro de bulimia.
Quadro Clínico
Quadro Clínico
Inicialmente, o quadro clínico do paciente apresenta uma grande preocupação com relação ao peso e à forma corporal antes mesmo do
Transtorno Alimentar (TA) se concretizar na forma de bulimia. Sendo que, o peso dos indivíduos que apresentam esse TA, normalmente
está normal ou discretamente elevado. Além disso, os pacientes acometidos apresentam um medo intenso de engordar, levando-os a fazer
dietas restritivas, eliminando alimentos que julgam facilitar o ganho de peso. Porém, essa dieta não apresenta a restrição desenfreada, que é
observada em pacientes anoréxicos.
Os pacientes que possuem bulimia estabelecem um círculo vicioso que tem seu início com uma dieta restritiva, esta naturalmente causa
um aumento do apetite. Esse apetite aumentado é saciado durante uma crise de compulsão alimentar, em que se tem a ingestão de uma
grande quantidade de alimento durante um curto intervalo de tempo. Esse comportamento compulsivo gera um sentimento de culpa e mal
estar físico e psicológico. Esse sentimento é aliviado com, por exemplo, o vômito auto induzido, que é feito, também, com a intenção de
não se ganhar peso. Toda essa atitude do indivíduo gera ansiedade e faz que ele retorne, novamente, à dieta.
Critérios Diagnósticos
Critérios Diagnósticos segundo o DSM-V
Episódios recorrentes de consumo alimentar compulsivo, tendo as seguintes características: ingestão em pequeno intervalo de tempo
de uma quantidade de comida maior do que a maioria das pessoas comeria no mesmo tempo e nas mesmas circunstâncias;
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sensação de perda de controle sobre o comportamento alimentar durante os episódios
Comportamentos compensatórios inapropriados para prevenir ganho de peso, como vômito auto induzido, abuso de laxantes,
diuréticos ou outros drogas, dieta restrita ou jejum ou, ainda, exercícios vigorosos
Os episódios de compulsão e os comportamentos compensatórios ocorrem pelo menos uma vez por semana, por 3 meses
Tratamento
O tratamento da bulimia deve ser feito por uma equipe multiprofissional, que deve envolver não só o psiquiatra, mas também deve
envolver, pelo menos, um nutricionista e um psicólogo.
Objetivo
Esse tratamento deve visar a regularização do padrão alimentar do indivíduo, o fim dos episódios de purgação ou restrição alimentar e,
finalmente, uma orientação nutricional.
Psicoterapia
A psicoterapia cognitivo-comportamental (tem o objetivo de compreender, identificar e corrigir formas distorcidas de pensar) é a que
tem demonstrado melhores resultados no tratamento de bulimia. A psicoterapia interpessoal demonstra ter uma boa resposta no tratamento.
A terapia familiar é importante, apesar de as evidências serem mais reduzidas do que para indivíduos com Anorexia Nervosa (AN).
Medicamentos
O uso de antidepressivos é eficaz, diminui as compulsões, vômitos auto induzidos e até possíveis sintomas depressivos, que é uma
comorbidade frequente em indivíduos afetados por bulimia.O uso de topiramato (anticonvulsivante que possui evidências de agir como
estabilizante de humor) vem mostrando resultados eficazes no tratamento de bulimia nervosa. O ISRS (Inibidor Seletivo da Recaptação de
Serotonina- Antidepressivo), mais utilizado é a fluoxetina, na dose de 60 mg/dia.
Os antidepressivos tricíclicos podem ter como efeito colateral a voracidade por doces, por isso não são indicados normalmente. Os IMAO
(Inibidores da Monoamino-Oxidase) também não são indicados pelo risco de crises hipertensivas durante uma compulsão.
Prognóstico
O curso da bulimia é bastante variável. Sendo que, a recuperação favorável acontece em cerca de 50 a 70% dos casos. A taxa de
mortalidade se apresenta menor em relação à Anorexia Nervosa (AN).
Complicações da Bulimia
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Calosidade no dorso do mão por escoriação dentária (sinal de Russell), retração gengival,
Pele e anexos erosão do esmalte dentário, peliose, cáries, hipertrofio de glândulas porótidas em decorrência
Comorbidades
A comorbidade da bulimia com outras doenças psiquiátricas é muito frequente, principalmente, com a depressão.O uso de substâncias
psicoativas pode ser um dos fatores que causou esse Transtorno Alimentar (TA). Os transtornos ansiosos (transtorno de ansiedade
generalizada, transtorno do pânico e fobia social), TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), TEPT (Transtorno de Estresse Pós-
Traumático), transtorno de personalidade (principalmente boderline).
Referências
1. Beumont, P. J. V., George, G. C. W. & Smart, D. E. (1976). ‘Dieters’ and ‘vomiters and purgers’ in anorexia nervosa. Psychological
Medicine 6, 617–622.
2. Crisp, A. H. (1974). Primary anorexia nervosa or adolescent weight phobia. The Practitioner 212, 525–535.
3. FORLENZA, Orestes Vicente; MIGUEL, Euripedes Constantino. Clínica psiquiátrica de bolso. 1 ed. Barueri, SP: MANOLE,
2014. 844 p.
4. Kendell, R. E. (1975). The Role of Diagnosis in Psychiatry. Blackwell Scientific Publications: Oxford.
5. Wolff, H. P., Vecsei, P., Krück, F., Roscher, S., Brown, J. J., Düsterdieck, G. O., Lever, A. F. & Robertson, J. I. S. (1968). Psychiatric
disturbances leading to potassium depletion, sodium depletion, raised plasma-renin concentration, and secondary
hyperaldosteronism. Lancet i, 257–261.
Créditos
Autores
Dr. Danilo Borges dos Santos
Editores
Ilustrador
Edição
1º edição
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Data de criação: 15/08/2019
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