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Curso: Medicina Geral

Nivel: 5º Ano
Ortopedia e Traumatologia

Tema: OSTEOMIELITE CRÓNICA

Estudante:
Issa Amani
Janeiro de 2024
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Conteúdo de Apresentação
• Introdução
• Generalidades sobre Osteomielites
• Osteomielite Crónica
– Conceito
– Factores de Risco
– Sinais e Sintomas
– Diagnóstico Clínico
– Diagnóstico Diferencial
– Tratamento
– Complicações
• Referências bibliográficas

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Introdução
• As infecções osteoarticulares estão entre os diversos problemas clínicos ou
cirúrgicos que ocorrem em Ortopedia Pediátrica, que necessitam mais rapidez
nas respostas de diagnóstico e tratamento imediato e preciso.

• Isso porque muitas crianças vão em alguns ambulatórios ou consultórios, sem


diagnósticos, sem exames complementares e, evidentemente, sem tratamento
adequado, esse fato leva a desastrosas sequelas, como nas osteomielites
crónicas.
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Conceito

• A osteomielite é uma inflamação causada por infecção bacteriana ou fúngica no


osso, que compromete a cortical, a esponjosa e o canal medular.

• Trata-se de uma infecção com rápida propagação, podendo comprometer a vida


do paciente.

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Epidemiologia
• É mais frequente em grupos etários mais jovens, entre a primeira e segunda década de vida.
• Com distribuição bimodal, sendo sua apresentação mais frequente em crianças e idosos.
• Nas crianças acomete mais os ossos longos, com predominio nos Membros Inferiores;
• Principal localização: Metáfise dos ossos longos;
• Nos adultos as vértebras e a pélvis são os mais afectados.
• Fêmur, tíbia e Úmero são os mais acometidos;
• Acomete apenas um osso em 90% dos casos.

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Estrutura de Osso longo

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Etiologia

• Stafilococus aureus (mais frequente 80% dos casos);


• Streotococus do grupo B (Streptococcus agalactiae)
• Enterococos;
• Pneumococos;
• Gonococos;
• Pseudomonas.

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Factores de Risco
• Trauma (cirurgia ortopédica ou Fracturas Expostas)
• Próteses ortopédicas
• Úlceras de decúbito;
• Artrose;
• Pessoas com insuficiência articular crónica;
• Pessoas portadores de anemia antes da cirurgia;
• Anemia das células falciformes;
• Usuários de drogas intravenosas;
• Imunodepressão;
• Idosos, diabéticos, desnutridos, malignidade, uso de cateteres intravenosos e urinários;

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Fisiopatologia
• Infecções endógenas:
– Por disseminação dos microrganismos de um foco distante.
– Este é o tipo de osteomielite mais comum em crianças.

• Disseminação Indireta ou contiguidade:


– Através de um foco contínuo de infecção, como dos tecidos moles, dentes ou seios nasais.
– Responsável por 10% dos casos ocorre principalmente em lactentes.

• Infecções exógenas, (Disseminação directa):


– Trauma directo, causando a osteomielite pós-traumática, como acontece em traumas
produzidas por um instrumento pontiagudo, fracturas expostas ou feridas profundas.
– Osteomielite pós-operatória após cirurgia a um foco infeccioso junto ao osso.

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Classificação de Waldvogel
• Tempo de instalação
– Aguda: até 2 semanas de evolução
– Subaguda: 2 semanas até 3 meses de evolução
– Crónica: mais de 3 meses de evolução.

• Mecanismo infeccioso:
– Hematogénica/endógena: Bacteremia
– Não Hematogénica/exógena:
• # expostas
• Iatrogenia
• Infeccção vizinha
• Corpos estranhos
• Infecções hospitalares
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OSTEOMIELITE CRÓNICA
• Ocorre quando a abordagem terapêutica da osteomielite na fase aguda é iniciada com atraso,
devido ao estabelecimento tardio do diagnóstico, ou na falta de tratamento da mesma.

