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Síndromes relacionadas ao

comportamento alimentar
Universidade Do Extremo Sul Catarinense- Unesc
Curso De Psicologia
Disciplina: Psicopatologia I
Professor: João Luiz Brunél
O comportamento alimentar – fenômeno humano complexo e de
importância central nas sociedades humanas e na experiência subjetiva
das pessoa. Reúne algumas dimensões básicas:
 Dimensão fisiológico-nutritiva: relaciona-se à aspectos metabólicos,
endócrinos, neuroquímicos e neuronais que regulam os mecanismos de
fome e saciedade, a demanda e a satisfação das necessidades
nutricionais.
 Dimensão afetiva e relacional: a fome e alimentação vinculam-se ao
prazer. O prazer alimentar oral, segundo a psicanálise, seria
basicamente libidinal. No desenvolvimento da criança, a zona bucal e a
amamentação, são mediadores da primeira relação interpessoal
fundamental: a relação mãe-bebê. Alimentar o filho, para a mãe é mais
que uma tarefa fisiológica: tem sentido afetivo especial, exprime
sentimentos e participa da construção de um vínculo humano
fundamental.
 Dimensão social e cultural: as sociedade e culturas
estabelecem regras, tabus e rituais em relação aos
alimentos e aos comportamentos alimentares. Como
preferência por se alimentar com grupos em que haja
afeição. Jantares comemorativos (formatura, aniversário,
noivado e até funerais).
 A conduta alimentar é motivada pelas sensações de sede e
saciedade. Controladas e monitoradas por diversas áreas
do organismo: hipotálamo (centro da saciedade) e várias
estruturas límbicas e corticais, mediadas por substâncias
como insulina, leptina e grelina.
 Aspectos sociais e culturais se refletem nos padrões de
beleza (feminina).
 Os transtornos do comportamento alimentar estão se
tornando comuns e reconhecidos como problema da saúde
pública.
Transtornos da alimentação
Anorexia nervosa
Caracteriza-se pela perda de peso autoinduzida, seja
pela abstenção de alimentos que engordam ou por provocar
vômitos/purgação autoinduzidos, excesso de atividades físicas,
uso de anorexígenos ou diuréticos. Há uma busca implacável de
magreza e o medo intenso e mórbido de parecer ou ficar
gordo(a). Quando a perda de peso é excessiva ocorrem alterações
endócrinas/amenorreia, hipercortisolemia, elevação do hormônio
do crescimento, secreção anormal da insulina, metabólicas e
eletrolíticas, por consequência do grave estado nutricional. O
peso corporal é mantido a 15% abaixo do esperado.
Transtornos da alimentação
Do ponto de vista psicopatológico ocorre uma Distorção
da Imagem Corporal, mesmo estando magra a pessoa se percebe
gorda. Mais comum em adolescentes e mulheres jovens (90%)
pode iniciar com dietas, mais comum em sociedades industriais,
como ideal de beleza (magra). Resolução de conflitos da área
sexual, por meio do controle da imagem corporal. Mortalidade
em torno de 5% pelas complicações cardiovasculares,
eletrolíticas, metabólicas e endócrinas. Reconhecem dois
subtipos: o restritivo, podendo se associar a sintomas obsessivos
compulsivos. E o tipo compulsão alimentar purgativo que além
de evitar ingerir alimentos calóricos mantém comportamentos
ativos de perda de calorias por vômitos autoinduzidos, excesso
de exercício e uso de laxantes, diuréticos, enemas .
Transtornos da alimentação
Bulimia nervosa
Caracteriza-se por preocupação persistente com o comer e um
desejo irresistível de comida, com repetidos episódios de hiperfagia.
Apresenta também preocupações excessivas com o controle de peso,
com medidas extremas como vômitos, purgação, enemas e diuréticos a
fim de mitigar os efeitos do aumento de peso decorrentes da ingestão de
alimentos. O comportamento purgativo pode produzir alterações
hidroeletrolíticas (hipocalcemia, hiponatremia, hipocloremia). A perda
de ácido gástrico por meio de vômitos pode ocasionar alcalose
metabólica. O vômito recorrente, perda de esmalte dentário, ocorre em
90% em mulheres adolescentes ou início da vida adulta. Os indivíduos
costumam ocultar os sintomas por vergonha.
Bulimia nervosa

Como trata-se de um comportamento socialmente


condenável, os pacientes costumam negar os sintomas
quando questionados por profissionais da saúde.
Quatro níveis de gravidade (DSM 5):
1 – leve – 1 a 3 episódio de bulimia e comptos
compensatórios inapropriados (vômitos autoinduzidos,
uso de laxantes, diuréticos, entre outros) por semana.
2 – Moderada – 4 a sete episódios semanais.
3 – Grave – 8 a 13 episódios por semana.
4 - Extrema – mais de 14 episódios semanais.
Transtorno de compulsão alimentar

Episódios frequêntes e recorrentes de comer


compulsivo (binge eating), pelo menos uma vez por
semana por vários meses. Tem a sensação subjetiva de
perda do controle de comer, não consegue parar. Sofre
com sentimentos de culpa e repulsa por seu
comportamento. Não há comportamento purgativos
como na B.N.
Outros transtornos do comportamento alimentar
Obesidade
Trata-se de uma condição complexa, que envolve fatores genéticos,
desenvolvimento psicológico, família e cultura. Mais comum sociedades
industrializadas e urbanas, em culturas em que a atividade física não é predominante.
Associada a baixos níveis socioeconômicos e ao sexo feminino. Aumento significativo
(pandemia) em países tanto desenvolvidos quanto subdesenvolvidos.
Tem importância por associar-se a morbidade com diabete melito tipo 2,
hipertensão arterial, apneia do sono, aumentando de triglicerídeos e colesterol, apneia
do sono, hiperandrogenismo, irregularidades menstruais e infertilidade nas mulheres,
diminuição dos níveis de testosterona nos homens, problemas ortopédicos e
dermatológicos. Também é causa da mortalidade por obstrução cardiovascular,
respiratórias e endócrinas. Risco aumentado de tumores de mama, útero, ovário,
próstata, intestino grosso e vias biliares. Piora na qualidade de vida:
Um dos aspectos centrais da obesidade é a disfunção dos mecanismos de
saciedade (comer de forma contínua).
Do ponto de vista emocional o obeso foi visto como imaturo, sensível a
frustração, que recorre a comida como forma de compensação de afeto, com
sexualidade reprimida, para se proteger da depressão, mas é importante não generalizar.
REFERÊNCIA
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e
semiologia dos transtornos mentais. 3 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2019.

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