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INSTITUTO POLITÉCNICO BOA ESPERANÇA

Curso: Técnicos de medicina geral “2”

Tema:
Emergências dos Tecidos Moles e Osteoarticulares

Nampula, aos 21 de Julho de 2022


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INSTITUTO POLITÉCNICO BOA ESPERANÇA

Nome de participantes do grupo:


Albisto Xavier Iassine João
Fasia Serafali Gulamali
Rufina Jacinto J. A. Eugénio
Victoria Bernardo
Waite Paulo

Tema:
Emergências dos Tecidos Moles e Osteoarticulares

Docente: Egas Arlindo

Nampula, aos 21 de Julho de 2022


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Índice
Introdução...................................................................................................................................3

Emergências dos Tecidos Moles e Osteoarticulares...................................................................4

1.Infecções dos tecidos moles no adulto.....................................................................................4

1.1. Fleimão................................................................................................................................4

1.2. Piomiosite............................................................................................................................5

1.3 Gangrena...............................................................................................................................7

2. Infecções dos Tecidos Moles na Criança................................................................................8

2.1. Fleimão................................................................................................................................8

3. Piomiosite...............................................................................................................................9

4. Gangrena...............................................................................................................................10

4.1. Causas................................................................................................................................10

5. Infecções osteo-articulares no adulto: osteomielite..............................................................10

6. Infecções osteo-articulates no adulto: artrite séptica............................................................12

7. Infecções osteo-articulares na criança: osteomielite.............................................................13

8. Infecções osteo-articulates na criança: artrite séptica...........................................................15

Conclusão..................................................................................................................................16

Referência bibliográfica............................................................................................................17
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Introdução
O presente trabalho da disciplina de Traumas e Emergências tem como tema:
Emergências dos Tecidos Moles e Osteoarticulares. A osteomielite e a artrite séptica agudas
tanto no adulto como na criança são infecções osteoarticulares que constituem emergências no
nosso meio. A maior parte delas são causadas por infecções bacterianas onde o do
Stafilococus aureus é o agente etiológico mais frequente. O quadro clínico de ambas é
sintomas e sinais agudos de toxémia, como febre, cefaleias, anorexia, vómitos e mal-estar
geral para além de manifestações locais, no osso/membro ou articulações envolvidas, de
infecção e inflamação.
A metodologia usada para a realização deste trabalho foi de consulta de obras
bibliográficas de alguns autores que abordam sobre o tema e que por nós foram colocadas na
referência bibliográfica do trabalho e quanto a estrutura do trabalho é de salientar que o
trabalho tem a seguinte sequência organizacional: Primeiramente tem a Introdução, depois
segue o desenvolvimento em seguida a conclusão e por fim a referência bibliográfica do
trabalho.
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Emergências dos Tecidos Moles e Osteoarticulares


1.Infecções dos tecidos moles no adulto

1.1. Fleimão
1.1.1. Definições
Segundo Farreras (1992) citado por Ali (2013), Fleimão é uma inflamação aguda e,
geralmente, supurativa e difusa do tecido conjuntivo subcutâneo. É também conhecida como
flegmão. Um tipo particular de fleimão frequente é o fleimão da mão.
1.1.2.Causas
As causas mais frequentes são infecções bacterianas por: Staphylococus aureus e
Streptococus spp. Qualquer que seja o agente etiológico o fleimão em geral é secundário a
traumas, que podem ser microtraumas (picadas, pequenas lacerações, úlceras). Os factores de
risco mais frequentemente envolvidos são a imunodepressão de qualquer causa, tais como:
 Diabetes mellitus; Desnutrição; Alcoolismo crónico; Quimioterapia; Corticoterapia
prolongada e outros. Idem.
1.2.3.Quadro Clínico
O fleimão caracteriza-se por não ter uma tendência a circunscrever-se e a colecção de
pus e de tecido necrótico não tem cápsula. Evolui por fases nomeadamente: o Período
inflamatório: onde existem sinais locais de inflamação com dor, calor, rubor e tumefação.
Período de supuração: onde existe a multiplicação do agente e produção de toxinas que levam
à necrose e formação de pus local; período de esfacelamento: onde existe a difusão e
disseminação do processo inflamatório e infeccioso e período de reparação: onde existe uma
infiltração fibrosa com cicatrização defeituosa
Quando afecta a mão, o fleimão da mão, as quadro clínico são:
 A mão está tumefeita, com edema da face dorsal;
 Os dedos estão imóveis, tumefactos e na posição semi-flectida;
 Calor local e uma região da mão está mole e tem flutuação.
1.1.4. Complicaçoes
Complicações graves ou óbitos são raros se tratados correctamente pois a grande
maioria dos casos apresenta completa recuperação, sem sequelas. Os quadros mais graves ou
mal tratados podem evoluir para:
 Síndrome compartimental dos membrosl; Abcessos metastáticos sépticos; Pneumonia;
Osteomielite; Artrite com destruição articular; Sépsis
1.1.5. Conduta
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O fleimão é de fácil reconhecimento e sua conduta exige uma intervenção