• Propiciando, por conseguinte, a cronificação do processo infeccioso, com grande quantidade


de tecido necrosado e sequestro ósseo, o qual, por sua vez, pode comprometer todo o osso
longo, incluindo a sua vascularização.

• O principal problema da infecção crónica de osso é a persistência prolongada de micro-


organismos patogénicos.
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Cont.
• Pode ser de forma hematogénica ou pós traumática

• O Staphylococcus aureus é o agente mais isolado, mas outros organismos, em particular os


Gram-negativos e anaeróbios, são cada vez mais relatados.
• A invasão do material purulento nos canais de Volkmann e no interior do canal medular,
expandindo-se também subperiostealmente, determinará uma área maior ou menor de isquemia.
• Nesse momento, surge o chamado de sequestro ósseo e instala-se a cronificação do processo.

• Podem surgir fístulas de partes moles e ocorrer eliminação espontânea de fragmentos de osso
sequestrado.

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Patogenia
• Em qualquer infecção do osso existe uma tentative de reparo, que quando incomplete leva a
persitencia cronica da infecção.
• Notamos a presence de sequestro.
• Externamente o periosteo deposita osso novo, formando um invólucro.
• E existe drenagem continua de material purulento pela fístula.
• Na osteomielite cronica de longa duracao existem multiplas cavidades, o osso torna-se
espessado, deformado e irregular.
• Essas cavidades abrigam microrganismos que podem reactivar a infeccao a qualquer
momento.
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Osteomielite Crónica

Fonte: Ortopedia e traumatologia : princípios e prática- 5ª ed. 14


Cont.
• O abcesso de Brodie é uma infeção lactente e persistente
na região metafisária do osso envolvida por tecido fibroso e
osso esclerorótico.

• Ocorre geralmente após o tratamento inadequado da


osteomielite hematogénica aguda, que evolui para a
cronificação.

• Trata-se de uma osteomielite crônica característica.

• Localização entre as duas corticais.

• Existe englobamento o foco inicial, não permitindo sua Abcesso deBrodie, justaepifisário distal de tibia
expansão e formando um verdadeiro abcesso intraósseo. 15
Manifestações
• Manifestações locais:
– Pele é escura, fina, fibrosada e desnutrida no local afectado
– Qualquer lesão na pele produz uma ulceração de difícil cicatrização
– Edema local, calor, flutuação e aumento da sensibilidade dolorosa local
– À medida que a infecção evolui abrem-se fistulas que drenam secreção purulenta.

• Manifestações Sistémicas
– Ausência de sinais agudos de toxémia: cefaleia, febre, calafrios, anorexia, letargia e
vómitos
– Não se trata de uma emergência

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Diagnóstico
• História clinica
– História do paciente, com frequência, revela o processo agudo.
– Paciente com dor persistente, localizada e particularmente se houver factores de risco

• Exame fisico:
– Aspecto e integridade da pele
– Impotência funcional

• Exames complementares
– Hemograma: leucocitose com neutrofilia, baixa hemoglobina.
– VS e PCR elevados
– Hemocultura
– Biópsia ossea
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Diagnóstico
• Exames de imagem
– Radiografia simples
– Ecografia
– Tomografia computadorizada
– Ressonância Magnética
– Cintilografia óssea

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Aspecto Radiológico
• Nos primeiros 5 a 7 dia não são detectadas alterações
ósseas locais.
• A radiografia tende a ser suficiente para estabelecer o
diagnóstico, com o aspecto característico de:
– Periostite,
– Invasão de partes moles,
– Desmineralização óssea ao redor da área
comprometida e
– Extensão do osso necrosado ou sequestro ósseo. Descolamento do periósteo do fêmur, com periostite.
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Osteomilite crónica do úmero com sequestro Osteomielite crónica pós traumática do
não individualizado e formação de invólucro antebraço com presença do sequestro

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Diagnóstico Diferencial

• Artite reumatóide
• Celulite
• Artrite gotosa
• Artrite séptica
• Tumor de Ewing

