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A PESSOA E A RESPOSTA AO

TRATAMENTO
- Quimioterapia

A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR QUIMIOTERAPIA

FOCO – educação terapêutica; conhecimento sobre o tratamento e os efeitos secundários; medos; …


Diagnóstico - Conhecimento não demonstrado sobre tratamento proposto / medidas preventivas a
adotar …

Intervenções de enfermagem - 1ª CONSULTA


• Acolhimento (ouvir, esclarecer, apoiar, mobilizar conhecimentos do doente/familiar, …)
• Explicar o que se vai passar durante o tratamento
• Visita às instalações, mostrar circuitos, horários,
•Apresentar equipa…
• Explicar: efeitos secundários esperados; como minimizar os efeitos secundários; e
como melhorar a tolerância;
• Reforçar estratégias promotoras da adesão ao tratamento
• Estabelecer relação de ajuda!!!
A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR QUIMIOTERAPIA

No acolhimento o enfermeiro deve… Num ambiente …


• Acolhedor
• criar um ambiente de confiança e empatia
• Calmo, reservado;
(explorar conhecimentos do utente);
• Onde não haja interrupções;
• estar atento
• Limpo, com iluminação adequada;
• dirigir-se de forma educada e com respeito • Permite respeitar a privacidade
• respeitar a autonomia, dignidade, crenças,
valores e o direito à intimidada;
• manter posição assertiva;
Permite a expressão de
• comunicar
sentimentos

• Meio mais eficaz no acesso do enfermeiro ao doente (e familiar)


• Envolve mais do que linguagem verbal
• A comunicação não verbal é importante na transmissão de
mensagens (expressão facial, postura, gestos, toque, contacto
COMUNICAÇÃO visual, silêncio, …)

A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR QUIMIOTERAPIA

Diagnóstico - Conhecimento não demonstrado … sobre anorexia

Ocasionada por - alt. hormonais, no metabolismo


Agravada por: alteração do paladar; boca seca; dos glícidos e hidratos de carbono; alterações da
indigestão; cansaço; distensão abdominal; … mucosa gástrica e intestinal retardam a digestão e
ocasionam alterações do apetite.

Intervenções de enfermagem
• Evitar tomar refeições sozinho;
• Evitar alimentos com gordura excessiva, desagradáveis ao paladar, bebidas gaseificadas, de
difícil deglutição, …
• Refrescar a boca antes das refeições;
• Procurar ingerir um terço das calorias ao pequeno almoço (refeição mais tolerada do dia);
• Encorajar o doente a comer mesmo quando não tem fome;
• Alimentos e receitas novos;
• Encorajar o doente a descansar antes as refeições - ajuda a coordenar as energias necessárias
à alimentação;
• Monitorizar e registar semanalmente o peso.
A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR QUIMIOTERAPIA

Diagnóstico - Conhecimento não demonstrado … sobre toxicidade hematológica – leucopenia;


trombocitopenia; anemia / … sobre medidas de proteção individual.

Intervenções de enfermagem
Pessoa com suscetibilidade à infeção (neutropenia* < 1000/mm3) instruir sobre:
 Instruir pessoa e família sobre a importância de uma correta higiene pessoal (especialmente boca e
períneo);
 Necessidade e, como evitar, fontes de infeção, (ex. - contacto com familiares ou visitas com infeções,
aglomerados de pessoas, locais fechados, );
 Avaliar a secura da boca: usar saliva artificial se necessário;
 Pessoa e família sobre o despiste de sinais e sintomas de infeção (febre, tosse, dor de garganta,
arrepios, micção dolorosa) – avaliação de locais de sondas, cateteres e de solução de continuidade;
 Necessidade de evitar: ingestão de vegetais crus, frutas e ovos; ter plantas e flores na cama ou
perto; contacto com animais; imunização; …

*Nota - Pode ser prescrito fatores de crescimento


Enfem Médico-cirúrgica e de Reabilitação

A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR QUIMIOTERAPIA

Diagnóstico - Conhecimento não demonstrado … sobre toxicidade hematológica – leucopenia;


trombocitopenia; anemia / … sobre medidas de proteção individual.