medicameentosa e não medicamentosa. Assim deve-se fazer tratamento: Não medicamentosa;
Repouso e elevação do membro; Aplicação de pachos frios; É muito útil demarcar com uma
caneta a fronteira para controlar a progressão da celulite.
Medicamentosa:
 Nos casos menos graves em ambulatório com: Flucloxacilina 250 mg de 6/6h, é o
antibiótico de eleição mas é de nível 3 de prescrição no Formulário Nacional de
Medicamentos;
 Amoxicilina e Ácido Clavulânico na dose de 50mg/kg/dia (dose em função da
amoxicilina) de 8/8h, é o 2° de eleição mas é também de nível 3 OU;
 Eritromicina 500 mg de 6/6 horas;
 Ciprofloxacina de 500 mg de 12/12h, também é de nível 3;
 Nos casos mais graves em regime de internamento com:
 Flucloxacilina EV: 100-200 mg/kg/dia divididos em 4 tomas (administrar lentamente
diluído em 10-20 mL de água destilada ou, de preferência, diluído em 100 mL de SF a
0.9% ou D5% a perfundir em 30-60 min (dobrar as doses se necessário nas infecções
mais graves).
A duração do tratamento depende da evolução, embora na maior parte das vezes exista
melhoria entre 5 a 7 dias, após o qual deve-se instituir terapia oral até 10 dias. Cirurgia que
consiste em drenagem cirúrgica, pelo que deve ser referido para o Técnico de Cirurgia ou
médico especialista em Cirurgia.
1.2. Piomiosite
Definição
Piomiosite é uma infecção primária aguda e supurada de um músculo por
microorganismos piogénicos, podendo abranger vários grupos musculares. Esta doença é
também designada de piomiosite primária, miosite infecciosa purulenta ou supurativa ou
piomiosite tropical ou ainda simplesmente abcesso do músculo (John et al, 2004).

Causas
A etiologia da piomiosite em mais de 80 a 95% dos casos é o Staphylococus aureus,
Estreptococus e tambem S. pneumoniae. Tem prevalência em países tropicais, por isso o
nome piomiosite tropical, acometendo principalmente adultos sem doença de base associada.
Quando existem factores de risco associados à piomiosite eles são:
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 Artrite reumatóide, LES, Desnutrição, Desordens hematológicas como a neutropenia,


Uso de imunossupressores como a quimioterapia, TARV com zidovudina (AZT),
Infecção por HIV.

Por ser uma doença frequente nos trópicos, tem particular importância em Moçambique
pelo clima tropical. Afecta sobretudo pacientes do sexo masculino
Factores predisponentes: Trauma; Exercício vigoroso e Condições imunossupressoras
Quadro Clínico
O quadro clínico são as encontradas em casos de infecções com febre, dor local,
edema local com sinais inflamatórios, contudo variam consoante o estágio da doença. Assim o
paciente apresenta: Primeiro estágio: também chamada de fase invasiva, tem início subagudo
de infecção muscular difusa, onde o paciente apresenta:
 Febre;
 Aumento de volume do grupo muscular afectado com consistência endurecida;
 Eritema e dor na região, mas muitas vezes não há sinais inflamatórios evidentes;
 Segundo estágio: também chamada fase supurativa, formação do abcesso, surge 10-21
dias depois do primeir;
 Febre;
 Hipersensibilidade e aumento do volume da região afectada;
 O eritema desaparece adquirindo um aspecto pálido;
 Sinais de flutuação, que corresponde à formação do abcesso.
Complicações
São raras as complicações se o diagnóstico for precoce e o tratamento adequado.
Contudo se não tratada adequadamente a doença pode complicar causando: Osteomielite;
Síndrome compartimental dos membros; Abcesso pulmonar ou pneumonia; Trombose
venosa; Insuficiência renal; Choque séptico

