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Tema:
Emergências dos Tecidos Moles e Osteoarticulares
Tema:
Emergências dos Tecidos Moles e Osteoarticulares
Índice
Introdução...................................................................................................................................3
1.1. Fleimão................................................................................................................................4
1.2. Piomiosite............................................................................................................................5
1.3 Gangrena...............................................................................................................................7
2.1. Fleimão................................................................................................................................8
3. Piomiosite...............................................................................................................................9
4. Gangrena...............................................................................................................................10
4.1. Causas................................................................................................................................10
Conclusão..................................................................................................................................16
Referência bibliográfica............................................................................................................17
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Introdução
O presente trabalho da disciplina de Traumas e Emergências tem como tema:
Emergências dos Tecidos Moles e Osteoarticulares. A osteomielite e a artrite séptica agudas
tanto no adulto como na criança são infecções osteoarticulares que constituem emergências no
nosso meio. A maior parte delas são causadas por infecções bacterianas onde o do
Stafilococus aureus é o agente etiológico mais frequente. O quadro clínico de ambas é
sintomas e sinais agudos de toxémia, como febre, cefaleias, anorexia, vómitos e mal-estar
geral para além de manifestações locais, no osso/membro ou articulações envolvidas, de
infecção e inflamação.
A metodologia usada para a realização deste trabalho foi de consulta de obras
bibliográficas de alguns autores que abordam sobre o tema e que por nós foram colocadas na
referência bibliográfica do trabalho e quanto a estrutura do trabalho é de salientar que o
trabalho tem a seguinte sequência organizacional: Primeiramente tem a Introdução, depois
segue o desenvolvimento em seguida a conclusão e por fim a referência bibliográfica do
trabalho.
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1.1. Fleimão
1.1.1. Definições
Segundo Farreras (1992) citado por Ali (2013), Fleimão é uma inflamação aguda e,
geralmente, supurativa e difusa do tecido conjuntivo subcutâneo. É também conhecida como
flegmão. Um tipo particular de fleimão frequente é o fleimão da mão.
1.1.2.Causas
As causas mais frequentes são infecções bacterianas por: Staphylococus aureus e
Streptococus spp. Qualquer que seja o agente etiológico o fleimão em geral é secundário a
traumas, que podem ser microtraumas (picadas, pequenas lacerações, úlceras). Os factores de
risco mais frequentemente envolvidos são a imunodepressão de qualquer causa, tais como:
Diabetes mellitus; Desnutrição; Alcoolismo crónico; Quimioterapia; Corticoterapia
prolongada e outros. Idem.
1.2.3.Quadro Clínico
O fleimão caracteriza-se por não ter uma tendência a circunscrever-se e a colecção de
pus e de tecido necrótico não tem cápsula. Evolui por fases nomeadamente: o Período
inflamatório: onde existem sinais locais de inflamação com dor, calor, rubor e tumefação.
Período de supuração: onde existe a multiplicação do agente e produção de toxinas que levam
à necrose e formação de pus local; período de esfacelamento: onde existe a difusão e
disseminação do processo inflamatório e infeccioso e período de reparação: onde existe uma
infiltração fibrosa com cicatrização defeituosa
Quando afecta a mão, o fleimão da mão, as quadro clínico são:
A mão está tumefeita, com edema da face dorsal;
Os dedos estão imóveis, tumefactos e na posição semi-flectida;
Calor local e uma região da mão está mole e tem flutuação.
1.1.4. Complicaçoes
Complicações graves ou óbitos são raros se tratados correctamente pois a grande
maioria dos casos apresenta completa recuperação, sem sequelas. Os quadros mais graves ou
mal tratados podem evoluir para:
Síndrome compartimental dos membrosl; Abcessos metastáticos sépticos; Pneumonia;
Osteomielite; Artrite com destruição articular; Sépsis
1.1.5. Conduta
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Causas
A etiologia da piomiosite em mais de 80 a 95% dos casos é o Staphylococus aureus,
Estreptococus e tambem S. pneumoniae. Tem prevalência em países tropicais, por isso o
nome piomiosite tropical, acometendo principalmente adultos sem doença de base associada.
