Você está na página 1de 3

Dr.

Dominique – gastro
1o aula

Síndrome dispéptica

Alteração anatômica pode propiciar o surgimento de alterações de mucosa, muscular – na passagem dos
alimentos que podem propiciar essa síndrome

A digestão tem 2 partes


- mucosa
- muscular: faz movimento de maceração do bolo alimentar e a mistura das secreções da mucosa – eles agem
para fazer o bolo se misturar com as secreções. Alterações na musculatura alteram essa mistura

Dispepsia
o Digestão difícil
o Dor e/ou desconforto em andar superior do abdômen
o Síndrome comum na população, incidência entre 25% e 50%

Síndrome dispéptica – Roma III


o Sintomas relacionados ao trato gastrointestinal superior – do duodeno pra cima
o Dor epigástrica
o Pirose epigástrica (queimação)
o Plenitude pós-prandial (parece que o estomago nunca fica vazio)
o Saciedade precoce
 Duração mínima de 3 meses
 Continua ou intermitente
 Mínimo de 6 meses anteriores da história – quando foi a primeira vez que o paciente sentiu o primeiro
sintoma

Classificações
 Investigada: – investigação com a endoscopia digestiva alta (EDA)
 Não investigada: sem endoscopia
 Funcional: dispepsia com endoscopia normal sem H. Pylori
 Orgânica: com alteração em endoscopia – alteração estrutural (úlcera péptica, tumores gástricos)
 Associada ao H. Pylori: endoscopia normal, presença de H. Pylori com melhora contínua dos sintomas
após erradicação

Consenso Roma IV
 Critérios diagnósticos para dispepsia funcional – já fez endoscopia
1. Queixa recorrente nos últimos 3 meses, sintomas que iniciaram há mais de 6 meses
2. Presença de um ou mais dos seguintes sintomas:
- plenitude pós-prandial
- saciedade precoce
- dor epigástrica
- queimação/pirose epigástrica
3. Ausência de lesão estrutural que justifiquem os sintomas

Dispepsia funcional
o Até 30% da população possui endoscopia normal com sintomas recorrentes de dispepsia
o Sem nenhuma condição orgânica que justifique o sintoma
o Fisiopatologia multifatorial

Fisiopatologia multifatorial e dificilmente está sozinha


o Alteração da motilidade da acomodação gástrica – alteração até muscular, com alterações ineficazes,
resultando em esvaziamento lento e má distribuição do conteúdo a ser digerido
o Hipersensibilidade visceral dos pacientes em relação aos estímulos mecânicos (mecanorreceptores
gástricos)
o Pacientes que permanecem após a erradicação da bactéria Helicobacter Pylori
o Inflamação duodenal: predisposição do paciente com a redução da barreira mucosa das células
enteroendócrinas, causando processo inflamatório
Dr. Dominique – gastro
1o aula

o Fatores genéticos: alterações nas funções adrenérgicas, imunológicas e serotoninérgicas


o Fatores psicológicos: depressão, ansiedade, transtorno do pânico em resposta ao estresse há uma
liberação de cortisol
o Pós infecciosa: gastrenterite por Salmonella, escherichia coli, campylobacter, giárdia
o Microbiota intestinal: crescimento excessivo de bactérias pró-inflamatórias no intestino delgado que
podem provocar sintomas compatíveis com dispepsia

Classificação por sintoma predominante:


 Síndrome do desconforto pós-prandial (SDP):
Sintomas durante as refeições ao menos 3 vezes por semana nos últimos 3 meses
 Síndrome da dor epigástrica (SDE)
Sintomas não relacionados as alimentações, no mínimo 1 vez por semana nos últimos 3 meses
 Sobreposição das síndromes: SDP + SDE
Possibilidade de síndrome do intestino irritável e doença do refluxo gastresofágico coexistirem

Sinais e sintomas de alarme


o Vômitos persistentes
o Evidência de sangramento e anemia ferropriva
o Histórico familiar de câncer gástrico ou esofágico
o Dispepsia > 40 anos
o Disfagia progressiva*
o Perda de peso não intencional
o Massa epigástrica ou adenomegalias
o *pacientes acima de 40 anos com 1 sinal de alarme, EDA deve ser solicitada (investigação com
endoscopia digestiva alta)

Diagnostico diferencial
o Doenças pancreáticas
o Gastroparesia – um dos principais efeitos colaterais dos opioides
o Doenças vesiculares e vias biliares
o Tumores gastroesofágicos
o Úlcera péptica
o Drogas, AINE, suplementação de ferro, corticoide –
o Parasitas: Gyardia, Strongyloides
o Carcinoma hepatocelular
o Doença de Crohn
o Isquemia mesentérica
o Alterações inflamatórias (gastrenterite eosinofilica, sarcoidose)

Avaliação complementar
o Paciente acima de 40 anos com 1 sinal de alarme, EDA deve ser solicitada, com pesquisa de H. Pylori
o H. Pylori: teste de urease e/ou biopsia (padrão ouro)
o Teste respiratório de ureia marcada com carbono 14
o Antígeno fecal por ensaio imunoenzimático (ELISA)
o Teste sorológico (detecção de anti-HP IgG)

Abordagem empírica inicial


o 50% dos casos de dispepsia melhoram com tratamento empírico
o Pode ser iniciado com inibidor de bomba de prótons por no mínimo 2 semanas e se houver resposta ao
tratamento, este devera ser mantido por 4 a 12 semanas

Tratamentos
o Medidas dietéticas: menor volume, maior tempo de mastigação e dentição adequadas, menor
quantidade de gordura
o Medidas comportamentais: evitar AINEs, tabagismo, etilismo, terapia psicológica
o Erradicação do HP: amoxilina 1g 12/12h + claritromicina 500 mg 12/2h por 14 dias
Dr. Dominique – gastro
1o aula

o Supressão acida: recomendado dose padrão 1x ao dia de inibidor de bomba de prótons por 8 semanas
e reavaliação
o Omeprazol 20mg ao dia
o Lansoprazol 30mg ao dia
o Pantoprazol 40mg ao dia
o Esomeprazol 40mg ao dia
o Procineticos: geralmente recomendados em síndrome do desconforto pós prandial. Ministrar a menor
dose possível e menor tempo possível para evitar efeitos colaterais indesejados (parkinsonismo,
distonia)
o Metoclopramida 10mg 8/8h
o Bromoprida 10mg 12/12h
o Domperidona 10mg 8/8h
o Neuromoduladores de acao central:
- mirtazapina: antidepressivo
- antidepressivos tricíclicos (constipação, sonolência, retenção urinaria, xerostomia)

Você também pode gostar