Conduta
A conduta exige uma intervenção medicamentosa e não medicamentosa. Assim deve-
se fazer tratamento: Não medicamentosa, Repouso com membro afectado elevado; Aplicação
de compressas frias no local, Medicamentosa: Antibioticoterapia: Casos graves, usar a via
E.V. e administrar: Gentamicina 1-1.5 mg/kg de 8/8 h (diluída em SF 0.9% ou D5% em 30
min).
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1.3 Gangrena
1.3.1. Definição
Gangrena é o termo usado para a descrição de tecido morto (necrose), geralmente
devido à falta de irrigação sanguínea que pode ser complicada por infecção bacteriana. No
caso de esta infecção ser causada por microrganismos anaeróbicos denomina-se de gangrena
gasosa. As áreas mais frequentemente acometidas são as extremidades dos membros, dos
dedos e áreas submetidas a pressão, como hálux e calcâneo (John et al, 2004 citado por Ali
2013).

1.3.2. Causas
 A causa primária da gangrena é a redução do suprimento sanguíneo aos tecidos, que
podem acontecer nos seguintes casos: Traumatismos com lesão arterial; Insuficiência
arterial aguda e crónica; Síndrome compartimental dos membros; Infecções, sobretudo
causadas por clostridium perfringens; Tabagismo; Embolismo e Frio intenso.
Os factores de risco envolvidos na gangrena são:
 Ser portador de doenças vasculares como a arterioesclerose;
 Ser portador de diabetes mellitus;
 Ter um sistema imunitário deficiente: infecção por HIV ou tratamento com
quimioterapia e Ter sido submetido a cirurgia.
1.3.3. Classificação
A gangrena pode ser classificada, do ponto de vista fisiopatológico e sindromático,
em: Gangrena seca: também chamada de gangrena não infectada. Os sintomas iniciam-se com
o aparecimento de uma linha eritematosa ao redor do tecido afectado, que com o tempo torna-
se fria e edemaciada, e quando o tecido necrosa pode surgir dor. Logo em seguida o tecido
necrosado torna-se duro, enrugado, de cor negra e insensível, terminando com o seu
desprendimento e formação de uma úlcera. Não há sinais de inflamação.
Gangrena húmida: também chamado de gangrena infectada, o tecido necrosado de cor
negra é mole, húmido, com pus e odor fétido. Surge também febre alta e aparência tóxica.
Pode evoluir para sépsis e morte.
Gangrena gasosa: é causada pelo clostridium perfrigens e outras espécies (gram-
positivas anaeróbicos bactérias, formadoras de esporos, produtoras de gás), e
caracteristicamente apresenta-se com edema, bolhas e vesículas sero-hemorrágicas, de odor
fétido e com crepitação à palpação (pela presença de gás). Pode também evoluir rapidamente
para sépsis e morte.
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1.3.4. Quadro Clínico


O quadro clínico da gangrena depende da localização da gangrena. Assim teremos:
 Descoloração e mudanças da cor da pele, que está azulada ou negra quando a pele
também está envolvida;
 Coloração esbranquiçada ou bronze se a área afectada encontra-se por baixo da pele;
 Perda da sensibilidade, que ocorre após uma fase de dor severa.
1.3.5. Complicações
As complicações da gangrena dependem de que parte do corpo ela se localiza, da
causa, do estado geral de imunidade em que o paciente se encontra e da urgência com que se
institui o tratamento.

1.3.6. Conduta
A gangrena húmida requer uma avaliação e tratamento urgentes. O manejo imediato
da gangrena inclui: Limpeza cirúrgica da ferida (lavagem com hipoclorito de sódio e
desbridamento do tecido necrosado) Reposição hidro-electrolítica para correcção do choque
séptico e manutenção dos sinais vitais; Antibioticoterapia agressiva sistémica com:
 Penicilina Procaínica: medicamento de escolha na dose de 3.000.000 U.I. I.M por dia
durante 10 dias; AINES – Ibuprofeno ou Diclofenac nas doses habituais
Em geral o tratamento antibiótico IM ou EV pode ser substituído com o antibiótico por
via oral, da mesma família do antibiótico usado por via parenteral.