Quando existem factores de risco associados à piomiosite eles são:
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Por ser uma doença frequente nos trópicos, tem particular importância em Moçambique
pelo clima tropical. Afecta sobretudo pacientes do sexo masculino
Factores predisponentes: Trauma; Exercício vigoroso e Condições imunossupressoras
Quadro Clínico
O quadro clínico são as encontradas em casos de infecções com febre, dor local,
edema local com sinais inflamatórios, contudo variam consoante o estágio da doença. Assim o
paciente apresenta: Primeiro estágio: também chamada de fase invasiva, tem início subagudo
de infecção muscular difusa, onde o paciente apresenta:
Febre;
Aumento de volume do grupo muscular afectado com consistência endurecida;
Eritema e dor na região, mas muitas vezes não há sinais inflamatórios evidentes;
Segundo estágio: também chamada fase supurativa, formação do abcesso, surge 10-21
dias depois do primeir;
Febre;
Hipersensibilidade e aumento do volume da região afectada;
O eritema desaparece adquirindo um aspecto pálido;
Sinais de flutuação, que corresponde à formação do abcesso.
Complicações
São raras as complicações se o diagnóstico for precoce e o tratamento adequado.
Contudo se não tratada adequadamente a doença pode complicar causando: Osteomielite;
Síndrome compartimental dos membros; Abcesso pulmonar ou pneumonia; Trombose
venosa; Insuficiência renal; Choque séptico
Conduta
A conduta exige uma intervenção medicamentosa e não medicamentosa. Assim deve-
se fazer tratamento: Não medicamentosa, Repouso com membro afectado elevado; Aplicação
de compressas frias no local, Medicamentosa: Antibioticoterapia: Casos graves, usar a via
E.V. e administrar: Gentamicina 1-1.5 mg/kg de 8/8 h (diluída em SF 0.9% ou D5% em 30
min).
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1.3 Gangrena
1.3.1. Definição
Gangrena é o termo usado para a descrição de tecido morto (necrose), geralmente
devido à falta de irrigação sanguínea que pode ser complicada por infecção bacteriana. No
caso de esta infecção ser causada por microrganismos anaeróbicos denomina-se de gangrena
gasosa. As áreas mais frequentemente acometidas são as extremidades dos membros, dos
dedos e áreas submetidas a pressão, como hálux e calcâneo (John et al, 2004 citado por Ali
2013).
1.3.2. Causas
A causa primária da gangrena é a redução do suprimento sanguíneo aos tecidos, que
podem acontecer nos seguintes casos: Traumatismos com lesão arterial; Insuficiência
arterial aguda e crónica; Síndrome compartimental dos membros; Infecções, sobretudo
causadas por clostridium perfringens; Tabagismo; Embolismo e Frio intenso.
Os factores de risco envolvidos na gangrena são:
Ser portador de doenças vasculares como a arterioesclerose;
Ser portador de diabetes mellitus;
Ter um sistema imunitário deficiente: infecção por HIV ou tratamento com
quimioterapia e Ter sido submetido a cirurgia.
1.3.3. Classificação
A gangrena pode ser classificada, do ponto de vista fisiopatológico e sindromático,
em: Gangrena seca: também chamada de gangrena não infectada. Os sintomas iniciam-se com
o aparecimento de uma linha eritematosa ao redor do tecido afectado, que com o tempo torna-
se fria e edemaciada, e quando o tecido necrosa pode surgir dor. Logo em seguida o tecido
necrosado torna-se duro, enrugado, de cor negra e insensível, terminando com o seu
desprendimento e formação de uma úlcera. Não há sinais de inflamação.
Gangrena húmida: também chamado de gangrena infectada, o tecido necrosado de cor
negra é mole, húmido, com pus e odor fétido. Surge também febre alta e aparência tóxica.
Pode evoluir para sépsis e morte.
Gangrena gasosa: é causada pelo clostridium perfrigens e outras espécies (gram-
positivas anaeróbicos bactérias, formadoras de esporos, produtoras de gás), e
caracteristicamente apresenta-se com edema, bolhas e vesículas sero-hemorrágicas, de odor
fétido e com crepitação à palpação (pela presença de gás). Pode também evoluir rapidamente
para sépsis e morte.