Intervenções de enfermagem

Pessoa com anemia* instruir sobre:


 Suplementos nutricionais vitamínicos, ferro e acido fólico;
 Vigilância de sinais de hemorragia;

 Dificuldade respiratória (sinais)


 Elevação da cabeceira da cama

 Importância de períodos de repouso ao longo do dia;


Substituir no desempenho de atividades.

*Nota - Pode ser prescrito administração de oxigenoterapia, transfusão sanguínea, modificadores de resposta
biológica (ex. eritropoietina).

Enfem Médico-cirúrgica e de Reabilitação


A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR QUIMIOTERAPIA

Diagnóstico - Conhecimento não demonstrado … sobre toxicidade hematológica – leucopenia;


trombocitopenia; anemia / … sobre medidas de proteção individual.

Intervenções de enfermagem

Pessoa com trombocitopenia* (< 50000/mm3) instruir sobre:

 Cuidados preventivos de lesão da pele e mucosas – maquina de barbear, escova de dentes macia,
consistência e temperatura dos alimentos;
 Suscetibilidade associada à automedicação com analgésicos, injeções e técnicas invasivas;

 Os efeitos da terapêutica anticoagulante e vasodilatador – suspender;


 Despiste de sinais e sintomas de hemorragia;

*Nota - Pode ser prescrita transfusão de concentrado de plaquetas por risco de hemorragia (SNC,
gastrointestinal ou respiratória)

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A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR QUIMIOTERAPIA

FOCO: MUCOSITE, DOR, …


Diagnóstico - Conhecimento não demonstrado do … sobre mucosite/estomatite
há atrofia do epitélio, destruição da camada basal da mucosa e inibição da reposição celular
– ulceração que se manifesta 2 a 10 dias após administração)

Intervenções de enfermagem
Instruir sobre:
• Inspeção oral para despiste de ulcerações (uso de próteses);
• Bochechos profiláticos;
• Realização de higiene oral após as refeições e ao deitar;
• Utilização de escova de dentes macia e pasta de dentes com flúor;
• Uso de nistatina oral (mycostatin) ou outro antibiótico consoante prescrição;
• Ingestão de dieta mole, fria e com alimentos não irritantes;
• Aumento de ingestão de líquidos;
• Dieta hipercalórica, hiperproteica e hipervitaminada;
• evitar irritantes químicos (álcool, condimentos, …) e físicos (ex. alimentos duros, quentes, …)

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A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR QUIMIOTERAPIA

Diagnóstico - Conhecimento não demonstrado … sobre náuseas e vómitos

Incidência relacionada com o potencial emético da droga citotóxica, mas também


com a dose, via e velocidade de administração, combinação de citostáticos. Pode
causar irritação gástrica e intestinal, provocando náuseas e até mesmo o vómito.

Intervenções de enfermagem
• Informar para a ingestão de antieméticos, conforme prescrição (30’ antes refeição);
• Fazer refeições pequenas e frequentes (cinco a seis refeições diárias);
• Beber líquidos no intervalo das refeições (bebidas insipidas);
• Evitar alimentos com gordura excessiva, fritos, condimentados e doces;
• Procurar ingerir alimentos (de fácil digestão) mornos ou à temperatura ambiente;
• Evitar deitar-se com o estômago cheio - repousar sentado após as refeições;
• Procurar permanecer em ambientes arejados, tranquilos, livres de odores fortes;
• Proporcionar e aconselhar higiene oral;
• Controlo da ingestão hídrica (se vómitos intensos).
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A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR QUIMIOTERAPIA

FOCO: DIARREIA
Diagnóstico - Conhecimento não demonstrado … sobre diarreia
(sintoma de mucosite do trato gastrointestinal baixo, …)

Intervenções de enfermagem

Instruir sobre:
• Ingestão de dieta de baixo teor em resíduos, elevado valor proteico e calórico; alimentos ricos em K+;
• Evitar alimentos/bebidas irritantes ou estimulantes de peristaltismo;
• Hidratação ↑ (fluídos com eletrólitos), evitar álcool e café;
• Necessidade da realização de cuidados de higiene perianal após cada dejeção;
• Medicação antidiarreica e barreira protetora para enzimas, bactérias e ácidos (sucralfato)
• Monitorizar o nº e a consistência das dejeções;
• Identificar diarreia severa / persistente (solicitar serviços de saúde).