1.3.8. Prevenção
Assim deve-se: Os pacientes com doença vascular ou diabetes devem examinar de
forma rotineira os pés em busca de qualquer sinal de lesão, infecção ou mesmo só mudanças
de cor; Tratar as feridas de forma adequada sobretudo as crónicas nos pacientes com patologia
vascular ou diabetes.

2. Infecções dos Tecidos Moles na Criança

2.1. Fleimão
2.2.1. Causas
Os agentes etiológicos mais frequentes: Nas crianças mais velhas são Streptococcus
pyogenes e Staphylococcus aureus. Menos frequentemente o Streptococcus pneumoniae. Nos
RN os mais frequentes são o Streptococcus do grupo B e Escherichia coli.
 Os factores de risco são: Traumas prévios da pele com ruptura da pele , Fissuras e
maceração da pele eCirurgia a nível local (com higiene reduzida).
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2.2.2. Quadro Clínico


Não são muito diferentes das do adulto e consistem em sinais gerais de início súbito
febre elevada (39-40º), com calafrios e mal-estar geral. Seguem-se sinais locais onde há a
destacar: Aparecimento de área eritematosa, edemaciada, quente e dor à palpação; Lesão com
bordos mal definida; Disseminação rápida da lesão e Adenopatia regional é frequente.
Localização: membros inferiores (mais frequente), superiores, e face.
2.2.3. Conduta
As medidas terapêuticas são as mesmas e consistem em tratamento: Não
medicamentoso é semelhante ao do adulto, Medicamentoso: Nos casos menos graves em
ambulatório com: Flucloxacilina :12 a 25 mg/kg/dose de 6/6 h (Dose máxima de 500 mg), é o
antibiótico de eleição mas e é de nível 3 de prescrição no Formulário Nacional de
Medicamentos, Amoxicilina e Ácido Clavulânico é o 2° de eleição mas é também de nível 3 e
administra-se do seguinte modo:
 Crianças > 20 kg: 375 mg (250 mg de trihidrato de amoxicilina e 125 mg clavulanato
de potássio) de 8/8h no início da refeição;
 Eritromicina 30-50 mg/kg/dia divididos em 4 tomas durante 7 a 10 dias;
 Nos casos mais graves em regime de internamento com:
 Flucloxacilina E.V. de acordo com a idade da criança (administrar lentamente diluído
em 10-20 mL de água destilada ou, de preferência, diluído em 50 mL de SF a 0.9% ou
D5% a perfundir em 30-60 min) nas seguintes doses:

3. Piomiosite
3.1. Causas
Nas crianças os agentes etiológicos mais comuns são os microrganismos anaeróbios,
apesar de que se pode encontrar infecções causadas por Staphylococcus aureus. Nas crianças
os factores de risco envolvem o estado debilitado da criança pois surge frequentemente
associada à sépsis. Por esse motivo quando a piomiosite surge em geral afecta mais do que um
músculo pelo que é frequente encontrar-se abcessos múltiplos. Para que a transmissão se faça
é necessários que existam duas condições:
 Uma bacteriémia do microrganismo etiológico; A ocorrência de um traumatismo
prévio que cause lesão ou dano muscular, tais como: Ulceração da pele por
mordeduras de animais ou humanos;
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3.2. Quadro Clínico


As crianças com piomiosite apresentam febre de duração prolongada, cerca de 15 a 20
dias, choro, mal-estar geral, irritabilidade que prejudicam o sono e deixam de andar por dor.
Em seguida surgem com tumorações dolorosas em membros sobretudo da coxa e região
gemelar.
3.3. Conduta
O início do tratamento consiste em medidas não farmacológicas e tratamento
farmacológico, sempre E.V, e a escolha do antibiótico dependerá da idade da criança. Não
medicamentoso é semelhante ao do adulto, Medicamentoso: Antibioticoterapia: Se grave, usar
a via E.V. com: Gentamicina na dose de 5 mg/kg/dia EV de 12/12h (diluída em SF a 0.9% ou
D5% a correr em 30 min).

