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DISPEPSIA

UNINOVAFAPI 2024.1
Prof. Lucas Soares Madeira
Objetivos da aula:
• O que é dispepsia ?
• Dispepsia : orgânica x funcional.
• Critérios de Roma IV para Dispepsia funcional.
• Como investigar a dispepsia.
• Sinais de alarme e o que fazer diante deles ?
• Manejo da dispepsia .

=> BÔNUS : manejo e erradicação do H. pylori !


Dispepsia
• Dispepsia - do grego "δυς-" [dys-], dificuldade e "πέψη" [pepse], digestão) -
"dificuldade de digestão“.

• Plenitude pós-prandial
• Saciedade precoce
• Dor epigástrica
• Pirose epigástrica
Porque estudar dispepsia ?
• 21% da população tem dispepsia não investigada.
• 20 a 40 % dos atendimentos ambulatoriais da gastroenterologia.
• A dispepsia não altera a sobrevida dos doentes, no entanto, a sua qualidade de vida é
substancialmente inferior.
• A ansiedade, depressão, idade avançada, sexo feminino, gravidade dos
sintomas e baixo nível educacional são fatores associados a uma redução na qualidade
de vida desses pacientes.
• Impacto econômico – medicações, exames, terapias alternativas, absenteísmo laboral e
diminuição de produtividade.
Classificação -Dispepsia Orgânica x Dispepsia Funcional
• Dispepsia Orgânica
• Doença Ulcerosa Péptica • Infecções – Citomegalovírus, tuberculoses, sífilis,
parasitoses
• Doença do Refluxo Gastroesofágico
• Intolerância a Fármacos • Cardiopatia isquêmica, diabetes mellitus,
hiperparatiroidismo, insuficiência cardíaca,
• Gastrites suprarrenal ou renal e patologia tiroideia.
• H. pylori • Fármacos – análogos de GLP1, bifosfonatos,
bloqueadores dos canais de cálcio, colecalciferol,
• Neoplasias do Trato Gastrointestinal eritromicina, ferro, orlistat, sildenafil, sulfonilureias,
• Patologias Pancreáticas suplementos de potássio, teofilina e tetraciclinas.
• Doenças Infiltrativas do Estômago ( D. Crohn,
Sarcoidose, Amiloidose ...)
Classificação -Dispepsia Orgânica x Dispepsia Funcional
• Dispepsia Funcional (DF)

• Critérios de Roma IV:


- presença de um ou mais de quatro sintomas : epigastralgia, queimação
epigástrica, plenitude pós-prandial e/ou saciedade precoce.

- ausência de doença estrutural que é provável causa para os sintomas.

- os critérios devem estar presentes nos últimos 3 meses, com início dos
sintomas pelo menos 6 meses antes do diagnóstico.
Abordagem a dispepsia não investigada
• História clínica detalhada e completa !
• Natureza, frequência e cronicidade dos sintomas.
• Motivo da procura atual de cuidados de saúde.
• Relação com alimentos e medicações.
• Disfagia progressiva, perda ponderal não intencional, hemorragia
digestiva, vómitos recorrentes, idade superior a 55 anos e história familiar
de CA do trato gastrointestinal.
• Procurar sinais de patologias sistêmicas – diabetes, hiperparatiroidismo, insuficiência
cardíaca, suprarrenal ou renal, patologia tiroideia e cirurgias prévias. Ou patologias
funcionais como SII, fibromialgia, depressão e ansiedade.

• Exame físico é diagnóstico e terapêutico !


Fluxograma
Dispepsia Funcional
• Cristérios de Roma IV – dor epigástrica, plenitude pós-prandial, saciedade
precoce, queimação estomacal. Nos últimos 3 meses, com início há 6 meses, no
mínimo.
* sem causa orgânica definida.
* dignóstico é de exclusão.

• Síndrome da dor epigástrica - dor em região epigástrica, intermitente, com


ausência de irradiação ou generalização, pelo menos uma vez na semana e que não melhora
após a defecação ou eliminação de flatos.

• Síndrome do desconforto pós-prandial - caracterizada por saciedade precoce,


sensação de plenitude pós-prandial e aumento da eructação.
Dispepsia Funcional
• Fisiopatologia
• Dismotilidade gástrica

• Hipersensibilidade gastroduodenal

• Disbiose

• Eixo intestino-cérebro

• Predisposição genética

• Exposição Ambiental
Dispepsia Funcional
• Tratamento não medicamentoso:
• Informar e esclarecer o paciente quanto à grande probabilidade da origem benigna dos sintomas
dispépticos.

• Mudança alimentar e do estilo de vida para todos os pacientes !

Alimentação saudável, cessar tabagismo, perder peso e praticar atividade física.

• Ausência de sinais de alarme = tratamento com supressão ácida e / ou procinéticos

• Identificar e suspender, se possível, medicamentos de uso habitual que possam provocar sintomas
dispépticos (anti-inflamatórios, antagonista do cálcio, nitratos, teofilina, bifosfonatos,
corticoesteroides, análogos de GLP1);

• Apoio psicológico/psicoterapia
Dispepsia Funcional
• Tratamento medicamentoso:
• Supressão ácida
IBP : “Prazois” dose em jejum, uma vez ao dia – por 4 a 8 semanas.
Se ausência de melhora = endoscopia com pesquisa de H. pylori.
Se melhora = avaliar suspensão.

Antagonistas dos Receptores de Histamina (H2) : pouco utilizados no momento –


famotidina !
Ranitidina suspensa - presença elevada de nitrosanimas, composto cancerígeno.

• Procinéticos
Utilizados sobretudo na Síndrome do Desconforto pós-prandial.
Domperidona, metoclopramida e bromoprida.
Dispepsia Funcional
• Tratamento medicamentoso:
• Neuromoduladores – antidepressivos tricíclicos : amitriptilina, imipramina e
nortriptilina.
=> utilizados na ausência de resposta após supressão ácida e procinéticos.

• Novos alvos terapêuticos : resposta imune e disbiose.


Novos estudos com – IBP , Inibidores da Histamina e Montelucast.
Alteração da microbiota – Rifaximina e Probióticos.
BONUS – H. Pylori !
• Bactéria Gram Negativa microaerófila
• Prevalência : Mundo – 50% / Brasil – 60%.
• Ser humano – único reservatório.
• Transmissão fecal – oral ou oral – oral.
• Gastrite Crônica / Úlcera Péptica / Adenocarcinoma Gástrico
Testes Diagnósticos
Não Invasivos Invasivos
Sorológico Teste da Urease
Antígeno Fecal Histopatológico
Teste Respiratório

• Teste sorológico só para estudos epidemiológicos.


• Suspender IBP 2 semanas antes dos testes e antibióticos devem ser suspensos 4 semanas
antes dos testes.
• Todos os portadores de H. pylori devem fazer a terapia de erradicação.
Tratamento – 1ª linha
Medicamento Dose Tempo

1ª Linha Amoxicilina 1g – 12 / 12h


Claritromicina 500mg – 12/12h 14 dias
IBP Full dose – 12/12h
Alérgicos a penicilinas Levofloxacino

2ª Linha
Tratamento – 2ª ou 3ª linha
Tratamento
• Alérgicos a Penicilinas –
• IBP 12/12h + Levofloxacino 500mg 24/24h + Claritromicina 500mg 12/12h – Por 14
dias.

• A confirmação de erradicação deve ser realizada em todos os pacientes.


• Ideal – pelo menos 4 semanas após o uso dos antibióticos e 2 semanas após a suspensão
dos IBPs
• Pode ser feita – Histologia, Teste respiratório e Antígeno Fecal.
Obrigado !

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