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A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR QUIMIOTERAPIA

Diagnóstico - Conhecimento não demonstrado do … sobre obstipação (na administração de


alcalóides- de vinca, analgésicos opiáceos, …).
Também por motilidade diminuída, diuréticos anticolinérgicos, antidepressivos, laxantes em
excesso, dieta pobre em fibras, hipercalcémia e hipocaliémia, …

Intervenções de enfermagem*
Instruir sobre:
• Aumento do consumo de alimentos ricos em fibras;
• Aumento do consumo diário de líquidos;
• Importância do consumo de sumos de fruta fresca e líquidos quentes ao pequeno almoço;
• Adoção de medidas para um regime de eliminação intestinal diária (ex. mobilidade física);
• Ingestão de medicação prescrita - emolientes das fezes, laxantes.

*Nota - Pode ainda ser necessário enema de limpeza ou remoção de fecalomas

A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR QUIMIOTERAPIA

Diagnóstico - Conhecimento não demonstrado … sobre reações


cutâneas associadas ao tratamento e cuidados à pele e unhas

Intervenções de enfermagem

• Informar sobre alterações expectáveis – descamação, vermelhidão, prurido, escurecimento, síndrome


mão-pé, “acne”;

• Incentivar a evitar água muito quente, fricção da pele (a secar-se ou outros atividades); roupas ou
calçado que ajude a lesar a pele;

• Incentivar o uso de substitutos do sabão, hidratantes corporais (especialmente extremidades), luvas, …

• Evitar exposição solar ou usar protetor solar;

• Informar sobre alterações nas unhas – espessura, fragilidade, coloração.

• Incentivar a hidratar …
A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR QUIMIOTERAPIA

Neuropatia periférica – neurotoxicidade

Diagnóstico – conhecimento não demonstrado sobre … neurotoxicidade periférica

Neurotoxicidade, neuropatia periférica - deterioração no sistema nervoso periférico (SNP),


podendo interferir a nível sensorial e motor. A neuropatia periférica desvirtua e pode cessar as
informações recíprocas entre o SNC e as extremidades do organismo.
Manifestações: fraqueza muscular, cãibras dolorosas, picada, queimadura, formigueiro,
fasciculações, atrofia muscular, degeneração óssea, alterações em pele, pelos, unhas, pigarro ou
dor de garganta, alterações sensitivas e autonómicas, …
Graus de neuropatia periférica (INCA):
- I: diminuição nos reflexos e parestesias leves;
- II: diminuição na sensibilidade e parestesias intermediárias;
- III: diminuição intensa da sensibilidade e parestesias insuportáveis;
- IV: inexistência de reflexos e sensibilidade.

Costa, Lopes, Yokoyama dos Anjos, Zago (2015)

A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR QUIMIOTERAPIA

FOCO: NEUROPATIA PERIFÉRICA (pode incluir manifestações a nível sensorial, motor e/ou disfunção autonómica, com
implicar reajuste terapêutico).
intensidade variável, poderá
A sintomatologia pode regredir ou permanecer após tratamento
Diagnóstico - Conhecimento não demonstrado … sobre neuropatia periférica … / sobre medidas de
segurança

Intervenções de enfermagem

 Identificar Dificuldades de Coordenação e equilíbrio


 Orientar para prevenção de quedas e acidentes
 Identificar alterações sensitivas:
 Cuidados com os pés e mãos; temperaturas extremas; …
 Despistar disfunção autonómica (alterações respiratórias, digestivas, eliminação, …)
 Avaliar impacto na qualidade de vida
 Adotar medidas de compensação (AEOP, 2015).