4. Gangrena
4.1. Causas
A gangrena na criança surge como consequência de lesões dos tecidos moles, tal como
descrito para a piomiosite e os agentes etiológicos são os mesmos. Pode também surgir em
decorrência de necrose por pressão e ausência de suprimento sanguíneo adequado, tal como
nos adultos. Contudo a patologia não é frequente em crianças saudáveis.
4.2. Quadro Clínico
O quadro clínico é semelhante às do adulto.
4.3. Conduta
Tal como para o caso dos adultos a gangrena requer uma avaliação e tratamento
urgentes, com medidas de tratamento local (limpeza cirúrgica e revascularização) e reposição
hidro-electrolítica e antibioticoterapia agressiva sistémica com: o Penicilina Procaínica é
medicamento de escolha na dose de 50mg/kg/dia, U.I I.M por dia durante 10 dias Ampicilina
na dose de 50mg/kg/dia, administrados por via E.V. de 8/8h, durante 10 dias +.

5. Infecções osteo-articulares no adulto: osteomielite


5.1. Definição
Osteomielite é o termo usado para designar a infecção bacteriana óssea, aguda ou
crónica, infecção essa que abrange o córtex, periósteo e medula do osso. Esta patologia é mais
frequente em grupos etários mais jovens, entre a primeira e segunda década de vida.
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5.2 Causa
O agente infeccioso em 80% dos casos é o Stafilococus aureus. Porém algumas
particularidades no que diz respeito aos factores de risco podem fazer com que o agente
etiológico seja outro. Assim nos casos de: Trauma, uso de próteses, úlceras de decúbito:
pensar em S. epidermidis; HIV positivos: pensar em cryptococus, nocardia, mycobacterium
kansassi, histoplasma e TB; Anemia das células falciformes, onde existe tendência aumentada
a infecções bacterianas, devido à atrofia do baço: Salmonellae.
Quadro Clínico
Tabela: Manifestações Clínicas da Osteomielite
Formas de osteomielite Manifestações Sistémicas Manifestações Locais

Osteomielite Aguda Sinais e sintomas agudos de Dor bem localizada e


toxémia: cefaleia, febre, inexplicável nas zonas das
calafrios, anorexia, letargia e metáfises dos ossos longos
vómitos por isso trata-se de uma Dor à pressão e palpação
emergência
Osteomielite Crónica Ausência de sinais agudos de Pele é escura, fina, fibrosada e
toxémia desnutrida no local afectado
Não se trata de uma emergência

Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico diferencial faz-se com:
 Patologia traumática óssea onde existe crepitação à palpação e no Rx é possível
evidenciar uma solução de continuidade óssea característica das fractura;
 Artrites piogénicas onde existe dor à mobilidade articular e derrame articular;
5.3. Conduta
A conduta para os casos agudos compreende:
 Tendo em conta as causas e condições clínicas da osteomielite: Nos casos de
osteomielites pós traumáticas com fracturas expostas administra-se:Penicilina
Cristalizada: 3.000.000 UI de 6/6h + Gentamicina: 80 mg de 8/8h OU Flucloxacilina:
250-1000mg de 6/6h embora esta última seja de nível 3 de prescrição.
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6. Infecções osteo-articulates no adulto: artrite séptica


6.1. Definição
Artrite séptica é uma doença infecciosa piogénica grave, com componente
inflamatório, que afecta as articulações e que é frequente no nosso meio.
6.2 Etiologia
As infecções podem ser causadas por infecções endógenas, as chamadas osteomielites
hematogéneas ou infecções exógenas, as chamadas osteomielites póst-traumática e póst-
operatória. Os mais frequentes agentes etiológicos são:
Staphylococcus aureus é o mais comum da artrite séptica, Neisseria gonorrhoeae (artrite
gonocócica), Streptococcus do grupo A , Staphylococcus epidermidis após artroscopia ou
cirurgia articular.bacilos aeróbicos gram negativos, Haemophilus influenzae em crianças com
menos de 5 anos de idade.
6.3. Exames Auxiliares e Diagnóstico
Os exames complementares mostram: Hemograma com leucocitose, trombocitose; VS
elevada; Artrocentese, confirma o diagnóstico onde se recolhe líquido amarelo citrino a turvo
ou purulento, tipo III, com leucócitos maior que 50.000/ul, com mais de 90% de
polimorfonucleares e glicose do líquido sinovial baixa. Na artrite crónica tuberculosa, o
líquido articular pode ter aspecto de queijo branco (caseum)..
6.4. Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico é suspeitado pela clínica e confirmado pelo exame do líquido articular e
apoiado com outros exames complementares. O diagnóstico diferencial deve ser feito tendo
em conta: Se afecções monoarticulares diferenciar de: Artrite tuberculosa: história de TB
pulmonar. Não responde ao tratamento ATB. VS sempre muito elevada. Líquido articular
com caseum.
6.5.Conduta
A conduta para os casos agudos compreende: Não medicamentoso: Repouso articular,
imobilização com elevação do membro, Aplicação de compressas quentes locais; Drenagem
cirúrgica ou aspiração: que é com certeza a parte mais importante do tratamento da artrite
séptica (geralmente por artrocentese).
Medicamentoso: Antibioticoterapia E.V.: Flucloxacilina nas doses descritas acima para a
osteomielite + Gentamicina. Ceftriaxona é uma alternativa. Este tratamento E.V. deve ser
feito por 1 semana, após o qual passa-se para antibióticos orais (Flucloxacilina ou
Ciprofloxacina) por mais 4 a 6 semanas.
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7. Infecções osteo-articulares na criança: osteomielite