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1.3.6. Conduta
A gangrena húmida requer uma avaliação e tratamento urgentes. O manejo imediato
da gangrena inclui: Limpeza cirúrgica da ferida (lavagem com hipoclorito de sódio e
desbridamento do tecido necrosado) Reposição hidro-electrolítica para correcção do choque
séptico e manutenção dos sinais vitais; Antibioticoterapia agressiva sistémica com:
Penicilina Procaínica: medicamento de escolha na dose de 3.000.000 U.I. I.M por dia
durante 10 dias; AINES – Ibuprofeno ou Diclofenac nas doses habituais
Em geral o tratamento antibiótico IM ou EV pode ser substituído com o antibiótico por
via oral, da mesma família do antibiótico usado por via parenteral.
1.3.8. Prevenção
Assim deve-se: Os pacientes com doença vascular ou diabetes devem examinar de
forma rotineira os pés em busca de qualquer sinal de lesão, infecção ou mesmo só mudanças
de cor; Tratar as feridas de forma adequada sobretudo as crónicas nos pacientes com patologia
vascular ou diabetes.
2.1. Fleimão
2.2.1. Causas
Os agentes etiológicos mais frequentes: Nas crianças mais velhas são Streptococcus
pyogenes e Staphylococcus aureus. Menos frequentemente o Streptococcus pneumoniae. Nos
RN os mais frequentes são o Streptococcus do grupo B e Escherichia coli.
Os factores de risco são: Traumas prévios da pele com ruptura da pele , Fissuras e
maceração da pele eCirurgia a nível local (com higiene reduzida).
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3. Piomiosite
3.1. Causas
Nas crianças os agentes etiológicos mais comuns são os microrganismos anaeróbios,
apesar de que se pode encontrar infecções causadas por Staphylococcus aureus. Nas crianças
os factores de risco envolvem o estado debilitado da criança pois surge frequentemente
associada à sépsis. Por esse motivo quando a piomiosite surge em geral afecta mais do que um
músculo pelo que é frequente encontrar-se abcessos múltiplos. Para que a transmissão se faça
é necessários que existam duas condições:
Uma bacteriémia do microrganismo etiológico; A ocorrência de um traumatismo
prévio que cause lesão ou dano muscular, tais como: Ulceração da pele por
mordeduras de animais ou humanos;
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4. Gangrena
4.1. Causas
A gangrena na criança surge como consequência de lesões dos tecidos moles, tal como
descrito para a piomiosite e os agentes etiológicos são os mesmos. Pode também surgir em
decorrência de necrose por pressão e ausência de suprimento sanguíneo adequado, tal como
nos adultos. Contudo a patologia não é frequente em crianças saudáveis.
4.2. Quadro Clínico
O quadro clínico é semelhante às do adulto.
4.3. Conduta
Tal como para o caso dos adultos a gangrena requer uma avaliação e tratamento
urgentes, com medidas de tratamento local (limpeza cirúrgica e revascularização) e reposição
hidro-electrolítica e antibioticoterapia agressiva sistémica com: o Penicilina Procaínica é
medicamento de escolha na dose de 50mg/kg/dia, U.I I.M por dia durante 10 dias Ampicilina
na dose de 50mg/kg/dia, administrados por via E.V. de 8/8h, durante 10 dias +.
5.2 Causa
O agente infeccioso em 80% dos casos é o Stafilococus aureus. Porém algumas
particularidades no que diz respeito aos factores de risco podem fazer com que o agente
etiológico seja outro. Assim nos casos de: Trauma, uso de próteses, úlceras de decúbito:
pensar em S. epidermidis; HIV positivos: pensar em cryptococus, nocardia, mycobacterium
kansassi, histoplasma e TB; Anemia das células falciformes, onde existe tendência aumentada
a infecções bacterianas, devido à atrofia do baço: Salmonellae.