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Tratamento
1. Clínico:
• Analgésicos, antipiréticos
• Antibioticos eficazes
– Cultura e sensibilidade disponiveis
2. Cirúrgico

N.B.: Os resultados conseguidos com a terapêutica cirúrgica agressiva,


associada à antibioticoterapia correta e prolongada, atingem índices
favoráveis de até 85 a 96%.
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Antibioticoterapia

• O tratamento empírico quase sempre é iniciado levando-se em conta a idade do


paciente e a apresentação clínica.
– Iniciar o tratamento por via endovenosa
– Antibióticos bactericidas
– Com penetração no osso e cavidades articulares.

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Tratamento empírico
• RN: oxacilina + amiglicosídeo
• 28 dias até a idade adulta: Oxacilina + Cefalosporina de 3ª geração
• Alternativa a Oxacilina: Vancomicina ou Clindamicina, no caso de Staphylococcus aureus
meticiclino-resistentes.
• Além disso:
– >18 anos: Ciprofloxacina e Rifampicina.
– Anemia falciforme: Ceftriaxona + Oxacilina.
• Nos casos de osteomielites pós traumáticas com fracturas expostas:
– P. Cristalizada + Gentamicina
• A escolha do antibiótico deve ser de acordo com a cultura e o antibiograma da secreção local,
durante semanas e meses.
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Antibióticos utilizados

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Tratamento cirúrgico

• O tratamento básico da osteomielite crónica baseia-se na:


– Ressecção de todas as partes moles necrosadas e
– Retirada cirúrgica dos fragmentos de osso sequestrado
– As coleções purulentas, em especial os abscessos junto ao tecido mole ou
osso, quase sempre requerem drenagem, seja cirúrgica ou percutânea.
– Curetagem das extremidades comprometidas do ponto de vista vascular

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Tratamento cirúrgico

• Nas perda óssea por necrose, fraturas


por infecção e pseudoartrose -fixador
externo, de preferência os circulares
(tipo Ilisarov), que permitem controlar o
comprimento e as angulações do osso
e realizar transporte ósseo ou
alongamento, quando indicado.
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Tratamento cirúrgico
• Nos casos de comprometimento de
pele com osso exposto, sem
possibilidade de cobertura com pele
local, o auxílio do cirurgião plástico é
importante para cobrir a área exposta,
com enxerto de pele ou retalhos Aspecto de osteomielite crônica.
Observam-se várias cicatrizes cirúrgicas.
musculocutâneos. Área de exposição óssea anterior: sequestro.

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Tratamento cirúrgico

• A amputação deve ser considerada como recurso extremo, lembrando


que, em casos crónicos, de reagudizações periódicas, o risco de
septicemia e morte deve ser bem-avaliado.

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Técnica de irrigação circular continua fechada (método de
compere)

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Uso de oxigénio hiperbárico na osteomielite crónica

• A terapia com oxigênio hiperbárico pode ser utilizada como adjuvante de


tratamento tendo resultados controversos.
• Como a osteomielite está associada ao fluxo sanguíneo intraósseo reduzido,
que causa a diminuição da pressão do oxigênio, a Oxigenoterapia Hiperbárica
tem sua indicação justamente por aumentar a oferta de oxigênio no paciente,
revertendo o caso de baixa do fluxo sanguíneo, o que pode levar a remissão de
85% dos casos de osteomielite crônica refratária aos tratamentos habituais.
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Complicações

• # patológicas
• Alongamento ósseo
• Contractura muscular
• Diminuição do crescimento
• Septicemia
• Morte

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Referências bibliográficas
1. Sizínio K. Hebert ... [et al.]. Ortopedia e traumatologia: princípios e prática. 5ª. ed. Porto
Alegre : Artmed, 2017
2. Isabel Pozzi…[et al.]. Manual de trauma ortopédico/SBOT – Sociedade Brasileira de
Ortopedia e Traumatologia. São Paulo, 2011.
3. ROCA, Tratado de Ortopedia. São Paulo. 2006.

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Obrigado pela Atenção

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