Nas crianças a osteomielite é principalmente de causa hematogénica. Nos recém-
nascidos e lactentes a presença de conexões vasculares entre a metáfise e a epífise aumenta o
risco de desenvolver artrite adjacente com compromisso e lesão da placa de crescimento.
Nas mais velhas os microrganismos tendem a iniciar a infecção nas extremidades
metafisárias dos ossos longos devido à circulação lenta que a artéria da metáfise faz próximo
à placa de crescimento, provocando abcessos e consequente osteomielite.
Por essas razões a osteomielite pode causar:
 Artrites com distúrbios no crescimento ósseo, nas faixas etárias de crianças mais
novas; Discrepâncias do comprimento dos membros, isto é encurtamento do membro
afectado; Alterações na postura; Fracturas patológicas

7.1 Etiologia
A osteomielite é o resultado de infecções bacterianas, embora fungos, parasitas, e vírus
possam infectar o osso. Nas crianças os agentes etiológicos mais frequentes são o
Staphylococcus aureus em 80% dos casos. O Streptococcus surge em 3% dos casos. Porém
algumas particularidades existem de acordo com a idade e a situação da criança que torna uns
agentes etiológicos mais frequentes do que outros.
Idade e Outros Factores Agentes Etiológicos Mais Comuns
Recém-nascidos e < de 4 meses Bactérias Gram-negativas (Escherichia coli)
Staphylococcus aureus, Streptococcus β hemolítico
do grupo A
Crianças < 2 anos Haemophilus influenza tipo B, Klebsiella,
Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli
Crianças > 3 anos e Adolescentes Staphylococus aureus (80%), Streptococcus β
hemolitico, Haemophilus influenzae e Enterobacter
species, Neiseria Gonorrhoeae
Trauma directo, Próteses e úlceras de decúbito Staphylococus aureus, Staphilococus epidermidis
HIV positivos Pensar também em Cryptococus, Nocardia,
Mycobacterium kansassi, Histoplasma,
Tuberculose
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Quadro Clínico
O quadro clínico depende da idade da criança: Nos recém-nascidos os sinais e
sintomas são pouco exuberantes, inespecíficas e por vezes semelhantes aos da sépsis neonatal;
incluem: Sinais locais e inflamação (dor ao toque, rubor, calor e edema), Febre de início
abrupto ou ausente, Irritabilidade e letargia, Anorexia e diarreia.
Tipo de Osteomielite Manifestações Clínicas Sinais Radiológicos
Aguda Duração de < de 10 dias. Sem Ausência de alterações
história de episódio prévio. radiológicas ósseas
Sinais de toxémia e de
inflamação (dor, rubor, calor e
edema).
Sub-aguda Duração de mais de 10 dias. Alterações radiográficas
Ausência de sintomas ósseas já estabelecidas
sistémicos
Crónica Ausência de sintomas Alterações ósseas no Rx:
sistémicos Periósteo em casca de cebola,
A pele é escura, fina, erosões ósseas e sequest
fibrosada e sem brilho..