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A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR QUIMIOTERAPIA

Neuropatia periférica – neurotoxicidade

Diagnóstico – conhecimento não demonstrado sobre … neurotoxicidade periférica

Intervenção / educação da pessoa/prestador de cuidados


o Cumprir medicação (analgésica);
o Ser prudente na manipulação de objetos perigosos e frágeis;
o Prevenir o contacto com objetos e substâncias a temperaturas muito frias ou quentes;
o Evitar situações em que haja contacto com frio (intensifica os sintomas), ex. usar luvas, bebidas
frias, …
o Seleção de calçado anti-derrapante;
o …

Costa, Lopes, Yokoyama dos Anjos, Zago (2015)

A PESSOA E A RESPOSTA AO
TRATAMENTO
- Radioterapia
A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR RADIOTERAPIA EXTERMA

As respostas são muito variáveis dependem de:

 Da área corporal tratada;


 Do volume de tecido irradiado; Áreas de proeminência óssea, lesões
 Do fracionamento; cirúrgicas, pregas de pele, estão em maior
risco de lesão da pele pelo aumento da
 Da dose total;
humidade, temperatura e falta de
 Do tipo de radiação; arterialização.
 Da susceptibilidade individual da pessoa.

(Itano, 2014)

Enfem Médico-cirúrgica e de Reabilitação

A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR RADIOTERAPIA EXTERMA

Efeitos cutâneos da radiação


O eritema da pele pode variar de moderado a intenso. À medida que o tratamento é instituído, a
pele pode tornar-se seca, irritada e ocorre descamação. Avaliar semanalmente, 3 critérios –
objetivos, subjetivos e de gestão.

Classificação do eritema:
o Grau 1 -hipersensibilidade; eritema folicular moderado; descamação seca; epilação; alteração da
pigmentação; edema assintomático.
o Grau 2 - eritema intenso; alopécia; pigmentação; ulceração da derme; descamação seca
acentuada + edema sintomático; …
o Grau 3 – Edema; alopécia permanente; úlcera ou necrose subcutânea; eritema; descamação
húmida c/ fibrina; …
o Grau 4 – ulceração; edema com disfunção total; exposição de outros tecidos; ↓ pilosidade;
sangrante, necrose …

(Radiation Therapy Oncology Group, 2013)

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A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR RADIOTERAPIA EXTERMA

Radiodermites
Grau 1 a 4

(INCA, 2008)

Enfem Médico-cirúrgica e de Reabilitação

A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR RADIOTERAPIA EXTERMA

FOCO: ERITEMA
Diagnóstico de enfermagem: Conhecimento não demonstrado …
Intervenções de enfermagem
Eritema / radiodermite Grau 1 (hipersensibilidade; eritema folicular moderado; descamação seca;
epilação; alteração da pigmentação; edema assintomático)

 Instruir sobre monitorização do eritema;


 Instruir sobre banho diário (lavar área que vai ser sujeita a radiação, diariamente, com água morna
e secar com uma toalha (sem esfregar) – atenção à pressão da água;
 Instruir sobre a aplicação de Bepanthene creme ou Biafine – emulsão – 3 horas antes do
tratamento;
 Instruir sobre medidas preventivas (exposição ao calor – proteger a área; uso de roupas largas e
de algodão; aumentar ingestão hídrica; evitar o uso de: cintos apertados e soutien; adesivos; redes;
zinco; iodopovidona; talco; …).

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A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR RADIOTERAPIA EXTERMA

FOCO: ERITEMA
Diagnóstico de enfermagem: Conhecimento não demonstrado em grau … elevado

Intervenções de enfermagem
o Eritema Grau 2 - eritema intenso; alopécia; pigmentação; ulceração da derme; descamação seca
acentuada + edema sintomático; …
o Eritema Grau 3 – Edema; alopécia permanente; úlcera ou necrose subcutânea; eritema; descamação
húmida c/ fibrina; …

o Instruir sobre monitorização do eritema;


o Instruir sobre banho diário;
o Instruir sobre tratamento à lesão, irrigação com SF e aplicação de Biafine – emulsão;
o Instruir sobre medidas preventivas (similares às da radiodermite grau 1).

(Radiation Therapy Oncology Group, 2013)


Enfem Médico-cirúrgica e de Reabilitação

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