Quadro Clínico
Tabela: Manifestações Clínicas da Osteomielite
Formas de osteomielite Manifestações Sistémicas Manifestações Locais
Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico diferencial faz-se com:
Patologia traumática óssea onde existe crepitação à palpação e no Rx é possível
evidenciar uma solução de continuidade óssea característica das fractura;
Artrites piogénicas onde existe dor à mobilidade articular e derrame articular;
5.3. Conduta
A conduta para os casos agudos compreende:
Tendo em conta as causas e condições clínicas da osteomielite: Nos casos de
osteomielites pós traumáticas com fracturas expostas administra-se:Penicilina
Cristalizada: 3.000.000 UI de 6/6h + Gentamicina: 80 mg de 8/8h OU Flucloxacilina:
250-1000mg de 6/6h embora esta última seja de nível 3 de prescrição.
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7.1 Etiologia
A osteomielite é o resultado de infecções bacterianas, embora fungos, parasitas, e vírus
possam infectar o osso. Nas crianças os agentes etiológicos mais frequentes são o
Staphylococcus aureus em 80% dos casos. O Streptococcus surge em 3% dos casos. Porém
algumas particularidades existem de acordo com a idade e a situação da criança que torna uns
agentes etiológicos mais frequentes do que outros.
Idade e Outros Factores Agentes Etiológicos Mais Comuns
Recém-nascidos e < de 4 meses Bactérias Gram-negativas (Escherichia coli)
Staphylococcus aureus, Streptococcus β hemolítico
do grupo A
Crianças < 2 anos Haemophilus influenza tipo B, Klebsiella,
Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli
Crianças > 3 anos e Adolescentes Staphylococus aureus (80%), Streptococcus β
hemolitico, Haemophilus influenzae e Enterobacter
species, Neiseria Gonorrhoeae
Trauma directo, Próteses e úlceras de decúbito Staphylococus aureus, Staphilococus epidermidis
HIV positivos Pensar também em Cryptococus, Nocardia,
Mycobacterium kansassi, Histoplasma,
Tuberculose
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Quadro Clínico
O quadro clínico depende da idade da criança: Nos recém-nascidos os sinais e
sintomas são pouco exuberantes, inespecíficas e por vezes semelhantes aos da sépsis neonatal;
incluem: Sinais locais e inflamação (dor ao toque, rubor, calor e edema), Febre de início
abrupto ou ausente, Irritabilidade e letargia, Anorexia e diarreia.
Tipo de Osteomielite Manifestações Clínicas Sinais Radiológicos
Aguda Duração de < de 10 dias. Sem Ausência de alterações
história de episódio prévio. radiológicas ósseas
Sinais de toxémia e de
inflamação (dor, rubor, calor e
edema).
Sub-aguda Duração de mais de 10 dias. Alterações radiográficas
Ausência de sintomas ósseas já estabelecidas
sistémicos
Crónica Ausência de sintomas Alterações ósseas no Rx:
sistémicos Periósteo em casca de cebola,
A pele é escura, fina, erosões ósseas e sequest
fibrosada e sem brilho..
Conclusão
Os exames auxiliares de diagnóstico na fase inicial da ostemielite são de pouca
utilidade se bem que nas fases mais avançadas existem alterações hematológicas típicas de
uma infecção. Nesta fase avançada o Rx também é útil pois mostra sinais de destruição óssea
com imagem de"corroído de traça" na medula em direcção a diáfise. Na artrite séptica para
além de um leucograma e VS típica de uma infecção aguda a artrocentese, confirma o
diagnóstico pois mostra líquido amarelo citrino a turvo ou purulento, tipo III, com leucócitos
maior que 50.000/ml, com mais de 90% de polimorfonucleares e glicose do líquido sinovial
baixa. O tratamento destas duas patologias requer internamento com medidas de repouso no
leito, antibioterapia E.V com pelo menos 2 antibióticos para além da drenagem cirúrgica.
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Referência bibliográfica
Cuidados hospitalares para crianças: Normas para Manejo de Doenças Frequentes Com
Recursos Limitados, OMS – 2005.
Farreras, Rozman. Medicina Interna, Espanha, Ediciones Doyma, 12ª Edição; 1992
Harrison. Medicina Interna. 17ª Edição. Mc Graw Hill Koogan, Brasil; 2009.
Murray Longmore, Ian Wilkinson, Tom Turmezei, Chee Kay Cheung. Oxford Handbook of
Clinical Medicine. Oxford University Press, 7th Edition; 2007
Stephani, Stephen et al, Clinica Médica - Consulta Rápida, 3ª Edição, Artemed; 2008