Exames Auxiliares e Diagnóstico


Os exames auxiliares de diagnóstico são pouco úteis no início da doença, mas pode-se
solicitar os mesmos que nos adultos.
Diagnóstico Diferencial
Um diagnóstico precoce é fundamental, com base na anamnese e exame físico, de
modo a que se possa iniciar um tratamento adequado e agressivo, evitando a evolução para a
cronicidade. O diagnóstico diferencial faz-se com as patologias indicadas para os adultos.
Conduta
A conduta para os casos agudos compreende: Não medicamentosos: Internar e repouso
do membro afectado, Imobilização em tala gessada. Medicamentoso: Terapêutica E.V. com
antibióticos de amplo espectro, geralmente por um curso prolongado (semanas a meses) de
acordo com os agentes mais prováveis, enquanto se aguarda o resultado da cultura e
antibiograma: Cloxacilina 100200 mg/Kg/dia EV de 6/6h, contudo este antibiótico é de nível
3.
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8. Infecções osteo-articulates na criança: artrite séptica


8.1. Definição
A artrite séptica, que é uma urgência em pediatria, ocorre quando o agente infeccioso
está presente na articulação.
8.2 Etiologia
As bactérias são os agentes microbianos que mais frequentemente causam artrite
séptica. O Staphylococus aureus é o agente mais comum em qualquer faixa etária. Outros
agentes patogénicos podem causar esta doença, tais como os vírus, as espiroquetas e os
fungos.
Causas de artrite aguda na infância
Faixa etária Agente Microbiano
Recém-nascidos Staphylococcus aureus, Bactérias Gram
negativas como a E. Coli e Streptococcus do
grupo B e Candida Albicans
Lactentes e Pré-escolares (até aos 5 anos) Staphylococcus aureus e Hemophilus
influenzae
Pré-escolar Staphylococcus aureus e Streptococcus
Adolescentes sexualmente activos Staphylococcus aureus e Neisseria
gonorrhoeae
Doentes com anemia falciforme Salmonella

Exames Auxiliares e Diagnóstico e Diagnóstico Diferencial


São os mesmos que para o adulto. O diagnóstico faz-se com a clínica confirmada com exames
laboratoriais. O diagnóstico diferencial deve ser feito com: Celulite profunda dos tecidos;
Piomiosite; Osteomielite; Outras artrites (reactiva) e artrite reumatóide; Febre reumática
Conduta
O tratamento deve ser precoce, sendo que os antibióticos devem ser sempre E.V. em
geral por 1 semana após o qual passa-se para antibióticos orais. O antibiótico depende da
idade da criança. Faz-se:
 Tratamento não medicamentoso: Repouso articular, imobilização e elevação do
membro. Compressas quentes locais.
Ampicilina E.V.: 50mg/kg/dose de 6/6h +; Gentamicina: 3-5mg/kg/dia se idade <28 dias ou
5-7.5 mg/kg/dia se idade > 28 dias de 12/12h.
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Conclusão
Os exames auxiliares de diagnóstico na fase inicial da ostemielite são de pouca
utilidade se bem que nas fases mais avançadas existem alterações hematológicas típicas de
uma infecção. Nesta fase avançada o Rx também é útil pois mostra sinais de destruição óssea
com imagem de"corroído de traça" na medula em direcção a diáfise. Na artrite séptica para
além de um leucograma e VS típica de uma infecção aguda a artrocentese, confirma o
diagnóstico pois mostra líquido amarelo citrino a turvo ou purulento, tipo III, com leucócitos
maior que 50.000/ml, com mais de 90% de polimorfonucleares e glicose do líquido sinovial
baixa. O tratamento destas duas patologias requer internamento com medidas de repouso no
leito, antibioterapia E.V com pelo menos 2 antibióticos para além da drenagem cirúrgica.
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Referência bibliográfica

ALI, F. A. R, et al. Traumas e Emergências. Versao 2. Maputo-MZ. 2013.

Cecil: Tratado de Medicina Interna. 23ª Edição. Brasil: Elservier; 2009.

Cuidados hospitalares para crianças: Normas para Manejo de Doenças Frequentes Com
Recursos Limitados, OMS – 2005.

Farreras, Rozman. Medicina Interna, Espanha, Ediciones Doyma, 12ª Edição; 1992

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Harrison. Medicina Interna. 17ª Edição. Mc Graw Hill Koogan, Brasil; 2009.

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